O GRANDE LIVRO DOS VAMPIROS © Pipoca & Nanquim, Para a Edição Brasileira, 2021
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Collection and introductions copyright © Stephen Jones 2001, 2017 Originalmente publicado como The Mammoth Book of Vampire Stories by Women pela Robinson Publishing O GRANDE LIVRO DOS VAMPIROS © Pipoca & Nanquim, para a edição brasileira, 2021. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a autorização prévia dos editores. Tradução DANDARA PALANKOF Preparação de texto RODRIGO GUERRINO e ALEXANDRE CALLARI Revisão AUDACI JUNIOR e ANA CAROLINA SALINAS Capa e projeto gráfico GIOVANNA CIANELLI e DANIEL LOPES Arte da capa WAGNER WILLIAM Edição RODRIGO GUERRINO Direção editorial ALEXANDRE CALLARI, BRUNO ZAGO e DANIEL LOPES Dados Internacionais de Catalogação na Fonte (CIP) / André de Queiroz – CRB 4/2242 G751 O grande livro dos vampiros / Anne Rice et al.; tradução por Dandara Palankof. – São Paulo : Pipoca & Nanquim, 2021. Coletânea de contos das autoras Anne Rice, Ingrid Pitt, Poppy Z. Brite, Mary A. Turzillo, Tanya Huff, Nancy Kilpatrick, Tina Rath, Freda Warrington, Nancy A. Collins, Storm Constantine, Elizabeth Hand, Louise Cooper, Janet Berliner, Yvonne Navarro, Mary E. Wilkins-Freeman, Lisa Tuttle, Chelsea Quinn Yarbro, Kathryn Ptacek, Wendy Webb, E. Nesbit, Roberta Lannes, Tanith Lee, Gemma Files, Mary Elizabeth Braddon, Melanie Tem, Elizabeth Massie, Ellen Kushner, Christa Faust, Edith Wharton, Pat Cadigan, Caitlín R. Kiernan, Angela Slatter, Gwyneth Jones, Connie Willis e Jane Yolen. ISBN: 978-65-89912-61-3 1. Literatura de horror – contos fantásticos. 2. Antologia. I. Palankof, Dandara. CDD: 82-344 CDU: 813 pipocaenanquim.com.br youtube.com/pipocaenanquim instagram.com/pipocaenanquim [email protected] Dedicado à memória de todas as maravilhosas mulheres que contribuíram com esta antologia e que não estão mais entre nós. sumário ANTERROSTO PÁGINA DE DIREITOS AUTORAIS FOLHA DE ROSTO DEDICATÓRIA SUMÁRIO PREFÁCIO: MINHA VIDA EM MEIO AOS MORTOS- VIVOS Ingrid Pitt O MESTRE DO PORTAL DE RAMPLING Anne Rice A DESTRUIDORA DE LARES Poppy Z. Brite QUANDO GRETCHEN ERA HUMANA Mary A. Turzillo O VINGATIVO ESPÍRITO DO LAGO NEPEAKEA Tanya Huff LA DIENTE Nancy Kilpatrick A SENHORITA MASSINGBERD E O VAMPIRO Tina Rath O CORVO CATIVO Freda Warrington O REI VAMPIRO DAS MINAS GÓTICAS Nancy A. Collins BEM O TIPO DELE Storm Constantine PRÍNCIPE DAS FLORES Elizabeth Hand SERVIÇOS PRESTADOS Louise Cooper A CONSEQUÊNCIA Janet Berliner UMA ENTRE MILHÕES Yvonne Navarro LUELLA MILLER Mary E. Wilkins-Freeman SANGRE Lisa Tuttle UMA QUESTÃO DE PATROCÍNIO Chelsea Quinn Yarbro HISAKO-SAN Ingrid Pitt COR DE ABÓBORA E SANGUE Kathryn Ptacek CIDADES ADORMECIDAS Wendy Webb A CASA ASSOMBRADA E. Nesbit MANJAR TURCO Roberta Lannes A VÊNUS SURGINDO DAS ÁGUAS Tanith Lee ANO ZERO Gemma Files A BONDOSA LADY DUCAYNE Mary Elizabeth Braddon ALMOÇO NO CHARON’S Melanie Tem PARA SEMPRE, AMÉM Elizabeth Massie RISADA DA NOITE Ellen Kushner VERSÃO PIRATA Christa Faust ENFEITIÇADO Edith Wharton A GUARDIÃ DO MEU IRMÃO Pat Cadigan ASSIM VAI-SE O MUNDO Caitlín R. Kiernan A ESCADARIA NOTURNA Angela Slatter UMA LUZ QUE VEM DO NORTE Gwyneth Jones JACK Connie Willis VAMPYR Jane Yolen AGRADECIMENTOS SOBRE O EDITOR DA OBRA ORIGINAL PREFÁCIO: MINHA