EM DESTAQUE ÍNDICE DE TEMAS

4 Propriedade Industrial 6 Direito e Justiça 12 Uma sociedade de oftalmologia dinâmica e inovadora 13 Tema de Capa 16 Mercado Global 18 Bandeira Azul 26 Dia da Marinha e Dia Europeu do Mar e dos Oceanos 35 Dia Mundial do Ambiente 38 Internacionalização – Captação de Valor 6 JMA 53 Tema de Capa 54 IB World School em Conheça a opinião de Nuno Venâncio Pereira, Advogado da João Marcelo & Associados, Sociedade de Advogados, RL, 60 Emprego, Formação e Empreendedorismo sobre a Nova Lei dos Despedimentos 62 Erasmus+

38 CAE 36 GENERALI Com o intuito de apoiar empresas angolanas interessadas em A Generali - Companhia de Seguros assume-se atualmente como participar na indústria petrolífera, nasceu o Centro de Apoio um dos principais players de mercado no setor dos seguros, sendo Empresarial, em 2005, no âmbito do extinto Projeto de Desen- uma marca reconhecida pelos padrões de qualidade e excelência volvimento da Participação Nacional (PDPN)

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Errata: Na edição 35 da Revista Pontos de Vista, publicada em maio, referimos que Daniel Sousa era o Presidente da SPPE – Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Existencial, quando tal não corresponde à verdade. Por tal lapso penitenciamo-nos, referindo agora o cargo correto de Daniel Sousa - Psicólogo Clínico / Professor Universitário e Membro Fundador da SPPE – Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Existencial. PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial PROPRIEDADE INDUSTRIAL Restitutio in Integrum (RESTABELECIMENTO DE DIREITOS)

permitindo que – dentro dos prazos determinados – os direitos possam ser restabelecidos, depois de terem caducado por incumpri- mento de formalidades essenciais.

3 • A disposição aprovada em Munich é a seguinte (artigo 122º da Convenção da Patente Europeia):

“1. O requerente ou titular de uma patente europeia que, ainda tendo feito prova de toda a vigilância requerida pelas circunstâncias, foi incapaz de observar um prazo perante ao Instituto Europeu de Patentes é, por requerimento, restabelecido nos seus direitos se o impedimento tiver por consequência direta, em virtude das disposições da presente Convenção, a recusa do pedido de patente europeia ou de um requeri- mento, o facto de o pedido de patente europeia ser considerado retirado, a revogação da patente europeia ou a perda de qualquer outro direito ou meio de recurso.

2. O requerimento deve ser apresentado, por escrito, no prazo de dois meses a contar da cessação do impedimento. O ato omitido deve ser completado nesse prazo. A reclamação não é admissível senão no prazo de um ano a contar da expiração do prazo não cumprido. No caso de 1 • Parece não haver dúvida que, a nível internacional, a “restitutio in não pagamento de uma taxa anual, o prazo previsto no artigo 86º, integrum” ou, na versão portuguesa, “restabelecimento de direitos”, parágrafo 2, é deduzido do período de um ano. apareceu, pela primeira vez, na Convenção da Patente Europeia, 3. O requerimento deve ser motivado e indicar os factos e as justificações aprovada na Conferencia Diplomática de Munich, realizada em se- invocadas em seu apoio. Só é considerado apresentado na condição de a tembro e primeiros dias de outubro de 1973. taxa de “restitutio in integrum” ter sido paga.

2 • Trata-se de uma disposição incluída no Documento de traba- 4. O departamento competente para decidir sobre o ato não realizado lho, elaborado em reuniões anteriores e não apresentada na própria decide sobre o requerimento. Conferencia – pelo que foi aceite pelo nosso País com naturalidade, tanto mais que a nossa lei permitia já, desde 1940, revalidar os di- 5. As disposições do presente artigo não são aplicáveis aos prazos reitos das patentes – embora a aplicação de uma e outra seja diversa: previstos no parágrafo 2, assim como aos artigos 61º, parágrafo 3, 76º, o restabelecimento é para solucionar o não cumprimento de forma- parágrafo 3, 78º, parágrafo 2, 79º, parágrafo 2, 87º, parágrafo 1, e lidades consideradas essenciais para a obtenção ou manutenção da 94º, parágrafo 2. patente e a nossa revalidação é apenas para a falta de pagamento atempado das respetivas anuidades. 6. Qualquer pessoa que, num Estado Contratante, tenha, de boa fé, no Esta preocupação em procurar evitar a perda do direito – quer seja decurso do período compreendido entre a perda de um direito citado da patente ou, se for o caso, do respetivo pedido – é extremamente no parágrafo 1 e a publicação da menção do restabelecimento do dito interessante e, segundo creio, nunca tinha sido adotada por qual- direito, começado a explorar ou feito preparativos efetivos e sérios para quer outra Convenção anterior, como, por exemplo, a Convenção de explorar uma invenção que foi objeto de um pedido de patente europeia Paris de 1883, ou o Acordo de Madrid de 1891, relativo ao registo publicado ou de uma patente europeia pode, a titulo gratuito, prosseguir internacional de marcas. essa exploração na sua empresa ou para as necessidades da sua empresa. É certo que a Convenção de Paris tem uma disposição (artigo 5º – bis) que prevê não só a obrigação de prorrogar o prazo, pelo menos 7. O presente artigo não limita o direito de um Estado Contratante por seis meses, para pagamento das taxas relativas à manutenção de conceder a “restitutio in integrum” quanto aos prazos previstos na dos direitos de propriedade industrial, como, até, que os países da presente Convenção e que devem ser cumpridas perante as autoridades União possam admitir a revalidação das patentes caducadas em vir- deste Estado.” tude de não pagamento de taxas. Em todo o caso, a Convenção de Paris reserva essa possibilidade 4 • Mais tarde, quando foi aprovado o Regulamento sobre a Marca apenas às patentes, pois não refere que os restantes direitos caduca- Comunitária, de 20 de dezembro de 1993, foi incluída uma dispo- dos possam ser revalidados, o que não deixa de ser um pouco estra- sição semelhante (artigo 81º), embora com uma diferença relativa nho, em especial para os modelos de utilidade e modelos e desenhos à oposição de terceiros, que, oportunamente, vai ser devidamente industriais, cuja proteção não poderia ser novamente obtida. comentada: Curiosamente, na Convenção da Patente Europeia a “restitutio in integrum” está excluída, de uma maneira geral, de aplicação à falta “1 – O requerente ou o titular de uma marca comunitária ou qualquer de pagamento de taxas. outra parte num processo perante o Instituto que, embora tendo feito pro- Mas não há duvida que a “restitutio in integrum” vai mais longe, va de toda a vigilância inerente às circunstâncias, não tenha conseguido

4 “Parece não haver dúvida que, a nível internacional, a “restitutio in integrum” ou, na versão portuguesa, “restabelecimento de direitos”, apareceu, pela primeira vez, na Convenção da Patente Europeia, aprovada na Conferencia Diplomática de Muni- ch, realizada em setembro e primeiros dias de outubro de 1973”

observar um prazo em relação ao Instituto, será mediante requerimento, “1 - O requerente ou titular de um direito de propriedade industrial reinvestido nos seus direitos se, por força do disposto no presente 4 que, apesar de toda a vigilância exigida pelas circunstâncias, não tenha cumprido um prazo cuja inobservância possa implicar a sua não conces- regulamento, o impedimento tiver tido por consequência direta a perda são ou afetar a respetiva validade, e a causa não lhe puder ser direta- de um direito ou de uma faculdade de recurso. mente imputada, é, se o requerer, restabelecido nos seus direitos. 2 - O requerimento, devidamente fundamentado, deve ser apresenta- 2 – O requerimento deve ser apresentado por escrito num prazo de dois do por escrito, no prazo de dois meses a contar da cessação do facto que meses a contar da cessação do impedimento. O ato não cumprido deve impediu o cumprimento do prazo, sendo apenas admitido, em qualquer sê-lo nesse mesmo prazo. O requerimento só é admissível no prazo de um caso, no período de um ano a contar do termo do prazo não observado. ano a contar do termo do prazo não observado. Em caso de não apre- sentação do pedido de renovação do registo ou de falta de pagamento das 3 - O ato omitido deve ser cumprido no decurso do prazo de dois meses taxas de renovação, o prazo suplementar de seis meses previsto no terceiro referido no número anterior, junto com o pagamento de uma taxa de período do nº 3 do artigo 47º será deduzido de um período de um ano. restabelecimento de direitos.

3 – O requerimento deve ser fundamentado e indicar os factos e as jus- 4 - O disposto no presente artigo não se aplica aos prazos referidos nos tificações invocadas em seu apoio, só sendo considerado apresentado após nºs 2 e 3, nos artigos 12º, 17.º e 350.º e quando, em relação ao mesmo pagamento da taxa de restitutio in integrum. direito de propriedade industrial, estiver pendente algum processo de declaração de caducidade. 4 – A instância competente para deliberar sobre o ato não cumprido decidirá do requerimento. 5 - O requerente ou o titular de um direito que seja restabelecido nos seus direitos não poderá invocá-los 5 – O disposto no presente artigo não é aplicável aos prazos previstos no perante um terceiro que, de boa fé, durante o período compreendido nº 2 do presente artigo, nos nºs 1 e 3, do artigo 41º e no artigo 82º. entre a perda dos direitos conferidos e a publicação da menção do resta- belecimento desses direitos, tenha iniciado a exploração ou a comercia- 6 – Quando o requerente ou o titular de uma marca comunitária for lização do objeto do direito ou feito preparativos efetivos e sérios para a reinvestido nos seus direitos, não poderá invocá-los contra um terceiro sua exploração e comercialização. que, de boa-fé, tenha comercializado produtos ou prestado serviços sob um sinal idêntico ou semelhante à marca comunitária durante o período 6 - Quando se tratar de pedidos de registo ou de registos, o terceiro que compreendido entre a perda do direito sobre o pedido ou sobre a marca possa prevalecer-se do disposto no número anterior pode, no prazo de comunitária e a publicação da menção da reinstituição do direito. dois meses a contar da data da publicação da menção do restabeleci- mento do direito, deduzir oposição contra a decisão que restabelece o 7 – O terceiro que possa prevalecer-se do disposto no número 6º pode requerente ou o titular dos seus direitos.” deduzir oposição de terceiros contra a decisão que reinveste o requerente ou o titular da marcacomunitária nos seus direitos, num prazo de dois 6 • Em próximo artigo vamos analisar e comparar estas disposições, meses a contar da data de publicação da menção da reinstituição do que deveriam ser revistas, para facilitar a sua aplicação sempre que direito. sejam ressalvados os direitos de terceiros.

8 – O presente artigo não prejudica o direito de um Estado-Membro conce- Essa análise vai incidir, essencialmente, sobre os seguintes pontos: der a restitutio in integrum quanto aos prazos previstos no presente regula- 1 – ORIGEM mento que devam ser observados perante as autoridades desse Estado.” 2 – OBJETIVO 3 – JUSTIFICAÇÃO 5 • A “restitutio in integrum” foi incluída no Código da Propriedade 4 – APLICAÇÃO Industrial de 2003 (artigo 8º), com a seguinte redação: 5 – EXCEÇÕES 6 – PREJUIZOS DE TERCEIROS 7 – OPOSIÇÃO

“Esta preocupação em procurar evitar a perda do direito – quer seja da patente ou, se for o caso, do respetivo pedido – é extremamente interessante e, segundo creio, nunca tinha sido adotada por qualquer outra Convenção ante- rior, como, por exemplo, a Convenção de Paris de 1883, ou o Acordo de Madrid de 1891, rela- tivo ao registo internacional de marcas”

5 NOVA LEI DOS DESPEDIMENTOS

A OPINIÃO DE Nuno Venâncio Pereira, Advogado da João Marcelo & Associados, Sociedade De Advogados, RL OS NOVOS CRITÉRIOS de despedimento

O Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 602/2013, de 20 de setembro de 2013, veio declarar a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, de algumas das alterações legislativas que o executivo pretendia introduzir no ordenamento jurídico-laboral com a Lei n.º 23/2012, de 25 de junho, em matéria de despedimento por extinção do posto de trabalho e por inadaptação. Com efeito, na modalidade de despedimento por extinção do posto de trabalho a reforma laboral pretendia atribuir à entidade empregadora a faculdade de fixar, casuisticamente, os critérios “relevantes e não discriminatórios” de despedimento, eliminando-se, com essa fórmula vaga e indeterminada, os critérios objetivos e hierarquizados então vigentes, todos relacionados com a antiguidade do trabalhador. Na prática, permitir-se-ia à entidade empregadora a elaboração de critérios de seleção à medida do(s) trabalhador(es) que se pretendesse despedir, o que colidia com o art.º 53º da Constituição, que consagra o direito à segurança no emprego e proíbe os despedimentos sem justa causa.

6 or outro lado, no que toca aos despedimentos por inadaptação, pre- efeito, como não se estabelece o momento ou período a que se deve atender via-se a revogação da norma que impunha à entidade empregadora para o cálculo da onerosidade, nada impede o empregador de aumentar a a obrigação de, antes de despedir o trabalhador, provar que que não remuneração de um trabalhador apenas com a finalidade de, em seguida, o Pexistia outro posto de trabalho compatível com as suas qualificações. despedir. Relativamente ao critério da menor experiência na função, cum- Ora, o Acórdão do TC veio consagrar o entendimento de que a impossibi- pre sublinhar o facto de legislador não ter especificado se releva toda a ex- lidade de subsistência da relação laboral não se verifica enquanto existir na periência acumulada pelo trabalhador, mesmo ao serviço de outra entidade empresa um posto de trabalho compatível com a qualificação profissional e patronal ou se é de considerar apenas a experiência adquirida ao serviço com a capacidade prestativa do trabalhador. Consequentemente, o despe- do empregador atual. Por fim, como a antiguidade passa a ser o último dos dimento do trabalhador com fundamento na inadaptação do trabalhador só critérios elegíveis, poderá facilmente despedir-se os trabalhadores mais an- pode ocorrer face à inexistência de um posto de trabalho alternativo. tigos, substituindo-os por novos, previsivelmente com salários muito mais Em resposta ao Acórdão do TC foram agora aprovadas pela Lei n.º baixos, o que promoverá a discriminação, o desemprego de longa duração 27/2014, de 8 de maio, novas alterações ao regime de despedimentos, que e a injustiça social. entraram em vigor no passado dia 1 de junho. Desde logo, foram introdu- Pese embora a definição dos novos critérios, subsistem sérias dúvidas quan- zidos novos critérios hierarquizados que devem ser observados em caso de to à constitucionalidade dos mesmos, dado o seu caráter vago, indetermi- despedimento por extinção do posto de trabalho. Esses critérios são: (1) nado e por conseguinte, passível de subversão. Salvo melhor opinião, os Pior avaliação de desempenho (caso o empregador disponha de um sistema critérios de despedimento, nos termos em que foram enunciados, não re- de avaliação com parâmetros previamente conhecidos pelo trabalhador); tiram ao empregador a possibilidade de seleção arbitrária do trabalhador a (2) Menores habilitações académicas e profissionais (aplicável quando não despedir, continuando a não dar cabal cumprimento à exigência plasmada tenha sido implementado um sistema de avaliação de desempenho na em- no Acórdão do TC onde se consagrou que “só a indicação legal rigorosa de presa ou quando haja um empate na avaliação de trabalhadores); (3) Maior parâmetros condicionantes e limitativos pode impedir a possibilidade de onerosidade pela manutenção do vínculo laboral do trabalhador para a subjetivação da escolha, assegurando, do mesmo passo, um efetivo controlo, empresa; (4) Menor experiência na função; e (5) Menor antiguidade na pelo tribunal competente, da validade do despedimento, considerando a empresa. O novo regime consagra a avaliação de desempenho dos traba- verificação objetiva da motivação e a idoneidade daquela decisão e sua con- lhadores como principal critério de despedimento, relegando para o último sequente legalidade ou ilegalidade.” lugar o critério da antiguidade do trabalhador, que no regime pretérito era o único critério legal previsto. Por outro lado, foi alterada a redação do n.º 4 do artigo 368º, no sentido de restaurar o critério legal de aferição da impossibilidade da subsistência da relação de trabalho pelo facto de não existir outro posto de trabalho compatível com a categoria profissional do trabalhador (exigência que a Lei nº 23/2012 tinha eliminado). “Em síntese, a Lei n.º 27/2014, de 8 de Com a mesma finalidade, repristinou-se a norma constante da alínea d) do maio, visou tornar mais objetivos os art.º 375º do CT, relativa aos despedimentos por inadaptação, renascendo o dever da entidade empregadora não despedir o trabalhador por motivo critérios legais de despedimento. Todavia, de inadaptação quando haja um posto de trabalho disponível e compatível com a sua categoria profissional (substituiu a anterior “qualificação profis- continua a ser concedida uma margem sional”), sob pena de ilicitude do despedimento. de discricionariedade às empresas que se Em síntese, a Lei n.º 27/2014, de 8 de maio, visou tornar mais objetivos os critérios legais de despedimento. Todavia, continua a ser concedida uma nos afigura incompatível com o princípio margem de discricionariedade às empresas que se nos afigura incompatí- vel com o princípio da segurança no emprego e com a proibição dos des- da segurança no emprego e com a pedimentos sem justa causa. Essa discricionariedade existirá, desde logo, proibição dos despedimentos sem justa em demasia, na criação do tal sistema de avaliação de desempenho, que competirá às empresas. O legislador deveria concretizar melhor os parâme- causa. Essa discricionariedade existirá, tros a observar pela entidade empregadora na conceção de tal sistema, de modo a garantir a sua objetividade, rigor, transparência e imparcialidade. desde logo, em demasia, na criação do Em segundo lugar, como a esmagadora maioria das empresas portugue- sas, não terá, presentemente, qualquer sistema de avaliação de desempenho, tal sistema de avaliação de desempenho, aplicar-se-ão, sobretudo, os critérios seguintes. Ora, não tendo o legislador que competirá às empresas. O legislador precisado, quanto ao segundo critério, se deverão prevalecer as habilitações académicas ou profissionais, tal decisão é também deixada ao livre arbítrio deveria concretizar melhor os parâmetros da entidade empregadora, o que poderá prejudicar o trabalhador mais ex- periente mas com menos habilitações académicas. Por outro lado, também a observar pela entidade empregadora não se esclarece se são privilegiadas quaisquer habilitações ou apenas as na conceção de tal sistema, de modo habilitações relevantes para o exercício da profissão. Por sua vez, o critério da maior onerosidade pela manutenção do vínculo laboral do trabalhador a garantir a sua objetividade, rigor, permitirá a uma empresa despedir um trabalhador em igualdade com outro trabalhador em relação aos dois primeiros critérios, com fundamento no transparência e imparcialidade” seu custo salarial para a empresa. Este critério é facilmente manipulável e, por conseguinte, suscetível de potenciar situações de arbitrariedade. Com

7 BREVES

Discovery Fund e Six Senses Hotels Profissionais de saúde investem no Aquapura Douro Valley debatem soluções O fundo de gestão para combate à dor de ativos imobiliários turísticos Discovery Fund e o grupo de hotelaria Six Senses Hotels Resorts & Spa vão assumir a gestão e investir no Aquapura Douro Valley, em parceria com o Fundo Revitalizar Norte. As empresas indicam em comunicado que vão assumir a gestão da O Fórum Futuro 2014, iniciativa formativa dirigida a profissio- unidade hoteleira de cinco estrelas no Vale do Douro, e investir na nais de saúde, vai decorrer nos próximos dias 21 e 22 de junho, revitalização do hotel, em parceria com o Fundo Revitalizar Norte. no Hotel Lagoas Park, em Oeiras. Os fundos Revitalizar são instrumentos de capital de risco destinados sobretudo a pequenas e médias empresas de boa saúde financeira. Têm uma dotação global de 220 milhões de euros (80 A ética e o tratamento da dor é um dos temas em destaque no milhões só para a zona norte do país), assegurado em 50% pelo primeiro dia desta iniciativa que pretende falar sobre a inovação Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e em 50% na saúde e perspetivas de futuro no diagnóstico e tratamento por sete instituições bancárias. da dor. A complexidade na gestão da lombalgia crónica e a dor Para o responsável da Discovery Fund, Pedro Seabra, a assinatura na osteoartrose e envelhecimento finalizam o debate no dia 21 deste contrato “representa um marco para a hotelaria em Portugal, de junho. O dia 22 de junho será dedicado à necessidade de colocando-nos na primeira divisão dos destinos de luxo, valorizando abordagem da dor com base nos seus mecanismos. o Turismo do Vale do Douro e de Portugal. Vamos investir numa Em Portugal, a dor crónica afeta mais de 30 por cento dos adultos renovação profunda deste excelente ativo, em parceria com o portugueses. É uma situação de dor persistente que se não for fundo Revitalizar Norte e acreditamos que o resultado vai ser a tratada de modo adequado, poderá afetar gravemente a qualidade excelência que esta deslumbrante região merece”. de vida das pessoas e pode levar à incapacidade para o trabalho.

EVENTOS

“BUSINESS LAW FÓRUM” em Lisboa

O “Business Law Fórum” anual da UIA - Union Internationale des Avocats, terá lugar nos dias 20 e 21 de junho de 2014, em Lisboa no Centro Cultural de Belém.

O seminário será subordinado ao tema “Reestruturação das empresas: fusões e aquisições”, com enfoque nas oportunidades que os mercados emergentes oferecem como participan- tes dessas reestruturações. O painel de oradores é composto por personalidades que se têm destacado nas mais diversas áreas. A sessão de abertura fica a cargo da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, de Ste- phen L. Dreyfuss, presidente da UIA, e de Mária Antónia Cameira, presidente do Comité Nacional da UIA. O fórum conta com o apoio da Ordem dos Advogados (OA) e com a parceria da PwC e das sociedades de advogados Cameira Legal, PLMJ, Abreu Advogados, Vieira de Almeida & Associados e SRS Advogados.

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DIREITO & JUSTIÇA

PORTUGAL/BRASIL – Pontes para o desenvolvimento comum

“O nosso escritório, com atuação abrangendo todo o território de ambos os países, tem por missão abrir as portas e estabelecer estas pontes para o desenvolvimento comum”, revela Eduardo Dantas, Sócio Sênior do escritório Eduardo Dantas Advocacia & Consultoria, Advogado no Brasil e Portugal e Vice-Presidente da World Association for Medical Law, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde percebemos que as relações bilaterais entre Portugal e o Brasil são profundas, mas muito mais pode ser feito em prol de ambos os países.

meada pelo protecionismo. O correto assessora- mento legal é imprescindível. Tal como Portugal vive atualmente uma crise económica muito profunda, o Brasil também já passou por essa experiência, entre 1998 e 1999. Mas, deu a volta por cima, com a implementação de reformas estruturais muito intensas. Na sua opinião, o que é preciso fazer para que Portugal siga as mesmas pegadas? Há que se esclarecer que em termos de reformas estruturais, o Brasil vive um período de retroces- so preocupante. Corrupção em diversos níveis, e a mais alta carga tributária do planeta, de entre outros problemas, ameaçam muito do que foi feito. Para Portugal, penso que a receita deve passar pelo fortalecimento do comércio interno, focando os seus pontos fortes, como o turismo, Eduardo Dantas serviços de tecnologia, pesca e a reconstrução do parque industrial.

Há mais de 15 anos que o escritório Eduardo Dan- gerar, aos poucos, especialistas em diversas áre- Atualmente existem cerca de 650 empresas por- tas Advocacia & Consultoria se dedica à vertente as de atendimento. De que forma é importante a tuguesas a operar no Brasil, um número bastante do direito em saúde, destacando-se pelo seu ele- área da saúde no domínio do direito? Existe aqui superior quando a situação se inverte. Como jus- vado profissionalismo. O que faz deste escritório uma missão quase de interesse social? tifica estes dados? O Brasil oferece melhores con- um parceiro privilegiado? Sem dúvida. Profissionais mais conscientes de dições às empresas estrangeiras do que Portugal? Um elevado nível de especialização, experiência, e suas obrigações legais, entidades hospitalares mais O Brasil oferece um mercado consumidor cerca foco. Esse trinómio, aliado à seriedade e compro- preocupadas com os aspetos éticos e jurídicos de de vinte vezes maior que Portugal. Isso fortalece misso com o cliente, que é atendido de manei- sua atuação, geram um sistema de saúde mais pre- a possibilidade de expansão, e justifica muito do ra personalizada, tem sido a chave do constante parado, que acaba por ser um benefício para toda a movimento visto nos últimos anos, neste senti- crescimento e internacionalização ao longo dos população, para todos nós, que somos ou seremos do. As possibilidades de prosperar num merca- anos, estabelecendo parcerias sólidas e confiáveis. utentes um dia. O direito da saúde tem implica- do substancialmente maior superam inclusive as ções diretas e incontornáveis por diversos outros barreiras burocráticas e a alta (e insana) regula- Porquê esta aposta no domínio do direito em ramos, como o direito das obrigações, dos contra- mentação do mercado. saúde? Que análise perpetua desta área no Bra- tos, da família, do consumo e de sucessões. sil? Que lacunas ainda são identificáveis? De um Acredita que Portugal e o Brasil, sendo dois pa- modo geral, quais são as principais dúvidas que Cada vez mais, para um empresário, a internacio- íses considerados irmãos, estão a atravessar um vos são apresentadas? nalização é o caminho a seguir. Qual tem sido o “período mágico” em termos relacionais? De que O maior desafio – e portanto, o maior incenti- papel deste escritório de advogados? Que tipo forma o Brasil, com um lugar cativo no cenário vador – para a atuação no campo do direito da de acompanhamento é feito nestas situações? É económico internacional, pode ajudar Portugal a saúde é justamente o facto de ser este um direito neste campo que «entra» mais a vossa vertente de ultrapassar este período conturbado? em construção. As ciências da saúde e a bioética consultoria? Em termos estratégicos, não poderia haver par- tem evoluído de maneira acelerada, modifican- A nossa atuação ocorre, nomeadamente, no âm- ceiros melhores. Ambos os países são porta de do costumes, expectativas, e o comportamento bito da consultoria preventiva, e no atendimento entrada para mercados inexplorados. É preciso da sociedade, que busca no direito a regulação integral das necessidades de nossos clientes em- aprofundar a relação cada vez mais, em todos destas novas demandas. A ausência de legislação presariais ligados ao ramo da saúde. Impossível os níveis. E penso que estamos a contribuir com (ou mesmo de respostas possíveis) no campo do pensar em atividades de saúde sem considerar a este propósito. direito biomédico cria a demanda por uma atu- internacionalização. E é justamente aí que pas- ação cada vez mais especializada. Os casos que samos a exercer um diferencial, com a expertise Para concluir, que desafios se colocam, no futuro, nos chegam, da má prática à gestão de riscos construída em ordenamentos jurídicos transna- ao relacionamento entre dois países unidos por legais, do direito da indústria farmacêutica ao cionais. laços culturais muito fortes? Qual será o posicio- planeamento tributário das sociedades hospita- namento do vosso escritório? lares, envolvem dramas humanos da mais elevada No momento em que uma empresa externa opta Os desafios ainda são muitos. Há que se esque- importância, e possuem um impacto económico por explorar o seu negócio no mercado brasileiro, cer as diferenças e focar nos objetivos comuns. O de dimensões continentais. o que importa saber, em termos legais? nosso escritório, com atuação abrangendo todo Em termos francos, o empreendedor externo o território de ambos os países, tem por missão Atualmente, o Direito no Brasil passa por um pro- precisa de perceber que ingressa numa selva de abrir as portas e estabelecer estas pontes para o cesso de aperfeiçoamento profissional que está a burocratização e armadilhas legais, por vezes per- desenvolvimento comum.

10 DIREITO & JUSTIÇA

“PORTUGAL É UM PARCEIRO estratégico para as empresas brasileiras”

Com uma ampla atuação a nível internacional, o escritório André Elali Advogados é reconhecido por uma especializada atividade na área de fusões e aquisições de empresas, sendo, desde 2007, sistematicamente homenageado como uma das empresas mais respeitáveis no mercado corporativo brasileiro. Numa conversa onde não foi esquecida a relação frutuosa entre Portugal e o Brasil, a Revista Pontos de Vista falou com André Elali, sócio deste escritório, e procurou conhecer melhor uma organização que se tem destacado pela sua atuação em questões complexas e por ser o braço direito de muitas empresas em negócios pontuais.

André Elali

Há mais de dez anos que o escritório André Ela- O escritório é atualmente responsável pela es- Atualmente, existem cerca de 650 empresas li Advogados se dedica à advocacia corporativa, truturação de joint ventures entre fundos e portuguesas a operar no Brasil, um número destacando-se pelo seu elevado profissionalis- investidores estrangeiros com empresas brasi- bastante superior quando a situação se inverte. mo. A partir de 2007, a empresa tem sido todos leiras, especialmente nos mercados de energia, Como justifica estes dados? O Brasil oferece me- os anos reconhecida como uma das mais respeitá- real state, hotelaria e no mercado industrial. O lhores condições às empresas estrangeiras do veis no mercado corporativo brasileiro. O que faz acompanhamento do escritório abrange desde a que Portugal? deste escritório um parceiro privilegiado? elaboração de termos de confidencialidade, re- Acredito que o Brasil não oferece melhores con- Na verdade o escritório posicionou-se de modo alização de due diligente reports, planeamento dições. Acredito que o Brasil tem um mercado estratégico no mercado corporativo brasileiro, fiscal, obtenção de licenças de operação e forma- muito grande para vários negócios que na Eu- desenvolvendo-se através de uma equipa profis- lização de contratos. Temos atualmente mais de ropa ainda permanece uma grande concorrência sional e qualificada e com uma visão pragmática 3000 investidores de fora do Brasil representados com empresas alemãs, inglesas e de outros países. da advocacia. Ao todo temos, hoje, a maior parte pelos nossos profissionais, com investimentos re- Acredito que Portugal apresenta grandes opor- dos sócios e associados com pós-graduação (Es- alizados em empresas nacionais e locais. tunidades, mas como é um país mais “maduro” pecialização, Mestrado e/ou Doutorado) e com economicamente, não há muito espaço para a uma visão muito atualizada do mercado, do fun- No momento em que uma empresa externa opta especulação, como há no Brasil, tanto no merca- cionamento das políticas de regulação e com um por explorar o seu negócio no mercado brasileiro, do financeiro, extremamente lucrativo, como no bom networking internacional. o que importa saber, em termos legais? setor de imóveis, por exemplo. Que o Brasil é um país com um grande mercado; Desde 2007, a atuação do escritório é também que a tributação não é tão elevada quanto se pro- Acredita que Portugal e o Brasil, sendo dois pa- expressiva na assessoria de empresas e investi- paga, especialmente em certos setores, em que há íses considerados irmãos, estão a atravessar um dores estrangeiros. De um modo geral, quais são incentivos fiscais; que o Brasil protege o investi- “período mágico” em termos relacionais? De que as principais dúvidas que vos são apresentadas? mento de forma eficiente e que inexiste qualquer forma o Brasil, com um lugar cativo no cenário A maioria das dúvidas refere-se à segurança ju- tratamento discriminatório. O Brasil está prepa- económico internacional, pode ajudar Portugal a rídica, à formalização dos negócios e ao ingresso rado para os negócios globais e oferece excelentes ultrapassar este período conturbado? de capitais e a respetiva tributação. O Brasil é oportunidades de investimento. Acredito que Brasil e Portugal devem estreitar os um país ainda burocrático mas isso acaba por laços entre as empresas através de novos acordos gerar externalidades positivas como a proteção Tal como Portugal vive atualmente uma crise comerciais, maior divulgação das oportunidades, de certos bens jurídicos. A tributação dos inves- económica muito profunda, o Brasil também já por meio de Câmaras de Comércio e agentes timentos é muito competitiva em comparação passou por essa experiência, entre 1998 e 1999. económicos estruturadores. As empresas brasi- com outros Estados, o sistema de registro de Mas, deu a volta por cima, com a implementação leiras devem fomentar mais negócios na Europa câmbio é extremamente eficiente e os negócios de reformas estruturais muito intensas. Na sua tendo Portugal como porta de entrada e local de empresariais estão a ganhar um melhor status opinião, o que é preciso fazer para que Portugal gestão, pelas facilidades logísticas, pela infraes- nos últimos anos. siga as mesmas pegadas? trutura e pela excelência dos serviços locais. Muitas das dúvidas devem-se à divulgação erra- O principal elemento dos Estados Fiscais é o da de como funciona o sistema jurídico e uma controlo da despesa pública, de forma a evitar o Para concluir, que desafios se colocam, no futuro, das grandes qualidades do país é a democracia, impacto da mudança das políticas económicas e ao relacionamento entre estes dois países? que permite a expressão do pensamento de forma sociais por falta de gestão adequada. Portugal é Os desafios estão ligados às políticas económicas abrangente. um país importante logisticamente para todo o dos dois países e da União Europeia. Entendo mundo, com uma infraestrutura excecional. Deve que Portugal é um parceiro estratégico para as Cada vez mais, para um empresário, a internacio- aproveitar os laços comerciais com os Estados empresas brasileiras e o escritório tem um papel nalização é o caminho a seguir. Qual tem sido o Unidos, Brasil, Europa e China para se firmar importante de servir de ponte e estruturar essas papel deste escritório de advogados? Que tipo de como um centro logístico e de gestão das em- alianças que são extremamente eficientes para acompanhamento é feito nestas situações? presas globais. todos os envolvidos nesse “processo”.

