MINISTÉRIO PÚBLICO DO PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT

Relatório Técnico de Vistoria Nº 751/ 2013 - NAT / AMBIENTAL

INTERESSADO: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE BANABUIÚ

OBJETO DA VISTORIA: SANEAMENTO AMBIENTAL

MUNICÍPIO: BANABAUIÚ

PROCESSO Nº: 25773/2013-4

DATA DA VISTORIA: 20/11/2013

DATA DO RELATÓRIO: 09/12/2013

1 – DA SOLICITAÇÃO

Em atendimento à solicitação do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente – CAOMACE, face às deliberações oriundas do encontro de Coordenadores Regionais de Promotorias de Justiça das Bacias Hidrográficas, bem como dos encaminhamentos da Reunião de Coordenadoria Regional da Bacia do Banabuiú, este Núcleo de Apoio Técnico - NAT realizou vistoria técnica no município de BANABUIÚ, para fins de verificar - com base em dados secundários, entrevistas qualificadas, e inspeção local - o atendimento dos aspectos que abrangem o SANEAMENTO AMBIENTAL municipal: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

2 – DA BACIA HIDROGRÁFICA DE BANABUIÚ

A Sub-bacia do rio Banabuiú compreende, essencialmente, os sertões centrais do Ceará mais fortemente submetidos aos rigores da semiaridez. Por sua localização central, limita-se com quase todas as Bacias do Estado, excetuando-se as bacias do Coreaú, do Litoral e a sub- bacia do Salgado. É uma das cinco Sub-bacias que compõem a Bacia do .

O rio Banabuiú é o mais importante rio desta Sub-bacia. Drena uma área de 19.810 km2, desenvolve-se no sentido oeste-leste, percorrendo um curso total de 314 km, até desaguar no

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT rio Jaguaribe nas proximidades da cidade de . Sua área equivale a 13% do território cearense.

s Percentual da área da Bacia do Banabuiú em relação ao Estado do Ceará

Municípios da bacia e principais afluentes

Este rio tem como principais afluentes pela margem esquerda os rios Patu, Quixeramobim e Sitiá e pela margem direita destaca-se apenas o riacho Livramento. A Sub- bacia do Banabuiú drena 15 (quinze) municípios: Banabuiú, Boa Viagem, , , Madalena, Mombaça, , , Pedra Branca, , Quixadá, Quixeramobim, , Limoeiro do Norte e Milhã, estes dois últimos drenados parcialmente.

3 – DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Em 2007 é publicada a Lei Federal Nº 11.445/071, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico - como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de

1Decreto de Regulamentação nº 7.217, de 21 de junho de 2010

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas - e institui a política nacional para o saneamento.

Com a publicação da Lei todas as prefeituras têm obrigação de elaborar seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). O PMSB é um dos instrumentos da Política de Saneamento Básico do município. Essa Política deve ordenar os serviços públicos de saneamento considerando as funções de gestão para a prestação dos serviços, a regulação e fiscalização, o controle social, o sistema de informações, conforme o Decreto 7.217/2010.

Sem o PMSB, a partir de 2014, a Prefeitura não poderá receber recursos federais para projetos de saneamento básico. O documento, após aprovado, torna-se instrumento estratégico de planejamento e de gestão participativa, passando a ser a referência de desenvolvimento de cada município, estabelecidas as diretrizes para o saneamento básico e fixadas as metas de cobertura e atendimento com os serviços de água; coleta e tratamento do esgoto doméstico, limpeza urbana, coleta e destinação adequada do lixo urbano e drenagem e destino adequado das águas de chuva.

A lei 11.445/07 restabelece o papel do poder público local na participação do planejamento do setor, na tentativa de reduzir o distanciamento dos municípios em relação aos problemas de saneamento, delegados em sua maioria às empresas estaduais. Ao mesmo tempo, a Lei oferece alternativas de regionalização ou formação de consórcios públicos.

Dos quatro eixos do saneamento básico:

(a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

(b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;

(c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;

(d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

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Município de Banabuiú

3.1 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL

A água constitui-se em elemento essencial à vida. O acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada está diretamente ligado à saúde da população, contribuindo para reduzir a ocorrência de diversas doenças.

