Alcobaça Nazaré Óbidos Peniche Lourinhã Alenquer Sobral de Monte Agraço

Este suplemento é parte integrante da edição nº 5286 da Gazeta das Caldas e não pode ser vendido separadamente. 12 Julho, 2019 2 Gazeta das Caldas

Um Verão em Isaque Vicente festa no Oeste

O Verão no Oeste é uma festa. Até meados de Setembro os eventos sucedem-se por todos os municípios que compõem a região e há de todos os tipos e para todos os gostos. Gazeta das Caldas fez uma compilação dos principais eventos para que esteja a par de tudo o que pode desfrutar. Haverá feiras e festas populares, mas também mercados medievais, recriações históricas, sempre com a gastronomia, a música e muita diversão à mistura. Além destes grandes eventos, por todos os concelhos também se realizam inúmeras festas tradicionais das localidades. Não há motivos, por isso, para ficar em casa.

Joel Ribeiro que viria a tornar-se Duque de [email protected] Wellington. Depois da batalha da Roliça, Wellesley deslocou os seus CISTERMÚSICA ATÉ soldados para o Vimeiro de modo AO FINAL DO MÊS a integrar os reforços que desem- barcaram na Praia de Novo,

Já está a decorrer em Alcobaça o fes- momento importante na restaura- Natacha Narciso tival Cistermúsica, que conta alguns ção da independência portuguesa. dos melhores intérpretes de música Além da batalha, será recriado um e de dança na cena nacional e inter- mercado oitocentista, com ofícios nacional. Até 28 de Julho, o palco da época, animações de rua, tea- principal é o Mosteiro de Alcobaça, tro, concertos, mostra e venda de mas serão realizados espectáculos produtos, gastronomia, workshops de forma descentralizada, como em e diversões para os mais pequenos. , Peniche, Benedita, Évora, Serão ainda realizadas visitas - Penacova, Pataias e Arouca. Um dos das ao Centro de Interpretação da concertos mais sonantes em cartaz Batalha do Vimeiro e espectáculos realiza-se já amanhã, 13 de Julho, de fogo. e junta Camané e Mário Laginha. Além deste, ainda há mais 24 espec- FESTAS DE N. SRA. táculos para assistir. DA BOA VIAGEM EM PENICHE MERCADO MEDIEVAL DE ÓBIDOS No primeiro dia de Agosto arranca a festa de Peniche, em honra de N. Sra. Em Óbidos, a Cerca do Castelo revi- da Boa Viagem. Fernando Daniel ve de 18 de Julho a 4 de Agosto (ape- é o cabeça de cartaz na abertura, nas de quinta-feira a domingo) mais que conta com os Hybrid Theory uma edição do Mercado Medieval. (tributo aos Linkin Park) e com os O evento tem cariz de apoio à co- DJ’s Olga Ryazanova, João Rivero munidade e são as colectividades e PDJ. No dia 2 sobem a palco os TASQUINHAS entre as festas de aldeia. No con- cas e tauromáquicas que ocorrem do concelho que assumem o fun- Resistência, Rock n’Roll Station e NA EXPOESTE celho de Peniche, encostado ao na vila. O evento dá especial rele- cionamento das “tasquinhas”. Mas os DJ’s Zinko e Lourenço. Baleal, os promotores desta festa vo à história e à tradição, mas tam- os aromas e os sabores dos churras- Raquel Tavares é o nome grande Chama-se a Festa de Verão, mas têm sabido aproveitar o potencial bém abre caminho à inovação e ao cos medievais são apenas uma parte do terceiro dia de festa, que tem toda a gente a conhece, simples- que o turismo para atrair mais vi- futuro. Os festejos contêm arraiais do certame, cujo programa é sempre entrada livre. É também nesse dia mente, pelas Tasquinhas. Formam a sitantes. A edição deste ano reali- populares e espaços para saborear muito