Na Letra, na Boca e na Mira: uma análise da política cultural patrimonial do governo Bolsonaro

Luciano Chinda Doarte Grupo de Estudos e Pesquisas em Patrimônio Cultural (GEPPC) [email protected]

Felipe Augusto Tkac Universidade Federal do Paraná (UFPR) [email protected]

Resumo: O patrimônio é forma de inscrição de identidades e memórias no campo da cultura. Como ação estatal de identidade nacional, registro de passado ou de privilegiar algo com dignificação cultural, o patrimônio é ato público, pelo bem e interesse comuns – dada a teoria. Com isso o Estado brasileiro gere pastas, órgãos e leis para formar e manter tais patrimônios definidos como tal, criando para si narrativas em diferentes searas. Entretanto, ultimamente a estrutura estatal tem encontrado empecilhos na sua ação. Partindo dessa constatação, a análise proposta se debruça sobre como a política cultural do patrimônio – se é que o termo se aplica – do governo Bolsonaro pode ser observada em leis e decretos (letra), no discurso (boca) e nas ações da política contemporânea sobre os temas (mira). Com essa análise de história do tempo presente, propõe-se uma leitura sobre a ação estatal do governo federal nos temas da cultura, com foco ao patrimônio cultural, no recorte temporal compreendido entre janeiro de 2019 e junho de 2020. Como base, serve-se das teorias de política de memória, de Caroline Bauer, de identidade cultural, de Stuart Hall, e dos processos de memorialização, de Estela Schindel.

Palavras-chave: Política pública. Patrimônio cultural. Governo Bolsonaro.

Introdução No dia 22 de maio de 2020, foi tornada pública, pelo ministro Celso de Mello do Supremo Tribunal Federal, a gravação de uma reunião do presidente brasileiro, , com seus ministros, gestores do primeiro escalão do governo. O vídeo foi tornado público por meio de um processo que considera as palavras do ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, que em depoimento para a Polícia Federal no dia 2 de maio de 2020, reforçando as acusações feitas quando da coletiva de imprensa na qual anunciou sua saída do governo federal, apontou tentativas do presidente Jair

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Bolsonaro em intervir na gestão da Polícia Federal. O depoimento completo do ex- ministro foi publicado pelo portal de notícia G1. Com a intenção de avaliar se houve ou não declaração do Presidente da República sobre sua tentativa de interferência na Polícia Federal, em especial na Superintendência do Rio de Janeiro – como acusou Moro –, para privilegiar seus amigos e familiares a gravação da reunião do dia 22 de abril foi solicitada pelo STF e tornada pública em 22 de maio. Dentre todos os assuntos citados na reunião ministerial, um nos chama atenção para os propósitos do texto: o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Por certo, o IPHAN não foi citado como assunto propriamente em pauta, dado que sua importância e função são nitidamente desconhecidas do governo federal vigente, mas esteve na boca de alguns, meio que pela tangente, usado como exemplo. Mas, antes de analisarmos especificamente os trechos da reunião em que o Instituto e o patrimônio cultural são enunciados, nos cumpre salientar que aquela reunião se deu para apresentação de um modelo de retomada econômica para o país após a crise de saúde pública por conta da pandemia do Novo Coronavírus (SARS-CoV-2). Não é motivo para surpresa que boa parte das narrativas promovidas pela maioria dos ministros defendem o capital privado e diminuem a responsabilidade do Estado brasileiro com o investimento financeiro público nessa retomada. Os ministros (Economia), (Cidadania), Ricardo Salles (Meio Ambiente), (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) falam muito claramente em defesa de uma política econômica que poderíamos chamar genericamente de neoliberal, isto é, um discurso fortemente pautado na privatização e ressecamento de inúmeras funções do Estado e uma retórica pouco clara de uma “liberdade”. O discurso de “dar fôlego para a iniciativa privada”, reduzindo impostos e modos de regulação encontrou discordâncias, ao menos naquela reunião, apenas do ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e de (Presidente do Banco Central do Brasil) que, em concordância curiosa, apontaram que à luz dos exemplos internacionais, são os Estados que devem ou irão assumir boa parte dos riscos da recuperação econômica, e não a iniciativa privada apenas facilitada pelo Estado, como propõem seus colegas de reunião.

