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PLANO DE MANEJO: RESERVA PARTICULAR DO

PATRIMÔNIO NATURAL EMILIO EINSFELD FILHO, SANTA

CATARINA

Rodrigo Hecht Zeller Engenheiro Florestal, MSc. Manejo de Áreas Silvestres

CAMPO BELO DO SUL DEZEMBRO DE 2010

PLANO DE MANEJO: RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL EMILIO EINSFELD FILHO, SANTA CATARINA

SUPERVISOR GERAL

Emilio Einsfeld Filho – Proprietário, Coordenador Geral da RPPN, Engenheiro Agrônomo, Diretor da Florestal Gateados Ltda.

AUTORIA

Rodrigo Hecht Zeller – Engenheiro Florestal (CREA-PR 170600679-9), Mestre em Ciências Florestais (Manejo de Áreas Silvestres), Consultor

PARTICIPAÇÃO

Mário Dobner Jr. – Engenheiro Florestal, Mestre em Ciências Florestais (Silvicultura), Gerente Executivo da Florestal Gateados Ltda.

Maitê Ribeiro – Engenheira Florestal, Assistente Técnica da Florestal Gateados Ltda.

Valdir Diehl Ribeiro – Diretor Administrativo da Florestal Gateados Ltda.

CAMPO BELO DO SUL DEZEMBRO DE 2010

APRESENTAÇÃO

O estabelecimento de unidades de conservação é, em todo o mundo, a principal estratégia para conservar a variedade de formas de vida, ou biodiversidade. Hoje, essas áreas são uma garantia para o futuro da humanidade, os refúgios em que ainda contamos com vários bens e serviços ambientais oferecidos apenas pela natureza. Atualmente, menos de 10 % do território nacional é ocupado por alguma unidade de conservação federal instituída por ato do Poder Público. Porém, mais da metade dessa área é unidades de uso sustentável, onde há uso direto de recursos naturais, com exceção das reservas particulares do patrimônio natural (RPPN’s). O restante é a base sólida do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, onde a natureza deve receber proteção integral. São os parques nacionais, reservas biológicas, estações ecológicas e, complementarmente, as RPPN’s. O planejamento é um processo consolidado para auxiliar na implementação de unidades de conservação. Como um produto central do planejamento, o plano deve amparar as decisões na unidade, para que elas considerem o contexto e as necessidades de manejo, definindo prioridades e rumos específicos. A preparação deste plano de manejo se baseou no roteiro metodológico para o planejamento de RPPN’s, publicado pelo IBAMA em 2004. Assim como outros guias de planejamento, este roteiro é flexível, para que o processo e o documento se ajustem ao contexto de cada área e atendam a particularidades; a RPPN Emilio Einsfeld Filho, no caso, está inserida na realidade de uma empresa do ramo florestal. Outro aspecto fundamental ao sucesso do planejamento é, logicamente, o envolvimento dos encarregados pela execução do plano. Este plano de manejo é uma demanda direta do Sr. Emilio Einsfeld Filho, coordenador da RPPN e diretor da Florestal Gateados Ltda, em cuja propriedade se insere a reserva. Seus funcionários imediatos, que coordenam ou controlam atividades

na reserva, também foram envolvidos e auxiliaram em todo o processo, tanto nas visitas à área como em contatos regulares via e-mail. Para elaborar o plano, foram processadas basicamente informações secundárias, com a compilação de vários relatórios de pesquisa e outros documentos cedidos. Complementarmente, foram obtidas algumas informações com policiais de campo e visitados pontos específicos. Com esta base, compatível com o contexto e as necessidades imediatas da unidade, este plano se propõe a formalizar ou adequar as atividades que ocorrem na RPPN: proteção, controle de invasão de pinus, pesquisa, monitoramento ambiental e manutenção de estradas. O Sr. Emilio Einsfeld Filho não deseja que haja visitação na RPPN, com fins recreativos ou educativos, o que já ocorre em outros locais da propriedade. Este plano é constituído por duas grandes partes, a de diagnóstico e a de proposições, ou prognóstico. A primeira descreve a RPPN, seu relevo, clima, hidrografia, fauna e vegetação, mas também as atividades que ocorrem na área, a equipe, custos, suporte operacional e infra-estrutura. A descrição muitas vezes vai além, ao restante da propriedade, e se estende também aos municípios. O prognóstico é focado na RPPN e trata dos seus objetivos, define o zoneamento (zonas de proteção e de transição) e três programas de manejo, que consideram procedimentos operacionais já existentes.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...... 1 2. INFORMAÇÕES GERAIS ...... 2 2.1 HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN ...... 5 3. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN ...... 8 3.1 RELEVO ...... 8 3.2 CLIMA ...... 10 3.3 HIDROGRAFIA ...... 12 3.4 VEGETAÇÃO ...... 16 3.5 FAUNA ...... 23 3.6 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN ...... 33 3.6.1 Proteção ...... 33 3.6.2 Prevenção de incêndios ...... 35 3.6.3 Controle de pinus ...... 37 3.6.4 Pesquisa e monitoramento ...... 37 3.6.5 Pessoal ...... 40 3.6.6 Infra-estrutura e rede viária ...... 41 3.6.7 Equipamentos e serviços ...... 45 3.6.8 Recursos financeiros e parcerias ...... 46 4. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE ...... 48 5. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO ...... 55 6. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE ...... 58 7. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ...... 59 8. PLANEJAMENTO ...... 60 8.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO ...... 60 8.2 ZONEAMENTO ...... 60 8.3 PROGRAMAS DE MANEJO ...... 65 8.3.1 Programa de proteção e fiscalização ...... 66 8.3.2 Programa de pesquisa e monitoramento ...... 67 8.3.3 Programa de administração ...... 69 8.4 EXECUÇÃO DO PLANO DE MANEJO ...... 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 72

ANEXO 1. Confrontantes da propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 75 ANEXO 2. Espécies vegetais silvestres que ocorrem na RPPN Emilio Einsfeld Filho e outras áreas naturais da propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 76 ANEXO 3. Espécies da fauna silvestre identificadas na RPPN Emilio Einsfeld Filho e entorno imediato na propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 80 ANEXO 4. Espécies da fauna silvestre identificadas na RPPN Emilio Einsfeld Filho e entorno imediato na propriedade da Florestal Gateados Ltda. consideradas como ameaçadas de extinção...... 92 ANEXO 5. Espécies de peixes detectadas na área de influência da usina hidroelétrica de Barra Grande, região sul do Brasil ...... 94 ANEXO 6. Estradas gerais e secundárias na propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 95 ANEXO 7. Termos de parceria da Gateados com a BAESA e com a Polícia Ambiental de Santa Catarina ...... 96 ANEXO 8. Procedimento Operacional de Segurança Patrimonial ...... 103 ANEXO 9. Procedimento Operacional de Prevenção e Combate a Incêndio 106 ANEXO 10. Procedimento Operacional de Silvicultura ...... 114 ANEXO 11. Procedimento Operacional de Estradas ...... 130

FIGURAS

FIGURA 1. Localização da propriedade da Florestal Gateados Ltda., região sul do Brasil, estado de Santa Catarina ...... 2 FIGURA 2. Acessos à propriedade da Florestal Gateados Ltda ...... 4 FIGURA 3. Propriedade da Florestal Gateados Ltda., RPPN Emilio Einsfeld Filho, outras áreas naturais e sede administrativa ...... 6 FIGURA 4. Umidade relativa (%) média mensal (período 2005-2008) na portaria principal da propriedade da Florestal Gateados Ltda. (Balança 1) .... 10 FIGURA 5. Precipitação (mm) média mensal (período 2005-2008) na portaria principal da propriedade da Florestal Gateados Ltda. (Balança 1) ...... 10 FIGURA 6. Principais rios na RPPN Emilio Einsfeld Filho, na propriedade da Florestal Gateados Ltda. e área represada no rio Pelotas e tributários com a implantação da usina hidroelétrica de Barra Grande ...... 13 FIGURA 7. Estrutura organizacional do pessoal que viabiliza a RPPN Emilio Einfeld Filho ...... 40 FIGURA 8. Propriedade da Florestal Gateados Ltda., RPPN Emilio Einfeld Filho, estradas gerais e infra-estrutura ...... 45 FIGURA 9. Usos do solo na propriedade da Florestal Gateados Ltda ...... 51 FIGURA 10. Zoneamento da RPPN Emilio Einsfeld Filho ...... 63

FOTOS

FOTO 1. Vista oeste a partir de mirante no projeto Pedras Brancas, maciço florestal da RPPN Emilio Einsfeld Filho em terreno fortemente ondulado até a cota mais baixa, rente ao rio Pelotas ...... 8 FOTO 2. Vista norte a partir de mirante no projeto Criúvas, relevo fortemente ondulado nas cotas intermediária e máxima da RPPN Emilio Einsfeld Filho, com vale sombreado e acidentado em diagonal na fotografia, em último plano terreno suave ondulado com plantio de pinus, na propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 9 FOTO 3. Local conhecido por Ilhas, relevo suave ondulado, capões de floresta com araucária, campos naturais e plantios de pinus ao fundo, entorno imediato da RPPN Emilio Einsfeld Filho, propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 9 FOTO 4. Rio Vacas Gordas em trecho de corredeiras, em segundo plano a RPPN Emilio Einsfeld Filho, em terceiro plano plantios de pinus (verde claro), na propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 14 FOTO 5. Rio Vacas Gordas em trecho sem corredeiras e represado, ponte desativada e trecho de floresta na RPPN Emilio Einsfeld Filho ...... 15

FOTO 6. Vista oeste a partir de mirante no projeto Pedras Brancas, maciço florestal da RPPN Emilio Einsfeld Filho (a ausência de araucárias no dossel se deve a cortes seletivos), rio Pelotas após o represamento, estado do Rio Grande do Sul na sua margem esquerda, em propriedade da BAESA ...... 17 FOTO 7. Campos naturais e capão de floresta com araucária, local conhecido por Ilhas, entorno da RPPN Emilio Einsfeld Filho, propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 18 FOTO 8. Plantas jovens de pinus em banhado, no segundo plano capão de floresta com araucária e um plantio de pinus à direita, entorno da RPPN Emilio Einsfeld Filho, local conhecido por Ilhas, propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 21 FOTO 9. Porcos queixada na RPPN Emilio Einsfeld Filho (Instituto de Biociências, 2009b)...... 24 FOTO 10. Bugio em plantio de pinus na propriedade da Florestal Gateados Ltda. (Instituto de Biociências, 2009b) ...... 26 FOTO 11. Gavião-de-penacho Spizaetus ornatus, espécie de ave de rapina encontrada na RPPN Emilio Einsfeld Filho (Instituto de Biociências, 2009b) .. 27 FOTO 12. Indivíduos de perereca-leiteira detectados na RPPN Emilio Einsfeld Filho (Instituto de Biociências, 2009b) ...... 28 FOTO 13. Policiais militares do Governo do Estado de Santa Catarina na sede administrativa da RPPN Emilio Einsfeld Filho ...... 34 FOTO 14. Pinus cortado em borda de floresta, na margem de estrada secundária, RPPN Emilio Einsfeld Filho ...... 37 FOTO 15. Vista parcial, a partir da torre de vigilância contra incêndios, da área da sede administrativa da Florestal Gateados Ltda...... 42 FOTO 16. Trecho de estrada secundária na RPPN Emilio Einsfeld Filho ...... 44 FOTO 17. Trecho de estrada secundária no entorno imediato da RPPN Emilio Einsfeld Filho, na propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 44 FOTO 18. Área desativada de extração de cascalho, propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 49

QUADROS

QUADRO 1. Pesquisas em andamento na RPPN Emilio Einsfeld Filho e outras áreas naturais da propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 38 QUADRO 2. Monitoramentos ambientais em andamento na RPPN Emilio Einsfeld Filho e outras áreas naturais da propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 39 QUADRO 3. Licenças ambientais concedidas à Florestal Gateados Ltda. para suas atividades ...... 53

TABELAS

TABELA 1. Fazendas que compõem a propriedade da Florestal Gateados Ltda., tamanho, município, número de matrícula e Comarca ...... 3 TABELA 2. Funcionários da Florestal Gateados Ltda. que realizam atividades na RPPN Emilio Einsfeld Filho ...... 41 TABELA 3. Custos assumidos pela Florestal Gateados Ltda. nas atividades relacionadas com a RPPN Emilio Einsfeld Filho (exercício 2009) ...... 47 TABELA 4. Usos do solo na propriedade da Florestal Gateados Ltda...... 48

SIGLAS

APP: Área de Preservação Permanente (Lei Federal nº 4.771/65)

BAESA: Energética Barra Grande S.A.

CAIPORA: Cooperativa para Conservação da Natureza

DNPM: Departamento Nacional de Produção Mineral

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPAGRI: Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

FATMA: Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina

FURB: Universidade Regional de Blumenau

GPS: Global Positioning System (equipamento de posicionamento global)

IDH: Índice de Desenvolvimento Humano (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)

RPPN: Reserva Particular do Patrimônio Natural

INCRA: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IUCN: International Union for Conservation of Nature (União Mundial para a Conservação da Natureza)

MMA: Ministério do Meio Ambiente

PIB: Produto Interno Bruto

PO: Procedimento Operacional

SESI: Serviço Social da Indústria

UFPR: Universidade Federal do Paraná

UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina

UNISINOS: Universidade do Vale do Rio dos Sinos

1. INTRODUÇÃO

As reservas particulares do patrimônio natural (RPPN’s) foram legalmente instituídas em 1990, como áreas dedicadas à conservação da natureza. Pela Lei Federal nº 9.985/2000, enquadram-se no Sistema Nacional de Unidades de Conservação como áreas de uso sustentável, muito embora seja proibido o uso direto de recursos. Tais reservas admitem, no máximo, atividades de pesquisa científica, monitoramento ambiental e visitação pública, além das medidas necessárias para manter a integridade dos recursos naturais. Assim, seu funcionamento é parecido com o de uma reserva biológica ou parque nacional. Por lei, a RPPN é “uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica”, por iniciativa de seu proprietário, que passa a ser isento do Imposto Territorial Rural sobre a área. Os dados da Confederação Nacional de RPPN revelam a existência de aproximadamente 850 reservas no território nacional (mais da metade em nível federal), cobrindo uma área total de 627 mil hectares. O bioma Mata Atlântica, reconhecidamente um dos mais ameaçados do planeta, é onde há o maior número de reservas particulares (70 %), mas que representam apenas 14 % da área coberta por essas unidades de conservação no país. No bioma Mata Atlântica, cerca da metade das reservas particulares não tem nem 100 hectares e menos de 3 % passa de 1.000 ha. A maior destas é justamente a RPPN Emilio Einsfeld Filho, com mais de 6 mil hectares. Esta RPPN leva o nome do proprietário e é fruto do seu desejo de preservar uma “amostra da natureza”, admitindo atividades de pesquisa e monitoramento ambiental.

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2. INFORMAÇÕES GERAIS

A RPPN Emilio Einsfeld Filho tem 6.328,63 hectares, no estado de Santa Catarina, próxima à divisa com o Rio Grande do Sul (Figura 1). A reserva abrange parte de dois municípios, Campo Belo do Sul e Capão Alto, e se insere na propriedade da empresa Florestal Gateados Ltda., doravante denominada apenas Gateados. A Gateados investe em plantios de espécies florestais principalmente para a comercialização de toras, sobretudo de pinus, eucaliptos e araucária (Araucaria angustifolia), além de praticar a silvicultura e o manejo de outras espécies de coníferas e folhosas. A empresa colabora, direta e indiretamente, para o emprego de 4 mil pessoas e seu lucro médio anual oscila na casa dos R$ 10 milhões (Florestal Gateados, 2009).

FIGURA 1. Localização da propriedade da Florestal Gateados Ltda., região sul do Brasil, estado de Santa Catarina

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As áreas da Gateados, que totalizam 18.755,6 hectares, se distribuem em seis fazendas (Tabela 1). Em todas há uso do solo com fins comerciais e a empresa atesta que as respectivas reservas legais estão averbadas e áreas de preservação permanente (APP) resguardadas.

TABELA 1. Fazendas que compõem a propriedade da Florestal Gateados Ltda., tamanho, município, número de matrícula e Comarca

Fazenda Área (ha) Município Nº matrícula (Comarca) Guamirim 7.289,7 Campo Belo do Sul 3.268 (Anita Garibaldi) Gateados 6.930,9 Campo Belo do Sul 3.269 (Anita Garibaldi) Picaços 3.652,6 Capão Alto 7.805 (Lages) Suzano 339,2 Correia Pinto 2.427 (Lages) Estreito 287,5 Ponte Alta 3.494 (Curitibanos) Emboque 255,7 São José do Cerrito 5.696 (Lages)

Fonte: Florestal Gateados (2009).

As fazendas Guamirim, dos Gateados e Picaços compõem uma área contínua, onde há a RPPN e se concentram as atividades comerciais da empresa. Já as fazendas menores (Emboque, Estreito e Suzano), não são contíguas entre si ou entre as demais. No contexto atual da RPPN, a descrição e consideração das fazendas menores é dispensável para este plano. Assim, ao mencionar a propriedade da Gateados, se remete à área composta pelas fazendas Guamirim, dos Gateados e Picaços, o que se aplica inclusive às figuras. A empresa atesta não haver situação irregular relacionada com a posse ou o domínio da propriedade. As três fazendas principais (Guamirim, Gateados e Picaços) já estão em processo de georeferenciamento conforme as indicações do INCRA, revelando uma área inferior à registrada nas matrículas de imóvel (6.115,4 ha, 6.909,9 ha e 3.365,26 ha, respectivamente). Parte da propriedade, justamente onde há a RPPN, faz limite com a represa formada na implantação da usina hidroelétrica de Barra Grande, no rio Pelotas e a montante de alguns tributários. Na região, o rio Pelotas representa a divisa de estado (Santa Catarina e Rio Grande do Sul), com possibilidade de navegação, mas que é aproveitada apenas para atividades de proteção ou pesquisa, e não como acesso secundário à reserva.

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O acesso principal à propriedade da Gateados é por meio da BR-116 até a intersecção com a rodovia SC-458, indo então na direção da localidade de Capão Alto e, a seguir, de Campo Belo do Sul (cerca de 30 km). Nos arredores da última, há uma estrada cascalhada de 12 km até a portaria da propriedade, denominada Balança 1. Há um acesso secundário, por estrada municipal cascalhada até a outra portaria da empresa (Balança 3), usado com menos freqüência pelos funcionários e caminhões de transporte de madeira. Também é a partir da BR-116, mais ao sul do entrocamento com a SC-458 (Figura 2). As estradas que levam às duas portarias da propriedade são acessíveis em qualquer época do ano.

FIGURA 2. Acessos à propriedade da Florestal Gateados Ltda.

Há um serviço regular da Gateados para transportar os funcionários que moram em Campo Belo do Sul. Nos dias úteis, um ônibus parte desta localidade às 6h 30min até a sede administrativa da empresa, com retorno às 17h 30min. Já nos finais de semana, os funcionários (de segurança patrimonial, por exemplo) se aproveitam de condução oferecida em veículo menor. O aeroporto mais próximo situa-se em Lages.

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2.1 HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN

A aquisição da propriedade da Gateados foi fruto de tropeadas de gado, cavalos e muares do Rio Grande do Sul ao estado de São Paulo. Tropeadas estas compostas por cavalos de coloração amarelo-queimado, conhecida na região por “pelagem gateado”; daí a origem do nome da empresa. Em 1975 o Sr. Emilio Einsfeld Filho assumiu a administração da fazenda dos Gateados e, em 78, iniciou o plantio de araucárias, enquanto os de pinus começaram em 81. Naquela época, as principais atividades eram a pecuária extensiva nos campos e a extração de madeira nas florestas naturais, prática suspensa em 1989. Já o gado, que era principalmente de corte, foi mantido até 1993 (Florestal Gateados, 2009). Em 1982, quando a propriedade da Gateados ainda era um condomínio de três irmãos (totalizando 24.000 ha), se procedeu aos primeiros estudos para definir a reserva legal, esforço que resultou também no reconhecimento de área silvestre (excedente) como APP. No terreno, porém, parte desta área não configurava uma APP, levando ao anseio por outro mecanismo legal para assegurar sua perpetuidade. Quase duas décadas depois, se cogitou então a possibilidade de definir uma reserva particular e, em 2002, concluiu-se que a melhor opção seria mesmo a criação de uma RPPN. Em 2006 foram iniciados os estudos necessários para a sua criação, processo que levou dois anos, em função dos mapeamentos e outros levantamentos exigidos pelo IBAMA. Em 2008, quando as unidades de conservação federais não estavam subordinadas ao IBAMA, mas ao ICMBio, foi então publicada a portaria (nº 74 de 10 de setembro) que reconhece a RPPN Emilio Einsfeld Filho. Tal reconhecimento foi gravado em cartório, nas matrículas dos imóveis afetados, atendendo à legislação (Decreto Federal nº 5.746/2006). Os limites da RPPN são descritos em termos de compromisso arquivados na sede administrativa, que o ICMBio encaminhou à empresa em 2008. Esses termos são anexos dos ofícios da Diretoria de Proteção nº 323 (fazenda dos Gateados – 2.861,58 hectares são RPPN), 324 (Guamirim – 2.035,32 ha) e 325 (Picaços – 1.431,7 ha). Cerca de metade da propriedade da Gateados é coberta por vegetação natural e a maior parte está na RPPN (Figura 3).