diversificado e rico. A anima- que se realiza a procissão no mar primeira parte de um mês de Agosto za-se de 5 a 10 de Agosto e como a gastronomia local e a tradição ção é constante, com actores, ma- e o espectáculo musical. No Maka com festa quase todos os dias nas cabeças de cartaz tem The Gift, os dos vinhos. labaristas, manipuladores de fogo e DJ Y.A.M.A. completam o cartaz. Caldas da Rainha e começa ente Anjos e Quim Barreiros. Os feste- e jograis a mostrar as suas artes e José Cid leva os seus clássicos te- ano a 2 de Agosto, prolongando-se jos em honra da Nª Sra. da Guia VINHO E PERA ROCHA cantorias. Uma parte sempre muito mas a Peniche no dia 4, que conta até ao dia 11. O evento transforma a conta ainda com actuação de DJ’s NO BOMBARRAL apelativa são os torneios medievais ainda com a banda Funkoff, Pedro Expoeste num restaurante gigante, de renome. Imperdível é a tradi- que decorrem na liça e se repetem Carrilho e DJ Sudaka. com capacidade para mais de 2000 cional corrida de burros, que tem Todos os anos a Mata Real do várias vezes por dia. O rapper Dillaz actua a 5 de Agosto, pessoas sentadas. As colectividades lugar no derradeiro dia. Haverá Bombarral é cenário para o Festival assim como Mastiksoul, Matay e os do concelho confeccionam as suas ainda um espectáculo de moto- do Vinho Português e a Feira REVIVER O SÉCULO DJ’s João Rivero e PDJ. iguarias e têm aqui oportunidade ciclismo freestyle por Arrepiado. Nacional da Pêra Rocha, que em XIX NA LOURINHÃ O encerramento estará a cargo de para fazerem uma importante re- 2019 atingem, respectivamente, a Aurea, a 5 de Agosto, numa noite ceita. A acompanhar a refeição, há ARRUDA CELEBRA 36ª e 26ª edições. Este ano o festival É já de 19 a 21 de Julho que o em que os Stoned prestam tributo ritmos da música tradicional por- Nª SRA. DA SALVAÇÃO decorre de 6 a 11 de Agosto. Como Vimeiro, no concelho da Lourinhã, aos Rolling Stones e sobem à cabi- tuguesa e dos grupos etnográficos é habitual, quem visita o certame recebe a Recriação da Batalha do ne os DJ’s Christian F e Nigga com do concelho. O artesanato também O 15 de Agosto há feira nas Caldas terá oportunidade de provar alguns Vimeiro 1808, acompanhada por Mr. Groove. assume papel de destaque neste da Rainha e tourada, mas também dos melhores vinhos nacionais e um Mercado Oitocentista. Até ao fim do mês a pulseira que evento que tem um dia dedicado é um dia especial em Arruda dos de se deliciar com as mais diversas O evento propõe uma viagem de dá entrada em todas as noites custa aos emigrantes. Vinhos, no qual se celebra em hon- iguarias associadas à Pêra Rocha. 200 anos no tempo para reviver 8,50 euros. A partir daí passa para ra de Nossa Senhora da Salvação. O certame conta ainda com es- a batalha travada entre o exército os 10 euros. As entradas diárias va- CORRIDA DE BURROS Não é um, mas 13 dias de festa, en- paços gastronómicos e mostra de invasor francês, comandado por riam entre os 3 e os 5 euros. As en- EM FERREL tre 6 e 18 de Agosto, durante os actividades económicas do conce- Junot, e as forças anglo-lusas, sob tradas são livres para crianças com quais a comunidade se reúne para lho. A música também não vai fal- o comando de Sir Arthur Wellesley, menos de 13 anos. A Festa de Ferrel é um caso à parte as cerimónias religiosas, etnográfi- tar em diversas zonas do recinto. 12 Julho, 2019 Gazeta das Caldas 3 Isaque Vicente Fátima Ferreira Isaque Vicente Isaque Vicente