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No plano apresentado pelo ministro Braga Netto (Casa Civil), o capital contemplado é o privado, não o público, e considera o turismo como uma das ferramentas para a atração do capital privado para o país. Sabemos há bastante tempo, tanto pela hierarquia do governo brasileiro, quanto pelos modelos econômicos recentes, que as cidades históricas, os monumentos, os museus e outras formas de patrimônio são intensamente explorados pelo potencial turístico e, inerentemente, pela sua participação na atração de capital privado interno e externo. Muito curiosamente, o tema do turismo com o patrimônio cultural não foi abordado pelo próprio ministro Marcelo Antônio, responsável pela pasta. O patrimônio esteve na boca de dois participantes da reunião, mas muito mais em tom pejorativo que positivo. Apresentamos e analisamos aqui esses dois momentos, ressaltando que as falas aqui exibidas foram editadas seguindo a norma culta da Língua Portuguesa, às vezes readaptando a construção frasal original para dar a ela mais inteligibilidade e ordem. Ainda, salienta-se que a transcrição literal da entrevista pode ser acessada no Laudo Nº 1242/2020 da Polícia Federal, referenciado no fim deste texto. Ademais, explicita-se que nesta pesquisa assume-se o trabalho complexo e por certo inconclusivo que é à historiografia debruçar-se sobre processos não encerrados e hipercontemporâneos. Todavia, para além de tomar o patrimônio cultural e sua gestão federal atual como objeto dada a importância – política, cultural e teórica –, esse movimento se dá também na intenção de perceber as medidas pelas quais se operam ou não as propostas democráticas até então realizadas no Brasil. Enquanto esforço interpretativo denota-se um caráter transitório e construtivo permanente ao qual este estudo – e a História em geral – está submetido ao mesmo tempo em que faz uso deste. Nas palavras de Jacques Rancière: Em suma, o historiador assume como tarefa que Auerbach acusava Tácito de não poder fazer. Ele vai ver o que está por trás das palavras. Ele relaciona o discurso sedutor à realidade não discursiva que nele se exprime e se traveste. O discurso do historiador é um discurso-medida que relaciona as palavras da história à sua verdade. É isso que quer dizer explicitamente interpretação (RANCIÈRE, 2014, p. 49).

Para a interpretação proposta, pensam-se as falas dos gestores federais aqui analisadas não só como perspectivas, mas como política constituída uma vez que formam o grupo que administra o Estado Brasileiro. Nessa esteira, falar do patrimônio cultural é,

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por definição, falar da gestão de campos simbólicos, como o passado no presente, é falar das políticas de memória, portanto, da ação deliberada para a gestão da memória social (BAUER, 2020). Tendo em vista também que as políticas de memória aqui performadas demonstram como se quer cristalizar no presente conhecimentos sobre o passado, ação sempre acompanhada um impulso ativo e uma vontade de incidência política (SCHINDEL, 2009, p. 67) – ou, mais especialmente, acerca de um dos principais órgãos gestores do passado no presente. Toma-se, assim, este estudo, suas fontes e propostas teóricas como uma perspectiva acerca de um processo em polvorosa e que, por certo, aponta para muitas outras análises necessárias. Enquanto partícipe da produção que se propõe “científica” – ou ao menos sistematicamente crítica – ao mesmo tempo em que se afeta pelas lentes de quem a opera, esta proposta realiza uma interpretação do presente brasileiro elevado à máxima, percebendo na longa história e na história recente do Brasil suas articulações e fundamentações. Registra-se ainda que Jair Bolsonaro, desde sua longa carreira como deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro, não costuma demonstrar muita amizade pelo tema da cultura. Só durante o período eleitoral, em sua campanha presidencial em 2018, Bolsonaro delineava sua relação com o tema. O então candidato disse em um evento com apoiadores em Curitiba – talvez adiantando a gestão – que extinguiria o Ministério da Cultura que, segundo ele, servia apenas como centro de negociação da Lei Rouanet (BOREKI, 2018). Também, quando da eleição, o jornal O Globo entrevistou os cinco primeiros colocados na disputa sobre o tema da cultura. Jair Bolsonaro e sua assessoria não responderam às questões (CANÔNICO, 2018). Por fim, salienta-se a passagem da campanha eleitoral que pode muito bem ser lida como um resumo antecedendo a gestão federal da cultura: a reação de Jair Bolsonaro quando do incêndio que atingiu o Museu Nacional em 2 de setembro de 2020 (CALGARO, 2018). Perguntado sobre o caso, Bolsonaro ironizou: “Já está feito, já pegou fogo, quer que faça o quê? O meu nome é Messias, mas eu não tenho como fazer milagre”. Ignorando séculos de desenvolvimento científico, tecnológico, especialista sobre Conservação e Restauro de Bens Culturais e áreas afins sobre a possibilidade de recuperação ou reavivamento da instituição e das atividades, o presidente brasileiro

