Nº 1 • OUTUBRO 2005 EDIÇÃO GRATUITA www.embaixadadeangola.org

Pág. 14 Angola apurada para o Mundial de Futebol 2006

Afrobasket 2005 A selecção angolana de futebol qualificou-se para o campeonato do mundo Angola conquista de futebol a realizar-se na Alemanha em 2006. Com a presença na taça das 8º título e 5ª presença nações africanas, já garantida (em Janeiro no Egipto), a selecção de Oliveira no Mundial Gonçalves garantiu a possibilidade de, pela primeira vez participar na fase final do Angola realizou uma conquista inédita e campeonato do mundo, ao derrotar o Rwanda por um a zero, na cidade de Kigali. qualificou-se para o mundial de basquete no Japão em 2006. Foi hora de festa por uma vitoria da unidade nacional. Com 18 pontos, na liderança do grupo IV, os mesmos que a Nigéria no segundo Ao vencer o Senegal por 70-61, num jogo posto, a selecção defrontou nesta derradeira jornada o último classificado (Rwanda) difícil, mas já com favoráveis 34-28, ao in- tervalo, Angola, ficou apurada para a quinta apenas com cinco pontos. Os “palancas negras”, que estarão pela primeira vez presença em campeonatos do mundo, par- ticipações iniciadas em 1986 em Espanha. no Mundial de Futebol, terminaram a competição com 21 pontos. Assim, Angola continua no pódio africano do basquetebol.

Entrevista com o presidente da CNE Caetano de Sousa Pág. 3 Luanda aposta na habitação Pág. 4

Entrevista com Nelo dos Jovens do Hungu Pág. 12 Miss Angola em Portugal Pág. 5

EDIÇÃO DOS SERVIÇOS DE IMPRENSA DA EMBAIXADA DE ANGOLA EM PORTUGAL 2 E LEIÇÕES • M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 Prosseguem os preparativos para as Eleições de 2006 Deputados esclarecem comunidade residente em Portugal

A sessão solene de abertura do ano legislativo 2005/2006, da Assembleia Nacional, apontou como prioridade a discussão de importantes diplomas para a vida do país, com destaque para a conclusão do Pacote Legislativo Eleitoral. O líder do parlamento angolano Roberto de Almeida, considerou como diplomas por discutir e aprovar no quadro do pacote eleitoral, as propostas de leis do Direito de Antena, Resposta e Réplica dos Cidadãos e da Imprensa. Indicou ainda como agenda da nova legislatura, a discussão e aprovação das propostas de leis do Primeiro Emprego, das Associações de Defesa do Ambiente e os projectos de Lei Orgânica da Provedoria da Justiça e do Estatuto do Provedor de Justiça. O presidente do parlamento sublinhou que irão prosseguir às deslocações as províncias, com delegações mais abrangentes, de modo a primar-se por maior rigor no acompanhamento da execução dos programas e das realizações em curso nos preparativos das eleições, não se descurando o contacto directo com as populações. Para o presidente do Grupo Parlamentar do MPLA, Bornito de Sousa, as eleições gerais previstas para 2006, «serão o combinar de um processo de consolidação da paz e aprofundamento da reconciliação nacional e o dominio de um novo período da actividade parlamentar». Entretanto os institutos Democrático para os Assuntos Internacionais (NDI) e Republicano Internacional (IRI), promoveram em Luanda, um seminário visando capacitar representantes da sociedade civil, de partidos políticos e órgãos de gestão eleitoral em relação ao pacote legislativo eleitoral, recentemente aprovado pela Assembleia Nacional. Após a aprovação do Pacote Eleitoral como parte da nova legislação eleitoral, uma delegação multipartidária de deputados da Assembleia Nacional esteve em Portugal para esclarecer os cidadãos angolanos sobre o pacote legislativo de suporte às segundas eleições gerais do país. A lei eleitoral, a lei do registo eleitoral, de Observação Eleitoral, dos Partidos Políticos, do Financiamento dos Partidos Políticos, e o Código de Conduta Eleitoral, bem como os regulamentos de algumas destas leis, foram analisados pelos cidadãos e os deputados, em dois encontros que se realizaram em Lisboa, e no Porto. Integraram a delegação cinco deputados, Efigénia Lima, Angêla Bragança e Pedro Valente do MPLA, Eugénio Manuvacola da UNITA e António Wanguiva do PRS.

O Jornal Mwangolé conversou com a deputada Efigênia M • Qual é a sua opinião em relação aos preparativos das eleições? Lima, coordenadora da delegação e presidente da A nossa presença cá e de outras delegações Comissão de Assuntos Constitucionais Jurídicos e parlamentares multipartidárias noutros países, é um sinal de que estamos a dar o Regimento do parlamento, sobre os objectivos da nosso melhor, para que as próximas elei- ções não sejam contestadas, que sejam visita e as impressões que leva de Portugal. legítimas. O trabalho não está a decorrer só em Angola. O governo está investir bastante na prepa- M • Como é que um angolano residente cá se M • Os angolanos na diáspora poderão ração das condições para o registo eleitoral, pode candidatar a deputado em Angola? votar? os partidos políticos, as igrejas e toda so- ciedade civil angolana está envolvida, no Estamos na primeira fase de preparação das Foi criado o quadro constitucional e legal e tam- sentido de que as eleições sejam credíveis, eleições, foi aprovado o quadro constitucional bém a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) está a justas e livres. O governo também está MWANGOLÉ • Qual a impressão sobre os encontros e legal que as regerá, por- criar os seus órgãos e a seu empenhado na educação cívica, há já um que mantiveram com a comunidade tanto um cidadão que pre- tempo fará uma avaliação das programa aprovado, em colaboração com a angolana em Portugal? tenda candidatar-se deve ter Até às eleições é preciso condições existentes em cada CNE e com a sociedade civil. O nosso propósito foi dar a conhecer aos com- um conhecimento profundo aglutinar mais os angolanos. um dos países onde existe um patriotas angolanos cá residentes, o estado de das leis, pois são elas que grande número de angolanos Existe esse projecto de programa de edu- preparação das próximas eleições legislativas estabelecem as condições a e, só então, se anunciará onde cação cívica que consideramos importante e presidenciais anunciadas observar para se ser candi- será possível a realização de eleições. É cedo, mas porque há muitos anos não há eleições, para 2006 e isso foi cum- dato. No caso das eleições as pessoas devem pensar já espero que esse programa prido. A educação cívica é importante legislativas, as candidatu- qual é o seu partido de eleição, atinja também a nossa Tivemos dois encontros porque há muitos anos não há ras são apresentadas pelos para integrar as suas listas. Estamos a dar o nosso melhor, comunidade cá. Temos fé com a comunidade, um em eleições. partidos políticos, portanto para que as próximas eleições de que tudo correrá pelo Lisboa e outro no Porto. A não há candidaturas indi- M • Há outros países, a ter não sejam contestadas. em conta para avaliar a melhor, e no final, todos participação foi boa, mas viduais, qualquer cidadão os angolanos se vão rever em relação ao número estimado, acho que po- que queira candidatar-se, deve estar filiado ou possibilidade de votação nestas eleições. dia ter sido muito melhor. Portanto, é preciso ser convidado por um partido político, não terá dos angolanos? continuar a fazer este trabalho de organização que ser necessariamente militante desse par- A Inglaterra, a Alemanha, a França e o Brasil, M • Qual é a impressão que leva da das associações e outras formas organizativas tido deve ser convidado por um dos partidos são países onde a comunidade angolana é comunidade angolana em Portugal a nível dos cidadãos, para que estejam controlados concorrentes para integrar as suas listas. significativa. de organização? e registados e se saiba exactamente quantos são. Pensamos que há muito trabalho para fazer. Até às eleições é preciso aglutinar mais os an- Houve ainda muita gente que reclamou por estar cá há bastantes anos e não se conseguir golanos, é necessário mais encontros destes, é registar, por falta de provas, naturalmente, de preciso também que os nossos consulados se que são cidadãos angolanos. De qualquer for- aproximem mais das comunidades. ma, considero que as sessões em Lisboa e no M • Foi distribuída a documentação que Porto estiveram bastante concorridas tanto em contém todas as leis relativas ao pacote termos de presenças como de participação. As pessoas tomaram a palavra e manifestaram as eleitoral? suas ideias, deram opiniões, fizeram críticas, O nosso Consulado em Lisboa teve o cuidado de num autêntico ambiente democrático. A parti- mandar preparar um dossier contendo todas as cipação foi muito boa, mas é importante que leis, o qual foi distribuído aos participantes. encontros desta natureza se repitam mesmo a As pessoas devem ter conhecimento das leis, outros níveis, quer a nível da Assembleia, quer para saber as formas como poderão participar de outros órgãos do governo. nas eleições, por um lado votando e sendo M • No Porto também notou distanciamento eleitos, mas também podem participar como da comunidade? observadores, como agentes eleitorais, como No Porto, mais do que em Lisboa, notámos que fiscais, como mandatários dos candidatos, há lá existe um distanciamento maior da comuni- uma série de modalidades que permitirão aos dade em relação às entidades consulares. É a interessados intervir directa ou indirectamente impressão com que fiquei. neste processo. MWANGOLÉ M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 • G RANDE E NTREVISTA 3 Presidente da CNE Caetano de Sousa «a CNE não é um organismo isolado»

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE), foi empossada a 19 de Agosto deste ano e o juiz Caetano de Sousa eleito para presidir este importante órgão nos preparativos das eleições gerais de 2006. Em entrevista recente à Rádio Nacional de Angola, Caetano de Sousa enfatizou que enquanto não termina o empossamento das Comissões Provinciais Eleitorais, e não se aprova o programa de registo eleitoral, deve prosseguir a campanha de educação cívica dos cidadãos. Sublinhou que até ao final deste ano, o país terá todas as estruturas eleitorais a funcionar. Foram já empossadas as Comissões Provinciais Eleitorais em todo o país, faltando apenas os gabinetes municipais. O Conselho Provincial Eleitoral de Luanda, é composto por nove membros e vai dinamizar o processo na capital. Em entrevista concedida ao Jornal Mwangolé o presidente da CNE fala sobre o papel da Comissão e mostra-se confiante no futuro.

Entrevista conduzida por: Victor Silva

MWANGOLÉ • A composição da CNE não M • Para a CNE, em termos Este primeiro período de educação Territorial) exacerbou o seu Depois, há a situação do registo levanta suspeições quanto ao seu logísticos, as eleições devem ser cívica visa levar o potencial eleitor papel durante este período de eleitoral que vai ser realizado pelo funcionamento e imparcialidade? simultâneas ou separadas? a realizar o registo e a determinar preparação das eleições e que Governo, que sendo um elemento o universo de eleitores que vão pretende controlar a CNE. Concorda necessário para o processo eleitoral, Caetano Santos • A composição da CS • As eleições devem ser simul- votar nas próximas eleições. Tenho com essa ideia e acredita num que pode ser realizado pelo Governo CNE é a opção da Lei Eleitoral. As tâneas, não vemos razões para as confiança de que será bem sucedido. bom relacionamento entre a CNE sem intervir no processo eleitoral suspeições são sempre possíveis, separar. Devem ser realizadas as O segundo passo de educação cívica e o MAT? propriamente dito. O Governo for- dependem do posicionamento de eleições Legislativas e Presidenciais em simultâneo, havendo uma urna será feito a anteceder o período de nece os dados do registo eleitoral e quem as faz. No entanto, o funciona- CS • Bom, o envolvimento do MAT para cada eleição. É uma questão lo- votação e terá por objecto levar ao e da Comissão Inter Ministerial teve as eleições são realizadas com base mento pode ser normal e imparcial gística, de economia de tempo e de conhecimento do eleitor o processo e tem a sua razão de ser, primeiro nesse registo, registo que é checado uma vez que o processo eleitoral é dinheiro, é que o procedimento é o de votação em todo o país, que pen- há condições que e confirmado no público e o que se impõe à Comissão mesmo e como devem ser feitas no samos que vai ser bem sucedido. A foram encaradas decurso de tempo é cumprir a sua função e os membros A CEN necessita de se mesmo período, separa-las é perder abstenção não é ainda preocupação. pelo Governo que para isso. da CNE devem conduzir o processo relacionar com todos os órgãos tempo e dinheiro. têm a ver mais Não estou a ver M • A CNE está a encarar a implantados da organização do interiorizando a isenção, lisura e com as condições como o MAT vai M • Tem a CNE meios logísticos possibilidade de utilização de Estado, da sociedade civil, com imparcialidade na sua condução. Na materiais que o controlar a CNE, o suficientes para desenvolver a sua mesas móveis de votação para os partidos políticos. Comissão não se faz política, desen- País deve ter para que pode acontecer actividade a nível nacional? Nas aquelas situações de difícil acesso volve-se, se quisermos, um processo tornar possível o é que o MAT tem províncias e municípios haverá e de poucos eleitores? tendente a tornar viável a opção processo eleitoral, condições essas um representante na Comissão, é condições? CS • As mesas móveis de votação política do cidadão eleitor através de que a CNE não tem vocação para de conhecimento geral, e esse re- são uma possibilidade naquelas do voto. É um processo que visa a CS • A CNE deve criar as condições resolver, estamos a falar de situa- presentante pode ter informações situações em que as populações se realização efectiva do direito de voto logísticas para dar solução as ac- ções de mobilidade de meios e de da CNE quase directamente, o mes- encontram dispersas por pequenos do cidadão eleitor, tividades que se pessoas de e para diversos pontos do mo acontece com os partidos que núcleos popula- satisfazendo ao país (vias de comu- tenham uma pessoa na CNE. Não No registo eleitoral há o lhe impõem. É um cionais e próximas mesmo tempo a nicação terrestres, vejo porque questionar o relaciona- processo de fiscalização em que conhecimento que umas das outras. O primeiro período de educação intenção política etc.; de situações mento. não se prevê a intervenção de vamos apreender No entanto essa cívica visa levar o potencial d e c o m u n i c a ç ã o dos partidos polí- observadores, mas não se exclui possibilidade será eleitor a realizar o registo e O que as pessoas devem perceber é com o desenvolvi- (telefone, rádio, ticos e candidatos essa possibilidade, uma vez vista oportuna- a determinar o universo de que a CNE não é um organismo isola- mento do processo televisão, internet, às presidenciais que há a previsão de fiscais no m e n t e c o m o s eleitores que vão votar nas do dentro do País, que para cumprir envolvendo as es- etc.) a resolver pelo com as eleições. processo de registo. dados concretos próximas eleições. Tenho a tarefa de que está incumbido ne- truturas provinciais, sistema de comu- Para esse objectivo no decurso do pro- confiança de que seja bem cessita de se relacionar com todos os nicações nacional; quem faz política, municipais e comu- cesso de registo e sucedido. órgãos implantados da organização d e s i t u a ç õ e s d e são os partidos políticos. Os mem- nais para a abrangência nacional. de votação tendo do Estado, da sociedade civil, com segurança de pes- os partidos políticos, com as pesso- bros da CNE indicados pelos partidos Estamos em tempo de organizar as em consideração soas e meios (envolve a Defesa e o as, etc., e isso, vamos e temos que garantem que o processo seja im- condições logísticas para dar solução a informação que nos chegarem das Interior); situações que de uma, ou fazer. Em poucas palavras, a CNE é parcial e isento. É verdade também autoridades provinciais envolvidas ao problema. de outra forma, são obrigações do mais um órgão de entre os muitos que não estão representados todos no processo. M • Quando é que, na opinião da Governo que devem estar resolvidas órgãos que fazem funcionar o país, os partidos políticos, mas essa foi a CNE, os observadores nacionais e M • Há quem diga que o MAT para tornar possível a realização nor- e nesse contexto, não se pode nem opção da lei, que não vamos discutir. internacionais devem entrar em (Ministério da Administração mal do processo eleitoral. deve marginalizar. MWANGOLÉ A Comissão tem a obrigação legal de cena? observar a Lei. Essa imposição é um princípio democrático que faz com CS • Os observadores entram em que a observância da lei por si, seja cena no processo de votação que é o que a CNE vai realizar, o que será imparcial e isenta. dado a conhecer oportunamente. No M • Em quanto tempo espera a CNE registo eleitoral há o processo de fazer o registo eleitoral, sabendo- fiscalização que vai ser desencade- se que os meios disponíveis ado pela Comissão e não se prevê actualmente são inferiores aos de a intervenção de observadores, mas 1992? não se exclui essa possibilidade, uma CS • Nestas próximas eleições o vez que há a previsão de fiscais no registo eleitoral será feito pelo processo de registo. Governo. A CNE terá tão só uma M • Como avalia as campanhas função fiscalizadora no processo de de sensibilização dos eleitores registo eleitoral e aprova o programa para evitar um previsível elevado do Governo para realizar o registo número de abstenções? eleitoral. De forma que o prazo para CS • Está previsto um processo de realização do registo será resolvido educação cívica para as pessoas pelo Governo. procederem ao registo eleitoral. 4 R EPORTAGEM • M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005