No palco principal vão passar a FRUTOS, HORTÍCOLAS Média, o fundador da Ordem de partida as cerimónias solenes seios enoturísticos, exposições, Banda Xeques, Fernando Pereira E MÚSICA Cister, São Bernardo. Conta-se em honra de Nossa Senhora da mostras económicas e concertos acompanhado pela West Europe que a feira foi instituída por la- Nazaré, que incluem missa e pro- com algumas das referências do Orchestra, Miguel Gameiro, De volta às Caldas da Rainha, vradores e artesãos para troca- cissão. Como complemento, no panorama musical português da os Resistência, Mishlawi e os de 16 a 25 de Agosto o Parque D. rem e venderem os seus produ- Parque Atlântico realizam-se as actualidade. Carapaus, Azeite e Alho. Carlos I recebe a Frutos – Feira de tos. Hoje o certame une a tradição restantes festividades, com ani- Hortofruticultura. A venda de pro- e a modernidade. Conta com uma mação musical, diversões para FESTAS E FEIRA REVIVER A BATALHA dutos hortícolas da região serve de mostra de artesanato, exposição miúdos e graúdos, gastronomia DE VERÃO DE ALJUBARROTA base para um evento aglutinador de actividades económicas, pro- e actividades económicas. do concelho, onde cabem mostras vas hípicas e de perícia automóvel O cartaz oficial ainda não foi pu- Também sem programa publica- De 10 a 14 de Agosto também gastronómicas, empresariais e de ar- e o circuito de ciclismo. A doçaria blicado, mas a Câmara da Nazaré do, nem datas, está o evento Festas Aljubarrota viaja no tempo para tesanato. Os espaços de animação e regional e os petiscos também não promete novidades para a edição e Feira de Verão, no Sobral de recordar a Batalha de Aljubarrota as actividades lúdicas são chamariz faltam, assim como os concertos deste ano. Monte Agraço, que deverá decor- e a lenda da sua padeira, Brites para os mais novos e os concertos e muita animação para os mais rer em meados de Setembro. Estas de Almeida. O evento medieval com grandes nomes da música na- jovens com os carroceis. A ALMA DO VINHO festas têm uma componente tau- dá oportunidade de provar o afa- cional atraem milhares de pessoas. O certame realiza-se de 20 a 25 de EM ALENQUER romáquica, com largadas de tou- mado pão, mas também os quei- Jorge Palma, Bárbara Bandeira, Agosto. O município de Alcobaça ros ao uso de Pamplona, mas não jos, os enchidos, os licores, os do- André Sardet, João Pedro Pais e ainda não divulgou o cartaz. Em Alenquer o final do Verão é faltam concertos, desfiles e outras ces, o mel e as compotas. Também Rui Veloso são apenas alguns dos assinalado com o festival Alma actividades. haverá espaço para a olaria, a te- nomes no cartaz. FESTAS DO SÍTIO do Vinho, que se realiza de 12 a Este deverá ser o evento que fe- celagem e os bordados, num am- Na edição deste ano, quem adqui- NA NAZARÉ 15 de Setembro. O certame é pro- cha as grandes festas de Verão no biente típico da época. Nem fal- rir o bilhete eletrónico receberá no movido pela Câmara de Alenquer Oeste, mas as festividades conti- tam as tavernas, os cortejos, nem evento uma ecobox, que consiste De 7 a 17 de Setembro o Sítio da e assume-se como o maior festi- nuam em Outubro, com even- torneios a pé e a cavalo. A música num vaso biodegradável onde irá Nazaré acolhe as festas popu- val de vinho da Região de Lisboa. tos como o Caldas Nice Jazz, as e a animação de rua fazem igual- crescer uma árvore. lares da Nazaré. A edição deste O cartaz do festival ainda não Adiafas no Cadaval, o Folio em mente parte do programa. Porém, ano é a primeira que será intei- está disponível, mas atendendo Óbidos ou o Books and Movies os momentos altos são as diver- FEIRA DE SÃO BERNARDO ramente organizada pelo muni- às edições anteriores poderá con- em Alcobaça, pelo que no Outono sas recriações, entre as quais a da cípio nazareno. tar-se com provas de vinho pre- continuará a haver muito para ver batalha. Alcobaça honra, desde a Idade O evento tem como ponto de mium e provas comentadas, pas- no Oeste. 12 Julho, 2019 12 Julho, 2019 4 Gazeta das Caldas Gazeta das Caldas 5

PUB. Coretos – de palcos da música a espaços de memória colectiva

Situado em praças ou nos centros das aldeias e cidades, o coreto chega a em inícios do século XIX, permitindo ao povo ter acesso à arte e cultura de forma gratuíta. Durante muitas décadas foram um dos principais locais de atração popular juntando à sua volta um vasto público para ouvir a actuação das bandas de música. Actualmente são poucos os que ainda possuem alguma função, restando a memória colectiva destes símbolos da cultura popular. DR DR DR DR Fátima Ferreira Natacha Narciso Natacha