11 UMA SOCIEDADE DE OFTALMOLOGIA DINÂMICA E INOVADORA TAPER – UM PARCEIRO INOVADOR “A Taper está preparada para acompanhar o desenvolvimento da ciência e da saúde, com uma grande abertura para o trabalho em rede, em que as nossas competências possam ser importantes”, afirma José Cunha, Diretor Geral do Grupo Taper, Lda, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Mais do que uma marca, o Grupo Taper é hoje o paradigma da inovação e da evolução no domínio da Oftalmologia.

O Grupo Taper venceu o concurso promovido pela que no curto prazo é frequentemente esquecida, Universidade Nova de Lisboa para o fornecimen- muito em parte devido aos constrangimentos fi- to de um microscópio de super resolução. Quais nanceiros existentes. Na área da saúde e da in- as principais particularidades deste microscópio? vestigação a Taper tem sentido uma diminuição É um microscópio que combina objetivas óticas e da atividade desde 2011. Na área da análise de em vez de utilizar luz branca, usa lasers e deteto- alimentos tem existido um ligeiro crescimento. res permitindo a visualização de nano estruturas até 20 nanómetros, ou seja uma dimensão igual a Poderá dar um exemplo concreto de um caso em um milímetro dividido em 50.000 partes iguais, que os rastreios e a deteção precoce ao não serem permitindo a visualização de estruturas no nú- realizados prejudicam os resultados e os custos cleo das células. futuros ? No caso dos diabéticos, doença que está a aumen- Qual a mais valia da Taper para os seus clientes e tar a um ritmo preocupante em todo o mundo, foi quais as suas áreas de atuação ? recentemente comprovado que muitas doenças A experiência adquirida ao longo de mais de da retina se iniciam na periferia da retina. A sua vinte anos na área da ótica e da optoelectróni- deteção precoce permitiria um tratamento mais ca permite-nos oferecer as melhores soluções e simples e evitaria as complicações consequentes serviços nas áreas da microscopia, da espectro- do desenvolvimento da doença, que muitas vezes fotometria, da endoscopia e da micro-cirurgia, é detetada já em estádios que comprometem a que são complementadas por uma oferta abran- visão e que em casos extremos podem levar à sua gente na área dos anticorpos, biologia molecu- perda, mesmo recorrendo a intervenções compli- lar, implantes e sistemas de deteção rápida. Para cadas e dispendiosas. Atualmente em Portugal conseguirmos atingir este objetivo obtivemos José Cunha apenas existem três locais com capacidade para a certificação dos fabricantes mais inovadores realizar este diagnóstico. no mercado, destacando entre outras a Biole- gend, Huvitz, Konan, Molecular Devices, Mo- Quais os principais desafios que se colocam à Ta- maior trabalho de I&D e quais os principais resul- ria, Ocular, Optos, Optomic, Thermo, Visionix, per e o que é que podemos esperar nos próximos tados obtidos? Wolf, Zeiss e mais recentemente o desenvolvi- tempos? mento e fabrico de pipetas próprias com a marca A área em que tem sido desenvolvido um maior A Taper está preparada para acompanhar o de- taper-easy. A nossa maior preocupação é a de trabalho de I&D tem sido a de investigação em senvolvimento da ciência e da saúde, com uma conseguirmos oferecer uma solução com resul- que colaboramos com universidades, centros de grande abertura para o trabalho em rede, em que tados comprovados de forma completa. Pen- desenvolvimento e investigação e outras empre- as nossas competências possam ser importantes. samos que estes fatores, em combinação com sas. O sucesso tem sido comprovado pelos pré- Até há pouco tempo os hospitais e as universi- uma assistência técnica certificada, asseguram o mios que os investigadores com quem colabora- dades tinham o Orçamento Geral do Estado a rigoroso cumprimento das especificações e que mos têm obtido a nível internacional. financiar a inovação. Como atualmente não há são os fatores que os nossos clientes mais valori- dinheiro, o financiamento tem de vir do exterior zam. As áreas de atuação da Taper, em Portugal, Qual tem sido o principal impacto da atual con- e as instituições têm de procurar novas formas de situam-se nos domínios da ciência e da saúde, juntura económica na prevenção de doenças? financiamento através de projetos internacionais. cobrindo três áreas: a análise de alimentos, o Com a crise, o acesso a tratamentos acaba por fi- A Taper está preparada para colaborar através das diagnóstico e tratamento de doenças através da car em segundo plano? De que forma isso se tem áreas em que está especializada contribuindo com mínima invasão e a investigação. refletido na atividade da Taper? a tecnologia necessária. Com a atual crise os projetos de rastreio de doen- Encaramos os novos tempos como uma opor- Qual a presença da Taper noutros países e em que ças têm sido diminuídos ou eliminados, o que sem tunidade. Pensamos também crescer através das áreas ? dúvida prejudica a sua deteção precoce e complica técnicas de mínima invasão que em muitos casos A Taper está presente em Espanha nas mesmas o tratamento posterior. Uma vez que a deteção podem substituir as técnicas convencionais, com áreas, bem como nas vertentes da prevenção da precoce não é efetuada nos moldes que a ciência uma importante economia de recursos e ganhos doença através dos ginásios com a marca Vidin recomenda os tratamentos mais simples não são de saúde para os doentes. É simultaneamente e na área da hemodiálise com seis clínicas com a efetuados e ao serem arrastados para fases mais uma oportunidade, nomeadamente através do marca Asyter. desenvolvidas das doenças são muito mais caros programa horizonte 2020 e um desafio, porque e com resultados muito piores. É uma economia implica uma mudança de mentalidades das insti- Quais as áreas em que tem sido desenvolvido um da saúde que só se sente a médio-longo prazo e tuições e das pessoas que as compõem.

12 TEMA DE CAPA

A QUALIDADE DE VIVER onde tudo acontece

Do latim “Domus” que, em português, significa “casa”, a 100DOMUS fez jus à palavra e nasceu, há cerca de oito meses, para dar uma resposta continuada a quem procura qualidade de viver onde tudo acontece. E tudo acontece na Baixa do . Quer seja na Rua das Flores, na Rua de Cedofeita ou na Rua Alexandre Braga, esta empresa de mediação imobiliária tem uma equipa qualificada, dispersa por estas três lojas estrategicamente posicionadas no centro da cidade portuense, que acompanha o cliente até ao momento da escritura do imóvel. “Quando vendemos uma casa, vendemos um acompanhamento completo, o que numa imobiliária dita normal não acontece”, afirmou Pedro Soares, um dos sócios da empresa. Encontrar a casa dos seus sonhos, com aquele pormenor que sempre imaginou, já é possível e pode demorar menos de um mês!

nebriados pela alma portuense e pela Mas tudo começa por saber ouvir o cliente. beleza do seu edificado, temos como “Precisamos de saber o que é que pretende, que nossos principais propósitos a reabi- orçamento tem, que tipologia procura, tipo de “Quando vendemos uma casa, vendemos “Ilitação desta cidade, fazendo com que acabamentos, se quer um imóvel traça antiga ou um acompanhamento completo, o queira vir viver connosco no centro do Porto”. construção normal contemporânea. O cliente é É deste modo que a 100DOMUS se dá a co- que nos dá informação do que procura porque que numa imobiliária dita normal não nhecer, através de uma pequena viagem pela se assim não for em vez de serem duas ou três acontece. Na maior parte dos casos, eles história do Porto, remontando ao reinado de semanas de visitas, estamos a falar de meses”, D. Pedro IV. No final garante ser o paradigma evidenciou Pedro Soares. Aqui, a 100DOMUS fazem o contrato de promessa de compra de um modo inovador de trabalhar o mercado apresenta uma vantagem competitiva: “temos e venda e a relação com o cliente acaba. imobiliário, “em que o local e você são extra- algo em bruto. Basta dizerem o que querem. À Mas o trabalho real é o pós contrato de ordinariamente especiais”. Mas, para que tal partida, conseguirei arranjar um imóvel que cor- aconteça, a 100DOMUS deixa o convite: “fale responda a essas expetativas mas tudo depende promessa, é acompanhar o cliente com a connosco”. A Revista Pontos de Vista aceitou do orçamento disponível”, adiantou o mesmo. máxima regularidade e sempre que ele e foi conhecer uma empresa que, com apenas Para José Ferreira, por vezes, dizer o que não se cerca de oito meses de existência, já tem con- quer já é suficiente. E, na generalidade, o que sinta essa necessidade” quistado o seu reconhecimento no mercado da é que um cliente não quer? “Normalidade” res- PEDRO SOARES mediação imobiliária. pondeu de imediato. “O normal está sobreva- Hoje, com uma média de 35 imóveis vendidos lorizado. Neste momento, as pessoas procuram por mês, mais de 90% dos quais derivados do algo diferente, um algo que possam personali- mercado reabilitado, a 100DOMUS tem con- zar”, respondeu José Teixeira. Tal como é ca- quistado a confiança de “quem procura a qua- racterístico de um trabalho de parceria, Pedro e agradável”. Uma das características do urba- lidade de viver onde tudo acontece”, não fosse Soares completou a ideia do sócio: “o nosso nismo pós moderno é precisamente o cuidado este o lema desta equipa. Mas não tem sido cliente quer algo que não consegue encontrar no com a preservação da alma da cidade e, para José apenas a qualidade que imprime em cada proje- mercado em situações normais. Quem procura Teixeira, a preocupação é precisamente essa. “A to que diferencia esta empresa de tantas outras imóveis no centro histórico, não está à procura 100DOMUS procura dar alguma coisa que o que atuam no mercado da mediação imobiliária. de grandes áreas mas sim de algo confortável reporte à história”. Estamos a falar do tipo de acompanhamento prestado. “Quando vendemos uma casa, vende- mos um acompanhamento completo. Na maior parte dos casos, fazem o contrato de promes- sa de compra e venda e a relação com o cliente acaba. Mas o trabalho real é o pós contrato de promessa, é acompanhar o cliente com a má- xima regularidade e sempre que ele sinta essa necessidade”, explicou Pedro Soares. Assim, desde o primeiro momento em que o cliente entra em contacto com esta equipa, é feito um levantamento dos seus objetivos, parte-se para o terreno em busca da “casa perfeita” e só no Rua de Cedofeita Rua das Flores momento da escritura a missão fica cumprida.

Rua Alexandre Braga Rua de Cedofeita Rua das Flores

13 TEMA DE CAPA

“O normal está sobrevalorizado. Neste momento, as pessoas procuram algo diferente, um algo que possam personalizar” JOSÉ TEIXEIRA

“ESTE NEGÓCIO SÓ FUNCIONA COM PESSOAS” A experiência no mercado imobiliário já remonta a muitos anos. Pedro Soares acredita que a grande diferença desta equipa, composta por 22 pessoas dispersas pelas três lojas, está na formação e no co- nhecimento em obra. “Temos arquitetos a apoiar o departamento comercial, por exemplo. São pesso- as que trabalham há muito tempo nesta área e que conseguem explicar ao cliente o tipo de obra que está a ser feito, a evolução, os materiais utilizados. No fundo, mostram o produto e ajudam o cliente a definir uma ideia”, afirmou. Orgulhando-se de terem criado uma equipa forte, José Teixeira acre- dita que “este negócio só funciona com pessoas” e, neste caso, são pessoas com um profundo conheci- mento do mercado imobiliário da baixa do Porto. E o que é preciso ter para fazer parte desta equipa? “Vontade de trabalhar e de aprender. Não é preciso ter formação em nenhuma área específica, basta querer saber mais e, quando vão a um edifício an- tigo fazer uma angariação, têm que ter a visão para desenhar um projeto para um cliente que já têm em carteira”, respondeu Pedro Soares. EM OITO MESES, TRÊS LOJAS NO CENTRO DO PORTO No passado mês de maio, a 100DOMUS concluiu o seu “triângulo estratégico desenhado na topo- grafia do centro da cidade do Porto”. À Rua de Cedofeita, juntaram-se duas novas lojas na Rua das Flores e na Rua Alexandre Braga, em frente ao incomparável Mercado do Bolhão. “São locais por onde passam muitas pessoas e, assim, conse- guimos passar a nossa mensagem. A 100DOMUS existe há apenas oito meses e as pessoas já reco- nhecem a marca”, afirmou Pedro Soares. Mesmo trabalhando com outros empreendimentos, o su-

Alteração à legislação da eficiência energética dos imóveis Se, no passado, era obrigatório apresentar o documento de certificação energética somente aquando da transação comercial (venda ou arrendamento), a partir do passado mês de dezembro, o cenário é outro. Desde o momento zero, essa informação deve ser co- municada nos anúncios comerciais. Esta será uma responsabilidade partilhada entre o pro- prietário e o mediador imobiliário, sendo que, em caso de incumprimento, a multa poderá ir até aos 45 mil euros (aproximadamente) no caso de pessoas coletivas. Já os certificados podem ter um custo bastante significativo, mediante a empresa que o passa e a dimensão do imóvel. Por um lado, estes certificados estabelecem até que ponto a casa é eficiente mas é também uma forma de serem propostas melhorias para aumentar a poupança em termos de energia.

14 cesso da insígnia 100DOMUS a muito se deve ao centro histórico e é por isso aqui que a empresa tem concentrado a sua comunicação. Como se ex- plica este triângulo? A loja do Mercado do Bolhão “posiciona-se na área da baixa que, desde início, foi primordial para nós e está numa zona que tem como limites a Avenida dos Aliados a poente e Bonfim/Campanhã a nascente”, explicou Pedro Soares. Já a nova loja da Rua das Flores permite à empresa criar “um ponto em pleno centro histó- rico que é Património Mundial da Humanidade e estratégico na credibilização e afirmação do nome 100DOMUS”, acrescentou o mesmo responsável. Nestas lojas encontrarão “uma equipa formada e educada, com vontade de ajudar, jovem e que, além da parte financeira, adoram acompanhar os clien- tes e comunicar. Com uma ideia e uma vontade, eles tentam encontrar o produto certo que satisfa- ça o cliente”, garantiu Pedro Soares. Para o futuro a 100DOMUS não esconde o desejo de abrir no- vos espaços mas tudo será feito a seu tempo e com as parcerias adequadas. DESEMPENHO ENERGÉTICO NOS ANÚNCIOS COMERCIAIS Com a entrada em vigor, no final do ano passado, de uma nova legislação sobre eficiência energética dos edifícios que obriga a que em qualquer anúncio comercial a classe de certificação do imóvel esteja mencionada, a Revista Pontos de Vista procurou conhecer a opinião dos nossos entrevistados sobre um assunto que tem gerado algum desconforto no setor. Admitindo que se trata de uma medida bem pensada mas mal implementada, José Teixeira acredita que se deve, em primeiro lugar, conhecer as necessidades do mercado, nomeadamente o da reabilitação e olhar para cada caso de um modo muito particular. “As pessoas têm um profundo desconhecimento. Existe uma legislação para a re- abilitação e outra para a construção nova e o que está a acontecer é que em alguns pontos colidem”, defendeu. Por isso, esta medida está bem pensada mas o timing e a forma como está a ser colocada no terreno não são, para José Teixeira, os mais adequa- dos. Além disso, para os nossos entrevistados, outra questão importante reside no facto de o mediador ter de controlar e desempenhar o papel de “polícia” ou “fiscal”. Já pelo lado do comprador, o interesse dos seus clientes pelo desempenho energético do edifício tem sido crescente, o que, para José Tei- xeira, é uma boa notícia. Mas importa perceber o mercado, estar no terreno e ter em atenção a forma como se implementam estas medidas. Perante os desafios que o mercado da mediação imobiliária terá de enfrentar, a 100Domus está preparada para continuar a afirmar-se como um parceiro ideal para quem procura viver onde tudo acontece.

“O nosso cliente quer algo que não consegue encontrar no mercado em situações normais. Quem procura imóveis no centro histórico, não está à procura de grandes áreas mas sim de algo confortável e agradável” PEDRO SOARES

15 AUTARQUIAS - DIFERENCIAÇÃO

PAREDES DE COURA: Agilidade e Estratégia

No concelho de Paredes de Coura existem dois parques industriais, o de Castanheira e o de Formariz. A instalação da Kyaia – indústria de comércio e calçado que produz os famosos modelos da marca Fly London, de elevada projeção internacional - contribuiu positivamente para tal. O setor automóvel é também um setor estratégico para o concelho. Além da empresa Doureca, especializada nos campos da decoração e proteção dos automóveis, que emprega 142 trabalhadores e teve um volume de negócios em 2013 de 8 milhões de euros, o município acompanha no presente a implantação, em Paredes de Coura de uma nova empresa, a MGI – Coutier Lusitânia que será responsável pela criação de mais 80 postos de trabalho. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, o Presidente da Câmara, Vítor Paulo Pereira, afirma que o seu grande objetivo é captar investimento para o concelho. Acredita que para o fazer a Câmara Municipal tem de ter velocidade institucional e acompanhar o ritmo dos empresários. É essa postura de ousadia e dinamismo que tem assumido enquanto edil da Câmara de Paredes de Coura.

ara o autarca, “não nos podemos estar no desenvolvimento da economia de Paredes de sempre a refugiar no discurso da interio- Coura. Para Vítor Paulo Pereira, “apesar de viver- ridade” e exemplifica: “Paredes de Coura mos num território de minifúndio, penso que há Pera, porventura, no Alto Minho, o con- futuro também na agricultura”. Por essa razão, “es- celho onde à partida seria mais difícil de surgir tamos a apostar em projetos agrícolas inovadores”. um projeto cultural e musical como o Festival de Na opinião do autarca, “o que é preciso é atrair Paredes de Coura. Mas foi aqui que ele nasceu! projetos interessantes, capazes de dinamizar, es- Não pela geografia, que era adversa, mas pelo timular e mudar até a mentalidade das pessoas. capital humano, pelas pessoas que têm antes Hoje é muito difícil aliciar os jovens a envere- de mais que ser criativas e ousadas e não terem darem por um projeto agrícola mas se existirem medo de perder o equilíbrio nem que seja mo- casos de verdadeiro sucesso podemos ter a cer- mentaneamente”. teza que o espirito de investir contagiará muita Foi aliás o próprio Vítor Paulo Pereira que reto- Vítor Paulo Pereira gente. Cria-se uma nova imagem de dinamismo mou o Festival Paredes de Coura no início dos que poderá motivar o sucesso dos outros. É esse o anos 90, sendo sócio fundador da Ritmos, em- trabalho que temos que fazer aqui na câmara de presa que organiza o festival. Com pouco mais de “AS CÂMARAS MUNICIPAIS TÊM DE TER Paredes de Coura porque esse é o maior desafio 40 anos, traz à autarquia a jovialidade e o arrojo VELOCIDADE INSTITUCIONAL” do concelho. Não só deste concelho mas de todos. necessários para dinamizar o concelho e atrair Paredes de Coura é hoje um concelho com capa- Este é o grande desafio do país: fixar os jovens investimento. cidade instalada em determinadas áreas industriais qualificados”. graças a uma compreensão do tempo dos empre- Vítor Paulo Pereira terminou esta conversa com um “QUEM NÃO APOSTAR NA DIFERENCIAÇÃO sários. “O que querem hoje os empresários? Res- alerta: “a formação é essencial e se o governo cair NÃO CONSEGUE SOBREVIVER” postas rápidas e agilidade! As câmaras que conse- na tentação de cortar na formação iremos perder Segundo o edil da câmara de Paredes de Cou- guirem dar respostas rápidas e eficazes acabarão muito”. E aproveita para deixar claro que “o grande ra, “temos que ser diferentes por dois motivos: por captar o reconhecimento dos empresários e salto que Portugal deu do ponto de vista educacio- ou por convicção ou por necessidade. Temos que terão maior capacidade de criar emprego do que nal foi dado em todo o país. Os territórios do inte- construir modelos alternativos de desenvolvi- aquelas que criam gabinetes de captação de inves- rior e de baixa densidade já não estão associados ao mento, caso contrário as terras acabarão por mor- timento mas depois, no terreno, não se vê nada. Os analfabetismo como antigamente. Pelo contrário, rer lentamente. Eu acho que se for por convic- gabinetes de captação de investimento têm que ser hoje dão muitos contributos ao país e têm muita ção as coisas serão mais fáceis porque quem for bem pensados, não basta criar incubadoras e seguir massa crítica. Não são apenas Lisboa e o Porto a reboque terá mais dificuldades. Só uma pessoa a moda do empreendedorismo. É preciso também que têm capacidade de gerar pessoas cultas e com visionária como o senhor Fortunato (Fly Lon- valorizar a tradição e o conhecimento antigo e capacidade empreendedora. A visão de associar o don) poderá ter a coragem de investir numa terra transformar isso em algo moderno, com ligação às conhecimento e a inteligência aos grandes centros é que não tinha nenhuma tradição na indústria do novas tecnologias. Muitas vezes, temos que alicer- provinciana. Já não vivemos no Portugal pitoresco e calçado; hoje vemos o retorno da sua ousadia. E é çar o desenvolvimento naquilo que é nosso e não rural do século XIX, já não pertencemos ao país das graças às pessoas que lideraram e lideram grupos querer competir no plano global, seja a nível da vilas afastadas, queremos fazer parte de um Portu- empresariais como a Fly London ou a Doureca gastronomia, agrícola ou industrial”, afirma. gal diferente, não apenas de um Portugal moderno que Paredes de Coura é hoje uma terra com in- porque esse tem sido o nosso mal, e estamos aqui dústria, e isso dá segurança àqueles que queiram “ESTAMOS A APOSTAR EM PROJETOS prontos para o futuro, quer acreditem na sincerida- investir cá, uma vez que existe tradição, conheci- AGRÍCOLAS INOVADORES” de das nossas palavras ou não. Estamos preparados mento e tecnologia”. A agricultura tem também um papel importante até para essas adversidades citadinas”. AUTARQUIAS - DIFERENCIAÇÃO

JÁ CONHECE Ponte da Barca?

É em pleno coração do Alto Minho que se localiza o concelho de Ponte da Barca. Uma vila morena, de granito talhada, com construções apalaçadas onde vivem tradição e modernidade, podendo sentir-se o cheiro do progresso. Os louros dessa modernidade devem-se às suas gentes e, em muito boa parte, ao seu edil, António Vassalo Abreu, que assumiu no ano passado o terceiro mandato. Natural de Esposende, o autarca iniciou o seu percurso político em Paredes de Coura, onde viveu durante 16 anos e onde fez parte da organização do primeiro festival de Paredes de Coura. Depois de alguns anos afastado da vida política, em 2005, candidatou-se à Presidência da Câmara de Ponte da Barca pelo Partido Socialista, foi eleito e mantém o cargo até hoje. A Revista Pontos de Vista foi entrevistá-lo. O Turismo no concelho foi o grande tema desta conversa.

onte da Barca é um verdadeiro paraíso loca- produtos locais, artesanato e exibição espontânea lizado no interior do Alto Minho, às portas de danças e cantares. Já às quintas-feiras à noite, do Parque Nacional da Peneda Gerês. Um realizam-se semanalmente as sessões denominadas Pconcelho montanhoso, na margem esquerda de “Quintas na Barca”. Vai já na quinta edição este do rio Lima. ciclo de conferências e tertúlias que visa promover Em tempos medievais, a região era conhecida como debates informais sobre temas de importância local “Terra da Nóbrega”. O nome Nóbrega, de provável e global, contando com a participação de concei- origem celta, indica local fortificado. Mais tarde, tuados especialistas em vários domínios, sejam eles Ourigo Ourigues, que tanto quanto é sabido foi o “A Arquitetura Popular e o Território”, o “Desen- primeiro governador da Terra da Nóbrega, edificou volvimento Social e o Empreendedorismo” ou “O o castelo da Nóbrega sobre as ruínas do velho cas- Turismo e Desenvolvimento Regional”. tro, que servia de reduto defensivo da região. Nos António Vassalo Abreu No próximo mês vai ser inaugurado no concelho séculos XII e XIII, o povoamento começa a descer um hotel de quatro estrelas com SPA que certa- às margens dos rios, sendo assim fundada aquela mente originará um aumento do turismo em Ponte que viria a ser a vila de Ponte da Barca, marcada forma de trilhos pedestres ou atividades despor- da Barca já a partir deste ano. A oferta de alojamen- por um cruzamento de dois caminhos de ligação a tivas como BTT. to no concelho tem vindo a aumentar a olhos vistos Santiago de Compostela, um no sentido Norte-Sul, “A localização natural privilegiada de Ponte da de ano para ano. “Nos últimos dois, licenciamos 34 atravessando o rio, e outro no sentido Poente-Nas- Barca tem de ser um incentivo ao desenvolvimento casas de turismo rural e de habitação. De acordo cente, ao longo do rio. A história da vila está intei- turístico deste território. Temos que saber dinami- com a última estimativa, tínhamos, só em casas ramente ligada ao atravessamento do rio Lima. Por zar aquele que considero ser o nosso “petróleo” - o de turismo de habitação e rural, 241 quartos e um essa razão, primeiro foi denominada de Barca, por- Parque Nacional da Peneda - Gerês, para conseguir excelente parque de campismo, o que é excelente que o atravessamento era feito, na época, somente atrair cada vez mais pessoas para esta região do co- num território como o nosso”, orgulha-se António por uma barca e, posteriormente, Ponte da Barca, ração do Alto Minho”, salienta o autarca barquense. Vassalo Abreu. Entre os turistas que mais passam após a construção da sua primeira ponte. Com a Vassalo Abreu reforça que “é uma enorme vanta- por Ponte da Barca, destaque para “os visitantes dos construção da ponte, a localidade reforça também a gem estar, precisamente, no coração do único par- países do norte da Europa”, afirma. sua importância no domínio comercial, constituin- que transfronteiriço, reserva da biosfera declarada Um dos eventos mais atrativos é o festival Folk do um relevante ponto de passagem, centro e eixo pela Unesco. Aliás, em Portugal apenas sete conce- Celta que realizar-se-á, este ano, pela sétima vez, no regional na direção do litoral. lhos o são e cinco são os concelhos que estão loca- fim de semana de 25 e 26 de julho, prevendo-se um No património monumental, a ponte ocupa igual lizados no Parque”, refere António Vassalo Abreu. aumento do público face ao interesse gerado no ano lugar de destaque por se tratar de uma das mais (Exemplo do Gerês e Xurés. Ponte da Barca alberga passado. A edição anterior movimentou à volta de 5 importantes pontes medievais do país da primeira a Porta do Lindoso - por onde passaram, nos pri- mil pessoas, um crescimento de mais de 40% face a metade do século XV. Pelo concelho, é possível en- meiros dois anos mais de 50 mil visitantes, tendo 2012, ao qual assistiram cerca de 3500 espectadores. contrar casas senhoriais, o Castelo e os Espigueiros cerca de 20 mil descido ao fundo da barragem do O festival decorre na praça Terras da Nóbrega, jun- do Lindoso, a Igreja Matriz, o Pelourinho, o Mer- Alto Lindoso, mercê de um acordo com a EDP e to às margens do rio Lima. Para a Câmara de Ponte cado Pombalino, as Igrejas dos Mosteiros de Bra- que usufrui de uma biodiversidade invejável e mui- da Barca o grande objetivo é transformar o conce- vães, Crasto e Vila Nova de Muía. to apreciada pelos amantes da natureza. Na mata do lho na “capital da cultura celta”. O concelho tem Cabril, por exemplo, há azevinhos únicos no mun- forte ligações a esta cultura e, por isso, “há mesmo UM CARTÃO DE VISITA EM TONS DE VERDE do que precisam de sete pessoas para os abraçar). quem defenda que os celtas não vieram de lá para Não menos importante que o património monu- O epicentro é, obviamente, o Parque Nacional da cá mas foram sim de cá para lá”, refere o autarca. mental é o património natural do concelho. Cerca Peneda Gerês, mas a ideia é complementar esta Com mais tradição e por isso considerada mesmo de metade do concelho faz parte do território do experiência com a diversidade e riqueza cultural, a mais genuína romaria do Alto Minho, destaque Parque Nacional da Peneda-Gerês e, por essa ra- patrimonial e gastronómica de cada um dos muni- também para a Romaria de São Bartolomeu de 19 zão, a paisagem do concelho imprime-se nos mais cípios envolvidos. E Ponte da Barca usufrui, neste a 24 de Agosto. Durante seis dias, a vila corporiza variados tons de verde e azul. Por todo o concelho, plano, de inegáveis atrativos. Em primeiro lugar, a uma intensa semana de tradições, usos e costumes os rios e ribeiros, as albufeiras, as praias fluviais, as paisagem fabulosa, depois um importante acervo mais genuínos da região, como a gastronomia, o quedas de água e o esplendor da paisagem da Serra patrimonial, com uma das principais igrejas ro- folclore, as concertinas, os cantares ao desafio, a fei- Amarela revelam imagens únicas e oferecem a pos- mânicas do país localizada em Bravães, o mosteiro ra das tasquinhas e do artesanato, a feira do linho, sibilidade de contacto directo com a natureza. de Crasto e o mosteiro românico de Vila Nova de os jogos tradicionais e muitas outras atividades. O As características naturais de Ponte da Barca Muía. “Somos Caminho de Santiago, legado histó- momento alto acontece na noite de 23 de agosto, têm sido bem aproveitadas para uso daqueles que rico e referência gastronómica”, refere. com o desfile e atuação das rusgas pelas ruas da procuram na natureza um refúgio para o ritmo vila, arrastando multidões e prolongando a folia acelerado do dia a dia dos centros urbanos. É as- AGENDA CULTURAL RECHEADA por toda a noite. Os grupos que se formam são os sim disponibilizada uma variadíssima oferta de O Turismo continua a ser uma das principais apos- grandes protagonistas da noite dedicada às danças atividades ao ar livre, vocacionadas para pesso- tas do Presidente da Câmara de Ponte da Barca. A e cantares populares, através das concertinas, dos as de todas as faixas etárias. O aproveitamento agenda cultural do concelho mostra isso mesmo. bombos, dos cavaquinhos e outros instrumentos destas atividades de desporto, lazer e aventura Aos domingos, de março a junho, é dia de Fol- tradicionais. As rusgas desfilam, formam-se rodas favorecem a imersão no ambiente natural e nas clore na Praça. Os grupos folclóricos e os artesões de tocadores, dança-se o vira e canta-se à desgarra- maneiras de viver das populações locais, seja na animam a Praça da República com a venda de da em plena rua.

