Regimes De Visibilidade: a Constituição De Futebolistas Em Um Futebol Menor
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Luciano Jahnecka REGIMES DE VISIBILIDADE: A CONSTITUIÇÃO DE FUTEBOLISTAS EM UM FUTEBOL MENOR Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Doutor em Ciências Humanas. Orientadora: Profa. Dra. Carmen Silvia de Moraes Rial Coorientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Rigo Florianópolis 2018 Esta tese é dedicada a todos os futebolistas infames, e também para as futebolistas em sua condição atual, eminentemente infame. AGRADECIMENTOS Apesar das muitas horas de isolamento no processo de escrita da tese, estas não foram acompanhadas por uma sensação de solidão, mas sim compartilhadas com muitas pessoas. Sabendo que sua conclusão só foi possível mediante o apoio de pessoas, grupos e instituições, sem dúvida nenhuma este processo é muito mais coletivo que individual. As poucas linhas e palavras dedicadas a cada uma delas são uma pequena mostra do privilégio que tive de contar com suas presenças durante este largo processo, meu mais sincero agradecimento. Em primeiro lugar, a Izolina Anita, minha mãe, por seu apoio incondicional e por demonstrar-me com exemplos o protagonismo cotidiano das mulheres. A Luiz Carlos Rigo pelos anos de trabalho compartilhado, responsável pelas coisas boas do processo formativo e pelos diálogos futebolísticos e filosóficos, acadêmicos ou não. A Carmen Rial pela aceitação, os puxões de orelha e convites inusitados que me habilitaram a uma formação qualificada. Por sua leitura atenta, objetiva e crítica, sua paciência e incentivos para pensar alternativas que possibilitassem a conclusão desse longo processo. Aos membros das duas bancas de qualificação, e da banca de defesa: Luzinete Simões, pelas leituras sociológicas interseccionais acompanhadas de carinho e afeto e pela acolhida em sua casa; Alexandre Fernandez Vaz, pela leitura atenta, crítica e respeitosa do trabalho; Caroline Soares de Almeida, pela interlocução nos muitos espaços que estivemos juntes; Fernando Gonçalves Bitencourt, por compartilhar seus conhecimentos futebolísticos e filosóficos; Arlei Damo, por aceitar o convite e servir de referência a este trabalho. À Eliane Pardo, pela acolhida no ―jardim‖ em tempos de reflexão. Às colegas, docentes e funcionárixs do DICH, por compartilhar de uma ética comprometida com a transformação pautada em uma educação pública, qualificada e inspiradora. Foi através desses muitos anos de comprometimento ético da UFSC e de sua comunidade que pude ao longo do período de doutorado, contar com apoio das bolsas CAPES, CNPq e participar das propostas interinstitucionais do IBP e do convênio CAPES-NUFFIC. Seguramente o período sem esse apoio seria muito mais difícil e tortuoso. Foi também na UFSC que compartilhei espaços, dúvidas, anseios e desejos com muitas pessoas queridas. No NAVI: Carol, Mari, Matias, Mônica, Marina, Yuri, Valentine, Adriana, Cristian e Fernando. Em especial, Florianópolis não seria espetacular sem a existência (da baixaria, vulgar sem ser sexy) da ABB e suas agregadas: Bruno, Alex, Anninha, Keo, Pedro, Letícia, Paulão, Nando, Cora, Rari, Sophia, Ric, Marcus, Manu e Marco. Na versão Beagá: Hudson, Patrícia, Rachel, Ana Paula, Maíra, Marcus, Kirlian, Mário e Andrei. Ainda em Florianópolis, dos afetos de Marília e sua família, e das companhias de Nádia, Letícia, Melina e Beto, Cibele, Elsa, Maria Fernanda, Oscar, Paulo, Elias, Olandina, Viviane e Paula. Também do futebol latinoamericano de sexta- feira: Alejo, Ruben, Juan, Gabriel, Oscar, Rafael, Bruno, Virgílio, Felipe, Tito e todes que de alguma forma participaram das ―peleas‖. A Freek Colombijn por sua sagaz leitura acadêmica, pelos seminários e pela capacidade de acolher um estrangeiro fazendo com que me sentisse em casa. Durante o período de doutorado na Vrije Universiteit Amsterdam, não poderia deixar de expressar minha gratidão a Jéssica Greganinch, Margarete Fagundes, Fábio Lima, Tiago, Lula, Chetna Aswal, Ina Keuper, Erik, Alexander, Mijke, Maaike, Marjo, Emine e Annet. Assim como ao grupo da UvA, tutoriado por Niko Besnier, Douglas, Márk, Adnan, Uroš e Daniel. Em Amstelveen, a meus companheiros no AMVJ, jogadores de um futebol menor. Às amigas de longa e de nem tão longa data: Inácio, Helena, Alan, Ícaro, Graci, Gregore, Gregori, Greg, Mateus, Fino, Júlio, Digue e Maria. Assim como, aos afetos das parcerias de trabalho: Viviane e Ileana, decisivas para minha ida ao Uruguai. A Meri Rosane (in memorian) pelos aprendizados e a paciência. Às colegas, amigas e estudantes do Instituto Federal Catarinense em Camboriú pelas gentilezas na acolhida e na despedida. A turma das feministas era demais, mas as outras também. No paísito que me acolheu tão bem, minha inserção