Nossa Sra. do Pópulo - Caldas da Rainha A-dos Francos - Caldas da Rainha - Caldas da Rainha Casal da Coita, Santa Catarina - Caldas da Rainha - Caldas da Rainha - Caldas da Rainha

Fátima Ferreira qualificação do largo principal da aldeia O CORETO DO PARQUE ali foram realizadas exposições e até ré- obra “Os coretos do distrito de Leiria” (Santa Catarina), Nadadouro e Foz do edificado em 1887 e destruído durante [email protected] e foi demolido sem que, no seu lugar, citas de poesia aquando do Caldas Late (cujas imagens também reproduzimos) Arelho. No caso da Foz do Arelho, o o . Também as localidades ficasse qualquer peça marcante no es- Também o coreto que se situa no Parque Night. Ao seu redor têm actuado ban- existem perto de 60 coretos no distrito livro refere que foi edificado um pri- da Benedita e de S. Martinho do Porto O coreto chega a Portugal com o libera- paço público. D. Carlos I, nas Caldas da Rainha, teve das filarmónicas e ranchos folclóricos. edificados, a que acrescem algumas de- meiro coreto com algumas pedras “re- viram desaparecer estes símbolos da lismo, importando o modelo de França Voltando às Gaeiras, o presidente da recentemente obras de reabilitação ao A junta de quer dinamizar zenas de imóveis que foram destruídos tiradas da Quinta Grandela [proprie- cultura popular. (que por sua vez já se tinha inspirado Junta, Luís do Coito, tem 57 anos e ain- nível da pintura e também com a colo- ainda mais este espaço, tendo já con- e outros transformados para outros fins, dade de Francisco Almeida Grandela]”, O coreto que estava situado no Largo no modelo inglês) e assumia-se como da se lembra de, na sua juventude, ou- cação de quadros eléctricos, que permi- vidado o Conservatório de Música das como, por exemplo, local de quermesse. que viria a ser demolido. Mais tarde, da Igreja do Bombarral deixou de exis- um palco de espectáculo gratuito ao vir a banda tocar no coreto da então te a realização de actividades naquela Caldas da Rainha a dinamizar ali ini- No concelho de Óbidos existem co- na década de 70 foi construído outro tir em meados do século XX, perma- serviço dos ideais liberais. Formadas aldeia. “Depois o coreto deixou de ter zona. A União de de Nossa ciativas e pretende que ali haja música retos em A-da-Gorda, A-dos-Negros, imóvel, “uma construção de linhas necendo um exemplar no Cintrão (já por um palanque circular e com uma essa função porque as bandas também Sra do Pópulo, Coto e S. Gregório (que com regularidade. Gaeiras, Bairro da Senhora da Luz e simples, com os materiais mais usa- demolido) e dois no Senhor Jesus do cúpula para abrigar os músicos, coros, cresceram” conta o autarca à Gazeta das tem a gestão do Parque) tem dinamiza- Olho Marinho. Já nas Caldas, a fre- dos nessa época”, e que permanece no Carvalhal. ou oradores, estas construções estão di- Caldas, acrescentando que o imóvel per- do algumas actividades naquele palco, QUASE 60 CORETOS NO guesia de A-dos-Francos conta com centro da vila. Para além destes imóveis, fixos, chega- (1967) rectamente ligadas ao apogeu das ban- manece no espaço central vila, também desde actuações mais tradicionais a ou- DISTRITO DE LEIRIA dois destes imóveis e existem outros Mas houve coretos que desapareceram, ram a haver outros que eram monta- das filarmónicas e à possibilidade destas conhecido por Largo do Coreto e onde tras mais vanguardistas. Ali têm actua- em Alvorninha, Nossa Sra do Pópulo como é o caso do que estava em Alcobaça dos apenas nos dias de festa e arraial mostrarem ao povo o seu repertório. se continua a realizar a festa anual. do bandas de música popular e de jazz, De acordo com o inventário feito na (parque D. Carlos I), Casal da Coita em frente ao mosteiro e que tinha sido popular. O termo “coreto”, sinónimo de “pequeno