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A empresa conta com um levantamento de todos os vizinhos da propriedade, tendo compactuado com cada um deles uma declaração de reconhecimento de limites. No total, há 16 desses documentos na sede administrativa. Já a reserva, tem basicamente três vizinhos: a Gateados (quase metade do perímetro é na propriedade, sem cercas), a BAESA, responsável pela usina hidroelétrica de Barra Grande (“limite fluvial”), e, ao sul, a Srª Magdalena Einsfeld (onde há cercas ou taipas - muro de pedra bruta). Nas regiões sudeste e nordeste da reserva, uma pequena parte do perímetro é adjacente a outras propriedades (fazendas Rodeio dos Bugres, Sobradinho e do Tronco) (Anexo 1).

FIGURA 3. Propriedade da Florestal Gateados Ltda., RPPN Emilio Einsfeld Filho, outras áreas naturais e sede administrativa

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FICHA-RESUMO DA RPPN EMILIO EINSFELD FILHO, SANTA CATARINA

Nome da RPPN/proprietário Emilio Einsfeld Filho Contato Florestal Gateados Ltda. Rodovia SC 458, km 159, caixa postal 06 Endereço CEP 88.580-000 - Campo Belo do Sul (Santa Catarina) Telefone (49) 3249-3000 Fax (49) 3222-1631 E-mail [email protected] Página na internet http://www.gateados.com.br Área da RPPN 6.328,63 hectares Área total da propriedade 17.873,2 hectares Principal município de acesso Campo Belo do Sul Municípios (UF) Campo Belo do Sul e Capão Alto (Santa Catarina) Extremo norte: 515.140 Oeste, 6.911.994 Sul Extremo sul: 522.539 Oeste, 6.893.049 Sul Coordenadas (UTM, 22J) Extremo oeste: 507.391 Oeste, 6.903.893 Sul Extremo leste: 525.136 Oeste, 6.898.131 Sul Ato legal de criação Portaria nº 74 de 10 de setembro de 2008 A maior parte dos limites é na propriedade da Florestal Gateados Ltda. A oeste e norte, onde há o rio Pelotas, do outro lado do rio é propriedade da BAESA e, a Limites e confrontantes sudeste, há a propriedade da Srª Magdalena Einsfeld. Uma pequena parte das divisas é com outras propriedades. Bioma Mata Atlântica, com Floresta Ombrófila Mista Bioma e ecossistemas (floresta com araucária) e Formação Pioneira de Influência Fluvial (banhados). Centro urbano próximo Campo Belo do Sul Rodoviário, por meio de estrada cascalhada de 12 km a Acesso principal partir dos arredores de Campo Belo do Sul. Proteção, prevenção contra incêndios, pesquisa científica, monitoramento da vida silvestre e do meio Atividades que ocorrem físico, remoção de espécie exótica (pinus), manutenção de estradas.

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3. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN

3.1 RELEVO

A propriedade da Gateados está inserida na Formação Serra Geral, com relevo ondulado ou suave ondulado no planalto (ou ), enquanto nos arredores dos cursos d’água e do rio Pelotas há vales encaixados e encostas íngremes, com menos (e piores) possibilidades de acesso. Na propriedade, o tamanho da área em relevo acidentado é similar ao da área com relevo mais ameno, sendo a RPPN nas partes declivosas (Figura 3). A sede administrativa está a 960 m de altitude, em terreno suave ondulado (planalto). As altitudes na propriedade variam de 650 m (na margem do rio Pelotas) a 990 m (plantio de eucalipto no projeto Japonês IIIC, por exemplo). A parte da propriedade em que há uso do solo (incluindo a maioria dos plantios florestais) concentra-se no planalto ou na transição de relevo, acima de 800 m. Já na RPPN, o gradiente altitudiunal é de 650 a 900 m, mas a maioria encontra-se até 800 m, em terreno bastante acidentado. A seguir são apresentadas fotografias para ilustrar o relevo na RPPN e entorno imediato na propriedade.

FOTO 1. Vista oeste a partir de mirante no projeto Pedras Brancas, maciço florestal da RPPN Emilio Einsfeld Filho em terreno fortemente ondulado até a cota mais baixa, rente ao rio Pelotas

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FOTO 2. Vista norte a partir de mirante no projeto Criúvas, relevo fortemente ondulado nas cotas intermediária e máxima da RPPN Emilio Einsfeld Filho, com vale sombreado e acidentado em diagonal na fotografia, em último plano terreno suave ondulado com plantio de pinus, na propriedade da Florestal Gateados Ltda.

FOTO 3. Local conhecido por Ilhas, relevo suave ondulado, capões de floresta com araucária, campos naturais e plantios de pinus ao fundo, entorno imediato da RPPN Emilio Einsfeld Filho, propriedade da Florestal Gateados Ltda.

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3.2 CLIMA

O clima é típico do planalto meridional brasileiro, com temperatura média anual em torno de 16 ºC. Pela classificação de Köppen, predomina o clima Cfb, mesotérmico, subtropical úmido, com verões frescos e sem estação seca (Figuras 4 e 5), mas com a ocorrência de geadas severas (Florestal Gateados, 2009; Formento et al., 2004).

83,5 82,3 82,7 81,5 80,6 80,0 79,2 79,6 79,2 78,3 77,3

75,0

jan fev mar abril maio jun jul ago set out nov dez

FIGURA 4. Umidade relativa (%) média mensal (período 2005-2008) na portaria principal da propriedade da Florestal Gateados Ltda. (Balança 1)

289,9

236,9 221,9 215,8 204,5 191,9 190,6 184,6 181,5 163,0 171,6 151,2

jan fev mar abril maio jun jul ago set out nov dez

FIGURA 5. Precipitação (mm) média mensal (período 2005-2008) na portaria principal da propriedade da Florestal Gateados Ltda. (Balança 1)

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A precipitação média anual varia bastante, de 1.300 a 2.400 mm. A estação meteorológica situada na Balança 1, a cerca de 960 m de altitude, acusa uma precipitação média anual de 2.400 mm (Figura 5). Já os dados obtidos com equipamento instalado nas imediações da RPPN, a 650 m de altitude, definiram uma precipitação média anual de 1.400 mm. Os dados coletados com este equipamento, de 2005 a 2009, indicaram que choveu, em média, 129 dias por ano; o extremo em um único dia foi de 106,2 mm (25/12/2007) (IPH, 2009). Na verdade, há anos mais chuvosos e outros mais secos, variações estas associadas também à dinâmica dos sistemas atmosféricos regionais, como as frentes frias, e a fenômenos globais como El-Niño e La-Niña. No geral, de 1987 a 1998, havia um padrão de anos mais chuvosos por influência do El-Niño e, a partir de então, o padrão mudou para um clima mais seco e chuvas abaixo da média (IPH, 2009). Nos últimos anos, porém, a precipitação variou consideravelmente, comparando dados meteorológicos de três estações (duas na propriedade da Gateados e a estação de Lages). Em 2005, por exemplo, a estação da Balança 1 (planalto) registrou um extremo de precipitação, de 3.706 mm, enquanto em 2008 foram apenas 1.437 mm. Segundo Primieri (2008), o ano 2006 também foi marcado por períodos de forte estiagem; em final de abril e no mês de maio foram menos de 50 mm. Já no mesmo período do ano seguinte, a precipitação foi cinco vezes maior. A primavera é a estação mais chuvosa do ano, em setembro e outubro. Neste período, geralmente há diminuição das práticas silviculturais, como o controle da invasão de pinus nas bordas da RPPN, quando também é priorizado o uso de veículos, ao invés de cavalos, por exemplo. A temperatura média anual varia de 12 a 19 °C, a média mínima é 6,5 °C, enquanto a média máxima pode chegar a 31 °C. A mínima absoluta é 12 °C negativos e em partes mais elevadas pode nevar esporadicamente (Florestal Gateados, 2009), o que ocorreu na propriedade no ano 2000.

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Já geadas, ocorrem de 2 a 29 vezes por ano segundo EMBRAPA (1988)1 citada por Dobner Jr. (2008). Em 2006 foram mais de 10 ocorrências na propriedade da Gateados. Naquele ano, as temperaturas mais baixas foram registradas no final de agosto e início de setembro, ocorrendo geadas tardias, praticamente depois da passagem do inverno (Dobner Jr., 2008).

3.3 HIDROGRAFIA

A RPPN abrange parcialmente cinco tributários (microbacias) do rio Pelotas, que nasce no Parque Nacional de São Joaquim (Santa Catarina), a mais de 1.000 m de altitude. Cerca de 130 km à frente do parque, no entorno imediato da RPPN, o rio Pelotas corre a aproximadamente 650 m de altitude. A partir dessa região, o rio representa a divisa do estado de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul. Os seus tributários protegidos pela RPPN seguem padrão de direção nordeste-sudoeste e dois têm todas as vertentes na propriedade da Gateados (lajeado da Divisa e laje de Pedra), sendo parte fora da RPPN, mas com APP resguardada. Para as outras microbacias (das Valas, Vacas Gordas e Picaços), parte das vertentes está fora da propriedade, embora haja muitos afluentes na reserva e no restante da propriedade. A montante da propriedade, não há informação sobre as condições de APP dos cursos d’água. Porém, há um monitoramento (2002 a 2005) indicando que a qualidade da água na região da RPPN, na bacia do rio Pelotas, varia de “boa” a “ótima”; de 288 amostras, apenas quatro se enquadraram como “regular”. Uma das áreas monitoradas é no rio Vacas Gordas, nas imediações da RPPN (Socioambiental, 2007). No geral, os cursos d’água são de pequeno ou médio porte, denominados localmente de lajeados, devido aos trechos em que a água corre sobre rochas aplainadas. A microbacia do rio Vacas Gordas é a maior, com nascentes situadas a mais de 50 km da Gateados, e este rio é o mais volumoso na reserva (Foto 4).

1 EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária / Centro Nacional de Pesquisas Florestais). Zoneamento ecológico para plantios florestais no estado de Santa Catarina. Curitiba: EMBRAPA, 1988. 113 p.

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No planalto há vários banhados, dentro da RPPN e em outras partes da propriedade. Não há informação sobre a área ocupada pelos banhados na reserva, porém, no restante da propriedade totalizam 400 hectares, sob regime de APP. Na Figura 6 é representada a calha principal dos rios na RPPN e na propriedade da Gateados, cujas incontáveis vertentes foram desconsideradas para facilitar a visualização.

FIGURA 6. Principais rios na RPPN Emilio Einsfeld Filho, na propriedade da Florestal Gateados Ltda. e área represada no rio Pelotas e tributários com a implantação da usina hidroelétrica de Barra Grande

No rio Vacas Gordas foram realizadas medições de descarga líquida, entre 2003 e 2009, com cotas mínima e máxima variando de 0,72 a 2,35 m, enquanto os extremos na vazão foram de 0,306 e 104,13 m3/s (IPH, 2009). A variação pode ser repentina, na forma de tromba d’água, o que é mais comum no verão. No verão de 2010, por exemplo, foram cinco trombas d’água, atesta Valdir Ribeiro. Nesses eventos, o acesso a certos locais é interrompido, inclusive porque há algumas “passagens” submersas, feitas de concreto e com fina camada de água corrente sobre elas (conhecidas por “passos”).

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Nas chuvas, a água dos rios costuma se tornar barrenta pelo carreamento de sedimentos. A transformação se expressa em variáveis monitoradas, como nas concentrações de fósforo, nitrogênio, coliformes fecais e DBO (demanda bioquímica de oxigênio), além da turbidez, reduzindo a qualidade da água (Socioambiental, 2005; 2007).

FOTO 4. Rio Vacas Gordas em trecho de corredeiras, em segundo plano a RPPN Emilio Einsfeld Filho, em terceiro plano plantios de pinus (verde claro), na propriedade da Florestal Gateados Ltda.

Em outubro de 2005 foi concluída a obra da usina hidroelétrica de Barra Grande, o que gerou bastante polêmica, inclusive quanto aos procedimentos de licenciamento, segundo a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (APREMAVI) (informações disponíveis na página ). Esta usina é no rio Pelotas, entre a cidade gaúcha de Pinhal da Serra e Anita Garibaldi (Santa Catarina), e entrou em operação em novembro de 2005, com capacidade máxima para 708 megawatts. A área represada, de aproximadamente 94 km², se distribui por cinco municípios em Santa Catarina (Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro e Lages) e quatro no Rio Grande do Sul (Bom Jesus, Esmeralda, Pinhal da Serra e Vacaria) (informações disponíveis na página ).

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Segundo laudo técnico elaborado sob a ART n° 3440848-5 (engenheiro florestal Mário Dobner Jr., CREA-SC n° 080665-6), na propriedade da Gateados foram desapropriados e alagados 544,96 hectares em decorrência de Barra Grande, adjacentes à RPPN (Figura 6). A largura dos trechos inundados varia de 50 m a 1 km. Alguns cursos d’água, ora de corredeiras, tornaram-se navegáveis, sendo o caso do lajeado da Limeira, que surge do encontro do lajeado das Valas com outro tributário de pequeno porte, o qual faz parte do limite norte da propriedade (Figura 6). Todos os rios envolvidos pela RPPN, em trechos próximos à foz no rio Pelotas, sofreram com o represamento; o mais afetado foi o rio Vacas Gordas, em que os efeitos foram sentidos por aproximadamente 4 km a montante da foz no rio Pelotas (Foto 5).

FOTO 5. Rio Vacas Gordas em trecho sem corredeiras e represado, ponte desativada e trecho de floresta na RPPN Emilio Einsfeld Filho

Antes da criação da RPPN, já existia também o projeto PCH (Pequena Central Hidroelétrica) Capão Alto Geração de Energia S.A. (CNPJ 10.233.994;0001-40), com potência instalada de 8 a 10,23 MegaWatts. Esse projeto está registrado junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (48.500.002378/2010-13), nas coordenadas UTM 6.900.459 Sul e 521.654 Oeste. Sua implantação deverá afetar pouco mais de 10 hectares da RPPN, na microbacia do rio Vacas Gordas e próximo ao rio Varões.

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Seu licenciamento ambiental iniciou-se com o encaminhamento de um Estudo Ambiental Simplificado (EAS) à Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA), em 31 de julho de 2007, conforme CE-600.03.009/2007 (recibo de documento da FATMA nº 210.712/2007). Atendendo à Lei Federal nº 11.428/2008, foi encaminhado à FATMA o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) (CE-700.01.007/2008), protocolo que também foi anterior à RPPN Emilio Einsfeld Filho. Depois da criação da reserva, a FATMA solicitou (Ofício DILIC/GELRH nº 3.398 de 1 de dezembro de 2009) a apresentação de um capítulo específico referente aos impactos ambientais sobre a unidade de conservação, conforme Instrução Normativa nº 5/2009 do ICMBio. Essa instrução define os procedimentos para análise de pedidos e concessão de autorização ao licenciamento ambiental de empreendimentos que afetam unidades de conservação federais. Em fevereiro de 2010, a empresa responsável pelos estudos técnicos atendeu tal solicitação, apresentando documento contendo a avaliação dos impactos sobre a RPPN, indicando área selecionada para reposição da atingida, que é maior e está em melhor estado de conservação, além da manifestação oficial do Sr. Emilio Einsfeld Filho favorável à implantação do empreendimento.

3.4 VEGETAÇÃO

A maior parte da RPPN é ocupada por floresta com araucária (Floresta Ombrófila Mista) e, no planalto, há uma pequena área de banhados (Formação Pioneira de Influência Fluvial) adjacentes ao limite da reserva. O maciço florestal da RPPN compõe uma paisagem de notável beleza (Foto 6), em encostas e vales, em certos trechos ainda com araucárias formando um dossel contínuo, enquanto no planalto, fora da reserva e na propriedade, há capões de floresta com araucária entremeados por campos, no geral sob regime de APP.

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Esta conformação espacial das florestas com araucária é convergente com a descrição de Klein (1978)2 para a Floresta de Araucária Bacia Pelotas-Canoas. Nesta formação, predominam Lauráceas no estrato logo abaixo do dossel, como a canela-lageana Ocotea pulchella, a canela-amarela Nectandra lanceolata, a canela-guaicá Ocotea puberula e a canela-fedida Nectandra grandiflora (Formento et al., 2004). Na RPPN, a floresta com araucária atinge mais de 25 metros de altura (Instituto de Biociências, 2009a; SAR, 2005).

FOTO 6. Vista oeste a partir de mirante no projeto Pedras Brancas, maciço florestal da RPPN Emilio Einsfeld Filho (a ausência de araucárias no dossel se deve a cortes seletivos), rio Pelotas após o represamento, estado do Rio Grande do Sul na sua margem esquerda, em propriedade da BAESA

Segundo Instituto de Biociências (2009c), na reserva há também amostras de Floresta Estacional Decidual, que, na estação desfavorável (inverno), é caracterizada por perda considerável das folhas no dossel. No entanto, engenheiros florestais da Gateados atestam não ocorrer tal perda de folhas nas florestas da RPPN. Na reserva parece haver um ecótono da Floresta Ombrófila Mista com a Floresta Estacional Decidual, devido à ocorrência de espécies características da floresta estacional. Os banhados são ocupados por plantas tolerantes à condição de encharcamento do solo, como a tiririca Cyperus sp., a cruz-de-malta Ludwigia sp., Siphocampylus fimbriatus, a erva-capitão Hydrocotyle leucocephala, a margarida-

2 KLEIN, R.M. Mapa fitogeográfico do estado de Santa Catarina: resenha descritiva da cobertura original. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1978.

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do-banhado Senecio bonariensis, o musgo-estopa Sphagnum sp., o xaxim-do- brejo Blechnum sp. e o guamirim-preto Myrceugenia euosma (Instituto de Biociências, 2009c; SAR, 2005). Entre as formações existentes na reserva, os banhados parecem mais suscetíveis a um incêndio. Fora da RPPN e na propriedade da Gateados, existem campos naturais (Estepe Gramíneo-Lenhosa), também em regime de preservação permanente, ou então servem de pastagem para eqüinos (Foto 7). Os campos geralmente estão associados a solos rasos, mas podem apresentar riqueza florística elevada, com mais de mil espécies associadas a esta formação na região sul do Brasil, na área original de ocorrência das florestas com araucária (Instituto de Biociências, 2009b).

FOTO 7. Campos naturais e capão de floresta com araucária, local conhecido por Ilhas, entorno da RPPN Emilio Einsfeld Filho, propriedade da Florestal Gateados Ltda.

Nos campos, as famílias mais representativas são das gramíneas (Poaceae), Fabaceae e Asteraceae. Algumas espécies são o capim-caninha Andropogon lateralis, a macega-estaladeira Erianthus trinii, capins do gênero Paspalum, a margarida-do-campo Aspilia montevidensis e o cravo-do-campo Trichocline catharinensis. Parte dos locais que sofreram interferência humana, quando abandonados, foi ocupada por arbustos conhecidos por vassouras, do gênero Baccharis (Instituto de Biociências, 2009b).

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Como resultado de estudos e monitoramentos realizados em campos e florestas naturais da propriedade da Gateados, parte dos quais na RPPN, já foram identificadas 132 espécies vegetais silvestres, além de mais 25 reconhecidas em nível de gênero (Anexo 2). Deste conjunto, 10 constam em listas oficiais de espécies ameaçadas. Em

âmbito nacional (Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008, do Ministério do Meio Ambiente), são citadas a araucária, a imbuia Ocotea porosa e o xaxim Dicksonia sellowiana, enquanto em nível internacional (lista vermelha da IUCN – União Mundial para a Conservação da Natureza, disponível em ) são: araucária, imbuia, canela Ocotea catharinensis, canela-guaicá, cedro-rosa, cedro Cedrela lilloi, erva-mate Ilex paraguariensis, guamirim Myrceugenia myrcioides e o pinheiro-bravo Podocarpus lambertii. Na RPPN há algumas espécies de interesse comercial, seja pela madeira (imbuia, por exemplo), ou para alimentação, caso do pinhão (araucária), ou, até, para aplicação em jardinagem (seria o caso do xaxim) e artesanal (marcela-do- campo Achyrocline satureioides). No entanto, com base nas rondas realizadas semanalmente por guardas próprios e policiais militares, não há indício de prática ilegal de extração. Boa parte das florestas e dos campos já sofreu intervenção humana. Na RPPN não foi realizada derrubada de florestas, mas sim o corte seletivo de espécies madeireiras de interesse comercial, como araucárias e imbuias. Poupou- se do corte seletivo as florestas situadas a 100 m dos rios principais, que seria o melhor registro na RPPN da formação original. Hoje, porém, as florestas mais primitivas somam uma área ainda menor, devido ao represamento decorrente de Barra Grande. Há 20 anos foi suspenso o corte seletivo nas florestas inseridas na RPPN. No caso de um local na RPPN em que ocorreu corte seletivo, o ambiente florestal está propiciando a regeneração natural e o estabelecimento de espécies com preferência ou tolerância à sombra, tendendo a um estágio clímax (Formento et al., 2004). No entanto, em trechos consideráveis da RPPN é visível no dossel a ausência ou densidade atipicamente baixa de araucárias (Fotos 1, 2 e 6).