O serviço de abastecimento de água através de rede geral caracteriza-se pela retirada da água bruta da natureza, adequação de sua qualidade, transporte e fornecimento à população através de rede geral de distribuição. Há de se considerar, ainda, formas alternativas de abastecimento das populações (água proveniente de chafarizes, bicas, minas, poços particulares, carros-pipas, cisternas, etc.).

MUNICÍPIO DE BANABUIÚ - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL

Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição Órgão gestor: SAAE ETA: O município possui uma única Estação de Tratamento de Água, localizada a cerca de 170 metros da área de captação

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Etapas de Tratamento: Tratamento convencional, dispondo apenas de 02 (dois) filtros (filtração) e a adição de cloro gasoso (cloração). A administração informa que a partir de 14/01/2014, terá início a aplicação de flúor (fluoretação) dentro do ciclo de tratamento Licença Ambiental: O Sistema Abastecimento de Água de Banabuiú possui Licença de Operação expedida pela SEMACE, estando o mesmo em processo de renovação junto ao órgão ambiental Testes Físico-químicos (Cloro Residual Livre, Turbidez, Cor e pH) e Testes Microbiológicos (Coliformes): A água tratada distribuída é monitorada diariamente por química habilitada, em laboratório situado junto às dependências da Estação de Tratamento. Amostras também são coletadas para envio ao laboratório da CAGECE, em Quixadá (3x/semana). Resultados recentes das análises dos parâmetros exigidos por Portaria do Ministério da Saúde para a qualidade da água distribuída no sistema de Banabuiú, apontam a conformidade exigida. A água é potável sob o ponto de vista bacteriológico Número de ligações e percentual: Atualmente, são cerca de 3.200 ligações ativas. O índice de cobertura de água do sistema, bem como o nível de atendimento ativo de água, no município, são de 77,78% (área urbana). Está prevista a ampliação da cobertura do sistema, com a implantação de mais sistemas de captação, adução, tratamento, estações elevatórias, reservatórios e rede de distribuição com 3.295 ligações. Após a conclusão do referido projeto, a cobertura do abastecimento de água do município será de 100%. Manancial de Captação: Atualmente, o Açude Arrojado Lisboa, conhecido como Açude Banabuiú, é utilizado na captação da água bruta pelo sistema Informações Complementares: Face a sua topografia, a localidade de Alto Alegre possui problemas eventuais de abastecimento. Na zona rural, o abastecimento é garantido pelo Projeto São José. Segundo a administração municipal, está prevista uma ampliação dos projetos de abastecimento dessa área, através de recursos do PAC 3

Figura 01 Figura 02

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Figura 03 Figura 04

Figura 05 Figura 06

Figura 07 Figura 08

Figura 01-08 – Área técnico-operacional do Sistema de Abastecimento de Água de Banabuiú:(01, 02) captação; (03) filtros; (04) cloração; (05) tratamento; (08) reservatório. Fonte: Dados de vistoria NAT. Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 6

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Figura 09 Figura 10

Figura 11 Figura 12

Figura 13

Figura 09-13 – Área técnico-operacional do Sistema de Abastecimento de Água de Banabuiú (09-12) laboratório; (13) licença ambiental. Fonte: Dados de vistoria NAT. Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 7

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3.2 - ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Da água distribuída pelo sistema de abastecimento público e efetivamente utilizada nas atividades humanas, 80%, em média, é transformada em esgoto, o qual deve ser coletado e tratado antes de ser lançado no solo ou em corpos d’água.

As características físicas e químicas do esgoto sanitário variam em função dos usos da água e podem apresentar em sua composição, além de grande quantidade de matéria orgânica, microrganismos patogênicos e substâncias químicas tóxicas. Estes componentes precisam, portanto, ser coletados e tratados adequadamente, de forma que seja evitada a transmissão de doenças ao homem e minimizados os seus impactos sobre o meio ambiente.