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prenunciava o descaso com a área. Ainda, descartando o potencial da cultura e dos valores simbólicos operados por ela, Bolsonaro já denotava a algo curioso, pois, ao mesmo tempo em que coloca a Cultura nos últimos lugares de uma lista de prioridades, vê também nela um espaço de disputa constante no qual se esforça para realizar seus ideais antidemocráticos.

Sobre a Reunião Palaciana No primeiro caso, o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), quando defendia que o governo federal usasse do momento da pandemia e da atenção da mídia ao assunto, citou a chance que o contexto trás para conseguir produzir as entendidas como necessárias “desregulamentações" e “simplificações”, o que mudaria todo o regramento de normas e fiscalizações, chamadas pelo próprio de “infralegal", portanto, aquilo que não se encontra perfeitamente de acordo com os mecanismos legais, ou seja, um eufemismo para ações parcial ou integralmente ilegais. Em seu discurso, quando sublinhou a chance de aproveitar as atenções voltadas à pandemia para “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, Salles citou claramente entre os seus exemplos de estruturas que precisam de mudanças: “De IPHAN, de Ministério da Agricultura, de Ministério de Meio Ambiente, de ministério disso, de ministério daquilo...” (2020, p. 20). E, mais uma vez, reforçou a ideia de usar o contexto pandêmico para tal de forma orquestrada, além de também preparar uma defesa institucional para as possíveis contraposições a essas ações: Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação de regulatório que nós precisamos, em todos os aspectos. [...] e deixar a AGU de stand by pra cada pau que tiver, porque vai ter. [...] mas tem uma lista enorme, em todos os ministérios que têm papel regulatório aqui, pra simplificar. Não precisamos de Congresso. [...] isso aí vale muito a pena. A gente tem um espaço enorme pra fazer (SALLES, 2020, p. 20).

Em sua fala, defendendo a institucionalização da ilegalidade, Salles muito possivelmente se referia ao processo nada imediato, pois calcado em pesquisa científica séria, responsável e necessária quando da produção de pareceres para o licenciamento ambiental. O licenciamento ambiental é a liberação e acompanhamento na implantação e operação de atividades que utilizam recursos naturais ou que tenham potencial em diferentes níveis de poluição (FIRJAN, 2004, p. 1). No atual governo, se defende