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O gado criado até 1993 também circulava nas florestas atualmente inseridas na RPPN, principalmente no inverno, quando as temperaturas baixas reduzem a qualidade do alimento nos campos. Até então, o gado circulava livremente pela área que hoje é RPPN. Eram cerca de 6.000 cabeças de corte e 200 para leite e, para renovar o capim, as pastagens eram queimadas a cada dois anos. A última queima com esta finalidade foi em 1989 e esta prática não é adotada na propriedade, nem no preparo de terreno para as florestas comerciais. A forma da RPPN é bastante irregular (“recortada”), em tal grau que seu perímetro é de quase 400 km. Cerca de 20 % da reserva está distribuída em “braços” estreitos de floresta, a maioria no planalto, nas microbacias das Valas e da Divisa. Na microbacia das Valas, por exemplo, há três “apêndices” com largura máxima de 270 m cada um, totalizando juntos apenas 50 ha, mas com 9,5 km de perímetro. Na mesma microbacia, mas no planalto, há um “apêndice” de 16 ha, com 160 m de largura máxima e 2,7 km de perímetro. Outro “apêndice” que chama a atenção é próximo ao rio Picaços, com 2,4 km de perímetro e apenas 7 ha (largura variando de 50 a 140 m). A partir do limite da reserva, tanto nos maciços como nos “apêndices”, é comum a paisagem mudar abruptamente (estradas, açudes ou pastagens, por exemplo) e, junto, as condições meteorológicas (umidade, vento, insolação). Ou seja, há circunstâncias locais propícias para efeitos de borda e à fragmentação florestal. Não há informação sobre esses processos na RPPN, mas vários estudos já concluíram que, nessas condições, ocorrem alterações indesejáveis na ecologia das florestas, como na diversidade e riqueza de espécies, e até na conformação dos ambientes, levando à morte de árvores, à formação de clareiras e, conseqüentemente, a mudanças na ciclagem de nutrientes. Os efeitos são visíveis nos primeiros 100 m de floresta, mas já foram identificados a mais de 300 m. Em fragmentos florestais de 100.000 m² (10 ha), tais processos podem descaracterizar a biodiversidade de toda a área (IBAMA, 2002a). No caso da RPPN, um fator pode minimizar os efeitos de borda. Trata-se dos vários plantios florestais adjacentes à unidade de conservação, inclusive nesses trechos mais recortados, que acabam amenizando as condições meteorológicas. Outro aspecto a ser ponderado, em certos casos, é que a floresta

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com aracuária também ocorre naturalmente em fragmentos envolvidos por campos. Na RPPN há uma planta invasora, o pinus, que se estabelece nas bordas da RPPN, nas margens de estradas e em outras áreas naturais da propriedade, como campos e banhados. Onde a vegetação é de baixo porte, a invasão de pinus costuma ser massiva. Obviamente, há disponibilidade regular e pomposa de sementes, expressa na regeneração abrangente da espécie até nos próprios talhões, onde há bastante limitação de luz (Foto 8).

FOTO 8. Plantas jovens de pinus em banhado, no segundo plano capão de floresta com araucária e um plantio de pinus à direita, entorno da RPPN Emilio Einsfeld Filho, local conhecido por Ilhas, propriedade da Florestal Gateados Ltda.

Na RPPN há uma particularidade relacionada com a implantação de Barra Grande. Trata-se de um local contemplado por projeto para realocação de bromélia endêmica da bacia do rio Uruguai, a Dyckia distachya, espécie considerada ameaçada de extinção (Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008, Ministério do Meio Ambiente). Populações disjuntas desta bromélia ocorriam em margens e ilhas rochosas, em trechos de corredeiras e por mais de 600 km. Apesar de ter uma área de ocorrência não tão restrita, quase todas as populações foram extintas na natureza, principalmente pelo represamento promovido na construção de usinas hidroelétricas. Que se tem notícia, a espécie persiste na natureza apenas no

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Parque Estadual do Turvo (Rio Grande do Sul), a mais de 300 km da RPPN, na fronteira com a Argentina (Bourscheid, 2006). Antes do represamento, três populações de Dyckia distachya foram resgatadas, cuidadas e, na área de influência de Barra Grande, parte foi introduzida na natureza (mais de 14.000 indivíduos), atendendo às condicionantes 2.56 e 2.58 da licença de operação da usina (nº 447/2005) (Bourscheid, 2006). Em certos casos, a introdução de espécies na natureza, especialmente raras e ameaçadas, pode representar sua única chance de persistir em estado silvestre. Nessas condições, tal manejo se torna uma importante ferramenta para a conservação da biodiversidade. O manejo ativo de espécies pressupõe uma abordagem em nível de populações naturais, em que cada população tem um destino próprio, onde estará condicionada a fatores particulares, os quais devem ser estudados previamente (Bourscheid, 2006). Na escolha dos locais para introdução de populações de Dyckia distachya, foram analisados diversos fatores, como, por exemplo, altitude, condições de reofitismo (espécies restritas a corredeiras e cascatas de cursos d’água), orientação solar, características do solo, acesso, entre outros, dando-se preferência a locais abertos e com vegetação de pequeno porte ao redor (Bourscheid, 2006). Após vistoriar criteriosamente 73 áreas, um dos seis locais escolhidos inicialmente para o projeto foi o rio Vacas Gordas, na RPPN e em outro ponto bem próximo à unidade de conservação, ainda na propriedade da Gateados. Inclusive, entre os locais em que a introdução foi produtiva, destacou-se justamente esta iniciativa, com 4.316 mudas plantadas em quatro ocasiões, de fevereiro a maio de 2006, antes da criação da RPPN (Bourscheid, 2006). A introdução dessas mudas no rio Vacas Gordas ocorreu em duas formações rochosas. As plantas foram acomodadas e fixadas em platôs que emergem do leito do rio em direção às margens, onde há fissuras com flora local (que se desenvolve sobre pedras submersas), e, também, em blocos de rochas arrastadas pela água, totalizando aproximadamente 1.500 m² (Bourscheid, 2006).

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Nos locais, era comum haver vestígios de animais silvestres, como capivaras Hydrochoerus hydrochaeris, o que não chegou a causar danos irreparáveis às bromélias; por sinal, revelou a capacidade de elas emitirem folhas novas e recuperarem suas estruturas vegetativas pouco tempo após a introdução (Bourscheid, 2006). A introdução da bromélia na RPPN e entorno imediato apresentou resultados tais, que o projeto expandiu a iniciativa para duas novas áreas na propriedade da Gateados, fora da RPPN (rio Varões) e aproveitando bromélias adultas (1.250 plantas) de outro local, onde a adaptação não foi como se esperou (Meio Biótico Consultoria S.S., 2009). Os locais de introdução de Dyckia distachya na área de influência de Barra Grande, um dos quais dentro da RPPN, são um refúgio imprescindível à espécie e um campo fértil para práticas de monitoramento, contribuindo para ações similares em outros locais (Bourscheid, 2006; Meio Biótico Consultoria S.S., 2009).

3.5 FAUNA

A fauna silvestre já foi objeto de diferentes estudos, inclusive monitoramentos, mas com exceção dos invertebrados (insetos, aracnídeos, moluscos, etc.). Há até uma avaliação da variabilidade genética de algumas populações de mamíferos, comparando com as de outras áreas naturais do sul do Brasil. Boa parte das informações disponíveis é graças ao monitoramento de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes, entre 2002 e 2009, um trabalho financiado pela BAESA (Instituto de Biociências, 2009a; 2009c). Os levantamentos acusam uma diversidade considerável de animais (Florestal Gateados, 2010; Instituto de Biociências, 2009a; 2009c; 2009d; LAPAD, 2008; Mazzoli, 2006). Em números, destacam-se as aves, com quase 300 espécies, seguidas pelos mamíferos, com 79 espécies identificadas. Entre anfíbios, répteis e peixes, são mais de 30 espécies por grupo. No Anexo 3 estão listadas as espécies de animais silvestres identificadas na RPPN e entorno imediato na propriedade da Gateados, incluindo os peixes identificados no rio Vacas Gordas, em trecho envolvido pela unidade de conservação.

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A identificação de novas espécies na reserva é bem provável, por tendências estimadas e também pelas indicações da literatura (Instituto de Biociências, 2009a; 2009c; Mazzoli, 2006). Além disso, ainda há uma área considerável da RPPN sem amostragem, como na microbacia das Valas. Alguns animais são de fácil visualização na reserva e entorno imediato, como seriemas Cariama cristata, graxains Lycalopex gymnocercus, veados Mazama spp., bandos de queixada e catetos (Tayassu pecari e Pecari tajacu, respectivamente). Segundo informação apresentada por Salvador (2009), a região da RPPN detém uma das maiores populações de queixada do sul do país, espécie considerada ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul (Fontana, Bencke & Reis, 2003; Marques et al., 2002).

FOTO 9. Porcos queixada na RPPN Emilio Einsfeld Filho (Instituto de Biociências, 2009b)

Por outro lado, três espécies provavelmente já foram extintas na região, a ariranha Pteronura brasiliensis, o tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla e a onça-pintada Panthera onca (Mazzoli, 2006). Para este especialista, há ainda duas espécies raríssimas, talvez extintas, a anta Tapirus terrestris e o lobo-guará Chrysocyon brachyurus, que não foram detectadas no monitoramento de fauna na RPPN. No entanto, já foram encontrados vestígios característicos de lobo-guará e funcionários da empresa atestam o avistamento do animal em uma ocasião.

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Parte das espécies identificadas é rara ou ameaçada de extinção, inclusive com registros inéditos para a região ou estado. São 56 espécies consideradas, em algum grau, como ameaçadas de extinção. Deste conjunto, 48 espécies constam em lista de abrangência regional, do estado do Rio Grande do Sul (Fontana, Bencke & Reis, 2003; Marques et al., 2002), 13 estão na lista nacional (Machado, Drummond & Paglia, 2008) e 24 constam na lista global da IUCN (Anexo 4). Algumas das espécies reconhecidas como ameaçadas de extinção são o bugio Alouatta guariba, o gato-maracajá Leopardus Wiedii, o puma Puma concolor, o morcego-borboleta-avermelhado Myotis ruber, além de aves como a águia-cinzenta Harpyhaliaetus coronatus, o macuquinho-da-várzea Scytalopus iraiensis, o papagaio-charão Amazona pretrei e o papagaio-do-peito-roxo Amazona vinacea (Florestal Gateados, 2010; Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; 2009c). Já foram detectadas 79 espécies silvestres de mamíferos, de 24 famílias. As famílias com mais espécies são Cricetidae (22 espécies de ratos), Vespertilionidae (sete espécie de morcegos, entre elas o morcego-grisalho Lasiurus ega, listado pela IUCN) e Phyllostomidae (outras seis de morcego) (Florestal Gateados, 2010; Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; 2009c). Cerca de metade das espécies de mamíferos é de pequeno porte (pesam menos de 1 kg). Uma destas é o Bibimys labiosus, pequeno roedor que é muito raro; somente três exemplares já foram coletados em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul (Instituto de Biociências, 2009c). Alguns mamíferos de médio e grande porte são os porcos silvestres, o graxaim-do-mato Cerdocyon thous, o mão-pelada Procyon cancrivorus, a lontra Lontra longicaudis e o veado-catingueiro Mazama gouazoubira (Instituto de Biociências, 2009c; Mazzoli, 2006). Vários mamíferos se aproveitam dos plantios florestais da empresa, com destaque para os de pinus que foram podados e manejados, onde plantas silvestres formam um sub-bosque, como guamirim, bugreiro Lithraea brasiliensis, araucária e pinheiro-bravo. Na verdade, até nos plantios mais densos já foram visualizados animais silvestres, como quatis Nasua nasua e tatus Dasypus spp. (Mazzoli, 2006). Aves silvestres (generalistas) também freqüentam esses

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ambientes (comunicação pessoal com André Mendonça-Lima, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Alguns mamíferos que se beneficiam dos plantios menos densos são o puma e a jaguatirica Leopardus pardalis, além do bugio. A constância dos bugios nos pinus foi observada ao longo de três anos (Foto 10). Sua presença poderia ser, também, uma resposta à diminuição das áreas florestais com o represamento, ou apenas uma exibição da plasticidade ecológica da espécie (Instituto de Biociências, 2009a). Nos plantios não há registro de danos causados pelos bugios, ao contrário de algumas espécies de roedores, que atacam mudas. Em 2001 foi o último caso expressivo de ratos danificando plantas de pinus, no projeto São Judas. Para evitar este problema, são adotadas medidas culturais, de limpeza e coroamento das plantas jovens.

FOTO 10. Bugio em plantio de pinus na propriedade da Florestal Gateados Ltda. (Instituto de Biociências, 2009b)

Na RPPN e entorno imediato na propriedade da Gateados, foram identificadas 299 espécies de aves, sendo que mais de 30 constam em listas oficiais de fauna ameaçada, além de registros inéditos para a região, como de águia-pescadora Pandion haliaetus, gavião-belo Busarellus nigricollis, taperuçu- velho Cypseloides senex, marianinha-amarela Capsiempsis flaveola e bacurau- rabo-de-seda Caprimulgus sericocaudatus, entre outros. Para este bacurau, por exemplo, apenas recentemente houve outro registro no estado catarinense

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(Accordi & Barcellos, 2008; Florestal Gateados, 2010; Instituto de Biociências, 2009a; Mendonça-Lima et al., 2006). Parte dessas espécies é migratória, sobretudo aves de rapina, como a águia-pescadora Pandion haliaetus e a águia-chilena Buteo melanoleucus. Algumas aves, como o urubu-rei Sarcoramphus papa, o gavião-pombo-grande Leucopternis polionotus e o gavião-de-penacho Spizaetus ornatus, foram registradas com regularidade na região, caracterizando a presença de territórios estabelecidos e há evidências que algumas se reproduzem na RPPN (Accordi & Barcellos, 2008; Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; Mendonça-Lima et al., 2006; Zilio, sem data). Foram identificadas mais de 40 espécies de ave de rapina (famílias Accipitridae, Cathartidae, Falconidae e Strigidae), com hábitos diurnos ou noturnos (como corujas) (Instituto de Biociências, 2009b). No caso do gavião-de- penacho, espécie provavelmente extinta no Rio Grande do Sul, no monitoramento de avifauna na área de influência de Barra Grande, de 2002 a 2006, foi em Campo Belo do Sul que houve a quantidade mais expressiva de registros (21); todos na propriedade da Gateados (Mendonça-Lima et al., 2006) (Foto 11).

FOTO 11. Gavião-de-penacho Spizaetus ornatus, espécie de ave de rapina encontrada na RPPN Emilio Einsfeld Filho (Instituto de Biociências, 2009b)

Ocorre também a balança-rabo-leitoso Polioptila lactea, ave endêmica da região sul do bioma Mata Atlântica. É uma espécie pouco conhecida, de reduzida área de ocorrência, provavelmente restrita à bacia do rio Paraná. No Rio Grande

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do Sul, há poucos registros, de acordo com informações apresentadas por Instituto de Biociências (2009b). Na área já foram identificadas 39 espécies de anfíbios (cerca de metade é de pererecas e o restante sapos ou rãs). Quatro constam na lista da IUCN de espécies sob algum nível de ameaça, quais sejam, o sapo-de-chifre Proceratophrys bigibbosa, o sapinho-de-barriga-vermelha Melanophryniscus simplex, a perereca Scinax aromothyella e a perereca-leiteira Trachycephalus dibernardoi. A perereca-leiteira, uma espécie rara, teve todos os indivíduos detectados apenas em áreas de floresta bem conservada (Florestal Gateados, 2010; Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; 2009c).

FOTO 12. Indivíduos de perereca-leiteira detectados na RPPN Emilio Einsfeld Filho (Instituto de Biociências, 2009b)

Foram identificadas 32 espécies de répteis na RPPN. Os mais abundantes foram a serpente Amphisbaena sp. e o lagarto Cercosaura schreibersii, com quase 40 % de todos os registros no monitoramento. Ocorre também a serpente parelheira-serrana Philodryas arnaldoi, contemplada no livro vermelho do Rio Grande do Sul como vulnerável. Até então, esta serpente não tinha registro no estado de Santa Catarina, o que não muda muito no Rio Grande do Sul; sua presença se restringe a ambientes íntegros (Florestal Gateados, 2010; Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; 2009c). Já em relação aos 37 indivíduos de lagartixa-preta Tropidurus torquatus realocados para um local dentro da unidade de conservação (antes da sua criação), eles ainda não foram recapturados, apesar de procura intensa e

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sinalizando que a tentativa não foi produtiva. Esta espécie de réptil deve ser uma das que mais sofreu com o represamento promovido para Barra Grande (Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; 2009c; 2009d). Existem serpentes peçonhentas na RPPN e entorno, como a jararaca Bothrops jararaca e a cotiara Bothrops cotiara. A cotiara teve apenas um registro na área e consta em lista de espécies ameaçadas (Instituto de Biociências, 2009a). Nas patrulhas e atividades de pesquisa, esporadicamente encontram-se serpentes peçonhentas, sem registro de acidente. Os peixes identificados no rio Vacas Gordas, em trecho envolvido pela RPPN, são de 31 espécies silvestres, além da carpa Cyprinus carpio (exótica). A família dos lambaris (Characidae) detém quase metade de todas as espécies identificadas. Já em toda a área de influência de Barra Grande, são 50 espécies de peixes (Anexo 5). Portanto, há diferenças na composição de ictiofauna entre os trechos represados e os tributários a montante (LAPAD, 2008). Nos tributários, como o rio Vacas Gordas e outros envolvidos pela RPPN, a diversidade é relativamente baixa e predominam peixes de pequeno porte, adaptados às condições dos riachos. Neste rio, uma espécie de lambari (Astyanax eigenmanniorum) representa quase metade do total de indivíduos coletados no monitoramento. Por outro lado, dois lambaris do gênero Astyanax foram detectados apenas nos rios Pelotinhas e Vacas Gordas, sendo espécies ainda desconhecidas pela Taxonomia (LAPAD, 2008). Algumas populações de peixes parecem estar se adaptando às condições impostas pelo represamento, como de peixe-cachorro Acestrorhynchus pantaneiro, carpa Cyprinus carpio (exótica) e voga Schizodon nasutus, que apresentaram correlação positiva com as condições físicas predominantes. Já com outras espécies, o contrário, sendo o caso de lambaris, do cascudo Hemiancistrus sp. e de Oligosarcus brevioris. Com o tempo, é esperada uma redução no estoque das últimas, cujas populações ficarão restritas basicamente a trechos com corredeiras, como os envolvidos pela RPPN (LAPAD, 2008). A construção de usinas hidroelétricas ocasiona severas modificações ambientais, ao converter ambientes terrestres em aquáticos, corredeiras em trechos de água mais parada, o que beneficia algumas espécies e prejudica outras tantas. Tais alterações podem, até, propiciar a invasão de espécies

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exóticas e o surgimento de pragas e doenças, além de provocarem alterações microclimáticas, forçando o deslocamento de animais silvestres (Instituto de Biociências, 2009a). O monitoramento de avifauna, por exemplo, sugere alguma influência do represamento com diferenças na diversidade de espécies antes e depois do evento. Em uma das áreas monitoradas na RPPN, 17 espécies de aves foram registradas apenas no período anterior ao represamento, ao passo que 36 foram detectadas pela primeira vez na situação vigente. Na outra área, 16 espécies foram registradas apenas no período anterior, enquanto 55 foram detectadas somente após o represamento (Instituto de Biociências, 2009d). Depois do represamento, o monitoramento constatou aumento na abundância de aves generalistas. Detectou-se, também, a presença de aves cujas preferências ambientais convergem com a condição atual, que provavelmente não ocorriam na área e foram atraídas pela formação do reservatório, como a águia-pescadora e o gavião-belo (Accordi & Barcellos, 2008; Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; 2009c; 2009d). No entanto, os dados do monitoramento não permitem compreender essas mudanças em nível populacional, o que limita um entendimento dos processos desencadeados pelo represamento. Além disso, as variações constatadas estão condicionadas também a outros fatores ambientais ou regionais, sem contar desvios intrínsecos à amostragem e aos métodos adotados (Instituto de Biociências, 2009d). Devido à falta de informações sobre as populações animais e os ambientes afetados pelo represamento, é difícil qualificar e compreender seus impactos reais, muito embora as constatações do monitoramento sinalizem tendências indesejáveis. O mesmo trabalho conclui, também, que um monitoramento mais longo poderá confirmar ou caracterizar a influência sobre as populações animais, entender esses efeitos no espaço e, se for o caso, indicar a necessidade de medidas específicas (Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; 2009c; 2009d). Vale mencionar que o monitoramento de fauna persiste na RPPN, com financiamento da BAESA e como condicionante da licença de operação de Barra Grande.

