Morte, Escravidão E Hierarquias Na Freguesia De Irajá: Um Estudo Sobre Os Funerais E Sepultamentos Dos Escravos (1730-1808)

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Morte, Escravidão E Hierarquias Na Freguesia De Irajá: Um Estudo Sobre Os Funerais E Sepultamentos Dos Escravos (1730-1808) 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA MESTRADO EM HISTÓRIA Morte, escravidão e hierarquias na freguesia de Irajá: um estudo sobre os funerais e sepultamentos dos escravos (1730-1808) Michele Helena Peixoto da Silva Rio de Janeiro 2017 2 Michele Helena Peixoto da Silva Morte, escravidão e hierarquias na freguesia de Irajá: um estudo sobre os funerais e sepultamentos dos escravos (1730-1808) Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em História Social, sob orientação da Prof. Dra. Claudia Rodrigues. Rio de Janeiro 2017 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA – PPGH Morte, escravidão e hierarquias na freguesia de Irajá: um estudo sobre os funerais e sepultamentos dos escravos (1730-1808) Aprovado por: __________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Sheila Siqueira de Castro Faria (Universidade Federal Fluminense-UFF) __________________________________________________ Prof. Dr. Márcio de Souza Soares (Universidade Federal Fluminense – UFF/Campos dos Goitacazes) __________________________________________________ Prof. Dr. Roberto Guedes Ferreira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ) ___________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Claudia Rodrigues – Orientadora (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-UNIRIO) Rio de Janeiro 2017 4 AGRADECIMENTOS A Deus, toda honra e toda glória. A Ele primeiramente agradeço por ter me ajudado ao longo de toda essa trajetória, que não começou há dois anos, mas muito antes disso. Agradeço por ter me dado forças nos momentos de fraqueza, angustia e desespero, por ter colocado em meu caminho pessoas maravilhosas a quem começo a agradecer neste momento. Agradeço a minha querida, amada e paciente orientadora Claudia Rodrigues, por toda dedicação e compreensão, pelas palavras de encorajamento, incentivo e principalmente por ter acreditado em mim. Muito, muito, muito obrigado! Aos meus pais Pedro e Eunice, por todo amor, carinho e dedicação. Amo vocês! As minhas irmãs Rosangela, Simone, Cristiane, Alexsandra e meu irmão Leandro, a minha cunhada Beatriz, meus sobrinhos Carol, Lucas, Jasmine, Agatha, Erick, Esdras, Nicolas e Sayuri. Em situações diferentes vocês me ajudaram a solucionar problemas que de uma forma ou de outra estavam relacionados à produção desta pesquisa. Agradeço pelas orações, pelas horas de risadas e de longas conversas. Aos meus colegas do grupo Imagens da morte: Iury Matias, por ter me ajudado na transcrição de alguns documentos na Cúria do Rio de Janeiro. Sem sua ajuda boa parte da pesquisa não teria sentido. A Aryanne Faustino, por ser minha companheira nas constantes crises de desesperos. A Barbara Benevides, Conceição Franco e Claudio Honorato, Milra Bravo, Vitor Cabral, Monique Vidal e Anne Elise. A amizade e o companheirismo foram importantíssimos. Que Deus os abençoe grandemente! As minhas amigas do Pólo Duque de Caxias, Regina Ribeiro, Sayonara e Beatriz, quantas trocas de experiências, nossas conversas nos intervalos entre uma aula e outra foram de grande ajuda. Muito obrigado pela amizade! Aos amigos do mestrado da Unirio. Flavio, Amanda Pascoal, Josena, Juliana, Amanda Cavalcante. Nossos encontros na casa do Flavio além de me proporcionarem momentos de alegria e total relaxamento me ajudaram a perceber que não era somente eu que estava quase enlouquecendo com os prazos, participação de eventos e tudo mais que envolvia a elaboração da pesquisa. 5 Agradeço ao Programa de Pós-graduação da UNIRIO por me acolher, ao pessoal da Coordenação e secretaria do PPGH, principalmente ao professor Pedro Caldas e à secretária Priscila Luvizotto, pela dedicação em sempre estar tirando as dúvidas de nós alunos com relação à elaboração de relatórios, prazos e toda a burocracia que envolve os cursos acadêmicos. Agradeço também à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por me conceder a bolsa de estudos. Aos professores Sheila de Castro Faria, Anderson de Oliveira e Roberto Guedes, por aceitarem participar da minha banca de qualificação. Obrigado pelos comentários feitos sobre este trabalho, eles foram muito importantes para elaboração e conclusão desta pesquisa. Aos funcionários do Arquivo Nacional, pela atenção e ajuda na procura dos documentos que precisava. A todos os amigos e parentes que no momento não estou lembrando, MUITO OBRIGADO!! 