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amplamente, já desde a campanha eleitoral, a necessidade da flexibilização das regulamentações – que na prática é apenas um nome menos grosseiro para tornar legal o que hoje é ilegal – sob o nome de desburocratização, havendo, inclusive uma Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital no Ministério da Economia. Sob a bandeira de proporcionar mais agilidade nas liberações e avaliações que dependem da esfera pública para a atividade privada, a defesa vista na fala de Ricardo Salles é uma promessa de diminuir o poder de fiscalização do Estado sobre as atividades particulares, especialmente as que possam trazer algum tipo de dano ao que há algum tempo, mas não mais agora, se entende como necessário de ser protegido pela ação pública, como o meio ambiente e o patrimônio cultural em suas diferentes formas, não permitindo liberdade irrestrita à exploração privada que pode ser danosa aos interesses públicos e favoráveis ao interesse particular de algum indivíduo ou corporação. Sobre esse comentário a Sociedade de Arqueologia Brasileira redigiu a Nota em Defesa do Patrimônio Arqueológico Brasileiro na qual lembra, entre outras coisas, que a defesa da “flexibilização” defendida pelo ministro Ricardo Salles “significa não só descumprir a Constituição Federal, acordos internacionais e demais legislações vigentes”, registrando o necessário cumprimento de documentos internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Carta de Nova Délhi (1956), as Recomendações de Paris (1962, 1968), a Carta de Veneza (1964), a Carta de Lausanne (1990), a Carta para a Proteção e a Gestão do Patrimônio Arqueológico (1990) e a Carta de Sofia (1996). O segundo momento em que o Instituto e o patrimônio cultural foram citados na reunião, foi em uma das intervenções do Presidente da República Jair Bolsonaro. A preocupação do presidente na ocasião, já expressada anteriormente, é o potencial do IPHAN de parar qualquer obra no país a qualquer momento. Sem a preocupação de como, quando e por que essa ação acontece, sempre de forma específica dentro de cada contexto, o Presidente ignora – ou podemos aventar, talvez nem saiba – as prerrogativas das paralisações de obras e os potenciais ganhos do Estado, portanto, do interesse público, com essas intervenções. Bolsonaro assim expressa sua indignação: O IPHAN para qualquer obra do Brasil, como parou a do Luciano Hang. Encontra lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do IPHAN que resolva o assunto, né? E assim nós temos que proceder (BOLSONARO, 2020, p. 27).

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Para o Presidente, a questão no IPHAN, além da paralisação de obras, parece ser a de que não há no Instituto um gestor que “flexibilize” – leia-se: desregulação e obediências aos mandos executivos – as normativas do órgão e também que agilize liberações de toda sorte em favor das obras, aqui citadas em sentido genérico: “O IPHAN, não é? Tá lá vinculado a Cultura. Eu fiz a cagada em não escolher uma pessoa que tivesse, também, um outro perfil. É uma excelente pessoa que tá lá, tá? Mas tinha que ter um outro perfil também” (Idem.).

Considerações Sobre os Impropérios ao Patrimônio Brasileiro Nada curiosamente, após a reunião, já no dia 11 de maio de 2020, o Presidente, por meio do Ministro Chefe da Casa Civil, então, o próprio Braga Netto, nomeou Larissa Rodrigues Peixoto Dutra para a presidência do IPHAN. O Diário Oficial da União respectivo não leva a assinatura de Marcelo Álvaro Antônio, responsável pela pasta. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a nomeação da formada em Hotelaria, substituindo a historiadora Kátia Bogéa, encontrou discordância entre funcionários do órgão e de especialistas dado o teor de superaproveitamento da cultura com vistas à atração de capital privado ao Brasil. A nomeação nada técnica em favor do patrimônio, já uma marca do IPHAN do governo Bolsonaro, em nada surpreende se notarmos que já no plano “Pró- Brasil", apresentado por Braga Netto, o turismo é um dos instrumentos de atração de capital. E, para isso, infere-se, a preocupação da relação entre o patrimônio e sua sociedade local, a preservação e o uso seguro dos espaços patrimonializados, e a exploração turística consciente e não abusiva serão, nas ordens do dia, desconsideradas. A nomeação, ainda, paradoxalmente – mas não espantosamente em nosso contexto – não parece estar de acordo com a proposta do próprio Presidente, editada no Decreto N° 9.727, de 15 de março de 2019, de que as nomeações devem ter caráter técnico, evitando distribuição política de cargos e/ou a valorização de políticas personalistas. Segundo o Correio Braziliense, o Ministério Público Federal cobra explicações do ministro Marcelo Antônio sobre a nomeação e sua (in)coerência com o Decreto N° 9.727. Casos como esse já ocorreram no IPHAN e em outras áreas do atual governo federal. Em abril de 2020, deu-se a nomeação de Monique Baptista Aguiar, turismóloga e blogueira, para a coordenação técnica (sic) da Superintendência do IPHAN no Rio de Janeiro (DOARTE, 2020). Após levantar opiniões acerca da nomeação, sobretudo de

