Cilene Mara Jordão De Mattos2,6, Wanderson Luis Da Silva E Silva3
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Rodriguésia 69(3): 1147-1220. 2018 http://rodriguesia.jbrj.gov.br DOI: 10.1590/2175-7860201869323 Flora das cangas da serra dos Carajás, Pará, Brasil: Leguminosae1 Flora of the canga of the Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Leguminosae Cilene Mara Jordão de Mattos2,6, Wanderson Luis da Silva e Silva3, Catarina Silva de Carvalho2, Andressa Novaes Lima2, Sérgio Miana de Faria4 & Haroldo Cavalcante de Lima5 Resumo Este estudo apresenta o tratamento florístico dos táxons de Leguminosae registrados na vegetação de canga da Serra dos Carajás, estado do Pará. Foram inventariados na área de estudo 74 táxons específicos/infraespecíficos, incluindo tanto as espécies nativas como as adventícias já estabelecidas, pertencentes a 34 gêneros, sendo os mais representativos: Mimosa (11 espécies), Chamaecrista (7), Aeschynomene (5) e Senna (5). Mimosa skinneri var. carajarum é considerado o único táxon endêmico das formações rupestres ferríferas dos complexos montanhosos da Serra dos Carajás. São fornecidas chaves para identificação de gêneros e espécies/infraespécies, descrições morfológicas, ilustrações, além de distribuição geográfica, habitat e comentários sobre os táxons tratados. Dados sobre nodulação e potencial de uso em áreas alteradas pela atividade de mineração foram incluídos nos comentários dos táxons ou na introdução dos gêneros. Palavras-chave: Amazônia, Fabaceae, FLONA Carajás, florística, taxonomia. Abstract This study presents the floristic treatment for the taxa of Leguminosae recorded in the canga vegetation of the Serra dos Carajás, Pará state. Seventy four specific/infraspecific taxa were inventoried in the study area, this includes both native and established adventive species, belonging to 34 genera, of which Mimosa (11 species), Chamaecrista (7), Dioclea (5) and Senna (5), are the most representative. Mimosa skinneri var. carajarum Barneby is considered endemic to the ironstones outcrops in the mountain range of Serra dos Carajás. Identification keys, morphological descriptions and illustrations, as well geographical distribution, habitat and comments are provided for all species. Data about nodulation and potential use in areas altered by mining activities were included either in the taxon or generic commentary. Key words: Amazon, Fabaceae, FLONA Carajás, floristics, taxonomy. Leguminosae solos pobres nestes nutrientes, tornando-se, assim, Leguminosae é considerada uma das famílias muito promissora na recuperação de áreas degradadas de maior diversidade com ca. 765 gêneros e 19.500 (Lewis 1987; Queiroz 2009; Faria et al. 2011). No espécies, atualmente dividida em seis subfamílias e contexto de Carajás, a família vem sendo estudada de distribuição cosmopolita (LPWG 2017). De modo quanto à sua capacidade de nodulação e potencial de geral, pode ser caracterizada pela filotaxia alterna, uso em recuperação de áreas alteradas pela mineração folhas compostas, presença de estípulas e pulvinos, (Faria et al. 2011). ovário súpero, unicarpelar, uni ou pluriovulado, No Brasil, Leguminosae reúne em torno de 222 placentação marginal e fruto do tipo legume (Lewis et gêneros e 2.800 espécies, estando presente em todos al. 2005; Queiroz 2009). A família se destaca por seu os biomas e destacando-se como a mais diversa na grande potencial econômico e é conhecida por possuir Amazônia e na Caatinga (BFG 2015). Na Serra dos uma sofisticada e eficiente associação entre plantas e Carajás a família está representada por 34 gêneros e bactérias fixadoras de nitrogênio (Dobereiner 1990; 74 táxons específicos e infraespecíficos, que ocorrem Sprent 2009), que permite o acúmulo de compostos na vegetação campestre e nas matas baixas sobre nitrogenados e um maior êxito na colonização de solo de canga. 1 Parte da dissertação de Mestrado em Botânica do primeiro autor pela Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 2 Escola Nacional de Botânica Tropical, Prog. Pós-graduação em Botânica, R. Pacheco Leão 2040, Horto, 22460-036, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 3 Museu Paraense Emilio Goeldi, Prog. Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia do Norte-Bionorte, Av. Perimetral 1901, Montese, 66077-830, Belém, PA, Brasil. 4 EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia, Rod. BR-465, km 7 (antiga Rodovia Rio/São Paulo), Ecologia, 23891-000, Seropédica, RJ, Brasil. 5 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Diretoria de Pesquisa Científica, R. Pacheco Leão 915, Jardim Botânico, 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 6 Autora para correspondência: [email protected] 1148 Mattos CMJ et al. Chave de identificação dos gêneros de Leguminosae das cangas da Serra dos Carajás 1. Folhas bipinadas; flores radialmente simétricas. 