VIDA EM MEIO AOS MORTOS- VIVOS Ingrid Pitt A NEVE CAÍA horizontalmente pela Rua Wardour, em Londres, quando saí do táxi e comecei a andar cautelosamente pela profunda camada de neve semiderretida na calçada. Eu havia gastado um tempo considerável decidindo se faria a viagem e, mesmo agora, abrigada sob a soleira da porta da Hammer House, eu ainda não estava certa de que aquela havia sido a escolha correta. Afinal, eu havia acabado de participar de um épico grandioso do cinema com a MGM e me parecia ser um passo para trás considerar um filme de baixo orçamento do gênero de horror. Eu tinha certeza de que nem Richard Burton nem Clint Eastwood, com quem eu havia atuado em Desafio das Águias, teriam considerado isso por um momento que fosse. Me sacudi pra tirar a neve de mim e abri a porta. Quem eu estava tentando enganar? Certo, Desafio das Águias havia sido ótimo, mas desde o encerramento das filmagens... nadica. Era hora de seguir em frente. Aproveitar a grande publicidade que eu vinha tendo e transformá-la em algo positivo. Corri pelo curto lance de escadas até a porta interna e a atravessei. Na noite anterior, eu estive na festa pós-estreia de Alfredo, o Grande e havia me sentado ao lado de Sir James Carreras, chefe da Hammer Productions. Ele me disse que estava procurando por uma atriz para interpretar a protagonista de um novo filme de vampiros que ele estava produzindo, e me perguntou se eu teria interesse. Decidi deixar a pose de lado e me mostrei interessada. E era por isso que eu havia desbravado a nevasca e agora estava em frente ao seu escritório, vestida para matar e ainda me perguntando se estava fazendo a coisa certa. Jimmy foi ótimo. Ele me fez sentir como se estivesse fazendo um favor a ele se aceitasse o papel. Dei um belo sorriso e disse que falaria com meu agente, mas ambos sabíamos que eu estava total e verdadeiramente fisgada. O filme se chamava Carmilla, a Vampira de Karnstein, e o roteiro era assinado por Tudor Gates, baseado na secular história Carmilla, escrita por J. Sheridan Le Fanu. Foi uma das produções mais felizes em que já trabalhei. A Hammer Films era bastante conhecida pelo senso de camaradagem que fomentava e Carmilla não foi exceção. Contudo, as coisas às vezes fugiam um pouco do controle. Os dois produtores, Harry Fine e Michael Style, sempre se certificavam de estar por perto quando uma cena “interessante” estava prestes a ser filmada. Madeleine Smith e eu fizemos juntas uma cena erótica que poderia ser desconfortável se não fosse conduzida no estado de espírito correto. Nenhuma das duas havia feito cenas de nudez, então pedimos a Jimmy que inventasse alguma desculpa para chamar Harry e Michael para Londres. Eu estava andando por um corredor nos Estúdios Elstree, usando apenas um roupão para a cena, quando vi os produtores se aproximando. Eles pareciam tão infelizes que não pude resistir ao anseio de animá-los. Enquanto nos aproximávamos, eu abri o roupão! E quando continuaram andando, estavam com os passos bem mais leves. Uma das melhores cenas que já vi num filme de vampiros acontece perto do final de Carmilla. Com sua verdadeira natureza revelada e perseguida por um vingativo caçador de vampiros, o General von Spielsdorf (Peter Cushing), Carmilla corre de volta para sua tumba. À luz da