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especialistas contrários ao que foi proposto para a ocupação do cargo, Monique Aguiar foi nomeada pelo Ministro do Turismo para o cargo de Coordenadora de Projetos Especiais da Fundação Nacional de Artes (FUNARTE), pela Portaria Nº 547, de 7 de agosto de 2020, não sem antes ter o caso de sua nomeação no IPHAN judicializado com a decisão de que dada sua falta de qualificação para o cargo, não poderia assumir. Ao falar da obra “do Luciano Hang", Bolsonaro fazia menção à construção de uma das lojas da rede Havan, de propriedade do catarinense Luciano Hang, na cidade de Rio Grande no estado do Rio Grande do Sul. Em 07 de agosto de 2019, o mencionado empresário, com sua conhecida bufonaria e toleima, gravou um vídeo e postou em suas redes sociais. Neste vídeo Hang aparece acusando o IPHAN de ter paralisado a obra após encontrar vestígios arqueológicos. Entretanto, no mesmo dia, o IPHAN publicou em seu site oficial uma nota de esclarecimento quanto às acusações do empresário, na qual, afirma que “a obra da empresa Havan, na cidade de Rio Grande (RS), não foi embargada pelo Iphan. A paralisação foi recomendada pela empresa de consultoria em arqueologia contratada pela própria Havan”. Fato que também fora notado pelo colunista Guilherme Amado da Revista Época e pelo Jornal Nacional da edição do dia 23 de maio de 2020. Bolsonaro, ao repetir esse disparate na reunião, mais uma vez evidencia a sua mitologia caquistocrática que serve de culto fetichista ao seu séquito de fanáticos, que por consequência reverbera pela lunática realidade digital que sua ideologia se autofagia, e, chega nos telefones de milhões de pessoas. Esses cacos nos olhos da inteligência fazem com que cada piscada seja uma que nos acorda e atormenta. Estamos cegos e com sono. Sobre isso, o historiador inglês Perry Anderson já alertava em seu livro Brazil Apart, lançado em outubro de 2019, quando comparava Jair Bolsonaro a Donald Trump e marcava o que ele considera a maior diferença entre os dois: O contraste mais saliente entre os dois governantes, no entanto, reside em outro lugar. A prioridade de Bolsonaro, rapidamente ficou clara, é essencialmente estranha à Trump. Sua principal preocupação tem sido continuar sua versão de guerras culturais, às custas de qualquer outro foco de política ou atenção (ANDERSON, 2019, p. 201).1

1 Tradução livre de “The most salient contrast between the two rulers, however, lies elsewhere. Bolsonaro’s priority, it quickly became clear, is essentially foreign to Trump. His main preoccupation has been to prosecute his version of culture wars, at the expense of any other focus of policy or attention”.

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Essa “guerra cultural” que faz parte nuclear da tônica bolsonarista está na boca do Presidente e de muitos de seus ministros na reunião do dia 22 de abril, momento em que o Brasil já enfrentava graves consequências da pandemia. Como escreveu Fernando de Barros e Silva, parece que estamos dento do pesadelo de Raskólnikov. Umberto Eco, em uma conferência proferida em 25 de abril de 1995 na Universidade de Columbia, em ocasião das comemorações do cinquentenário da libertação da Europa na Segunda Guerra Mundial, e depois publicada na New York Review of Books no mesmo ano (e publicado no Brasil com o título O Fascismo Eterno), afirma que o fascismo italiano era uma ditadura, mas não um totalitarismo, precisamente por sua pobreza filosófica. Vai mais além, diz que os fascismos de maneira geral são uma colagem de ideias políticas e filosóficas, forrada de contradições. E faz uma pergunta retórica sobre o fascismo de Mussolini, e que nos nossos dias soa anacronicamente irônica: É possível conceber um movimento totalitário que consiga reunir monarquia e revolução, exército real e milícia pessoal de Mussolini, os privilégios concedidos à igreja e uma educação estatal que exaltava a violência e o livre mercado? (ECO, 2018, p. 33-34).