profissional e os vínculos afetivos se devem a muitas generosidades. Desde a curiosidade às políticas progressistas do Uruguai até minha chegada em Rivera, o Instituto Superior de Educación Física da Universidad de la República foi o responsável por respaldar meu processo de radicação, assim como de meus/minhas companheiras e possibilitar a ampliação do direito à educação superior pública e qualificada em Rivera, em especial a Paola, Mario Clara, Andrés, Bruno, Federico, Liber, Raumar, Franco, Martin, Camilo, Gonzalo, Ruben, Natalia, Tefa e Loreley. A ANII por conceder o incentivo à pesquisa. Meu especial obrigado às pessoas que fazem do Centro Universitario de Rivera um lugar de encontros e resistências às desigualdades gritantes na/da ―frontera‖. Às funcionárias técnico-administrativas e ao diretor Mario Clara pelo respaldo invisível, mas imprescindível para o funcionamento da universidade no ―interior‖. A mis compas de laburo por el aguante, el cariño y el respecto en la convivencia: Mario, Jesica, Gimena, Ney, Camila, Thiago, Rafa, Dani, Javier, César, Patrícia, Martin, Oscar, Sofía y Ana Laura. A Amaral, Basualdo, Enrique y Flavia por la bienvenida (el agua del Gran Bretaña siempre me hizo bien). También a: Bianca, Goyo, Ruso, Ruben, Edwin, Maga, Seba, Luis, Sérgio, Álvaro, ―Pollo‖, Berni, Ana Clara, Childre, Seba Gutierrez, Graciela, Érica, Gonzalo, Juan, Gilda, Nacho (junto a Juan y Sofi), Pato, Paula, Mari, Luciana, Maria Laura, Mahira, Ludmila, Gisela, Fernando y Nacho, y la inquietud desafiante de lxs estudiantes. A los equipos del EFI, Se joguemo y Aproximación al Deporte en Mandubí, por creer en una universidad popular. A Analía por me deixar acompanhá-la, pela cumplicidade e afetos compartidos, nossos momentos prazerosos nos encontros do dia-a-dia. Também pela aceitação de sua família, pelo acolhimento e pela maravilhosa comida, Gladis, Darcy, Mauro, Blacky e Gandhi, e toda la barra de La Barra. A Miel, Preto, Patita e Ariel pelos afetos humanos. Em algum remoto rincão do universo cintilante que se derrama em um sem número de sistemas solares, havia uma vez um astro, em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da ―história universal‖, mas também foi somente um minuto. Passado poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer. Friedrich Nietzsche, filósofo. O futebol não está preparado para certos questionamentos. Wallace Reis Silva, futebolista. RESUMO A presente tese aborda a constituição de um futebol menor a partir da interlocução com futebolistas de clubes situados no Brasil, em Portugal e nos Países Baixos. Através de elementos etnográficos multi-situados, verificou-se um distanciamento entre a produção imagética dos futebolistas presentes no tele-espetáculo daqueles visibilizados em escalas locais. A alternância da exposição midiática configura regimes de visibilidade que passam a hierarquizar clubes e futebolistas. Por sua vez, através dos capitais corporais e de visibilidade os futebolistas buscam a circulação profissional mediados por sujeitos (empresários, dirigentes e outros futebolistas) e dispositivos antropotécnicos (vídeos, DVD`s, redes sociais e livros). Em uma condição infame, as carreiras dos futebolistas são abordadas tendo em conta a concretização profissional, sua relação com a fama e o reconhecimento de suas trajetórias de vida. Dessa forma, a carreira e os projetos de vida de futebolistas atuantes em um futebol menor encontram-se pautados pela ―aposta familiar‖ e são reconfigurados em meio a campos de possibilidade dos mercados nacionais e da visibilidade dos futebolistas considerados celebridades globais. A atualização dos ―sonhos‖ de concretização profissional contrasta com a exposição midiática que passou a associar o êxito esportivo com a fama. Em condições dissonantes daquelas imaginadas para a carreira, os futebolistas infames são um exemplo paradigmático para pensar o elitismo midiático e a falácia meritocrática individual contemporâneas. Palavras-chave: Infame. Futebol menor. Projeto de vida. Visibilidade. ABSTRACT This thesis deals with the constitution of a minor football considering the interlocution with footballers of clubs situated in Brazil, Portugal and the Netherlands. Through multi-situated ethnographic elements, there is a gap between the imagetic production of the footballers present in the tele-spectacle of those visible in local scales. The alternation of the media exposure sets up visibility regimes that begin to rank clubs and footballers. In turn, footballers through body and visibility capitals, seek professional circulation mediated by subjects (entrepreneurs, managers and other footballers) and anthropotecnical devices (videos, DVD`s, social networks and books). In an infamous condition, the careers of footballers are approached