17 BANDEIRAS AZUIS - PRAIAS PORTUGUESAS

A OPINIÃO DE Catarina Gonçalves, Coordenadora do Programa Bandeira Azul O HASTEAR DA BANDEIRA AZUL

O Programa “Bandeira Azul” cobre não só as praias, marítimas pois uma Bandeira Azul é um galardão de Excelência, seja um motor para e fluviais, mas é também um galardão para marinas e que, de forma voluntária e por maioria de razão, seja garantido o cumpri- embarcações de recreio que cumpram os critérios exigidos mento da legislação aplicável. pelo regulamento e, no caso das embarcações, quando as O Programa de Vigilância desenvolvido com o apoio da Fundação Voda- respetivas tripulações se obrigam a um código de conduta fone Portugal é uma componente fundamental de todo este processo já que garante que, durante a época balnear, são continuamente verificados ambientalmente correto. O seu aspeto mais conhecido e os critérios do Regulamento para a atribuição do Galardão. São 32 crité- referido é o das praias e o balanço é muito positivo já que rios, que incluem aspetos de gestão ambiental das praias, de educação am- todos os anos o número de candidaturas e de galardões biental, de segurança e equipamentos além do critério qualidade da água atribuídos tem crescido. Este ano foram galardoadas 315 verificado laboratorialmente. locais: 298 praias e 17 Marinas. Como Programa que se dedica á Educação para o Desenvolvimento Sus- tentável a Bandeira Azul procura sensibilizar e esclarecer sobre a necessi- dade urgente de alterações de comportamentos e atitudes perante as zonas marinhas e costeiras, áreas de grande fragilidade mas com muita pressão nascimento do Programa da Bandeira Azul (PBA) foi em 1987, de atividades humanas. As cerca de 700 atividades de educação ambiental no Ano Europeu do Ambiente. A nível nacional o galardão é co- desenvolvidas pelos promotores das candidaturas à Bandeira Azul são tra- ordenado pela Associação da Bandeira Azul da Europa (ABAE) dução no terreno das condutas que devem ser interiorizadas e apercebidas Oe já conta com 25 anos de existência! por todos nós. A necessidade de se proteger o ambiente marinho e costeiro e incentivar a Além das questões relacionadas com a proteção da biodiversidade e ecos- realização de ações conducentes à resolução dos problemas aí existentes foi sistemas que envolvem as zonas balneares importa realçar e sensibilizar a principal razão para o surgimento deste programa. as populações para a fragilidade do litoral português e em particular o di- A Bandeira Azul é um galardão que reconhece o esforço conjunto de várias namismo da linha de costa que tanto tem sido debatido em vários fóruns entidades responsáveis mas também de todos nós como utentes e defenso- derivado dos estragos de que foram alvo algumas praias do continente. As res da sustentabilidade ambiental dos locais que frequentamos. A qualidade forças naturais aliadas aos impactos induzidos pelo homem ameaçam de das águas das zonas balneares tem evoluído favoravelmente em resultado forma determinante as ocupações dos estuários e zonas costeiras colocando de um conjunto de fatores, de que se salienta a melhoria das condições de em perigo vidas humanas e infraestruturas. O Programa Bandeira Azul em recolha transporte e destino final das águas residuais das regiões em apreço. conjunto com as entidades que compõem o Júri procura refletir e ajudar na Tal facto faz com que emissões de águas residuais não tratadas e descargas monitorização, ordenamento e formas de utilização destas áreas balneares “clandestinas” tenham sido drasticamente reduzidas. O ordenamento da a partir exatamente das atividades que vai propondo a serem realizadas orla costeira, por execução dos respetivos Planos (POOC) é também um pelos promotores nas suas praias e marinas conducentes a ações concretas fator relevante pela criação de infraestruturas adequadas de apoio aos ba- e emergentes. nhistas. Mas muito importante é, também, para se conseguir em praias com Portugal detém um conhecimento científico e técnico sobre o dinamismo boas condições de qualidade de água, o comportamento dos utentes, para do litoral, uma história costeira, que deve ser considerada aquando do pla- o que muito contribui o empenhamento das autoridades locais. Refira-se, neamento de intervenções a realizar para solucionar ou minimizar alguns porém que o mero cumprimento das exigências legais não é suficiente para impactos provocados pelas Alterações Climáticas, como seja a subida do obter uma Bandeira Azul já que os critérios, designadamente da qualidade, nível médio da água do mar, com dados de base fiáveis e estudos credíveis são mais exigentes dos que os legais. Assim, talvez a ambição, em particular que podem ser utilizados em cada caso particular de proteção ou defesa das autarquias, de obter o reconhecimento da Excelência das suas praias, do litoral.

18 – DESTINO DE SONHO

“QUEREMOS UM ALGARVE para todo o ano. Visite-nos!”

O Algarve é hoje um dos principais destinos de férias do mundo. Munido de condições naturais por excelência, sol e praia, o Algarve tem feito um trabalho de enorme qualidade, através dos seus players no domínio do turismo, que têm perpetuado a região como um dos principais destinos turísticos, porque conhecer o Algarve é muito mais que uma simples visita, é um estado de alma, é uma experiência inesquecível e que vai querer repetir.

s férias no Algarve são, desde há anos, a Desidério Silva tradição portuguesa mais popular entre os turistas nacionais. Desde os festejos Ade Fim de Ano em dezembro às férias dos meses de verão, passando pelas férias da Pás- coa, o Algarve tornou-se um destino cobiçado por quem gosta de fazer férias junto ao mar e não só. E, mal se vai sentindo um pouco de calor, milhares de portugueses rumam ao sul do país! A par deste crescimento do turismo nacional, o Algarve viu também crescer o número de turistas estrangeiros, que atualmente elegem esta região do nosso país para as suas férias. Recorde-se que o Algarve detém o título de melhor destino de praia da Europa, atribuído dois anos seguidos (2012 e 2013) nos World Travel Awards, e que só entre junho e setembro de 2013 a região conta- bilizou 8,7 milhões de dormidas, num total anual de 14,8 milhões. A Revista Pontos de Vista foi até ao Algarve, a esta região plantada a sul de Portugal e que é hoje um ex libris do turismo nacional e mundial. Um destino preferido por muitos. Um destino perfei- to para todos. Conversámos com Desidério Silva, atual Presidente da Região de Turismo do Algar- ve, e, ao longo desta conversa, percebemos que o trabalho que tem vindo a ser feito para continu- ar a colocar o Algarve no mapa dos principais destinos turísticos não é de agora, “tem sido ao turísticos. Este trabalho nunca acaba e é um nenhum e neste momento o desafio do Algar- longo dos anos”, e está envolvido num trabalho enorme desafio, até porque o grande desiderato ve é reorganizar-se entre o público e o privado, remetido para diversos players, agentes, atores, passa por tornar o Algarve num destino turístico promovendo o investimento. O quarto do hotel enfim, um conjunto de entidades e pessoas que durante todo o ano”, revela o nosso entrevistado, por si só já não chega. Tem de estar associado juntas têm vindo a trabalhar em prol do Algarve à frente dos destinos da Região de Turismo do a um conjunto de ofertas e de experiências di- e do nosso país. “Temos de continuar a promo- Algarve desde novembro de 2012 e que assume versificadas, pois é essa a grande valia da região”, ver o Algarve como um dos principais destinos que o balanço feito deste ano e meio é bastante esclarece o presidente do Turismo do Algarve, positivo, até pela recuperação do que é a procura assegurando que em 2013 as receitas e o núme- do Algarve por diversos mercados, “não só dos ro de turistas e as dormidas aumentaram. E para O Algarve, um convite mercados tradicionais externos, mas também o este ano? “Todos os sinais apontam nesse sentido. O Algarve é a região de Portugal mais português e espanhol, que são fundamentais e Os mercados, nomeadamente o inglês, francês, importante em termos turísticos. A que mais que acabou por criar uma dinâmica acima do que irlandês, holandês e alemão têm dado indicações receitas recebe, sendo responsável, em termos estava previsto”, revela Desidério Silva. fortes na procura da região do Algarve. Assim, e globais, por mais de 35 % da fatura nacional neste contexto, penso que 2014 vai ser um ano do turismo ao nível de receitas e “isso marca a ALGARVE, MUITO MAIS de superação relativamente ao anterior. Acima de diferença. Por outro lado, a região tem vindo QUE SOL E PRAIA tudo pretendemos que o Algarve seja um destino a afirmar-se em termos de qualidade de infra É sabido que o Algarve tem nas suas praias e para todo o ano, com a diversidade que possui. estruturas, de acessibilidades, de condições de clima os principais cartões de visita. O desafio Não tenho dúvidas, temos fatores diferenciadores segurança, de saúde, de ofertas turísticas, de passa portanto por «pensar global», ou seja, por produtos e serviços. Temos de perceber que promover e potenciar outros produtos que estão Cacela Velha atualmente o Algarve é uma imagem de mar- ser procurados e valorizados. “Gastronomia, tu- ca do país e as suas ofertas turísticas a imagem rismo equestre, turismo de natureza, patrimó- da região, preparada para receber visitantes nio, cultura, entre outros. Temos de agarrar essa e turistas durante todo o ano e para todo o diversidade e reorganizar os produtos dando-lhe perfil de turistas”, conclui o atual presidente da um valor acrescentado, para que seja um com- Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, plemento ao que são os nossos produtos «estre- não sem antes fazer um convite aos nossos la», o sol, a praia e o mar”. leitores. “Não vão ficar defraudados. Venham Mas de quem é essa responsabilidade? “De to- visitar e desfrutar e venham comprovar que o dos”, refere o nosso interlocutor, continuando, que disse é realmente verdade”. “o Algarve tem dado esse salto. Os agentes do setor perceberam que sozinhos não vão a lado

19 ALGARVE – DESTINO DE SONHO Marina de Vilamoura

Prémios e distinções da Região do Algarve Ranking da Tripadvisor: Top 10 Portugal, foram contempladas 8 praias do Algarve 1. Falésia, Albufeira, Algarve 2. Dona Ana, Lagos, Algarve 3. Olhos d’Água, Albufeira, Algarve 4. Meia Praia, Lagos, Algarve 5. Praia da Rocha, Portimão, Algarve 6. Guincho, Sintra 7. Troia 8. Marinha, Carvoeiro, Algarve 9. Galé, Albufeira, Algarve 10. Odeceixe, Aljezur, Algarve

Até junho de 2014 será efetuado um investi- mento de 2 milhões de euros na reposição de areia em sete praias. De forma a reduzir o risco associado às arribas e aumentar a segurança dos banhistas. Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, serão efetuados trabalhos de alimentação artificial das praias de Carvoeiro, Benagil, Nova, Cova Redonda (Lagoa), Castelo, Coelha (Albufeira) e Dona Ana (Lagos). No Algarve, também as praias da Salema, Meia Praia, Porto de Mós, Luz, Alvor, Quarteira, Monte Gordo e Manta Rota aderiram ao projeto Praias acessíveis e, ao cumprirem as exigências, foram galardoados com a bandeira Surf Cordoama “ Praia Acessível”.

claros de competitividade relativamente a outros mercados, que sendo inúmeras vezes mais aces- síveis, não são compatíveis com a qualidade que apresentamos a nível global”. Costa Vicentina BANDEIRA AZUL – ALGARVE LIDERA (UMA VEZ MAIS) Este ano a bandeira azul vai ser atribuída a 298 praias, das quais 18 fluviais e a 17 marinas, o que representa uma subida em termos globais a nível de praias de 8%. Como não podia deixar de ser, o Algarve volta a liderar a lista das praias galar- doadas com Bandeira Azul, símbolo europeu de qualidade e de segurança para os banhistas que será hasteada em 82 zonas balneares algarvias, mais 13 do que no ano passado. Numa análise célere, estes números significam que quase todos os areais algarvios vão poder orgulhar-se de te- rem a bandeira desfraldada ao vento na próxima época balnear, registando-se a entrada de mais 13 na lista da Associação Bandeira Azul da Europa, com destaque para Castro Marim, por recupe- rar este ano o galardão para as suas três praias após 10 anos sem distinções. Será este um fator diferenciador e agregador para a chamada de Praia D. Ana mais turistas? Desidério Silva não tem dúvidas de que “tudo o que representar uma mais-valia

Ria Formosa

20 Aljezur

Igreja de São Lourenço de Almancil Castelo de Paderne

Prémios - Publituris Portugal Travel Awards 2013 • Vila Galé Lagos, na Meia Praia, em Lagoa (melhor hotel de quatro estrelas), • Dom José Beach Hotel, em Quarteira (melhor hotel de três estrelas), • Martinhal Beach Resort & Hotel,praia do Martinhal Sagres (melhor resort hotel) • Vila Joya, na praia da Galé, em Albufeira (melhor boutique hotel).

Prémios já em 2014 • O Conrad Algarve foi considerado o “Melhor Hotel de Portugal” na edição 2014 dos pré- mios Boa Cama, Boa Mesa, ao ser distinguido com a Chave de Platina.

The Green Key – A Chave Verde – 2014 Três hotéis algarvios amigos do ambiente vão exibir este ano o galardão The Green Key – A Chave Verde. Os premiados na região são: • Hotel Vila Galé Albacora (Tavira) • Hilton Vilamoura As Cascatas Golf Resort & identificada como algo valorizável é sempre uma imagem fabulosa no mundo e tenho que registar Spa ( Vilamoura) vantagem e naturalmente as praias munidas com o grande trabalho que as autarquias têm feito na .Conrad Algarve, na Quinta do Lago, que inte- bandeira azul são um fator de escolha do turista”, valorização da frente marítima”. gram uma lista de 52 unidades de alojamento afirma orgulhoso. A FIDELIZAÇÃO DO TURISTA distinguidas pelo programa de boas práticas Atualmente o Algarve possui muitas praias com ambientais The Green Key em todo o país. bandeira azul, onde 87 são de ouro, ou seja, se a – O PONTO FULCRAL bandeira azul é atribuída pela entidade Bandeira Não interessa ter um Algarve «apenas» como Azul Europa, onde é necessário atingir 30 crité- destino sazonal. Esse ponto já passou. Importa rios, as praias de Ouro são da responsabilidade então realçar que é necessário criar um Algarve e cada pessoa que trabalha no turismo pode fazer da Quercus, “que é extremamente exigente e ao para todo o ano. Como? Fidelizando aqueles que a diferença, cativando e convencendo de que esta identificar estas 87 praias grau ouro, obviamente por cá passam. De que forma? Desidério Silva é a região mais bem preparada no conjunto de que está a atestar a qualidade e excelência dessas tem a «receita». “Até podemos ir à procura de no- ofertas turísticas”, assume, lembrando que hoje praias ao nível da área, da água, das acessibili- vos mercados e turistas, mas o mais importante o fator «preço» deixou de ser tão relevante, algo dades, da recolha de lixo, entre outros. Isso são é fidelizar os turistas que escolhem o Algarve e que os operadores do setor já compreenderam. fatores diferenciadores e que revelam e bem a isso apenas se faz se forem bem recebidos, bem “Já perceberam que não podem baixar esse limite exigência que é imposta neste ponto no Algar- tratados, se tiverem as condições que entendem e acho que essa posição deve ser assumida, como ve”, esclarece o nosso entrevistado, não sem antes necessárias para descansar, para lazer e para ter tem vindo a ser. No Algarve o custo é inferior à realçar o trabalho que tem sido feito pelas autar- novas experiências. Quem vem gosta e se gosta qualidade do que a região tem para oferecer ao quias da região”. As praias do algarve têm uma volta. Este é o grande papel da região do Algarve turista”.

21 BANDEIRAS AZUIS - PRAIAS PORTUGUESAS EM 18 PRAIAS FLUVIAIS COM BANDEIRA AZUL, três são da Pampilhosa da Serra

As limpas águas da região fazem da Pampilhosa da Serra local privilegiado para ir a banhos em água natural, num enquadramento paisagístico de exceção. Algumas destas piscinas são povoadas por belíssimos peixes, havendo casos em que as trutas são frequentemente avistadas pelos banhistas. Este ano, três praias do concelho – Santa Luzia, Pessegueiro e Janeiro de Baixo - vão hastear bandeira azul pela primeira vez. O Presidente da Câmara, Jorge Custódio, orgulha-se, “são três praias da Pampilhosa da Serra em apenas 18 praias do interior que têm bandeira azul”.

oi o primeiro ano em que a Pampilho- sa da Serra concorreu com três das suas praias para a obtenção de bandeira azul. FApenas a praia central da Pampilhosa da Serra não foi alvo de candidatura por ser mais recente e, como tal, não preencher ainda todos os requisitos. “Temos uma riqueza paisagística enorme com três rios, três barragens e inúmeras praias fluviais ao longo de 400 km2. No entanto, temos apostado apenas em quatro delas para que tenham condições adequadas à prática balnear. Algumas das quais já foram objeto de outros galardões, designadamente o de Praia de Ouro atribuído pela Quercus, relacionado apenas com a qualidade da água. Outras, por sua vez, tinham já a classificação de praia acessível. Este ano, re- solvemos candidatar as praias de Janeiro de Bai- xo, Pessegueiro e Santa Luzia a bandeira azul, tendo sido aprovada a candidatura de todas. A da Pampilhosa da Serra, que também tem excelen- tes condições, não pôde ainda ser candidata por- que para que possa concorrer a esta distinção tem que ter pelo menos cinco anos de análise da água e, como é mais recente, tem apenas quatro anos de análise. Para o ano já se poderá candidatar e penso que também não ficará de fora”. Jorge Custódio De facto, a abundância de recursos hídricos e a sua qualidade fazem da Pampilhosa da Serra um território privilegiado para a prática balnear. A pureza das suas águas corre nos ribeiros, riachos inúmeras regras que se prendem com aspetos iniciativas promovidas no que concerne à moti- e fontes mas é nos três rios que atravessam o como a realização de auditorias à praia, a limpeza vação das pessoas para a manutenção e limpeza concelho – Zêzere, Unhais e Ceira – que podem da mesma, a existência de um Plano de Ordena- das praias e, por outro lado, com a dinâmica que ser passadas as tardes quentes de verão nas praias mento assim como de instalações sanitárias den- tem que haver em termos de animação da própria fluviais aqui formadas. tro de determinadas normas obrigatórias. Neste praia. Este papel cabe à autarquia”, explica. domínio ainda, têm que ser proibidas nas praias CRITÉRIOS em questão a circulação de veículos não autori- A PROGRAMAÇÃO PARA 2014 A Bandeira Azul é um símbolo de qualidade zados, as competições automóveis ou de outros E O DESPORTO ambiental atribuído anualmente apenas às praias veículos motorizados, a descarga de entulho e a Ao nível da animação, a Câmara da Pampilhosa e portos de recreio e marinas que cumpram um prática de campismo. da Serra está a apostar em força na programa- conjunto de critérios, divididos em quatro gru- Um último mas não menos importante critério ção para o verão 2014, de modo a que a oferta pos. Para além da qualidade da água, a praia prende-se com a Segurança e Serviços, o qual turística não se feche nas praias. “Teremos três tem assim que estar dotada de informação sobre obriga à existência de nadadores salvadores du- ou quatro exposições temporárias; o novo museu o programa bandeira azul, a qualidade da água rante a época balnear, assim como de serviços de recentemente inaugurado em funcionamento balnear, a localização das áreas sensíveis e ecos- primeiros socorros, de planos de emergência para e, para além das festas do concelho, que atraem sistemas da praia, de uma mapa indicativo das a possibilidade da ocorrência de acidentes que re- sempre muita gente, irá haver durante a semana - diversas instalações e equipamentos existentes na sultem na poluição da praia, de acessos seguros, para que não colida com as festas tradicionais que mesma e de um código de conduta para os ba- de pelo menos uma fonte de água potável devida- há aqui à volta - as chamadas “Noites de Verão”. nhistas. Mais do que isso, têm que ser realizadas mente protegida e, no mínimo, uma das praias do Ou seja, é montado um palco no centro da vila e pelo menos seis atividades de educação ambien- Município, tem que estar equipada com rampas todos os dias artistas diferentes irão atuar, o que tal, isto no âmbito do critério da Informação e e instalações sanitárias para deficientes motores. funciona também como uma forma de promo- Educação Ambiental. “A atribuição da distinção bandeira azul tem a ver os nossos artistas aqui do concelho. Temos Outro dos critérios diz respeito à Gestão Am- ver com a qualidade da água mas também com também programada animação diária na praia, biental e Equipamentos. A este nível, existem os equipamentos de apoio existentes, com as não só através dos professores de ginástica do

22 concelho, mas também animação musical e ou- tras iniciativas para que as pessoas se sintam bem neste espaço. Por exemplo, o campeão nacional de xadrez é aqui da Pampilhosa, vem sempre para cá nas férias e promove iniciativas na praia liga- das ao xadrez, o que tem sido muito agradável. Este ano certamente voltará a repetir-se! Portan- to, temos uma série de iniciativas que estão a ser preparadas para que as pessoas se sintam bem e venham cada vez mais à Pampilhosa da Serra”, afirma Jorge Custódio. Também para os amantes da natureza e dos desportos, a Pampilhosa da Serra propõe uma grande oferta de atividades para desfrutar das paisagens e sentir os aromas da natureza. Os vi- sitantes podem assim subir à serra e aproveitar os fantásticos percursos pedestres nas aldeias do Santa Luzia Xisto ou dar um passeio de bicicleta pelos mais de 120 km de circuitos e trilhos. Outras opções são a escalada na Barragem de Santa Luzia ou a canoagem no Zêzere. “Temos feito também uma ligação forte ao des- porto, principalmente ao BTT. O nosso concelho tem estradas com pisos muito bons para o ciclis- mo, para além de que há pouco movimento de viaturas automóveis. Por essas razões, somos cada vez mais procurados para essa prática”, realça o autarca. O turismo tem de facto crescido a todos os níveis no município. A presença assídua nas mais im- portantes feiras de turismo a nível nacional, tais como a Bolsa de Turismo de Lisboa ou a Feira Nacional de Artesanato, nas quais a autarquia faz questão de marcar presença todos os anos, tem dado um importante contributo. “Um concelho como o da Pampilhosa tem duas grandes fontes de riqueza: a floresta e o turismo. Acresce agora também a questão das energias que temos sabido aproveitar, de forma que está cá instalado dos maiores parques de aproveita- mento da energia eólica da Península Ibérica. No âmbito do turismo, em territórios como este, em que não há poluição, com águas limpas e ar puro, temos que potencializar o turismo de na- tureza. Quem vive no litoral, mesmo não dispen- sando alguns dias de praia, procura também este contato com a natureza, em terras onde as gentes são extremamente acolhedoras, a gastronomia muito boa e onde podem descansar e divertir- -se ao mesmo tempo. Estou convencido que es- tas ofertas vão ser cada vez mais procuradas e a mostrá-lo está o facto de que, em agosto, a popu- lação da Pampilhosa da Serra quintuplica, o que, para além de ser muito agradável, é incentivador Janeiro de baixo porque mexe com todo o tecido económico do território”, conclui Jorge Custódio.

Pessegueiro

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DIA DA MARINHA E DIA EUROPEU DO MAR E DOS OCEANOS

A OPINIÃO DE Comandante João Ribeiro, Diretor-Geral de Política do Mar ORDENAMENTO DO ESPAÇO MARÍTIMO TRANSFRONTEIRIÇO na área do atlântico europeu - Dia Europeu do Mar

Por ocasião das Comemorações, em Bremen, na Alemanha, do Dia Europeu do Mar (20 de maio) foi promovida a apresentação pública dos resultados do Projeto de Ordenamento do Espaço Marítimo Transfronteiriço na área do Atlântico Europeu (TPEA - “Transboundary Planning in the European Atlantic”).

TPEA é um projeto financiado pela Comissão Europeia através da DG Mare com o objetivo de desenvolver uma abordagem do orde- namento do espaço marítimo para a Bacia do Atlântico, olhando Opara as questões transfronteiriças e perspetivando a integração com a gestão da zona costeira, permitindo apoiar os trabalhos em curso para a propos- ta do Parlamento Europeu e do Conselho para o estabelecimento da Diretiva do Ordenamento do Espaço Marítimo. O projeto é liderado pela Universidade de Liverpool, do Reino Unido, em co- laboração com a Direção-Geral de Política do Mar (DGPM), de Portugal, e envolve um conjunto de parceiros provenientes de oito entidades públicas e universidades na área do Atlântico designadamente Espanha, através do Mi- nistério de Agricultura, Alimentacion y Medio Ambiente (MAGRAMA), do Centro de Estudios y Experimentación de Obras Públicas (CEDEX), do Ins- tituto Espanõl de Oceanografia (IEO) e a Universidade de Sevilha (US), com a participação, na qualidade de perito, do Instituto Hidrográfico de la Marina, existir um instrumento que apoie a visualização espacial dos usos e atividades, a Irlanda, através do Coastal and Marine Research Center, University of Cork foi feita a sistematização e harmonização de um vasto conjunto de dados e (CMRC), e com a participação na qualidade de perito, do Maritime Institute, informação relativo às características, usos e funções do espaço marítimo, tendo Portugal, através do CCMAR da Universidade do Algarve e da Universidade em vista a sua espacialização que conduziu ao desenvolvimento de um GEO- de Aveiro, com a participação, na qualidade de peritos, da Agência Portuguesa PORTAL, que constitui uma plataforma de visualização integrada, de apoio à do Ambiente, I.P. (APA, I.P.) e da Direção Geral de Recursos Naturais, Segu- gestão e disseminação da informação, podendo vir ser alargado a outros domí- rança e Serviços Marítimos (DGRM) e o Reino Unido, através do Depart- nios de informação, como seja a monitorização ambiental e recursos marinhos, ment of the Environment Northen Ireland (DOENI), e com a participação, privilegiando uma visão integrada num contexto transfronteiriço. na qualidade de perito, do Department for Environmental, Food and Rural O TPEA integrará na sua fase final o desenvolvimento de um Guia de Boas Affairs (DEFRA), e conta ainda com a participação de outros consultores ex- Práticas para o ordenamento do espaço marítimo em regiões transfronteiriças, ternos, designadamente da OSPAR, da Comissão Arco Atlântico, do South que refletirá os ensinamentos recolhidos e as recomendações que podem ser Westhern Waters Advisory Council e da Secrétariat General de la Mer. atendidas para uma abordagem integrada privilegiando uma utilização múlti- O projeto assenta numa metodologia que procura dar resposta às questões que pla do espaço e a gestão de conflitos numa base de concertação. se colocam sobre a partilha de dados e informação, num contexto transfrontei- A reunião de arranque do projeto teve lugar em Lisboa, em dezembro de 2012, riço, olhando para a necessidade de assegurar uma articulação entre o espaço tendo o projeto uma duração de 18 meses e um orçamento global de 1.25M€. marítimo e o espaço terrestre, atenta às estratégias e prioridades nacionais e eu- Na reta final de desenvolvimento do projeto, o EMD será a oportunidade para ropeias. O envolvimento dos agentes interessados, ao longo do processo, foi con- apresentar os resultados do TPEA, em dois momentos distintos, a 19 e 20 de siderada desde o início, permitindo enriquecer o projeto com a informação rele- maio, respetivamente numa sessão de trabalho onde será feita a partilha de ex- vante para os diferentes setores de atividade representados, bem como permitir periências com os parceiros de outros projetos europeus sobre o Ordenamento a sua sensibilização para a importância do ordenamento do espaço marítimo do Espaço Marítimo no Contexto Transfronteiriço, desenvolvidos para as di- para a Economia do Mar assente num modelo de desenvolvimento sustentável. ferentes bacias marítimas, e numa sessão totalmente dedicada ao TPEA, onde O projeto compreende duas áreas piloto selecionadas em dois ambientes geo- serão apresentados os resultados alcançados nas áreas da Governação, na área gráficos distintos: uma área piloto na Europa do sul, na região transfronteiriça da informação geográfica e desenvolvimento do protótipo do GEOPORTAL do Guadiana, entre Portugal e Espanha, “Algarve – Golfo de Cádis”, e um área de suporte ao projeto e na área da participação através do envolvimento dos piloto na Europa do norte, na região transfronteiriça de Foyle, entre a Irlanda e agentes interessados no processo de ordenamento do espaço marítimo em re- o Reino Unido (Irlanda do Norte) “Costa Este - Mar da Irlanda”. giões transfronteiriças e quais as perspetivas que se abrem para o futuro no que Os diferentes contextos institucionais e administrativos, assim como caracte- respeita à implementação das Boas Práticas e a evolução do GEOPORTAL rísticas ambientais e culturais distintas, justificaram que fossem desenvolvidas como uma ferramenta de apoio à gestão e decisão no âmbito do Ordenamento abordagens especializadas para cada uma das áreas-piloto, envolvendo um do Espaço Marítimo no contexto transfronteiriço. leque alargado de entidades e de agentes, de modo a refletir os seus interes- No dia 19 de maio teve lugar a Sessão de trabalho “Valor acrescentado do ses, preocupações e prioridades, e dar forma a um documento que possa ser Ordenamento do Espaço Marítimo transfronteiriço - lições de quatro bacias orientador para a utilização do espaço marítimo em zonas transfronteiriças. Foi marítimas europeias” (Workshop “Added value from Transboundary Maritime igualmente feita uma análise dos instrumentos e políticas com expressão, direta Spatial Planning – lessons from four European sea basins”) e no dia 20 de e indireta, no espaço marítimo, sendo de referir neste âmbito, e pela relevância maio, após o encerramento do DEM realizou-se um Showcase Project TPEA que assume para Portugal, a Estratégia Nacional do Mar 2013-202 e a Lei de para divulgação dos principais resultados do Projeto. O projeto europeu sobre o Bases do Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo Nacional. ordenamento do espaço marítimo transfronteiriço na área do atlântico europeu Para o exercício de ordenamento do espaço marítimo e porque é necessário vai ser apresentado no dia europeu do mar.