lua, as lápides se destacam feito monólitos no miasma. Vestindo uma camisola branca transparente, ela flutua pelo cemitério, tão insubstancial quanto a névoa que a rodeia. A atmosfera, por vezes, era bem assustadora. Mas, com seis mulheres jovens no set, às vezes ficava um pouco frenética. Era fácil termos crises de riso e atrasarmos as filmagens. Roy Ward Baker, o diretor, era maravilhoso. Ele esperava pacientemente todos se controlarem e então continuava, como se ninguém tivesse acabado de rolar pelo chão, se acabando de rir. Uma cena em particular demandou muito trabalho para ficar pronta. Eu deveria morder Kate O’Mara. Kate geralmente é controlada, mas quando ela se solta... ela se solta. Embora minhas presas tivessem sido especialmente feitas por um dentista, elas não se encaixavam tão bem como deveriam. Eu tinha essa grande luta com Kate e meus incisivos decidiram desertar da minha boca para as profundezas mais sedutoras do decote de Kate. Obviamente, todos os homens do set galantemente se prontificaram a recuperá-los! Kate começou a rir, mas eu estava muito preocupada com meus dentes rebeldes para me deixar afetar. Tentamos fazer a cena novamente. Meus dentes se jogaram no decote de Kate como um coelho descendo pela toca. Kate saiu da personagem. Todo mundo tentou manter a calma. Kate deu seu jeito de baixar o facho. E você acredita que aqueles malditos dentes se mandaram pro seu novo lar mais uma vez? Desta vez, Kate surtou com todo o resto do set. Só consegui ficar com raiva. Notei que um dos maquinistas estava mascando chiclete. Chamei ele, peguei a goma de mascar e colei as presas novamente em minha boca usando o chiclete como ventosa. Sucesso. Mas, naquele momento, Kate e o resto da equipe estavam gargalhando ainda mais freneticamente. Aquilo encerrou os trabalhos do dia e, naquela altura, até eu estava rolando histericamente pelo chão. No dia seguinte, eu me certifiquei de que meus dentes estavam bem presos. E todo mundo se certificou de não fazer contato visual com mais ninguém. Pois isso era o que havia nos levado ao desastre. No geral, contudo, essa foi uma introdução maravilhosa ao mundo dos vampiros e da matança gótica. Quando estávamos terminando Carmilla, ouvi dizer que a Hammer estava produzindo outro filme, chamado Condessa Drácula. Seria uma produção grande e luxuosa e a protagonista parecia ser bem a minha cara: uma assassina em série do século XVI chamada Condessa Erzsébet Bathory. Eu também tinha ouvido dizer que Diana Rigg estava escalada para o papel. Isso eu não ia admitir, então, encurralei Jimmy Carreras e fiz ele prometer me dar uma chance. Também havia outros dois filmes de vampiros em pré-produção na Hammer: Luxúria de Vampiros e As Filhas de Drácula. Eu li os primeiros tratamentos dos roteiros. A personagem de Carmilla fazia outras aparições, mas os papéis eram mais coadjuvantes do que protagonistas e isso me deixou ainda mais determinada a conseguir o papel de Erzsébet Bathory. Não sei o que houve, mas um dia Jimmy me chamou ao escritório e disse que eu iria interpretar Bathory. Infelizmente, Condessa Drácula não foi o mar de sorrisos que Carmilla havia sido. Para começar, a gerência havia chegado à conclusão de que a Hammer estava numa batalha por sua sobrevivência que seria difícil vencer.