Os debates em torno da urbanização da Luanda • Em dias de modernização capital angolana têm originado acções prácticas. O Governo da Província leva a cabo um programa de acção habitacional que levou já ao realojamento de várias famílias em situação de pobreza e estudam-se instrumentos de gestão do ordenamento territorial e urbanístico. Assim, o sonho de ter casa própria, em zonas como o Benfica ou Gamek, “habita” em cada mente

angolana... Largo da Independência

m quase todas as cidades tro de Angola, Fernando da Piedade Criada em 2001, a Cooperativa O cias do Soyo, Cabinda, Benguela e Plubing”. A sua área social abarca E angolanas estão em curso Dias dos Santos, deu a conhecer Lar do Patriota é uma iniciativa Lubango. três escolas do primeiro nível, duas projectos de reconstrução de es- que o Governo pretende construir que vai de encontro aos progra- Outro agrupamento de casas para do segundo e outra do terceiro, tradas, casas, instituições de en- mais quinhentas moradias nos mas do governo, na satisfação o qual muito se tem concorrido é o contando ainda com um hospital. Na sino, e recuperação de parques próximos tempos. “Nos últimos das necessidades habitacionais “Nova Vida”, localizado na zona do área funciona já uma sub-estação da das pessoas de diferentes estratos Empresa de Distribuição de Energia industriais, mas em Luanda, as três anos construímos duas mil e Golfe II, município do Kilamba-Kiaxi. sociais, sobretudo em Luanda. As de Luanda (EDEL). atenções estão concentradas na quatrocentas e cinquenta casas de Aqui, as casas compreendem uma suas casas estão divididas em três No Zango, 60 quilómetros a sul da construção de habitações a fim baixa renda”, adiantou. sala comum, três quartos, cozinha, classes. A mais cara é a da classe despensa e quarto de banho. Numa capital, estão a ser erguidas mais de que a maioria dos cidadãos A que custa 165 mil dólares, a do primeira etapa, foram gastos pouco de sete mil e 500 casas, das quais angolanos possa ter um tecto Projectos em Curso tipo B, 95 mil e a da classe C, orça mais de 65 milhões de dólares na já beneficiam ex-moradores da digno. De entre os vários projectos habi- em 55 mil dólares. É condição ini- empreitada, que emprega mais de Boavista, que viviam em condições Mais de mil famílias que resi- tacionais em curso, destacamos o cial para a entrega, o pagamento dois mil trabalhadores angolanos. precárias. Mais de três mil residên- diam em condições de pobreza, “Harmonia”, da cooperativa habita- de 20 por cento do valor total da Desse projecto, constam 800 mo- cias estão igualmente a ser levan- casa, através de prestações equi- em Luanda, foram realojadas cional “O Lar do Patriota”, no Benfica, radias, 664 apartamentos, e tem tadas” na localidade do Panguila, este projecto fará surgir casas sociais valentes a 100 dólares/mês, num onde moram já várias famílias em novas habitações nas àreas como consultor e fiscal a “Africon” e com um valor até dez mil dólares. período de 10 anos. Este projecto desalojadas da periferia das valas do Zango, (Viana) e da Sapu entre outros empreiteiros o “Group Segundo o seu presidente, António deverá estender-se para as provín- 5”, “MGA Projects” e a “Regional de drenagem a ser construídas em (Kilamba Kiaxi), no âmbito Henriques da Silva “Dinguanza”, do Programa de Emergência pretende-se ajudar na resolução Habitacional de Luanda. Essas dos problemas de habitação com famílias moravam nas barrocas que se debate a população angola- da Boavista e nas imediações na mais carente. As mesmas casas do Museu Central das Forças sociais serão dirigidas aos sócios da Armadas (FAA), localizadas nos cooperativa de baixa renda com um municípios do Sambizanga e da rendimento médio inferior a trezen- Ingombota e foram levadas para tos dólares. Decorrem conversações residências, de carácter econó- com bancos para o financiamento da construção de cerca de cem mil mico, com três quartos, cozinha, moradias. A cooperativa O Lar do sala, quarto de banho, entre Patriota tem uma área existente de outros compartimentos. 387 hectares, onde mil e 500 casas Entretanto, com base no Orça- estão já concluídas e uma área em mento Geral do Estado recente- expansão de 900 hectares. mente revisto, o Primeiro-Minis- M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 • R EPORTAGEM 5 Luanda • Em dias de modernização área de mil e 100 hectares. Quando de casas que vão dos cinco mil dó- responsáveis da cooperativa estão à promoção habitacional reside, visitou o Zango, o Chefe de Estado lares, até acima dos dois milhões. no bom caminho para se encontrar fundamentalmente, na ausência de angolano percorreu as instalações Devido à dinâmica que o sector uma linha de crédito que facilite a crédito. Urge a elaboração de uma do futuro Instituto Politécnico local apresenta e à necessidade de construção mais rápida de algumas Lei Quadro da Habitação que emane que no próximo ano lectivo poderá reconstrução do país, o BFA está casas. os instrumentos legais necessários albergar cerca de mil e 500 alunos. já a analisar financiamentos para ao enquadramento da intervenção Já funcionam ali seis escolas do projectos acima dos 30 milhões de Crédito para jovens primeiro ao terceiro níveis onde no domínio habitacional”. dólares. Para melhor satisfazer os estudam três mil alunos. A guerra que durante mais de três Contudo, o grau de engajamento municípios da capital. Um grupo de seus clientes está também a prati- décadas dilacerou o tecido sócio das instituições bancárias e go- famílias que residiam ao longo da car as taxas de juro mais baixas do económico e cultural do país, teve vernamentais, quanto à política linha-férrea (quilometro 12, Grafa- Bancos mercado. A taxa indexada ao dólar nos jovens os principais lesados. Es- habitacional, vai depender da mate- nil), município do Cazenga, foram garantem apoio está entre os 9 e dez por cento (de- tes dificilmente conseguem estrutu- rialização de medidas exequíveis e transferidas para casas económicas pendendo das garantias prestadas Alguns bancos comerciais que rar as suas vidas familiares devido a que passem necessariamente pelo do bairro Panguila, no município operam no mercado angolano ou do risco na operação). A média incentivo à auto-construção dirigida, de Cacuaco, em Luanda. Segundo falta de casa. Atento a esta situação, garantem apoiar o sector da cons- do mercado ronda os doze por cento à construção sob a forma de coo- o administrador comunal do Tala- o Governo angolano pretende ir de trução, contribuindo assim para o ao ano. O BFA privilegia igualmente perativas, bem como o recurso ao Hadi, Simão Neto, que revelou o encontro à resolução dos problemas processo de recuperação de infra- o crédito à habitação, para o qual crédito habitação. MWANGOLÉ facto à Angop, o realojamento das básicos da juventude. Estão em estruturas no país. O Banco de Fo- disponibilizou mais de 60 milhões famílias enquadra-se também no curso uma série de iniciativas para (Paulo de Jesus em Luanda com Mwangolé) mento Angola (BFA), por exemplo, de dólares, mas o volume global programa de acção habitacional de Fotos de Vigas da Purificação e Sudika Santos destinado ao crédito ascende os 350 que a questão do primeiro emprego emergência do Governo da Provín- além de financiar a recuperação milhões de dólares. esteja na ordem das prioridades da cia de Luanda, visando a melhoria de moradias, tem concedido cré- política do Governo. O primeiro- O administrador da Imporáfrica, das condições de habitabilidade ditos para a construção de novos Em relação ao projecto “O lar do ministro, Fernado da Piedade Dias anunciou em Luanda que para dos munícipes. As famílias, de prédios. Recentemente, financiou patriota”, o presidente do conse- além do hotel Empório Luanda acordo com o administrador, fo- um condomínio no projecto Luan- lho de administração do Banco de dos Santos, ressalta que a solução Plaza, a Imporáfrica tem em ram para as novas residências em da Sul, avaliado em dois milhões Poupança e Crédito, Paixão Júnior, para os problemas habitacionais dos viaturas do Governo Provincial e de dólares. Este banco concede afirmou que as conversações en- jovens, passa pelo envolvimento carteira um projecto denomina- dos Caminhos-de-ferro de Luanda, empréstimos para a recuperação tre a instituição que dirige e os da banca, “uma das condicionantes do “Vila de Luanda” que, numa responsável pelas obras. Devido à primeira fase consistirá na cons- modernização e construção de obs- trução de sete edifícios habita- táculos ao longo da via, todas as re- cionais de 8 andares cada, com sidências abrangidas serão demoli- tipologia T1 e T3 destinadas ao das e os proprietários transferidos segmento médio da população. para locais com maior segurança. As residências possuem três quar- tos, cozinha, sala, quarto de banho e outros compartimentos. Realçou que esta medida visa proteger a vida dos cidadãos de eventuais acidentes ao longo da via férrea e dar-lhes residências condignas. O Projecto Zango está planificado para 26 mil e 600 unidades de alo- jamento de baixa renda, para abri- Praça do Kinaxixe gar 160 mil pessoas e ocupa uma

Jurista angolana lança obra Eduardo Beny apresenta: sobre processos políticos “A paz e a guerra nas relações internacionais” A professora e jurista Maria do Carmo Medina apresen- análise das questões de paz, geoestratégia e relações entre os países a sul do tou em Lisboa, o seu livro com o titulo “Angola -Proces- A Sahara, causas e subsídios para a resolução de conflitos são aspectos abordados sos Políticos da Luta pela Independência”, associada às na obra “A Paz e a Guerra nas Relações Internacionais” do diplomata Eduardo Beny, comemorações do 30º aniversario da independência de lançada recentemente na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, e no final Angola, a assinalar-se a 11 de Novembro. de Outubro na Universidade Autónoma de Lisboa. Na obra com 395 páginas, da responsabilidade das O livro, é uma edição da Novo Embondeiro, tem IX capítulos nos quais Benny relata Edições Almedina, AS, a autora condensa a história dos a experiência vivida durante o período de gestão do Protocolo de Lusaka, para o res- processos judiciais que levaram à barra dos tribunais tabelecimento da paz em Angola, assinado em 1994 entre o Governo de Angola e a cidadãos angolanos decididos a romper o ciclo da secular opressão, no contexto Unita. Nesta incursão ensaísta, Eduardo Beny destaca a forma “suis generis” como os angolanos alcançaram da longa tradição de resistência. a paz, na sequência dos acontecimentos registados no leste do país, depois da morte de Jonas Savimbi. O Maria Medina faz igualmente uma abordagem dos acontecimentos ocorridos no autor expõe o registo de algumas ideias e debates propostos por docentes, no curso de pós-graduação em país, nas suas vertentes histórica e política, trazendo à superfície todo o siste- Relações Internacionais Africanas e o Mestrado em Estudo da Paz e da Guerra nas Novas Relações Interna- ma que fazia funcionar a máquina repressiva colonial. Relata factos que viveu cionais, é dada particular importância aos estudos estratégicos dentro das relações internacionais. e, cujo registo considera importante para a memória colectiva dos angolanos. O diplomata faz ainda uma abordagem exaustiva à situação na região dos Grandes Lagos na obra são tam- Do mesmo modo, procura evidenciar como foi criado pelo estado ditatorial bém abordadas realidades como a “Região dos Grandes Lagos”, “Economia, recursos e conflitualidade”,”A português a cobertura legal concedida à Polícia Política (PIDE), como actuava e guerra justa, Direito Internacional e Cultura de Paz”, “Resolução nos assuntos militares”, entre outros. intimidava, através das estruturas judiciais e administrativas. Segundo Luís Moita, que prefaciou o livro, vice-reitor da Universidade Autónoma de Lisboa, onde o diplomata Dá igualmente particular relevância a articulação concertada e permanente frequentou de 2004 a 2005 a pós Graduação em Relações Internacionais, em Relações Internacionais Afri- entre as cúpulas do então regime fascista, o governo central, por via do ministro canas, «uma das principais características do trabalho consiste no facto de, por um lado, recuperar o melhor do ultramar, o governo colonial, por via do governo-geral e seus secretários dos estudos estratégicos, tentando captar as novas maneiras de pensar surgidas pela evolução da realidade. gerais e provincial e a PIDE. O livro da professora e jurista Maria Medina revela Por outro, mostra como hoje a promoção da paz já não é uma postura humanista ou moralista, mas antes também os procedimentos jurídicos e administrativos um imperativo que emerge das próprias condições da violência». com que o sistema opressor colonial reagia ao desafio Diplomata de carreira, Eduardo Beny é licenciado em Direito e pós graduado em Direito da Comunicação dos colonizados. (pelo Instituto Jurídico da Comunicação da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra). Foi segundo Na sua intervenção, o embaixador de Angola em Portu- secretário da Missão de Angola em Itália (entre 1991 e 1994), director do Gabinete Técnico do Órgão Coor- gal, assunção dos Anjos, destacou o valioso contributo que denador do Processo de Paz, onde serviu como coadjuvante do ministro da Administração do Território, Faus- a obra aportará para o conhecimento da história contem- tino Muteka, e do seu então adjunto, general Higino Carneiro, na gestão do Protocolo de Lusaka. Jornalista porânea do país. Considerou que na história dos povos há dos quadros da Angop e membro da União dos Jornalistas Angolanos (UJA), dirigiu, durante alguns anos, a acontecimentos que constituem referências incontorná- Delegação Provincial dessa agência em Benguela na qualidade de delegado interino. veis para compreender o seu destino. A obra, apresentada Eduardo Beny tem dedicado especial interesse à analise e estudo das questões relacionadas com a África pelo advogado que trabalhou com a autora na elaboração Austral e ao desenvolvimento político e sócio económico dos países do Golfo da Guiné, à questão petrolífera de vários processos no período colonial, a partir de Lisboa, e à presença dos novos actores na região, assunto sobre o qual tem publicado artigos dispersos em jornais Levy Baptista, inclui um conjunto de documentos que angolanos e revistas especializadas. testemunham as condenações de que foram vítimas Ainda no âmbito do seu mestrado, Beny prepara uma dissertação sobre “A nova Geostratégia do Petróleo no Golfo um número elevado de cidadãos angolanos. ANGOP/JA da Guiné -Seus Reflexos nas Relações entre Angola, São Tomé e Príncipe, Nigéria e África do Sul” MWANGOLÉ 6 S OCIAL • M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 Com a Cabeça Cá Meio Ambiente em Angola «É preciso começar a agir já» Entrevista com Ludiekueno dos Santos Neves