26 DIA DA MARINHA E DIA EUROPEU DO MAR E DOS OCEANOS

A OPINIÃO DE Direção Geral da Autoridade Marítima A AUTORIDADE MARÍTIMA NACIONAL Enquadramento conceptual, estrutura orgânica e âmbito de competências

Atuando no âmbito da maritime law enforcement num assegura ao Estado ganhos de intervenção, além de uma visão de conjunto, quadro de atividades que, no geral dos modelos orgânicos acesso direto à informação e, consequentemente, maior eficácia em termos existentes, é cometido às Guardas Costeiras, os órgãos e de controlo de riscos. serviços da Autoridade Marítima Nacional (AMN), incluindo O exercício da Autoridade Marítima implica a salvaguarda prioritária de a Polícia Marítima (PM), assumem, em Portugal, um papel seis grandes pilares do serviço público: 1. Uma autoridade administrativa que é o balcão de resolução de questões nuclear na prossecução das atribuições públicas em matéria de das comunidades ribeirinhas, e que seja, em formato unitário e comple- maritime safety e maritime security. A AMN é, neste contexto mentar, autoridade de conservatória de registo patrimonial marítimo e au- institucional, a única entidade pública portuguesa à qual a lei toridade de segurança de navegação; comete, num mesmo âmbito funcional, além daquelas duas 2. Uma autoridade que supervisiona e dirija, em termos funcionais, e locais, matérias, funções específicas no âmbito da Segurança Interna a intervenção do Estado ao nível do salvamento marítimo costeiro e socor- ro a náufragos, e o assinalmento marítimo, elementos fulcrais da segurança e da Proteção Civil, e um vasto conjunto de competências de pessoas e segurança da navegação; do foro técnico-administrativo que visam, basicamente, 3. Uma autoridade pericial que, com recursos adequados e qualificados, atividades registais de conservatória, de inscrição marítima, de procede a um conjunto de atos técnicos concernentes à salvaguarda da licenciamento e de controlo. navegabilidade de navios e embarcações, sobretudo quanto a navios que pretendem aceder a águas territoriais em condições especiais e quanto às embarcações nacionais com determinada dimensão, e sua certificação; lógica jurídico-institucional própria do modelo português, corpo- 4. Uma autoridade à qual funciona agregada - mas com identidade, estrutura riza-se numa administração marítima (a Direção-Geral de Recur- de comando e dependência próprias – uma autoridade de polícia e de polícia sos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos), numa autoridade criminal, a Polícia Marítima (PM), que é o garante imediato, e eficaz, das Amarítima (AMN) e num terceiro pilar que são as administrações determinações do capitão do porto e, no aplicável, do Ministério Público: portuárias, e funciona num quadro de identidade própria mas também de 5. Uma autoridade que, tendo competências cometidas em matéria de fis- complementaridade funcional, em total respeito pela legalidade material e calização dominial (faixa costeira, arribas, escarpas e espaços balneares) e pela prossecução do interesse público. patrimonial (bens patrimoniais subaquáticos), de segurança ambiental e Para o Estado, existem, claramente, vantagens objetivas em que a autorida- de ocorrências de poluição marítima, tem como preocupações nucleares, de pública, através das Capitanias dos Portos, tenha uma leitura uniforme no seu quadro de atribuições, a proteção e preservação do meio marinho, da questão do maritime law enforcement, atuando, num mesmo quadro sendo, como tal, um contributo público essencial para o desenvolvimento funcional, e com capacidade de decisão, em matérias como a avaliação das económico de atividades marítimas, culturais, náuticas e turísticas. condições de navios que pretendem aceder a águas territoriais, a visita de 6. Uma autoridade que, nos seus espaços de jurisdição, é autoridade de entrada, o código internacional para a proteção dos navios e das instalações socorro e emergência (Proteção Civil) e integra, nos termos definido, os portuárias (Código ISPS) quanto a segurança de navios, pessoas e bens, órgãos de Segurança Interna. executando-se, paralelamente, atos típicos de acesso a águas interiores e ao porto e proibição de saída de navios no âmbito do PSC. Um tal conceito LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

27 ENTREVISTA VASCO CORDEIRO VASCO CORDEIRO Presidente do Governo Regional dos Açores, afirma: “QUEREMOS SER UMA REFERÊNCIA NACIONAL NO APROVEITAMENTO ECONÓMICO DO MAR”

“O Mar tem assumido uma centralidade cada vez maior na política europeia. Nesta perspetiva, novos e importantes desafios colocam-se aos Açores neste domínio, os quais podem reforçar a importância geoestratégica da nossa Região. Quem é o afirma é Vasco Cordeiro, Presidente do Governo Regional dos Açores, que nos deu a conhecer a relação íntima entre o arquipélago e o Mar. Quais as potencialidades? De que forma têm as mesmas sido aproveitadas? ENTREVISTA VASCO CORDEIRO

O Mar é um elemento fundamental na vida da em conformidade com os objetivos da estratégia população dos Açores. Como descreveria este re- Europeia 2020, uma aposta na Economia do Mar lacionamento dos Açorianos com aquele que é o para promoção de um crescimento inteligente, seu mar? sustentável e inclusivo. Um relacionamento natural, mas intenso, de quem vive o Mar como uma parte do seu território, e Tendo como base o chamado “Crescimento Azul” com a genuinidade de quem, desde sempre, retirou tem havido uma crescente consciência da impor- sustento e usou o Mar para se deslocar entre as tância socioeconómica dos setores marinho e ma- ilhas e os continentes europeu e americano. rítimo para o progresso da Europa? O Mar faz parte da nossa história e da nossa ge- O Mar tem assumido uma centralidade cada vez ografia, o que nos confere, simultaneamente, uma maior na política europeia. Nesta perspetiva, no- oportunidade e uma responsabilidade. A oportu- vos e importantes desafios colocam-se aos Açores nidade de saber aproveitar todo o potencial deste neste domínio, os quais podem reforçar a impor- enorme ativo, em todas as suas valências, desde as tância geoestratégica da nossa Região. Pescas, o Turismo, a Bioprospecção e a Biotecno- O Mar dos Açores, enquanto Subárea da Zona logia, entre outras, com vista à geração de riqueza e Económica Exclusiva de Portugal, ocupa uma área à criação de emprego. A responsabilidade de saber total de cerca de um milhão de quilómetros qua- fazê-lo de forma sustentável e em respeito pela drados, constituindo-se como a maior da União preservação ambiental. Europeia e alargando as fronteiras do espaço co- munitário até próximo do continente americano. Se, no passado, Portugal se “divorciou” do Mar, Essa importância é tanto mais significativa se hoje está a tentar recuperar o tempo perdido. De atentarmos, desde logo, ao processo em curso de que forma se deve olhar para este recurso? Qual a expansão do Canal do Panamá, que conduzirá a decisivos e estratégicos para o desenvolvimento importância de apostar num caminho de utilidade um aumento do tráfego marítimo internacional sustentável e económico da Região, para o posi- económica, mas sempre tendo em atenção as limi- nesta zona do Atlântico. cionamento internacional de Portugal e para a sua tações ambientais e as oportunidades sociais? A história nesta parte do globo poderá ser rede- afirmação hoje como potência marítima europeia. Registamos com entusiasmo a crescente relevân- senhada muito em breve também através das ne- cia que o Mar tem assumido na agenda política gociações em curso entre a União Europeia e os No “negócio do Mar” quais sãos os principais veto- nacional e europeia. Como a mais relevante Re- Estados Unidos para o estabelecimento de uma res estratégicos? A aposta no mar é cada vez mais gião do País, em termos marítimos, os Açores de- Parceria de Comércio e Investimento Transatlân- o caminho para o crescimento económico do País? fendem uma estratégia sustentável para a Econo- tico, incrementando ainda mais as trocas entre os Julgo ser indispensável que o País assuma o Mar mia do Mar. Neste sentido, o Governo dos Açores dois maiores blocos comerciais mundiais. verdadeiramente como um ativo estratégico. Nos manifestou, desde sempre, interesse em colaborar Os Açores constituem-se, assim, como a fronteira Açores, a estratégia assenta em princípios que nos de forma ativa nos desígnios da implementação marítima oeste da União Europeia, num quadro da Estratégia Nacional para o Mar. Os Açores em que o controlo marítimo de fronteiras e a com- continuam empenhados e a trabalhar para que, patibilização dos usos tradicionais do Mar com o enquadrados na Política Marítima Integrada da exercício de funções de vigilância e soberania as- União Europeia, sejamos uma referência nacional sumem particular relevância. e internacional na aposta e desenvolvimento do Por outro lado, é também no Mar dos Açores que chamado “Crescimento Azul”. têm sido conduzidos os projetos da Extensão da O Mar constitui, desde logo, uma alavanca para o Plataforma Continental Portuguesa, em adiantada crescimento e para o emprego. Portugal tem, no- fase de investigação, que revelam o extraordinário vamente, uma oportunidade histórica para se afir- manancial de recursos que se encontram aqui e mar no desenvolvimento de uma estratégia para que podem ser colocados ao dispor da Região e a Economia do Mar. Uma estratégia que deve do País. ser baseada no conhecimento científico e tecno- Este processo vai determinar um novo mapa das lógico que permita tirar partido da exploração soberanias e o aparecimento de um novo para- sustentável deste recurso. Por isso, defendemos, digma de Gestão Estratégica do Mar, fatores

30 permitiram ser uma região única no contexto na- cional e até europeu, pela forma como nos relacio- A campanha “Açores Entre-Mares”, pro- namos com o Mar e com os seus recursos. movida pelo Governo dos Açores através Mas temos também vários desafios pela frente, da Secretaria Regional dos Recursos Na- como seja aumentar as mais valias dos produtos turais, já vai na sua quinta edição. Têm da Pesca, potenciar o nosso papel na navegação sentido que, efetivamente, tem havido transatlântica, incluindo a de Turismo, prosseguir uma mudança na forma como a socieda- e acompanhar os esforços no desenvolvimento da de conhece, preserva e promove o Mar biotecnologia marinha e na bioprospecção, poten- dos Açores? ciar a relação entre a inovação, a investigação cien- O envolvimento das organizações não-gover- tífica e a economia. Estas são apenas algumas das namentais, das forças vivas da sociedade e da prioridades mais óbvias. adesão voluntária da população nas ações desta campanha, demonstram-no. A título de Depois de terem sido apontadas algumas “omis- exemplo, posso dizer que, em 2013, realiza- sões” em relação aos Açores, a Estratégia Nacional ram-se mais de 120 atividades relacionadas para o Mar, um documento que define as linhas de com o Mar, que envolveram mais de 160 orga- preservação e utilização sustentável dos recursos nizações e 3.500 pessoas em todo o arquipéla- marinhos até 2020 em Portugal, ainda apresenta go! Os Açorianos têm uma literacia marinha e algumas lacunas? marítima que os distinguem e o Entre-mares A Região participou ativamente em todo o pro- é uma iniciativa que aprofunda esse conheci- cesso de definição da Estratégia Nacional para mento. Os Açores são uma referência incon- o Mar, contribuindo para a superioridade con- tornável no que concerne ao desenvolvimento ceptual dos seus conteúdos. Pugnamos pelo reco- sustentável e à preservação ambiental. Este nhecimento das nossas especificidades enquanto é um trabalho permanente e que já permitiu Região Autónoma, com órgãos de governo pró- à Região distinções relevantes como o recen- prio e com direitos e deveres sobre o seu territó- te prémio LIDE MAR e a obtenção do nível de rio marítimo concomitantes com o seu Estatuto. Ouro do programa europeu QualityCoast. Foi um processo negocial exigente. As principais reivindicações do Governo dos Açores, antes safios estão guardados para o mar? Neste cenário, praticamente ausentes, foram progressivamente qual continuará a ser o papel do Governo Regional sendo consideradas e incluídas na ENM, ain- dos Açores na afirmação do seu próprio mar? da que, em alguns casos, não no exato formato pretendido. Ainda assim, a votação favorável da A Região tem condições para, no espaço de uma Região à proposta final de ENM mostra a de- década, alcançar uma posição de referência na- terminação do Governo dos Açores em eleger os cional em três áreas ligadas ao Mar: a sua afirma- assuntos do Mar como um motor para impul- ção internacional com um centro nevrálgico para sionar o progresso da Região, no todo nacional. as ciências do mar profundo, o turismo náutico As especificidades marinhas e marítimas da Re- e marinho e a promoção do aproveitamento co- gião e o contributo exemplar que a região dá ao mercial dos novos recursos do mar. Naturalmen- país e à Europa na conservação dos recursos, na te, este desenvolvimento deve conciliar políticas produção de usos sustentável, no benefício mo- de crescimento económico, de valorização dos derno do seu património cultural marítimo ou recursos naturais, com outras de sustentabilidade no conhecimento científico das ciências do mar, ambiental e proteção das espécies e de ecossis- diferenciam-na e especializam-na de forma inte- temas sensíveis. Queremos ser uma referência ligente na sua relação com o Mar. nacional no aproveitamento económico do mar com base na transferência e aplicação do conhe- Com base nos principais vetores da evolução econó- cimento científico para as empresas, de modo a mica recente de Portugal, que oportunidades e de- articular a inovação com a gestão ambiental.

31 DIA DA MARINHA E DIA EUROPEU DO MAR E DOS OCEANOS UMA ESCOLA COM IDENTIDADE rumo ao futuro

É do senso comum que o Infante D. Henrique foi uma das figuras mais importantes da Era das Descobertas, sendo vulgarmente conhecido como Infante de Sagres ou O Navegador. Portugal deu, efetivamente, um contributo indelével à delimitação do Mapa do Mundo e é, por estas e por outras razões, que hoje, séculos decorridos, o povo português deve sentir um genuíno orgulho do seu passado marítimo. Esta é uma das bandeiras erguidas pela Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, a única escola superior pública que forma Oficiais da Marinha Mercante e quadros superiores para o setor Marítimo-Portuário nas áreas das novas tecnologias, Intermodalidade dos transportes, Gestão e Logística. A Revista Pontos de Vista foi a Paço de Arcos e leva-o nesta viagem.

os séculos XV e XVI o ensino náutico do o número de alunos, um resultado que traduz em Portugal, em concreto o ensino da o esforço da escola para atrair mais estudantes e navegação e da cartografia náutica, era de lançar novas ofertas formativas”, defendeu o Ndos mais privilegiados e procurados no Presidente. país, muito pela ligação que os portugueses sem- Atenta aos desafios que o mar tem trazido aos pre tiveram com o mar. O ensino náutico evoluiu portugueses, a ENIDH tem sabido adaptar a sua ao longo dos séculos, tendo já em pleno século formação às necessidades do mercado. É neces- XX, mais precisamente em 1924, sido criada a sária uma constante actualização, pois só assim Escola Náutica, na dependência da Marinha será possível formar profissionais capazes de dar de Guerra e cujo principal objetivo era formar resposta às solicitações dos empregadores. No oficiais para a marinha mercante. A actual ENI- que se refere aos cursos para Oficiais da Marinha DH - Escola Náutica Infante D. Henrique foi Mercante, importa seguir os parâmetros exigi- inaugurada em 1972, em Paço de Arcos, ano em dos internacionalmente. “Temos a preocupação que o ensino aqui praticado é oficialmente consi- de acompanhar todas as exigências de formação derado de nível superior. Hoje, a ENIDH, é um que são estabelecidas pela IMO, que é o orga- estabelecimento de Ensino Superior Público Po- nismo das Nações Unidas que regulamenta toda litécnico, tutelada pelo Ministério da Educação a atividade marítima”, evidenciou o responsável. e Ciência, sendo responsável pela formação de Ainda no campo da oferta formativa, são es- Oficiais da Marinha Mercante que saem desta peradas novidades. Perante novas realidades, a escola com competências reconhecidas de re- ENIDH espera introduzir novas formações, no- ferência para o mercado internacional. Mais do meadamente na área da engenharia electrotécni- que um facto irrefutável, esta foi uma das muitas ca naval. “Há um novo perfil profissional que já ideias defendidas por Luís Filipe Baptista, Presi- existe mas que ainda não está regulamentado em dente da ENIDH desde janeiro de 2014. Apesar Portugal. Trata-se do oficial eletrotécnico que os de ser uma escola destinada a um setor de activi- navios já estão a precisar”, afirmou. A par disso, dade específico, que já não tem a dimensão que com o aumento das instalações offshore e com o outrora teve, a ENIDH orgulha-se de um passa- incremento do turismo náutico e dos navios de do rico que deve ser preservado. “A sua identida- cruzeiros, a ENIDH irá dar as melhores respos- de não deve ser perdida uma vez que dá forma- tas possíveis à falta de profissionais qualificados ção a um setor que é dos mais emblemáticos e Luís Filipe Baptista para estas áreas. “O setor marítimo tem necessi- tradicionais do país. Todos conhecemos a nossa dade de profissionais qualificados e nós, enquan- história marítima, e só percebemos isso quando to escola de referência do setor, temos de estar nos deslocamos ao estrangeiro. De um modo ge- um dos poucos países onde existe uma única es- atentos às novas realidades e trabalhar no sentido ral somos vistos lá fora como um povo de mari- cola náutica. A escola foi criada para formar Ofi- de criar novas ofertas formativas”, concluiu Luís nheiros e, como tal, eles têm um grande respeito ciais para a Marinha Mercante e, por isso, é este Filipe Baptista. e admiração por nós”, afirmou. É por tudo o que o seu principal core business. Daí que os cursos esta escola simboliza, pela qualidade da forma- mais emblemáticas sejam os de pilotagem e de ALTA EMPREGABILIDADE ção que disponibiliza e pela ligação que sempre engenharia de máquinas marítimas. “São estes os De acordo com informações divulgadas pela fez questão de manter ao mar, que a ENIDH se cursos que estão diretamente relacionados com a Direção Geral do Ensino Superior, os cursos da orgulha de ser a única escola náutica do país e de matriz original da escola”, acrescentou Luís Fi- ENIDH apresentam dos índices mais baixos de ser o início do sonho de muitos jovens. A par de lipe Baptista. Mas, atualmente, os cerca de 800 desemprego, comparativamente a todas as insti- países como a Bélgica ou a Irlanda, Portugal é alunos que se cruzam neste espaço estão distri- tuições de ensino superior público. No momento buídos por uma variada oferta formativa que vai em que um jovem escolhe o seu futuro profissio- desde as licenciaturas, aos mestrados e aos cur- nal, este é um dado que pesa na decisão, muito Licenciaturas: sos de especialização tecnológica. A trajetória embora poucos saibam que, na comunidade eu- - Pilotagem; recente desta instituição tem sido, sem dúvida, ropeia, existe uma escassez enorme de Oficiais - Engenharia de Máquinas Marítimas crescente. Se em 2006 estavam registados apenas da Marinha Mercante. É uma realidade desco- (Curso Diurno); cerca de 400 alunos, hoje este número duplicou, nhecida e, no momento em que as grandes com- - Engenharia de Máquinas Marítimas muito por força da entrada em vigor do Processo panhias solicitam estes profissionais, não conse- (Curso Noturno); de Bolonha, o novo modelo de ensino superior. guem encontrar no mercado europeu a resposta - Engenharia de Sistemas Eletrónicos Até aqui a ENIDH traça um caminho diferen- que procuram. Daí que, uma escola que apresente Marítimos; ciador. “Temos a maior taxa de crescimento re- uma taxa de desemprego a rondar os três pontos - Gestão de Transportes e Logística; gistada de todas as escolas de ensino superior em percentuais é, de um modo geral, um fator bas- - Gestão Portuária. Portugal nos anos mais recentes. Neste período, tante atrativo. “No caso da marinha mercante, não há nenhuma instituição que tenha duplica- os nossos jovens conseguem arranjar facilmente

32 emprego e, mesmo nos cursos da área de gestão, têm conseguido encontrar o que procuram na área dos transportes ou nos portos, o que signi- fica que há uma perceção bastante positiva por parte dos empregadores acerca da qualidade dos nossos diplomados. Eles reconhecem os profis- sionais que daqui saem, sabem que são bastan- te qualificados e têm vontade de os contratar”, constatou. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS Luís Filipe Baptista está à frente dos destinos da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique há relativamente pouco tempo e, como tal, a tarefa atual é a de “arrumar a casa”. Fora isso, aquando da sua candidatura, Luís Filipe Baptista definiu cinco objetivos estratégicos para implementar ao longo da sua gestão. São eles: formação, inves- tigação, relacionamento com o exterior, interna- cionalização e gestão escolar. A ENIDH é, hoje, corpo docente e, como tal, iremos arrancar breve- Tudo está a ser feito para garantir aos alunos, os um centro de transmissão e criação de cultura, mente com os concursos para a carreira docente. do presente e os do futuro, as melhores oportu- ciência e tecnologia por excelência e é necessário Além disso, pretendemos melhorar as condições nidades profissionais. Para tal, importa preservar preservar esse legado. No que se refere à qualifi- para os alunos, nomeadamente a biblioteca, o o que se respira naquele espaço. “É necessário cação da formação aqui dada e para que os cur- campus e as condições de ensino. Estamos aten- apostar nesta escola, valorizá-la e apoiá-la por- sos tenham a credibilidade merecida, a direcção tos e vamos desencadear um conjunto de obras que forma profissionais competentes para um se- está a trabalhar para que tal seja possível junto da necessárias para recuperar o campus escolar”, tor que tem dado ao longo dos anos um enorme Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino acrescentou. contributo para o desenvolvimento da economia Superior. “Também estamos a trabalhar para ga- No campo da investigação, a ENIDH pretende nacional”, concluiu. rantir uma maior qualificação e estabilização do desenvolver alguns projetos em colaboração com outras escolas e empresas, de modo a submete- Especialização Tecnológica: -los ao próximo quadro comunitário. Tal daria - CET em Eletrónica e Automação Naval; Mestrados: maior visibilidade à instituição e aos seus cerca - CET em Manutenção Mecânica Naval; - Pilotagem; de 20 doutorados. No plano da internacionaliza- - CET em Exploração do Transporte Rodoviário - Engenharia de Máquinas Marítimas; ção, um dos objetivos consiste em desenvolver a de Mercadorias; - Sistemas Eletrónicos Marítimos; cooperação com as escolas de formação marítima - CET em Turismo Náutico. - Gestão Portuária. de alguns países lusófonos, nomeadamente Cabo Verde, Angola e Moçambique.

33 DIA DA MARINHA E DIA EUROPEU DO MAR E DOS OCEANOS

A OPINIÃO DE Adelino Cardoso – Mútua dos Pescadores COM OS OLHOS NO MAR

A Mútua dos Pescadores, que nasceu em 1942, é o primeiro e único segurador português sob a forma cooperativa, especialmente vocacionado para o mar e a economia social. Nos parágrafos seguintes, vamos transmitir uma ideia da importância do mar para a Mútua, bem como do contributo da Mútua para o desenvolvimento das atividades marítimas.

COOPERATIVA DE UTENTES DE SEGUROS Antes do mais, é importante realçar o principal fator institucional diferen- ciador entre a Mútua e os seguradores convencionais, que resulta da sua organização cooperativa; a qual permite, por um lado, que sejam os próprios cooperantes a dirigir os destinos da instituição (designadamente elegendo e sendo eleitos para os órgãos sociais), e por outro, que os resultados sejam utilizados no interesse coletivo (onde se incluem vantagens acrescidas nos contratos de seguro). GRANDE ASSOCIAÇÃO MARÍTIMA Esta dinâmica cooperativa tem uma continuidade natural junto de todos os Foto de João Delgado Foto que se dedicam às atividades marítimas, sejam profissionais, lúdicas ou des- portivas, das organizações e entidades de tutela, nos vários setores do mar. Tendo cerca de 100 dirigentes, 15 escritórios, dezenas de colaboradores e uma crescente especialização, que lhe permitiu ir moldando os produtos milhares de cooperantes, segurados e pessoas seguras, em toda a costa por- mais adequados às necessidades dos armadores e pescadores. Atualmente, tuguesa, a Mútua estuda no terreno e desenvolve, depois, quase sempre em produtos como o nosso Segurpesca XXI (uma combinação dos seguros e parceria, as ações que potenciam o bem-estar das comunidades ribeirinhas. coberturas obrigatórias de Acidentes de Trabalho, Acidentes Pessoais, Per- Ilustram estas afirmações, a título de exemplo, a participação ativa da Mútua, da de Haveres e Compensação Salarial) são referências para a classe. O quer no plano institucional e legislativo, quer na ação prática, as questões mesmo se poderá dizer quanto aos seguros das embarcações de pesca e das relacionadas com a segurança marítima, tais como a formação em segurança coberturas de P&I. marítima, o uso de coletes de salvação e o desassoreamento de portos e barras. MAIOR SEGURADOR DE MARÍTIMO-TURÍSTICA SEGURADOR LÍDER DA PESCA Sempre na perspetiva de aprender com o próprio mercado, em poucos anos A Mútua foi criada para servir a pesca, sendo desde meados dos anos oiten- a Mútua desenvolveu bons, competitivos e desburocratizados pacotes de ta do século passado, líder nos seguros para esse setor. coberturas obrigatórias (Responsabilidade Civil, Acidentes Pessoais e As- A sua génese e vocação, aliados a uma forte penetração junto das comu- sistência no estrangeiro), para além dos seguros das próprias embarcações, nidades piscatórias e das entidades representativas do setor, foi gerando destinadas a esta importante atividade, que lhe valeram o reconhecimento dos operadores. SEGURADOR DE REFERÊNCIA NAS EMBARCAÇÕES DE RECREIO Só a partir do início desde século a Mútua ini- ciou a oferta de seguros nesta área, mas já detém uma quota de mercado muito significativa. Alguns milhares de aficionados da náutica de re- creio confiam na Mútua os riscos infortunísticos de Responsabilidade Civil (obrigatório), Ocu- pantes, Assistência e Embarcação. PRESENÇA NO CLUSTER DO MAR No mar desenvolvem-se também outras ativida- des profissionais, tais como a aquacultura, e ativi- dades lúdicas e desportivas, como seja o mergu- lho, às quais a Mútua responde afirmativamente. INTERVENÇÃO NAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS Armazéns de pesca, clubes náuticos, associações de armadores e pescadores, lojas de materiais de pesca, restaurantes e atividades recreativas, entre muitas outros, contituem igualmente fonte de intervenção da Mútua dos Pescadores, sempre com os pés em terra e os olhos no mar.

34 DIA MUNDIAL DO AMBIENTE

“CONSTRUIR MAIS E MELHOR” Especializada no tratamento de lixiviados por Osmose Inversa, a AST – Soluções e Serviços de Ambiente conhece as necessidades dos seus clientes e, de acordo com as mesmas, procura dar as soluções e tecnologias mais avançadas. Foi em 2008 que tudo nasceu, tal como nos contou Stefan Löblich, Diretor Geral da AST.

tefan Löblich é de Viena, Áustria. Mas, filtra a água ao nível dos sais. As membranas são depois de ter passado por Portugal através tão finas que só deixam passar as moléculas de do Programa Erasmus, rendeu-se a este água e tudo o resto é retirado”, explicou. O sis- Spaís e resolveu voltar, em 1998. Desde tema não é uma inteira novidade. No entanto, o então, foi acompanhando todo o processo de se- facto de ser móvel, de se poder aplicar pressões lagem das antigas lixeiras, de impermeabilização muito elevadas, de ser equipada com membranas e construção de novos aterros e foi conhecendo de osmose inversa, nanofiltração ou ultrafiltração muitos profissionais desta área. Foi, assim, adqui- e, por fim, de conter um nível elevado de controlo rindo o know how que lhe permitiu, em 2008, Stefan Löblich para uma constante análise do processo, confere a concretizar um sonho que se materializou numa esta máquina o conceito de inovadora. empresa denominada por AST e que se dedica a Em Portugal desde 1998, Stefan Löblich sente soluções e serviços de ambiente. Hoje, com uma retorno para si em concreto mas sim para o bem que houve uma mudança de consciência. Se, no equipa composta por sete engenheiros, a AST geral uma vez que está a proteger o ambiente. Se passado, era comum ver uma pessoa deitar lixo tem feito nome não só em Portugal, mas também ele descarregar o seu esgoto no rio, naturalmente pela janela das viaturas, hoje essa atitude é pon- no Brasil, Espanha e Angola. No final do ano que isso trará sérios problemas ambientais”, afir- derada. Mesmo assim, apesar de acreditar que os passado, a AST celebrou, aliás, um contrato para mou Stefan Löblich. Face a este cenário, a AST mais jovens já têm essa mentalidade. O respon- o tratamento de lixiviado num aterro sanitário na tem soluções económicas e competitivas mas tem sável defende que ainda há um longo caminho zona de Rio de Janeiro, no Brasil. Com Espanha, perfeita consciência que as imposições legais são a percorrer ao nível dos mais velhos e das forças a equipa iniciou o trabalho em 2009 a realizar parte do motor deste negócio. “.Mas uma coisa políticas. Stefan Löblich deu um exemplo: “os um contrato com a FCC. Já Angola, através do é dada como garantida. Depois de escolherem a novos aterros que foram feitos em Portugal têm Programa “Água para Todos”, que tem como AST, terão sempre uma assistência técnica per- fiscalizações muito apertadas e recebem multas principal objetivo aumentar a produção agrícola sonalizada e permanente. Mais do que alugar ou por qualquer razão. Por outro lado, os aterros que nas zonas rurais do país, a AST tem contribuído adquirir um equipamento, é preciso saber operar não têm qualquer tratamento e nunca declararam através da sua tecnologia de purificação de água e mantê-lo, ou seja, garantir a sua continuidade, que têm águas residuais, não são fiscalizados. Na potável, fornecendo sistemas de bombagem sola- e a equipa da AST dá essa resposta. Aliás, em minha opinião, deveria haver uma fiscalização na res e sistemas de Ultrafiltração. período de contenção económica, o facto de ofe- base do bom senso e da lógica e, a partir daí, muita “Crescemos muito na área do tratamento de li- recerem ao cliente a possibilidade de aluguer é coisa poderá melhorar”, afirmou. Além disso, Ste- xiviados, um segmento onde acumulamos muita uma oportunidade que tem sido cada vez melhor fan Löblich criticou ainda o setor da agropecuá- experiência, e acredito que somos a equipa mais aproveitada. Se tem dúvidas quanto ao perfeito ria em Portugal. “Em países como a Áustria ou a competente a operar em Portugal”, garantiu o funcionamento de um equipamento esta é a so- Alemanha já existe uma alta percentagem de agri- Diretor Geral. Neste mercado é, sem dúvida, o lução. “Não tem de fazer grandes investimentos cultura biológica e tratamentos dos resíduos deri- antigo método do “passa a palavra” que tem fun- nem tem de se comprometer com a banca. Aluga vados da indústria agropecuária. Em Portugal, a cionado melhor. “A rede de conhecimentos dos e depois vê se funciona conforme as expetativas e agricultura ainda é bastante industrial e os dejetos portugueses é muito boa e, ao integrarmo-nos se há interesse em efetuar a compra. Neste mo- dos animais são enviados para o rio ou aplicados nessa rede, foram surgindo pedidos de consul- mento, temos cinco máquinas alugadas, entre em excesso nos solos”, defendeu. Apesar de tudo, ta, contactos e oportunidades”, explicou. Sendo Portugal e Espanha”, referiu. o respeito pelo ambiente já está mais enraizado no austríaco, Stefan Löblich continua a manter um Nas anteriores empresas onde queria apresentar quotidiano dos portugueses e, para tal, a AST, que contacto permanente com o seu país, através de esta solução, Stefan Löblich acabava por ter uma tem em vista o incremento da sua internacionali- parcerias mais direcionadas para fornecedores. resposta negativa devido à magnitude do investi- zação graças a um QREN aprovado, quer conti- Mas, em qualquer um dos mercados em que está mento em questão. Já na AST, passo a passo, foi nuar a “construir mais e melhor”. presente, a AST, especializada no tratamento de juntando o capital necessário, chegando mesmo a lixiviados e no tratamento de águas por sistemas candidatar-se a um QREN para a mesma mas o de membranas, é incansável na procura de solu- percurso acabou por ser feito sem qualquer ajuda ções e tecnologias o mais avançadas possível, ten- financeira. Depois de construída, “a ideia era levar do sempre em mente uma perfeita simbiose entre a máquina à indústria para demonstrar a capa- a vertente ambiental e o custo dos investimentos cidade desta tecnologia para tratar águas residu- dos seus clientes. Uma tarefa que nem sempre ais. Tem existido algum interesse mas os custos é fácil. “Os custos para tratamento, necessários ainda são elevados e, atualmente, a máquina está para melhorar o ambiente, são, em muitos casos, a ser usada em Espanha”, referiu o responsável. um custo para o cliente que não traz uma mais Mas, afinal, em que consiste este equipamento? valia, ou seja, ele tem gastos mas não vai ter um “Trata-se de um sistema de osmose inversa que

35 O MOMENTO ATUAL DO SETOR SEGURADOR “A GENERALI É EFETIVAMENTE uma Marca com reputação e segurança”

“Acompanhar as novas tendências de consumo, as novas tecnologias e acima de tudo estar preparado para estar onde está o cliente. O futuro é o multiacesso e torna-se fundamental criar os mecanismos adequados de interação entre o cliente, mediador e companhia de seguros”, assume Santi Cianci, CEO da Generali - Companhia de Seguros, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Mais do que uma marca, a Generali – Companhia de Seguros é hoje o paradigma da excelência e do rigor. Saiba mais sobre a marca e porque é o setor dos seguros cada vez mais essencial para o país.

