Produção De Coco: O Nordeste É Destaque Nacional

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Produção De Coco: O Nordeste É Destaque Nacional Ano 3 | Nº 61 | Dezembro | 2018 PRODUÇÃO DE COCO: O NORDESTE É DESTAQUE NACIONAL MARIA SIMONE DE CASTRO PEREIRA BRAINER Engenheira Agrônoma. Mestre em Economia Rural. ETENE/BNB [email protected] 1. INTRODUÇÃO cultivada com coqueiro cresceu 13,2%, entre 1990 e 2015, a produção e a produtividade cresceram, respectivamente, 143,2% e 114,8%. Isso ocorreu a partir da introdução Cocos nucifera é cultivado em cerca de 90 de novos plantios nas regiões Norte, Sudeste e Centro- países que destinam o fruto, principalmente, Oeste, com utilização intensiva de insumos, de tecnologia, para a produção de copra e óleo, principais O implantação de grandes projetos em perímetros irrigados derivados do coco comercializados no mercado e utilização da variedade de coqueiro Anão Verde e do internacional. A Indonésia, Filipinas e Índia, principais híbrido. produtores mundiais, detêm 72,6% da área e 72,8% da produção mundial. O Brasil perdeu uma posição para o Entretanto, a Região Nordeste continua a maior Sri Lanca, encontrando-se agora em quinta colocação produtora do Brasil, com 82,9% da área e 74,0% da com apenas 1,7% da área cultivada e 3,8% da produção produção nacional. Para não perder sua liderança mundial, entretanto possui a mais elevada produtividade nacional na produção de coco, está passando por ajustes, comparada com a daqueles três principais produtores. renovando seus coqueirais, utilizando variedades mais produtivas, conquistando novos mercados, em especial, O coqueiro foi introduzido no Brasil através da Bahia, os externos, aproveitando-se da estrutura portuária e da recebendo a denominação de coco-da-baía, e expandiu- vantagem relativa à proximidade da Europa e América se inicialmente pelo litoral nordestino, onde se encontram do Norte, especialmente, Estados Unidos. Internamente, os principais produtores nacionais, Bahia, Sergipe e Ceará. comercializa seus produtos em mercados locais, em Depois, foi disseminado por quase todo País, com exceção estados das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Embora, dos estados do Amapá, Distrito Federal, Santa Catarina e esteja perdendo parte dos consumidores de coco verde, Rio Grande do Sul. localizados nessa última região, que continua aumentando Diferente do principal direcionamento dos maiores sua produção em razão de sua elevada produtividade. produtores mundiais, os cultivos brasileiros destinam-se à produção de coco seco in natura, coco ralado, leite de coco, óleo de coco e água de coco. A crescente demanda 2. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE por este último produto contribuiu com a expansão do coqueiro para outras regiões e com o aumento da Os cultivos de coqueiro em muitos países do mundo produtividade e produção nas últimas décadas. destinam-se à comercialização da copra (polpa seca) para O aumento da produção brasileira se deu numa produção de óleo e coco desidratado. No Brasil, os cultivos proporção muito maior pela elevação da produtividade destinam-se à produção de coco seco in natura, coco do que pela expansão das áreas, pois, enquanto a área ralado, leite de coco, óleo de coco e outros, derivados do ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE - ETENE Expediente: Banco do Nordeste: Romildo Carneiro Rolim (Presidente). Luiz Alberto Esteves (Economista-Chefe). Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste - ETENE: Tibério R. R. Bernardo (Gerente de Ambiente). Célula de Estudos e Pesquisas Setoriais: Luciano J. F. Ximenes (Gerente Executivo), Maria Simone de Castro Pereira Brainer, Maria de Fátima Vidal, Jackson Dantas Coêlho, Fernando L. E. Viana, Francisco Diniz Bezerra, Luciana Mota Tomé, Roberto Rodrigues Pontes (Jovem Aprendiz). Célula de Gestão de Informações Econômicas: Bruno Gabai (Gerente Executivo), José Wandemberg Rodrigues Almeida, Gustavo Bezerra Carvalho (Projeto Gráfico), Hermano José Pinho (Revisão Vernacular), Dalylla Soares de Azevedo e Antônio Kassyo Monteiro Costa (Bolsistas de Nível Superior). O Caderno Setorial ETENE é uma publicação mensal que reúne análises de setores que perfazem a economia nordestina. O Caderno ainda traz temas transversais na sessão “Economia Regional”. Sob uma redação eclética, esta publicação se adequa à rede bancária, pesquisadores de áreas afins, estudantes, e demais segmentos do setor produtivo. Contato: Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste - ETENE. Av. Dr. Silas Munguba 5.700, Bl A2 Térreo, Passaré, 60.743-902, Fortaleza-CE. http://www.bnb.gov. br/etene. E-mail: [email protected] Aviso Legal: O BNB/ETENE não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e proje- ções. Desse modo, todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BNB de todas as ações decorrentes do uso deste material. O acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsa- bilidade. É permitida a reprodução das matérias, desde que seja citada a fonte. Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste - ETENE 1 Ano 3 | Nº 61 | Dezembro | 2018 coco seco1; e água de coco, a partir do coco verde. a produção de água de coco é obtido da variedade anão As variedades de coqueiro mais utilizadas, no e o híbrido destina-se às duas finalidades, tanto para a Brasil, conforme suas aptidões são a Gigante do Brasil produção de coco seco quanto de coco verde. da Praia do Forte (GBrPF), a Anão Verde do Brasil de O coco verde e o coco seco podem ser obtidos Jiqui (AVeBrJ) e a variedade híbrida (AVeBrJ x GBrPF). durante todos os meses do ano, não existindo, portanto, Em virtude da cor, as cultivares Anão Amarela e Anão uma estação climática definida para a colheita que é Vermelha, respectivamente, não são muito demandadas realizada normalmente em dois períodos de maturação, pelos produtores ou consumidores de água de coco, por conforme sua finalidade ou mercado a que se destina. atribuírem à cor ao estágio de maturação avançado do Mas vale salientar que, além do mercado, o ponto ideal coco verde. para a colheita do fruto está associado a indicadores As aptidões são determinadas por uma conjunção relacionados à planta, ao fruto e às características de de características que essas variedades apresentam, produção (ARAGÃO, 2002). conforme pode ser visto no Quadro 1, abaixo. Quando os frutos se destinam ao mercado de coco seco, devem ser colhidos aos 11 ou 12 meses de idade, fase de plena maturação, em que o albúmen sólido se Quadro 1 - Principais características agronômicas dos encontra totalmente formado. E quando são destinados grupos varietais de coqueiro ao mercado de coco verde, devem ser colhidos, Variedades de coqueiros principalmente, entre o sexto e o sétimo mês, quando se Características Anão Híbrido Gigante inicia a formação do albúmen sólido, fase em que, além do maior rendimento da água, o sabor é mais agradável, Inicio da floração 2 a 3 3 a 4 5 a 7 (ano) de acordo com a preferência do consumidor (MARTINS; JESUS JÚNIOR, 2014). Vida útil 30 a 40 50 a 60 60 a 80 Tamanho do fruto Pequeno Intermediário Grande O coco verde pode ser colhido a cada 20-35 dias. As estações climáticas definem apenas a intensidade do Crescimento Lento Intermediário Rápido consumo de água de coco, sendo de 56% no verão; 19% Porte (m) 8 a 10 20 35 no outono, 19% na primavera e apenas 6% no inverno Espaçamento (m) 7,5 x 7,5 x 7,5 8,5 x 8,5 x 8,5 9 x 9 x 9 (CUENCA, 2002). A oferta e a demanda são maiores no Número de plantas período de maior afluência de turismo no litoral brasileiro 205 160 142 por hectare e de férias escolares. Neste último, o aumento do consumo Produção de frutos parece estar associado à substituição do refrigerante e de 150 a 200 130 a 150 60 a 80 (frutos/planta/ano) isotônicos pela água de coco. Produtividade de 30 a 40 mil 20 a 24 mil 8 a 12 mil Todas as partes do fruto do coqueiro, tanto verde frutos (frutos/ha) como seco, quer na forma in natura ou processada ou Peso do fruto (g) 900 1200 1400 ainda artesanal, possuem aproveitamento econômico. Peso da noz (g) 550 700 800 O coco seco é formado pelo epicarpo (casca externa), Peso médio albú- 250 400 350 mesocarpo (fibras e pó), endocarpo (parte rígida que men sólido (g) protege a polpa) e endosperma ou albúmen sólido Produtividade 3 a 4 mil 4 a 5 mil 2 a 2,5 mil ou polpa (parte branca). Todas essas partes possuem copra (Kg/ha) múltiplas aplicações (FONTENELE, 2005): Teor médio de óleo 25,41 66,01 67,02 (%) • Teor médio de As fibras longas do mesocarpo são utilizadas na fabricação 50,16 50,65 52,04 ácido láurico (%) de mantas, tapetes, fibra para colchões, cordoaria, peças de carros, barreira sonora, contenção de encostas, Produtividade de vasos, enchimento para bancos automotivos, dentre ácido láurico (kg/ 380 a 510 1300 a 1700 650 a 900 2 ha) outros produtos. O pó da casca de coco é utilizado como substrato na agricultura, para retenção de umidade, Produção de água 200 a 300 400 a 550 500 ou mais adubação etc; (ml) • O endocarpo pode ser utilizado como combustível In natura In natura In natura Destino produção lenhoso, como material impermeabilizante de chapas de Agroindústria Agroindústria Agroindústria madeira compensada, pode ser transformado em carvão Fonte: Adaptado de Martins e Jesus Júnior (2014) e Fontes (2002). ativado (filtro de usinas nucleares), triturado em forma de pó para fabricação de pastilhas de freios e ainda, em trabalhos artesanais; Em geral, o coco seco usado para a produção de coco • O endosperma é utilizado na produção de coco ralado provém da variedade Gigante, o coco verde para ralado, leite de coco, bebidas, ração animal, óleos, álcool graxo, ácido graxo, glicerina, solventes etc. 1 Segundo informações da Sococo, um coco seco rende 125 gramas de coco ralado integral que é utilizado na produção de coco ralado, leite 2 Resíduo do processamento da casca de coco maduro para a obtenção de coco e óleo de coco (FRANCO, 2013).
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