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Não há indícios de grandes ameaças à fauna silvestre. Anualmente, estima-se que cerca de 10 animais são atropelados na propriedade e a maioria dos poucos casos é no entorno da RPPN. Os animais atropelados, inclusive por caminhões de transporte de toras, foram teiús Tupinambis merianae, capivaras e um veado. Tais acidentes ocorreram em estradas onde a velocidade máxima permitida (e possível) é de 50 km/h, com várias placas de sinalização neste sentido. Em dois pontos fora da RPPN, onde se concentram os acidentes, foram colocadas placas indicando passagem de animais silvestres. Na RPPN e entorno imediato na propriedade da Gateados há espécies de animais exóticos: a garça-vaqueira Bubulcus ibis, a lebre-européia Lepus sp. e javalis Sus scrofa, sem contar a carpa Cyprinus carpio (Instituto de Biociências, 2009a; Mazzoli, 2006; Salvador, sem data; 2009). A garça é natural da África e do sul da Europa, se estabeleceu no Brasil há várias décadas e está amplamente distribuída pelo país. Ela mede cerca de meio metro, com plumagem branca e bico e tarso amarelos. A lebre é originária da Europa, um animal de pequeno porte, com preferência por ambientes abertos, como campos naturais. A carpa Cyprinus carpio é originária da Europa e do sudeste da Ásia. Essas três espécies exóticas são de difícil erradicação ou controle. Os javalis são da Europa, do norte da África e de partes da Ásia. Esses porcos podem pesar 250 kg, com até 180 cm de comprimento, corpo robusto e estreito. Os caninos inferiores são os maiores (até 20 cm), usados em disputas entre machos e contra inimigos; há possibilidade de estes animais asselvajados atacarem pessoas. Os javalis têm preferência por ambientes florestais, mas freqüentam também áreas abertas e cultivadas, quando costumam causar danos apreciáveis aos produtores rurais. É um animal de comportamento sociável, com grupos de até 20 indivíduos, e procria com o porco doméstico, dando origem ao que se conhece por “javaporco”. Os hábitos dos javalis são similares aos dos porcos silvestres, podendo competir com estes por alimento e até deslocarem suas populações, além de causarem distúrbios visíveis no ambiente. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, apresentados por Salvador

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(2009), a RPPN está em uma das regiões de Santa Catarina com maior número de estabelecimentos de criação de javali. Segundo este autor, que realiza uma pesquisa sobre os javalis na RPPN, ainda não há informações populacionais da espécie na reserva e seus efeitos sobre o ambiente natural, mas sua presença já foi confirmada. A caça e o abate de javalis são permitidos e recomendáveis, sob determinadas condições, como ocorre em duas unidades de conservação federais da região sul do Brasil, os parques nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral. Em poucos anos e a custos baixos, as medidas adotadas nesses parques levaram a uma redução considerável nos registros de javali (comunicação pessoal com Deonir Zimmermann, chefe dos parques).

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3.6 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN

As atividades voltadas à RPPN são proteção, prevenção de incêndios, controle da invasão de pinus em ambientes naturais, pesquisa e monitoramento ambiental, sem contar a manutenção das vias de acesso, infra-estrutura e suporte operacional. Essas atividades são, na prática, uma continuação daquilo que acontece em toda a propriedade para manter o patrimônio da Gateados.

3.6.1 Proteção

A entrada e saída de veículos na propriedade são controladas em duas portarias, 24 h por dia. O sistema de proteção se baseia também em rondas realizadas semanalmente, em caráter ostensivo e preventivo, por funcionários próprios ou pela polícia ambiental do Estado de Santa Catarina. A empresa tem 15 funcionários para proteção patrimonial (guardas-rurais), que também realizam rondas na propriedade e na reserva. Os guardas percorrem áreas em duplas, portam rádio móvel e facão, além de equipamentos de proteção individual, mas sem arma de fogo. A maioria dos trajetos é com uso de veículo e as regiões mais visitadas são as capatazias das Valas, Cachoeira e das Canoas. Eventualmente, trechos curtos são percorridos a pé, quando há algo a ser verificado ou indício de irregularidade; rondas em locais de difícil acesso ocorrem uma ou duas vezes por mês. Em 2009, por exemplo, os guardas realizaram cerca de 15 rondas a pé, voltadas também à manutenção das divisas. Não há necessidade de se pernoitar nessas investidas, que costumam ocorrer no horário de expediente. Os guardas deslocam-se todos os dias, em locais próximos à sede administrativa e de acesso mais imediato, enquanto pontos afastados são freqüentados nos finais de semana. Dependendo do acesso e da proximidade dos locais, os guardas usam cavalos para se deslocar, o que é mais comum nos finais de semana. Em 2009, por exemplo, foram cerca de 30 investidas a cavalo. Esses animais são de uso exclusivo dos funcionários da empresa, apenas para atividades de proteção e recebem atenção e cuidados de médico veterinário, contratado periodicamente pela Gateados. São 13 animais mais velhos e três jovens.

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No inverno, quando se acentua o risco de incêndio, os guardas priorizam áreas de divisa. Há relatos que, também no inverno, há caça em áreas vizinhas (como de perdiz Nothura maculosa), quando a presença dos guardas nas proximidades inibe a prática na propriedade. Já de outubro a janeiro, há mais pesca no rio Pelotas, atesta Valdir Ribeiro, o que também toma a atenção dos guardas e de policiais. Esta prática pode ocorrer em locais próximos à RPPN, com possibilidade de desencadear alguma irregularidade na unidade (caça ou coleta de lenha, por exemplo). A Gateados mantém um convênio com a polícia ambiental, do governo de Santa Catarina, que realiza patrulhas em dias úteis, seguindo programação própria, indicações físicas de funcionários da empresa ou informações privilegiadas (denúncias). A última operação motivada por denúncia foi em 2008, por informação de caça em propriedade vizinha. Os policiais realizam patrulhamento ostensivo, via terrestre e fluvial, com embarcação da corporação. Em 2008 os policiais realizaram 48 rondas na propriedade e RPPN, enquanto em 2009 foram 52. Em 2008 realizaram 16 operações via fluvial e 19 em 2009, as quais se concentraram nos rios Pelotas, Vacas Gordas e no lajeado da Limeira. As operações fluviais não ocorrem em dias muito chuvosos.

FOTO 13. Policiais militares do Governo do Estado de Santa Catarina na sede administrativa da RPPN Emilio Einsfeld Filho

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Quando questionados sobre as infrações detectadas nessas operações, os policiais de campo recorreram aos seus relatórios e atestaram não haver registro de irregularidade na RPPN. Os funcionários da empresa afirmam o mesmo em relação ao trabalho realizado pelos guardas-rurais. Relatórios do monitoramento de fauna e de uma pesquisa fazem até referência aos resultados das medidas de proteção (Instituto de Biociências, 2009b; Mazzoli, 2006). É de conhecimento geral que há presença policial e de guardas na propriedade da Gateados, e a rede viária é bem abrangente e sempre com veículos ou máquinas transitando. A partir de 1975, quando o Sr. Emilio assumiu a administração da área, a caça passou a ser proibida e coibida. A propriedade é fiscalizada há três décadas por funcionários próprios e, nos últimos cinco anos, a presença da polícia ambiental passou a ser regular. Houve até um período que os policiais ocupavam, por alguns dias, uma casa próxima à RPPN. O último caso conhecido de caçadores na área da RPPN é de vários anos atrás. Já no entorno da propriedade, deve ocorrer a caça de animais silvestres, como veados. A última situação de caça em área vizinha, que se tem conhecimento, foi em 2008, quando alguns cachorros acabaram entrando na propriedade da Gateados. O último registro de pessoas “não-autorizadas” na propriedade foi em 2009, quando havia pescadores em área periférica da RPPN, que deixaram o local ao ver funcionário da empresa. É um caso isolado; nos últimos três anos não há registro similar na reserva.

3.6.2 Prevenção de incêndios

Os maiores riscos de ocorrer um incêndio são, ou quando ocorre uma queimada em propriedade vizinha, ou se houver algum acidente na propriedade. As circunstâncias mais propícias para o fogo são quando não há chuvas, com baixa umidade do ar e ventos fortes. Na propriedade, o risco de incêndio é acentuado em menos de 120 dias por ano, baseando-se na fórmula de Monte Alegre Alterada. Na RPPN, não há locais que já sofreram ação do fogo e o último incêndio na propriedade da Gateados foi em 2003, em meio hectare de campo. Na propriedade da Gateados há um sistema de prevenção e combate a incêndios, o qual é considerado em diferentes procedimentos operacionais da empresa, como os silviculturais, envolvendo a poda de todas as árvores plantadas

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também para dificultar a propagação de eventual incêndio de copa. E a extensa rede viária da propriedade serve de aceiro. Além de rondas direcionadas nos dias favoráveis ao fogo, há um sistema de vigilância baseado em três torres de estrutura metálica (Valas, Canoas, Picaços), com escala de seis funcionários. No topo de cada torre há uma cabine fechada com janelas de vidro, de onde se tem ampla visão e equipamentos como rádio, binóculo e um goniômetro, para determinar a localização do sinistro por triangulação em mapa. Na sede administrativa há mais uma torre, apenas para confirmar e ajudar a localizar um foco já detectado (Florestal Gateados, 2009). Diariamente é monitorado o risco de incêndio, com a aplicação da fórmula de Monte Alegre Alterada, que se baseia na velocidade do vento, na umidade relativa instantânea e no total acumulado de chuva. As informações relacionadas ao risco de incêndios florestais são transmitidas aos funcionários, alertando-os das práticas que oferecem risco. A conscientização se estende aos funcionários que prestam serviços na propriedade, como de colheita (Florestal Gateados, 2009). Este procedimento operacional foi implementado recentemente, há menos de dois anos. Anualmente, o procedimento inclui a realização de uma simulação, anunciada ou não. Após o teste, procede-se à avaliação para verificar o desempenho do sistema, com descrição em relatório que é aproveitado para a revisão do procedimento operacional. A equipe encarregada por esse exercício (seis funcionários) está subordinada aos mesmos técnicos que coordenam as atividades na RPPN. A maioria dos funcionários da empresa está preparada para uma eventualidade de combate. Semestralmente ocorre um treinamento teórico-prático com os funcionários, abordando o plano de emergência contra incêndio (Anexo 9), a avaliação e o relatório de riscos e irregularidades, primeiros socorros, inspeção e utilização de equipamentos, e técnicas de prevenção e combate (Florestal Gateados, 2009). Complementarmente, quando os vizinhos realizarão queimadas controladas, eles costumam avisar à empresa, que já chegou a alocar funcionários para ajudar na tarefa, a fim de evitar problemas na propriedade.

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3.6.3 Controle de pinus

Para o controle da invasão de pinus na RPPN e outras áreas naturais sob regime de preservação permanente, há cinco funcionários especificamente para a função, desempenhada diariamente. O trabalho é realizado desde 2008 e as árvores mortas são deixadas nos próprios locais, para evitar maiores danos (Foto 14). O procedimento não contempla a coleta de informações, como de localização, número de árvores ou estimativas de idade.

FOTO 14. Pinus cortado em borda de floresta, na margem de estrada secundária, RPPN Emilio Einsfeld Filho

3.6.4 Pesquisa e monitoramento

Na RPPN e outras áreas silvestres da propriedade foram desenvolvidos cerca de 10 projetos de pesquisa de demanda espontânea. Como desdobramento da implantação de Barra Grande, desde 2002 ocorrem monitoramentos de fauna (mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes) e de variáveis meteorológicas e hidrológicas. A partir de 2009, com a celebração oficial da parceria com a Baesa, a Gateados passou a ter acesso aos relatórios produzidos com os monitoramentos. Quanto à vegetação, na RPPN há duas parcelas permanentes do projeto "Inventário Florístico-Florestal de Santa Catarina" (SAR, 2005), que totaliza 60 unidades amostrais temporárias e permanentes no estado. Há ainda outro estudo sobre a florística e fitossociologia de uma área florestal (Formento et al., 2004),

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realizado em 1993 e em 2003 na mesma parcela. Foram desenvolvidos estudos mais específicos, como um sobre populações de araucária e sua relação com as condições de solo e de clima (Puchalski, Mantovani & Reis, 2006), ou sobre o estoque de carbono em florestas e campos (Guedes, 2005; Marochi, 2007; Primieri, 2008). O tema fauna é o que tem mais informações, acumuladas em sete anos de monitoramento (Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; 2009c). Há também pesquisas de demanda espontânea sobre a fauna, com destaque para Mazzoli (2006), que estudou o aproveitamento de ambientes antrópicos da propriedade por mamíferos. Na sede administrativa há 20 documentos gerados através de pesquisa (relatório, tese ou dissertação). Já os monitoramentos, acumulam 27 relatórios disponíveis em meio digital. As pesquisas em andamento são relacionadas no Quadro 1 e os monitoramentos no Quadro 2.

QUADRO 1. Pesquisas em andamento na RPPN Emilio Einsfeld Filho e outras áreas naturais da propriedade da Florestal Gateados Ltda.

Responsável Projeto Instituição Estágio Ecologia de javalis introduzidos em UFRJ Carlos Salvador Intermediário Santa Catarina CAIPORA

Avaliação da sustentabilidade ecológica Alexandre F. de populações de Araucaria angustifolia UNISINOS Inicial Souza e o desenvolvimento de planos de BAESA manejo visando sua conservação

André Mendonça Avifauna em áreas de silvicultura no UFRGS Intermediário Lima planalto catarinense BAESA

Biologia reprodutiva de aves de rapina UFRGS Felipe Zilio ameaçadas de extinção na Florestal Inicial Gateados BAESA Aplicação de metodologias de sequestro de carbono para Bracatinga (Mimosa scabrella) e avaliação da concentração Silmar Primieri UFSC Intermediário de carbono em solos nos diferentes tipos de cobertura vegetal na região serrana catarinense

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QUADRO 2. Monitoramentos ambientais em andamento na RPPN Emilio Einsfeld Filho e outras áreas naturais da propriedade da Florestal Gateados Ltda.

Levantamento fitossociológico realizado em parceria entre a Fundação de Apoio à Pesquisa (FAPESC), a EPAGRI e a FURB, através do projeto Inventário Florístico-Florestal de Santa Catarina. O projeto busca definir a quantidade e qualidade das florestas que ainda existem no estado catarinense. Cada parcela permanente é implantada a partir de um ponto central, em forma de cruz, com quatro braços de 1.000m2 cada (20 x 50m) (SAR, 2005). Monitoramento da fauna silvestre (mamíferos, aves, anfíbios e répteis), em três locais na RPPN (microbacias da laje de Pedra e do Vacas Gordas), desde 2003 e envolvendo mais de 20 especialistas, com diferentes metodologias para identificação de espécies (Instituto de Biociências, 2009a; 2009b; 2009c). Monitoramento da ictiofauna, iniciado em 2006, em dois trechos do rio Vacas Gordas envolvidos pela RPPN, envolvendo 9 profissionais (LAPAD, 2008). Monitoramento da realocação da bromélia Dyckia distachya em três locais na propriedade, sendo um na RPPN (rio Vacas Gordas) e envolvendo mais de 20 profissionais (Bourscheid, 2006; Meio Biótico Consultoria S.S., 2009). Monitoramento climático e hidrológico com uma estação telemétrica adjacente à RPPN, implementada no rio Vacas Gordas em 2005 (IPH, 2009). Monitoramento climático com estação telemétrica implementada na Balança 1, em 2004, pela EPAGRI-CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina).

A Gateados apóia tais iniciativas cedendo a área, oferecendo alojamento e outras facilidades. Há duas estruturas para pernoite (no morro Agudo e no projeto Canoas), sem material de laboratório e com necessidade de se levar fogareiro para cozinhar (há possibilidade de se usar lenha). Atendendo a solicitações, a empresa disponibiliza mais duas estruturas menores para armazenamento de material, como as armadilhas utilizadas nos levantamentos de fauna. A empresa cede almoço aos pesquisadores que estão nas proximidades da sede administrativa, onde há o refeitório, além de prestar auxílio quando solicitado (de “guincho”, por exemplo), ou quando o deslocamento até o local de estudo é mais difícil. Também, cede funcionários familiarizados com o terreno para acompanhar pesquisadores, como em reconhecimento de campo ou até de espécies. Houve uma pesquisa, por exemplo, que um funcionário foi cedido por mais de duas semanas seguidas. Uma fragilidade das pesquisas (de demanda espontânea) é a falta de um protocolo definido e um banco de dados próprio. Não é exigido dos pesquisadores nem relatório conclusivo, ao contrário do que costuma ocorrer com todas as pesquisas licenciadas em unidades de conservação. Para alguns projetos finalizados, não há documentos conclusivos, não se tem conhecimento das informações geradas ou obtidas e tampouco das publicações produzidas.

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Com base em informações dispersas, estima-se que pelo menos 10 resumos publicados em eventos científicos, sobre anfíbios e aves, decorreram de estudos realizados na RPPN, sem contar algumas dissertações e teses de pós- graduação.

3.6.5 Pessoal

A reserva leva o nome do seu idealizador e coordenador, o diretor da Florestal Gateados Ltda., e não tem conselho consultivo. As atividades na RPPN estão entre as atribuições de parte dos funcionários da Gateados, organizados em uma estrutura empresarial (Florestal Gateados, 2009). Esta estrutura foi simplificada para ser adaptada às atividades relacionadas com a reserva (Figura 7).

FIGURA 7. Estrutura organizacional do pessoal que viabiliza a RPPN Emilio Einfeld Filho

A empresa possui 168 funcionários diretos e próprios. Na área de colheita florestal e no refeitório da empresa, atuam empresas contratadas, no total de seis e com cerca de 90 funcionários. Para as atividades voltadas à RPPN, são 37 funcionários (Tabela 2), sem contar os 23 que realizam a manutenção de estradas e infra-estrutura em toda a propriedade.

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TABELA 2. Funcionários da Florestal Gateados Ltda. que realizam atividades na RPPN Emilio Einsfeld Filho

Atribuição/setor Nº de pessoas Coordenação (executiva, técnica e planejamento) 4 Secretaria (assuntos administrativos, financeiro, compras, serviços) 7 Proteção (patrimonial e prevenção de incêndios) 21 Controle de pinus 5

Com exceção do setor de proteção, nos demais há funcionários que trabalham na propriedade desde a década de 80. Quanto aos funcionários dedicados à proteção, eles foram contratados entre 1992 e 2009. A maioria dos funcionários é de nível básico ou médio, sem curso superior ou incompleto, mas há alguns técnicos de nível superior. Os funcionários que realizam atividades de proteção receberam treinamento compatível com as tarefas.

3.6.6 Infra-estrutura e rede viária

A sede administrativa é na fazenda Guamirim e não há infra-estrutura no interior da RPPN. Nas proximidades da sede administrativa, existem várias outras edificações disponíveis a atividades ou pessoas vinculadas à reserva (Foto 15). Além de sete residências ocupadas por funcionários (entre 18 no total), há uma casa de hóspedes com capacidade para seis pessoas, uma estrutura para eventos, uma casa com material de valor histórico e o refeitório (operado pelo SESI – Serviço Social da Indústria). Ainda nos arredores da sede, há três garagens para veículos e máquinas (de cinco no total), oficina mecânica (manutenção e revisão), borracharia e rampa de lavação, posto de combustível (bomba de óleo diesel terceirizada), galpão para eqüinos e um aterro sanitário recém-implantado (capacidade de 0,5 tonelada/dia e vida útil de 30 anos). A empresa adota um sistema de coleta seletiva de resíduos, buscando uma destinação apropriada para embalagens, otimizando o serviço de limpeza, além de despertar os funcionários para um consumo mais consciente. A coleta seletiva ocorre às sextas-feiras, quando os resíduos são pesados e dispostos conforme classificação (reciclável ou rejeito). Os recicláveis são armazenados em local seco até encaminhamento, enquanto os rejeitos (e orgânicos) seguem para o aterro,

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conforme instruções de profissionais habilitados. Entre junho e dezembro de 2008, cerca de 40 % dos resíduos foi para reciclagem (Florestal Gateados, 2009).