Ao pesquisar sobre energias renováveis para sua tese de Mestrado, descobriu a Chaminé Solar e achou-a «muito interessante para Angola. É uma energia totalmente renová- vel que não produz poluição». Partindo do princípio que os angolanos conhecem a sua realidade melhor do que quem vem de fora, Ludi para os colegas e Degas para a família, analisa na sua dissertação de mestrado as vantagens e desvantagens de várias tecnolo- gias energéticas que, no futuro, poderão ser úteis para Angola. A primeira verdadeira central do tipo Chaminé Solar será a de Mildura. Está a ser construída numa região semi-árida de nome Tapio Sta- tion no sudeste da Austrália e prevê-se que esteja concluída em 2009, com uma capaci- dade máxima de 200 MW, duração prevista para mais de 50 anos com a produção de futuro para o sector eléctrico de An- energia para 200 mil casas. «O gola deve começar a ser pensado já. É uma nova tentativa de central eléctrica É uma área que eu gostaria de ajudar a apro- com as barragens hidroeléctricas, porque que utiliza a energia solar para produzir fundar. Temos que fazer esses estudos e ver Chaminé Solar pode produzir energia também em períodos electricidade, ao contrário de todas as ou- o que nos interessa, não podemos esperar de chuva. Tendo em conta que nos períodos tras opções em termos de energia solar, que daqui a alguns anos nos venham dizer: Uma Alternativa mais secos do ano, é preciso fazer uma me- Esta tecnologia é que é boa para vocês». pode fornecer energia continuamente e de para Angola? lhor gestão dos caudais das barragens. forma regular, e opostamente à outras tec- Assim pensa Ludiekueno dos Santos Neves, Ludiekueno Neves precisa, no seu estudo, que Esta central requer pouca manutenção, e estudante do ISCTE ((Instituto Superior de Ci- nologias, não depende da radiação solar di- os países em desenvolvimento poderão optar funciona de forma quase autónoma, sem ências do Trabalho e da Empresa, licenciado recta (dia de céu limpo), por isso consegue por centrais pequenas ou grandes conforme as os habituais problemas de transporte de em Gestão e Engenharia Industrial e futuro produzir energia mesmo em dias nublados zonas e existe a hipótese de fazê-las a custos combustível ou com peças de substituição. Mestre em Gestão de Sistemas Ambientais. e durante a noite. inferiores. Ao construí-las próximo das cidades É adequada às zonas desérticas, mas pode poupam nas linhas eléctricas de transporte. Em igualmente funcionar em zonas desocupadas Angola esta tecnologia poderá ser combinada onde exista uma boa incidência solar anual. Ludi, defende na sua tese, que setenta por cento do território angolano pode M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 • S OCIAL 7

Mais acesso ao sinal da TPA director-geral da Televisão Pública de Angola (TPA), O Carlos Cunha, anunciou, em Luanda, que uma das principais apostas da empresa, até finais de 2006, é a ex- tensão do sinal televisivo a mais 60 localidades do país. Por ocasião das comemorações do 30º aniversário deste órgão de comunicação social, Carlos Cunha referiu que no projecto serão priorizadas as regiões de acordo com a sua importância socio-económica e política. Outra aposta da empresa é o incremento de programas de produção nacional como seriados e telenovelas, que não têm tido continuidade, por falta de condições. O director manifestou o desejo de «dentro de dois ou três anos substituir a telenovela principal brasileira por uma de produção nacional», e informou que serão introduzidos na TPA, um conjunto de serviços ligados às novas tecnologias, com vista a fazer face à concorrência que se avizinha. MWANGOLÉ usar Chaminés Solares. Os melhores locais por isso nunca procurei emprego aqui em para construção de centrais deste género Portugal, sei que o mercado português em Angola são o sudoeste (província do presta muita atenção as médias finais dos Telecomunicações Namibe e a parte oeste das província da candidatos, mas por vezes pode ser com- Huíla e Cunene) ou o extremo sudeste plicado para pessoas com formação a nível em desenvolvimento (sul da província do Kuando Kubango) de mestrado encontrar emprego. Portugal Comissão Permanente do Conselho de Ministros, reu- mas, mais de metade do país, incluindo é um país relativamente pequeno, que tem A nida sob orientação do Presidente da República, José o Kwanza Sul, sul de Malange, sul da também os seus problemas. Estamos agora Eduardo dos Santos, aprovou, em Luanda, um projecto sobre o Livro Branco, referente à política das Telecomuni- Lunda Sul, Moxico, Benguela, Huambo, a ver o caso dos incêndios. cações em Angola, nomeadamente ao desenvolvimento Bié, Huíla, Cunene e Kuando Kubango têm O que motivou Ludi para a área do ambiente da Rede Básica, de forma a que dentro de três a quatro igualmente características adequadas a foi ter tomado consciência da urgência de anos, as comunicações cheguem a todas as regiões do esta tecnologia cujos materiais básicos de fazer já. Podemos evitar muitos erros se país. Esta tarefa, segundo o ministro dos Correios e Teleco- construção podem em grande parte ser começarmos a preocuparmo-nos com o am- municações, Licínio Tavares, está orçada em quatrocentos milhões de dólares. O ministro, sublinhou a importância obtidos em Angola, pois são o cimento, biente agora, foi o que me levou a querer das Telecomunicações no momento que se vive actual- vidro e/ou plástico e aço. saber mais sobre a energia, o ambiente e mente em Angola. MWANGOLÉ Por outro lado o espaço ocupado para a a gestão dessas duas partes. Os preços do estufa da central pode ser aproveitado petróleo estão a subir cada vez mais, temos para a agricultura. «Assim podem-se tam- que pensar em formas de energia mais bém criar empregos nas zonas rurais e barata, se o fizermos podemos usar menos evitar a tendência das pessoas irem para petróleo internamente e, vender mais. É Chevron as cidades a procura de empregos» refere preciso começar a olhar para as soluções oferece empregos para Ludiekueno Neves, acrescentando que esta em termos ambientais, «porque exigem angolanos com formação central poderá garantir mais energia do muitos estudos e uma planificação correcta. que outras fontes renováveis, a energia Devemos preocupar-nos já com o que nos O departamento de finanças da Chevron eólica por exemplo, apenas garante, em interessa». possui várias vagas no seu quadro orgânico média, 8 horas de energia por dia. «É certo e pretende recrutar de imediato angolanos Actualmente a maior parte da energia formados no ramo de Economia, Finanças ou que a Chaminé Solar é algo ainda novo, su- angolana é produzida por barragens hi- contabilidade, que estejam interessados em jeito a estudos e por enquanto ainda custa droeléctricas, mas há que ter em conta as integrar o departamento. muito dinheiro, mas por isso é que temos alturas de seca e o facto dos ambientalistas A Chevron, empresa multinacional vocacionada para a indústria pe- que ir acompanhando e não perder de vista também não considerarem as barragens trolífera e gás natural, opera em vários países do mundo e integra a hipótese de a vir a usar». uma forma de energia limpa, podem pro- uma força de trabalho multicultural e bastante diversa. A Cabinda vocar muitos danos nas zonas onde estão, Angola antes e depois Gulf Oil Company – CABGOC, é a subsidiária da Chevron em Angola, os peixes deixam de poder circular pelo rio, com sede em Luanda, e é operadora dos blocos zero, 2 e 14 em águas Ludiekueno teve uma média final de li- as plantas de que esses peixes precisam rasas e profundas na costa angolana. cenciatura de quinze valores (uma média também são afectadas. O ideal é mesmo Com o intuito de prosseguir com a sua política de angolanização da acima das consideradas altas no seu curso). recorrer a diversas formas de energia para força de trabalho da empresa, a CABGOC procura angolanos a residir De volta ao país, espera poder contribuir minimizar os impactos. para gerir questões de impacto ambiental ou a estudar em qualquer parte do mundo, procurando neles um po- Angola, diz o nosso entrevistado, é um país tencial que venha a acrescer valor no seu desempenho. provavelmente na área dos petróleos onde privilegiado até nesse aspecto «quase todas «o derrame pode provocar consequências Os candidatos deverão enviar o seu Curriculum Vitae pelo correio, as formas de energia podem ser usadas em graves. Em Angola como os poços de petró- fax ou mail para o seguinte endereço; [email protected]. A Che- Angola, por exemplo, em algumas áreas vron solicita ainda, que se inscrevam apenas aqueles que já tenham leo estão no alto mar, poderá ser mais difícil foram encontrados vestígios de urânio, se saber se ocorreu algum acidente». terminado os cursos ou estejam no penúltimo e último anos de forem estudados, e forem minas grandes, formação. Questionado sobre a possibilidade de não deixam-nos a hipótese de recorrer à ener- regressar se tiver propostas de trabalho gia nuclear. Teremos que formar pessoas afirma «Sempre quis voltar para Angola e nessas tecnologias». MWANGOLÉ 83 milhões de dólares para Hospitais e Centros de Saúde Governo de Angola aprovou recente- O mente um contrato, no valor equiva- lente a 55.583.184,00 dólares, destinado à construção de seis hospitais municipais, nas províncias do Huambo, Benguela, Kwan- za-Sul, Kwanza-Norte, Huíla e Namibe. O acordo foi celebrado entre o Ministério da Saúde e a empresa CAMCO-Internacio- nal. Estas mesmas entidades, rubricaram um segundo acordo avaliado em Kwanza a 28.024.339.00 dólares, com vista a construção de sete centros de saúde, em quatro províncias, nomeadamente: um no Huambo, e dois em Benguela, Huíla e Kwanza-Norte. MWANGOLÉ 8 S OCIAL • M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005

Delegação Miss Angola em Portugal parlamentar no Brasil A Mukanu’s Produções realizou este ano a terceira edição da Gala Miss Angola em Portugal, para se inteirar dia 30 de Setembro no Fórum Lisboa, com a da situação participação de 18 candidatas. de angolanos presos ma delegação parlamentar afecta à Produtor: Charles Mukano UComissão dos Direitos Humanos da Assembleia Nacional (AN) esteve no Brasil, para se inteirar, em São Paulo e no Rio de Janeiro, da situação de cidadãos angolanos presos naquele país. O chefe da delegação, o deputado Agostinho Ramos informou à Angop que a delegação se inteirou do estado dos angolanos detidos naquele país, uma vez que São Paulo e Rio de Janeiro albergam uma grande comunidade de angolanos, o que levou à realização da visita. A comitiva que integrou ainda Domingos Mutaleno, Bernarda da Silva, António Cambinda, do MPLA, e Xavier Rodrigues Kalivangue, Noelma Costa: da Unita, assim como, António Gaspar oelma Costa de 19 anos, estudante do “No meu mandato quero Fernandes, da Direcção dos Serviços primeiro ano de Comunicação, foi eleita N Penitenciários do Ministério do Interior, assumir um papel mais activo Miss Angola em Portugal. Milda Eduardo miss esteve no Brasil durante 15 dias. MWANGOLÉ no combate à droga e ao SIDA” simpatia e Patrícia Mendes miss comunicação. A faixa de primeira dama de honor foi para Luísa oelma Costa eleita Miss Angola 2005 em Costa, enquanto Jessica Neto, foi indicada para Portugal, disse em entrevista ao Jornal N segunda dama de honor. As seis finalistas foram Mwangolé, que durante o seu mandato dará O famoso designer Agustus, padrinho Patrícia Mendes, Noelma Costa, Luísa Costa, uma especial atenção as campanhas de sensi- do concurso e membro do júri bilização de combate à droga e na prevenção Jessica Neto, Milda Eduardo e Eria Bolonha. ao SIDA. Segundo o produtor da gala, Charles Mukano, que será entregue em Luanda ao Comité Miss A recém eleita miss, disse esperar apoios este ano o concurso teve tanto êxito quanto Angola, que deverá encaminhar para uma da parte de várias entidades e instituições, designadamente empresas portuguesas que no anos anteriores. «A maioria das pessoas instituição angolana de caridade, em nome do trabalham em Angola, para ajudar essas concordou com a escolha de Noelma Costa Comité Miss Angola Portugal. campanhas, bem como acções filantrópicas para representar a diáspora em Portugal». O evento que teve também a finalidade de em prol dos mais carenciados e pretende igualmente trabalhar na promoção da cultura O tema do evento foi “Angola em desenvol- chamar a atenção do público para um flagelo Serviços Prisionais angolana. vimento – educação e saúde, tendo a produção que devasta o continente africano “o sida”, foi projectam qualidade solicitado a todos que se associassem ao transmitido pela RTP –África. MWANGOLÉ Noelma Costa que é aluna de Comunicação So- s Serviços Prisionais elevarão, nos pró- cial considerou que é necessário desmistificar evento com um donativo “material escolar” a ideia que uma miss só vale pela sua beleza, Oximos tempos, o seu nível de trabalho, quando no fundo há que valorizar outros va- para dignificação da justiça, tendo sempre lores ligados a sensibilidade humana e a dig- presente o respeito pelos direitos humanos nidade da própria mulher. “É necessário que dos reclusos, disse em Luanda, o ministro possamos transportar os concursos de miss para acções que promovam e dignifiquem a do Interior Osvaldo Serra Van-Dunem, mulher em prol do desenvolvimento social”. durante a inauguração do Campo Prisional Noelma que estará no mês de Dezembro em Agrícola de Kakila, localizado na comuna Luanda para participar no concurso Miss An- de Calumbo, município de Viana, à cerca gola, fará nessa ocasião a entrega de material de 50 quilómetros da cidade de Luanda. escolar recolhidos durante a Gala em Lisboa, à uma instituição de caridade. O projecto foi concebido para resolver o Apresentadores: Carla Leão e Hoji Fortuna problema da superlotação das cadeias do país, mas também para o incremento da actividade agrícola, que vai servir de auto-subsistência alimentar dos próprios Quatro novos mercados para Luanda reclusos. O excedente de produtos agríco- las será canalizado para as outras unidades uatro novos e modernos mercados mu- e armazéns, bem como infra-estruturas de Angola e Portugal e comercializado. Serra Van-Dunem subli- Qnicipais serão construídos, a partir deste apoio ao seu funcionamento. nhou que o seu pelouro está preocupado ano, na província de Luanda, capital de An- cooperam no ensino Por parte do Estado chinês, o director-geral com a melhoria das condições de habitabi- gola, num investimento do Governo, avalia- adjunto da empreiteira “China Jiangsu lidade dos reclusos e a inserção destes no do em três milhões e duzentos mil dólares. Internacional Sucursal”, disse que as As Faculdades de Medicina da Universidade Agostinho Neto(UAN) e da Universidade do Porto, assinaram, em Lu- trabalho socialmente útil. O contrato de construção dos quatro merca- obras a ter inicio antes do fim deste ano anda, um acordo de cooperação bilateral nas áreas de pré e dos municipais, nomeadamente Asa Branca observarão normas reconhecidas inter- pós-graduações, mestrados e doutoramento em medicina. O ministro anunciou para breve a aber- (município do Cazenga), Vidrul (Cacuaco), nacionalmente e, alargarão a capacidade João Teta, reitor da UAN, considerou que se pre- tura da Cadeia de Viana (Luanda), onde Palanca (Kilamba-Kiaxi) e Benfica (Samba), dos estabelecimentos comerciais de dois tende aumentar a qualidade da universidade foi assinado entre o Governo Provincial de para cinco mil lugares. Segundo a Angop, angolana. O acordo tem como objectivo alcançar há boas condições de habitabilidade para níveis e indicadores de qualidade idênticos aos da os reclusos, e também possibilidades de Luanda (GPL) e a empresa chinesa “China o, contrato faz parte de um programa do Faculdade de Medicina do Porto. O reitor enalteceu Jiangsu Internacional Sucursal”. GPL, no quadro de um projecto que visa o apoio prestado pelas universidades portuguesas. formação académica e em artes e ofícios. No acto de assinatura, o director do Gabinete recuperar todas as estruturas do género Por outro lado, a recém-criada editora angolana Plural Edi- Tais acções vão estender-se às províncias, de Estudos, Planeamento e Estatística, se existentes na cidade capital. MWANGOLÉ tores, que tem como principal accionista o grupo português Porto Editora, foi apresentada oficialmente em Luanda, «daremos prioridade onde houver maior pretende maior segurança e higiene para os assumindo uma especial vocação na área da educação. necessidade» disse Serra Van-Dunem. Com vendedores e os seus produtos. Explicou que «A nossa intenção é produzir edições para o mercado capacidade para albergar 80 reclusos, a os mercados possuirão câmaras frigoríficas local, especialmente ao nível dos manuais escolares, no âmbito da reforma educativa que o governo angolano unidade agrícola de Kakila compreende um está a implementar», afirmou Filipe Marinho, responsá- vel da nova editora. A nova editora, que tem como lema perímetro de 50 hectares de terra arável. O «Especialistas em Educação», é uma empresa de direito projecto, orçado em 850 mil dólares norte- angolano em que o grupo português Porto Editora possui uma participação de 49 por cento no capital, estando os americanos, foi patrocinado pela Sonangol restantes 51 por cento distribuídos por vários accionistas e edificado pela empresa de construção civil angolanos. Segundo Filipe Marinho, além da aposta no mercado dos manuais escolares, a Plural Editores pre- portuguesa ACTIPRÉ. A Direcção Nacional tende também lançar brevemente no mercado angolano dos Serviços Prisionais (DNSP), órgão afecto uma colecção de dicionários especificamente vocacio- nados para este país. Na opinião de Filipe Marinho, a ao Ministério do Interior, controla oito mil e criação da Plural Editores é uma evolução natural da forte presença que a Porto Editora mantém há várias décadas 159 reclusos, dois mil e setenta e sete dos em Angola. MWANGOLÉ quais estão em Luanda. MWANGOLÉ M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 • E CONOMIA 9

