Ba: Dilemas Entre O Espaço De Produção, Circulação E Consumo E a Simultaneidade De Múltiplas Escalas Geográficas

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Ba: Dilemas Entre O Espaço De Produção, Circulação E Consumo E a Simultaneidade De Múltiplas Escalas Geográficas ANÁLISE DAS DINÂMICAS SOCIOESPACIAIS NA FEIRA DE SENHOR DO BONFIM – BA: DILEMAS ENTRE O ESPAÇO DE PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO E CONSUMO E A SIMULTANEIDADE DE MÚLTIPLAS ESCALAS GEOGRÁFICAS. PEDRO RICARDO DA CUNHA NÓBREGA1 GEVSON SILVA ANDRADE2 Resumo As feiras livres aparecem como elementos de grande importância para entender parcela da dinâmica comercial de uma região. Como apontam Santos & Silveira (2002) há uma diferença entre as feiras livres de bairro e as feiras regionais, comuns no nordeste brasileiro. Entretanto, no relato de pesquisa em questão, a feira será tratada simultaneamente como um espaço de trocas comerciais que se estabelece em ordem local e regional, revelando espaços de produção, circulação e consumo possibilitando entender processos complexos em diversos níveis e escalas de análise. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo central lançar luz em processos e dinâmicas socioespaciais diretamente relacionadas à feira de Senhor do Bonfim. A feira em questão se encontra localizada na porção norte do estado da Bahia e assume simultaneamente características de feira livre e feira regional. A feira de Senhor do Bonfim – BA exerce centralidade histórica na região em que está inserida e se destaca: i) no volume de produtos comercializados, ii) na extensão territorial ocupada e iii) na importância para a região em que está inserida, notadamente o Território de Identidade do Piemonte Norte do Itapicuru – TIPNI composto pelos municípios: Andorinha, Antônio Gonçalves, Caldeirão Grande, Campo Formoso, Filadélfia, Jaguarari, Pindobaçu, Ponto Novo e Senhor do Bonfim. Metodologicamente este trabalho foi constituído a partir de reflexões críticas de base marxista com a finalidade de entender o circuito econômico de produção, circulação, difusão e consumo associado à feira de Senhor do Bonfim como subsídio para estudar os processos e dinâmicas socioespaciais que dão sentido à produção e reprodução do espaço geográfico. O estudo dos elementos indicados é de grande centralidade para dar base ao entendimento das questões relacionadas ao desenvolvimento econômico como elemento aglutinador de diferentes agentes da (re)produção do capital (ANDRADE, 2005). Como procedimentos metodológicos foram realizados: i) revisão da literatura sobre feira, produção do espaço, circuitos econômicos, ii) observação e interpretação da dinâmica espacial da feira de Senhor do Bonfim, iii) entrevistas com produtores, feirantes e consumidores, e, iv) registros iconográficos. O jogo dialético de compreensão da dinâmica da feira de Senhor do Bonfim aponta a necessidade de compreender a relação direta dos contextos locais vinculados e dependentes da interligação dos mercados, materializado através das negociações de complementariedade das zonas produtivas espalhadas pelos diferentes territórios de origem dos produtos, articulados pelo centro de distribuição regional de frutas, verduras e cereais localizado no município de Juazeiro – BA. Desta forma, impactando diretamente no processo de circulação de pessoas e mercadorias. O espaço de circulação econômica que coincide com o espaço de consumo se revela, também dialeticamente, como espaço de consumo e consumo do espaço (LEFEBVRE, 2006), o que reflete no município de 1 Docente Adjunto do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Vale do São Francisco, campus Senhor do Bonfim – BA, coordenador do Laboratório de Geografia Humana do Curso de Licenciatura em Geografia da UNIVASF, líder do Grupo de Pesquisa sobre a Produção Social do Espaço – GEPPSE/UNIVASF. E-mail de contato: [email protected] 2 Docente Adjunto do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade de Pernambuco, campus Mata Norte, líder do Grupo Desenvolvimento do Espaço, Território e Região – GPDeTER/UPE. E-mail: [email protected] Senhor do Bonfim em estratégias de uso e ocupação do solo urbano apropriado para a realização das trocas, bem como o zoneamento e o disciplinamento do espaço da feira por parte do poder público local, revelando, como aponta Gomes (2002), conflitos de ordem burocrática (leis, normas, ordem imposta) e da espontaneidade da reprodução da vida – nomoespaço e genoespaço. Palavras-chave: Feira, Dinâmica Socioespacial, Senhor do Bonfim. Abstract The free fairs are all extremely important elements to understand part of the commercial dynamics of a region. As Santos & Silveira (2002) point out, there is a difference between free neighborhood fairs and regional fairs, common in northeastern Brazil. However, in the research report in question, the fair will be treated simultaneously as a space for trade that is established in local and regional order, revealing