Fundação Getulio Vargas FGV Direito SP Carlos Augusto Liguori Filho Tente Outra Vez: O Anteprojeto De Reforma Da Lei De Direit
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Fundação Getulio Vargas FGV Direito SP Carlos Augusto Liguori Filho Tente Outra Vez: O anteprojeto de reforma da lei de direitos autorais, sua compatibilidade na sociedade da informação e a espera pela reforma que nunca chega São Paulo 2016 Carlos Augusto Liguori Filho Tente Outra Vez: O anteprojeto de reforma da lei de direitos autorais, sua compatibilidade na sociedade da informação e a espera pela reforma que nunca chega Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico da FGV Direito SP como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Direito e Desenvolvimento. Orientadora: Profª. Flávia Portella Püschel Coorientadora: Profª. Mônica Steffen Guise Rosina São Paulo 2016 2 Liguori Filho, Carlos Augusto. Tente outra vez : o anteprojeto de reforma da lei de direitos autorais, sua compatibilidade na sociedade da informação e a espera pela reforma que nunca chega / Carlos Augusto Liguori Filho. - 2016. 224 f. Orientadores: Flavia Portella Püschel, Mônica Steffen Guise Rosina Dissertação (mestrado) - Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. 1. Direitos autorais - Brasil. 2. Propriedade intelectual. 3. Internet - Legislação. 4. Tecnologia e direito. 5. Sociedade da informação. I. Püschel, Flavia Portella. II. Rosina, Mônica Steffen Guise. III. Dissertação (mestrado) - Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. IV. Título. CDU 347.78 Carlos Augusto Liguori Filho Tente Outra Vez: O Anteprojeto de reforma da lei de direitos autorais, sua compatibilidade na sociedade da informação e a espera pela reforma que nunca chega Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico da FGV Direito SP como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Direito e Desenvolvimento. Data da Banca: 28 / 11 / 2016 Banca Examinadora: Profª. Dra. Flávia Portella Püschel (Orientadora) Profª. Dra. Mônica Steffen Guise Rosina (Coorientadora) Prof. Dr. Marcel Leonardi Profª. Dra. Fernanda Stinchi Pascale Leonardi 3 RESUMO O desenvolvimento de novas tecnologias da informação e a popularização da internet como principal meio de comunicação da sociedade contemporânea impactou diretamente a produção cultural, objeto de tutela do direito autoral. Estas novas tecnologias modificaram e facilitaram a forma como criamos, reproduzimos e compartilhamos obras intelectuais. No entanto, esta facilidade é aplicável tanto para utilizações legais como ilegais. A atual Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98), elaborada em um contexto anterior à era digital, mostra- se anacrônica com relação a estas modificações, sendo insuficiente para coibir utilizações ilegais e inflexível com relação a determinadas utilizações relacionadas ao direito constitucional de acesso à cultura, que são viabilizadas no contexto digital, mas não previstas na lei. Com base neste diagnóstico, o Ministério da Cultura elaborou e levou à consulta pública um Anteprojeto de Reforma da Lei de Direitos Autorais em 2010, contando com uma revisão em 2011, e que foi engavetado no fim do mesmo ano. Os textos consolidados destas duas fases da consulta contaram com a participação de diversas partes interessadas na reforma, e incluiu um conjunto de modificações voltadas a adequar a lei à sociedade da informação. Buscou-se, no presente trabalho, avaliar se os textos do Anteprojeto corrigiram satisfatoriamente os anacronismos da lei anterior. Para isto, buscou-se primeiramente identificar quais são as principais funções do sistema normativo dos direitos autorais frente à sociedade, das quais abstraiu-se a função promocional (estimular a criação intelectual) e a função social (viabilizar o acesso à cultura). Com isto em mente, analisou-se o impacto das novas tecnologias com relação (i) ao suporte em que as obras são fixadas; (ii) ao meio em que as obras são compartilhadas; e (iii) às formas de criação que surgem e se popularizam neste novo contexto. Após isto, estabeleceu-se um panorama das reações regulatórias, elaboradas nos moldes do sistema tradicional de direito autoral, a este novo cenário, avaliando como estas regulações cumpriram ou prejudicaram o cumprimento das supramencionadas funções do direito autoral. A partir do diagnóstico estabelecido por este panorama, foi possível avaliar a compatibilidade ou incompatibilidade do Anteprojeto no contexto atual. Como conclusão, por mais que o APL ainda carregasse falhas e inadequações, ele foi consistiu em um grande avanço com relação à legislação atual. Infelizmente, seu engavetamento resultou em um retrocesso aos movimentos de reforma no sistema, que permanece estático até os dias de hoje. Palavras-Chave: Direito Autoral; Reforma da Lei de Direitos Autorais; Propriedade Intelectual; Regulação da Internet; Direito e Tecnologia. 