A Generali - Companhia de Seguros assume-se atualmente como um dos principais players de mercado no setor dos seguros, sendo uma marca reconhecida pelos padrões de qualidade e exce- lência que impõe na sua dinâmica diária. Desta forma, que análise perpetua do mercado em que atuam, e quais as principais características da marca (Generali) e que lhe têm granjeado a possi- bilidade de assumir uma posição de destaque em território nacional no seu setor de atuação? O mercado segurador é um mercado extrema- mente competitivo, com solidez financeira e ca- pacidade de resposta às diferentes adversidades. Desempenha um papel fundamental na econo- mia e o seu impacto económico e social é deter- minante para impulsionar a atividade económica nos mais diversos setores de atividade. Em cons- tante mudança, o mercado segurador tem tido a capacidade de acompanhar as tendências, os esti- los de vida e os novos comportamentos, quer do consumidor, quer dos parceiros de negócio. O su- cesso da Generali no mercado segurador advém de um conjunto de valores e princípios orienta- dores, que nos conduzem no desenvolvimento da nossa atividade. Na Generali procuramos acima de tudo oferecer um serviço de qualidade supe- rior apoiado na rede de Mediação, assente num relacionamento duradouro e de confiança que proporcione ao cliente a solução ideal para o seu caso em concreto. É no tratamento personalizado e singular da Ge- nerali perante os seus clientes que assenta a sua forma de atuação e por conseguinte de sucesso? Também, mas não só. É verdade que a forma de atuação da Generali assenta em abordar cada cliente como um consumidor singular, com ca- Santi Cianci racterísticas e necessidades únicas, mas, para al- cançar o sucesso é preciso uma equipa motivada, a trabalhar em conjunto, focada no cliente e em proporcionar um serviço de excelência. do maduro. De que forma tem a atual conjuntura cliente façam a diferença. Sempre apoiadas por sido adversa ao setor? uma rede de mediação experiente, profissional e O que possui a Generali que as outras congéneres O setor segurador não é diferente dos outros de confiança. de setor não detêm? setores quando se fala em crise. É natural que a A Generali tem quase dois séculos de história e é crise tenha tido impacto no setor, mas apesar de Sendo um setor de enorme vitalidade e funda- um dos maiores prestadores de seguros do Mun- tudo o setor soube reagir. É fundamental encon- mental para a economia do país, que medidas de- do. Uma seguradora internacional que opera des- trar o equilíbrio perfeito para que os resultados veriam ser criadas no sentido de apoiar o setor se- de 1831, que ultrapassou grandes crises mundiais técnicos de cada ramo se mantenham sólidos e gurador e por conseguinte os diversos players de e continua a fazer história é um grande legado e com boa performance. Iremos manter a estraté- mercado? Acredita que essas medidas ainda não segurança. Existem poucas marcas com este po- gia e o rumo que traçámos, assentes em políti- estão colocadas em prática? Encontra alguma ra- der. A Generali é efetivamente uma Marca com cas comerciais que incrementem o crescimento zão para esse facto? Que consequências poderão reputação e segurança. sustentável e que proporcionem ao cliente o advir desse cenário? nível de serviço desejado. O Foco da Generali é Deve ser garantida a justa concorrência de mer- Os dados mais recentes mostram como o setor se- cada vez mais o cliente, quer particulares como cado evitando práticas concorrenciais demasiado gurador está a sofrer o impacto da crise económi- empresas, onde as soluções que mais segurança, agressivas e mesmo dumping. As Seguradoras ca e financeira, mesmo tratando-se de um merca- comodidade e nível de serviço proporcionado ao devem fazer uma profunda auto crítica e ao mes-

36 “O setor segurador não é diferente dos outros setores quando se fala em crise. É natural que a crise tenha tido mo tempo existir debate entre os diversos players nos Ramos Reais. Todos os produtos merecem impacto no setor, mas apesar para evitar o declínio dos resultados técnicos em a nossa maior atenção, mas em virtude das alte- ramos como o Auto e Acidentes trabalho.. rações na segurança social e na saúde, os ramos de tudo o setor soube reagir. Deve ainda ser criado um ambiente de mercado de Saúde e Fundos de Pensões / Capitalização que desincentive a fraude. merecem especial atenção. São seguros que têm É fundamental encontrar o cada vez maior importância e em que existe uma equilíbrio perfeito para que Apesar dos evidentes obstáculos o setor tem sabi- necessidade maior por parte do consumidor. do ultrapassar algumas das dificuldades existen- os resultados técnicos de cada tes, seja pela consolidação da posição das segu- A Associação Portuguesa de Seguradores apre- radoras que atuam no mercado, seja pela fusão sentou recentemente o seu relatório “Pessoal da ramo se mantenham sólidos e de companhias, reorganizando assim o mercado. Atividade Seguradora” que vem demonstrar que Na sua opinião, quais são as principais razões que o setor segurador dá garantias de estabilidade com boa performance” tem levado este setor a conseguir ultrapassar os no emprego, cria condições de trabalho para re- períodos de dificuldade? ter talentos, cria emprego qualificado e fomenta O setor segurador possui uma enorme capaci- o equilíbrio entre trabalhadores homens e mu- dade e solidez financeira. Os elevados padrões lheres. Desta forma, como comenta estas conclu- de conduta da atividade e a gestão prudente dos sões? De que forma tem a Generali apostado for- pregados de multinacionais, de modo a permitir ativos têm sido fundamentais. Mas também as temente nos seus recursos humanos para assim um alinhamento internacional das coberturas estratégias comerciais implementadas, a diversi- conseguir continuar a singrar? oferecidas e desta forma garantir que uma das ficação da oferta de soluções de segurança pro- As pessoas, o seu profissionalismo e competência principais preocupações das empresas que se in- porcionadas aos clientes. são dos fatores mais fundamentais para a nosso ternacionalizam, os expatriados, usufruam de um bom desempenho. A Generali criou em 2011 a nível adequado de proteção, no caso de despesas A Generali sentiu também essas dificuldades? De Academia Generali, um projeto que tem como hospitalares, médicas, assistência, repatriamento que forma as contornou? A qualidade de serviço principais objetivos a orientação para uma cul- por acidente ou por doença e evacuação. foi uma das apostas da companhia? De que for- tura de sucesso e empenho, dotando os cola- ma procuram escutar os testemunhos dos vossos boradores de conhecimentos, competências e A Generali tem também caracterizado a sua di- clientes e agentes para compreender os pontos ferramentas nas áreas mais importantes para o nâmica pela Responsabilidade Social, fenómeno onde devem melhorar? desenvolvimento do negócio. Recentemente a cada vez mais visível no domínio dos grandes Sim. Na Generali também sentimos as dificul- Academia Generali passou a ser reconhecida pela grupos e não só. De que forma pretende a Gene- dades decorrentes da crise, mas continuámos sua capacidade para realizar formação certificada rali continuar a manter um papel de evidência ao a crescer e a alcançar excelentes resultados. A nas áreas temáticas de formação: Finanças, Ban- nível da Responsabilidade Social? Que novidades qualidade do serviço não foi uma das apostas da ca e Seguros. O que faz da Generali a primeira neste domínio? companhia, a qualidade do serviço é um prin- companhia de seguros do mercado a ter uma A Generali promove e desenvolve a sua dinâmica cípio que rege a postura da Generali perante os Academia de Formação plenamente certificada. de Responsabilidade Social como parte integran- seus clientes. Acima de tudo procurámos colocar te da sua cultura e esta começa pelos seus colabo- cada vez mais o cliente no centro das atenções Não receia que a diminuição da capacidade finan- radores e parceiros que através de iniciativas in- e melhorar ainda mais a nossa capacidade de ceira dos portugueses possa prejudicar o cresci- ternas deixam o seu contributo para a sociedade. resposta. Focámo-nos na fidelização do cliente, mento da companhia? De que forma pretendem Anualmente a Generali organiza o evento Ge- apoiando os canais de distribuição no desenvol- «persuadir» os portugueses a continuar a apostar nerali Solidário, um projeto de Responsabilidade vimento de soluções multiacesso que permitam a em produtos «made in» Generali? e Solidariedade Social que a Generali e os seus melhoria da interação com o consumidor. A capacidade financeira dos Portugueses in- colaboradores têm abraçado com enorme orgu- Os testemunhos dos nossos clientes e agentes fluencia o negócio mas não acreditamos que lho e satisfação. Uma iniciativa de cariz solidá- são essenciais para melhorarmos e evoluirmos. prejudique o crescimento da companhia. Conti- rio, que reflete os valores sociais e culturais da Consciente dessa necessidade a Generali conta já nuaremos a apostar na prestação de um serviço companhia. Através do envolvimento, solidarie- há alguns anos com a colaboração de um Comité de elevada qualidade, em servir bem o cliente e dade e criatividade dos colaboradores e parceiros Consultivo de Agentes onde são analisados e de- aumentar a sua satisfação para com a companhia. Generali, são desenvolvidas diferentes tarefas de batidos regularmente os temas mais pertinentes e Procuraremos criar novos produtos ou melhorar recuperação e revitalização dos espaços das insti- as situações que podem ser melhoradas. ainda mais os atuais com mais valor acrescentado tuições apoiadas, proporcionando assim alegria e para o cliente e dessa forma continuar a contar melhores condições a quem mais necessita. Conseguiram aumentar a vossa quota de merca- com a preferência dos clientes. do? Em algum setor específico? Se sim, em qual? Quais são os principais desafios e desideratos da Existe algum setor ou setores dentro dos produ- A globalização dos mercados e a prioridade das Generali para 2014? Preveem crescimento para tos/serviços oferecidos pela Generali que vá ser empresas em terem uma forte presença interna- este ano? alvo de maior atenção da vossa parte em 2014? cional como forma de diversificarem e alcança- Acompanhar as novas tendências de consumo, as O Grupo Generali em Portugal terminou o ano rem os seus negócios tem conduzido a uma cres- novas tecnologias e acima de tudo estar prepa- de 2013 com uma faturação de € 185,7 Mi- cente procura de soluções integradas de seguros rado para estar onde está o cliente. O futuro é o lhões (+11,2%), € 130,7 Milhões nos Ramos que cubram os riscos de internacionalização. Nes- multiacesso e torna-se fundamental criar os me- Reais (+2,4%) e € 54,8 Milhões no Ramo Vida te domínio, que soluções apresenta a Generali? canismos adequados de interação entre o cliente, (+39,7%), ultrapassando claramente o objetivo Neste setor, a Generali tem soluções sofisticadas mediador e companhia de seguros. traçado para 2013 de € 180 Milhões. para companhias multinacionais, disponibili- Continuamos a apostar no aumento de noto- A Quota de Mercado da Generali em Portu- zadas por uma estrutura especializada, o GEB riedade e reputação positiva em Portugal, pelo gal, nos Ramos Reais é agora de 3,5% e 0,6% (Generali Employee Benefits), sedeado em Bru- que continuamos a desenvolver campanhas de no Ramo Vida. A Generali foi a companhia de xelas. Através do GEB disponibilizamos em to- publicidade institucional com o Embaixador da seguros, não ligada a uma entidade bancária, dos os mercados em que o Grupo está presente, Marca Generali em 2014, o grande ator Joaquim com maior crescimento da Quota de Mercado soluções na área dos benefícios sociais para em- de Almeida.

37 INTERNACIONALIZAÇÃO – CAPTAÇÃO DE VALOR

A OPINIÃO DE Job Vasconcelos – Coordenador do CAE - Centro de Apoio Empresarial CAE – Parceiro de excelência

O Centro de Apoio Empresarial foi criado em 2005, m janeiro de 2011, o CAE foi integrado na Câmara de Comércio no âmbito do extinto Projeto de Desenvolvimento e Indústria de Angola (CCIA), dotado de autonomia administrati- da Participação Nacional (PDPN), com o objetivo de va e financeira, tendo considerado para o feito o Despacho 127/03 (Ministério dos Petróleos) que estabelece o Regime de Contratação prestar apoio às empresas angolanas interessadas em E de serviços e bens de empresas nacionais por empresas do setor petrolífero, participar na indústria petrolífera, fomentando o seu Artigo 3º, ponto 2.3, que refere a obrigatoriedade das empresas privadas desenvolvimento e participação de forma competitiva na angolanas registarem-se e serem certificadas tanto pelo Ministério dos Pe- cadeia de fornecimento de bens e serviços. tróleos como pela Câmara de Comércio e Indústria de Angola. O CAE tem como objetivo principal a inscrição e certificação dos for- necedores nacionais de acordo com parâmetros criados pelas Operadoras, sendo vista como um processo de pré-qualificação da qual está incorporada a constatação in loco das atividades descritas pelas empresas e asseguramos que esteja implementada as normas de higiene, saúde e segurança no tra- balho. No que respeita à gestão das oportunidades comerciais, importa referir que recebemos estas oportunidades dos Operadores e grandes prestadoras de serviços, Depois de devidamente analisadas, auxiliamo-nos da nossa base de dados que conta atualmente com mais de 2000 empresas para divulga- ção da informação e pesquisa sobre as empresas que poderão prestar um determinado serviço que foi solicitado. Como exigido por lei muitas das solicitações são publicadas no jornal de maior tiragem em Angola. Dispomos de uma equipa jovem de consultores que pode apoiar os empre- sários nos mais variados temas relacionados com a gestão e desenvolvimen- to empresarial, do mesmo modo apoiamos os operadores a difundirem as suas ferramentas de contratação, termos e condições.

38 “O CAE tem como objetivo principal inscrição e certificação dos fornecedores nacionais de acordo com parâmetros criados pelas Operadoras, sendo vista como um processo de pré-qualificação da qual esta incorporada a constatação in loco das atividades descritas pelas empresas e asseguramos que esteja implementada as normas de higiene, saúde e segurança no trabalho”

Equipa do CAE - Centro de Apoio Empresarial

A realização de workshops nacionais e internacionais, em convénio com outras entidades públicas e privadas com vista a explorar as oportunidades de negócio para as empresas nacionais no setor petrolífero e estimular o processo de parcerias estratégicas para o desenvolvimento do empresariado “A utilização de bens e serviços tendo como público alvo não só as já certificadas mas também os jovens empreendedores angolanos. providenciados por empresas Angolanas Estando o CAE no processo de Certificação ISO 9001/2008 pelo Bure- au Veritas no âmbito do Sistema de Gestão de Qualidade: “Prestação de irá impulsionar a redistribuição da renda serviços de formação empresarial, assistência técnica, certificação de forne- cedores (pré-qualificação) e busca de oportunidades comerciais aos forne- nacional, criar condições para o surgimento, cedores nacionais para a indústria petrolífera”, pretende-se dar mais valor crescimento e participação na economia aos nossos serviços e servir o setor petrolífero com excelência. O conceito de conteúdo nacional tem como objetivo criar valor agregado de empresas angolanas, capazes e e contribuir para o desenvolvimento global do país tendente a estabelecer princípios e ações no que tange a formação e qualificação da mão de obra competitivas e desincentivar um domínio angolana, fomento e desenvolvimento de empresas angolanas. Estes princípios devem ser considerados como o ponto de partida. É neces- de empresas estrangeiras na economia do sário que se implementem estratégias efetivas para a formação e qualifica- ção da mão de obra angolana, tendo em vista a qualificação e modernidade país e consequentemente exportação de existindo legislação aplicável ao exemplo do Contrato Programa. A utiliza- receitas. Visando a estratégia do Executivo ção de bens e serviços providenciados por empresas angolanas irá impulsio- nar a redistribuição da renda nacional, criar condições para o surgimento, na diminuição do desemprego no seio crescimento e participação na economia de empresas angolanas, capazes e competitivas e desincentivar um domínio de empresas estrangeiras na dos jovens, dever-se-á dar prioridade à economia do país e consequentemente exportação de receitas. Visando a estratégia do Executivo na diminuição do desemprego no seio dos jovens, contratação de empresas angolanas que dever-se-á dar prioridade à contratação de empresas angolanas que estejam implementadas em Angola e que contratem angolanos. estejam implementadas em Angola e que Todo o apoio é prestado às empresas estrangeiras que pretendam imple- contratem angolanos” mentar-se em Angola, informação disponível no site: http://www.caean- gola.org/pt/ Encorajamos todas as empresas que pretendam prestar serviços e fornecer bens ao setor petrolífero a certificarem-se pelo CAE para que possam be- neficiar dos seus serviços.

“A realização de workshops nacionais e internacionais, em convénio com outras entida- des públicas e privadas com vista a explorar as oportunidades de negócio para as empre- sas nacionais no setor petrolífero e estimular o processo de parcerias estratégicas para o desenvolvimento do empresariado tendo como público alvo não só as já certificadas mas também os jovens empreendedores angolanos”

39 INTERNACIONALIZAÇÃO – CAPTAÇÃO DE VALOR “O SUCESSO DO NOSSO CLIENTE é o nosso sucesso”

Saber onde está e para onde quer ir é, talvez, o segredo do sucesso de qualquer negócio. Na ESFERAINTEL é disto que se fala. Através de soluções integradas de negócio, esta empresa de consultoria especializada ajuda os seus parceiros a enfrentar os desafios, identificando oportunidades de negócio e estando sempre ao lado deles nos piores e nos melhores momentos. Sabendo que cada caso tem as suas especificidades, o know how desta equipa permite equacionar as soluções e técnicas mais avançadas. Mas, para tal, importa que o cliente partilhe do mesmo “ânimo e determinação”, tal como defendeu José Ferreira, Administrador da ESFERAINTEL.

A ESFERAINTEL acredita que em momentos com- teraram também processos internos, administrati- plicados é possível fazer a diferença. Sendo esta a vos e produtivos. A opção pelos mercados externos vossa filosofia, de que modo esta equipa tem nor- foi tomada por muitas empresas que identificaram teado os vossos parceiros neste mesmo caminho? esta como sendo uma das vertentes possíveis na O caminho do sucesso é uma receita com vários sua sustentabilização. Existem imensos casos ingredientes: o saber “onde estamos, para onde de sucesso; no entanto queria sublinhar, que an- queremos ir, como fazer para lá chegar na veloci- tes da procura de mercados, contatos, parceiros, dade certa”. Simples. distribuidores, é fundamental que o empresário defina uma estratégia e perceba as necessidades De que forma os vossos serviços, têm permitido financeiras; a projeção do que quer ser no futuro “transformar” as empresas com as quais trabalham? e a visão sobre os inerentes passos. Desta forma Em primeiro lugar, pomos ao serviço dos nossos mitigará potenciais erros na concretização. Muitos clientes todo o nosso saber e experiência, e quan- empresários, não seguem este raciocínio achando do aplicável, mobilizamos parceiros nossos que que o caminho comercial, por si só, resolve tudo e tragam as necessárias competências adicionais. “o resto logo se verá”. A “expertise” adquirida ao longo de anos permite equacionar soluções mais abrangentes, partilhar no- Há quem defenda que as PME’s portuguesas não vas técnicas e, muito importante, desafiarmo-nos e gostam de ter muitos consultores mas quando têm aos nossos clientes na procura de soluções que per- depositam neles inteira confiança. Como é que se mitam a construção de um modelo distinto e sus- conquista a confiança de um potencial cliente? tentável. Cada caso é um caso, com as suas especi- A nossa primeira mensagem é que o sucesso do José Ferreira, Administrador ficidades; certo é que o Cliente tem que se envolver nosso cliente é o nosso sucesso. Não passamos também com igual ânimo e determinação, senão… “receitas” e vamos embora. Nas empresas com que trabalhamos queremos fazer parte, no sentido figu- guística e pela proximidade cultural, têm sido foco No cenário atual, acredita que as PME’s portugue- rado, do ambiente da empresa. Por vezes, a solução da atenção. Que oportunidades de negócio aqui sas têm que, invariavelmente, apostar na interna- está dentro da própria empresa e nos seus colabora- existem? Enquanto consultores especializados, cionalização dos seus negócios? dores mas raramente uma organização tem tempo que tipo de assessoria a ESFERAINTEL tem procu- Neste passado recente de dificuldades assistiu-se para parar, refletir e obter a sua contribuição; e neste rado prestar e quais são as principais barreiras que a excelentes exemplos de “transformação” das em- particular, os consultores têm um papel decisivo. ainda persistem? presas, quer na otimização da sua oferta, quer na Sem dúvida que os países que menciona são a diversificação de mercados e clientes. Para isso, al- Fala-se muito nos PALOP que, pela facilidade lin- natural extensão de negócio para muitas empre- sas portuguesas. Mas dependendo dos setores de atividade existem outras oportunidades. Deixe-me dar-lhe um exemplo: um mercado, pouco explora- do, com cerca de cem milhões de habitantes. Falo da denominada Europa de Leste, ávida de produ- tos de qualidade, em especial na área alimentar. Já este ano trouxemos a Portugal 16 importadores nesta área e foi um sucesso. Existe, contudo, muito trabalho a fazer por parte das nossas empresas. Te- mos, em Portugal, muitas pequenas empresas com produtos de qualidade, no entanto quando se fala em 20 toneladas por semana ou mesmo por mês, o negócio cai por terra. A sua associação é um passo necessário para ganhar competitividade e existem em Portugal bons exemplos neste sentido. O que podemos esperar, este ano, da ESFERAINTEL? Este ano concorremos a alguns concursos inter- nacionais, em consórcio com os nossos parceiros entre os quais algumas Consultoras Multinacio- nais. A concretizarem-se, seria de enorme prestí- gio para a ESFERAINTEL e acredito, também para o país. Temos, em Portugal, pessoas com um valor inquestionável que, associados a projetos de renome internacional, abrirão portas a um Por- tugal de elevado valor intelectual e técnico. Vere- mos o que vai acontecer.

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INTERNACIONALIZAÇÃO – CAPTAÇÃO DE VALOR A CRIAÇÃO DE VALOR no Mundo

A Revista Pontos de Vista foi conhecer a Intellysys, uma marca de renome e orientada ao estudo, projeto, fabrico, montagem e assistência pós-venda de instalações de tratamento de superfícies e pintura para a indústria em geral, bem como para instalações de meio ambiente, robótica, energia, automação industrial e projetos industriais especiais. João Figueiredo, Executive CEO Solintellysys abordou diversas temáticas ao longo desta entrevista, principalmente no domínio da internacionalização, porque o desiderato passa sempre por alargar a presença da marca pelos diversos mercados mundiais.

João Figueiredo

Considerada empresa gazela durante dois anos Somos agentes de criação de valor, e preocupa- consecutivos, quais as razões do sucesso e rápido mos verdadeiramente com os nossos clientes. crescimento da Solintellysys? Como é que em pou- “O crescimento é bom se sustentado e co mais de cinco anos se consegue passar de dois A Intellysys Internacional foi criada com o obje- consolidado. Crescer significa aprender, para 50 funcionários e entrar em tantos mercados? tivo da internacionalização. Em que mercados disponibilidade física e financeira. Tal A Solintellysys apresenta-se no mercado com a empresa marca atualmente presença e de que base em relações profissionais que geram solu- forma? qual a vida nos ensina, se partilharmos ções e confiabilidade. Temos um capital humano A Solintellysys atua ativamente e de forma direta com os parceiros certos tudo se torna com elevado valor, gente de muita valia e foca- em 12 países e tem suporte comercial em mais mais fácil. É neste conceito de parcerias e dos no Cliente. Somos realmente uma empresa 14. Temos dois sites de fabricação, um no Brasil que baseia toda a sua atividade em conceitos de e outro no México. É nosso objetivo estar direta- network que a Solintellysys se revê. Assim excelência e disponibilidade, trazendo aos nossos mente nestes 26 países em 2020. sendo, a LAGOS ocupa o lugar de parceiro Clientes benefícios e mais valias que os torna mais competitivos. Qual a importância da parceria com a Lagos, em- privilegiado, sendo catalisador desta Hoje somos 50, mas seremos mais, a equipa cres- presa com mais de 30 anos de experiência e pre- estratégia de “Anywhere at Anytime!” ce com as reais necessidades e numa constante sença em 26 países, neste processo? exigência de sermos mais e melhores. A Solin- O crescimento é bom se sustentado e consoli- tellyss é certificada ISO9001, ISO14001 e IDI dado. Crescer significa aprender, disponibilida- 4457, estando a implementar o sistema OSHAS de física e financeira. Tal qual a vida nos ensina, 18001. Somos pró-ativos e criamos, inovamos… se partilharmos com os parceiros certos tudo se

42 “A COATECH 2014, revelou-se um enorme sucesso. Durante 3 dias de exposição, fomos contactados por cerca de 80 empresas, tornando-se no melhor certame de sempre no México. Trouxe torna mais fácil. É neste conceito de parcerias e o nosso primeiro projeto. O Brasil é um país também até nós um parceiro efetivo de network que a Solintellysys se revê. Assim sendo, continental, que tem uma cultura multifacetada. a LAGOS ocupa o lugar de parceiro privilegiado, Hoje, a presença no Brasil transmite aos países trabalho, que nos vai permitir colocar sendo catalisador desta estratégia de “Anywhere vizinhos uma maior proximidade, mas em termos uma instalação nossa no mercado” at Anytime!” industriais não significa muito, devido às barrei- ras tributárias e logísticas presentes. Neste país a A Intellysys acaba de entrar no Chile. Porquê a es- Solintellysys desenvolverá uma estrutura comer- colha deste mercado? O facto de terem presença cial e pós venda, sendo a fabricação sustentada a física no Brasil tem permitido este crescimento partir do México. Estaremos presentes em todos contínuo na América do Sul? Que tipo de projetos os setores da Indústria e tentaremos colocar o como Bielorrússia, Rússia, Cazaquistão, Repú- a empresa pretende desenvolver neste mercado? maior número de instalações possível. blica Checa e Lituânia. Os países da EAU são O Chile é porventura o país da América latina também alvo desta mesma estratégia. com mais organização interna. Um mercado em Que outros mercados tem a empresa em vista? Quanto aos países mais atrativos podemos afir- pleno crescimento, ávido de soluções industriais. Quais os mais atrativos e porquê? mar que Qatar, Dubai e Cazaquistão estão no top Chegámos e estamos em plena prospeção comer- Temos como estratégia implementarmos em cin- das nossas preferências pela Qualidade e Quan- cial e técnica, sendo que conseguimos já efetivar co anos na Polónia e encetar relações com países tidade de projetos e disponibilidade financeira. Recentemente a Intellysys marcou presença na Quais os setores de atividade nos quais a Solintellysys marca presença com um maior peso para Coatech 2014, na Cidade do México. Como corre- a mesma? A aeronáutica é a grande aposta atualmente? ram estes dias? A Solintellysys é uma empresa de engenharia. Somos transversais e temos a presença assídua em todos A COATECH 2014, revelou-se um enorme su- os setores. Ao trabalharmos em network, temos acesso e disponibilizamos inúmeras soluções a diferentes cesso. Durante três dias de exposição, fomos con- níveis e com diversas tecnologias. tactados por cerca de 80 empresas, tornando-se Focamo-nos em tratamento de Superfície e pintura, sendo que a Aeronáutica é já cerca de 35% da nossa no melhor certame de sempre no México. Trouxe faturação. A Aeronáutica é uma das nossas apostas, sendo a Solintellysys fornecedora de vários players também até nós um parceiro efetivo de trabalho, como EMBRAER, AIRBUS, BOEING, EUROCOPTER e OGMA. que nos vai permitir colocar uma instalação nossa no mercado.