spaces of production, circulation and consumption making it possible to understand complex processes at various levels and scales of analysis. This work has as main objective to shed light on processes and socio-spatial dynamics directly related to the Senhor do Bonfim fair. The fair in question is located in the northern portion of the state of Bahia and simultaneously assumes characteristics of fair and regional fair. The fair of Senhor do Bonfim - BA has a historical centrality in the region where it is inserted and stands out: i) in the volume of products traded, ii) in the territorial extension occupied and iii) in the importance for the region where it is inserted, notably the Territory of Identity of Northern Piedmont of Itapicuru - TIPNI composed by the municipalities: Andorinha, Antônio Gonçalves, Caldeirão Grande, Campo Formoso, Philadelphia, Jaguarari, Pindobaçu, Ponto Novo and Senhor do Bonfim. Methodologically this work was constituted from critical Marxist-based reflections with the purpose of understanding the economic circuit of production, circulation, diffusion and consumption associated with the fair of Senhor do Bonfim as a subsidy to study processes and socio-spatial dynamics that give meaning to production and reproduction of geographical space. The study of the indicated elements is of great centrality to give base to the understanding of the questions related to the economic development like element agglutinador of different agents of the (re) production of the capital (ANDRADE, 2005). Methodological procedures were carried out: i) review of the literature on fair, space production, economic circuits, ii) observation and interpretation of the spatial dynamics of the fair of Senhor do Bonfim, iii) interviews with producers, fairs and consumers, and iv) iconographic records. The dialectical game of understanding the dynamics of the fair of Senhor do Bonfim points to the need to understand the direct relationship of the local contexts linked to and dependent on the interconnection of the markets, materialized through the negotiations of complementarity of the productive zones scattered throughout the different territories of origin of the products, articulated by the regional distribution center for fruits, vegetables and cereals located in the municipality of Juazeiro - BA. In this way, directly impacting the movement of people and goods. The space of economic circulation that coincides with the space of consumption reveals itself, also dialectically, as space of consumption and consumption of the space (LEFEBVRE, 2006), which reflects in the municipality of Senhor do Bonfim in urban land use and occupation strategies as well as the zoning and disciplining of the space of the fair by local public authorities, revealing, as Gomes (2002) points out, bureaucratic conflicts (laws, norms, imposed order) and the spontaneity of the reproduction of life – nomospace and genospace. Keywords: Free fair, Socio-spatial Dynamics, Senhor do Bonfim. 1 - Introdução A feira livre de Senhor do Bonfim, através dos múltiplos depoimentos coletados formal e informalmente entre feirantes e consumidores – tanto moradores da cidade, quanto visitantes –, aparece como um elemento recorrente de destaque e grande importância, quer seja para ilustrar processos locais, quer seja para retratar a sua condição de elemento central para o Território de Identidade do Piemonte Norte do Itapicuru - TIPNI. Elemento recorrente na fala daqueles que se prontificaram a dialogar, a importância da feira livre de Senhor do Bonfim se torna evidente quanto à dimensão territorial que a mesma exibe e quanto à diversidade de produtos que apresenta. De uma forma geral, os produtos comercializados compreendem os grupos dos hortifrutigranjeiros, dos produtos derivados do leite, das carnes – bovinos e caprinos, do couro, dos produtos têxteis e dos artigos industrializados, notadamente brinquedos, produtos eletroeletrônicos e produtos pirateados. A variedade dos produtos e as formas de comercialização constituem uma dinâmica dialética que materializa no espaço da feira processos formais e informais. Este tipo de comportamento e abrangência corrobora com as reflexões construídas por Santos & Silveira (2002) de que no nordeste brasileiro a dinâmica das feiras é completamente distinta daquelas localizadas em outras regiões do país, o que converte a feira em um amplo espaço de trocas, não só de mercadorias, mas se realiza como local de encontro, por isso as trocas são também culturais. Em decorrência disto, apesar da existência de feiras livres em outros espaços da cidade, constituindo feiras de bairro, a feira tradicional exerce forte centralidade na dinâmica da vida cotidiana dos sujeitos da cidade e para além da cidade, considerando a presença de pessoas vindas das áreas rurais e de outras cidades do entorno. Verifica-se assim o caráter regional que configura, construindo
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