Diálogo Institucional Nas Sabatinas Para O Stf, Poder E Profissionalismo
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Heloisa Bianquini Araujo QUAL O GÊNERO DO SUPREMO? DIÁLOGO INSTITUCIONAL NAS SABATINAS PARA O STF, PODER E PROFISSIONALISMO Monografia apresentada à Escola de Formação da Sociedade Brasileira de Direito Público –SBDP, sob a orientação da Profa Luciana de Oliveira Ramos. SÃO PAULO 2015 Agradecimentos Uma das maiores dificuldades que tive ao decorrer desta pesquisa foi aprender a me expressar de forma mais organizada e concisa. Já coloco o aprendizado em prática logo nessa seção, pois os agradecimentos são inúmeros e variados. Agradeço primeiramente à minha orientadora, Luciana Ramos, que me acompanhou muito, ajudou-me com dicas, revisões e conselhos que pretendo levar para sempre na minha vida acadêmica. Agradeço também pela compreensão, pela amizade e pela disponibilidade. Agradeço à toda equipe da Escola de Formação da SBDP pelo auxílio valioso durante a elaboração desta monografia, pelas críticas que certamente acrescentaram muito a este trabalho, pela convivência neste ano de EF e pelo estímulo ao debate franco e honesto durante todos nossos encontros. Agradeço às minhas colegas e aos meus colegas – na verdade, amigas e amigos – de Escola de Formação, que, além de terem também contribuído muito com críticas e sugestões, contribuiram com um companheirismo muito bem-vindo nesta aventura que é escrever uma monografia. Agradeço aos amigos e amigas do CAPEJur (Centro de Análise e Pesquisa em Educação Jurídica). O CAPEJur foi meu primeiro contato com pesquisa empírica em direito, e foi uma surpresa muito grata encontrar pessoas que compartilhem as mesmas afinidades, interesses e esperanças que sempre tive em relação ao direito e ao ensino jurídico. Agradeço aos meus amigos e amigas que me aguentaram durante todo esse tempo, com todos os altos e baixos de humor que tive (e não foram poucos!). À Laíse e à Carol, de Umuarama, agradeço pela companhia mesmo que à distância, e peço desculpas por ter sumido muito mais que o razoável. Ao Ronaldo, ao qual também peço desculpas pela ausência. Ao pessoal da São Francisco, em especial ao pessoal da salinha da Representação Discente, que foi o espaço que mais frequentei esse ano além da minha casa: Felipe, Pati, Lucca, Mari, Falco, Ed, Bioza e Pedro. Adoro todas e todos vocês. Ao Pedro, amigo e colega de EF, que me ajudou muitíssimo não só com a pesquisa, como também com conselhos e conversas quando achamos que não ia dar certo, que o prazo não ia dar, que o recorte não ia funcionar. 2 Espero que agora dê para a gente compensar a falta de tempo para as partidas de Magic! Ao Rafael, meu namorado, que esteve comigo todos praticamente todos os dias. Agradeço por acreditar mais em mim do que eu mesma acredito, por perdoar minha desatenção, minha desorganização e os dias que não pudemos sair porque eu precisava escrever. Agradeço também por ser meu melhor ouvinte, por entender minha relativa incapacidade de expresar emoções complexas e por, mesmo assim, me entender melhor do que ninguém. Agradeço a toda minha família, que está dividida entre os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais e mesmo a França! Em especial às minhas irmãs, aos meus avós, e ao meu pai. Mas, acima de tudo, gostaria de agradecer à minha mãe, que foi minha maior referência na vida de mulher forte, batalhadora e muito inteligente. Agradeço por todo apoio, por todas as conversas no telefone que duraram mais de meia hora. Agradeço por ter ido contra o senso comum e sexista de que não era bom uma pessoa da minha idade, “e ainda por cima, uma menina” ir sozinha pra estudar em São Paulo. Você é o maior exemplo que tenho na vida. Se não fosse você, essa monografia não existiria. 3 “Agastou-me, por vezes, no curso de conversações abstratas, ouvir os homens dizerem-se: ‘Você pensa assim porque é uma mulher’. Mas eu sabia que minha única defesa era responder: ‘penso-o porque é verdadeiro’, eliminando assim minha subjetividade. Não se tratava, em hipótese alguma, de replicar: ‘E você pensa o contrário porque é um homem’, pois está subentendido que o fato de ser um homem não é uma singularidade; um homem está em seu direito sendo homem, é a mulher que está errada.” (Simone de Beauvoir, em O Segundo Sexo) 4 Resumo: Esta monografia analisa as sabatinas realizadas pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal dentro do processo de nomeação para o cargo de ministro/a do Supremo Tribunal Federal. Seu objetivo é responder qual é o panorama das sabatinas, e se nelas há ideologias sexistas e profissionalistas, tanto por parte dos/as senadores/as quanto por parte dos/as candidatos/as ao cargo. Os critérios de análise utilizados para tanto foram (a) os temas invocados pelas perguntas realizadas em cada sabatina