As obras de reparação da estrada Kifangon- do/Caxito/Ucua/Uíge/Negage, numa exten- Endiama Milhões são de 371 quilómetros, foram adjudicadas a empresa chinesa Roads And Bridges Cor- inaugurou fábrica poration (CRBC). O projecto que comporta a construção de 12 pontes e passagens hidráu- de lapidação licas terá como entidade fiscalizadora uma empresa alemã, começará logo após a desmi- e vai erguer nagem, e será financiado pelo Eximbank da “Hotel Diamante” China (Banco de Exportação e Importação). Só no troço Viana-Maria Teresa (Luanda-Bengo), A primeira fábrica de lapidação de serão investidos pelo Governo vinte milhões diamantes de Angola, foi inaugurada de doláres na reabilitação de 91 quilómetros. em Luanda pelo Presidente para a reconstrução Por outro lado, o governo aprovou o Progra- da República José Eduardo dos Santos. de Estradas ma de Construção da Rodoviária da Boavista, A fábrica denominada localizada na capital do país, bem como os Polishing - Baymong, S.A., terá uma contratos para a reabilitação das vias Kifan- Governo angolano aprovou um Programa capacidade de processamento avaliada gondo/Catete, províncias de Luanda e do em 20 milhões de dólares por mês. O Executivo de Reabilitação de Estradas Bengo. A reabilitação dos troços entre o Lobi- Nacionais da Rede Fundamental, no perí- to e Benguela, Onddjiva-Humbe, assim como unidade transformadora que significou um a Endiama atingiu um volume de exportação odo 2005/2006, orçado em 190 milhões entre o Sumbe-Quibala e Waco-Kungo, locali- A investimento de 10 milhões de dólares tem de seis milhões, 63 mil e 732 quilates de dia- de dólares. O Ministro das Obras Públicas, zados nas províncias de Benguela, Cunene e 600 trabalhadores, estando já neste momento mantes, avaliados em 763 milhões, 665 mil Higino Carneiro, disse aos jornalistas, que o do Kwanza-Sul, foram igualmente aprovados. cerca de 40 futuros lapidadores a frequentar dólares. Por outro lado, o Conselho de Ministros programa deverá ser realizado num “período As obras orçadas em 150 milhões de dólares, um curso na República da Namíbia. Tido como autorizou recentemente a Endiama a investir na de dois anos, e visa intervir em cerca de mil segundo o o ministro Higino Carneiro indicam um dos projectos mais ambiciosos da indústria construção de uma unidade hoteleira de quatro e duzentos quilómetros, sobretudo em eixos que o governo está trabalhar na abragência, diamantífera no país, a fábrica de lapidação estrelas, denominada “Hotel Diamante”, no edi- rodoviários de importância económica e a sua e não está apenas a privilegiar Luanda, como nasce de uma parceria entre a Sociedade de fício inacabado junto do Porto de Luanda. Para capital, mas está a trabalhar em todo o terri- execução estará a cargo do Instituto Nacional Comercialização de Diamantes de Angola, este efeito, a empresa foi autorizada a negociar tório nacional”. de Estradas de Angola (INEA). SODIAM, a LLD Diamonds e um consórcio an- o contrato de financiamento com a Empresa No acto da adjudicação da empreitada de Por outro lado, o INEA montou quatro pontes golano. A fábrica permitirá à Endiama, que é a Chinesa Internacional Found para a construção reabilitação de 23 quilómetros de estrada, que metálicas sobre os rios Lutete (Kwanza-Nor- principal accionista da SODIAM, ver aumentada do referido hotel, segundo refere um comuni- liga a cidade do Huambo à Caála, à construtora te), Chicanda (Huambo), Juvaca e Kunje no o seu ciclo de comercialização de diamantes cado da reunião orientada pelo Presidente da Monte e Monte, o governante adiantou que (Bié). A construção da ponte definitiva sobre numa ordem acima de 60 por cento. Em 2004, República, José Eduardo dos Santos. MWANGOLÉ se prevê para breve a reabilitação do troço o rio Cavaco foi inaugurada pelo Presidente que liga a cidade do Huambo à localidade da da República, José Eduardo dos Santos en- Chianga. quanto a ponte sobre o Rio Luwé Grande, foi igualmente inaugurada recentemente. Na Por outro lado, as obras da estrada Bengue- inauguração o governador Pedro Sebastião Mais Petróleo Até 2010 la/Lobito, numa extensão de 26 quilómetros. salientou a importância da estrutura metálica Foram adjudicadas pelo INEA à construtora com 18 metros de comprimento e 4,10 de lar- portuguesa Mota Engil, com a fiscalização do gura na ligação dos municípios do Tomboko e Workshop A BP e seus parceiros consórcio de empresas Africon Gaben-bks. Nóqui, e à região do Baixo Congo. MWANGOLÉ A produção de· petróleo, no país, da companhia BP Angola atingirá, até ao ano 2010, os 400 mil Movicel estende-se a todo país barris por dia, altura em que os investimentos A empresa de telefonia móvel da rede 912, Movicel, investiu, nos da multinacional ascenderão os oito biliões de dólares. últimos três anos, cerca de 185 milhões de dólares na instalação de informação foi dada pelo presidente uma participação cada vez maior no processo plataformas de rede que permitem oferecer serviços de voz, dados e A da companhia no país, José Patrício, à de pesquisa, produção e apoio às actividades multimédia em todo o país. margem de um wokshop sobre a relação da petrolíferas. A informação avançada em conferência de imprensa, em Luanda, empresa com outros parceiros económicos De acordo com José Patrício, parte dos pelo director executivo da operadora, Francisco Basílio. Luanda, Ben- e sociais. equipamentos que servirão de suporte a go, Kwanza-Norte, Cabinda, Benguela, Huíla e Namibe beneficiam A BP Angola atingirá esta cifra, fruto da en- actividade nos blocos 18, 31 e outros, é já já das vantagens da tecnologia CDMA-2000-1X. A Movicel anunciou trada em produção, em 2007, do bloco 18 produzido no país nos estaleiros da Sonamet que brevemente as lojas da Movicel no Lubango e Namibe serão (Lobito) e Sonils, em Luanda, o que «é um renovadas ampliando os seus serviços e melhorando as condições de e, em 2009, do bloco 31, onde a companhia bom indicador de que Angola possui algu- atendimento. Com a nova tecnologia a Movicel, vai cobrir 15 províncias. é operadora, bem como da sua participação ma capacidade tecnológica». Por seu turno, Destas, apenas nove terão de imediato uma representação da empresa. nos blocos 15 e 17, já em produção, opera- o director para África e Médio Oriente da Em meados de Setembro a operadora lançou uma campanha de venda de dos pela ExxoMobil e Total. companhia internacional de energia IHS, An- telemóveis para aumentar o acesso aos móveis e contribuir para a redução Afirmando ser a BP um parceiro estratégico drew Hayman considerou que a produção de dos roubos de telemóveis. Para além do valor inicial, de 59 e 109 dólares, de longo prazo do Estado angolano, José petróleo em Angola, estimada actualmente o cliente deverá pagar mais 60 dólares em seis prestações, durante seis Patrício disse estar em desenvolvimento, em 1.1 milhão de barris por dia, atingirá até meses, através do recarregamento do seu telemóvel. Com esta campanha, em parceria com a Sonangol, um programa 2010 os dois milhões de barris/dia. denominada “Arreiou Arreiou”, a Movicel espera registar mais 80 mil clien- consubstanciado na produção, no país, de Em declarações à ANGOP, o responsável tes até o final deste ano. Francisco Basílio reiterou a aposta da Movicel em parte dos equipamentos modernos para o frisou que nós próximos 25 anos Angola estar presente nas 18 províncias ainda este ano. A Movicel foi a primeira apoio a extracção de petróleo em Angola. a oferecer as vantagens das telecomunicações móveis em Angola. Com o será um grande fornecedor de petróleo Frisou que o programa visa essencialmente lançamento do serviço Movinet, tornou-se também a primeira a oferecer o para países como os Estados Unidos e Chi- reduzir os custos de exploração, aumentar a acesso à Internet em alta velocidade através do telemóvel. MWANGOLÉ na. Baseando-se em dados fornecidos pela capacidade de geração de emprego e conse- Sonangol e pelas multinacionais petrolíferas quentemente criar riqueza nacional. que operam no país, bem como em pesqui- e vende Bilhetes no Multicaixa Considerou que a expansão da indústria sas realizadas pela sua companhia Andrew TAAG Renova Frota petrolífera no país deve ser reflectida na sublinhou que a África produziu, em 2004, s dois primeiros aviões adquiridos, um do capacidade das empresas nacionais terem uma média de 9.3 milhões de barris/dia, Omodelo 737-700 e outro do modelo 777- cifra que poderá aumentar tendo em conta 200R chegarão em Julho de 2006 e «devem já que novos países entraram para o clube dos estar pintados com as novas cores e o novo lo- produtores. MWANGOLÉ gótipo da TAAG que manterá os principais ele- mentos de identificação», afirmou Anastácio Fernandes, chefe do gabinete de comunicação e imagem da TAAG à Lusa. A companhia aérea angolana Por outro lado, os clientes da Transportadora TAAG vai receber em Julho de Aérea Angolana (TAAG) podem já comprar bi- 2006 os primeiros dois aviões lhetes de passagem, nacionais e internacionais, de um total de seis comprados através de cartões multicaixa. O novo serviço, ao construtor norte-americano disponível nos multicaixas, em quatro lojas da TAAG e no Terminal de Carga do aeroporto Boeing para renovar a sua internacional, permite ao cliente escolher a frota, anunciou uma fonte da tarifa e com o recibo dirigir-se a um balcão para empresa. emissão do bilhete de passagem. MWANGOLÉ 10 C ULTURA • M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 Escolhi a música por paixão

«É preciso apoiar directamente a cultura e fazer funcionar os artistas a tempo inteiro». Esta é a opinião do músico angolano João Oliveira. Veio para Lisboa a fim de concretizar o seu projecto e está há mais de dois anos “bulindo” como músico não só em Portugal.