O tratamento de esgoto adotado pode ser individual ou coletivo. Nas aglomerações urbanas é recomendável que exista um sistema coletivo de esgotamento, composto de rede de coleta e estação de tratamento para as águas residuárias. As soluções individuais são indicadas para o meio rural ou para áreas de baixa densidade habitacional. Em ambas as situações, a adoção do esgotamento sanitário poderá causar novos danos ao homem e ao meio ambiente, caso não seja planejado e implantado de acordo com as recomendações técnicas pertinentes.

Os projetos de esgotamento sanitário, quando corretamente executados, têm a finalidade de minimizar os efeitos do lançamento do esgoto in natura sobre o ambiente, caracterizando-se, assim, como um impacto positivo, possibilitando a redução dos índices de doenças e de perigo à saúde da população, a melhoria de qualidade das águas e o aumento dos benefícios dessas águas para os diversos usos.

Toda construção permanente urbana com condições de habitabilidade situada em via pública, beneficiada com redes públicas de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário deverá, obrigatoriamente, conectar-se a rede pública, de acordo com o disposto no art. 45 da Lei Federal no 11.445, de 5 de janeiro de 2007, respeitadas as exigências técnicas do prestador de serviços.

MUNICÍPIO DE BANABUIÚ - ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente Órgão gestor: SAAE. No entanto, o município de Banabuiú não possui sistema regular de coleta de esgotos domiciliares. Grande parte da população utiliza o sistema de fossas sépticas para o tratamento de esgotos. O município está em vias de receber recursos provenientes do PAC 2 para a implantação de seu sistema de esgotamento sanitário (SES) Licença Ambiental: O processo de licenciamento do empreendimento está em análise no órgão ambiental, conforme Protocolo Nº 19359-REQ ETE, EEE: O sistema disporá de Estação de Tratamento dos Esgotos coletados e estação Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 8

MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT elevatória. A ETE será composta por 03 (três) lagoas de estabilização, com estrutura para o tratamento preliminar do esgoto bruto recepcionado Tipos de Esgotos Recebidos e Tratados: Águas de lavagem residuárias e esgoto doméstico Número de Ligações Prediais: Segundo dados oficiais, o esgotamento sanitário atualmente existente em Banabuiú é de 640 ligações na rede geral, 210 fossas sépticas e 2.710 outras formas, sendo que 984 não tem banheiro. Após a conclusão da etapa útil de implantação do SES, o município contará com uma cobertura de 80% de esgotamento sanitário, o que representará 2.332 unidades. Corpo Receptor: Rio Banabuiú

Figura 14 Figura 15

Figura 14-15 – Esgotos brutos acabam por clandestinamente desaguarem em lagoas do município. Fonte: Dados de vistoria NAT.

3.3 - LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

No estado do Ceará as desigualdades ficam por demais visíveis quando se analisam os serviços básicos de saneamento, sendo o tratamento dos resíduos sólidos um dos mais importantes, não só pela coleta , mas também, pelo destino dos mesmos.

No interior do Estado, principalmente, o lixo quando coletado não passa por nenhum processo seletivo, à exceção de oito municípios2. Parte desses detritos é depositada a pouca distância de locais com atividades agropecuárias, fora do perímetro urbano, ou próximo a rios, lagoas, poços ou nas proximidades de áreas de proteção ambiental. Em alguns municípios o lixo é queimado, o que também contribui para a degradação dos corpos hídricos e para a poluição ambiental.

2 ,Maracanaú,Pacatuba, Horizonte,Sobral, Nova , e Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 9

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Esta grave situação, não ocorre somente no Ceará ou no Nordeste, mas em todo o território nacional, possuindo uma magnitude alarmante. Mais de 80% dos municípios brasileiros vazam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d’água ou em áreas ambientalmente protegidas, a maioria com a presença de catadores, entre eles crianças, explicitando os problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta.

A degradação resultante da utilização dos lixões nesses municípios, a escassez de recursos financeiros e a necessidade premente de investimentos no setor, sugere a implantação de infraestrutura e um Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos capaz de atender a demanda, de forma permanente e sustentável. O grande desafio é a estruturação da Política de Saneamento Básico, no seu integral conceito, buscando a universalização do acesso com qualidade. O desafio a ser enfrentado para atender às demandas deste programa, é a implantação do aterro sanitário para todos os municípios do Ceará, visando dar destinação adequada aos resíduos sólidos das cidades e da população difusa no meio rural.

A limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos considerados na Lei 11.445/07 são compostos pelas atividades de: coleta, transbordo e transporte dos resíduos; triagem para fins de reuso ou reciclagem; tratamento, incluindo compostagem, e disposição final dos resíduos. Refere-se também ao lixo originário da varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros serviços de limpeza pública urbana, relacionados no art. 3o da Lei.

MUNICÍPIO DE BANABUIÚ - LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas Destino final: O município dispõe seus resíduos a céu aberto ("lixão"), em terreno não licenciado pelo órgão ambiental competente, sem o devido manejo e controle ambiental da área, a saber: a disposição em valas, o recobrimento diário, dentre outros. A área está localizada a cerca de 4 km da sede municipal, na localidade de Valença, e recebe cerca de 7 toneladas de resíduos/dia. Tipos de resíduos: Doméstico, comercial e urbano (poda e varrição). Conforme o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos elaborado em 2012 pelo município, a quantidade de resíduos gerados é de aproximadamente 210 ton./mês, 1.860 ton./ano. Os resíduos são coletados diariamente na sede (Banabuiú) e nas outras localidades do município (Laranjeiras, Pedras Brancas, Rinaré e Sitiá) Tratamento do Lixo Hospitalar: Constatou-se in loco que os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS's) são incinerados no Hospital Municipal Sen. Carlos Jereissati. No entanto, o incinerador está parado há cerca de 5 meses, sendo os resíduos destinados a uma célula dentro da área do lixão, separada dos demais resíduos. A administração municipal informa da negociação com

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT empresa privada para a terceirização dos serviços de tratamento do lixo hospitalar. Coleta Seletiva: Atualmente, o município não realiza coleta seletiva, estando apenas no "Plano de Ação" (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos) sua realização Reciclagem: O município possui parceria com o Projeto ECOELCE que mensalmente coleta materiais de natureza reciclável, em troca de bônus na conta de energia elétrica Informações Complementares: Sabendo-se que o Município de Banabuiú não dispõe de um local adequado para destinar seus resíduos, a Prefeitura assinou um Protocolo de Intenções para a instalação de um aterro sanitário consorciado com municípios vizinhos. O prazo estimado para a conclusão do processo de instalação do aterro é até o final de 2014.

Figura 16

Figura 17 Figura 18

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Figura 19 Figura 20

Figura 21 Figura 22

Figura 23 Figura 24

Figura 16-24 – Área do lixão de Banabuiú: material disposto a céu aberto, sem o devido recobrimento; material reciclável selecionado na área por catadores; área cercada; portão de acesso aberto sem qualquer controle da entrada de pessoas, animais e resíduos. Fonte: Dados da Vistoria (NAT) Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 12

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Figura 25 Figura 26

Figura 27 Figura 28

Figura 29

Figura 25-29 – Incineração de resíduos hospitalares realizada de forma irregular; constatou-se que os resíduos de saúde são mantidos de forma inadequada, em caixas posicionadas em área de livre circulação, aos fundos do hospital. Fonte: Dados da Vistoria (NAT) Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 13

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3.4 - DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS

No processo de assentamento dos agrupamentos populacionais, o sistema de drenagem se sobressai como um dos mais sensíveis dos problemas causados pela urbanização, tanto em razão das dificuldades de esgotamento das águas pluviais quanto em razão da interferência com os demais sistemas de infraestrutura, além de que, com retenção da água na qualidade de vida desta população.

O sistema de drenagem de um núcleo habitacional é o mais destacado no processo de expansão urbana, ou seja, o que mais facilmente comprova a sua ineficiência, imediatamente após as precipitações significativas, trazendo transtornos à população quando causa inundações e alagamentos. Além desses problemas gerados, também propicia o aparecimento de doenças como a leptospirose, diarreias, febre tifóide e a proliferação dos mosquitos anofelinos, que podem disseminar a malária. E, para isso tudo, essas águas deverão ser drenadas e como medida preventiva adotar-se um sistema de escoamento eficaz que possa sofrer adaptações, para atender a evolução urbanística, que aparece no decorrer do tempo.