e (b) análise discursiva das falas de senadores/as e de candidatos/as a ministro/a. Os principais resultados encontrados foram a existência de concepções profissionalistas por parte de senadores e senadores nas sabatinas, as quais desfavoreceram os candidatos a ministro vistos como mais comprometidos politicamente, e a existência de um apagamento de gênero na arguição da ministra Rosa Weber, em comparação aos outros ministros e às ministras que foram sabatinadas anteriormente. Sabatinas utilizadas: Foram utilizadas as sabatinas dos ministros e ministras Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Carmen Lúcia, Menezes Direito, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki, Roberto Barroso e Edson Fachin. Elas podem ser encontradas no site da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal (http://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?0&codcol=34), por meio da pesquisa por data das reuniões realizadas pela Comissão. Palavras-chave: Supremo Tribunal Federal; Senado Federal; sabatinas; nomeação de ministros; interação entre Poderes; profissionalismo. 5 Sumário 1. Introdução .................................................................................. 8 1.1. Apresentação do objeto ...................................................... 8 1.2. Relevância temática e relevância do trabalho para comunidade acadêmica ............................................................................. 10 2. Referencial teórico utilizado ...................................................... 13 2.1. Conceito(s) de gênero ..................................................... 13 2.2. Profissionalismo ........................................................... 21 2.2.1. Profissionalismo e gênero ...................................... 28 2.1.1.1. Consolidação do profissionalismo, gênero e instituições .......................................................... 28 2.1.1.2. Teorias sobre a disparidade profissional entre homens e mulheres nas carreiras jurídicas ............... 30 3. Metodologia .............................................................................. 35 3.1. Surgimento do tema ......................................................... 35 3.2. Recorte adotado (justificativa) ........................................... 36 3.3. Roteiro de perguntas e subperguntas de pesquisa ................. 36 3.4. Etapas metodológicas ....................................................... 40 3.4.1. Identificação e classificação dos temas nas sabatinas. 40 3.4.1.1. Classificação temática .............................. 41 3.4.1.2. Classificação relativa a questões de gênero .. 44 4. Apresentação dos resultados (eixos estruturantes de análise) .. 46 6 4.1. Estrutura e duração das sabatinas/número de perguntas ....... 46 4.2. Classificação temática ....................................................... 60 4.3. Classificação relativa a gênero ............................................ 83 4.4. Atuação dos senadores em uma perspectiva comparada ........ 87 4.5. Elogios/críticas pessoais .................................................... 96 4.6. Número de votos recebidos ................................................ 97 5. Conclusões .............................................................................. 100 6. Bibliografia utilizada ............................................................... 102 7. Apêndice ................................................................................. 106 7.1. Classificação de perguntas em cada sabatina ...................... 106 7.2. Falas dos senadores e senadoras acerca do gênero das ministras .......................................................................................... 154 7.3. Elogios e críticas durante as sabatinas ............................... 174 7 1. Introdução 1.1. Apresentação (o que será estudado?) No Brasil, os ministros e as ministras do Supremo Tribunal Federal são escolhidos em um processo que envolve os dois outros poderes: Legislativo e Executivo. Em primeiro lugar, quem irá se candidatar deve preencher três requisitos, que estão no artigo 101 da Constituição: (i) ter mais de trinta e cinco e menos de sessenta anos de idade; (ii) possuir notório saber jurídico; e (iii) ter a reputação ilibada. Preenchidos esses três requisitos, o Presidente da República faz a indicação ao Senado Federal, onde é submetido a dois procedimentos. O primeiro é uma arguição pública, feita pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. Esta arguição é prevista pela Constituição Federal, no inciso III, do artigo 52 (que trata das competências privativas do Senado Federal): “Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: (...) III – aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: a) magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;