MWANGOLÉ • Estudaste música em Luanda? JOÃO OLIVEIRA • Sempre, com algumas interrupções tropa, estágios. Lá não tínhamos o curso completo, não conse- gui beneficiar de bolsas. M • És auto didacta, foi complicado Projecto N’ Golajazz seguir música atendendo às especi- ficidades do mercado? uma linguagem mais moderna, mais M • Vais ficando por Lisboa? JO • Fiz a parte clássica na escola e suave. O disco está muito bom, agora JO • Estou agora a tentar patrocínios segui sozinho. As vezes as pessoas vamos entrar noutra fase que são te- para entrar em estúdio e pagar perguntam: E para além da música, mas de música angolana originais, do músicos, para fazer o meu projecto. fazes o quê? Eu acho que não tenho Carlos Sanches, do Galeano Neto meus Aqui as coisas não funcionam como que fazer mais nada além da música. também, mas dentro da mesma linha na terra, e a minha música não é Poderia ser engenheiro ou ter um curso calminha saborosa, acústica sem coisas simples, requer trabalho. Estou a es- militar, mas a partir de certa altura electrónicas. pera de ter garantias de poder paga- optei, porque sei o que quero, defini los. É um trabalho de grande res- metas e espero alcança-las. Na vida M • Onde é que trabalham? É algo para ponsabilidade e vai levar um tempo. não se faz nada sem paixão, mas quem “ir levando” ou é a sério mesmo? Também tem aparecido trabalho faz com uma grande carga de trabalho JO fora de Portugal, é uma questão e paixão, tem que seguir. • Trabalhamos em casa de um ami- go, as vezes alugamos estúdios. Tal de planificar bem as coisas, definir prioridades, não posso deixar para M • Não tem volta? como eu estou na luta para realizar trás o meu projecto, há que conciliar JO • É uma opção e temos que estar pron- o meu projecto também eles estão a todas essas coisas boas que estão tos para assumir os riscos, as dificuldades bater portas, porque são músicos há a aparecer, isso faz com que tenha e sacrifícios. A base da minha formação muitos anos e trabalham nisso, mas que ficar mais tempo por aqui. é o clássico mas a dada altura percebi o mercado em Portugal não é muito que é possível combinar a técnica que se João Oliveira* aberto. Acho que as políticas culturais M • É possível definir os ritmos absorve com o clássico para trabalhar os são deficientes mesmo a nível da cultu- genuínos de Angola? nossos ritmos, é uma forma de univer- à influência do clássico, e do jazz de ra portuguesa, e dar vazão a outras cul- JO • A kilapanga, a massemba, o tchis- M • Em Portugal aparece trabalho sochi, a kazukuta, temos que definir, salizar a nossa música. Despertei nesse para um músico de Angola? que também gosto, mas com muitos turas é mais complicado ainda, quase sentido, e mesmo não tendo conheci- ritmos tradicionais. Acho que devemos não há espaços para se tocar. Também haverá espaço para outras coisas, mas mento do que acontecia pelo mundo JO • Toco num grupo de salsa que é o precisamos de um agente isso funcio- é preciso definir. Como os cubanos “Cuba Livre” no Casino Estoril, estou trabalhar com o objectivo de levar a tocam salsa, os zairenses kwassa a nível da música, venho trabalhando música angolana aos 4 cantos do mun- na com corredores e circuitos. Agora desde muito cedo nessa vertente. a substituir há dois anos um pianista, temos uma agente, a Kieza Santos kwassa, o cabo-verdiano as mornas do e isso é um grande desafio, porque e coladeras, os americanos tocam nesse grupo também há angolanos dispôs-se a ajudar-nos nesse aspecto M • Tocas piano, e que outros que estão cá há muitos anos como o não existem produtores, nem pessoas funk, jazz, os europeus o clássico e instrumentos? Zezé Ngambi, o Carlos Sanches, o Kai- independentes que penetrem no mun- da produção e promoção, penso que os pops, acho que é uma questão de pas. Eles têm um projecto de música do do espectáculo. Sei que têm ido será uma mais valia para nós. identidade cultural, que é importante JO • Estudei guitarra/violão, saxofone vários artistas angolanos para a Expo e violino, para ter contacto, porque a angolana, que é “A Malta da Paracu- M • O que achas do actual mercado da fazer respeitar, no sentido de divulgar ca”, convidaram-me para participar, no Japão, que tem sido um sucesso, os valores culturais da terra. minha onda como se diz, o que gosto têm que ocorrer muitas mais experiên- música em Angola? mesmo de fazer são arranjos e compor, temos inclusive um disco feito, que se M • E Portugal tem abertura, sensibi- chama “Muitos Tempos”, ainda não foi cias dessas porque Angola está muito JO • Acho que a concepção de música sinto-me compositor acima de tudo, dissociada dos PALOP em termos de lidade para a música africana, o por isso estudei esses instrumentos lançado. que se está viver em Angola é um bo- promoção e divulgação da música, e cado complicada. É certo que devemos Portugal mais jovem? para ter uma noção de como usa-los Também sou pianista das classes de quem diz música diz e noutras verten- respeitar e valorizar todas as vertentes JO • Bem, já me foi dito por um pro- ao fazer arranjos. O que toco neste dança contemporânea na Faculdade tes da cultura em que temos valores fessor que a música africana não se momento é o piano acústico. de Motricidade Humana. Toquei uns musicais, mas está-se a criar um pa- excelentes. drão que tem representado a música escreve. Há que rever isso. É música 15 dias com a orquestra do Casino em com uma estrutura rítmica como ou- M • Fazes kizomba, Kuduro? substituição de um pianista, foi uma M • Não é possível produzir música de Angola que não é bem de facto a nossa música. Tirando os mais velhos, o tra qualquer e tem as suas caracte- JO • É possível em termos harmónicos, experiência muito boa, gostei muito. E em Angola? rísticas próprias, dá algum trabalho fazer frases rítmicas e tocar melodias, trabalho no meu projecto. JO • Até há alguns anos atrás as pessoas Betinho, o Bangão, a Banda Maravilha, porque é muito sincopada e não é mas obtêm-se uma cor diferente, não a Movimento, que faz música popular fácil para aos europeus sentirem M • O que é o teu projecto? habituaram-se a um tipo de comporta- é o mesmo que tocarmos com um sin- mento em que tudo era associado ao angolana, o Mito Gaspar, acho que se as nossas métricas, são geralmente tetizador que já tem uma série de sons JO • É fusão, trabalho com coisas da Estado, as coisas mudaram de repente. devia abrir um bocado mais o leque e valores irregulares, não são tempos incorporados, como flautas, violinos, terra, kilapangas, massembas, coisas Penso que se deve dar agora abertura incentivar os artistas a produzir mais e completos como na música euro- marimbas. étnicas, misturo um bocado, devido a promotores e criadores de espectá- darem outros requisitos à música, mas peia. Isso torna as coisas um bocado culos e deixarem os músicos trilhar a pela positiva. mais complexas. sua estrada. Os produtores vão ganhar Muitas vezes vou para fora de Lisboa e Os músicos portugueses mais apli- dinheiro mas vão ajudar o mundo as pessoas dizem-me olha temos aqui cados e mais atentos preocupam-se artístico a crescer levando os artistas música angolana, convidam-nos a ou- em aprender a rítmica e linguagem ao mundo. vir aqueles kuduros malucos com uns africana, é uma forma de enrique- Alguns cantores queixam-se de que textos terríveis, acho que o Ministério, cerem o seu próprio trabalho, e nós os técnicos não sabem usar os equipa- africanos é que temos perdido quan- os músicos e a comunidade deviam do os europeus pegam nas coisas mentos que existem nos poucos estú- prestar mais atenção a isso, é um re- dios já montados em Angola. africanas e trabalham e dão valor, trocesso. Não podemos anular a música enquanto nós temos tudo para fazer Sem menosprezar ninguém acho que original de Angola em prol dessa músi- as coisas não as fazemos. É uma é uma verdade, salvo excepções, acho ca, mais comercial, mas sem conteúdo. questão pertinente. que os técnicos, antes têm que ser Não podemos apenas considerar que Também há quem rejeite por não músicos, pode-se saber mexer nas isso é que é bom, e representa Angola, máquinas, ter noção dos níveis, mas se assumir a ausência de compatibili- quando há gente a trabalhar em coisas dade, com valores que não percebe, não se tiver a alma de músico, pode-se bem mais sérias, que é posta de parte. até captar o som, mas depois vai ter não consegue interpretar, e de certa que se misturar e se o técnico não é Temos muito que falar sobre isso. Há forma reprova. No geral o músico capaz de sentir o que o músico pede pessoas que escrevem, versos e poe- português não está aberto à nossa começam os atritos. sia, já que os miúdos estão a cantar e música, não a quer absorver, talvez têm essa capacidade, têm esse ritmo por uma questão cultural, não lhes M • E com a “Malta da Paracuca” qual envolvente que arrasta multidões, que diz nada. Alguns sim, mas muito é a “onda”? haja quem escreva coisas com sentido, poucos. MWANGOLÉ passando mensagens positivas, porque JO • É o renovar das estruturas harmó- * Telm.: 968 317 303 nicas de temas angolanos antigos, com a função do artista também é educar. E-mail: [email protected] Malta de Paracuca M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 • C ULTURA 11 Artes Angolanas na Expo-Japão 2004

de origem ou de representação da relação do O governo, disponibilizou homem com o seu meio e seu tempo”. verbas e condições para Denota-se nesta colecção das obras de arte, uma levar um grande elenco praxe artística dos seus intervenientes (os artis- tas), a assunção de posições não apenas media- de artistas à Exposição tistas, mas sobretudo de carácter investigativo, Mundial, EXPO-Japão 2004, indo de encontro aos valores da nossa cultura, não obliterando a visão cosmopolita. Por Francis- que encerrou em Tóquio co Van-Dunem Mestre em Educação Artística. em Setembro. À conversa (Por Francisco Van-Dunem) com o Secretário Geral da União Nacional de O presente e futuro Artistas Plásticos (UNAP), da UNAP A UNAP congrega os artistas plásticos “Mwangolé” inteirou-se angolanos desde 1977,para Van, foi uma do rumo que seguem as das primeiras a surgir em Angola, mo- mentos baixos porque a nível das artes artes plásticas em Angola, plásticas, havia sempre o problema da e do que se pretende formação de técnicos, e de pessoas que pudessem tratar da sua gestão, «depois para a UNAP, cinco meses da morte do Viteix*. depois da eleição Um dos grandes problemas da UNAP é o estado em que se encontra a sua sede. É da EXPO pronunciaram-se sobre Angola, que da sua nova direcção. um edifício em mau estado, muito antigo. para culminar realizou um grandioso espec- Por outro lado está também a fazer-se táculo músico cultural. A Mostra de artes semelhança do que aconteceu nas ante- tudo para que a UNAP esteja representa- plásticas “Arte Contemporânea de Angola” riores Exposições mundiais, a Expo-Japão da em todas províncias de Angola. Neste À enquadrou-se no dia de Angola. 2004 foi uma oportunidade que Angola não momento, apenas existe em Benguela, desperdiçou para participar, trocar experiên- Segundo Van, um dos critérios da selecção, a Lubango, Cabinda e Uíge. cargo de um colégio da UNAP, foi dar oportu- cias, e mostrar as suas pontencialidades. A mú- A direcção eleita há cinco meses tem feito nidade a artistas que não têm participado em sica, dança, artes plásticas, moda, marcaram actividades de formação, «fazemo-lo pela grandes certames «é importante que outros presença no Japão. qualidade técnica dos nossos artistas, artistas possam ganhar experiência e quise- Marcela Costa, Odaly, Délio Baptista, Fineza contribuímos para a sua formação com Para o secretário geral da UNAP, (União Na- mos privilegiar as diferentes faixas etárias». Teta, José Francisco, Gonga, Luandino de Carva- acções nas áreas da gravura, cerâmica, e cional dos Artistas Plásticos) Francisco Van- lho, Mayembe, Tozé, Viteix e Van. queremos fazê-lo em desenho e outras Dunem, que esteve representando Angola Esta nossa participação visa entre outros ob- na Expo-Sevilha 1992 e Expo-Lisboa 1998, o jectivos contribuir para transpor obstáculos de evento recentemente encerrado em Tóquio subalternização que umas “culturas” pensam «quanto à organização e quanto ao aparato que têm, sobre as outras. Ou que muitos centra- em termos de desenvolvimento tecnológico listas e/ou indivíduos imbuídos de preconceitos foi o melhor conseguido». euro-ocidentais apregoam (ou apregoaram) em detrimento da Arte Africana no geral. Também O número de angolanos que esteve na Expo visa contribuir para preservação do nosso patri- Japão 2004 foi elevado, mas, em termos orga- mónio artístico-cultural, divulgar e promover as nizativos. Van, considerou que a participação de artes plásticas angolanas além fronteiras. Angola podia ter sido melhor. «Algumas coisas Esta colecção, não só testemunha a diversida- foram melhor realizadas nos eventos anteriores de plástica, que os nossos artistas são capazes e devia ser ao contrário, mas são questões a de proporcionar, mas também demonstra a dialogar. Por exemplo, o domínio especifico em vitalidade da sensibilidade e da vontade po- cada área deve ser levado em conta, é preciso Artes Plásticas angolanas lítica que os gestores do país, nutrem pelas chamar os especialistas de cada área antes da no Japão artes do país. expressões artísticas, temos promovido concretização dos trabalhos de qualquer modo, O universo plástico angolano é polissémico e palestras, seminários, etc. Pensamos “Angola Rumo ao Modernismo”, foi o tema que móvel, e cada estilo, cada tendência, movi- realizar até ao fim do ano, muitas ac- a nossa participação foi positiva». serviu de móbil de inspiração para a selecção mentam-se em direcções diferentes, mas per- ções deste género porque escasseiam as O dia de Angola, na EXPO-2004 foi um momen- dos trabalhos nuns casos, e execução noutros. seguem o mesmo objectivo: a “angolani- escolas de arte e queremos aproveitar to alto da presença angolana no Japão. Após A participação angolana conta com obras de 11 dade plástica” ou “escola de arte as sinergias dos jovens a nível a intervenção do primeiro ministro angolano artistas plásticos, entre pintores , escultores e angolana”. Admitamos que não das vocações, do talento e Fernando da Piedade “Nandó”, responsáveis tecelãs. Eis os seus nomes: Eleutério Sanches, existe todavia uma “escola ajudá-los a melhorar o seu angolana”, como por exem- trabalho». Embora não plo existem as escolas possua nenhum prémio francesa, americana, mo- a UNAP é uma força çambicana, zimbabwe- motriz no sentido na, etc., mas é verdade de os impulsionar a que a distância para participar nos vários esta meta aproxima-se prémios que são a passos largos. Os tra- Van - atribuídos às artes balhos traduzem visões Secretário Geral plásticas em Ango- modernas, cujas caracte- da UNAP la e no estrangeiro. rísticas se interligam com as Pretende-se aumentar demais culturas autóctones, o número de membros observamos temas actuantes que há vários anos se fixou ligados aos mitos, a cultura animis- perto dos 200. O pagamento de ta, ao quotidiano e aos aspectos ligados quotas, uma vez que há muitos anos ao ambiente, etc., inspirados pelo meio que que os membros da UNAP não pagam, é os rodeia. Parafraseando Jorge Gumbe (1996, outra questão em agenda. MWANGOLÉ p.38), quando se referia às questões da arte angolana: “(…) as imagens que se expressam * Viteix: Artista de referência nas artes plásticas angolanas, foi membro da associação internacional de críticos de arte, secretá- em telas são o meio condutor da simbologia rio geral da UNAP e director da sociedade de autores de Angola. 12 C ULTURA • M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005