4 ABSTRACT The development of new information technologies and the popularization of the Internet as the main form of communication of the contemporary society had a direct impact in cultural production, one of the main objects of Copyright Law. These technologies changed and facilitated the way one creates, reproduces and shares intellectual works. Nevertheless, this is applicable both to legal and illegal uses of copyrighted material. The current Brazilian Copyright Act (Lei nº 9.610/98), formulated shortly before the digital era, is anachronistic in relation to those modifications, being insufficient to prevent illegal uses of copyrighted works, and inflexible in relation to some uses that are only feasible in the digital context, but are directly related to the constitutional right to access to culture. With this diagnostic in mind, the Ministry of Culture drafted and put into public consultation a Copyright Act Reformation Bill, aiming to adequate the regulatory system to this new context. The public consultation was undertaken in 2010, and the consolidated bill was revised in 2011. By the end of that year, the bill was shelved. Both consolidated texts had the participation of multiple stakeholders. The main objective of this work is to evaluate the compatibility of the bill in the context of the information society. In order to do this, we first identified the main functions of Copyright law: the promotional function (stimulate the cultural production) and the social function (ensure access to culture). With that in mind, we analyzed the impact of new information technologies in relation to (i) the support in which the copyrighted work is affixed; (ii) the medium in which the works are shared; and (iii) the new forms of creation that are enabled through digital technologies. After that, we established an overview of the regulatory reactions to those impacts. We then evaluated how those reactions influenced the fulfillment of the two aforementioned functions of Copyright. After this diagnostic, we were able to analyze and evaluate the Copyright Act Reformation Bill in relation to the information society. As a conclusion, even if the bill was not entirely adequate, it represented a huge step forward in relation to the current Copyright Act. Unfortunately, the fact that the bill was shelved represented a huge missed opportunity and a step back in relation the adaptation of the Copyright system in the digital era. Keywords: Copyright; Brazilian Copyright Act Reformation Bill; Intellectual Property; Internet Regulation; Law and Technology 5 Nobody exists on purpose, nobody belongs anywhere, everybody is going to die. Come watch TV. - Morty Smith 6 AGRADECIMENTOS Não foi nada das coisas românticas e clichês que geralmente associa-se ao término de um trabalho de fôlego como uma dissertação de mestrado. 99,99% do texto foi transpiração, e o 0,01% restantes de inspiração reservados apenas aos preâmbulos e às pontuais referências a Kanye West ao longo do trabalho. Na realidade foi um verdadeiro inferno. Noites mal dormidas; toneladas de livros, textos, artigos, relatórios, etc; revisões e mais revisões; esforços para tentar blindar o trabalho de críticas de ambos os lados. Faz parte. A obsessão com todo o tipo de detalhe é, em minha opinião, absolutamente essencial quando se trabalha com o que gosta. Se o tema não fosse minha verdadeira paixão, podem ter certeza que o texto final teria 40% do tamanho e teria sido terminado há tempos. Nada especial. Mas foi como foi. É mais do que evidente o fato de que este trabalho não existiria sem o apoio imensurável daqueles que tanto aguentaram minha obsessão como também apoiaram-na a todo o momento. Este trabalho é inteiramente dedicado a estes ilustres indivíduos. Em primeiro lugar, agradeço minhas orientadoras Mônica Steffen Guise Rosina e Flávia Portella Püschel pela autonomia concedida com relação a minha dissertação. Não há nada mais gratificante do que poder trabalhar com o que gostamos. No mesmo sentido, agradeço aos ilustres membros de minha banca de qualificação Marcel Leonardi e Fernanda Stinchi Pascale Leonardi, não apenas pelas orientações valiosas, mas também por me fazerem sentir em casa na discussão deste verdadeiro tema cult que é o direito autoral no contexto digital. Um agradecimento mais do que especial vai, novamente, para a professora Mônica Steffen Guise Rosina e para o professor Alexandre Pacheco da Silva, que me abrigaram em 2013 no Grupo de Ensino e Pesquisa em Inovação (GEPI) da FGV Direito SP e sigo lá desde então. Palavras não são suficientes para retribuir o que este ingresso significou para mim: após três anos de dúvidas e desgosto na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, foi na interface direito/tecnologia, bem distante do conhecimento transmitido naquela faculdade