2. Flores com 5 estames e 5 estaminódios .......................................................... 18. Dimorphandra 2’. Flores sem estaminódios 3. Flores com até 10 estames. 4. Estames livres ou conatos na base; fruto craspédio ................................... 26. Mimosa 4’. Estames unidos em tubo; fruto de outros tipos. 5. Folíolos 60–100 pares; inflorescência pendente, pedúnculo com 15–50 cm compr.; flores heteromórficas ............................................................................ 27. Parkia 5’. Folíolos 14–60 pares; inflorescência ereta ou patente, pedúnculo com até 3 cm compr.; flores homomórficas. 6. Folhas com 10–28 pares de pinas; inflorescência em glomérulos; fruto folículo .............................................................................. 3. Anadenanthera 6’. Folhas com 8–14 pares de pinas; inflorescência em espiga; fruto legume nucóide .......................................................................... 31. Stryphnodendron 3’. Flores com mais de 10 estames 7. Plantas inermes; fruto legume bacóide, auriculado ........................... 21. Enterolobium 7’. Plantas armadas com espinhos ou acúleos; fruto legume ou nucoide 8. Ramos aculeados; folhas com 10–34 pares de pinas; flores homomórficas; estames livres; fruto legume, reto ou ligeiramente arqueado ........................ 29. Senegalia 8’. Ramos espinescentes; folhas com 6–10 pares de pinas; flores heteromórficas; estames concrescidos; fruto legume nucoide, espiralado ......................... 11. Chloroleucon 1’. Folhas pinadas, uni a plurifolioladas, flores bilateralmente simétricas ou assimétricas. 9. Folhas unifolioladas 10. Arbusto, arvoreta ou árvore; nervação paralelinérvea, pecíolo cilíndrico; flores não papilionáceas ...................................................................................................... 6. Bauhinia 10’. Trepadeira; nervação peninérvea, pecíolo alado; flores papilionáceas .......... 9. Centrosema 9’. Folhas bi, tri a plurifolioladas. 11. Folhas bifolioladas. 12. Estípula e bráctea com apêndice basal; flores papilionáceas; fruto do tipo lomento ..... ....................................................................................................................... 34. Zornia 12.’ Estípula e bráctea sem apêndice basal; flor não papilionácea; fruto do tipo legume 13. Folíolos 5–8 cm compr.; pétalas brancas; fruto indeiscente 9,2–13,4 × 4,2–5,5 cm ............................................................................................... 23. Hymenaea 13’. Folíolos 0,7–2,2 cm compr.; pétalas amarelas; legume deiscente 2,4–3,7 × 0,3–0,5 cm .............................................................................................. 10. Chamaecrista 11’. Folhas tri a plurifolioladas. 14. Folhas trifolioladas. 15. Folhas digitado-trifolioladas, raque ausente; fruto inflado ............. 14. Crotalaria 15’. Folhas pinadas, trifolioladas, raque presente; fruto não inflado 16. Estípulas adnatas ao pecíolo; flores em espigas ou glomérulos, pétalas amarelas ............................................................................... 32. Stylosanthes 16’. Estípulas não adnatas ao pecíolo; flores em racemos e pseudoracemos, pétalas lilás à roxas, esbranquiçadas, azuladas, vermelhas. 17. Flores ressupinadas, o vexilo na porção inferior em relação as demais pétalas 18. Vexilo calcarado no dorso ....................................... 9. Centrosema 18’. Vexilo não calcarado no dorso 19. Cálice campanulado, pétala vermelha ou azul-violácea, fruto liso entre as suturas .......................................... 28. Periandra 19’. Cálice tubuloso, pétala branca a branco-amarelada, fruto com uma costa longitudinal entre as suturas ................ 12. Clitoria Rodriguésia 69(3): 1147-1220. 2018 Leguminosae de Carajás 1149 17’. Flores não ressupinadas, o vexilo na porção superior em relação as demais pétalas 20. Erva ou subarbusto, ereto ou prostrado 21. Raque sem nodosidade; cálice 5-laciniado; fruto lomento ................... 17. Desmodium 21’. Raque com nodosidade; cálice 4-laciniado; fruto legume ......................... 22. Galactia 20’. Arbusto escandente ou trepadeira. 22. Trepadeira lenhosa. 23. Flores com pétalas lilás-arroxeadas, vexilo obovado a orbicular; fruto com espessamento ou dilatação em uma das suturas .................................. 19. Dioclea 23’. Flores com pétalas vermelhas, vexilo oblongo-elíptico; fruto sem a sutura superior espessada ...................................................................................... 8. Camptosema 22’. Trepadeira herbácea. 24. Flor lilás-rosada, 2–3 cm compr.; carena torcida lateralmente em forma de gancho; legume linear a toruloso ............................................................. 4. Ancistrotropis 24’. Flor lilás-azulada, 0,9–1,1 cm compr.; carena reta,