FOTO 15. Vista parcial, a partir da torre de vigilância contra incêndios, da área da sede administrativa da Florestal Gateados Ltda.

A propriedade tem duas portarias, denominadas Balança 1 e Balança 3 (esta é no extremo sul da propriedade), e duas estruturas que servem de alojamento para pesquisadores, mas planejadas para trabalhadores rurais. Há outras duas casas reservadas para os pesquisadores armazenarem equipamentos (“casinha amarela” no projeto São Judas e outra no fundo do projeto Canoas, rente ao alojamento próximo à laje de Pedra). Os alojamentos são no morro Agudo, para até 28 pessoas, e no projeto das Canoas, com capacidade para 12 pesquisadores. Há quatro torres de vigilância contra incêndios, em estrutura metálica e com 35 m de altura. A rede de estradas, que podem servir de aceiro, foi definida para o escoamento da madeira colhida e outras atividades relacionadas com os plantios comerciais. Ocorre, assim, o tráfego constante de máquinas e veículos pesados, levando a todo um cuidado no desenho e manutenção das vias. Todas as estradas que servem às práticas de manejo florestal recebem manutenção contínua, planejada e executada por setor específico da empresa, seguindo procedimento operacional definido (Anexo 11).

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No âmbito da RPPN, há dois tipos de estrada, as gerais e as secundárias, acessíveis em qualquer época do ano. Estradas gerais, usadas continuamente nos processos de manejo florestal, secionam a reserva em 7 trechos, nas microbacias das Valas, Vacas Gordas e Picaços, totalizando 22 km na RPPN (o maior trecho tem 4,5 km). As estradas secundárias na reserva, no geral de uso intermitente, somam 119 km de extensão; a maioria tem menos de 500 m de comprimento e 16 trechos têm mais de 1 km de extensão. A maior estrada secundária na RPPN tem 2,6 km. Quanto às variadas vias que servem aos plantios e permeam o restante da propriedade, elas totalizam quase 200 km. As estradas secundárias na reserva são acessíveis preferencialmente com veículos tracionados e sua manutenção compreende, basicamente, roçadas anuais ou bianuais. Já nas estradas gerais e nas secundárias fora da reserva, foram colocados e são mantidos bueiros (geralmente com manilhas), pontes e passos, drenos e canaletas para desviar a água da chuva do leito das vias, e caixas de contenção para reter os sedimentos carreados pela água. As estradas gerais e as secundárias fora da RPPN têm revestimento de cascalho; em 2008 foram aplicados mais de 20 mil m³ de cascalho (Florestal Gateados, 2009) (Fotos 16 e 17). Nas estradas há várias placas de velocidade (50 km/h) e outras tantas indicando o sentido permitido e eventuais desvios. Já nas estradas secundárias dentro da RPPN, não há sinalização. O limite seco da reserva é sinalizado por uma faixa de tinta laranja pintada nas árvores, a um metro e meio de altura, o que custou à empresa quase 80 mil reais. Ainda, existem placas abordando a existência da RPPN, nas duas portarias, na sede administrativa e no atracadouro do projeto das Canoas, que serve às operações de proteção via fluvial. Na Figura 8 são representadas as estradas gerais e a infra-estrutura que serve a RPPN. No Anexo 6 está disponível figura com as estradas secundárias.

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FOTO 16. Trecho de estrada secundária na RPPN Emilio Einsfeld Filho

FOTO 17. Trecho de estrada secundária no entorno imediato da RPPN Emilio Einsfeld Filho, na propriedade da Florestal Gateados Ltda.

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FIGURA 8. Propriedade da Florestal Gateados Ltda., RPPN Emilio Einfeld Filho, estradas gerais e infra-estrutura

3.6.7 Equipamentos e serviços

Os veículos disponíveis para atividades relacionadas com a RPPN, todos de propriedade da Gateados, são uma camionete Toyota com rádio fixo, usada com fins de proteção, e outros três carros (Montana, Pajero TR4 e Toyota Hilux) usados com finalidades variadas. Há também um caminhão adaptado para eventual combate a incêndio, com capacidade para 8 mil litros de água e equipado com ferramentas de prevenção, combate e rescaldo: 10 foices, 15 enxadas, 9 rastelos, 23 abafadores, 2 machados, 2 pinga-fogo, bombas costais, 1 cabo de aço, 6 mangueiras com bicos (ou esguichos), galão de 20 litros de retardante-espumífero, motosserra, rádio, faróis de apoio na frente e atrás do caminhão, 3 lanternas e 2 motobombas (uma para abastecer o reservatório de água e outra para eventual combate). Acoplado à traseira deste veículo, há um dispositivo para umidecer estradas e caminhos (Florestal Gateados, 2009).

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Ainda, há duas caixas com capacidade para 5 mil litros de água cada, as quais podem ser transportadas por caminhão poliguindaste (existem dois destes), além de uma motobomba reserva. Esses caminhões e equipamentos estão sempre prontos para uma situação de uso (Florestal Gateados, 2009). Para a manutenção de estradas, a empresa possui dois tratores de esteira, uma retroescavadeira, uma máquina pá-carregadeira e um trator (para este último há um rádio móvel disponível). A empresa possui um barco, mas que não é usado para atividades na reserva; as operações via fluvial são realizadas apenas pela polícia ambiental, com embarcação própria. Além de rádios portáteis, há quatro rádios fixos, em um veículo e nos três caminhões reservados a eventual combate a incêndio, mais dois nas portarias e outro na sede administrativa. O sistema de rádio comunicação abrange toda a RPPN e propriedade; na pior das hipóteses, é necessário solicitar a transmissão da informação entre duas repetidoras. Existem dois GPS à disposição e a rede de fiação elétrica abrange toda a área da sede administrativa e os alojamentos. Os funcionários de campo usam equipamentos de proteção individual; no caso dos guardas-rurais, bota, perneira, lanterna, facão e capacete, enquanto os funcionários que realizam manutenção de estradas usam também protetor auricular e, dependendo do caso, luvas. Na sede administrativa há uma enfermaria, onde poderiam ser atendidos também pesquisadores.

3.6.8 Recursos financeiros e parcerias

As atividades voltadas à reserva e para propiciar a realização de pesquisas e monitoramentos são custeadas com recursos próprios da Gateados. Na Tabela 3 são relacionadas as despesas em 2009, com dados cedidos pela empresa. Para a RPPN, a empresa tem parceria com duas instituições, a BAESA e a polícia ambiental de Santa Catarina, cujos termos de cooperação e convênio constam no Anexo 7. A parceria com o Estado envolve cerca de 10 policiais de campo, que moram em Lages. A parceria com a BAESA foi oficializada em 2009 e é voltada a atividades de monitoramento ambiental que, desde 2002, ocorrem na RPPN e outras áreas naturais da propriedade. Nos monitoramentos já foram envolvidas mais de 55 pessoas, entre consultores e assistentes variados.

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TABELA 3. Custos assumidos pela Florestal Gateados Ltda. nas atividades relacionadas com a RPPN Emilio Einsfeld Filho (exercício 2009)

Atividade Custo (R$) PROTEÇÃO 70.898,00 Contratação dos guardas-rurais 55.584,00 Alimentação 8.400,00 Combustível 4.940,00 Ferramentas e utensílios 1.974,00 PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS 61.340,00 Contratação de vigilantes 53.946,00 Alimentação 6.986,00 Equipamentos (proteção individual) 254,00 Material de expediente 154,00 PARCERIA COM A POLÍCIA AMBIENTAL 28.500,00 PESQUISA E MONITORAMENTO 24.480,00 Funcionários cedidos 21.120,00 Alimentação (refeitório) 3.360,00 MANUTENÇÃO 8.015,00 Veículos 7.796,00 Equipamentos 169,00 Infra-estrutura 50,00 TOTAL 193.000,00

Notas:

(1) Não foi computado o custo relacionado com a manutenção de estradas, a grande maioria é no entorno, mas logicamente servem à RPPN. (2) Não foi incluído o custo de mantenção dos alojamentos de pesquisadores, que não segue uma rotina. A empresa estima, pela manutenção dessas estruturas nos últimos cinco anos (pintura e reparos), que teria gasto em torno de 900 reais por ano. (3) Não foram incluídos os custos com a contratação dos funcionários que coordenam as atividades, que realizam controle de pinus, manutenção de estradas e infra-estrutura, e os funcionários ocupados com assuntos mais administrativos. Apesar de também ser voltada a toda a propriedade, foi considerada a contratação dos guardas e vigilantes.

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4. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE

Quase metade da propriedade (49 %) é ocupada por vegetação natural, a grande maioria sob regime de APP (incluindo a RPPN). Os plantios florestais para produção de madeira ocupam 41 % da propriedade e, em áreas relativamente pequenas, há outros usos do solo (Tabela 4).

TABELA 4. Usos do solo na propriedade da Florestal Gateados Ltda.

Uso do solo Área (ha) Pomar de maçã 20,00 Culturas temporárias 70,00 Pastagem plantada 59,60 Pastagem natural 255,07 Área com infra-estrutura 122,61 Área de mineração 3,00 Plantios florestais 7.326,07 Áreas inaproveitáveis 1.444,37 APP 761,17 RPPN 6.328,63 TOTAL 16.390,52

Fonte: Florestal Gateados (2009).

O pomar de maçã e os cultivos temporários (atualmente é de soja) são em áreas recentemente arrendadas, por 15 anos, nos locais conhecidos por Invernada, Tapera e Lavoura. Há uso intensivo de agroquímicos, dentro da lei, e eventualmente ocorre de veados se aproveitarem do pomar, apesar de ser cercado. No âmbito da empresa, esses usos são interessantes por diversificarem o negócio na propriedade, que assim não se restringe a produtos florestais. As pastagens plantadas situam-se nos arredores da sede administrativa e no morro Agudo, com espécies exóticas como trevo Trifolium sp. e azevém Lolium perenne. Já as pastagens naturais, são nos locais conhecidos por sede Fazendinha, sede Hangar, Valas, Canoas e nas Ilhas, sem exóticas. Nas pastagens naturais, áreas alteradas já há várias décadas, são realizadas roçadas. As modificações indesejáveis se expressam na compactação do solo pelos animais (eqüinos), o que tende a favorecer o escorrimento superficial da água e o processo natural de erosão do solo.

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As áreas de mineração são onde se extrai ou extraiu cascalho para a manutenção de estradas, sendo locais completamente modificados (Foto 18). A extração de cascalho está condicionada à aprovação do registro de licença, pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), e à emissão da licença de operação pelo órgão ambiental estadual, a FATMA. Respeitados esses trâmites, o trabalho inicia com a retirada das plantas, material este que é disposto em leiras no contorno da área. Em seguida, procede- se à retirada do solo, que é estocado para uso futuro. Quando o cascalho é esgotado, inicia-se então o processo de recuperação, mesmo que em apenas uma parte da cascalheira. O solo, que anteriormente cobria a área, é distribuído sobre a mesma, propiciando condições mínimas para a sucessão ecológica. As áreas inaproveitáveis incluem campos secos, banhados, açudes, rios e estradas, seguindo determinação do INCRA, e boa parte é mantida em regime de preservação (Florestal Gateados, 2009). A grande maioria das APP é nas margens de cursos d’água (722,27 ha), enquanto o restante é ao redor de açudes. Na propriedade já foram implantados mais de 60 açudes, como reserva de água para eventual combate a incêndio. Esses açudes foram estabelecidos a partir de 1981 e, esporadicamente, é autorizada a pesca em caráter recreativo.

FOTO 18. Área desativada de extração de cascalho, propriedade da Florestal Gateados Ltda.

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Os 7.326,07 hectares com plantios florestais se distribuem em mais de 200 projetos, com pinus, eucaliptos, araucária, Cupressus lusitanica, Cryptomeria japonica, Cunninghamia lanceolata, erva-mate, grevílea Grevillea robusta e sequóia Sequoiadendrum giganteum. Mais de 85 % dos projetos é com pinus, eucaliptos ou araucária, consideradas “espécies-foco”, enquanto o restante, com as outras espécies, é plantios com viés experimental (Florestal Gateados, 2010). Cerca de 30 % dos projetos foi implantado antes de 1990 e o mais antigo, de araucária, é de 1968. Quanto aos plantios efetuados após o ano 2000, eles têm, em média, 31 hectares; o maior é de 277 hectares (pinus), enquanto o menor ocupa apenas 1.000 m² (0,1 hectare de sequóia) (Florestal Gateados, 2010). Os plantios florestais acabam funcionando também de “zona de amortecimento” para a RPPN, oferecendo abrigo e até alimento para algumas espécies de animais, além de permitirem o estabelecimento de plantas silvestres tolerantes ou com preferência por ambientes sombreados (Mazzoli, 2006). Ainda, como vários projetos são rentes à RPPN, acabam amenizando as condições meteorológicas nas bordas das florestas naturais. Os plantios de pinus e eucalipto são programados para durarem no mínimo 20 anos, enquanto os demais têm ciclo ainda mais longo. Nos procedimentos de correção da fertilidade dos solos para os plantios, e também na proteção contra pragas e doenças, são tomados cuidados para evitar impactos ambientais, como a contaminação de recursos hídricos. Por exemplo, para abastecer motosserras, tal procedimento sempre ocorre sobre uma bacia. Quanto ao transporte de toras, realizado com caminhões de terceiros, são atendidas a legislação federal, estadual e municipal, além de normas internas, assegurando uma padronização no serviço e a minimização de impactos ambientais (Florestal Gateados, 2009). Anualmente, ocorre um planejamento para a colheita nos povoamentos, de forma a garantir a continuidade no fornecimento de matéria-prima para comercialização. Essas práticas operacionais seguem um planejamento de longo prazo, vislumbrando um futuro próspero à empresa (no plano de manejo florestal há plantios programados até 2020).

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A área de reserva legal da propriedade, que totaliza 3.629,06 ha, está inserida na RPPN, como compensação e seguindo a Portaria nº 18 de 7 de março de 2008 (FATMA). Na Figura 9 são representados os usos do solo na propriedade da Gateados.

FIGURA 9. Usos do solo na propriedade da Florestal Gateados Ltda.

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A Gateados apóia pesquisas relacionadas com os propósitos empresariais. O enfoque produtivo leva a certas prioridades temáticas, como tecnologias que otimizem a produção, sobretudo de pinus e eucalipto, mas sem interesse por “organismos geneticamente modificados”. Há procura também por pesquisas sobre espécies alternativas em modalidades diferenciadas de manejo, com a idéia de se inserir, no futuro, em mercados específicos (Florestal Gateados, 2009). As atividades de investigação voltadas à área produtiva da propriedade ocorrem por meio de convênios, com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC), a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e a Universidade de Freiburg (Alemanha). A EMBRAPA Florestas, através do programa de monitoramento da vespa-da-madeira (praga que ataca o pinus), também realiza levantamentos na propriedade (Florestal Gateados, 2009). Na parte produtiva da propriedade já foram desenvolvidas diversas pesquisas sobre solos, inclusive sobre estoque de carbono, além de vários outros trabalhos sobre silvicultura e viabilidade econômica dos plantios. Em números, são 6 teses de doutorado, 3 dissertações de mestrado e 11 monografias (todas estas vinculadas à Universidade de Freiburg). No momento da elaboração deste plano de manejo, havia 5 estudos de pós-graduação sendo desenvolvidos, sem contar 11 monitoramentos florestais iniciados, no mínimo, há alguns anos; os mais antigos começaram em 1986 (Florestal Gateados, 2009). A empresa tem um programa de estágio para estudantes de cursos técnicos e superiores, que aproveitam a oportunidade para ganhar experiência prática e aprimorar seus conhecimentos nas áreas de silvicultura e colheita florestal. Os procedimentos operacionais da Gateados atendem à legislação vigente e a empresa conta com um serviço de consultoria jurídica, que elabora periodicamente um relatório indicando possíveis adequações. Nestes casos, ocorre uma análise interna para então aplicar as mudanças nos procedimentos operacionais e no dia-a-dia da empresa (Florestal Gateados, 2009). Os documentos (recentes) de licenciamento das atividades da empresa são listados a seguir.

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QUADRO 3. Licenças ambientais concedidas à Florestal Gateados Ltda. para suas atividades

Licença Ambiental de Operação de Florestamento e Reflorestamento de Essências Arbóreas. FATMA - 072/06. Protocolo do pedido de Corte de Espécies Nativas Plantadas no Projeto Tulia III. FATMA - 584990/2008. Protocolo do pedido de Corte de Espécies Nativas Plantadas no Projeto Tulia I. FATMA - 580296/2008. Cadastro Nacional de Usuários de Água (CNUA). SDC/SC - 4210712839-25. Licença Ambiental de Operação poço tubular profundo Sede. FATMA – CODAM - LGS/119. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Britador. FATMA - 625764/2009. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Sede das Canoas. FATMA - 626308/2009. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Alojamento das Valas. FATMA - 625801/2009. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Sede das Valas. FATMA - 626449/2009. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Balança da Frente. FATMA - 626424/2009. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Sede do Morro Agudo. FATMA - 626355/2009. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Pedras Brancas. FATMA - 625785/2009. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Vila Guamirim. FATMA - 625846/2009. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Vila Nova. FATMA - 625817/2009. Certidão Ambiental de Captação de Água em Poço Tubular Profundo Casa do Meio Fio. FATMA - 625874/2009. Licença de Lavra Cascalheira Água Boa. DNPM - 815.472/2001. Licença Ambiental de Operação da Cascalheira Água Boa. FATMA – 783 - GELAU/2007. Licença de Lavra Cascalheira Guamirim. DNPM - 815.473/2001. Licença Ambiental de Operação da Cascalheira Guamirim. FATMA – 784 - GELAU/2007. Licença de Lavra Cascalheira Paca. DNPM - 815.244/2007. Licença Ambiental de Operação da Cascalheira Paca. FATMA - 155/CODAM - LGS/2008. Licença de Lavra Cascalheira Pedras Brancas. DNPM - 815.805/2008. Licença Ambiental de Operação da Cascalheira Pedras Brancas. FATMA - 572479/2008. Licença de Lavra Cascalheira Cafufo. DNPM – 48.411.815.098/2009-49. Licença Ambiental de Operação da Cascalheira Cafufo. FATMA - 062/CODAM - LGS/2009. Protocolo do PRAD das Cascalheiras Girotto, Tulia e São Judas. FATMA - 670027/2009. Licença Ambiental de Operação do Britador. FATMA - 0168CODAM - LGS/2009. Licença Ambiental Operação do Aterro Sanitário. FATMA - 044/CODAM-LGS/2009. Atestado de aprovação de projeto do Posto de Combustível. Bombeiros - 15756/RE.58252186. Certidão Ambiental para Posto de Combustível. FATMA - 22553/2007. Parecer técnico referente às carretinhas de combustível. Bombeiros - 036/DAT/CBMSC/08.

Fonte: Florestal Gateados (2010).

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A Gateados desenvolve um programa educativo para despertar nas pessoas o interesse e a curiosidade sobre o ambiente natural, disseminando conhecimentos sobre a vida silvestre e informações sobre as medidas ambientais adotadas pela empresa. Este programa surgiu em 2009 e é direcionado à escola pública Major Otacílio Couto, de Campo Belo do Sul, com alunos do ensino fundamental (crianças de 8 a 12 anos), a quem é oferecido transporte e alimentação. A empresa está em vias de terceirizar este programa, que inclui visita à cachoeira do rio Varões, um atrativo natural mantido propositalmente fora da RPPN. Neste local, há placas identificando plantas silvestres e uma área de convivência coberta.