43 INTERNACIONALIZAÇÃO – CAPTAÇÃO DE VALOR UMA EMPRESA de pessoas para pessoas

Confiança. O percurso do Laboratório Edol, iniciado em 1952, numa pequena farmácia lisboeta, alicerça-se exatamente na consolidação de uma relação de confiança com um consumidor que sabe que daqui só poderão sair produtos e soluções de prevenção e tratamento de qualidade. A partir do momento em que se entra neste espaço, Carlos Setra, Presidente do Conselho de Administração da Edol, não tem dúvidas: “aqui irá encontrar pessoas com muita vontade de trabalhar, de exportar, de inovar”.

udo começou na Farmácia Bairrão, em como acontecerá com muitas empresas nacionais Alcântara, no ano de 1952. Hoje, decor- e outras multinacionais que sairão definitivamente ridas cerca de seis décadas e com cerca de do país”, defendeu. Carlos Setra tem feito o que T120 colaboradores a vestir esta camisola, o lhe compete, tendo já enviado o seu ponto de vista, Laboratório Edol assume-se como uma das mais por carta, para o Primeiro-Ministro, para o Mi- conceituadas empresas farmacêuticas, especializa- nistério da Saúde e para o Ministério da Econo- da no desenvolvimento, fabrico e comercialização mia. “Temos de fazer tudo o que estiver ao nosso de medicamentos, dispositivos médicos, dermo- alcance para evitar que isto aconteça”, afiançou, cosméticos e suplementos alimentares nas áreas até porque esta diminuição de 50% no preço dos de Oftalmologia, Dermatologia e Otorrinolarin- medicamentos irá ainda prejudicar as empresas ao gologia. Como é que se atinge um crescimento nível das exportações, prejudicando a boa imagem tão sustentado? Não há grandes segredos. “Com que a indústria farmacêutica tem levado para fora muita perseverança, muita vontade de trabalhar, de Portugal. empenho e dedicação de todos os envolvidos nes- tes projetos”, afirmou Carlos Setra. Carlos Setra EDOL EM 12 PAÍSES Na oftalmologia já não há muito a acrescentar ao Com as dificuldades sentidas no mercado inter- trabalho que tem sido edificado. A Edol é consi- no, o Laboratório Edol, apesar de tudo, mantem derada líder nacional de vendas nesta área, sendo às dificuldades que a indústria farmacêutica tem a sua “boa saúde”, muito porque, além de consoli- este o segmento com maior representatividade, enfrentado causa alguma “perturbação”. Muito dar a sua posição em Portugal, a empresa procura onde se destacam, por exemplo, as lágrimas artifi- além do mercado dos genéricos que tem “assom- outras alternativas no exterior. Está, hoje, em 12 ciais, uma necessidade cada vez mais premente da brado” o negócio destas empresas, Carlos Setra países e não pretende ficar por aqui.“A nível in- população. “As pessoas têm cada vez mais o olho garantiu que o mais preocupante, neste momen- ternacional não estamos onde desejaríamos mas seco muito graças ao ar condicionado, ao facto de to, são os diversos programas de receituário. “Há estamos a trabalhar para lá chegar. As exporta- estarem muito tempo a olhar para um computa- uma falta de respeito da indicação médica e os ções representam cerca de 15% do nosso volume dor, por conduzirem com o ar condicionado ligado produtos acabam por ser trocados em algumas de negócios mas queremos atingir os 50% com ou mesmo devido à poluição. Há uma série de fa- farmácias, incompreensivelmente até porque se alguma rapidez. Mas nem sempre é fácil porque, tores que influenciam a secura do olho e, portanto, trata de uma irregularidade”, acusou. Como é que tratando-se de medicamentos, em primeiro lu- temos de apostar nesta área”, explicou. Além disso, se contornam estas situações? A solução poderá gar temos de registar os produtos e é sempre um desde pomadas, geles oftálmicos, cremes, champôs passar por um maior controlo e por um esforço processo que leva o seu tempo”, afirmou. Sendo a loções, o Laboratório Edol está muito bem po- por parte das entidades competentes no sentido uma empresa pequena, antes de avançar para ou- sicionado nos segmentos em que atua. Como tal, de sensibilizarem as pessoas para que não haja tro país, a Edol tem de estabelecer as parcerias este é o momento certo para arriscar e chegar mais esta troca de medicamentos nas farmácias. locais mais adequadas. “Precisamos de parcei- longe. “Vamos entrar no mercado da ginecologia Contudo, há uma grande questão que atualmen- ros que não colidam com os nossos produtos e com alguns produtos de representação e outros te preocupa o quotidiano do Laboratório Edol e convencê-los de que vamos acrescentar valor”, de fabrico próprio. Quanto aos produtos de vete- de muitas outras empresas que atuam no mesmo defendeu Carlos Setra. Assim, se para alguns a rinária, ainda não podemos avançar com grandes ramo. Carlos Setra refere-se à “tentativa de im- Etiópia ou o Iraque são cenários de conflito, para informações mas sabemos que para breve iremos plementação de um decreto lei que diz que temos a Edol são mercados de grandes oportunidades. ter produtos para animais de pequeno porte, uma que baixar 50% o preço dos medicamentos com “No Iraque ainda estamos em fase de registo de atividade que nos diz muito e para a qual gosta- AIM’s com mais de 15 anos. Isto é assustador para produtos, ao passo que na Etiópia já vendemos ríamos de avançar o mais rapidamente possível”, a indústria nacional. A implementação de um de- com regularidade. São países com algumas con- evidenciou o responsável. creto desta natureza pressupõe o desaparecimento tingências e particularidades mas tem corrido de muitos medicamentos do mercado que serão bem”, acrescentou. Assim, e vendo o mercado DIFICULDADES DA INDÚSTRIA substituídos por medicamentos de multinacionais externo como um mercado de crescentes opor- FARMACÊUTICA muito mais caros”, explicou o responsável. É notó- tunidades, a Edol não arrisca falar de um futuro Pautando-se por uma melhoria constante da ria a indignação de Carlos Setra até porque pode- que continuará a ser uma incógnita, dependente qualidade que imprime aos seus produtos, a rá estar em causa a continuidade do Laboratório das medidas que o Governo continuará a tomar. Edol tem conquistado a confiança dos seus par- Edol. “Estamos completamente perdidos se tal Mas um dado é certo. Carlos Setra e a sua equipa ceiros. Por isso é que, para Carlos Setra, assistir acontecer e teremos mesmo de fechar portas, tal continuarão a olhar pela saúde das pessoas.

44 INTERNACIONALIZAÇÃO – CAPTAÇÃO DE VALOR COLLIERS INTERNATIONAL – Sempre líder

Mais do que uma marca, a Colliers International é hoje o paradigma de como estar no mercado e, acima de tudo, de como atuar através de padrões alicerçados na excelência, qualidade e rigor. Sendo uma das principais consultoras a nível mundial, a Colliers International é uma subsidiária da FirstService Corporation, representada em Portugal pelo Grupo IPG, e oferece, globalmente, um portfólio completo de real estate services, direcionado para ocupadores, proprietários e investidores, incluindo corporate solutions, brokerage, property and asset management, hotel investment sales and consulting, avaliação, consultoria, aconselhamento e research.

Nuno Serrenho Joaquim Chambel

base do sucesso de uma marca passa final de janeiro de 2014, a Colliers International ditou em Angola”, assume Joaquim Chambel, também pela busca incessante de novos encontra-se já habilitada a avaliar quaisquer ati- administrador da Colliers em Portugal, Angola desafios. A Colliers International assu- vos imobiliários detidos ou em processo de aqui- e Moçambique. De salientar que foi a Colliers Ame esse desiderato constantemente na sição por Organismos de Investimento Coletivos Angola o primeiro player a realizar um estudo, o sua orgânica diária, sendo portanto uma marca Imobiliários”, revelam os nossos interlocutores. primeiro, relacionado com o mercado de escritó- que aporta, além de um vasto conjunto de ser- Interessa compreender que este novo enquadra- rios de Luanda, tendo sido concluído pela marca viços, uma ambição real em prol da satisfação mento legal procura regulamentar uma ativida- em 2008, sendo, ainda hoje, “usado por muitos dos seus clientes e do crescimento quotidiano da de, da avaliação imobiliária, que se tem revela- como base para estimativas fidedignas do stock marca. A Revista Pontos de Vista conversou com do bastante crítica para inúmeros players locais, total da oferta de escritórios”, esclarece Joaquim Nuno Serrenho e Joaquim Chambel, respetiva- inúmeras vezes vítimas de uma pobre análise de Chambel. mente Diretor Geral em Angola e Administra- um mercado demasiado dinâmico para padrões Com uma vasta abrangência, a Colliers Interna- dor da Colliers Portugal, Angola e Moçambique, de outros hemisférios. Segundo Nuno Serrenho, tional aporta na sua orgânica um vasto conjunto onde ficamos a conhecer mais um passo da marca “há muito que a Colliers aguardava por este de clientes, como instituições bancárias, empre- rumo à evolução e assim a uma posição cimei- documento, que será, certamente, decisivo na sas multinacionais e muitos investidores insti- ra no mercado em que atua. De salientar que a elevação do patamar de qualidade da avaliação tucionais, “pelo que não poderíamos deixar de Colliers International, da mesma forma que foi imobiliária em Angola”, assume, revelando que a seguir de perto mais este passo na direção certa, a primeira a chegar a Angola, é ainda a primeira Colliers seguiu de perto todo este processo, “pois dado pelas autoridades Angolanas”, assegura o empresa internacional perita avaliadora de imó- acreditamos na sua relevância para o futuro do administrador da Colliers em Portugal, Angola veis certificada pela CMC. A partir deste «qua- investimento imobiliário nacional”, esclarece. e Moçambique. dro», percebemos como a marca assume os seus Este processo revela-se ainda mais fundamental, Desta forma, interessa compreender que a compromissos com o país, Angola, a qualidade até porque a liderança da Colliers no setor das Colliers International deu mais um passo rumo dos serviços e do trabalho perpetuado e com os avaliações imobiliárias, em Angola, é cimentada ao futuro, assumindo-se como uma marca que seus clientes. diariamente, na relação com os clientes, mas tam- tem na sua dinâmica e busca por novos modelos E qual foi esse passo? A Colliers International bém na qualidade do serviço que a marca oferece uma forma de estar. Assim, a Colliers, enquanto passou a ser a primeira empresa internacional e na atenção que aporta às suas necessidades. empresa perita avaliadora de imóveis, certificada certificada pela Comissão do Mercado de Ca- Com presença no mercado angolano desde pela CMC, passa a ter um serviço de avaliação pitais Angolana. E quais as mais-valias? “Com 2008, a Colliers International possui uma abran- imobiliária, que contempla essa opção, preen- esta certificação, e ao abrigo do Regulamento da gência nacional do país, tendo sido “a primeira chendo todos os requisitos estipulados na regula- Comissão do Mercado de Capitais publicado em consultora imobiliária internacional que acre- mentação vigente.

45 INTERNACIONALIZAÇÃO – CAPTAÇÃO DE VALOR “TODO O MÉDIO ORIENTE é para nós uma fonte de oportunidades”

Portugal e o Irão têm uma longa tradição de relações económicas, com mais de 500 anos. No entanto, com as sanções económicas decretadas pela União Europeia, viveram-se anos de algum desencontro. Será agora a altura ideal para criar uma ponte que volte a ligar os dois países? Para Armando Varela, Presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) não restam dúvidas de que as mais valias são mútuas. Por essa razão, uma comitiva composta por empresários e autarcas do distrito de Portalegre visitaram no final do mês de janeiro este país, onde foram assinados protocolos de cooperação entre a CIMAA e o Município de Qazvin e entre o NERPOR e a Câmara de Comércio da Província de Qazvin. Desta visita resultou um convite ao Mayor e ao Governador da província para visitar o Alto Alentejo. A visita decorreu de 27 a 30 de maio. Antes disso, em março, já o embaixador do Irão em Portugal, Hossein Gharibi, tinha visitado a região a convite de Armando Varela.

oi perto da Embaixada do Irão, na zona prioridade que é melhorar a capacidade de gerar do Restelo, que a Revista Pontos de Vista emprego”. se encontrou com o Presidente da Comu- nidade Intermunicipal do Alto Alentejo, O AERÓDROMO DE PONTE DE SOR E A F CAPACIDADE DE FORMAR PILOTOS poucos dias antes da visita do Mayor da Provín- cia de Qazvin e o Governador da mesma a esta O programa da visita foi por isso estratégico zona. Armando Varela ia apresentar uma pro- para a promoção de algumas das potencialidades posta de programa da visita e avaliar as questões do Alto Alentejo. Um dos momentos altos foi, de segurança à Embaixada porque “apesar de, no por isso, a visita ao aeródromo de Ponte de Sor. Alto Alentejo, os indicadores de criminalidade O autarca explica porquê: “Há, de facto, neste serem muito reduzidos, as coisas no Irão são um momento, uma panóplia de oportunidades, sen- pouco diferentes de cá e bastante mais formais do que um dos desafios é a cooperação com a no que concerne a estas questões. Tendo sido província de Qazvin no sentido de aproveitar as muito bem recebidos na nossa missão, no passa- potencialidades do aeródromo de Ponte de Sor do mês de janeiro, queremos receber igualmente na componente da formação. Nos próximos 20 bem”, garante. anos espera-se uma necessidade de 350 a 400 mil Estes acordos de colaboração pretendem forta- novos pilotos. Porém, a capacidade de formar pi- lecer o entendimento e as relações de amizade, lotos é de 10 mil por ano, o que se traduz num assim como promover e desenvolver a coopera- gap entre as capacidades e as necessidades. ção económica, social e cultural dos dois países. portação; não só para captar turistas estrangeiros O tempo necessário para terminar um curso de Ciente da importância de tais laços, Armando mas criar condições para que os turistas portu- piloto é elevado em função do número de ho- Varela tem outras zonas do globo em vista para gueses também possam ir lá. ras de voo necessário, sendo o principal entrave firmar acordos idênticos a este estabelecido com É necessário que os municípios adotem uma ati- à rapidez da sua conclusão a disponibilidade do o Irão e àquele que firmou anteriormente com tude diferente, olhando o mundo de forma mais espaço aéreo. O Alto Alentejo tem espaço aéreo o Brasil. “Neste momento a grande preocupação disponível e mais ligada à componente empresa- disponível e o aeródromo excelentes condições é em fazer o follow up destas duas missões, de rial. O desemprego em Portugal e na região não para permitir muito mais horas de voo, encur- forma a materializar os contactos em negócios vai ser contornado com emprego público. É mais tando assim a duração da formação. Possui ainda e oportunidades de exportação, captando inves- do que sabido que a resposta está no emprego uma pista de quase dois km de comprimento, timento privado. As relações criadas têm de se privado e, como tal, teremos de canalizar a enor- ideal para a formação de pilotos. concretizar na componente económica ou aca- me capacidade instalada dos municípios para um Outro nicho a explorar é a exportação de car- bam por se perder no tempo. No entanto, à pos- apoio efetivo à atividade empresarial, compen- ne de borrego para os países islâmicos, uma vez teriori, a perspetiva é a de chegar a seis pontos sando algumas fragilidades existentes, sobretudo que esta carne é muito apreciada e consumida do mundo: Irão, Brasil, México, China, Europa e em distritos como Portalegre”, afirma Armando nos mesmos. Também a coudelaria de Alter do um sexto que será ainda decidido entre um destes Varela. Chão, uma das mais antigas do mundo, é um fa- três países: Rússia, Índia ou Angola”, adianta. O mesmo vai mais longe e afirma: “todos temos tor de interesse para países com uma paixão tão consciência da necessidade de estabelecer coo- grande pelo cavalo como os islâmicos. Para além “APROVEITAR AS POTENCIALIDADES QUE SE perações fora de Portugal. A internacionalização disso, temos a vantagem de ser “um povo simpá- ENCERRAM NA GLOBALIZAÇÃO” passa pela criação de um bom ambiente para a tico e amistoso, numa posição geográfica estra- Nestas visitas é primordial encontrar pontos de exportação e uma atitude diferente por parte dos tégica que pode servir de plataforma de entrada interesse e produtos que possam ser exportados municípios que deve ser adotada enquanto apoio do Irão na Europa e com uma excelente posição para o Irão, tal como produtos que possam ser ao tecido empresarial, porque é aos empresários geoestratégica para todo o mundo. Também a li- importados do Irão para Portugal; divulgar a que cabe criar emprego. Foi uma estratégia que gação preferencial que podemos estabelecer com oferta turística da zona; perceber de que forma implementámos este ano e que, por isso, ainda os Palops faz aumentar o universo dos nossos 10 estamos disponíveis para receber estudantes do precisa de algum tempo de incubação. Não são milhões de habitantes para 300 milhões”. ensino superior e enviar outros, neste caso, para a uma visita e um protocolo de colaboração que No fundo, “temos que perceber quais os produ- província de Qazvin, promovendo o intercâmbio só por si colocam todos os empresários a ex- tos nos quais temos mais valias produtivas e esta de estudantes entre ambas as regiões; e procurar portar, mas é um processo de abertura que, es- transversalidade. Todo o médio oriente é para captar investidores iranianos, ao mesmo tempo tou convencido, irá mobilizar todas as câmaras nós uma fonte de oportunidades, até pela capaci- que se analisem oportunidades de investimento municipais do Alto Alentejo. Até porque um dos dade de investimento existente. Trata-se de uma no Irão que possam ser corporizadas por investi- melhores contributos que podemos dar ao desen- forma de viver diferente que privilegia muito a dores portugueses. volvimento económico é ultrapassar as fronteiras educação. Aliás, na cidade de Qazvin, com 400 “Temos de estar disponíveis não só para captar do território nacional e aproveitar as potenciali- mil habitantes, 35 mil são estudantes no ensino investimento privado mas também para investir; dades que encerra a globalização. Acredito que superior o que reflete a vitalidade de uma popu- não só para fazer exportação mas também im- desta forma conseguiremos dar resposta à nossa lação muito jovem”, afirma Armando Varela.

46 “CONDIÇÕES EXTRAORDINÁRIAS PARA ESTIMULAR A ECONOMIA SOCIAL” O autarca garante: “temos que acrescentar valor com o que temos, não é com aquilo que não te- mos”. E o que tem o Alto Alentejo de mais-valia: “um tecido agrícola com muita vitalidade e, ainda assim, cerca de 50% da carne que comemos em Portugal é importada. Isso não me parece susten- tável em termos futuros quando temos de facto condições extraordinárias para aumentar a pro- dução de carne. O turismo é também um fator de desenvolvimento interessante, transversal a todo o país, e será um vetor de desenvolvimento economia social enquanto forma complemen- gilidades - responsáveis em grande parte pelo muito importante para o Alto Alentejo ao lon- tar de captação de novos residentes e estímulo conhecido despovoamento da zona - e a uma go dos próximos anos. A produção de azeite tem ao investimento. No início do mês de maio foi, reflexão alargada quanto aos constrangimen- também uma dimensão muito significativa em por isso, assinado um contrato com a iSBS e a tos e oportunidades ao nível da mobilidade e todo distrito de Portalegre e pode estimular a ex- CIMAA para a elaboração do Plano de Ação de transportes, economia social e da saúde, oferta portação. Para além disso, na dinâmica da econo- operacionalização da Estratégia de Desenvol- formativa do ensino superior tecnológico e pro- mia social, o Alto Alentejo é a zona mais segura vimento da Economia Social no Alto Alentejo fissional, do turismo…”Estamos neste momen- de Portugal e uma das mais seguras do mundo, 2014-2020. to, em parceria com o Politécnico, a Associação como tal, goza de condições extraordinárias para Este plano surge no âmbito da estratégia de in- Empresarial de Portalegre e as associações de estimular a economia social”. tervenção para o território no período compre- agricultores, a identificar essas oportunidades Neste contexto, a CIMMA está, neste momento, endido entre 2014 e 2027, que tem obrigado a de investimento e de que forma se podem cor- a desenvolver um projeto piloto para a conceção uma análise muito profunda da economia local, porizar em mais e melhor capacidade para gerar de um fundo de apoio ao desenvolvimento da como forma de perceber quais as maiores fra- emprego”, conclui. INTERNACIONALIZAÇÃO – CAPTAÇÃO DE VALOR “UMA UNIVERSIDADE de investigação, excelência e referência”

“O desenvolvimento económico do país só é possível com o desenvolvimento da infraestrutura física, a formação do capital humano e da força de trabalho qualificada, pois esta tem o potencial para transformar o meio que o rodeia, “ esclarece Orlando Quilambo, Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Ao longo desta entrevista ficamos a conhecer as mais valias deste instituição e como a mesma tem sido uma alavanca fundamental na promoção e desenvolvimento do capital humano, logo, do país também. Porque uma nação que se diz desenvolvida apenas o chega a ser quando a sua população tem acesso à Educação.

A Universidade Eduardo Mondlane (UEM) tem como visão institucional ser uma referência de excelência no ensino, reconhecida nacional e in- ternacionalmente por serviços de qualidade e relevância social, com práticas flexíveis, criativas e inovadoras. Como se caracteriza o ensino da UEM? A UEM preconiza um ensino centrado no es- tudante, isto é, os seus métodos devem permi- tir que o estudante aprenda através da procura de informação, cabendo ao docente a função de facilitador. Uma instituição de referência baseia a sua docência na investigação, o que significa o uso de bibliografia relevante e que ao longo da formação, o estudante desenvolva projetos. Para isso, investe na melhoria das condições de traba- lho, salas de aulas, laboratórios, bibliotecas, num campus universitário mais agradável, propicia a prática de desporto e cultura e em residências es- tudantis apropriadas para a aprendizagem fora de sala de aulas. A UEM assume-se como referência na vertente do ensino superior. De que forma é que promove o desenvolvimento do país? O facto de a UEM ter sido a primeira e até 1985 a única no ensino superior do país, tornou-a res- ponsável pela formação dos únicos bacharéis e li- cenciados, entre eles médicos, agrónomos, enge- nheiros, historiadores, geógrafos e professores do ensino secundário e pré-universitário que ocupa- ram papéis chave nas capitais e nos distritos, e que garantiram a sobrevivência de Moçambique pós-independência. Através dos programas es- peciais de formação de professores de todos os níveis, a UEM garantiu o funcionamento do Sistema de Educação do país, seu crescimento e evolução para a atual situação, com escolas pré- -universitárias até nos distritos. Mesmo com o Orlando Quilambo surgimento de mais instituições públicas e pri- vadas, a UEM continua a ser a matriz e, por isso, responsável pela formação de técnicos superio- res, de Licenciados a Doutores.

Dentro das áreas de atuação da UEM, procuram são universitária, são realizadas ações tendentes que deve ser feito neste domínio? Qual deve ser o estimular a cooperação para o desenvolvimento. a resolver os problemas mais prementes das co- papel das universidades no fomento dessas rela- Sendo uma universidade de referência, de que munidades. Assim, decorrem no país programas ções? O que tem feito a UEM? forma contribui para o desenvolvimento humano de desenvolvimento que têm uma participação As relações políticas bilaterais constituem a base nas regiões que, apesar do crescimento substan- direta ou indireta da UEM. Nos meses de janeiro para as relações entre as universidades, havendo cial, ainda têm fortes carências? e julho, estudantes de várias áreas deslocam-se necessidades de que sejam continuamente apro- A UEM oferece áreas de formação diversificadas para as diferentes províncias e distritos para apli- fundadas, e a par da componente económica, se que permitem ao graduado adaptar-se ao meio car os conhecimentos adquiridos, contribuindo reforce a componente científico cultural, entre em que for colocado. Este graduado constitui o assim para a melhoria da vida da população. outras. As Universidades, através da Associação nosso “ponta de lança” para que nos locais recôn- das Universidades de Língua Portuguesa, inter- ditos use o conhecimento científico para o de- Qual é a importância das Relações Bilaterais Por- locutor válido junto da CPLP, joga papel impor- senvolvimento. Paralelamente, através da exten- tugal – Moçambique para as Universidades? O tante. Para um reforço recíproco destas relações,

48 é importante desenhar programas concretos de mobilidade académica e realização de projetos conjuntos. A UEM, sendo membro da AULP, participa nos vários órgãos sociais e, assim, con- tribui no reforço das relações. De que forma a UEM organiza as ofertas for- mativas diversificadas de modo a responder à procura, sem descurar as reais necessidades do mercado do trabalho? Existe a preocupação em sensibilizar os alunos para formações que, apesar de menos apelativas, são indispensáveis e vitais para o país? A UEM é uma universidade compreensiva e pública, que para além das necessidades do mer- cado, tem em conta as necessidades para o de- senvolvimento intelectual do país. Por isso, de- senhamos cursos que não são necessariamente de importância imediata. É o caso dos cursos de desenho de um currículo que seja globalmente ção como alicerce dos processos de ensino apren- Matemática, Física, Língua de Sinais, Tradução/ conversível, isto é, através do sistema de crédi- dizagem, extensão e administração. Assim, no interpretação das línguas bantu, entre outros. tos académicos como moeda de troca do volume próximo ano, assistiremos a esta transformação, do trabalho do estudante. Assim, o trabalho do lenta mas segura da UEM, para fazer a diferença Qual é a importância, em apostar na valorização estudante é devidamente quantificado e da mes- no país, na região, especialmente entre os falantes do capital humano? Que relevância tem esta apos- ma maneira comparável. Paralelamente, criamos da língua portuguesa. ta ao nível da evolução económica/social do país? instrumentos para a garantia da qualidade dos O desenvolvimento económico do país só é pos- serviços da UEM. Estes processos permitem a sível com o desenvolvimento da infraestrutura mobilidade de estudantes sobretudo falantes do Que mensagem deixa a todo o «Universo» física, a formação do capital humano e da força português, mas a UEM atrai também estudantes da UEM? de trabalho qualificada, pois esta tem o potencial da região, falantes do inglês e de outras partes A grande mensagem é de reconhecimento pelo para transformar o meio que o rodeia. do mundo. apoio que a comunidade universitária, de- monstra na implementação das medidas que O paradigma da educação, aos mais diversos ní- Quais são as principais novidades delineadas temos vindo a tomar nos últimos anos. Desde o veis, mudou a nível global. A mobilidade assume- para o próximo ano? processo de reforma curricular até a introdução -se hoje como uma importante medida ao nível A principal novidade é a implementação da nova de novas formas de ser e estar na instituição do conhecimento dos alunos. De que forma pro- visão e missão, que preconizam a transformação têm tido o apoio da comunidade, da sociedade, movem programas de mobilidade e o conceito de da UEM numa universidade de investigação e de e do nosso governo. Pelo que apelo a todos es- «Universidade aberta ao Mundo»? Que tipo de referência regional e internacional. Não podere- tes atores para que juntemos forças, e fazer da relacionamento possui com, por exemplo, univer- mos ser de excelência, concentrando os nossos UEM uma universidade de investigação, exce- sidades lusas? esforços apenas na introdução de novos cursos de lência e referência. Para facilitar a mobilidade, a UEM aposta no licenciatura e Mestrado, mas usando a investiga-

49 INTERNACIONALIZAÇÃO – CAPTAÇÃO DE VALOR PORTUGAL/BRASIL Uma relação com potencial

Fernando Brites, Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal Centro Oeste, em entrevista à Revista Pontos de Vista, abordou a dinâmica das relações entre Portugal e o Brasil. Qual o atual estado dessas parcerias? O que se deve promover para estreitar ainda mais essas relações? Qual o caminho a seguir de futuro? Desafios e ambições que existem e que são fundamentais para ambos os países. Conheça mais ao longo desta entrevista, de uma personalidade que compreende a importância desta cooperação e conhece como poucos as mais-valias destes países.

Num momento em que os mercados tradicionais Para os empresários portugueses que ponderam investidores portugueses. Por certo, Portugal ain- da Europa e dos Estados Unidos enfrentam algu- expandir os seus negócios para o Brasil, em con- da não anunciou as condições ideais para atrair as mas dificuldades, o Brasil, tal como a África ou a creto para o Centro Oeste, que conselhos deve- empresas brasileiras. China, tem sido um parceiro estratégico dos por- riam ser deixados? Quais são as principais carên- tugueses. Qual tem sido o contributo da Câmara cias desta região? Acredita que Portugal e o Brasil, sendo dois pa- de Comércio Brasil Portugal – Centro Oeste na Os empresários portugueses são sempre muito íses considerados irmãos, estão a atravessar um aproximação entre estes dois países? bem recebidos no Centro Oeste. A nossa Câ- “período mágico” em termos relacionais? De que A Câmara de Comércio Brasil-Portugal Centro mara de Comércio tem um grande número de forma o Brasil, com um lugar cativo no cenário Oeste tem atraído várias empresas portuguesas oportunidades cadastradas, como áreas para pro- económico internacional, pode ajudar Portugal a para se instalarem em Brasília, no Estado de dução agrícola, exploração de minérios, parcerias ultrapassar este período conturbado? Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para de produção e atividades diversas. As terras aqui, A força da exportação de Portugal para o Brasil, tal, viabilizamos nos Estados ótimos incentivos ainda são muito baratas. como do Brasil para Portugal, concentra-se em fiscais e terrenos a valores simbólicos. quatro ou cinco produtos. Nos últimos dois anos, Tal como Portugal vive atualmente uma crise a balança comercial vem sendo favorável a Portu- Acredita que o Centro Oeste é a “terra das grandes económica muito profunda, o Brasil também já gal. Só agora Portugal está a despertar para este oportunidades”. Qual é, atualmente, o potencial passou por essa experiência, entre 1998 e 1999. lado do Atlântico. Embora Portugal tenha exce- desta região e de que forma os empresários por- Mas, deu a volta por cima, com a implementação lência em ciência, em tecnologia, em softwares, tugueses têm aproveitado o mesmo? Neste traba- de reformas estruturais muito intensas. Na sua moldes para indústrias e outros produtos, estas lho de promoção das mais-valias desta virtudes são desconhecidas dos setores região, qual tem sido o papel desempe- produtivos brasileiros. Há muito a ser nhado pela Câmara de Comércio? feito. Num pronunciamento que fiz em Lisboa, na sede da AIP, em março de Para concluir, que desafios se colocam, 2012, disse que o Centro Oeste Brasi- no futuro, ao relacionamento entre leiro é a nova terra prometida. O Cen- dois países unidos por laços culturais tro Oeste desenvolveu-se e ganhou muito fortes? Qual continuará a ser a relevância com a inauguração de Bra- linha de atuação da Câmara de Comér- sília em 1960, porém ganhou escala na cio Brasil Portugal – Centro Oeste? produção agrícola, a partir do final da As relações comerciais entre os dois década de 1970, quando agricultores países podem vir a crescer substan- do Sul do País descobriram o poten- cialmente e a curto prazo. Este cres- cial da produção das terras desta região, cimento passa pelas regiões Centro que por serem planas, permitem o uso Oeste e Norte do Brasil. Temos leva- intensivo, transformando-se na grande do, a setores dos governos do Brasil e fronteira agrícola do Brasil. Aqui já abandonamos opinião, o que é preciso fazer para que Portugal de Portugal, a proposta de que os portos de Por- os procedimentos de arar a terra. Tão logo se co- siga as mesmas pegadas? tugal sejam escolhidos como a porta de entrada lhe, logo a seguir se planta. Temos três colheitas Em verdade, o Brasil superou as crises, desone- dos produtos brasileiros para a Europa. Estamos por ano. O clima é ótimo, a terra é muito boa e rando por períodos, alguns ramos de atividade, em a avaliar o momento mais oportuno para viabi- temos água em abundância. Estas são as razões do especial, a indúsria de automóveis e eletrodomés- lizar esta proposta. A partir de agora, podemos Centro Oeste responder por 41% de toda a produ- ticos. Ao longo do tempo, motivado pela sua gran- utilizar a Ferrovia Norte-sul, que acaba de ter um ção agrícola brasileira. de extensão territorial, através da Embrapa que é trecho inaugurado, ligando a cidade de Anápolis uma empresa federal e congéneres estaduais, o distante 150 quilómetros de Brasília, ao Porto de Em 2012, enquanto o PIB brasileiro cresceu 0,9%, Brasil tem conseguindo melhorias, nos processos Itaqui no Maranhão. Se Portugal se convencer o Centro Oeste cresceu 3,3%, tendo sido o maior de genéticos, adequando sementes às condições que nesta Ferrovia está a sua grande oportunida- crescimento regional brasileiro. Que razões fa- climáticas. Hoje, este trabalho obtém índices de de, firma contratos de sessão ou arrendamento de zem com que esta região seja a melhor do Brasil produção agrícola e animal, similares ou superio- Portos portugueses aos Estados do Centro Oes- para investir? res aos melhores índices de produção do mundo. te e Norte. As mercadorias que hoje viajam do O grande crescimento económico desta região vem Centro Oeste para Santos em São Paulo, ou Pa- sendo alavancado pela excelente produção agríco- Atualmente existem cerca de 650 empresas por- ranaguá no Paraná, para dali serem embarcadas la, pecuária, extração mineral e o crescente número tuguesas a operar no Brasil, um número bastante e descarregadas em Roterdão, poderão embarcar de indústrias que aqui se instalam, beneficiando-se superior quando a situação se inverte. Como jus- na Ferrovia Norte-sul, até o Porto de Itaquí e de dos incentivos fiscais e dos Fundos Constitucionais tifica estes dados? O Brasil oferece melhores con- lá, embarcadas, seguir para os Portos de Portugal. do Centro Oeste, que financiam a implantação e a dições às empresas estrangeiras do que Portugal? Esta alternativa encurta o trajeto em até 4.500 produção das empresas, bem como o grande poder A grande extensão territorial e as diferenças quilómetros. Acreditamos ser esta a melhor aquisitivo da região. Em Goiás, temos o segundo acentuadas nas várias regiões brasileiras, ofere- oportunidade para estreitar o relacionamento maior parque de fármacos do Brasil, indústrias de cem alternativas de investimento que contem- entre os dois países, e transformar, em definitivo, automóveis, grandes indústrias de alimentos e mui- plam os vários interesses dos investidores estran- os Portos de Portugal na porta de entrada dos tos outros ramos de atividade. geiros, e, por razões históricas, em especial, os produtos brasileiros para a Europa

50 INTERNACIONALIZAÇÃO – CAPTAÇÃO DE VALOR POR UM PROCESSO de internacionalização seguro

“Na verdade, as exportações têm sido praticamente a única variável dinâmica no PIB nos últimos anos. Os empresários portugueses compreenderam que se impunha uma resposta positiva face à situação de emergência em que o país tem vivido, decorrente da crise económica e financeira internacional e da necessidade de cumprir o programa de ajustamento negociado com a TROIKA”, esclarece Maria João Rocha de Matos, Diretora-Geral da AIP – Feiras Congressos e Eventos Feira Internacional de Lisboa, Centro de Congressos de Lisboa, Centro de Reuniões FIL, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais do nível da exportação/internacionalização das empresas lusas, que têm sido essenciais para Portugal.