Sob o ponto de vista sanitário, a drenagem visa principalmente:  desobstruir os cursos d’água dos igarapés e riachos, para eliminação dos criadouros (formação de lagoas) combatendo, por exemplo, a malária; e  a não propagação de algumas doenças de veiculação hídrica.

A microdrenagem urbana é definida pelo sistema de condutos pluviais a nível de loteamento ou de rede primária urbana, que propicia a ocupação do espaço urbano ou periurbano por uma forma artificial de assentamento, adaptando-se ao sistema de circulação viária. É formada de:  boca de lobo: dispositivos para captação de águas pluviais, localizados nas sarjetas;  sarjetas: elemento de drenagem das vias públicas. A calha formada é a receptora das águas pluviais que incidem sobre as vias públicas e que para elas escoam;  poço de visita: dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de galerias para permitirem mudança de direção, mudança de declividade, mudança de diâmetro e limpeza das canalizações;  tubo de ligações: são ligações destinadas a conduzir as águas pluviais captadas nas bocas de lobo para a galeria ou para os poços de visita; e  condutos: obras destinadas à condução das águas superficiais coletadas.

A macrodrenagem é um conjunto de obras que visam melhorar as condições de escoamento de forma a atenuar os problemas de erosões, assoreamento e inundações ao longo dos principais talvegues (fundo do vale). Ela é responsável pelo escoamento final das águas, a qual pode ser formada por canais naturais ou artificiais, galerias de grandes dimensões e estruturas auxiliares. A macrodrenagem de uma zona urbana corresponde à rede de drenagem natural preexistente nos terrenos antes da ocupação, sendo constituída pelos igarapés,

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT córregos, riachos e rios localizados nos talvegues e valas. As obras de macrodrenagem consistem em:  retificação e/ou ampliação das seções de cursos naturais;  construção de canais artificiais ou galerias de grandes dimensões;  estruturas auxiliares para proteção contra erosões e assoreamento, travessias (obras de arte) e estações de bombeamento.

MUNICÍPIO DE BANABUIÚ - DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS

Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas Disposição final: Rio Banabuiú Pavimentação / Pontos de Alagamento e/ou Inundações: Não há registros oficiais de inundações Informações Complementares: O município possui canal de drenagem com cerca de 2 km, construído há cerca de 20 anos, drenando águas pluviais provenientes dos bairros Centro e desaguando, por fim, no açude denominado “ Açude Zezim Belo”.

Figura 30 Figura 31

Figura 30-31 – Boca de lobo junto à via pública: galeria de 2km que drena todo a área central do município. Fonte: Dados da vistoria (NAT).

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Decreto no 7.217/2012 em seu art. 26 determina que a partir de 2014, o acesso aos recursos da União, uma vez destinados a serviços de saneamento básico estará sujeito a

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT existência do Plano Municipal de Saneamento Básico do Município (PMSB) que deverá ser elaborado pelo titular dos serviços. Além disso, o art. 55 estabelece que a alocação dos recursos deva ser feita em conformidade com o plano. O PMSB de Banabuiú encontra-se em fase de elaboração e implantação com recursos federais. Desta forma, quando organizado deverá visar a universalização e a integralidade da prestação de serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de manejo de resíduos sólidos, de limpeza urbana e de manejo de águas pluviais, como a definição de estrategias e diretrizes para tais.

Encaminhe-se o presente Relatório Técnico de Vistoria à Promotoria de Justiça da Comarca de Banabuiú para os devidos fins.

5 - ANEXOS

01 – RELATÓRIO DE QUALIDADE DA ÁGUA DISTRIBUÍDA 02 – ENCAMINHAMENTOS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BANABUIÚ

Fortaleza, 19 de dezembro de 2013.

Rafaela Sousa Oliveira Maria Aurelice Matos Borges Técnica Ministerial Técnica Ministerial Tecnóloga em Gestão de Turismo Engª Química CRQ-X/CE nº 60.241 Núcleo de Apoio Técnico – NAT Núcleo de Apoio Técnico – NAT

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