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5. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO

O entorno da propriedade é nos municípios de Campo Belo do Sul e de Capão Alto. Quando a divisa da área acompanha o rio Pelotas (cerca de 10 km), na outra margem é o estado do Rio Grande do Sul, em propriedade da BAESA (município de Vacaria). O município de Campo Belo do Sul (1.027,41 km²) tem cerca de 8.210 habitantes, com distribuição praticamente igual na área urbana e rural (censo de 2007 do IBGE). Já em 1991, eram quase 13 mil habitantes. A população do município é formada por fração um pouco maior de pessoas de gênero masculino (Florestal Gateados, 2009). Neste município, a atividade rural é a principal ocupação socioeconômica. A maioria das propriedades é ocupada por pastagens naturais (28.000 ha) e, em escala menor, por pastagens plantadas (aveia, azevém, trevo, milheto, etc.), além de lavouras permanentes (16.000 ha, entre plantios florestais e fruticultura de maçã, kiwi e pêra) e temporárias (13.000 ha, a maioria com milho, feijão e soja). Ainda segundo os dados mais recentes do IBGE, a área sem uso humano, onde se concentram as florestas naturais, a grande maioria sob processo sucessional, totaliza quase 23 mil hectares (Florestal Gateados, 2009). A pecuária é predominantemente bovina (cerca de 24 mil cabeças), mas os rebanhos suíno, ovino, eqüino e caprino são também importantes (no total, chegam a quase 5.000 cabeças, sendo quase metade de ovinos). Em menor escala vem a avicultura (15 mil cabeças) e a bubalinocultura (apenas 32 cabeças). Destacam-se, como principais produtos de origem animal, o leite (107 mil litros/ano), a carne, lã (duas toneladas), mel e ovos (43 mil dúzias) (Florestal Gateados, 2009). As atividades industriais, o comércio e os serviços também ocupam parte da população ativa. Os principais estabelecimentos industriais são de móveis de madeira, serragem ou desdobramento (22 unidades, ocupando quase 350 pessoas), metalúrgica, artigos de selaria e abatedouro de bois (Florestal Gateados, 2009). O comércio atacadista é predominantemente de couro, seus artefatos e de bebidas. Já o comércio varejista atua com artigos variados, contemplando o maior número de estabelecimentos, na forma de mercearias e lojas de confecções. Em

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relação aos serviços, destacam-se bares, lanchonetes e similares, oficinas mecânicas, empreiteiros e locadores de mão-de-obra (Florestal Gateados, 2009). Em números, os empregos em Campo Belo do Sul se distribuem da seguinte forma: agropecuária (37,8 %), indústria (23,7 %), comércio (20,4 %) e serviços (18,2 %). A indústria madeireira e o setor de reflorestamento, principalmente de pinus, ocupam lugar de destaque na geração de empregos. Neste aspecto, a Gateados contribui decisivamente para a socioeconomia do município (Florestal Gateados, 2009). Em 2006, a receita média (PIB, produto interno bruto) gerada em Campo Belo do Sul foi de R$ 7.683,00 por habitante. Em 2000, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) municipal em Campo Belo do Sul foi de 0,694, se enquadrando entre as regiões de médio desenvolvimento (IDH entre 0,5 e 0,8) (Florestal Gateados, 2009). Em relação aos outros municípios do Brasil, Campo Belo do Sul também se encontra em posição intermediária. Porém, quando comparado aos outros municípios de Santa Catarina, está em 290º lugar e somente outros três em situação igual ou pior (Florestal Gateados, 2009). No município há três estabelecimentos de saúde, um destes é público, e no hospital público municipal de Campo Belo do Sul, Nossa Senhora dos Prazeres, há soro antiofídico. O município de Capão Alto possui 1.335 km², mas apenas 3.358 habitantes, o que resulta em uma densidade populacional de 2,5 habitantes/km² (em Campo Belo do Sul são 8 habitantes/km²). Em Capão Alto também predominam as atividades rurais e a maioria das propriedades é ocupada por pastagens naturais (29 mil hectares), pastagens plantadas (aveia, azevém, trevo, milheto, etc.), lavouras temporárias (2.335 ha, na maioria com milho, feijão, soja) e permanentes (1.186 ha, entre plantios florestais e fruticultura de maçã, kiwi e pêra). As áreas sem uso, em parte coberta por vegetação natural em pequenos fragmentos, totalizam cerca de 20 mil hectares (Florestal Gateados, 2009). A pecuária é predominantemente bovina, com mais de 22 mil cabeças. Contudo, os rebanhos suíno e ovino são também importantes (857 e 2.261 cabeças, respectivamente), além da avicultura, com 6.190 cabeças. Destacam-se, como principais produtos de origem animal, o leite (1 milhão de litros), a carne, lã

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(3 toneladas) e a produção de ovos de galinha (12 mil dúzias) (Florestal Gateados, 2009). As atividades industriais, o comércio e os serviços também ocupam parcela da população, mas não superam a geração de empregos com a agropecuária (37,8 %). A indústria ocupa 24 % da população ativa, o comércio 20 % e o setor de serviços 18 % (Florestal Gateados, 2009). A renda per capita média do município evoluiu de R$ 86,00 em 1991 para R$ 177,89 em 2000. De 1991 a 2000, o IDH municipal cresceu 19,44 %, chegando a 0,725 em 2000. Este município também está em situação intermediária no panorama mundial e nacional. Mas, em relação aos outros municípios catarinenses, está à frente de apenas nove (Florestal Gateados, 2009). Vale ressaltar que parte das informações disponibilizadas pelo IBGE parece não refletir a realidade local, de forma que a maioria da descrição acima serve mais para dar uma idéia da ocupação dos municípios, que para caracterizá- la de fato. Por exemplo, só a Gateados possui 3 mil hectares de plantios florestais em Capão Alto (contra 1.183 ha estimados pelo IBGE para todo município). Já em Campo Belo do Sul, consta a informação que existe apenas um trator no município; o difícil, porém, é trafegar pela região e não visualizar tratores. Em Capão Alto e em Campo Belo do Sul há agência do Banco do Brasil, mas no segundo há também um banco de cooperativa (Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil - SICOOB) e um “posto Bradesco”, que funciona na agência dos Correios. Em ambos há corporações policiais e em Campo Belo do Sul há sede de bombeiros voluntários.

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6. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE

O processo de ocupação humana na região da RPPN Emilio Einsfeld Filho ocasionou alterações severas na paisagem. Restaram poucas áreas de floresta natural, no geral manchas isoladas em locais de difícil acesso, como na RPPN. Áreas de campo cederam lugar a cultivos agrícolas ou servem de pastagem para animais (Florestal Gateados, 2009). Na região, os órgãos públicos de proteção ambiental parecem pouco atuantes, praticamente não há fiscalização preventiva, mas há ocorrências de desmatamento. No panorama geral, não se tem idéia das condições de APP ou de reserva legal nas propriedades e as imagens do GoogleEarth não acusam a existência de remanescentes florestais expressivos. Esta é a delicada realidade de boa parte das unidades de conservação do bioma Mata Atlântica, que constituem ilhas em paisagens completamente modificadas pelo ser humano, com pouca ou nenhuma possibilidade de conectividade entre si. A RPPN Emilio Einsfeld Filho não foge a esta preocupante situação. Em um raio de 50 km da reserva, não há outra unidade de conservação ou área silvestre relevante. Cerca de 60 km da RPPN, nas proximidades da cidade de Lages, há o Parque Natural Municipal João José Theodoro da Costa Neto, mas com apenas 234 hectares. Em 2006, técnicos do Ministério do Meio Ambiente deram início a um estudo para a criação de um refúgio de vida silvestre que também abrangeria parte da bacia do rio Pelotas. Porém, mesmo com um embasamento técnico (MMA, 2007), a proposta ainda não foi adiante.

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7. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA

A RPPN Emilio Einsfeld Filho situa-se em uma região considerada como um Hotspot (bioma Mata Atlântica), ou seja, abrange amostras de ambientes naturais reconhecidos mundialmente por sua extrema vulnerabilidade e pela urgência de práticas conservacionistas (). Esta formação natural é, sem dúvida, uma das mais ameaçadas do Brasil e a RPPN Emilio Einsfeld Filho é a maior reserva particular no bioma. As florestas da RPPN são um dos raros testemunhos da história natural de uma região imensa do Brasil, drasticamente modificada pelo ser humano. As florestas com araucária foram praticamente dizimadas no sul do Brasil, restando pouquíssimas unidades de conservação com amostras desses ambientes, distribuídos em menos de 1 % da área original. A reserva abriga rica biodiversidade, com 157 espécies vegetais já detectadas, das quais 10 reconhecidas oficialmente por sua vulnerabilidade. Já foram identificadas 480 espécies de animais, sendo 56 sob algum grau de ameaça, em níveis estadual, federal ou global - principalmente mamíferos e aves, mas também anfíbios e répteis. Há animais considerados raros, além de descobertas inéditas, como duas espécies de peixe que a Ciência está tomando conhecimento. A RPPN é um refúgio imprescindível para a bromélia Dyckia distachya, espécie oficialmente ameaçada de extinção que persiste na natureza com pouquíssimas populações, devido principalmente a represamentos promovidos por usinas hidroelétricas. Com exceção dos trechos afetados pelo represamento de Barra Grande, todos os cursos d’água envolvidos pela RPPN conservam suas feições originais, qualidade estranha a muitas vertentes na bacia do rio Pelotas. Além dos serviços ambientais (regulação climática, fornecimento de água, contenção de encostas, etc.) e dos recursos resguardados, a unidade é um campo fértil para pesquisas sobre a biodiversidade e ao monitoramento ambiental, práticas que ocorrem há alguns anos acumulando informações que valorizam a existência da RPPN.

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8. PLANEJAMENTO

8.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO

1. Preservar amostra significativa de ambientes florestais (Floresta Ombrófila Mista) e de banhados (Formação Pioneira de Influência Fluvial), seus recursos bióticos e abióticos.

2. Propiciar condições para a realização de pesquisa científica e atividades de monitoramento ambiental, gerando conhecimento sobre a área, a vida silvestre e o meio físico, valorizando a RPPN.

8.2 ZONEAMENTO

Conceitualmente, o papel do zoneamento é dividir o espaço por objetivos de manejo, pois, dependendo da situação, alguns podem ser incompatíveis no mesmo local ou se sobressair, implicando diferentes enfoques para o manejo (Lee e Middleton, 2003; Miller, 1980). Em uma visão simplista, o zoneamento se propõe a definir “onde” ocorrerá “o que” (atividades). A Lei Federal nº 9.985/2000 prevê que o zoneamento trata da definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação, com objetivos de manejo e normas específicas, para que a área cumpra sua função. O Decreto Federal nº 4.340/2002, que regulamenta esta lei, determina que cabe ao plano de manejo definir o zoneamento. No roteiro metodológico para o planejamento de RPPN’s são definidas seis zonas: silvestre, de proteção, de visitação, de administração, de transição e de recuperação. Conforme o contexto e as atividades previstas, pode haver reservas em que será definida apenas uma das zonas citadas, ou então uma combinação delas. Além de definir as zonas, o roteiro acrescenta várias indicações e critérios para o zoneamento. Prevê, até, que particularidades podem levar à idealização de “novas” zonas (Ferreira et al., 2004). A RPPN Emilio Einsfeld Filho foi ordenada em duas zonas, de proteção e de transição.

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Zona de proteção

A zona de proteção foi definida nas partes mais centrais da RPPN, abrangendo os ambientes menos afetados pelo ser humano, áreas frágeis (de encostas e nascentes) e representando o maior grau de integridade e isolamento. Se as florestas não fossem alteradas, a área se encaixaria perfeitamente no conceito de zona silvestre, pois tem o objetivo básico de preservação. A zona de proteção da RPPN Emilio Einsfeld Filho totaliza 3.268,4 hectares (52 % da reserva) e suporta atividades de pesquisa, monitoramento e, em caráter mais eventual, proteção, fiscalização e controle de pinus (na margem de estradas, por exemplo).

Zona de transição

Entre os critérios de zoneamento apresentados no roteiro metodológico, chama-se a atenção para a diferenciação de ambientes fragmentados, recomendando que as áreas alteradas sejam zonas de recuperação, ou então englobadas por outras zonas (de administração ou visitação) (Ferreira et al., 2004). Na RPPN não se aplica o conceito de zona de visitação (opção do proprietário) e tampouco o de zona de administração, pois a infra-estrutura está fora da unidade de conservação. Já as zonas de recuperação, são temporárias e indicadas quando há significativo grau de alteração ambiental, o que também não é o caso na RPPN. Na RPPN Emilio Einsfeld Filho, a maioria das áreas alteradas deve esta condição a intervenções suspensas décadas atrás. Mas outras áreas também podem ser consideradas alteradas, como pelos pinus que invadem as áreas periféricas da RPPN, onde o controle é mais intenso, e também por processos de efeito de borda em maciços florestais, ou de fragmentação dos remanescentes menores. Esses processos indesejáveis não são temporários. Como resultado, foi definida uma zona de transição. Segundo o roteiro metodológico, esta zona corresponde a uma faixa que se inicia no limite da unidade, para o seu interior. Sua função básica é servir de filtro, como faixa de proteção contra impactos externos que podem afetar os recursos da RPPN (Ferreira et al., 2004).

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A zona de transição da RPPN Emilio Einsfeld Filho abrange as partes mais periféricas da unidade, que provavelmente sofrem efeitos de borda ou de fragmentação. Apesar de não haver qualquer informação a respeito desses processos, a questão merece atenção, principalmente por causa do desenho irregular da reserva, com várias partes pequenas que mais parecem “apêndices”. Nesses locais, processos de fragmentação florestal são praticamente inevitáveis. Também, há que se levar em conta efeitos ecológicos do represamento sobre o ambiente florestal adjacente. A zona de transição reúne a maioria dos trechos que concentram as atividades de proteção e de controle de pinus, além do local de introdução das mudas de Dyckia distachya, onde, antes da criação da RPPN, houve intervenção direta no ambiente, ainda que pontual. Enfim, todos esses locais, que acabam concentrando as atividades voltadas à RPPN, foram enquadrados na zona de transição. Devido à falta de informações, a zona foi definida em uma faixa de 100 m, abrangendo assim os trechos de floresta mais alterada e afetada por efeitos de borda, de fragmentação ou pelo represamento, totalizando 3.060,23 hectares (Figura 10).

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FIGURA 10. Zoneamento da RPPN Emilio Einsfeld Filho

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Normas Gerais

A pesquisa e o monitoramento ambiental, quando licenciados por órgão público competente, são desejáveis em ambas as zonas, com autorização da Coordenação da RPPN. Para as atividades de campo, podem ser mantidos caminhos de acesso aos locais de pesquisa ou monitoramento, com anuência da Coordenação da RPPN. É permitida a instalação de equipamentos ou marcações para auxiliar na coleta de dados ou espécimes, desde que previstos em projeto autorizado, sob responsabilidade exclusiva dos pesquisadores. É permitido que os profissionais dedicados a pesquisas ou monitoramento acampem na RPPN, em qualquer zona, se for necessário dentro da metodologia de investigação científica, com anuência escrita da Coordenação. Na reserva é proibido o uso de qualquer recurso local, como lenha, e a água para consumo humano deve ser de fonte segura (sede administrativa, por exemplo). No campo, devem ser adotadas “práticas de mínimo impacto ambiental”, como a coleta de todo o lixo e resíduos, evitar o pisoteio excessivo e optando por um comportamento discreto. Não deve ser autorizada a implantação de estradas na RPPN. Não deve ser autorizada prática recreativa ou educativa na RPPN, pública ou particular.

Normas específicas

Deve-se evitar a implantação de infra-estrutura na RPPN (casa, alojamento, laboratório, armazém, por exemplo). Se for necessária alguma estrutura nova, um profissional habilitado deve elaborar o projeto executivo. A Gateados deve então submeter este projeto à aprovação do ICMBio, descrevendo as justificativas, a estrutura (com representação gráfica) e o local definido na zona de transição. Na zona de proteção é proibida a implantação de infra-estrutura.

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8.3 PROGRAMAS DE MANEJO

Os programas de manejo definem as atividades voltadas à RPPN, agrupando-as por temas. As atividades, ou ações, podem ser gerais ou por áreas. As gerais se aplicam a toda RPPN, enquanto as ações por área são específicas de uma zona (Ferreira et al., 2004). Assim, os programas exploram “como” ocorrerão as atividades estipuladas no zoneamento, respeitando a realidade local e as possibilidades financeiras. A RPPN Emilio Einsfeld Filho é, sem dúvida, um caso à parte em relação à maioria das unidades de conservação brasileiras. Afinal, a área é, de fato, protegida e as atividades desenvolvidas são compatíveis com a categoria de manejo, mesmo sem um planejamento específico da unidade, recém-criada. No dia-a-dia, as atividades voltadas à RPPN são uma continuação daquilo que ocorre para manter e valorizar o patrimônio da Gateados. Na realidade da empresa, as atividades realizadas na reserva se encaixam ou seguem protocolos específicos, os procedimentos operacionais (PO), com exceção das pesquisas e monitoramentos ambientais. Esses procedimentos operacionais já definem “como” as atividades devem ser realizadas, atendendo às variadas leis e normas que a empresa e a propriedade estão submetidas, com um conteúdo compatível com as recomendações (Ferreira et al., 2004) e um detalhamento que atende às necessidades locais. Porém, os procedimentos operacionais têm uma estrutura diferente da recomendada, ou seja, não há uma organização por áreas, objetivos, resultados esperados, ações e normas, gerais ou específicas. Como tais procedimentos já são executados, são viáveis no contexto da empresa, geram resultados promissores em relação aos objetivos da RPPN, não seria produtivo adaptá-los à estrutura indicada no roteiro metodológico. Tal adaptação significaria, na prática, uma duplicação de esforços, sobretudo na avaliação das atividades por resultados, processo que já ocorre anualmente com os procedimentos operacionais vigentes, como se observa nos Anexos 8, 9, 10 e 11.

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8.3.1 Programa de proteção e fiscalização

As atividades deste programa se diferenciam em duas linhas de ação; proteção patrimonial e as operações da polícia ambiental. A proteção patrimonial é realizada por funcionários próprios da Gateados, as práticas já seguem uma rotina definida, o procedimento operacional de Segurança Patrimonial (PO-38), com o objetivo de “prevenir, controlar e gerenciar as atividades relacionadas com o patrimônio da empresa, bem como coibir ações ou atos contra este e contra o meio ambiente”. O PO-38 prevê que rondas regulares devem priorizar a RPPN Emilio Einsfeld Filho e as APP. Quando for detectada qualquer atividade ilegal ou sem autorização (como caça, extração de recurso ou pesca predatória), prevê o desencadeamento de providências e o preenchimento, pela equipe de campo, de um “relato de atividades ilegais”. Como definido no “relato de atividades ilegais”, a ocorrência deve levar à coleta de coordenadas com GPS, para o local ser representado em mapa como de risco, além de informações sobre a irregularidade, local e data para um banco de dados próprio. No contexto da RPPN, recomenda-se continuar adotando o PO-38 (Anexo 8), mas o “relato de atividades ilegais”, quando for usado, deve considerar o zoneamento da reserva. Recomenda-se manter a parceria com a polícia ambiental, com o objetivo de inibir e, quando for o caso, coibir infrações na RPPN e em outras áreas naturais da propriedade. As operações policiais devem ser direcionadas aos locais que há indício de irregularidade, incluindo na zona de proteção, ou a complementar a proteção patrimonial, dando preferência aos dias úteis, quando os guardas-rurais se deslocam menos. As operações via fluvial são de exclusividade da polícia ambiental, devendo ser solicitadas ou direcionadas pela Coordenação da RPPN, se houver necessidade. As atividades relacionadas com fogo seguem o procedimento operacional de Prevenção e Combate a Incêndio (PO-15). O protocolo descreve as atividades de vigilância, simulação (teste prático anual), designação e treinamento da equipe de combate, os equipamentos, todos em locais fora da RPPN. Além do plano de atendimento a emergências, o PO-15 define um conjunto de medidas para o caso de incêndio em dias úteis, outro para eventual sinistro em final de semana, e mais

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outro para fogo em edificação. Recomenda-se que este procedimento operacional continue sendo adotado (Anexo 9). Para o controle da invasão de pinus nas bordas da RPPN, de estradas e demais áreas naturais da propriedade da Gateados, o procedimento operacional de Silvicultura (PO-01) define as ações. Neste quesito, o objetivo do protocolo é eliminar as plantas exóticas nessas áreas, com uso de foice ou motosserra, a depender do diâmetro. O procedimento define uma seqüência de vistoria e controle que abrange a RPPN e toda a propriedade (capatazias Canoas, Sede, Valas, Morro Agudo, Picaços). Recomenda-se manter as medidas de controle de pinus do PO-01 (Anexo 10). Como ação específica, quando o controle de pinus ocorrer na zona de proteção, no geral em margens de estradas, o procedimento deve gerar informações para um banco de dados específico: (1) quantas árvores foram derrubadas, (2) data, (3) local e (4) horas/homem. Para tal, deve ser elaborado um formulário de campo para os trabalhadores braçais preencherem. O objetivo desta ação é caracterizar o processo de invasão nas partes mais centrais da reserva. Como resultado, espera-se identificar locais mais vulneráveis e, se for o caso, definir medidas complementares ou diferenciadas para o controle de pinus nesses pontos (mudanças na manutenção de estradas, por exemplo).

8.3.2 Programa de pesquisa e monitoramento

As ações deste programa são gerais, para toda a RPPN, e com a finalidade de ampliar o conhecimento sobre a vida silvestre, a vegetação e o meio físico. Como resultado, se espera valorizar a existência da unidade de conservação e aprofundar um entendimento das alterações indesejáveis sobre a natureza, decorrentes de efeitos de borda, fragmentação ou do represamento ocasionado por Barra Grande. Como norma geral, o projeto de pesquisa a ser desenvolvida na RPPN Emilio Einsfeld Filho deve ser submetido à Coordenação da reserva que, se estiver de acordo com os métodos e atividades previstos, deve autorizar o seu desenvolvimento.