Os negócios para os mercados externos valem ao longo do ano, com atividades especializa- mais de 40% do PIB e os empresários continuam das por mercado, ou por setor, ou sobre algum à procura de novas oportunidades. As empresas tema específico, tendo assim nascido o CLUBE nacionais despertaram efetivamente para a ex- PORTUGAL EXPORTADOR como elemen- portação nos últimos anos? A crise teve o efeito to agregador de toda a atividade e intervenção positivo de fazer acordar os empresários portu- a nível nacional e internacional da AIP-Feiras, gueses para a necessidade de irem à procura de Congressos e Eventos (AIP-FCE) no apoio à novos mercados e novas oportunidades? internacionalização das empresas portuguesas. Na verdade, as exportações têm sido praticamen- Com o CLUBE PORTUGAL EXPORTA- te a única variável dinâmica no PIB nos últimos DOR a Fundação AIP, através da AIP-FCE, anos. Os empresários portugueses compreende- criou uma plataforma de empresas exportadoras ram que se impunha uma resposta positiva face à ou com potencial exportador, desenvolvendo uma situação de emergência em que o país tem vivido, dinâmica e interação crescentes, que nos permite decorrente da crise económica e financeira inter- ter uma intervenção agregada e consistente nos nacional e da necessidade de cumprir o progra- mercados internacionais, em paralelo com a nos- ma de ajustamento negociado com a TROIKA. sa intervenção a nível nacional e com a sua par- Aliás, o incremento contínuo das exportações ticipação e ligação aos eventos feriais realizados portuguesas marca uma tendência que se tem pela AIP-FCE. Assim, complementarmente ao Maria João Rocha de Matos vindo a acentuar desde 2006 e que tem ganho Fórum Portugal Exportador e no âmbito das ati- ainda maior ímpeto nos últimos anos, apesar das vidades da AIP-FCE, o CLUBE PORTUGAL condições adversas da conjuntura. Por isso, não EXPORTADOR assume-se como uma rede de se trata de um acordar dos empresários, dado empresas com atividades de internacionalização, das aos membros do CLUBE PORTUGAL que há muito que os empresários estão desper- com vista a fomentar a cooperação empresarial EXPORTADOR e aos expositores das diversas tos para o imperativo da exportação. E também entre as empresas para a abordagem aos merca- feiras FIL, entre as quais, a organização de “Ne- é verdade, como diz um velho ditado português, dos externos, mas igualmente a partilha de in- twork meetings” dedicados a temáticas/mercados que “a necessidade e a fome aguçam o engenho”. formação, de experiências e de melhores práticas específicos, a organização de ações em mercados Efetivamente, face aos fortes constrangimentos a no acesso a novos mercados. O desenvolvimento previamente selecionados com os inputs das em- todos os níveis que se têm feito sentir no merca- do CLUBE PORTUGAL EXPORTADOR presas, ou o apoio à preparação e organização de do doméstico, isso acabou por constituir um forte alicerça-se no estabelecimento de parcerias privi- missões e/ou visitas de mercado. Isto, entre ou- impulso para as empresas que tinham condições legiadas com empresas de consultoria, de seguros tras ações pontuais desenvolvidas, quer por nossa para o fazer procurarem janelas de oportunidade de crédito, banca, sociedade de advogados, enti- iniciativa, quer por solicitação dos membros do nos mercados externos, muito particularmente a dades oficiais, entidades empresariais, entre ou- CLUBE PORTUGAL EXPORTADOR, que nível extraeuropeu. tros, que atuam no mercado internacional. têm por objetivo promover a nossa oferta nos mer- cados externos, quer pela via da capacitação sobre Qual tem sido o papel do Clube Portugal Expor- De que forma as empresas associadas beneficiam as suas especificidades, que pela via da prospeção tador na promoção da internacionalização e do Clube Portugal Exportador? Em que medida é de parceiros e clientes nos mercados-alvo. apoio às empresas portuguesas nos processos de importante para as empresas que querem iniciar- Pretende-se que a dinâmica assim criada venha a exportação? -se na exportação ou que já são exportadoras fa- ter um efeito multiplicador, tanto no aspeto di- Em 2006 a AIP organizou a primeira edição do zerem parte desta iniciativa? Quais os principais mensão, como conteúdos e objetivos, resultante “Fórum Portugal Exportador”, que tem como objetivos a que o clube responde? dos “apports” dos diferentes intervenientes. conceito ser o local onde, num único dia, os em- Os membros beneficiam assim das mais-valias presários podem saber tudo o que necessitam transmitidas não só pela Fundação AIP através Que conselhos gostaria de deixar aos empresá- para iniciar ou aprofundar o processo de interna- da AIP-FCE, como pelos seus parceiros, seja rios que estão neste momento a pensar dar este cionalização das suas empresas. Com conferên- pelos serviços que prestam, seja pela experiência passo? O que é que é indispensável que os mes- cias organizadas por mercados, por setores, sobre que detêm nos mercados externos, as quais pode- mos saibam e façam antes de partirem para a in- como fazer, cafés temáticos para partilha de ex- rão ser transpostas para as respetivas estratégias ternacionalização? periências entre empresários, câmaras de comér- de expansão internacional das empresas portu- Deixando os conselhos para os sábios e os an- cio, embaixadas, consultores, seguradoras, em- guesas. Foi criado um Portal de acesso restrito, ciãos, permito-me sugerir a consulta do portal presas de logística, visita de missões empresariais www.clubeportugalexportador.aip.pt, que visa do CLUBE PORTUGAL EXPORTADOR, estrangeiras, apoiado pelo BES e pela AICEP, o fornecer informação de mercado sistematizada, em www.clubeportugalexportador.aip.pt, onde Fórum Portugal Exportador, que este ano reali- possibilitar a discussão de temáticas de interes- poderão encontrar informação e documentação zará a sua 9ª edição a 19 de novembro, logo se se para os processos de internacionalização das vária sobre o assunto, como por exemplo a “Car- tornou o grande ponto de encontro nacional para empresas membro, divulgar oportunidades de tilha dos 10 Passos para a Exportação”, com in- a internacionalização das empresas portuguesas. negócio e mercado, entre outros dados de relevo formação útil e prática para os empresários. Do encerramento do Fórum de 2011 resultou no processo de internacionalização empresarial. LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT a necessidade de estender a sua intervenção Têm sido organizadas várias atividades dirigi-

51 VALOR E AS TI

A OPINIÃO DE João Girardi, General Manager da VeriFone em Portugal VERIFONE HÁ UM ANO EM PORTUGAL: o sucesso dos nossos clientes é o nosso sucesso

No dia 1 de junho a VeriFone Portugal comemorou o seu primeiro aniversário. Presente no Continente e ilhas há mais de 25 anos, passou a ter escritório em território nacional em 2013, após a aquisição da unidade de pagamentos da Gfi, que era até então representante da marca em Portugal.

sta operação consolidou a experiência acumulada de uma equipa lo- cal, trazendo para Portugal um acesso a um vasto portfólio de pro- dutos e serviços de valor acrescentado, para além da dinâmica de Einovação constante que caracteriza a marca em todo o Mundo. Esta consolidação levou ao aumento da nossa carteira de clientes e à implemen- tação de mais e inovadoras soluções no mercado português. Hoje em dia, a VeriFone tem mais de 20 milhões de soluções instaladas e testadas a nível mundial. Em Portugal, a VeriFone oferece uma gama completa de soluções de pagamento seguro de última geração como TPAs de Balcão, Pagamento Móvel, Pinpads e Pagamentos não-atendidos (self- -service), um tempo médio de resposta de 24 horas em manutenção e um serviço Premium para grandes clientes, além de possuir uma equipa de Call de aplicações que transformarão por completo as interações entre comer- Center e Help Desk operacionais todos os dias das 8h00 às 20h00, assim ciante e consumidor. As vantagens são enormes uma vez que aumenta a como uma estrutura própria de Field Service. receita, melhora a experiência de consumo e fideliza o cliente. Na área da Banca, a VeriFone possui várias parcerias, nomeadamente com AS SOLUÇÕES DA VERIFONE FORAM DESENHADAS PARA o Banco Popular. Luis Pereira, diretor adjunto e coordenador da Unidade RESPONDER ÀS NECESSIDADES ESPECÍFICAS DE VÁRIOS SETORES de Meios de Pagamento do Banco Popular, avança que o banco já “trabalha Na área do Retalho, a VeriFone está a desenvolver soluções de pagamentos com a VeriFone há vários anos por ser um dos principais players no seu móveis no ponto de venda (Mobile POS), através da ligação a dispositivos mercado. Os produtos comercializados e a assistência técnica são fiáveis, móveis como smartphones e tablets. Estas soluções oferecem novas expe- além de terem uma equipa muito flexível e sempre presente”. riências de compra, venda e pagamento, a partir de qualquer lugar, por meio Outra das parcerias de grande sucesso da VeriFone em Portugal é com a instituição financeira de crédito Redunicre. António Dias, diretor da Re- dunicre refere: “A VeriFone é nossa parceira de negócio a nível do forne- cimento e manutenção de terminais de pagamento automático (TPAs). É para nós estratégico trabalhar com um dos líderes desta indústria a nível mundial, o que nos aporta saber e confiança: os TPAs são fiáveis, seguros, com comunicações rápidas e acompanham a evolução tecnológica mundial, como a tecnologia de pagamento Contactless. A VeriFone é sem dúvida uma empresa com uma oferta bastante competitiva e apresenta igualmente uma evolução bastante positiva ao nível do design dos terminais. A pre- sença da VeriFone veio valorizar e dinamizar o mercado nacional, que tem sofrido pelo facto de ter uma oferta limitada com efeitos negativos na tec- nologia e no preço”. As nossas soluções traduzem-se em vantagens tanto para os clientes como para o consumidor final, na medida em que oferecemos uma total despre- ocupação com questões de certificação e segurança quando este efetua os pagamentos das compras. Garantimos ainda que todas as soluções estão em conformidade com as normas de segurança mundiais de pagamentos. A VeriFone Portugal está também presente nos países africanos de lín- gua oficial portuguesa (PALOP) através de uma parceria feita em conjunto com entidades locais, com quem temos uma relação de parceria sólida e de longa data. Estes parceiros representam a VeriFone nestes mercados e têm acesso às várias famílias distintas de produtos e soluções da marca. São também responsáveis por garantir os serviços de suporte, manutenção e segurança a nível local em estreita relação com a VeriFone. Nos próximo anos, pretendemos proceder ao lançamento de novos produtos e certifica- ções, aumentando assim oportfólio da VeriFone nestes países. A aposta, tal como em Portugal, será assente na qualidade de serviços e na melhoria da manutenção de terminais junto dos comerciantes, o que se vai traduzir num fator diferenciador nestes mercados. Em suma, fazemos um balanço muito positivo deste primeiro ano, que en- caramos como tendo sido um ano de consolidação. Brevemente traremos mais novidades que estamos certos que vão de encontro às necessidades daquilo que é mais importante para nós: os nossos clientes.

52 TEMA DE CAPA

UM NEGÓCIO QUE “funciona em qualquer parte do país onde haja desenvolvimento”

Quando comparado com os grandes centros urbanos europeus, Portugal acordou tarde para o boom que se deu na reabilitação urbana. Os centros das cidades voltaram a ser apetecíveis e a atrair pessoas para lá viver. No caso concreto do Porto, nos últimos anos, verificou-se um movimento de reabilitação em escala de quarteirões inteiros, como é o caso da Rua das Flores, dos Clérigos ou das Cardosas. A reabilitação assumiu um novo protagonismo e a Portobaixa, empresa de gestão de investimentos imobiliários criada por um grupo de investidores portuenses que “há muito acreditam e operam na reabilitação urbana da sua cidade”, tem procurado estar na linha da frente deste movimento.

s rostos mais visíveis são Pedro Soares da Portobaixa, uma entidade que não pretende e José Teixeira. “Cientes que juntos ser uma empresa normal. Mais do que reabilitar geram mais e melhor, decidiram unir e requalificar edifícios, a Portobaixa mantem a Oconhecimento e esforço”. O resultado alma dos mesmos, daí que não se possa dizer que chama-se Portobaixa e tem permitido aos parcei- eles ficam irreconhecíveis. “As pessoas quando ros que trabalham com esta empresa confiar no entram num edifício nosso têm uma expetativa investimento num mercado que, em contraciclo tão alta que começam logo a idealizar como é que com o que se tem assistido no país, “tem cresci- vai ficar e esquecem-se do estado de degradação do e mostrado que, em Portugal, a tendência na em que se encontra. Mas a identidade do edifício área da construção civil começa a seguir contor- permanecerá sempre lá”, afirmou José Teixeira. É nos semelhantes à dos seus parceiros do centro também esta a identidade da Portobaixa. Desde da Europa onde a área da reabilitação para fim a compra do edifício até à eventual revenda, de- residencial já representa 33% do total do setor pendendo do cliente, esta empresa materializa o da construção civil, contra os 26% de habitação conceito de “chave na mão”. nova”. Há vários fatores que jogam a favor do coração Admitindo que este negócio “funciona em qual- do Porto. “A cultura regressou às ruas da baixa, quer parte do país onde haja desenvolvimen- o lazer refloresce, o comércio tradicional volta to”, Pedro Soares não escondeu a possibilidade agora com um ar mais cosmopolita e sofisticado da Portobaixa estabelecer alguma parceria com e, em particular, as gerações mais jovens voltam agentes de outros distritos portugueses. Con- a escolher o centro da cidade para viver”, acres- edifícios (muitos deles em total estado de ruína)” tudo, em primeiro lugar, “temos de estabilizar centam. Este movimento chamou a atenção até assume que “o panorama geral do edificado era o barco e consolidar o negócio no Porto”. E, de do Financial Times que em tempos dedicou um desolador”. A partir daí foram “arregaçadas as facto, a cidade tem sabido responder bem à ânsia artigo à reabilitação da baixa e do centro históri- mangas” e colocadas mãos à obra, literalmente. que esta equipa tem de se demarcar num setor co do Porto (intitulado “Património de Portugal: Sentindo que ainda há um longo caminho a per- tão competitivo e cada vez mais atrativo para requalificação para dar vida nova ao Porto anti- correr, a Portobaixa orgulha-se de poder estar a investidores externos. “Impulsionado pelo cres- go”), defendendo tratar-se de uma “oportunidade contribuir para esta transformação e revitalização cente interesse estrangeiro pela cidade que nela rara de investimento em imobiliário”. Tem ha- de uma cidade que tanto diz a esta empresa. Mas procura conhecer o seu património, a sua cultura, vido, efetivamente, uma profunda transformação vontade não chega. “A isso aliamos uma paixão usufruir do seu clima e da sua relação privilegiada urbanística para a qual, inicialmente, a população inexcedível naquilo que fazemos”, asseguram. A com o rio que tem no vinho do Porto a sua re- local estava relativamente reticente. Mas o Porto estes “ingredientes” juntam-se mecanismos exter- presentação máxima, o centro da cidade do Porto está mais bonito é certo e, para tal, tem contri- nos que têm contribuído para este ressurgimento tem sido alvo de um crescente interesse por parte buído o trabalho desenvolvido pela Portobaixa da segunda maior cidade portuguesa. O cresci- de quem investe”, defendem os representantes que, quando iniciou “esta aventura de reabilitar mento do turismo, a nova movida noturna da bai- xa e os incentivos fiscais têm tornado o Porto mais atrativo e, transcrevendo o artigo do Financial Ti- mes, “a baixa está a tornar-se um dos lugares mais elegantes para viver na cidade”. Para José Teixeira, a partir do momento em que os poderes políticos abrem as suas portas e se tornam mais acessíveis, isso foi possível. Como tal, a Portobaixa sente a autarquia portuense como uma parceira mas ainda existem certas burocracias que continuam a limi- tar o desenvolvimento dos processos. José Teixei- ra deu um exemplo: “quando estamos a falar de uma zona ou de um edifício classificado, devemos ter uma “carta verde” e, deste modo, se houver al- gum privado com interesse para reabilitar deverá ter as portas abertas para rapidamente começar a obra”. Por tudo o que tem assistido, o responsável acredita que é necessário dar mais oportunidades aos privados. “Não esqueçam as pessoas que estão realmente com vontade de reabilitar a cidade do Porto”, colmatou José Teixeira.

53 IB WORLD SCHOOL IN PORTUGAL

“TENHO OS MELHORES alunos do Mundo”

Tudo começou na Fundição de Oeiras, em setembro de 2010. Pais, professores, estudantes e fundadores, preocupados com a educação, reuniram-se em torno de um objetivo: criar uma escola que conseguisse preparar alunos para responder aos mais exigentes desafios que terão de enfrentar. Nasceu, assim, a Oeiras International School, uma escola que segue os programas do International Baccalaureate (IB), tendo sempre em mente a missão de desenvolver os talentos “escondidos” em cada um dos seus alunos. “Se não descobrirmos uma área na qual o aluno é espetacular, a escola está a falhar”, garantiu Chari Empis, Diretora da OIS, hoje instalada na Quinta de Nossa Senhora da Conceição, um espaço já por si repleto de história.

mais interessante na Oeiras Inter- national School é que é uma escola IB desde o início”. Foi deste modo “O que começamos a nossa conversa com Chari Empis, Diretora da OIS e uma entu- siasta por natureza. Outra característica não seria de esperar de um dos membros do grupo de pais que ajudou a introduzir o IB em Portugal. Fomos recebidos de braços abertos numa instituição de ensino que se caracteriza exatamente por isso, por saber receber. Mas é dos alunos que estamos a fa- lar. A OIS tem sabido acompanha-los desde mui- to jovens, exige deles o melhor e prepara-os para enfrentar qualquer desafio que o mundo lhes irá impor quando passarem pelos portões da Quinta Nossa Senhora da Conceição, em Barcarena, Oei- ras, rumo ao futuro. Mas, no fundo, o que significa ser uma escola que segue os programas do International Baccalau- reate? Com base na documentação disponível, Chari Empis é possível saber que uma educação IB pretende desenvolver alunos curiosos, inteligentes, críticos, comunicadores, com princípios, de mente aberta, solidários, equilibrados, pensadores e que não te- possível. De um modo geral, este programa está obrigatória). “Estes programas são hoje conside- nham medo de arriscar. Sedeada na inicialmen- dividido em três principais fases: o PYP (Primary rados os mais exigentes e interessantes em todo te na Suíça e hoje em dia, na Holanda, a IBO Programme Years) que corresponde ao primei- o Mundo. Se, no passado, pensava-se que o en- (International Baccalaureate Organization) pre- ro ciclo do sistema de ensino português, o MYP sino consistia em dar exemplos práticos e apenas tendia, acima de tudo, desenvolver um currículo (Middle Programme Years), equivalente aos 2º, na universidade se apresentavam os conceitos, internacional que pudesse ser comum a várias es- 3º ciclos e parte do secundário e, por fim, e a par- hoje pensa-se o contrário. O desenvolvimento colas um pouco por todo o Mundo e que exigisse tir daqui, o aluno pode escolher as disciplinas que da curiosidade dos alunos leva a pensar em con- dos jovens as características mencionadas com o mais se adaptam às suas aptidões, no Programa ceitos, conteúdos, competências, tudo ao mesmo intuito de torna-los profissionais e seres huma- Diploma IB (de 2 anos, essencialmente académi- tempo”, afirmou Chari Empis. E, relembrando nos de exceção. Um estudante de IB estará apto a cos) ou o IBCC (académico & vocacional) (que algumas escolas básicas portuguesas que, apesar enfrentar qualquer desafio. Os níveis de exigência correspondem ao restante ensino secundário, mas de não serem IB, utilizam os mesmos métodos, são de tal modo elevados que até o impossível é no total os alunos tem 13 anos de escolaridade a responsável acrescentou: “uma pessoa aprende porque é curiosa e não porque se quer impingir esse conhecimento”. IB NA OEIRAS INTERNATIONAL SCHOOL Desenvolvido para alunos dos 11 aos 16 anos de idade, o MYP é suficientemente flexível para conseguir acompanhar as exigências dos currícu- los nacionais e locais. Preparando os alunos para os desafios recorrentes de um Programa Diplo- ma IB ou de um IB Career-Related Certificate

Atividades Extracurriculares Programa de Artes Criativas: - Piano, Guitarra Elétrica, Guitarra Clássica, Baixo e piano, Tambores e Djembê, Trompete, Aulas de voz, coros, teatro e dança hip-hop; Atividades desportivas: - Voleibol, basquetebol, futebol, badminton e surf.

54 (Certificados de carreira), o MYP consiste em nomear qualquer necessidade e terá lá um alu- bom sentido. Foi tempo de parar para fazer um ba- oito grupos de temas integrados em cinco áreas no nosso envolvido no projeto”. Desde cultivar lanço e, agora, é hora de recomeçar a crescer. Com interativas que, num conjunto, desenvolvem uma alimentos nas hortas que serão posteriormente alunos de topo e professores reconhecidos por todo aprendizagem global. Durante esta fase, o projeto doados à junta de freguesia para entrega aos mais o Mundo do International Baccalaureate, Chari pessoal é uma das componentes mais importantes. carenciados até ao apoio prestado a idosos ou Empis sente que esta é a sua melhor experiência A avaliação é feita com base não no produto em deficientes, os alunos da OIS estão sempre dis- de trabalho. “É imbatível”, descreveu, com o tom si, tal como explicou Chari Empis. “Avaliamos o postos a ajudar e não há limites. Como tal, para entusiasta que a definiu durante toda a conversa. processo, a jornada, as desilusões, as vezes que o o próximo dia 4 de outubro está já agendado um Este é, para si, “um local ótimo para trabalhar” e aluno teve de recomeçar”. Na OIS, a coordenado- evento no Estádio Nacional, cujos fundos serão a sensação de missão cumprida faz sucumbir to- ra destes projetos é Bárbara de Castro Guimarães entregues à Liga Portuguesa Contra o Cancro. das as dificuldades. “Estamos a fazer com que cada e, nesta conversa, ficou claramente evidente que Depois desta fase, o aluno tem pela frente um de aluno seja muito bom na sua área de excelência”, cada “obra” de um aluno é um pouco sua. Nesta dois caminhos: o Programa Diploma ou o Certifi- confessou. Os passos têm sido dados no sentido de fase, nada é impossível mas, se não passarem, não cado de Carreira, dois sistemas que procuram res- serem uma das melhores escolas de IB e, tal como poderão ingressar no Programa Diploma. “Neste ponder às aspirações de qualquer aluno. O primei- na construção dos projetos pessoais, aqui também culminar do currículo que é o MYP, tentamos ro é um programa educacional com exames finais não há impossíveis até porque “tenho os melhores reunir tudo aquilo que os alunos devem ser, desde que prepara os estudantes, com idades compreen- alunos do Mundo”, concluiu Chari Empis. curiosos, independentes, conhecedores. Eles têm didas entre os 16 e os 18 anos (máximo 19 anos), de aprender a pesquisar, a desenvolver o processo para a universidade e para o futuro que daí advém. A OIS oferece o currículo internacional com- de uma criação, conclui-la, escrever um relatório O aluno deve escolher um tema de cada um dos pleto integrado do ano 6 ao 11, incluindo o e analisar todo o processo. No final devem ser cinco grupos, garantindo um conhecimento am- Programa Diploma IB nos anos 12 e 13 capazes de perceber o que é que faz de um pro- plo na sua melhor língua, em idiomas adicionais, Middle Years Programme (MYP) duto bem sucedido ou não. O objetivo é que eles nas ciências sociais, nas ciências experimentais e – Ano 6 (corresponde ao 5º ano de terminem a escola perfeitamente preparados para em matemática. Este processo culmina com um escolaridade no sistema português) ao 11 qualquer coisa que o Mundo lhes possa atirar”, exame reconhecido por universidades em todo o (10º ano de escolaridade): partilhou. Para Chari Empis, Bárbara de Castro Mundo e que é feito em inglês (ou francês ou es- - Artes (Teatro, Música e Artes Visuais) Guimarães “leva os alunos ao máximo das suas panhol noutras escolas ou países). - Tecnologias competências”. É, em muitos casos, graças a estes Por outro lado, “nem todos os alunos são acadé- - Humanidades (História, Geografia, Religiões) projetos pessoais, que um aluno descobre ter vo- micos e, como tal, temos uma versão vocacional, - Línguas A (Inglês, Português, Francês, Espa- cação para editar uma revista de moda recuando o IB Career-Related Certificate”, explicou Chari nhol, Holandês, Alemão e Mandarim) 113 anos no tempo, programar, criar pranchas de Empis. Cada escola cria a sua própria versão do - Línguas B (Inglês, Português, Francês, Espa- surf ou de skate, construir um carro que funciona IBCC e na OIS foi formalizada uma parceria nhol e Mandarim) a sensores ou escrever um livro sobre asma dirigi- com a Escola Profissional Val do Rio. Tal como - Matemática do aos pais com base na sua própria experiência na Alemanha, Suíça ou Noruega, também Por- - Educação Física (e Saúde) pessoal. São exemplos que não surgem por acaso. tugal tem programas vocacionais muito fortes e - Ciências (Física, Química e Biologia) São projetos possíveis e alcançados, com alegrias esta escola, há mais de 25 anos a formar profis- e desilusões, na Oeiras International School. No sionais, foi a parceira adequada para receber os Diploma Programme (DP) – Ano 12 e 13 fundo, o projeto pessoal é a prova da maturidade alunos da OIS. (11º e 12º ano de escolaridade em Portugal) do aluno e compete com o que de mais empreen- MARCOS DE UMA HISTÓRIA - Inglês A e B, Português A e B, Francês B, dedor se faz no mercado atual. Espanhol A e “Ab initio”, Holandês A, Alemão Para passar esta fase, o aluno tem ainda de se Hoje, pelos jardins da OIS passam 230 alunos de A, Mandarim A, História, Geografia, Biolo- comprometer com a comunidade e, neste sentido, 25 nacionalidades diferentes. É mais do que certo gia, Física, Química, Matemática, Estudos Oeiras é um local ideal. “Os alunos estão a retri- que a cooperação intercultural é um dos valores matemáticos, Artes visuais, Psicologia, Teoria buir à comunidade a sorte de seguirem um pro- que está mais presente no quotidiano desta esco- do conhecimento, Economia, Gestão, Línguas grama que se pensa ser o melhor do Mundo”, ex- la. Mas nem sempre foi assim. O projeto começou Autodidatas; e Desporto, Exercício e Ciências plicou Chari Empis. Quando alguém afirma que com um número bastante mais tímido (54) mas da Saúde a partir de 2015. a OIS é uma escola elitista, a Diretora responde rapidamente foi conquistando adeptos, alcançando de imediato: “é precisamente o contrário. Basta um valor que chegou a assustar os fundadores. No

55 IB WORLD SCHOOL EM PORTUGAL

MAIS DO QUE UMA ESCOLA, a OBS é uma “grande família”

São 120 anos de história que falam por si. A Escola Britânica do Porto (Oporto British School) é a mais antiga escola britânica na Europa Continental e daqui têm saído alguns dos profissionais mais reconhecidos no mercado global. Mas, apesar das conquistas, aqui não há grandezas. É um espaço aberto a toda a comunidade e que, não esquecendo nunca a sua longa história que desde o passado mês de maio está “desenhada” numa parede, está virada para o futuro e para um ensino de excelência. É Escola Britânica de IB desde dezembro de 1992 e foi exatamente para falar de uma educação de vanguarda que a Revista Pontos de Vista foi à Foz do Douro, no Porto, conhecer este espaço pelas mãos de Nikki Macleod, Vice Diretora da Secundária e Coordenadora de IB.