coro”, será oriundo da palavra italiana DR DR DR DR coretto e evoca termos como tribuna, palanque e quiosque. Em inglês cha- Fátima Ferreira ma-sebandstand, em francês kiosque a musique, em alemão misikpavillon e em espanhol é quiosco de musica, designa- ções que mostram a função deste pal- co que começou por ser desmontável e que depois se tornou uma referência no espaço público. Mas as alterações sociais, do modo de vida e dos gostos no que respeita ao lazer, fizeram com que gradualmente os core- tos fossem perdendo importância e que, actualmente, muitos deles se encontrem abandonados. As bandas filarmónicas também cresceram e têm muitos ele- mentos e por isso não é possível actuar nos coretos, explica Delmar Domingos A-da-Gorda A-dos-Negros Bairro da Sra. da Luz Gaeiras Olho Marinho de Carvalho na obra “Os coretos do dis- DR DR DR DR DR trito de Leiria”, que editou para o Inatel com a colaboração de Carlos Baptista. A grande maioria destes espaços são propriedade das juntas de freguesia e foram apropriados pela comunida- de. Nas Gaeiras, por exemplo, o coreto datado de 1947 mantém-se como um símbolo da cultura local por vontade da população, que não permitiu que fosse retirado aquando do projecto de requalificação do Largo de S. Marcos. O arquitecto alterou então a proposta, integrando-o no espaço, devidamente reabilitado. Um exemplo oposto: no Cintrão (Bombarral), o velho coreto dos anos 70 do século passado não resistiu à re- Atouguia da Baleia - Peniche Peniche Senhor Jesus Carvalhal - Bombarral Alfeizerão - Alcobaça Sítio - Nazaré (834) 12 Julho, 2019 6 Gazeta das Caldas Juízes da festa garantem tradição secular do Santo Amaro em Alfeizerão As festas de Santo Amaro, em Alfeizerão, têm mais de 300 anos e já chegaram a ser das mais badaladas da região. Mas para que a tradição se cumpra a preceito é preciso haver quem as organize. A cada ano é criada uma comissão de festas, liderada pelo juiz, que fica encarregue de tratar de todos os pormenores para que a parte religiosa e profana da festa decorra na perfeição. Gazeta das Caldas falou com alguns desses voluntários, que partilham memórias dos tempos em que a festa atraía convivas gente das aldeias, vilas e cidades em redor.