Discos gravados: Sembele (Veleu a pena), Twana Ndengue (Nossas Crianças), Uenge Kitadi (Negócio e dinheiro), Próximo disco/projecto: “Culturas Jovens do Hungu Perdidas”. Para concretizar este projecto, os músicos aguardam a resposta de um pedido de patrocínio endereçado ao ministério angolano da cultura. A profissionalização de um músico tradicional Ao mesmo tempo que busca modernidade, o projecto “Culturas Perdidas”, vai ao encontro de sons antigos, dos Ngola Ritmos, dos Ngongo, Tela Lando, «musicamos o poema Damba Maria, do Presidente José Eduardo dos Santos, pegamos outros ritmos que vão aparecendo como do União Mundo da Ilha». Instrumentos tradicionais: Hungu, Puíta, kissange, reco-reco ou “Dicanza”, bambu e dois batuques de nome tradicional “N’goma”. Hungu é um instrumento monocórdico, conhecido como birimbau no foi um ano de poucas ac- questra metropolitana de Lisboa. A partir daí M • É preciso muita força para sobreviver Brasil, onde acompanha as exibições de capoeira. tuações para os “Jovens do tudo foi acontecendo natural e rapidamente. 2005 como grupo e para manter viva a música Composição do grupo: Nelo (fundador), Neloy, Leão, Koami e Victor. Hungu”, que estão em estúdio a preparar Em 1995 gravamos o nosso primeiro disco tradicional de Angola? Têm ido buscar os o seu quarto CD. À conversa com o funda- “Sembele” foi um dos primeiros de música vossos ritmos à raiz? Os estilos predominantes na sua música são o semba e outras linhas de dor dos “Jovens do Hungu”, Manuel Tava- étnica que apareceu em Angola e teve muita N • É preciso muita força, é preciso um grava- res “Nelo”, ficamos a saber um pouco da pesquisa e estilos adaptados como a rebita, o afro e a kilapanga. As letras saída. Começámos a ter outra visão do mun- dor, uma câmara de filmar, uma máquina fo- luta pela sobrevivência deste grupo, que das suas canções assentam na literatura oral que fala de lendas costumes, do do espectáculo depois de irmos aos EUA. tográfica, porque não temos nada escrito, mas tem representado Angola por todo mundo Tínhamos passado por palcos muito concei- há povos em Angola que ainda preservam crenças, superstições, histórias de amor e respeito pelos mais velhos. e se tornou um dos maiores expoentes da tuados. Arranjámos um manager que vive na os seus ritmos, eu acho até que há ritmos cultura angolana e africana. Alemanha e, trabalha há mais de oito anos angolanos que já estão perdidos, já foram MWANGOLÉ • Como foi o começo para os Jovens connosco, é o Sr. Manuel Fragoso. encontrados e estão a ser usados e vamos do Hungu e, porquê que deste este nome ouvi-los daqui há mais cinco ou dez anos em ao Grupo? M • E como tem sido a relação com o vosso músicas que não são angolanas. Não tenho agente? Jovens pela idade que tínhamos e Hungu dúvidas, que isso vai acontecer. para tornar mais popular o nome do ins- N • Ele tem arranjado espectáculos, às vezes Ganhamos alguma experiência a partir da trumento que era quase desconhecido em mais, outras vezes menos, está preparar-nos Europa. Os grupos que estão em Angola ainda Angola. Inspirei- neste momento não fizeram grandes mudanças, nós grava- m e m u i t o n o uma nova tour- mos 3 discos, os Kituxe 2 se não me engano, o grupo “Kituxe e Na tournée para 2006, na Alemanha, vamos tentar née na Alema- Semba Muxima 2, e os outros não conseguem nha. Estamos a os seus acompa- actuar na cidade onde Angola vai jogar. gravar. É preciso apoios financeiros. nhantes” achei ver se actuamos Faremos tudo para conviver com a comunidade Mas também estamos a tentar mudar, diversi- que era preciso mesmo na cida- angolana lá, nessa altura. ficar a nossa música, fazer música de fusão, já haver um grupo de onde Angola percorremos uma estrada que nos deu expe- mais jovem para v a i j o g a r , e riência, contactamos grupos tradicionais com dar continuidade fazer tudo para grandes fusões, com violinos, contra baixo, etc. a esse trabalho. Começámos por tentar fazer conviver com a comunidade angolana lá Depois deste disco queremos experimentar o baixo do kituxe, que foi a nossa base, de- nessa altura. Temos um “quartel general”, é algo diferente, já falámos com o músico Na- pois resolvemos modificá-lo um pouco para assim que chamamos, em Bremen. O festival nuto, que está disposto a trabalhar connosco, sermos diferentes. “Africa Kudissanga”, é um festival em que o ministério alemão da cultura oferece um NELO • Juntei alguns amigos, por acaso foi en- espaço para quatro a cinco dias por mês, M graçado porque não sabíamos da existência realizarem-se espectáculos de música afri- • Com a editora Strauss correu tudo bem? uns dos outros como músicos. Quando tentei cana. Poucos angolanos têm ido, mas vão N • Nunca fale mal de quem lhe abre a porta. saber como poderia compor um grupo de mú- muitos músicos senegaleses, do Mali e de Se não fosse essa editora não teríamos três sica tradicional foram-me indicando nomes outros países africanos. Acho que Manuel discos. Não digo que as coisas correram às de pessoas que conhecia mas não estávamos Fragoso devia ter mais apoio, porque ele é mil maravilhas, mas tenho apenas a dizer: sempre juntos, fiquei admirado porque afinal o único angolano domina o mercado alemão Obrigado por me terem aberto as portas. morávamos todos no bairro popular. Fui ter e que tem aberto portas para os músicos M com eles e começamos a ensaiar em minha angolanos na Europa. É alguém que conse- • Em que fase está a preparação do casa. Na altura o meu pai era contra. Mas era gue entre 18 a 20 espectáculos para uma vosso último disco? na minha casa que ficavam os instrumentos. tournée, é muito. N • Numa primeira fase, porque todas as Eu comprava-os com o meu dinheiro. M • Como é que fizeram a amizade com os despesas têm corrido por nossa conta. Fi- M • Porquê que o pai era contra? Batoto Yetu? zemos um acordo com o dono do estúdio e N • Porque eu estava a estudar electro me- estamos a gravar. Ele vai apontando as horas N • Quando se criou aqui em Portugal os e, vai fazer um orçamento, se até ao fim do dicina e estava a trocar o curso pela música. Batoto Yetu, o seu fundador Júlio Leitão, Mas fiz essa luta. Além disso éramos todos ano conseguirmos o patrocínio, tudo bem. foi-me apresentado na RDP-África. Ele disse Pagamos as contas, se não, ficamos com a militares. Eu trabalhava no hospital militar. que gostava muito da nossa música e nos maquete e atrasamos o disco. Temos um Não era fácil deixarmos o trabalho para ir admirava, gostaria de poder ajudar-nos mas pedido em Angola há dois anos, endereçado fazer espectáculos. não sabia como. Mas quando disse que já en- M • Como é que vieram parar a Portugal? sinava as bailarinas dele nos Estados Unidos ao Ministério da Cultura mas, por enquanto tudo corre por nossa conta. ´ N • Naquela altura a média de idade dos gru- a dançar e a cantar a nossa música. Duvidei pos de música popular angolana era de 40 e pensei; “Mais um angolano mentiroso. Ao M • Vivem só do rendimento do grupo? anos para cima e era muito difícil acreditar fim de três meses chegou o grupo de dança N • Em principio sim, alguns, mas é difícil. Há num grupo jovem. Mas sempre lutamos, por dele, cantaram as músicas Isabu e Sembele alturas em que nos dividimos, somos convi- e confirmaram que há mais de dois meses isso decidimos ou desistir ou desaparecer por dados individualmente para outros trabalhos ensaiavam com a nossa música nos EUA. um tempo e, viemos para Portugal. mesmo como músicos. Fiquei emocionado, isso deu-me uma alegria M • Conseguiram o que queriam? que não pode imaginar. M • Aqui como é que arranjam os N • A maior porta que abrimos foi com um es- instrumentos com que tocam, a pele para pectáculo de fusão que realizámos com a or- os batuques? N • É muito difícil. Uma vez trazíamos pele, apreenderam-na no aeroporto, pedimos muito mas não adiantou. Para o batuque baixo é pele de boi e para o solo, que é mais difícil pode ser de veado. Agora temos que pedir a conhecidos que vão aos países mais próximos de África como a Guiné ou Cabo Verde. Para o reco-reco o bordão tem que vir de Angola, cabaças aparecem aqui, as missangas são outro problema, as vezes per- e haverá outros, porque a música tradicional vamos lá há três anos, mas da última vez, dem-se mas muitas vezes as pessoas pedem precisa de evoluir, precisa de mudança. No constatei a existência de muitos grupos para recordação, na Holanda, um dos artistas novo disco vamos pôr duas violas de caixa, de música tradicional, mais jovens. Outro que nos acompanhou quis um dos nossos temos contacto com dois grandes músicos que grande problema para os Jovens do Hungu panos como recordação. Fazem-nos falta. são o Betinho Feijó e o José Muele Puto, vamos é que nos festivais europeus, os grupos Mas quando as pessoas dizem: «Preciso de fazer uma espécie de Ngola Ritmo. são todos pagos, têm um cachet para marcar esse grupo, preciso de não esquecer» M • Quem são os músicos angolanos em cima, mas precisamos de pagar passagens derretem-me o coração. quem vocês se inspiram além do Kituxe? e outras coisas, nem tudo pode sair do M • Escrevem as vossas músicas? E nos bolso do nosso agente. Contudo, a nossa N • Conservo discos angolanos antigos e há vá- espectáculos quais são as músicas que Os Batoto Yetu usam nos seus espectáculos de dança canções dos Jovens do Hungu presença em festivais é importante, ajuda rios que admiro, um deles é Teta Lando, tem usam? a nivelar o nosso cachet por cima, porque muitos ritmos, foi um grande critico da música os agentes falam entre eles, para saber se N • Cantamos a nossa música, porque todos Percurso: Os jovens do Hungu existem desde 1989. Gravaram os seus três primeiros discos angolana e sempre me disse que Portugal não a apresentação do grupo, de facto, arrasta escrevemos letras, escolhemos as melhores, nas línguas nacionais kimbundu e humbundu. No quarto CD incluirão música em kicongo e uma letra era o mercado certo para a música dele nem uns ganham mais que outros. Vamos usar em português de uma angolana estudante de música no Porto. multidões e à medida que nos vamos tor- para a nossa, nem para a música africana. uma letra do Teta Lando em kicongo, é uma Em 1990, participaram pela primeira vez numa Quinzena Cultural de Angola nas cidades brasileiras Agora conhecendo o que conheço de outros nando conhecidos vamos tendo um cachet da Baía, São Paulo e Pernambuco. O desejo de gravar um disco fê-los imigrar para Portugal em próprio a nível da Europa. Há africanos, estória muito bonita. Nos espectáculos can- grupos africanos residentes noutras partes da tamos música nossa, uma vez ou outra pode 1994. Foram recebidos pelo músico Raul Ouro Negro. Europa e mesmo pelas passagens que temos como Alfa Blondi por exemplo, que são cair uma música popular angolana como o Entre outros, entre 1994 e 2004, estiveram no festival África Minha em Lisboa, numa gala do tido por grandes festivais europeus, acho muito bem pagos nos festivais. Cidrália, uma ou duas do Ngola Ritmo como o Diário de Notícia, fazendo música de “Fusão” com a orquestra Metropolitana de Lisboa, no Casino que lhe dou razão. Há muito poucos músicos M • Quem patrocinou os vossos primeiros Estoril e no Estádio do Belenenses. Como resultado deste show foram convidados pela editora residentes em Portugal a passar por esses Muxima. A partir deste ano queremos cantar Strauss para a gravar o seu primeiro CD, em 1995. discos? festivais. Encontramos músicos africanos com a do Teta Lando, mas é kicongo, ainda não N A editora portuguesa Strauss. O único Estiveram em digressão pelos Estados unidos da América actuando nas salas Apollo Center, em grande nome em África e no mundo, encon- • está bem ensaiada. A que está pronta, e Nova Yorque e no Performing Art Center de New Jersey acompanhados pelos Batoto Yetu. tramos vários grupos do Senegal, do Mali, não grupo africano que patrocinou foi o nosso. podemos depois de gravar começar a treinar Representaram Angola na emissão inaugural da RDP-África na cidade da Praia em Cabo Verde. apenas um, mas vários. E de Angola também Estivemos uma vez numa rádio de uma em espectáculos, é a letras do Presidente José Estiveram no “Festival Del Caribe”, cidade de Cancun-México, tendo actuado também numa gala cidade recôndita da Alemanha e encontra- Eduardo dos Santos, é kimbundu, é mais fácil da embaixada de Angola e num Show de teatro mexicano. devia haver mais grupos. Nós aparecemos e graças a Deus tudo correu bem, mas já po- mos o nosso disco, disseram-nos que de para nós. Exibiram-se no encontro dos países da SADC no Japão, depois no festival Afro- Springsteen na Suiça, música angolana conheciam pouco mais. em Frankfurt no Festival Africa-Alive e no festival de Bremen. Participaram no “Encontro de Cultu- díamos ter ido muito mais longe, se tivemos M • Vocês apresentam-se com bailarinas? tido mais apoios. Outro problema para a música angolana, é a ras” na Alemanha – Bona, no Festival “Frolunda Kulturas” na Suécia, numa gala da embaixada de divulgação. Espero que este mundial venha N • Sim quando viemos todos juntos, trazía- Angola na Suécia. Em 2000 participaram numa gala da Embaixada de Angola em Viena de Áustria. M • Em Angola existem outros grupos de a ajudar os músicos angolanos a tornarem- mos duas bailarinas que depois acabaram por Fizeram em 2001 uma digressão por Alemanha e Holanda. Estiveram na celebração do dia da música tradicional? independência de Angola em Paris, no festival de música Mediterrâneo Itália em 2003, no festival se mais conhecidos, porque, é um grande seguir as suas vidas, tivemos que arranjar ou- World Music – na Áustria, e na festa do dia de África em Lisboa em 2004. N • Depois do nosso disco “Sembele” apa- mercado para a música africana, seria uma tras, já aparecem muitas bailarinas angolanas receram mais grupos, quase vinte. Não grande oportunidade. actualmente. MWANGOLÉ M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 • C ULTURA 13 Homem Branco Homem Negro Carlos Paca no Teatro Aberto