Sendo a mais antiga escola britânica presente na Europa Continental, a Escola Britânica do Porto (Oporto British School – OBS) assume o compromisso de garantir aos seus alunos uma educação britânica e internacional da mais alta qualidade. Lutar pelo sucesso e servir. Só poderia ser este o lema de uma escola que carrega consi- go 120 anos de vida, um peso sentido por toda a equipa, desde professores aos próprios pais, mas hoje materializado por Nikki Macleod, Vice Di- retora da Secundária do OBS e Coordenadora de IB. Apesar de estar em Portugal há sensivelmen- te oito meses, já se sente um forte carinho por este espaço. Um sentimento demonstrado pela forma como recebeu a Revista Pontos de Vista e nos deu a conhecer “os cantos à casa”, àquela que é hoje a sua casa, e que se diferencia de outras exatamente por isso, pela sua tradição. Apesar de ainda não ter visto muito de outras escolas com a mesma índole, Nikki Macleod sente a respon- sabilidade de representar a mais antiga escola internacional da Europa. “Naturalmente que esta característica traz muita história e um conheci- mento muito rico. Além disso, os antigos alunos são uma componente muito forte desta escola. Eles continuam a vir cá e não querem perder este Nikki Macleod laço. Por outro lado, o mais importante é que tan- tos anos passaram e a OBS continua a ser uma es- cola pequena”, defendeu. Esta dimensão faz com que todos se conheçam muito bem e se tratem responder a qualquer tipo de desafio que a so- haja sempre uma harmonia entre eles, uni-los”, como membros de uma “grande família”. “Toda a ciedade lhes possa impor, em Portugal, no Rei- afirmou e, hoje, para abraçar estas características, equipa mantém uma relação amigável. Todos se no Unido, nos Estados Unidos da América, em a escola conta com cerca de 400 alunos, sendo a conhecem e trabalhamos dentro dessa atmosfe- qualquer parte do Mundo. Na Escola Britânica maioria de nacionalidade portuguesa. “Estamos ra. Os professores conhecem muito bem os seus do Porto arriscamos dizer que “o céu é o limite”. abertos a todos aqueles que estão interessados no alunos e, como tal, sabem quais são as suas apti- Para celebrar essa história, no passado mês de nosso currículo. Temos alunos de todo o Mundo dões e trabalham para desenvolvê-las”, explicou maio, a propósito das comemorações dos 120 e queremos que todos façam parte desta comuni- a responsável. Nenhuma característica se perde. anos da escola, num evento que contou com a dade, que se comprometam, façam as atividades Dos 3 aos 18 anos de idade, todos os jovens são presença do Presidente da Câmara Municipal do extra curriculares e que queiram trabalhar duro”, preparados para que, depois da escola, possam Porto, Rui Moreira, foi inaugurado um cronogra- partilhou Nikki Macleod. ma desenhado numa das paredes do espaço, onde constam os principais momentos que marcaram INTERNATIONAL BACCALAUREATE NA OBS Alguns dados históricos sobre a OBS: estes anos, a nível internacional, nacional e no Apesar do peso das suas tradições, a OBS é uma - A Escola Britânica do Porto abriu as suas seio da OBS. “Esta parede celebra a história da escola internacional bem representativa dos de- portas no primeiro dia de verão, em 1894, escola, homenageando ainda pessoas que traba- safios do ensino do século XXI e que tem como contando com 11 rapazes; lharam aqui durante muito tempo”, disse. Atra- principal foco proporcionar um ensino de ex- - Rapazes não britânicos foram aceites pela vés desta “linha do tempo”, há uma sensação co- celência a todos os jovens que a escolhem. As- primeira vez em 1902 e raparigas em 1914; mum: em 120 anos aconteceu tanta coisa, foram sim, até à conclusão do programa Cambridge e - Nos anos 90 foi desenvolvido um currículo tantas mudanças! “Mudanças nos currículos, mu- IGCSE (International General Certificate of para os alunos do pós-IGCSE com a oferta danças tecnológicas e a escola conseguiu sempre Secondary Education) a escola segue o currícu- de um ensino que conduzia à obtenção do acompanhá-las”, defendeu Nikki Macleod. Mas, lo britânico. Depois disso e, desde 1992, a OBS Diploma de IB; numa instituição voltada para o futuro, o passa- tornou-se Escola Internacional de IB, seguindo - A escola foi sempre crescendo, tendo, atual- do também tem um dos papéis principais. Basta o Programa Diploma IB, um dos mais interes- mente, 400 alunos, dos quais 85% são oriun- entrar numa sala de aula para ter a certeza disso. santes e exigentes programas educacionais em dos de famílias portuguesas, 5% são britânicos Há tradições que a OBS faz questão de manter todo o Mundo. Com experiência IB em Portu- e os restantes 10% de outras nacionalidades. intocáveis ao longo dos anos. “O passado e o pre- gal e no Reino Unido, Nikki Macleod sabe que a sente estão aqui. O nosso trabalho é tentar que principal vantagem deste tipo de educação é, in-

56 questionavelmente, o facto de ser internacional. este tipo de educação é tão desafiante. “Eles que- paradigma de sucesso. Uma vez que a cada cinco “Não dá ao aluno uma única perspetiva sobre um rem fazer muitas coisas diferentes e a escola tem anos é feita uma revisão do programa a pedido determinado tema. Proporciona-lhe uma educa- de conseguir acompanhá-los”, acrescentou. Num da International Baccalaureate, a OBS sabe que ção global, o que significa que quando ele sair da programa educacional tão exigente, é natural que está no caminho certo. Mas, a par disso, existem escola terá pela frente muitas opções diferentes as expectativas dos alunos sejam altas. Mas uma outros aspectos nos quais a escola se quer focar. em todo o Mundo. Pode ir para o Reino Unido, ambição é certa. “Eles querem ter muitas oportu- O CAS (Criatividade, Ação e Serviço) é uma para os EUA ou ficar em Portugal. Pode ir para nidades. Querem terminar o programa sabendo componente do núcleo obrigatório do Programa qualquer universidade que queira”, evidenciou. É, que vão ter muitas opções pela frente”, afiançou a Diploma IB e o seu principal objetivo é fornecer sem dúvida, um grande desafio pessoal e acadé- responsável. E, com estas idades, saber que se tem um “contrapeso” ao rigor académico do progra- mico. Criado com o intuito de construir um cur- um Mundo inteiro pela frente, é verdadeiramen- ma educacional, levando a sério a importância rículo comum e um diploma internacional que te inspirador. Quando se fala nos resultados IB da vida fora do mundo escolar. É muitas vezes abrisse as portas para as mais importantes uni- da OBS, chega-se sempre a uma conclusão: estão definido como uma “jornada de autodescoberta”. versidades do Mundo, o Programa Diploma IB acima da média mundial. Terminado este ciclo, Dentro deste programa, os alunos têm organiza- pretende formar jovens que respeitem diferentes muitos alunos continuam em Portugal, sentindo- do uma CAS trip (viagem) com o intuito de aju- pontos de vista e culturas e com um pensamento -se muito bem integrados nas universidades na- dar populações mais carenciadas. Pelo segundo crítico. Dentro do programa IB “O aluno pode cionais mas, em grande parte dos casos, o destino ano consecutivo, os alunos da OBS vão regressar escolher uma área desde muito cedo em vez de é o Reino Unido. A Kings College London, o a África do Sul, através de fundos arrecadados ser forçado a estudar um tema de que nem gosta Imperial College London ou a UCL (Universi- por eles próprios, para fazerem a diferença. É muito. Ele escolhe o seu caminho e, mesmo quan- ty College London) entre outras, passam a ser o exatamente essa a mensagem final deixada por do tem a certeza da profissão que quer seguir, a novo lar destes jovens. Nikki Macleod: “continuem a trabalhar muito, escola proporciona uma ampla visão das suas op- planeiem o vosso futuro e pensem no que querem ções”, explicou. Em termos práticos, ainda que PREPARAR JOVENS PARA PROFISSÕES fazer no Mundo para marcar a diferença”. um jovem tenha plena convicção de que quer ser QUE NEM EXISTEM médico, esta educação permite-lhe explorar ou- As expectativas são cada vez mais altas, não só O que é uma educação IB? tras disciplinas que não sendo cruciais para o seu para os alunos, mas também para o corpo docen- É uma educação única devido ao seu rigor aca- desempenho enquanto profissional, ajudá-lo-ão te. Saber que terão pela frente jovens que querem démico e pessoal. De um modo geral, os es- certamente a crescer. Um médico não tem de sa- carreiras que ainda nem existem é desafiante. tudantes são desafiados a serem excecionais ber história ou geografia mas quanto mais amplo “Para lá chegarem, eles têm de ter extraordinárias no seu crescimento pessoal e profissional. O for o seu conhecimento do Mundo, mais longe competências de modo a adaptá-las a qualquer grande objetivo é incutir nos jovens uma ânsia chegará. Além deste conhecimento académico tipo de profissão ou situação porque os jovens de aprender ao longo da vida, proporcionan- e de terem de praticar várias modalidades des- cada vez menos terão um emprego para o resto do programas de educação internacional que portivas (yoga, ginásio, etc), há uma permanente da vida e, como tal, têm que estar preparados para partilham uma visão global sobre diferentes ligação com a comunidade envolvente. “Nesta a mudança”, disse Nikki Macleod. Para corres- realidades. Para tal, um estudante de IB é in- idade podemos pensar que é muito, que é um tra- ponder ao que se pede, os professores da OBS são centivado a ser curioso, conhecedor, crítico, balho pesado mas eles estão a desenvolver as suas permanentemente motivados a dar o melhor de comunicador, equilibrado, solidário, pensador, competências e, mais tarde, vão usá-las como si, a empenhar-se ao máximo com o intuito últi- a ter princípios, uma mente aberta e a nunca referências para chegar a qualquer lado. Numa mo de proporcionar aos seus alunos as melhores ter medo de arriscar. escola normal, com 18 anos, ninguém tem isso”, oportunidades possíveis. defendeu. É por isso que, para Nikki Macleod, Para o futuro, a OBS quer continuar a ser um

57 EMPREGO, FORMAÇÃO E EMPREENDEDORISMO “A INOVAÇÃO É FUNDAMENTAL, digamos quase incontornável”

O INOVAGAIA é uma instituição de referência no fomento do empreendedorismo e no apoio ao tecido económico de Vila Nova de Gaia. Através do Centro de Incubação de Empresas, no parque tecnológico de São Félix da Marinha, são apoiados, pela via da incubação, os candidatos a empreendedores, com potencial de crescimento. Paralelamente, é dada especial atenção ao tecido empresarial já instalado em Vila Nova de Gaia, tanto na vertente de desenvolvimento nacional, como no apoio à internacionalização, através de ferramentas de aconselhamento de gestão e financeiras. A captação de investimento estrangeiro para o concelho é também uma das prioridades. A Revista Pontos de Vista entrevistou Maria Cândida Oliveira, Presidente da Direção. Maria Cândida Oliveira

Inaugurada em 2009, qual tem sido, em números, Qual a importância da inovação para o desenvol- fazem, que engrossar a confusão, o que, em nada, o impacto da INOVAGAIA? Quais os principais vimento da região norte? Um cluster de inovação contribui para revitalizar a iniciativa privada, rea- marcos que foram já atingidos no que respeita ao e desenvolvimento é essencial neste processo? nimar a economia e, assim poder contribuir para fomento do empreendedorismo e apoio ao tecido A inovação é fundamental, digamos quase incon- diminuir a taxa de desemprego económico local da zona de Vila Nova de Gaia? tornável. Não só para o Norte mas, para o país Na verdade não gostaria de me pronunciar sobre em geral, de forma séria, competente, concerta- Qual tem sido o papel da INOVAGAIA no âmbito o passado. Cheguei à INOVAGAIA em dezem- da, estrategicamente pensada e prosseguida, o da internacionalização e apoio às empresas incu- bro de 2013, e, pronuncio-me a partir de então. que infelizmente nem sempre acontece. Medidas badas nos processos de exportação? O passado está lá, faz parte da história e o futuro avulsas, podem “resolver” problemas pontuais, A INOVAGAIA, tem uma função muito re- é que conta para mim. mas, na verdade, em termos globais, nada mais levante que não se esgota na incubação. Esse é

58 apenas um estádio, digamos o “pontapé” de saí- “...a nossa função não é diretamente solucionar o desemprego da, para uma missão mais abrangente que não se cinge apenas ao apoio a jovens empreendedores mas sim, evitá-lo” que prepara, para mais tarde, se instalarem no mercado, como empresários. A reanimação do tecido empresarial, já instalado no município, é também preocupação nossa, facilitando consul- toria nas distintas frentes de descomplicação dos negócios, apontando caminhos, meios de ação, ajudando na modernização de meios de gestão em parceria com Instituições credíveis, entre os quais se encontram associados de grande saber e experiência. Temos igualmente acordos assinados com agentes especializados para facilitar a inter- nacionalização de empresas sejam elas incubadas ou não. A função de captação de investimento para o concelho, é, igualmente uma vertente im- portante da missão que interiorizamos. É necessário mobilizar uma faixa cada vez maior de PMEs para a fileira exportadora? As políticas públicas têm estado à altura deste desafio? Sem dúvida! Não me parece que, de forma con- certada, harmónica e eficaz, as políticas públicas tenham estado à altura… Os portugueses, por força das circunstâncias, estão-se a tornar mais empreendedores? Poderá estar aqui um efeito positivo da crise? Não creio que esse, seja o exclusivo remédio para a “crise”. O exagero é inimigo da eficácia e, o pro- blema do desemprego não pode ser escamoteado, pensando que no futuro, seremos um país repleto de empresários… A atual conjuntura económica obrigou ao ema- A burocracia excessiva é frequentemente um en- A questão do financiamento é um dos aspetos grecimento das estruturas empresariais. Para dar trave à criação de empresas e até àquelas que já mais importantes na criação de uma empresa por uma resposta a esse desafio, quais as soluções de estão estabelecidas. De que forma a INOVAGAIA essa razão a INOVAGAIA está a gerir a plataforma acolhimento que a INOVAGAIA oferece a empre- pode simplificar estes processos no âmbito da ini- GAIAfinicia. Como caracteriza esta solução de fi- sas e projetos empreendedores? ciativa “Licenciamento Zero”? nanciamento, frequentemente apontada como a Sendo bem estruturados e, com perspetiva de O licenciamento zero para as micro, pequenas, plataforma com maior dinâmica nacional? bem conseguidos, damos todo o apoio a novos e, médias empresas é fundamental. Assim se É uma solução excelente e tem tido grande su- projetos. Daí que se possa criar a hipótese de cumpra bem, e, está em curso. Assim seja bem cesso no apoio a pequenos negócios. Bem gos- maior número de postos de trabalho, mas, a nos- aplicado. Mais do que a burocracia, preocupa-me taria que tivesse um contributo financeiro maior, sa função não é diretamente solucionar o desem- a lentidão na decisão e desresponsabilização de para se poder fazer mais e melhor. prego mas sim, evitá-lo. quem para isso contribui. Tem que ser instalada EMPREGO, FORMAÇÃO E EMPREENDEDORISMO

uma política global de responsabilidade e com- petência. A INOVAGAIA tem sido mais procurada enquanto incubadora de empresas de base tecnológica ou incubadora de ideias? Não consigo destrinçar, porque as duas procuras se misturam, quase confundindo-se uma com a outra. Quais são as áreas científico-tecnológicas priori- tárias para a INOVAGAIA? Todas que incorporem conceitos inovadores e mundo empresarial e funcionar como a mediado- versidades e demais Instituições Educativas não atualizem a oferta em função dos novos desa- ra entre alunos, oficinas tecnológicas e empresas. deviam viver de costas viradas para o mundo em- fios que uma economia global diariamente nos Qual a importância desta ligação entre as univer- presarial e vice versa. Defendo, desde muito nova, impõe. sidades e o mundo empresarial? Esta ligação tem uma cooperação continua e bem programada en- vindo a falhar sistematicamente no nosso país e tre estes dois “mundos” que, na realidade depen- O Centro de Incubação de Base Tecnológica INO- isso traduz-se em claras perdas tanto para os uni- dem um do outro. Assim possa a INOVAGAIA; VAGAIA pretende envolver alunos finalistas neste versitários como para o tecido empresarial? repor uma boa prática que, o correr dos tempos projeto através das oficinas de tecnologia para o Sempre considerei, como gestora, que as Uni- esbateu e quase anulou. BREVES

Pousada do Porto entre os melhores do mundo

A Pousada do Porto, Freixo Palace Hotel ascende ao topo da hotelaria mundial com a entrada na prestigiada The Leading Hotels of the World. Uma rede exclusiva que apenas admite os melhores, mais sofisticados e luxuosos hotéis do mundo, depois de serem submetidos a uma criteriosa análise, que se rege pelos mais rigorosos padrões de qualidade da indústria hoteleira global. Com um serviço sofisticado e atento aos mínimos detalhes, a Pousada do Porto passa assim a figurar entre os 430 melhores hotéis do mundo, reforçando o seu posicionamento de hotel ícone da cidade Invicta. Com uma posição privilegiada e única, absolutamente cénica, sobre o Rio Douro, a Pousada do Porto resulta de um casamento perfeito entre história e contemporaneidade, que já lhe valeram um lugar na Hot List da prestigiada revista de viagens Condé Nast Traveler e uma recomendação do The New York Times como visita obrigatória na cidade do Porto.

PARQUE AQUÁTICO DE AMARANTE CELEBRA 20 ANOS

A comemorar o seu 20º aniversário, o Parque Aquático de Amarante acaba de reabrir para mais um verão de muita diversão entre família e amigos. Com várias atrações ao dispor, no Parque Aquático de Amarante a certeza de um dia bem passado é uma garantia para todos os que escolhem este espaço para momentos de lazer, podendo ainda usufruir de um espaço perfeitamente integrado na natureza que o envolve (montanha e rio Tâmega). Com 36 mil m2 o maior parque aquático de montanha da Península Ibérica oferece aos seus visitantes um mundo de diversão aquática para descobrir ou revisitar este verão, com seis pistas múltiplas, quatro pistas rápidas, um caracol, dois tobogans, dois parques aquáticos infantis, bares e um snack-bar com esplanada. Em 20 anos de atividade o Parque Aquático de Amarante já recebeu mais de 1,5 milhões de visitantes. Só em 2013, mais de 115.000 mil pessoas visitaram este local único na Península Ibérica. ERASMUS+

“O ERASMUS+ ESTÁ MAIS ORIENTADO para as novas prioridades da Europa”

Erasmus+ é o nome do novo projeto comunitário da União Europeia, que vem substituir os antigos programas como por exemplo o Erasmus, o Leonardo da Vinci, entre outros e será aberto a estudantes, docentes, estagiários, voluntários, líderes de organizações juvenis e a pessoas que trabalham em organizações de desporto não profissionais, envolvendo quase o dobro do financiamento do programa anterior. Mas muito mais aporta este novo programa, que arranca este ano e que vigorará até 2020. Sobre esta matéria a Revista Pontos de Vista conversou com Rosário Gambôa, Presidente do Instituto Politécnico do Porto, que nos deu a conhecer um pouco mais de uma iniciativa europeia fundamental para o presente e futuro.

Como é que o Politécnico do Porto vê o novo Pro- grama Erasmus+? O Erasmus foi o programa europeu de maior su- cesso na construção europeia. Vemos o Erasmus+ como a extensão dessa construção, agora mais orientado para as novas prioridades da Europa. E quais são essas prioridades? Não podemos dissociar o Erasmus+ da juventude e do ensino superior e hoje em dia a empregabi- lidade é certamente uma das grandes preocupa- ções, logo a mobilidade com vista ao aumento da empregabilidade é claramente prioritária. E como irá o IPP aumentar a empregabilidade com o Erasmus+? Iremos dar prioridade absoluta a mobilidades para estágios, curriculares ou em contexto empresarial. Temos estudos que demostram claramente que os estudantes que fazem mobilidade têm maior facilidade em encontrar emprego. As empresas portuguesas valorizam muito a experiência inter- nacional, os diplomados que a tenham estão mais adaptados a empresas que visem a exportação. Acha que nesse novo contexto as instituições de ensino superior portuguesas podem ter algum destaque? Tenho a certeza. Por exemplo, o IPP coordena o projeto europeu PRAXIS, de mais de um milhão de euros, com mais de 80 parceiros internacio- nais, no âmbito do qual será criado o mercado europeu de estágios curriculares. Trata-se de uma plataforma web na qual as instituições e empresas podem anunciar estágios e os estudan- tes podem escolher esses mesmos estágios. Os estudantes do Erasmus+ que queiram fazer mo- Rosário Gambôa bilidades para estágios noutros países irão poder usar esta plataforma.

E porque razão a Comissão Europeia atribuiu um que ajuda a receber os estudantes internacionais projeto tão importante ao IPP? Então o que poderá esperar um estudante e motiva os nacionais a fazerem mobilidades. acerca do IPP? Porque sabem que somos orientados para a concre- Ajudam no alojamento, mostram a cidade, aju- Temos sete Escolas bem conhecidas: o ISEP tização de projetos. A plataforma foi desenvolvida dam na semana de receção dos estudantes inter- centrado na Engenharia; o ISCAP na Contabi- pelos nossos estudantes, sob orientação do Profes- nacionais e nas semanas internacionais. lidade e Administração; a ESE na Educação; a sor Nuno Escudeiro, responsável pelo projeto. O ESMAE nas Artes e Espetáculo; a ESEIG na En- nosso modelo formativo é orientado para preparar O IPP vai então centrar a sua internacionalização na interação com a Europa? genharia Industrial e Gestão; a ESTGF, na Tec- os estudantes para os novos desafios da sociedade, nologia e Gestão e a ESTSP na Saúde. A nossa para serem capazes de conceber e implementar so- E não só. Há outros espaços que são nossa prio- formação é orientada para a preparação para luções. Resulta daí o grande valor que o mercado de ridade, nomeadamente na CPLP. Estamos a for- a resolução dos problemas concretos com os trabalho atribui aos nossos diplomados. mar o corpo docente de Universidades Angola- quais os profissionais vão ser confrontados na nas e a auxiliar na implantação de cursos. Outro sua atividade profissional. A par disso damos E como os estudantes vêm este esforço de inter- bom exemplo é o Brasil, onde temos programas nacionalização do IPP? uma formação de cariz internacional, inova- de Bolsas para estudantes, docentes e investiga- dor e empreendedor. Muito bem. Posso dar o exemplo da COMAP, a dores. Coordenamos dois grandes projetos eu- Comissão de Apadrinhamento dos Estudantes, ropeus de mobilidade de investigadores com o

62 Brasil. Estão envolvidas sete Universidades bra- muito forte do novo movimento de inovação e informáticas é um bom exemplo de um desses sileiras de topo. Criamos recentemente o Centro empreendedorismo que se está a criar agora a projetos. Mais uma vez a internacionalização, te- D. Pedro, um centro luso-brasileiro para estudos, nível mundial. O que importa é termos uma pla- remos a Universidade Federal do Rio de Janeiro projetos e inovação, único em todo o espaço do taforma que seja um espaço vivo e animado, que (Brasil) a colaborar com a Música, a Universida- ensino superior em Portugal. Será uma excelente cative os estudantes, se calhar com espaços que de de Nottingham (Reino Unido) com o Design, interface entre Portugal e o Brasil. até sejam geridos por eles. Acreditamos muito a Universidade Hradec Králové (República Che- nos nossos jovens, nos nossos estudantes. Mas ca) na Eletrónica e a Universidade de Salamanca Qual é a visibilidade do IPP em termos internacionais? voltando à questão a resposta é que hoje não se (Espanha) na Informática. É esse o tipo de pro- É muito boa. Sobretudo desde que passamos a pode ser empreendedor sem pensarmos em ter- jetos com os quais queremos lançar desafios aos ser a Instituição de Ensino Superior Portuguesa mos globais. Lideramos projetos e redes ligadas nossos estudantes. Parece um projeto em grande, com melhor desempenho no Ranking Mundial ao empreendedorismo com países como o Brasil mas quando eles colocarem a mão na massa te- da SCIMAGO no que se refere ao principal in- ou Coreia do Sul. nho a certeza que terá muito mais impacto do dicador qualitativo da investigação, o indicador que nós podemos imaginar. NI que mede o valor médio de citações por arti- E que experiências vão dinamizar nessa plataforma? go. O IPP é hoje um parceiro muito apetecível a Muitas, concursos de ideias, boot camps, mistura Mas tanta internacionalização não limitará a vo- nível internacional. de estudantes com formações diversificadas, ace- cação regional dos Politécnicos? leração de ideias, uma grande variedade de ini- Muito pelo contrário. Para sermos verdadeira- Mas para além da internacionalização que outras ciativas disruptivas. mente úteis para o desenvolvimento da região medidas o IPP toma para promover a empregabi- onde nos inserimos temos de ter uma vertente lidade dos seus estudantes? Iniciativas disruptivas! É capaz de nos dar um internacional. Não se pode imaginar que uma Cultivar o espírito inovador e empreendedor dos exemplo? instituição de ensino superior seja vantajosa no estudantes é fundamental. Lançamos este ano o Sim, A Fundação Calouste Gulbenkian acaba contexto regional se não for útil para a interna- Programa IPP Empreendedor 2020, ao abrigo de aprovar um projeto que vamos incluir nesse cionalização dos produtos e serviços promovidos do qual estamos a promover uma série de ini- espaço. Imagine projetos de fim de curso jun- pelas empresas dessa região. Combinar compo- ciativas indutoras desse novo espírito no qual o tando estudantes de cursos diferentes, de países nentes de desenvolvimento regional com a glo- estudante se defina como principal construtor do diferentes e que trabalham com suporte em fer- balização é o desafio que se põe. O IPP assinou seu destino. Mas não vejam isso dissociado da in- ramentas colaborativas e depois se juntam para recentemente protocolos no âmbito de uma rede ternacionalização! criarem produtos inovadores. É essa a proposta entre o Norte de Portugal, Galícia e Castilla do projeto MUDEI (Música, Design e Enge- Leon, no programa CRUSOE. Assinou também Internacionalização no Empreendedorismo? nharia para Inovação e Internacionalização). um programa de mobilidade designado IACO- Sim, estamos a construir uma plataforma com- Construir um móvel que é ao mesmo tempo um BUS, entre o Norte de Portugal e a Galícia. São pletamente diferenciadora, algo que não existe instrumento musical, com design, acústica mu- dois bons exemplos de desenvolvimento regional em Portugal e vamos ficar inseridos numa rede sical e suportado em tecnologias eletrónicas e ligado à internacionalização. ERASMUS+

“ERASMUS+? Construção, diálogo e inclusão”

“Qualidade, inovação e diferenciação” são as marcas que os promotores do programa Erasmus+ pretendem que sejam reconhecidas, numa iniciativa que pretende ser simples e desburocratizada e alcançar 100 mil jovens portugueses de todas as condições sociais e de todo o país, com especial atenção às zonas do interior. São estas as aspirações do Erasmus+, que arranca este ano e que vigorará até 2020.

Adriana Martins

Revista Pontos de Vista foi à Faculdade anos que trabalha com este género de programa, de Ciências Humanas (FCH) da Uni- colaborando para a sua divulgação e implementa- versidade Católica Portuguesa, tendo ção. De salientar que o Erasmus+, “agora estrutu- “Este programa tem também essa Aconversado com Adriana Martins, do- rado de uma forma mais integrada e simplificada”, virtude, ou seja, a de facultar o cente da instituição e coordenadora de Relações vem substituir o antigo programa Erasmus, que Internacionais daquela faculdade, onde ficamos a estava sob a égide do Programa «Aprendizagem acesso ao mundo do trabalho, conhecer as principais valências de um programa ao Longo da Vida». Este último englobava progra- de mobilidade extremamente ambicioso no espaço mas tão distintos como fundamentais, tais como: o havendo uma aposta forte da europeu. O Erasmus+ destina-se não apenas a jo- Erasmus (ensino superior), o Leonardo da Vinci vens universitários, mas também a jovens de outras (ensino profissional),o Comenius (ensino básico Comissão Europeia no sentido entidades não-governamentais, como IPSS - Ins- e secundário), o Grundtvig (educação de adultos), de favorecer a experiência titutos Particulares de Segurança Social, grupos de o programa “Juventude em Acção” e ainda cinco jovens, juntas de freguesia, associações de juventude programas de cooperação internacional (Erasmus profissional do estudante” e desporto, tendo ainda outra particularidade, ou Mundus, Tempus, Alfa e Edulink e o programa de seja, esta será a primeira vez que o desporto vai ser cooperação com os países industrializados). “Com financiado pela União Europeia. Inquirida sobre as o novo quadro comunitário, surge o Programa palavras que, no seu entender, definiriam o Progra- Erasmus+ que abarca muitos dos programas ante- ma, Adriana Martins aponta três: “construção, diá- riormente referidos, apresentando novas valências e logo e inclusão”. regras, para as quais estamos preparados para res- A Universidade Católica Portuguesa há muitos ponder, até porque a Faculdade de Ciências Huma-

64 “Temos sido um exemplo na promoção destes modelos. O programa Erasmus+ não vem mudar a essência do anterior programa, o Erasmus, embora reconheça a existência de algumas mudanças, com alterações de cariz mais administrativo ou de duração de bolsas. Continuamos à vontade com este novo programa e acredito piamente que o devemos valorizar, porque é fundamental na construção do espírito universitário europeu”

nas já participa no programa Erasmus há mais de no estrangeiro, facto que prepara melhor os alunos tempo, já que se assume como uma «escola aberta 20 anos”, salienta a nossa entrevistada. para o seu futuro”. ao mundo». “Temos sido um exemplo na promoção Mas como é realizada a divulgação deste género de destes modelos. O programa Erasmus+ não vem programas na instituição? Segundo Adriana Mar- PROMOÇÃO DO ESPÍRITO mudar a essência do anterior programa, o Erasmus, tins a promoção é realizada a nível interno, “junto UNIVERSITÁRIO EUROPEU embora reconheça a existência de algumas mudan- dos nossos alunos”, pois a faculdade conta com um O conceito de escola/universidade tem vindo a mu- ças, com alterações de cariz mais administrativo vasto conjunto de parcerias (mais de 80) com ou- dar o seu paradigma nos últimos anos, muito à cus- ou de duração de bolsas. Continuamos à vontade tras instituições congéneres europeias, parcerias que ta da introdução de programas como o Erasmus+. com este novo programa e acredito piamente que o estão a ser alargadas a outras instituições, “porque Para a Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da devemos valorizar, porque é fundamental na cons- temos recebido muitas solicitações de instituições Universidade Católica Portuguesa isto não é novo, trução do espírito universitário europeu”, conclui europeias que pretendem celebrar parcerias connos- até porque a instituição já o pratica desde há muito Adriana Martins. co”, salienta a nossa entrevistada. Adriana Martins recorda que estas solicitações se devem a duas ra- zões: por um lado, a consolidação e reconhecimen- to da instituição e do nome da mesma como uma entidade de qualidade e prestígio no estrangeiro e “isso faz-se notar claramente nos nossos mestrados” cada vez mais procurados por alunos estrangeiros, e, por outro, o acompanhamento que a FCH faz aos alunos internacionais, destacando-se o programa «Friend4You», que mantém a tradição da institui- ção em saber receber bem os novos alunos. É importante salientar que os programas de mo- bilidade no quadro do Erasmus + não se destinam somente a alunos, já que docentes e funcionários administrativos podem participar em períodos de mobilidade, recebendo igualmente a FCH muitos docentes de instituições estrangeiras que lecionam em Lisboa num curto período de tempo, em regi- me intensivo. «VALOR PARA SEMPRE» Já referimos que um dos principais desidera- tos do programa Erasmus+ passa pela qualidade, inovação e diferenciação, sendo que este modelo se adequa perfeitamente à essência e orgânica da Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Uni- versidade Católica Portuguesa. Porquê? Adriana Martins explica. “O lema da faculdade é o «Valor para Sempre» e acredito que esses três elementos é que perpetuam o nosso lema, valor para sempre, acabando por se refletir ao nível da empregabilida- de dos nossos licenciados, sendo que o Erasmus+ será uma peça fundamental para desenvolver esta senda de bons resultados da instituição”, salienta a nossa interlocutora. Uma das principais características do programa Erasmus+, apresentado em fevereiro passado, passa pelo desenvolvimento de estratégias coletivas, numa lógica que pressupõe a transformação de políticas em ações concretas que promovam sinergias e alianças setoriais com universidades e o setor económico, pro- movendo uma relação próxima com o universo em- presarial. “Este programa tem também essa virtude, ou seja, a de facultar o acesso ao mundo do trabalho, havendo uma aposta forte da Comissão Europeia no sentido de favorecer a experiência profissional do es- tudante através de bolsas para a realização de estágios

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Luso investe 4 milhões 8.º Congresso Nacional do Idoso

no lançamento do Luso Tea Realiza-se nos próximos dias 26 e 27 de junho, no Centro de Congressos A Luso investiu 4 milhões de euros no lançamento do Luso Tea, "pro- de Lisboa e pretende debater várias duzido com água da marca", sendo que 90% deste valor será aplica- temáticas relacionadas com a terceira do em publicidade, de acordo com o diretor da unidade de negócios idade e alertar para o facto de que, de águas e refrigerantes, Luís Prata, na apresentação da nova bebida. “apesar do declínio fisiológico Questionado sobre quais as expetativas de vendas do Luso Tea, o di- determinado pela idade ser inevitável, retor da unidade de negócios disse que não podia adiantar a meta em e o processo de envelhecimento termos de volume, mas referiu que o objetivo é "estar entre as duas imutável, os profissionais de saúde principais marcas de ice tea em Portugal", a Litpon e a Nestea. O podem e devem minorar a expressão público-alvo desta nova bebida são "mulheres modernas, entre os 25 e da doença no idoso, através da 44 anos, que se preocupam com a sua aparência, e urbanas", adiantou. prevenção, do aconselhamento e do Questionado sobre se pretende exportar o Luso Tea para outros mer- tratamento adequados”. Presidido cados, como Angola, Luís Prata afirmou que "é uma oportunidade", por José Canas da Silva, Diretor mas que "para já a prioridade é o mercado português". A Luso, que do Serviço de Reumatologia do pertence ao grupo Sociedade Central de Cervejas (SCC), levou cerca Hospital Garcia de Orta, Almada, de um ano a montar o projeto. Além da Luso, a SCC detém as marcas esta iniciativa promove a importância Sagres, Sagres Radler e Heineken, entre outras. de “cuidar” e de “cuidar melhor”.

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