Fátima Ferreira DR [email protected] Fátima Ferreira A cada ano Alfeizerão celebra o Santo Amaro a 15 de Janeiro, mas os festejos começam uns dias antes da efeméride e terminam já depois. No último dia faz-se a entrega da bandeira, uma cerimónia onde fica logo decidido quem fará a festa do ano seguinte. José Pereira, actualmente com 89 anos, é há décadas a pessoa responsável pela en- trega da bandeira. “Quem fica com ela é considerado o juiz da festa e terá que ar- ranjar um grupo de pessoas para, com ele, tratar de todos os pormenores”, conta, acrescentando que há sempre uma juíza. A tradição já não é o que era e as atribui- ções dos festeiros também não. Há umas décadas atrás competia à juíza garantir a José Brilhante, José Pereira, Joaquim Inácio, Carlos Bonifácio e Graciete Simões Machado, têm participado na O lançamento do balão de ar quente é um costume destes festejos limpeza da capela, a organização dos an- organização das festas dores e o fabrico e oferta das fogaças (que eram leiloadas durante a festa), bem como o efeito junto à capela, e entregavam os Simões Machado, que também participou Lucros repartidos pelas facto do juiz que fica encarregue da Festa a decoração dos tabuleiros. contributos. “Cada pessoa que desse cin- em diversas festas da terra. instituições da terra de Santo Amaro, também ser responsá- “Lembro-me da juíza ser do Casal Pardo co escudos levava um foguete para casa A alfeizerense recorda também a quermes- vel pela festa de Setembro, ao passo que e da banda de música ir buscá-la a casa, pois essa era a oferta que se fazia há 50 se, que nunca faltava no arraial e onde as Carlos Bonifácio, de 78 anos, divide o tem- antigamente era organizações completa- a pé, para a acompanhar até à festa”, diz anos”, recorda José Pereira, que participou raparigas vendiam as rifas e “logo ali ca- po entre Alfeizerão e os Estados Unidos, mente autónomas. José Pereira, acrescentando que a mulher em diversas comissões de festas. trapiscavam pares para dançarem à noite para onde emigrou em 1998. Como bom Joaquim Inácio, de 98 anos, lembra com trazia o tabuleiro à cabeça desde aquela Os foguetes e fogo de artifício também não no baile”. Para além disso, era uma boa filho da terra, integrou a comissão de festas saudade os festejos de outrora. Em jovem aldeia até Alfeizerão. podiam faltar nos festejos e tudo era feito fonte de rendimento pois normalmente os do Santo Amaro entre 2003 e 2007. Os lu- era músico e, juntamente com a sua banda Mas a preparação dos festejos começavam no local. Os fabricantes vinham de longe festeiros tinham boas relações com as fá- cros que conseguiam eram repartidos entre “Os Alfanges”, chegou a abrilhantar muitos muito antes, com o peditório que era feito e permaneciam em Alfeizerão durante os bricas de cerâmica e vidro na região e con- as várias instituições da terra que também bailes da terra. “A festa antigamente era pelos festeiros por toda a freguesia. Iam a dias da festa. “Arranjavam-lhes um bar- seguiam bastantes peças, algumas delas colaboraram e o restante ficava para a festa grande, toda a gente da região vinha aos pé, juntamente com a banda de mú- racão e ficavam cá de um dia para o outro valiosas, que leiloavam durante os festejos. do ano seguinte. festejos de Santo Amaro e nós tocávamos sica, e apontavam num caderno o valor que a fazer os foguetes. Tinham que deitar a No último dia da festa era usual convidar Actualmente as receitas já não são tão ge- até de manhã”, recorda. cada pessoa estava disposta a dar. Depois, alvorada às 7h00 da manhã, o que não os representantes dessas empresas para nerosas e também há mais dificuldade em Nessa altura os bailes decorriam à volta do no dia da festa, a pessoa ía ter com os fes- era agradável para quem estava no bai- um pequeno lanche, como forma de lhes conseguir pessoas disponíveis para organi- coreto, mas entretanto a festa já mudou se teiros, que tinham um espaço próprio para le até de madrugada”, recorda Gracieta agradecer a colaboração. zar os festejos. Exemplo disso mesmo é o local, realizando-se agora no largo da vila. Qual é o evento de Verão que nunca perde?