arlos Paca saiu de Angola muito jovem, viveu pectáculos, «hoje em dia, ser apenas actor não Cnos Estados Unidos da América, Swazilândia, Ossos do Ofício me satisfaz, penso fazer um curso de realização África do Sul e acabou por vir para Portugal. Actualmente a gravar a série “Bocage” que a RTP e produção. No final deste ano conta estar nos começará a apresentar em Dezembro, o actor faz Trabalhava num restaurante lisboeta, quando foi EUA com os actores americanos David Chapel e descoberto pela actriz brasileira Taís de Campos, diariamente aulas de expressão corporal, de voz, e faz canto lírico, «leio muito e estou a escrever o Cris Rock, «vamos trocar experiências e estudar que tem uma Academia de TV e Cinema em guião para um DVD que se chamará “Conversa de o padrão para “Conversa de pretos”, que será Lisboa. Como nos diz, exibia-se para os colegas, Pretos” são 30 sketchs de comédia, humor negro, produzido pela Film Cultural da angolana Osanda «sempre os fiz rir, fazia uma espécie de stand com actores na sua maioria negros, entram vários Forge. Sei que em Portugal muita gente vê estes up, que é tratar situações sérias de uma forma angolanos, alguns actores conhecidos cá e possi- cómica. A Taís, olhou para mim e disse-me que velmente o Mantorras». actores americanos, inclusive pela Internet». tinha jeito para representar», fez um casting e Ainda sobre “Conversa de Pretos” adianta «será Sobre as hipóteses de crescer como actor em Por- frequentou o curso de interpretação para TV e uma produção de africanos, com actores africanos tugal, opina «cá alegam que o nosso sotaque faz Cinema, durante 3 anos. Fez vários workshops e para africanos. Dizem que somos irresponsá- diferença, mas os americanos trabalham com ho- e estreou-se no teatro Amélia Rei Colaço, numa veis, não gostamos de trabalhar, quero mostrar landeses, austríacos, ingleses, escoceses e não há peça sobre Shaskespeare «Era uma peça difícil, a diferença, faço inclusivé trabalhos domésticos, esse tipo de problemas. Quando não represento, mas representei tão bem, que fui convidado pelo sou muito metódico, as raparigas até me acham encenador Rui Calisto para a peça brasileira Ava- chato». escrevo, crio, ficciono, o que me dá muito prazer. tar, e com ela fomos ao Brasil e por aí afora». Na televisão, Carlos Paca começou com a série “O O essencial é não parar. MWANGOLÉ crime não compensa”, fez as séries “Ganância”, “Inspector Max”, “Morangos com Açúcar”, foi convidado para entrar em “Mundo Meu” e nos “Serranos”, e uma longa metragem brasileira. Por falta de tempo declinou estes três últimos projec- tos. Não faz mais TV por causa do teatro «tenho tido muitos convites para teatro e são peças que A peça “Homem Branco levam anos em digressão, não sobra tempo para televisão». Para o cinema teve igualmente vários Homem Negro» em cartaz convites, inclusive para o Comboio da Canhoca «na altura estava a actuar numa peça de teatro, durante cerca de três meses daí a impossibilidade de acitar este convite». num teatro com nome O actor questiona porquê que os africanos não vão ao teatro. «Eu vejo espectáculos bons e maus, e tradição, o Teatro Aberto, estou a actuar há oito anos e não vejo africanos no teatro. Já estive nas universidades a falar com em Lisboa, conta apenas com Carlos não perde oportunidades para aperfeiçoar as pessoas e a colar cartazes, e no entanto é raro dois actores. Um deles é o o seu talento nato, «nas festas lá de casa era a vermos os nossos patrícios no teatro. É preciso que atracção, a minha mãe mandava-me dançar, de- saibam que se não temos público nada podemos angolano Carlos Paca, que está pois tivemos a onda do Break Dance, fui para os fazer. Os “Gika da Lapa” por exemplo, não fun- P e ç a d e JAIME ROCHA entre os mais convidados do EUA e em Angola participei sempre em concursos cionou, porque para além de ser um europeu a porque dançava bem». Em Portugal trabalhou escrever, a malta não assistia. Não temos o hábito A FICÇÃO QUESTIONA de consumir o que é nosso. Não me queixo, tenho com António Feio e José Pedro Gomes, e para mercado português. Ele chega público, mas o público africano não me conhece». A REALIDADE a recusar trabalho porque o a maior empresa portuguesa de produção de A Peça “Homem Branco Homem Negro” foi espectáculos e teatro comercial, a UAU. Os ence- distinguida em 2004 com o Grande Prémio do tempo não chega e, está aí nadores que o dirigem estão igualmente no top, Teatro da Sociedade Portuguesa de Autores e do como na peça “Um Branco e um Negro” encenada Teatro Aberto. Em Março de 2005 foi trabalhada para provar que a arte exige por João Lourenço. Paca tem por norma investir num workshop de tradução com tradutores da responsabilidade. em workshops com grandes nomes como, Atílio Alemanha, da Roménia e da Hungria. Em Maio Ricou, wolf Maia, Maurício Matar, Morgan Free- foi apresentada em tradução alemã de Marian- “Quero desmistificar a ideia man, e o angolano Júlio Leitão dos Batoto Yetu. ne Gareis no festival de Mulheim e discutida de que os africanos não têm «São nomes que implicam respeito e aceitação, com o público presente. por isso é preciso investir». Sobre a integração Para o autor, Jaime Rocha, o racismo é um tema responsabilidade». E questiona em Portugal considera-se “suspeito” «sinto-me que o tem preocupado sobretudo nos últimos «Porquê que a malta não vai privilegiado, acho que cheguei numa fase em anos, «como é um tema complicado decidi ter que está tudo mais esbatido, mais open mind, só duas personagens para criar, uma peça clara, ao teatro?» sinto-me acarinhado e respeitado». com uma história e uma mensagem claras, quis ir directamente ao tema e pela primeira vez, fiz uma peça próxima de nós, daquilo que estamos Revista Centro Colombo: A propósito de “Conversas de Pretos” a viver, muito contemporânea, com um diálogo «Quero crescer muito» muito aberto». A peça “Um Branco e Um Negro» deverá ser E o autor prossegue «uma das perguntas que exibida em Macau, Moçambique, Alemanha e tal- queria colocar. Como é possível ser amigo, como vez Angola. O actor deseja trabalhar em Angola, é possível as diferenças viverem lado a lado, «espero que me convidem para uma novela, acho num mundo racista e cheio de preconceitos? que somos actores natos. Há oito anos que não «Coloquei os personagens em espaços distintos vou a Angola, porque tenho tido muito trabalho para criar situações que as levasse a dizer aquilo que eu queria, ou melhor, aquilo que eles só po- e ando um bocado pelo mundo. Tenho ido aos diam dizer naquelas situações. Uma das coisas Estados Unidos, para contactar agentes de Los que gosto no teatro é precisamente isso. Estou Angels porque cá tenho o problema do sotaque. de fora, olho para as personagens e penso: Nes- Em inglês sou fluente e quero tentar lá, quero ta situação eles só podem dizer isto. Não podem crescer muito». dizer outra coisa. É um método que tenho para não utilizar moralismo, politiquices, coisas que Este ano foi aprovado para o curso superior de eu como autor posso ter na cabeça». teatro e televisão, do Conservatório, chegou ao Rocha precisa ainda «Eu vejo o teatro como uma estágio, mas foi aparecendo muito trabalho e não porta que se abre para falarmos de coisas de deu para continuar. O actor vive do seu métier que temos medo, vergonha, coisas de que nos e explica «não conheço vida fácil, depois desta aborrece falar, que nos fazem querer passar peça em cartaz no Teatro Aberto tenho mais duas ao lado. O teatro dá uma oportunidade para e uma longa metragem, o Conservatório pode as pessoas discutirem o tema, confrontarem-se com o mundo real. Hoje já não é só reflectir, é esperar, é algo que tenho que fazer». não falar. Para o futuro espera tornar-se produtor de es- 14 D ESPORTO • M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005

“Palancas Negras” garantem presença de Angola no mundial de futebol 2006

José Eduardo dos Santos referiu ainda «como anti- vestidos com as cores da bandeira angolana e go praticante da modalidade, quero também dar muitos se dirigiram à praça sony para assistir a minha contribuição». Por outro lado, sublinhou a um concerto organizado especialmente «Estamos no mundial por mérito próprio… e por- para comemorar a vitória de Angola. Angola- que temos um sonho maior que é de estar entre as nos espalhados por todo mundo continuam a melhores selecções do mundo. Angola alcançou a festejar ida do futebol angolano ao Mundial paz há cerca de três anos e agora quer demonstrar 2006. que afinal somos um povo como qualquer outro, Entretanto o governo angolano disponibili- com mérito para realizar os seus sonhos». zou um milhão e trezentos e cinquenta mil Nas avenidas da Revolução de Outubro, Ho Chi dólares à selecção nacional de futebol, pela Min e Hoji Ya Henda até ao Complexo Desportivo qualificação à fase final na Taça de África das da Cidadela, e também em muitos prédios havia Nações - CAN`2006, no Egipto, e ao Mundial na gente aplaudindo a selecção. A festa continuou na Alemanha. A informação foi prestada pelo mi- Cidadela com uma manifestação músico-cultural nistro da Juventude e Desportos, José Marcos organizada pelo Governo da Província de Luanda. Barrica, numa cerimónia de homenagem aos entenas de excursionistas deixaram Luanda Santos. O Chefe de Estado angolano classificou a Em Lisboa milhares de adeptos saíram as ruas ``Palancas Negras``. MWANGOLÉ C rumo ao Rwanda para apoiar a selecção vitória da selecção como “suada, merecida e justa”. nacional, sob iniciativa do Movimento Nacional Em entrevista concedida à rádio Cinco numa mensa- Espontâneo. A Secil Marítima organizou igual- gem à selecção, o presidente confessou-se emocio- mente uma caravana que escalou Cabinda para nado «sobretudo por ser um angolano que também embarcar mais meia centena de apoiantes. foi praticante de futebol» e acrescentou «não tenho Entre estes estava o agrupamento de música palavras para dizer quão grato estou aos jogadores tradicional Semba Muxima. A agência de via- que se empenharam a fundo para elevar o nome gem Tropicana também organizou uma claque de Angola. É uma boa resposta a todos aqueles que de apoio, levando músicos maioritariamente pensaram que Angola não poderia representar con- ligados ao projecto “Criança Futuro” e despor- dignamente África». tistas. Na sua mensagem à selecção, o Presidente agradeceu Milhares de luandenses protagonizaram uma ao jogador Akwa, pela contribuição que tem dado ao calorosa recepção à selecção nacional. Logo futebol nacional, felicitou o presidente da Federação às primeiras horas da manhã de sábado muita Nacional de Futebol e o técnico principal da selecção gente estava concentrada em várias artérias considerando-o «muito hábil e inteligente». da cidade capital até ao Aeroporto Interna- cional 4 de Fevereiro, levando bandeiras e dísticos. Centenas de pessoas entre membros do governo, deputados, representantes de partidos políticos e entidades religiosas esperavam pela comitiva que foi recebida no aeroporto 4 de Fevereiro pelo Presidente da República, José Eduardo dos Taça Amizade em Portugal Angola vence Cabo Verde embaixador Assunção dos Anjos com os “Palancas Negras” nos preparativos para as O eliminatórias visando o Mundial de 2006. A selecção conquistou a Taça Amizade, ao vencer em Lisboa, a sua similar de Cabo Verde, por 2-1. Os “Palancas Negras”, perdiam ao intervalo por 0-1, marcaram com Pedro Mantorras e Love Kabungula. O estádio José Gomes na Reboleira acolheu gratuitamente todos os adeptos. Akwa capitão da selecção de Angola, que actua numa equipa do Qatar há cinco anos, foi o único a jogar de novo com a selecção cabo-verdiana, desde que em 2001 as duas selecções se defrontaram na cidade da Praia.

Equipa angolana participa em torneio Mundial de Hóquei em Patins, nos EUA “Solidariedade Guiné Bissau” Angola Melhora classificação

A equipa angolana de futebol 11, com- Ao derrotar o Brasil por 6-2 a selecção do Brasil por expressivos 6-2, quando ao in- posta pelos jogadores Romão, Budagray, nacional de hóquei em patins alcan- tervalo já vencia por 2-0, com tentos de Pedro Bruno I, Dado, Lau, Manenas, Guto, Bruno çou o sétimo lugar no trigésimo sétimo Neto e Kirro. II, Brinquedo, Fazecas, e Guerrito, como campeonato do mundo da modalida- Na etapa complementar, virado para o ata- titulares, Ariel, Zeca, Nino, Careca, Raím, de, disputado entre 6 e 13 de Julho, que, Angola amplia o score com golos de Luís, Kelly, Tako, e Adilson como suplen- em São José da Califórnia (Estados Unidos) Pedro Neto, Duque, Toy Gaspar e Toy Adão, tes, participou num Torneio de Solidarie- as classificativas do sétimo e oitavo lugar, enquanto que pela formação brasileira mar- dade com a Guiné Bissau, disputado no N o cinco nacional derrotou a sua congénere caram, Nicolas Feresim e Alan Karan. MWANGOLÉ campo do Inatel em Lisboa. A equipa recebendo orientações s jogadores angolanos sob orientação do treinador Luís Quintas. Odos treinadores Francisco Neto e Luís Quintas, todos residentes em Portugal, aniversário da independência daquele formaram equipa em Maio do ano passa- país. Angola venceu a serié B ao derrotar do. Com o apoio da embaixada de Angola a equipa de Cabo Verde por 17-0 e a de em Portugal os jovens têm-se mantido Moçambique por 3-2. unidos e aptos para desafios de futebol Os jovens envolvidos nesta iniciativa são que se realizam esporadicamente entre cerca de 30. Na última competição par- a comunidade africana em Portugal. Des- ticiparam apenas 18 que, apesar de não ta vez a equipa participou num torneio vencerem o torneio ganho pela Guiné organizado pela associação Guinéaspora Bissau na fase final por 2-1, representaram no âmbito das comemorações do 30º dignamente Angola. MWANGOLÉ

Quadro de resultados de Angola: Portugal • Angola 5 • 1 Angola • Macau 21 • 3 Angola • Chile 1 • 1 França • Angola 5 • 2 Itália • Angola 2 • 1 Os organizadores João Santos e Fé, fazem a ligação entre os atletas e a embaixada de Angola. Angola • Brasil 6 • 2 M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005 • D ESPORTO 1515