6 RESUMO Esta dissertação tem como objetivo analisar a existência de uma hierarquia entre os escravos a partir dos ritos fúnebres e locais de sepultamentos disponibilizados a eles na freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, no século XVIII e início do XIX. O estudo analisa os principais engenhos, a sociedade e a economia de Irajá, com a intenção de reconhecer quem eram os escravos da freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, seus senhores e o ambiente em que esses cativos viviam, e a partir disso identificar a causa mortis e os ritos fúnebres dispensados a eles. Para isso, usamos os Assentos paroquiais de óbitos da mesma região, a fim de compreender quais os cuidados dispensados aos escravos no momento derradeiro. A análise dessa documentação nos permiti perceber que nas freguesias rurais também havia uma hierarquia entre os cativos por ocasião da morte. A ideia é mostrar que, assim como os livres, os escravos também procuravam uma forma de obter uma boa morte, buscando maneiras diversificadas com a finalidade de garantir uma boa passagem para o mundo dos mortos e como consequência demonstrar a posição social que possuíam em vida. Palavras-chave: Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, escravidão, hierarquias, morte escrava e sepultamentos. 7 ABSTRACT This dissertation aims to analyze the existence of a hierarchy among the slaves from funeral rites and burial sites made available to them in the parish of Our Lady of the Presentation of Irajá in the eighteenth and early nineteenth centuries. The study analyzes the main engenhos, the society and the economy of Irajá, with the intention of recognizing who were the slaves of the parish, their masters and the environment in which these captives lived, and from this to identify the cause mortis and the funeral rites dispensed to them. To do this, we used the Parish Death Seats of the same region in order to understand the care given to the slaves at the last moment. The analysis of this documentation allowed us to see that in the rural parishes there was also a hierarchy among the captives at the time of death. The idea is to show that, just like the free ones, the slaves also sought a way to obtain a good death, seeking diversified ways in order to guarantee a good passage to the world of the dead and as a consequence to demonstrate the social position that they had in life. Keywords: Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, slavery, hierarchies, slave death and burials. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Imagem 1 – Igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, p. 39 Imagem 2 – São Miguel Arcanjo, pertencente à matriz de Nª Sra. Da Apresentação de Irajá, p. 40 9 LISTA DE MAPAS Mapa 1 – Recôncavo da Guanabara e os caminhos terrestres, p. 25 Mapa 2 – Rios do Recôncavo da Guanabara, p. 29 Mapa 3 – Aldeia de “Eiraiá” na margem esquerda do Recôncavo da Guanabara, p. 31 Mapa 4 – Aldeias da margem esquerda da Guanabara, cujo território faria parte da futura freguesia de Irajá, p. 33 Mapa 5 – Aldeias da margem esquerda da Guanabara, cujo território faria parte da futura freguesia de Irajá, p. 34 Mapa 6 – Irajá: um entreposto no meio do Caminho Novo para as Minas, p. 64 Mapa 7 – Detalhe do mapa 6, enfocando melhor a área de Irajá, p. 66 Mapa 8 – Engenhos identificados a partir da Carta Topográfica do Rio de Janeiro, p. 72 Mapa 9 – Mapa dos portos no Rio de Janeiro colonial, p. 90 Mapa 10 – Localização da Rua Direita: primeiro local de compra e venda de escravos da cidade do Rio de Janeiro, p. 101 Mapa 11 – Localização do Valongo: segundo local de comercialização de escravos da cidade do Rio de Janeiro, p. 101 Mapa 12 – Nações e etnias africanas no Rio de Janeiro, p. 109 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Produção anual de alimentos nas freguesias do Rio, em ordem decrescente de maiores produtores no geral, p. 78 Tabela 2 – Engenhos, engenhocas e de escravos nas diferentes freguesias, em ordem decrescente de maiores quantidades de escravos, p. 80 Tabela 3 – Número de escravos de algumas freguesias do Recôncavo da Guanabara, p. 80 Tabela 4 – Procedência dos escravos de Irajá (1730 a 1808), p. 106 Tabela 5 – Etnias/procedências dos escravos falecidos em Irajá entre 1730-1750, p. 107 Tabela 6 – Estado matrimonial dos cativos de Irajá, p. 113 Tabela 7 – Legitimidade dos filhos de escravos, em Irajá, segundo os registros de óbito, p. 118 Tabela 8 – Causa mortis dos escravos de Irajá, segundo a procedência, p. 123 Tabela 9 – Causa mortis dos escravos de Irajá, segundo a idade, p. 124 Tabela 10 – Sintomas considerados causadores da morte dos escravos de Irajá, segundo os registros de óbitos (por procedência), p. 126 Tabela 11 – Sintomas considerados causadores da morte dos escravos de Irajá, segundo os registros de óbito (por idade), p. 126 Tabela 12 – Referência aos sacramentos ministrados aos escravos, antes da morte, p. 133 Tabela 13 – Mortalha dos escravos de Irajá, p. 136 Tabela 14 – escravos que foram sepultados em covas da irmandade, p. 143 Tabela 15 – Locais de sepultamento em Irajá, p. 147 Tabela 16 – Nome dos senhores que tiveram escravos sepultados em Irajá, p. 158 Tabela 17 – Escravos sepultados em covas privilegiadas, p. 163 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Nome dos senhores de engenho relacionados no decreto de fundação da freguesia de Irajá em 1647, p.
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