Vanda Anjos, Filipe Araújo, Mariana Maia, Zulmira Abreu, Ilda Cruz, Óbidos Caldas da Rainha Caldas da Rainha Caldas da Rainha Caldas da Rainha Nas Caldas da Rainha nunca per- Nunca perco a Feira dos Frutos Nunca perco a Feira dos Frutos Vou todos os anos à Festa das Tento ir sempre aos concertos de Verão co as Tasquinhas e a Frutos. Vou porque é uma iniciativa que traz porque tem uma grande diver- Tasquinhas à Expoeste. Nunca nos areais do Oeste, desde Nazaré, S. sempre à Frutos pelos artistas que muitas pessoas à nossa cidade e sidade de atracções, que servem falho! Há pelo menos um dia Martinho, Foz do Arelho, Peniche e Santa o evento traz à nossa cidade e pelos tem normalmente um bom car- a toda família. Tem espectáculos em que vou lá jantar. Cruz, até aos realizados no Parque D. momentos de convívio que pro- taz, com bons artistas e grupos. É para todas as idades, tem ocupa- É uma das festas mais animadas Carlos I (inseridos na Feira dos Frutos), porciona. E o parque é um local também um evento que funciona ções para as crianças e tem repre- onde revejo sempre gente que e Festival do Vinho no Bombarral, pois espectacular para aquele tipo muito bem no parque D. Carlos I. sentantes de empresas locais que não encontro ao longo do ano. constituem momentos únicos, inesque- de eventos. Às tasquinhas tam- Não é por acaso que o parque é o se dão a conhecer e isso é impor- Também já marquei presen- cíveis e de grande diversão. Outro even- bém vou sempre, sobretudo pelo ex libris da nossa cidade. tante para a actividade económi- ça nas barraquinhas, quer da to a que tento nunca faltar é o Mercado convívio. E embora não seja no Verão, tam- ca da região. Paróquia, quer da Liga dos Medieval de Óbidos pois faz-nos revi- Outro evento que nunca perco é bém gosto muito Festival de Jazz Também nunca perco a tourada Amigos do Hospital. Gosto muito ver a atmosfera medieval, com os tra- a festa de Alvorninha, porque é a do Valado dos Frades porque é um do 15 de Agosto e costumo ir sem- de lá ir e vou continuar a par- jes e os manjares da época feitos pelas festa da terra, não a minha mas evento diferente e dinâmico. E já pre ao Caldas Nice Jazz que é um ticipar porque é uma das prin- diferentes colectividades, como são os a do meu marido, e é aqui que as estou à espera do próximo Caldas evento cultural que tem vindo a cipais festividades da região. chocos da Lagoa, o coelho à caçador, ou pessoas da terra se juntam e gos- Nice Jazz. crescer na cidade e que tem cada o pão a sair do forno quentinho. tam de estar. vez mais público. Também gosto de ir às festas tradicio- nais nas aldeia vizinhas porque são genuínas e é sempre um reencontro de amigos. 12 Julho, 2019 Gazeta das Caldas 7 Festa de Ferrel mantém tradição aliada à contemporaneidade A Festa de Ferrel é uma das mais participadas da região. Milhares de pessoas dirigem-se àquela vila para conviver durante a realização da festa local. Desde 2016, o evento passou a realizar-se num recinto fechado tendo abandonado o Largo da vila. Apesar de tudo, a festa mantém algumas tradições populares como a corrida dos burros que é uma das grandes atracções desta festividade que se vai realizar entre os dias 5 e 10 de Agosto. DR Natacha Narciso práticas religiosas com a celebração [email protected] da missa e procissão no primeiro dia, mostrando que folia e religião con- A Festa de Ferrel realiza-se em hon- vivem saudavelmente em Ferrel. ra de N. Sra. da Guia, a padroeira O evento é organizado por uma da vila e começa sempre no dia 5 comissão de festas constituída por de Agosto. Logo nessa madrugada um grupo de voluntários e os lu- há alvorada com o lançamento de cros revertem a favor da fregue- foguetes para recordar que as fes- sia e da sua população. Segundo tas começaram. Raquel Hermínio, antigamente, Segundo a antropóloga Raquel para se pertencer a esta comissão, Hermínio, autora da monografia era preciso ser de Ferrel e casado, Ser Ferrel (lançado em 2018), esta critérios estes que, entretanto, caí- é uma das festividades mais impor- ram em desuso. tantes da região e que ainda man- Além da famosa corrida dos bur- tém algumas tradições. Uma delas ros (que é habitualmente assistida é a corrida dos burros que decorre por milhares de pessoas), somam- à volta da Igreja de Nª Sra. da Guia. -se ainda actuações de DJ´s, espe- Alguns dos concorrentes enver- táculos musicais e pirotécnicos. Os gam trajes antigos, alguns inclusi- A iniciativa passou para um recinto fechado, que fica próximo da escola primária da localidade eventos que decorrem à tarde como vamente usam bigodes postiços e as aulas de Zumba, as actuações de os pés descalços. O mais curioso é Mas esta é apenas uma das tradi- pava todo o centro da vila, atraindo tões de segurança. Assim, o arraial música popular ou de ranchos fol- que hoje em dia já não há burros ções que se vai mantendo numa milhares de pessoas. perdeu algum cariz popular e tor- clóricos, são gratuitas e são realiza- suficientes em Ferrel para assegu- festa que se realiza, pelo menos, des- Membros da actual comissão das nou-se idêntico a outras realizações das no Largo da vila. rar a corrida que normalmente tem de o século XVIII, segundo conse- festas contaram à Gazeta das com área vedada e bilheteira. Os cabeças de cartaz são os Função lugar ao sábado. Segundo a antro- guiu apurar a autora da monogra- Caldas que uma das principais ra- Há também várias bancas de arte- Pública (5 de Agosto), Quim póloga, os animais – que são usados fia local. A realização da corrida de zões para terem mudado para um sanato, carrosséis, comes e bebes e Barreiros (dia 6) Calema (dia 7), na corrida - actualmente têm que burros dá um carácter diferenciado recinto fechado, próximo da escola de farturas. Piruka (dia 8), Anjos (dia 9) Anjos e ser alugados. a uma festa popular que antes ocu- primária, foi sobretudo por ques- A festa também mantém as suas The Gift (dia 10 de Agosto). PUB.