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Para serem analisados pela Coordenação da RPPN, os projetos de pesquisa devem possuir, no mínimo, o seguinte conteúdo: (1) resumo (até 150 palavras), (2) introdução, (3) justificativas, (4) objetivos, (5) material e métodos, (6) resultados esperados, (7) cronograma físico-financeiro, (8) instituições envolvidas e (9) cópia do protocolo de licenciamento. Como norma geral aos projetos aprovados, a Coordenação da RPPN deve, antes do início dos trabalhos de campo, elaborar e fornecer ao responsável pela pesquisa uma autorização impressa e assinada. Na sede administrativa deve haver uma cópia desta autorização em meio digital, para consultas. A autorização é mais um formulário, com os seguintes campos: (1) título do projeto, (2) responsável técnico (nome, formação, e-mail e telefone) e equipe de campo, (3) instituição executora, (4) período de execução, (5) resumo do projeto (reproduzido do projeto autorizado), (6) outras pesquisas realizadas na unidade (pelo responsável técnico, membros da equipe e instituição), (7) protocolo de licenciamento junto ao ICMBio, (8) instituição financiadora e verba aprovada, (9) outras instituições envolvidas. Como norma geral válida aos projetos autorizados, os pesquisadores devem entregar à Coordenação da RPPN relatórios de atividades, semestrais ou anuais. Deve ser entregue também um documento conclusivo e os pesquisadores devem comunicar à Coordenação da RPPN quando forem publicados artigos ou resumos com dados colhidos na reserva, se possível disponibilizando uma cópia para ser arquivada na sede administrativa da reserva. Esses compromissos devem ser explícitos na autorização entregue ao pesquisador. Recomenda-se que a Coordenação tome conhecimento das atividades descritas nos relatórios, para se situar quanto às informações geradas e se certificar do bom andamento dos trabalhos. É desejável que a Coordenação obtenha e armazene cópias de publicações, teses, dissertações e monografias que aproveitaram informações obtidas na RPPN. Como ação geral, os documentos (projeto, formulário de autorização, relatórios, cópia de publicação) devem ser organizados em pastas específicas de cada projeto. Recomenda-se que, no formulário de autorização de cada projeto em meio digital, a Gateados registre a cronologia das atividades de campo e de entrega dos documentos produzidos. As pastas de cada projeto devem estar

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organizadas por temas (mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, vegetação e outros que se mostrarem necessários). O acordo da Gateados com a BAESA para o monitoramento ambiental é por tempo indeterminado. Os relatórios que os consultores remetem à BAESA devem ser solicitados pela Gateados, conforme previsto no termo de cooperação (Anexo 7), e continuar sendo arquivados em pastas temáticas específicas (mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, hidrologia, clima, Dyckia distachya). Recomenda-se que, periodicamente, a Gateados solicite à BAESA o envio de cópia das publicações oriundas desses trabalhos, a serem armazenadas em função dos mesmos temas. Como ação geral para auxiliar neste processo, a Gateados deve elaborar e manter atualizado um banco de dados de cada monitoramento, com: (1) identificação do monitoramento, (2) responsável (nome, formação, e-mail e telefone) e equipe de campo, (3) instituições envolvidas, (4) locais estudados e zona(s), (5) data de início, (6) cronologia das atividades de campo, (7) listagem dos documentos arquivados e (8) listagem das publicações geradas.

8.3.3 Programa de administração

As estruturas que servem à RPPN, para “atividades-meio” (administrativas), proteção, pesquisa e monitoramento, devem ser mantidas em bom estado de conservação e funcionais. Para tanto, é necessário continuar adotando os variados procedimentos operacionais vigentes, que incidem sobre locais fora da RPPN. A manutenção da rede viária, que serve a atividades na RPPN, segue um procedimento operacional específico, de Estradas (PO-20), que define os diferentes tipos de estradas na propriedade (principais/gerais, secundárias, terciárias e carreadores, ou linhas de extração de árvores). O protocolo aborda o planejamento de traçado, técnicas para drenagem, revestimento e sinalização, entre outros detalhamentos (Anexo 11). É outro procedimento que deve continuar sendo adotado, inclusive nos 7 trechos de estradas gerais na RPPN, nas microbacias das Valas, Vacas Gordas e Picaços.

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Como ação específica na zona de proteção, deve-se registrar em um banco de dados próprio a implantação de caminhos para uso regular previsto no zoneamento: (1) tipo de uso (proteção, controle de pinus, pesquisa ou monitoramento), (2) extensão do trajeto, (3) locais por onde passa (com representação em mapa). Esta demanda não se aplica a carreiros usados esporadicamente, ou em caráter intermitente.

8.4 EXECUÇÃO DO PLANO DE MANEJO

As atividades previstas são, na grande maioria, objeto de procedimentos definidos que já moldam o dia-a-dia na propriedade, gerando resultados promissores também em relação ao objetivo principal da RPPN, de preservação. Regularmente, já ocorre avaliação das atividades por resultados, buscando o aperfeiçoamento contínuo dos procedimentos e atendendo a mudanças normativas, legais ou no contexto. A revisão de cada procedimento ocorre anualmente, quando se avalia os resultados alcançados e eventuais dificuldades para execução das atividades, de forma que as alterações efetuadas são registradas nos próprios procedimentos. Nessas revisões, sempre que houver alteração nos procedimentos operacionais previstos neste plano de manejo, é recomendável se certificar da compatibilidade com a legislação voltada a unidades de conservação, se for o caso, além de respeitar os objetivos da reserva e considerar seu zoneamento. Este plano acrescenta algumas atividades à rotina da RPPN, como a coleta de informações no controle de pinus na zona de proteção, ou os protocolos relacionados com o desenvolvimento de pesquisas e monitoramento ambiental. Porém, essas atividades são de execução pela equipe atual e praticamente sem ônus. Desta forma, a execução deste plano depende apenas de condições que já existem; dos recursos desprendidos a cada exercício financeiro, que se dissolvem na despesa total da Gateados (2 %), dos recursos humanos, suporte operacional, infra-estrutura e rede viária existentes, usados e mantidos. Conclui-se, assim, que este plano é compatível com a realidade local e as possibilidades financeiras, o que torna dispensável a elaboração de um cronograma de atividades e custos, que seria uma reprodução de informações já apresentadas.

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Este plano de manejo é válido enquanto as atividades previstas levarem aos objetivos específicos da RPPN Emilio Einsfeld Filho. Sua revisão é recomendável se houver mudanças no contexto ou conhecimento, que indiquem a necessidade de medidas incompatíveis com o zoneamento ou, até, a demanda por um programa específico. Havendo mudança na motivação do proprietário, no sentido de implementar atividades recreativas na unidade, seria necessária a revisão de todo o plano de manejo. É recomendável que, até 2020, seja realizada uma atualização do plano de manejo aproveitando as informações acumuladas no período.

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ZILIO, F. Biologia reprodutiva Aves de Rapina Ameaçadas de Extinção na Fazenda Florestal Gateados Ltda. Porto Alegre: UFRGS, sem data. (Proposta de pesquisa submetido à Florestal Gateados Ltda.).

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ANEXO 1. Confrontantes da propriedade da Florestal Gateados Ltda.

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ANEXO 2. Espécies vegetais silvestres que ocorrem na RPPN Emilio Einsfeld Filho e outras áreas naturais da propriedade da Florestal Gateados Ltda.

Família Nome científico Nome comum Acanthaceae Aspilia montevidensis margarida-do-campo Lithraea brasiliensis aroeira-brava Schinus lentiscifolius aroeira-do-campo Anacardiaceae Schinus polygamus aroeira-de-espinho Schinus terebinthifolius aroeira-preta Rollinia sp. 1 araticum-amarelo Rollinia sp. 2 araticum-preto Annonaceae Rollinia sp. 3 cortiça Rollinia sp. 4 cortiça-da-folha-grande Aspidosperma australe guatambu-amarelo Apocynaceae Aspidosperma sp. 1 guatambu Aspidosperma sp. 2 guatambu-branco Ilex brevicuspis caúna-da-serra Ilex dumosa caúna-branca Aquifoliaceae Ilex paraguariensis erva-mate Ilex theezans caúna Araliaceae Oreopanax fulvum tamanqueira-da-serra Araucariaceae Araucaria angustifolia pinheiro-do-paraná Arecaceae Syagrus romanzoffiana jerivá Baccharis articulata carquejinha Baccharis dracunculifolia vassoura-branca Baccharis uncinella vassoura-branca-da-serra Dasyphyllum spinescens sucará Dasyphyllum tomentosum sucará-piloso Asteraceae Eupatorium inulifolium vassoura Gochnatia polymorpha cambará Piptocarpha angustifolia vassourão-branco Senecio bonariensis margarida-do-banhado Trichocline catharinensis cravo-do-campo Vernonia discolor vassourão-preto Jacaranda puberula caroba Bignoniaceae Tabebuia alba ipê-amarelo Blechnaceae Blechnum sp. xaxim-do-brejo Cordia trichotoma louro Boraginaceae Patagonula americana guajuvira Caesalpiniaceae Bauhinia candicans pata-de-vaca Campanulaceae Siphocampylus fimbriatus - Canellaceae Capsicodendron dinisii pimenteira Caprofoliaceae Sambucus australis sabugueiro Continua...

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Continuação. Família Nome científico Nome comum Caricaceae Jacaratia spinosa jaracatiá Celastraceae Maytenus ilicifolia cancorosa Clethra scabra carne-de-vaca (graúda) Clethraceae Clethra uleana carne-de-vaca (miúda) Combretaceae Terminalia australis amarelinho Cunoniaceae Lamanonia speciosa guaraperê Cyperus sp. tiririca Cyperaceae Hydrocotyle leucocephala erva-capitão Dicksoniaceae Dicksonia sellowiana xaxim Elaeocarpaceae Sloanea sp. carrapicho Erythroxylum deciduum cocão Erythroxylaceae Reythroxylum deciduum cocão Escalloniaceae Escallonia bífida canudo-de-pito Hilieta apiculatta laranjeira-do-mato Sebastiania brasiliensis leiteiro-da-folha-miúda Euphorbiaceae Sapium glandulatum leiteiro-da-folha-graúda Sebastiana sp. leitero Sebastiania commersoniana branquilho Ateleia glazioviana timbó Dalbergia sp. rabo-de-bugio Desmodium sp. pega-pega Gleiditsia amorphoides coronilha Fabaceae Lonchocarpus campestris timbó Machaerium paraguariense pau-de-malho Myrocarpus frondosus cabreúva Rhynchosia sp. - Casearia decandra guaçatunga Flacourtiaceae Xylosma ciliatifolium açucará Icacinaceae Citronella paniculata pau-de-sapo Cinnamomum vesiculosum canela-alho Myrrhinium loranthoides murtilho Nectandra grandiflora canela-fedida Nectandra lanceolata canela-amarela Nectandra megapotamica canela Nectandra rigida canela-ferrugem Lauraceae Ocotea catharinensis canela Ocotea lancifolia canela-brejo Ocotea porosa imbuia Ocotea puberula canela-guaicá Ocotea pulchella canela-lageana Ocotea sp. canela-preta Persea pyrifolia canela-andrade Continua...

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Continuação. Família Nome científico Nome comum Cinnamomum sellowianum canela-sebo Lauraceae Endlicheria paniculata canela-veado Leguminosae Inga marginata ingá-feijão Cedrela lilloi cedro-branco Meliaceae Cedrela fissilis cedro Albizzia polycephala angico-branco Inga sp. ingá Mimosaceae Mimosa scabrella bracatinga Parapiptadenia rigida angico-branco Ficus sp. figueira Moraceae Maclura tinctoria tajuva Myrsine laetevireus capororoca Myrsine coriaceae capororoca Myrsine umbellata capororocão Myrsinaceae Rapanea ferruginea capororoca Rapanea sp. pororoca Rapanea umbellata capororoca-da-folha-graúda Blepharocalyx salicifolius murta Campomanesia guazumifolia sete-capotes Campomanesia xanthocarpa guabiroba Eugenia involucrata cerejeira Eugenia pyriformis uvaia Eugenia uniflora pitanga Myrceugenia euosma guamirim-preto Myrceugenia myrcioides guamirim Myrtaceae Myrcia bombycina guamirim-do-campo Myrcia obtecta araçá-pelado Myrcia selloi piúna Myrcia sp. guamirim-branco Myrcianthes gigantea araçá-do-mato Myrcianthes pungens guabiju Myrciaria tenella cambuí Psidium sp. araçá Siphoneugena reitzii camboim Onagraceae Ludwigia sp. cruz-de-malta Phytolaccaceae Phytolacca dioica umbu Andropogon lateralis capim-caninha Aristida sp. capim-barba-de-bode Poaceae Erianthus trinii macega-estaladeira Merostachys multiramea taquaruçu Paspalum sp. capim Continua...

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Continuação. Família Nome científico Nome comum Podocarpaceae Podocarpus lambertii pinho-bravo Proteaceae Roupala brasiliensis carvalho-brasileiro Rhamnus sphaerosperma canjica Rhamanaceae Scutia buxifolia coronilho Prunus brasiliensis pessegueiro-do-mato Rosaceae Quillaja brasiliensis timbuva Prunus sellowii marmeleiro Coutarea hexandra quina Rubiaceae Randia armata limão-bravo Balfourodendron riedelianum pau-marfim Esenbeckia febrífuga laranjeira Rutaceae Helietta longifoliata canela-de-veado Zanthoxylum hyemale coentrilho Zanthoxylum rhoifolium mamica-de-porca Allophylus edulis vacum Allophylus guaraniticus vacum-mirim Sapindaceae Allophylus sp. vacum-amarelo Cupania vernalis miguel-pintado Matayba elaeagnoides camboatá-branco Sapotaceae Chrysophyllum marginatum aguaí-da-serra Saxifragaceae Escallonia montevidensis canudo-de-pito Brufelsia uniflora sete-sangrias Brunfelsia uniflora primavera Solanaceae Solanum mauritianum fumo-bravo Solanum sp. canela-branca Sphagnaceae Sphagnum sp. musgo-estopa Styracaceae Styrax leprosus carne-de-vaca Symplocos lanceolata corticeira Symplocaceae Symplocos uniflora sete-sangria Thymeliaceae Daphnopsis racemosa imbira Tiliaceae Luehea divaricata açoita-cavalo Celtis spinosa esporão-piloso Ulmaceae Trema micrantha grindiúva Verbenaceae Vitex megapotamica tarumã-branco Winteraceae Drimys winteri casca-d’anta

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ANEXO 3. Espécies da fauna silvestre identificadas na RPPN Emilio Einsfeld Filho e entorno imediato na propriedade da Florestal Gateados Ltda.

MAMÍFEROS Família Nome científico Nome comum Alouatta clamitans bugio-ruivo Atelidae Alouatta guariba bugio Cerdocyon thous graxaim-do-mato Canidae Lycalopex gymnocercus graxaim-do-campo Pseudalopex gymnocercus raposa-do-campo Caviidae Cavia sp. preá Cebidae Cebus nigritus macaco-prego Mazama americana veado-mateiro Mazama gouazoubira veado-catingueiro Cervidae Mazama nana veado-de-mão-curta Ozotocerus bezoarticus veado-campeiro Akodon azarae rato-silvestre Akodon montensis rato-silvestre Akodon paranaensis rato-silvestre Akodon sp. rato-silvestre Bibimys labiosus rato-silvestre Brucepattersonius iheringi rato-silvestre Delomys dorsalis rato-silvestre Deltamys cf. kempi rato-do-delta Euryoryzomys russatus rato-silvestre Holochilus brasiliensis rato-do-junco Juliomys sp. rato-do-chão Cricetidae Necromys lasiurus rato-do-chão Nectomys squamipes rato-d’água Oligoryzomys flavescens camundongo-do-mato Oligoryzomys nigripes camundongo-do-mato Oryzomys sp. rato-do-chão Oxymycterus judex rato-focinhudo Oxymycterus nasutus rato-focinhudo Oxymycterus sp. rato-focinhudo Scapteromys tumidus rato-do-banhado Sooretamys angouya rato-silvestre Thaptomys nigrita rato-pitoco Cuniculidae Cuniculus paca paca Cabassous tatouay tatu-de-rabo-mole Dasypus hybridus tatu-mulita Dasypodidae Dasypus novemcintus tatu-galinha Euphractus sexcinctus tatu-peludo Dasyprocta azarae cutia Continua...

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Continuação. MAMÍFEROS Família Nome científico Nome comum Didelphis albiventris gambá-de-orelhas-brancas Gracilinanus agilis cuíca Didelphidae Monodelphis dimidiata guaiquica Monodelphis sp. catita Philander frenatus cuíca-quatro-olhos Euryzygomatomys spinosus rato-espinho Echimyidae Kannabateomys amblyonyx rato-da-taquara Erethizontidae Sphiggurus villosus ouriço-caixeiro Leopardus pardalis jaguatirica Leopardus tigrinus gato-do-mato-pequeno Felidae Leopardus wiedii gato-maracajá Puma concolor puma Puma yagouaroundi gato-mourisco Hydrochaeridae Hydrochoerus hydrochaeris capivara Leporidae Silvilagus brasiliensis tapiti Mephitidae Conepatus chinga zorrilho Molossidae Molossus molossuss morcego-da-cauda-grossa Eira barbara irara Mustelidae Galictis cuja furão-pequeno Lontra longicaudis lontra Myocastoridae Myocastor coypus ratão-do-banhado Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim Artibeus lituratus morcego-fruteiro Chrotopterus auritus morcego-bombachudo Desmodus rotundus morcego-vampiro Phyllostomidae Pygoderma bilabiatum morcego-de-ipanema Sturnira lilium morcego-fruteiro Sturnira tildae morcego-fruteiro Nasua nasua quati Procyonidae Procyon cancrivorus mão-pelada Sciuridae Sciurus aestuans caxinguelê Pecari tajacu cateto Tayassuidae Tayassu pecari queixada Epitesicus furinalis morcego-borboleta Eptesicus brasiliensis morcego-borboleta-grande Histiotus montanus morcego-orelhudo Vespertilionidae Histiotus velatus morcego-orelhudo Lasiurus ega morcego-das-palmeiras Myotis nigricans morcego-borboleta-escuro Myotis ruber morcego-borboleta-avermelhado Continua...

81

Continuação. AVES Família Nome científico Nome comum Accipiter bicolor gavião-bombachinha-grande Accipiter poliogaster tauató-pintado Accipiter striatus gaviãozinho Accipiter superciliosus gavião-miúdo Busarellus nigricollis gavião-belo Buteo albicaudatus gavião-de-rabo-branco Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta Buteo melanoleucus águia-chilena Buteogallus urubitinga gavião-preto Elanoides forficatus gavião-tesoura Elanus leucurus gavião-peneira Accipitridae Harpagus diodon gavião-bombachinha Harpyhaliaetus coronatus águia-cinzenta Heterospizias meridionalis gavião-caboclo Ictinia plumbea sovi Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza Leucopternis polionotus gavião-pombo Percnohierax leucorrhous gavião-de-sobre-branco Rupornis magnirostris gavião-carijó Spizaetus melanoleucus gavião-pato Spizaetus ornatus gavião-de-penacho Spizaetus tyranus gavião-pega-macaco Chloroceryle amazona martim--verde Alcedinidae Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno Megaceryle torquata martim-pescador-grande Amazonetta brasiliensis marreca-pé-vermelha Anas flavirostris marreca-pardinha Anatidae Anas georgica marreca-parda Anas versicolor marreca-cricri Cairina moschata pato-do-mato Anhingidae Anhinga anhinga biguatinga Chaetura cinereiventris andorinhão-de-sobre-cinzento Chaetura meridionalis andorinhão-do-temporal Apodidae Cypseloides fumigatus taperuçu-preto Cypseloides senex taperuçu-velho Streptoprocne zonaris taperuçu-de-coleira-branca Ardea alba garça-branca-grande Ardea cocoi garça-moura Ardeidae Butorides striata socozinho Egretta thula garça-branca-pequena Nycticorax nycticorax savacu Continua...