o “1º de Agosto”, mas foi o treinador Mário Palma que o aconselhou a considerar a par- ticipação no mundial como a melhor altura para uma despedida da selecção nacional. Angola conquista oitavo título no Ângelo confessou-se feliz por ter ganho oito títulos e acrescentou «por isso é que estou a pensar já em deixar a vaga para os mais jovens». O orgulho pelos campeões Afrobasket 2005 O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, felicitou e encorajou a selecção tendo e garante quinta presença no Mundial de 2006 considerado que nas próximas décadas será difícil para qualquer outro país conseguir o mesmo. Considerando um exemplo de trabalho, dedicação sacrifício e concertação de esforços que deve ser seguido por todos na reconstrução do país. selecção nacional disputou oito partidas e Angola realizou uma conquista inédita e qualificou-se Em Luanda, os campeões foram recebidos por uma A obteve igual número de vitórias fazendo os multidão em festa e circularam pelas principais angolanos rejubilar de orgulho e emoção, inde- para o mundial de basquete no Japão em 2006, foi hora avenidas, numa passeata automóvel, para junto pendentemente das cores políticas, religiosas da população comemorar a conquista. MWANGOLÉ ou étnicas e pelas comunidades espalhadas na de festa por uma vitória da unidade nacional. diáspora. (Com os enviados especiais e angop) Os títulos conquistados pela selecção angolana guela. A selecção nacional foi a única a somar para Argel corresponderam todos aos desígnios foram em 1989 (Luanda), 1991 (Cairo), 1993 cinco vitórias na primeira fase do campeonato. de marcar e levar a selecção à vitória. O treinador (Nairobi), 1995 (Argel), 1999 (Luanda), 2001 (Ra- Os mais experientes da turma de Mário Palma surpreendeu ao utilizar os seus 10 jogadores em bat), 2003 (Alexandria) e 2005 (Argel). foram chamados. Carlos Almeida, Abdel Boukar (o partidas decisivas. Ao manter o veterano Ângelo mais alto da equipa), e Ângelo Victoriano. Victoriano entre os eleitos, Mário Palma conseguiu Senegal e Egipto com cinco títulos cada um, são que o jogador de 37 anos desempenhasse um pa- os outros dois países vencedores do Afrobasket. Realce ainda para as actuações de , pel fundamental na selecção. Com Miguel Lutonda Apesar de toda da vontade de vergar os angola- Joaquim, Gomes, Carlos Morais, , o e Carlos Almeida constituiu um trio de luxo, capaz nos, neste Afrobasket, a Nigéria e Senegal confir- base Miguel Lutonda os postes Ângelo Victoriano, de resolver casos mais complicados. Para Angola maram que para isso, precisam de trabalhar. Esta Abdel Bouckar e o extremo base Carlos Almeida. apenas houve três provas de fogo, contra a Nigé- teria sido das melhores oportunidades de retirar ria e duas vezes contra o Senegal. o título a Angola uma vez que se apresentou com Mário Palma “O estratega” noventa por cento do seu plantel renovado e com As vitórias no Afrobasket devem-se aos técnicos Ângelo Vitoriano, uma das selecções mais jovens do campeonato. Victorino Cunha, Wlademiro Romero e Mário Pal- Capitão da Selecção ma, que detém o recorde de vitórias. A experiên- Nacional há oito anos A vitória dos mais jovens cia profissional do treinador Mário Palma e o em- com o vice presidente penho e dedicação dos atletas tornaram realidade, da casa de Angola Desfalcada de jogadores como Jean Jacques, o que parecia mais um sonho distante do que durante a homenagem Victor Carvalho e Baduna Victoriano, a selecção uma convicção, devido as mudanças registadas que a Embaixada Angola quer acolher Afrobasket-2007 contou com atletas que os substituíram com brio, na selecção. Palma teve dificuldade em eleger um de Angola em sobretudo nos jogo contra Moçambique, África do cinco favorito, porque os 12 jogadores escolhidos Portugal prestou aos presidente da Federação de Basque- Sul, Marrocos, RCA ou Mali. basquetebolistas. O tebol (FAB), Gustavo da Conceição, Jean Jacques da Conceição que participou nos assegurou que Angola é o principal can- sete campeonatos anteriores e é desde Outubro O último Afrobasket didato à organização do campeonato afri- de 2004 o novo vice-presidente da FAB, chefiou cano das nações sénior masculino, Afro- a delegação angolana à 23ª edição do Afro- para o capitão Ângelo basket-2007. Os dirigentes do desporto basket 2005. O único jogador que esteve presente na conquista angolano e da Federação Angolana de Gerson Monteiro sagrou-se melhor marcador do de todos os títulos para Angola nos campeonatos africanos de basquetebol sénior, o “capitão” da Basquetebol, pretendem a organização jogo contra Moçambique, e contra a África do do maior evento do baquete africano em Sul, na estreia do Afrobasket. Gerson esteve em equipal, Ângelo Victoriano, anunciou que preten- 2004 a fazer testes no San Antonio Spurs, da liga de despedir-se das competições no campeonato 2007. O mesmo vai seleccionar as equi- profissional norte-americana (NBA), devido ao seu mundial de 2006. “Quanto a campeonatos africa- pas aos jogos de Beijing-2008, na China, espectacular desempenho em “triplos”nos Jogos nos esta é a minha última participação” disse. sendo que se apura para a competição Olímpicos de Atenas. Com oito títulos conquistados em campeonatos apenas o vencedor do torneio. O caderno africanos de basquetebol, o capitão da selecção O extremo Olímpio Cipriano foi o melhor mar- de encargos da Fiba-África para quem nacional Ângelo Victoriano afirmou que Angola pretende organizar o evento, já deu cador do jogo da final do XXIII campeonato em teve como objectivo único, conservar o troféu, Argel. Este jogador do 1º de Agosto estreou-se na apesar das dificuldades que previa «Angola era o entrada na sede da Federação Angolana 23ª edição do africano de basquetebol. alvo a abater neste campeonato, pelo que a vitória de Basquetebol (FAB), e o seu presidente foi conquistada com muito sacrifício» sublinhou. Gustavo da Conceição disse que o país Também o treinador adjunto da selecção, Raul Mário Palma Duarte, foi substituído por José Pontes, de Ben- Angêlo decidiu dedicar-se mais ao seu Clube, já passou pela primeira triagem, onde foram também apuradas a África do Sul e o Mali, ficando de fora a Costa do Marfim e o Gabão. “Continuamos a acreditar que estamos muito bem posicionados para Jogos da CPLP - Fraternidade e luta acessa pelas medalhas ganhar a candidatura que nos permitirá acolher o Afrobasket-2007, dada a nossa Paulo de Jesus, em Luanda capacidade de organização”, sublinhou. A FAB conta já com o apoio moral do Com um total de 17 medalhas, os angolanos nem sequer atingiu a fase seguinte da prova. Estado angolano, sociedade civil e de classificaram-se na segunda posição do quadro Já no voleibol de praia masculino e feminino, alguns patrocinadores. Recorde-se que geral dos Jogos. As selecções nacionais de fute- Angola perdeu contra o Brasil. O mesmo desaire o país organizou duas fases finais do bol, basquetebol, andebol, voleibol, atletismo teve com o ténis de campo, individual e par. A Afrobasket, designadamente em 1989 e e ténis, conquistaram cinco medalhas de ouro, par do futebol, o atletismo foi, uma vez mais, 1999, tendo nessas ocasiões conquistado seis de prata e seis de bronze, enquanto as do uma excepção, conquistando três medalhas o título africano. Para além das edições Brasil, primeira classificada, obtiveram 15 de de ouro, nos 800 metros femininos e nos 800 citadas, Angola conquistou também as ouro, quatro de prata e três de bronze. metros masculinos, respectivamente. Nesta edições do Afrobasket de 1991, 93, 95, Os jogos decorreram sob o lema “fraternidade”, modalidade, os brasileiros dominaram vencen- 2001, 2003 e 2005. entre 12 a 18 de Agosto, e Brasil, foi superior na do na especialidade de 100 metros femininos, maioria das modalidades desportivas. Disputa- no lançamento de peso na corrida de cadeira dos num ambiente de festa fraternal, os jogos de rodas. No final do certame, em que apenas Angola fechou com chave de ouro os V não deixaram passar despercebida certa riva- Timor Leste marcou presença simbólica, os A Jogos da CPLP, em cadetes, depois de lidade que os participantes vão já carregando ministros dos Desportos da CPLP agradeceram vencer a final do torneio de futebol frente a consigo. A luta pela conquista de uma medalha o empenho do Governo angolano para a reali- Guiné-Bissau (por 1-0), mas não ultrapassou a de ouro foi grande. Na final de basquetebol, zação dos V Jogos da Comunidade lusófona. Os representação brasileira na dura disputa pelas Angola perdeu diante de Portugal, num quase próximos jogos da CPLP serão disputados em medalhas. ajuste de contas, enquanto que na de andebol, 2007 no Brasil. MWANGOLÉ

Quadro de Medalhas

Ouro Prata Bronze Total

1 Brasil 15 4 3 22 2 Angola 5 6 6 17 3 Cabo Verde 5 6 3 14 4 Portugal 2 5 3 10 5 Guiné Bissau 1 4 5 10 6 São Tomé e Príncipe 0 2 1 3 Roberto de Almeida, Presidente da Assembleia Nacional, abriu o evento 7 Moçambique 0 0 2 2 16 A CTUALIDADE • M WANGOLÉ • NOVEMBRO 2005

Congresso Intercontinental dos quadros e imigrantes Adventistas do Sétimo Dia

Planificar o êxodo dos iniciativa pretendeu igualmente Príncipe foram unânimes em concluir cerca de 100 quadros A apelar às organizações internacio- que as instituições adventistas de vo- nais, aos Estados e às pessoas de boa cação social, são indispensáveis para adventistas dispersos pela vontade empenhadas nas tarefas de o desenvolvimento e bem estar das Europa, América do norte, carácter social na África Lusófona, e populações em África e no mundo. Federal de Saúde Pública dos EUA no do Porto do Alto Comissariado para promover a reflexão sobre a saúde e a Central e do Sul para os A missão do Bongo ( Jerusalém de An- Estado do Tennesse - especialista no a Imigração e Minorias Étnicas; da integração dos imigrantes em Portugal gola) situada na Província do Huambo combate a epidemias – que pretende Organização da Mulher Angolana, o seus países de origem, e através de acções de carácter social ( acabou por ser o centro das atenções partir para África em espírito missio- Presidente da União Portuguesa dos dar um contributo válido criação de um serviço SOS saúde pró- Adventistas do 7.º Dia, e quadros que para a reconstrução das imigrante ). do congresso dada a importância que nário, João de Deus Director Geral da teve no passado. Fundada em 1922, Fundação José Eduardo dos Santos, se deslocaram do Brasil, de Angola, O congresso contou com o apoio da da Europa e de várias regiões de Por- Instituições de ensino e funcionavam nesta missão um Hospi- enviado de Luanda com mensagens União Europeia através do seu Vice- tugal. Muitos dos quadros com forma- saúde da Igreja Adventista tal com diversas especialidades; um de encorajamento aos objectivos do Presidente Dr Franco Frattini, que ção em direito; medicina, economia; instituto teológico e de ensino secun- em África, foram felicitou a iniciativa e disponibilizou Congresso bem como Deputados do engenharia; educação; enfermagem, objectivos do primeiro toda a informação para candidaturas dário, escolas primárias, um complexo MPLA e da Unita Milton Dias da Silva etc, manifestaram a sua disposição Congresso Intercontinental a financiamentos destinados a apoiar agro-pecuário; uma tipografia, uma e Armando Pedro Jorge Caetano que para regressar à pátria. escola de ofício e artes entre outras dos Quadros e Imigrantes estados terceiros à União Europeia nas trouxeram uma mensagem de paz aos A próximo congresso deverá ter suas carências. actividades. Ali formaram-se centenas quadros e missionários para o retoma- lugar em Setembro de 2007 em Adventistas do Sétimo dia, de obreiros e missionários. Diplomatas, ex-missionários e quadros rem o seu trabalho em Angola. Angola como forma de traduzir para que teve lugar no final de provenientes do Brasil, EUA, Suiça, An- Entre os convidados estiveram o Dr Participaram também membros das a prática os objectivos do que ficou Setembro no Porto. gola, Cabo-Verde, Guiné e São Tomé e Cristopher Corniola do Departamento Missões Diplomáticas de Lisboa e decidido no Porto. MWANGOLÉ Interpol apoia polícias da África Austral A Interpol estabeleceu uma estratégia regional de apoio às medidas nacionais dos países da África austral, para o reforço da luta contra o terrorismo e o crime organizado em todas as suas manifestações.

a reunião dos chefes dos gabinetes estender o sistema, nos restantes 21 Polícias combatem o de Desenvolvimento da África Austral na base da fundação da SARPCCO, a 05 N nacionais da Organização Inter- países que aguardam conexão para (SADC) relativamente ao controlo de de Agosto de 1995. O principal objectivo nacional de Polícia Criminal (Interpol), que a cooperação seja completa, com crime na África Austral armas de fogo, munições e outro ma- desta organização é a manutenção e a decorrida em Luanda, que antecedeu destaque para os países da região Por outro lado, os ministros do interior terial conexo, apelando aos demais garantia da tranquilidade e ordem públi- países a seguirem o exemplo. cas nos respectivos países, o combate ao o encontro da Organização Regional Austral, nomeadamente a Zâmbia, Ma- dos países membros da Organização Regional das Polícias da África Austral crime organizado, transfronteiriço, roubo das Polícias da África Austral (SARPC- lawi, Ilhas Maurícias, na qualidade de A presidência do Conselho de Minis- (SARPCCO), presentes em Luanda para de gado, furto de viaturas, tráfico de dro- CO), o comandante da polícia nacional países membros da SARPCCO”, disse. tros da SARPCCO passou a ser dirigida a 10ª reunião do Conselho de Ministros, pelo ministro do Interior de Angola, gas e outras práticas delituosas. MWANGOLÉ José Alfredo “Ekuikui”, realçou a ne- De passagem por Luanda, o Secretá- recomendaram a intensificação de Osvaldo de Jesus Serra Van-Dunem, cessidade do reforço da cooperação e rio-Geral da INTERPOL, Robert Kennth acções conjuntas, visando a redução que toma o lugar do tanzaniano Ra- modernização dos sistemas de troca Noble, reuniu-se com os chefes dos da média dos crimes transfronteiriços, madhan Mapuri. Em conferência de Polícia de trânsito tem de informação policial, para combate à gabinetes nacionais da sua instituição em particular do furto de viaturas, imprensa, Serra Van-Dunem garantiu Centro de Informação criminalidade na África austral. a nível da região, com os membros do tráfico de drogas e de armas de fogo. que uma das apostas da SARPCCO comando-geral da Polícia Nacional, e Os ministros do interior de países como será a criação de condições para a Moçambique, Lesotho, Malawi, Namí- Luanda conta já com um Centro de União de esforços com o ministro angolano do Interior, manutenção da estabilidade regional, Informação na Direcção Nacional bia, Tanzânia, entre outros e um repre- assim como a prevenção contra o ter- com a Interpol Osvaldo Serra Van-Dunem. Inteirou-se sentante da ONU para a luta contra as de Viação e Trânsito, onde o cida- dos resultados dos trabalhos da décima rorismo. “Demos passos significativos Para o comandante Ekuikui, o sucesso drogas e crimes organizados na região no âmbito do combate à criminalidade dão pode obter explicações rela- reunião ordinária da Organização de austral de África reunidos em Luanda, da luta contra o crime transnacional na nossa região, particularmente no cionadas com Cartas de Condução, Cooperação dos Chefes da Polícia da mostraram-se preocupados com os pressupõe a adequação e melhoria que diz respeito ao furto de viaturas, livretes, inspecções de viaturas África Austral e, participou igualmente actos de terrorismo no mundo, e apela- progressiva dos mecanismos de troca tráfico de drogas e de armas de fogo”, entre outros serviços. em actividades ligadas aos festejos do ram aos chefes de Polícia da organiza- de informações de inteligência criminal referiu. O Centro inaugurado pelo comissá- décimo aniversário da SARPCCO. A pro- ção para envolverem as suas forças na e operacional, que resultará na obten- luta contra este mal, de acordo com os Na reunião da SARPCCO defendeu-se a rio Ambrósio de Lemos, segundo pósito, visitou a exposição de materiais ção de uma perspectiva mais ampla do tratados e protocolos internacionais de criação de mecanismos no sentido de comandante geral para Ordem e equipamentos da Polícia Nacional se reforçarem as medidas de prevenção espectro e dimensão da actividade cri- que são signatários os respectivos Esta- Pública da Polícia Nacional, dispõe expostos na “Praça da Família”, em Lu- contra crimes transfronteiriços. O presi- minosa organizada, no sentido de per- dos. Manifestaram ainda, apreço pelo de 12 computadores e dois termi- anda, o Centro Polivalente Nzoji, a Ilha interesse dos países que adoptaram dente da organização, o comandante mitir a adopção de medidas de longo nais telefónicos com os números do Mussulo, e outros pontos turísticos planos de acção, no quadro da imple- geral da Policia “Ekuikui”, garantiu que prazo, visando o seu combate. “Ekui- 222330999 e 222331111. da capital. mentação do protocolo da Comunidade tais crimes serão, doravante, comba- kui”, deu a conhecer que a Interpol tidos por um serviço de inteligência Pretende-se assim evitar que os ci- estabeleceu uma estratégia regional fronteiriça. Segundo “Ekuikui”, Angola dadãos se desloquem desnecessa- de apoio às medidas nacionais, para já organizou efectivos de guarda e riamente para a direcção. Por outro o reforço da luta contra o terrorismo e desdobrou os dispositivos ao longo de lado, o nono Conselho Consultivo o crime organizado em todas as suas toda a fronteira, mas, “será somente desta direcção recentemente reali- com um sistema de informação global manifestações, considerando igual- zado, recomendou a intensificação capaz de escoar informações relaciona- de acções de fiscalização contra o mente que a implementação do novo das com a criminalidade, que se poderá sistema mundial de comunicações em operacionalizar de forma eficaz as excesso de lotação nos transportes mais de 30 países africanos, veio per- acções contra esses crimes”. Segundo colectivos de passageiros, e de mitir o aumento considerável do fluxo o comandante da Polícia nacional de mercadorias com incidência nas es- de informação policial e tornou mais Angola as medidas para o combate ao tradas inter provinciais. Recomen- operacionais os gabinetes nacionais terrorismo estão criadas e limitam-se à dou, igualmente, a reabilitação e da Interpol, dando maior acesso às acções de prevenção. requalificação do sistema viário, a bases de dados criminais, visando uma Países membros da Comunidade de reposição e correcta sinalização das maior partilha de inteligência criminal. Desenvolvimento da África Austral, vias urbanas e estradas nacionais, “É nosso compromisso, como países designadamente Angola, África do Sul, para a redução dos acidentes de africanos membros da organização, Moçambique Botswana, Ilhas Maurícias, viação assim como a organização Lesotho, Malawi, Namíbia, Suazilândia, empreender esforços no sentido de do trânsito rodoviário. Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, estiveram

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