(1966) 12 Julho, 2019 8 Gazeta das Caldas Os caldenses no maior Sunset do país Gazeta das Caldas esteve presente na 8ª edição do RFM Somnii, na Figueira da Foz, para contar aos seus leitores como é o maior sunset do país. Encontrámos alguns caldenses que escolheram aquele destino para umas mini-férias e outros que lá foram divertir-se durante uma tarde e uma (longa) noite. Em três dias, passaram pelo recinto, na Praia do Relógio, mais de 125 mil pessoas.

Isaque Vicente -hop que foi feita este ano pela or- [email protected] ganização. “Foi uma ideia arrisca- Isaque Vicente da, mas mesmo assim, contra todas O RFM Somnii é um festival de as críticas, moveu muita gente e música electrónica que se destaca deu para todos os gostos”, disse pela qualidade do cartaz e pela lo- Carina Guerreiro. Num balanço do calização, em plena areal da Praia evento, a caldense afi rmou ter gos- do Relógio, na Figueira da Foz. Ano tado e salientou que “o Somnii tem após ano o evento atrai dezenas de sempre um espírito muito bom”. milhares de pessoas e esta edição não foi excepção. FESTIVAL CUSTA TRÊS Este ano o Somnii contou com um MILHÕES DE EUROS segundo palco, de frente para o pal- co principal, onde se ouviu o hip- A organização deste festival, que se -hop nacional. E essa foi também realiza há sete anos na Figueira da uma das novidades: a junção deste Foz, custou cerca de três milhões de estilo musical à música electróni- euros. Geralmente o apoio da autar- ca. Por lá passaram nomes como Entre os milhares de festivaleiros, o nosso jornal encontrou alguns caldenses quia era de 20 mil euros, mas passou Valas, Dealema, Waze, Phoenix para os 70 mil e, este ano, somam-se RDC e Piruka, entre outros. mentos mais aguardados pelos fes- puxava muito”, explicou a jovem notando que esteve uma hora na fi la mais 90 mil euros para um even- No palco principal, no primeiro dia, tivaleiros, que apreciam momentos que decidiu ir apenas ao segundo para entrar, quando no ano passado to paralelo – Cidade Festival – com os nomes grandes eram Afrojack, de praia e descontração durante o dia de festival. “Queria muito ver demorava apenas 15 minutos. sete palcos espalhados pela cidade Alesso e Radical Redemption. No dia. o Blasterjaxx que foi confi rmado à Carina Guerreiro acha que “deviam com espectáculos gratuitos. A estes segundo dia o destaque ia para DJ última hora e foi uma grande sur- haver mais pontos de comida den- acrescem 50 mil euros do Turismo Snake, Redfoo (metade da dupla “TEM SEMPRE UM presa mas também queria muito tro do festival porque, para a quan- Centro de Portugal, num total de musical LMFAO) e o porto-rique- ESPÍRITO MUITO BOM” ver Netsky e Dj Snake”, contou. tidade de gente, era complicado 210 mil euros de fundos públicos. nho Ozuna, que levou pela primei- A jovem notou que, em termos de comer lá dentro”. Por outro lado, A montagem de um evento des- ra vez o Reggaeton ao maior sunset A caldense Carina Guerreiro já ti- disposição espacial, houve algumas “as casas de banho continuam a ta dimensão envolve cerca de 200 do país. O último dia tinha como ca- nha ido ao Somnii no ano passa- alterações no recinto este ano por- ser muito longe, o que torna difí- pessoas, mais de 100 camiões TIR, beças de cartaz Don Diablo, Tyga e do e decidiu voltar este ano para que havia mais um palco. “Achei cil para nós festivaleiros uma boa sete empilhadores telescópicos, Jonas Blue. se divertir com amigos caldenses que a organização estava um pou- experiência”. cinco tractores e outras tantas O pôr-do-sol é sempre um dos mo- que lá estavam. “O cartaz não me co pior do que o ano passado”, disse, A jovem elogiou a aposta no hip- motos-4.

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