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Continuação. AVES Família Nome científico Nome comum Ardeidae Syrigma sibilatrix maria-faceira Bucconidae Nystalus chacuru joão-bobo Caprimulgus longirostris bacurau-da-telha Caprimulgus sericocaudatus bacurau-rabo-de-seda Chordeiles minor bacurauzinho Eleothreptus anomalus curiango-do-banhado Caprimulgidae Hydropsalis torquata bacurau-tesoura Lurocalis semitorquatus tuju Macropsalis forcipata bacurau-tesoura-gigante Nyctidromus albicollis bacurau Cyanoloxia brissonii azulão Cyanoloxia glaucocaerulea azulinho Cardinalidae Cyanoloxia moesta negrinho-do-mato Habia rubica tiê-do-mato-grosso Piranga flava sanhaçu-de-fogo Cariamidae Cariama cristata seriema Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela Cathartidae Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta Sarcoramphus papa urubu-rei Charadriidae Vanellus chilensis quero-quero Ciconia maguari joão-grande Ciconiidae Mycteria americana cabeça-seca Columbina picui rolinha-picuí Columbina talpacoti rolinha-roxa Geotrygon montana pariri Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira Columbidae Leptotila verreauxi juriti-pupu Patagioenas cayennensis pomba-galega Patagioenas picazuro pombão Zenaida auriculata pomba-de-bando Conopophagidae Conopophaga lineata chupa-dente Cyanocorax caeruleus gralha-azul Corvidae Cyanocorax chrysops gralha-picaça Cotingidae Phibalura flavirostris tesourinha-da-mata Cracidae Penelope obscura jacuaçu Crotophagidae Crotophaga ani anu-preto Guira guira anu-branco Cuculidae Piaya cayana alma-de-gato Tapera naevia saci Dendrocolaptidae Campylorhamphus falcularius arapaçu-de-bico-torto Continua...

83

Continuação. AVES Família Nome científico Nome comum Dendrocolaptes platyrostris arapaçu-grande Lepidocolaptes falcinellus arapaçu-escamado-do-sul Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde Xiphocolaptes albicollis arapaçu-grande-garganta-branca Xiphorhynchus fuscus arapaçu-rajado Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo Coryphospingus cucullatus tico-tico-rei Donacospiza albifrons tico-tico-do-banhado Emberizoides ypiranganus canário-do-brejo Embernagra platensis sabiá-do-banhado Haplospiza unicolor cigarra-bambu Poospiza cabanisi tico-tico-da-taquara Emberizidae Poospiza nigrorufa quem-te-vestiu Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro Sicalis luteola tipio Sporophila caerulescens coleirinho Sporophila hypochroma caboclinho-sobre-ferrugem Sporophila hypoxantha caboclinho-barriga-vermelha Volatinia jacarina tiziu Zonotrichia capensis tico-tico Caracara plancus carcará Falco femoralis falcão-de-coleira Falco peregrinus falcão-peregrino Falco sparverius quiri-quiri Falconidae Micrastur ruficollis falcão-cabure Micrastur semitorquatus falcão-relógio Milvago chimachima carrapateiro Milvago chimango chimango Chamaeza campanisona tovaca-campainha Formicariidae Chamaeza ruficauda tovaca-rabo-vermelho Chlorophonia cyanea bandeirinha Euphonia chalybea cais-cais Fringillidae Euphonia chlorotica fim-fim Euphonia cyanocephala gaturamo-rei Sporagra magellanica pintassilgo Anumbius annumbi cochicho Clibanornis dendrocolaptoides cisqueiro Cranioleuca obsoleta arredio-oliváceo Furnariidae Furnarius rufus joão-de-barro Heliobletus contaminatus trepadorzinho Leptasthenura setaria grimpeiro Continua...

84

Continuação. AVES Família Nome científico Nome comum Leptasthenura striolata grimpeirinho Lochmias nematura joão-porca Phacellodomus striaticollis tio-tio Philydor rufum limpa-folha-de-testa-abaia Furnariidae Synallaxis cinerascens pi-puí Synallaxis ruficapilla pichororé Synallaxis spixi joão-teneném Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete Xenops rutilans bico-virado-carijó Grallaria varia tovacuçu Grallariidae Hylopezus nattereri pinto-do-mato Alopochelidon fucata andorinha-morena Petrochelidon pyrrhonota andorinha-de-dorso-acanelado Progne chalybea andorinha-doméstica-grande Hirundinidae Progne tapera andorinha-do-campo Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora Tachycineta leucorrhoa andorinha-de-sobre-branco Agelaioides badius asa-de-telha Cacicus chrysopterus tecelão Cacicus haemorrhous guaxe Icteridae Gnorimopsar chopi graúna Molothrus bonariensis vira-bosta Pseudoleistes guirahuro chopim-do-brejo Sturnella superciliaris polícia-inglesa-do-sul Jacanidae Jacana jacana jaçanã Mimidae Mimus saturninus sabiá-do-campo Nyctibiidae Nyctibius griseus mãe-da-lua Odontophoridae Odontophorus capueira urutau Pandionidae Pandion haliaetus águia-pescadora Basileuterus culicivorus pula-pula Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assoviador Parulidae Geothlypis aequinoctialis pia-cobra Parula pitiayumi mariquita Passeridae Passer domesticus pardal Phalacrocoracidae Phalacrocorax brasilianus biguá Campephilus robustus pica-pau-rei Colaptes campestris pica-pau-do-campo Picidae Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca Melanerpes candidus birro Continua...

85

Continuação. AVES Família Nome científico Nome comum Melanerpes flavifrons benedito-de-testa-amarela Piculus aurulentus pica-pau-dourado Picidae Picumnus nebulosus pica-pau-anão-carijó Picumnus temminickii pica-pau-anão-de-coleira Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó Pipridae Chiroxiphia caudata tangará Podilymbus podiceps mergulhão Podicipedidae Tachybaptus dominicus mergulhão-pequeno Polioptilidae Polioptila lactea balança-rabo-leitoso Amazona pretrei papagaio-charão Amazona vinacea papagaio-do-peito-roxo Psittacidae Pionopsitta pileata cuiú-cuiú Pionus maximiliani maitaca-verde Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha Aramides saracura saracura-do-mato Fulica leucoptera carqueja-de-bico-amarelo Gallinula chloropus frango-d´água-comum Rallidae Gallinula melanops frango-d´água-carijó Laterallus leucopyrrhus sanã-vermelha Pardirallus nigricans saracura-sanã Pardirallus sanguinolentus saracura-do-banhado Ramphastidae Ramphastos dicolorus tucano-de-bico-verde Recurvirostridae Himantopus melanurus pernilongo-de-costas-branca Scytalopus iraiensis macuquinho-da-várzea Rhynocryptidae Scytalopus notorius tapaculo-preto Scleruridae Sclerurus scansor vira-folha Asio clamator coruja-orelhuda Asio flammeus mocho-dos-banhados Asio stygius mocho-diabo Athene cunicularia coruja-buraqueira Glaucidium brasilianum caburé Strigidae Megascops choliba corujinha-do-mato Megascops sanctaecatarinae corujinha-do-sul Pulsatrix koeniswaldiana murucututu-de-barriga-amarela Strix hylophila coruja-listrada Strix virgata coruja-do-mato Batara cinerea matracão Drymophila malura choquinha-carijó Thamnophilidae Drymophila rubricollis trovoada-de-bertoni Dysithamnus mentalis choquinha-lisa Mackenziaena leachii borralhara-assoviadoura Continua...

86

Continuação. AVES Família Nome científico Nome comum Thamnophilus caerulescens choca-da-mata Thamnophilidae Thamnophilus ruficapillus choca-de-chapéu-vermelho Hemithraupis guira saíra-de-papo-preto Pipraeidea melanonota saíra-viúva Pyrrhocoma ruficeps cabecinha-castanha Saltator maxillosus bico-grosso Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro Stephanophorus diadematus sanhaçu-frade Thraupidae Tachyphonus coronatus tiê-preto Tangara preciosa saíra-preciosa Tersina viridis saí-andorinha Thraupis bonariensis sanhaçu-papa-laranja Thraupis cyanoptera sanhaçu-de-encontro-azul Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento Trichothraupis melanops tiê-de-topete Mesembrinibis cayennensis coro-coró Threskiornithidae Theristicus caudatus curicaca Crypturellus obsoletus inhambuguaçu Crypturellus parvirostris inhambu-chororó Tinamidae Nothura maculosa perdiz Rhynchotus rufescens perdigão Pachyramphus castaneus caneleirinho Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto Pachyramphus validus caneleiro-de-chapéu-preto Tityridae Pachyramphus viridis caneleiro-verde Schiffornis virescens flautim Tityra cayana anambé-branco-de-rabo-preto Tityra inquisitor anambé-branco-de-bochecha-parda Anthracothorax nigricollis beija-flor-de-veste-preta Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho Colibri serrirostris beija-flor-de-orelha-violeta Florisuga fusca beija-flor-preto Trochilidae Hylocharis chrysura beija-flor-dourado Leucochloris albicollis beija-flor-de-papo-branco Stephanoxis lalandi beija-flor-de-topete Thalurania glaucopis beija-flor-de-fronte-violeta Troglodytidae Troglodytes musculus corruíra Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela Trogonidae Trogon surrucura surucuá-variado Catharus ustulatus sabiá-de-óculos Turdidae Turdus albicollis sabiá-coleira Continua...

87

Continuação. AVES Família Nome científico Nome comum Turdus amaurochalinus sabiá-poca Turdus leucomelas sabiá-barranco Turdidae Turdus rufiventris sabiá-laranjeira Turdus subalaris sabiá-ferreiro Camptostoma obsoletum risadinha Capsiempis flaveola marianinha-amarela Cnemotriccus fuscatus guaracavuçu Contopus cinereus papa-moscas-cinzento Elaenia chilensis guaracava-de-crista-branca Elaenia mesoleuca tuque Elaenia obscura tucão Elaenia parvirostris guaracava-de-bico-curto Empidonomus varius peitica Hemitriccus obsoletus catraca Hirundinea ferruginea gibão-de-couro Knipolegus cyanirostris maria-preta-de-bico-azulado Knipolegus lophotes maria-preta-penacho Lathrotriccus euleri enferrujado Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata Leptopogon amaurocephalus cabeçudo Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro Megarynchus pitangua neinei Tyrannidae Mionectes rufiventris abre-asa-de-cabeça-cinza Myiarchus swainsoni irré Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta Myiopagis viridicata guaracava-de-crista-alaranjada Myiophobus fasciatus filipe Myiornis auricularis miudinho Myiozetetes similis bentevizinho-de-penacho-vermelho Phyllomyias burmeisteri piolhinho- Phyllomyias fasciatus piolhinho Phyllomyias griseocapilla piolhinho-serrano Phyllomyias virescens piolhinho-verdano Phylloscartes ventralis borboletinha-do-mato Pitangus sulphuratus bem-te-vi Platyrinchus mystaceus patinho Poecilotriccus plumbeiceps tororó Pyrocephalus rubinus príncipe Satrapa icterophrys suiriri-pequeno Serpophaga nigricans joão-pobre Continua...

88

Continuação. AVES Família Nome científico Nome comum Serpophaga subcristata supi-de-cabeça-cinza Sirystes sibilator gritador Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta Tyrannidae Tyrannus melancholicus suiriri Tyrannus savana tesourinha Xolmis cinereus primavera Xolmis dominicanus noivinha-de-rabo-preto Tytonidae Tyto alba coruja-da-igreja Cyclarhis gujanensis pitiguari Vireonidae Hylophilus poicilotis verdinho-coroado Vireo olivaceus juruviara RÉPTEIS Família Nome científico Nome comum Anguidae Ophiodes fragilis cobra-de-vidro Amphisbaenidae Amphisbaena darwini cobra-cega Atractus reticulatus - Chironius bicarinatus cobra-cipó Clelia rustica muçurana Echinanthera cyanopleura corredeira-do-mato Helicops infrataeniatus cobra-d'água Liophis jaegeri cobra-verde-d'agua Liophis miliaris cobra-do-banhado Liophis poecilogyrus cobra-do-capim Oxyrhopus clathratus falsa-coral-serrana Oxyrhopus rhombifer falsa-coral Colubridae Philodryas aestiva cobra-verde Philodryas arnaldoi parelheira-serrana Philodryas patagoniensis parelheira Sibynomorphus sp. dormideira Taeniophallus affinis corredeira Thamnodynastes hypoconia corredeira Thamnodynastes strigatus corredeira-do-campo Tomodon dorsatus cobra-espada Xenodon merremii boipeva Xenodon neuwiedi boipeva-serrana Elapidae Micrucus altirostris coral-verdadeira Gymnophthalmidae Cercosaura schreibersii lagartixa-marrom Leiosauridae Anisolepis grilli lagartixa-das-uvas Scincidae Mabuya dorsivittata lagartixa Teiidae Tupinambis merianae teiú Tropiduridae Tropidurus torquatus lagartixa Continua...

89

Continuação. RÉPTEIS Família Nome científico Nome comum Bothrops alternatus urutu Bothrops cotiara cotiara Viperidae Bothrops jararaca jararaca Crotalus durissus cascavel ANFÍBIOS Família Nome cientifico Nome comum Brachycephalidae Ischnocnema henselii rã-das-matas Melanophryniscus simplex sapinho-de-barriga-vermelha Bufonidae Rhinella crucifer sapo-de-cruz Rhinella icterica sapo-cururu Caecillidae Siphonops sp. cobra-cega Centrolenidae Hyalinobatrachium uranoscopum perereca-de-vidro Odontophrynus americanus sapo-de-enchente Cycloramphidae Proceratophrys bigibbosa sapo-de-chifre Proceratophrys brauni sapo-de-chifre Aplastodiscus perviridis perereca-verde Dendropsophus microps perereca Dendropsophus minutus pererece-rajada Dendropsophus nahdereri perereca-marmoreada Dendropsophus sanborni perereca Hypsiboas bischoffi perereca Hypsiboas faber sapo-ferreiro Hypsiboas leptolineatus perereca-listrada Hypsiboas pulchellus perereca-do-banhado Pseudis cardosoi rã-boiadora Hylidae Scinax aromothyella perereca Scinax berthae perereca Scinax catharinae perereca Scinax fuscovarius perereca-raspa-de-cuia Scinax granulatus perereca-do-banheiro Scinax perereca perereca Scinax squalirostris perereca-nariguda Scinax uruguayus perereca Sphaenorhynchus aff. surdus perereca-verde-do-brejo Trachycephalus dibernardoi perereca-leiteira Physalaemus aff. henselii rã Physalaemus cuvieri rã-cachorro Leiuperidae Physalaemus gracilis rã-chorona Physalaemus lisei rã Leptodactylus fuscus rã-assoviadora Leptodactylidae Leptodactylus gracilis rã-listrada Continua...

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Continuação. ANFÍBIOS Família Nome cientifico Nome comum Leptodactylus mystacinus rã-de-bigode Leptodactylidae Leptodactylus ocellatus rã-crioula Leptodactylus plaumanni rã-listrada Microhylidae Elachistocleis bicolor rã-de-barriga-amarela PEIXES Família Nome cientifico Nome comum Anostomidae Schizodon nasutus voga Astyanax bimaculatus lambari Astyanax eigenmanniorum lambari Astyanax fasciatus lambari Astyanax scabripinnis lambari Astyanax sp. 1 lambari Characidae Astyanax sp. 2 lambari Astyanax sp. 3 lambari Astyanax sp. 4 lambari Bryconamericus iheringii lambari Oligosarcus brevioris peixe-cachorro Oligosarcus jenynsii peixe-cachorro Crenicichla celidochilus joaninha Crenicichla igara joaninha Cichlidae Crenicichla jurubi joaninha Crenicichla missioneira joaninha Geophagus brasiliensis cará Curimatidae Steindachnerina brevipinna biru Erythrinidae Hoplias malabaricus traíra Heptapteridae Rhamdella longiuscula mandi Hemiancistrus sp. cascudo-abacaxi Hemipsilichthys sp. cascudo Hypostomus cf. rhinelepis cascudo Loricariidae Hypostomus commersonii cascudo-chocolate Hypostomus isbrueckeri cascudo Loricariichthys anus cascudo-chicote Rineloricaria sp. violinha Iheringichthys labrosus mandi-beiçudo Parapimelodus valenciennis mandi-beiçudo Pimelodidae Pimelodus maculatus pintado-amarelo Rhamdia quelen jundiá

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ANEXO 4. Espécies da fauna silvestre identificadas na RPPN Emilio Einsfeld Filho e entorno imediato na propriedade da Florestal Gateados Ltda. consideradas como ameaçadas de extinção

MAMÍFEROS Espécie Nível* Categoria de ameaça** Alouatta clamitans R VU Alouatta guariba N; G CR; LC Cuniculus paca R; G EN; LC Dasyprocta azarae R; G VU; DD Eira barbara R; G VU; LC Leopardus pardalis R; N; G VU; VU; LC Leopardus tigrinus R; N; G VU; VU; VU Leopardus wiedii R; N; G VU; VU; QA Lontra longicaudis R; G VU; DD Mazama americana R; G EM; DD Mazama gouazoubira R; G VU; LC Mazama nana R; N; G CR; VU; DD Monodelphis dimidata N DD Myotis ruber N VU Nasua nasua R; G VU; LC Pecari tacaju R EN Puma concolor R; N; G EN; VU; LC Puma yagouaroundi G LC Tamandua tetradactyla R; G VU; LC Tayassu pecari R; G CR; QA AVES Espécie Nível Categoria de ameaça Accipiter poliogaster R CR Amazona pretrei R; N; G VU; VU; VU Amazona vinacea R; N; G EN; VU; EN Busarellus nigricollis R VU Cairina moschata R EN Campephilus robustus R EN Caprimulgus sericocaudatus R VU Capsiempis flaveola R VU Clibanornis dendrocolaptoides R VU Contopus cinereus R EN Drymophila rubricollis R EN Dryocopus lineatus R VU Eleothreptus anomalus R EN Grallaria varia R; N VU; VU Harpyhaliaetus coronatus R; N; G CR; VU; EN Continua...

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Continuação. AVES Espécie Nível Categoria de ameaça Leptodon cayanensis R CR Leucopternis polionotus R EN Mesembrinibis cayennensis R EN Odontophorus capueira R; N VU; EN Phibalura flavirostris R CR Polioptila lactea R EN Sarcoramphus papa R CR Spizaetus melanoleucus R CR Spizaetus ornatus R PE Spizaetus tyranus R CR Sporophila hypoxantha R CR Strix virgata R CR Xolmis dominicanus R; G VU; VU RÉPTEIS Espécie Nível Categoria de ameaça Bothrops cotiara R VU Philodryas arnaldoi R VU ANFÍBIOS Espécie Nível Categoria de ameaça Hyalinobatrachium uranoscopum R VU Sphaenorhynchus surdus R VU Melanophryniscus simplex G DD Proceratophrys bigibbosa G QA Scinax aromothyella G DD Trachycephalus dibernardoi G LC

* Nível refere-se à lista oficial em que a espécie é considerada ameaçada de extinção, que pode ser regional (R), com referência ao estado do Rio Grande do Sul (Fontana, Bencke & Reis, 2003; Marques et al., 2002), nacional (N) (Machado, Drummond & Paglia, 2008), ou global (G) (lista vermelha da IUCN, disponível em ).

** Categorias de ameaça: criticamente em perigo (CR), em perigo (EN), vulnerável (VU), quase ameaçada (QA), menor risco (LR), menor preocupação (LC) ou dados insuficientes (DD).

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ANEXO 5. Espécies de peixes detectadas na área de influência da usina hidroelétrica de Barra Grande, região sul do Brasil

Família Nome científico Família Nome científico Leporinus amae Sternopygidae Eigenmannia virescens Anostomidae Schizodon nasutus Crenicichla celidochilus Acestrorhynchidae Acestrorhynchus pantaneiro Crenicichla igara Astyanax bimaculatus Crenicichla jurubi Cichlidae Astyanax eigenmanniorum Crenicichla missioneira Astyanax fasciatus Crenicichla vittata Astyanax gr. scabripinnis Geophagus brasiliensis Astyanax sp. 1 Cetopsidae Cetopsis gobioides Astyanax sp. 2 Rhamdella longiuscula Heptapteridae Astyanax sp. 3 Rhamdia quelen Characidae Bryconamericus iheringii Loricariidae cf. Rhinelepis Bryconamericus stramineus Hemiancistrus sp. 3 Cynopotamus kincaidi Hemipsilichthys sp. 5 Galeocharax humeralis Hypostomus commersoni Oligosarcus brevioris Loricariidae Hypostomus isbrueckeri Oligosarcus cf. jenynsii Hypostomus luteus Serrasalmus maculatus Hypostomus regani Steindachnerina biornata Hypostomus roseopunctatus Curimatidae Steindachnerina brevipinna Loricariichthys anus Hoplias lacerdae Iheringichthys labrosus Erythrinidae Hoplias malabaricus Parapimelodus valenciennis Paradontidae Apareiodon affinis Pimelodus absconditus Pimelodidae Prochilodontidae Prochilodus lineatus Pimelodus atrobrunneus Cyprinidae Cyprinus carpio Pimelodus maculatus Gymnotidae Gymnotus carapo Steindachneridion scriptum

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ANEXO 6. Estradas gerais e secundárias na propriedade da Florestal Gateados Ltda.

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ANEXO 7. Termos de parceria da Gateados com a BAESA e com a polícia ambiental de Santa Catarina

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ANEXO 8. Procedimento Operacional de Segurança Patrimonial

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ANEXO 9. Procedimento Operacional de Prevenção e Combate a Incêndio

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ANEXO 10. Procedimento Operacional de Silvicultura

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ANEXO 11. Procedimento Operacional de Estradas

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