Eco afirma ainda que há apenas um Nazismo, mas o fascismo é o jogo que pode ser jogado de várias maneiras, porém, sem mudar o fato de ser o mesmo jogo. Por isso “o termo ‘fascismo’ adapta-se a tudo porque é possível eliminar de um regime fascista um ou mais aspectos, e ele continuará sempre a ser reconhecido como fascista” (2018, p. 42- 43). Por essa razão, nessa conferência proferida por Eco na Universidade de Columbia, ele elenca fatores do que chamou de Ur-Fascismo, ou fascismo eterno – e que valem a pena serem cuidadosamente lidos. No qual basta apenas um elemento estar presente para que haja a possibilidade de, em suas palavras, coagulação de um fascismo. Destarte os 14 elementos que Eco elenca – e que assustadoramente quase todos podem ser percebidos sem muito esforço nas vozes da reunião ministerial aqui citada – gostaríamos de apontar apenas os itens: 3. O irracionalismo depende também do culto da ação pela ação. A ação é bela em si e, portanto, deve ser realizada antes de e sem nenhuma reflexão. Pensar é uma forma de castração. Por isso, a cultura é suspeita na medida em que é identificada com atitudes críticas. [...]Os intelectuais fascistas oficiais estavam empenhados principalmente em acusar a cultura moderna e a inteligência liberal de abandono dos valores tradicionais (Ibid., p. 47-49).

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4. Nenhuma forma de sincretismo pode aceitar críticas. O espírito crítico opera distinções, e distinguir é um sinal de modernidade. Na cultura moderna, a comunidade científica percebe o desacordo como instrumento de avanço dos conhecimentos. Para o Ur-Fascismo, o desacordo é traição (Ibid., p. 49).

5. O desacordo é, além disso, um sinal de diversidade. O Ur-Fascismo cresce e busca o consenso utilizando e exacerbando o natural medo da diferença. O primeiro apelo de um movimento fascista ou que está se tornando fascista é contra os intrusos. O Ur-Fascismo é, portanto, racista por definição (Ibid., p. 49-50).

Os membros do governo, ao mirar – verbalmente – na reunião o IPHAN, não estão apenas propondo uma “baciada” de ilegalidades para dar força a interesses econômicos privados, mas estão também deixando transparecer as “coagulações” da qual falava Eco, na qual o Ur-Fascismo é gestado no seio desse “jogo que de mesmo nome”. Portanto, a reunião publicizada nos mostra não só um projeto econômico neoliberal, que, dentro do espectro democrático de um governo eleito, não apresenta automaticamente qualquer crime em si, mas nos permite tomar conhecimento, também, da consolidação de discursos, ideais e embasamentos que estão no cerne da execução de um governo que se mostra cotidianamente pouco afeito aos princípios democráticos, bem como pouco preocupado com os benefícios promovidos pela ciência. Nas falas dos participantes da citada reunião é nítida a formação de um discurso segregacionista que produz a ideia de um "nós" e de um "eles", sendo o “nós” – o “cidadão de bem” – atuantes em diferentes escalões do poder executivo do governo federal e também os membros das relações individuais desses agentes públicos, como amigos, protegidos e familiares. Já o “eles” – o “comunista” – é formado por quaisquer indivíduos que apresentem discordâncias para com as propostas oriundas do estabelecido “nós” que, no caso atual do Brasil, são os cientistas, os defensores dos princípios democráticos, os opositores de qualquer tipo – mesmo os antigos aliados –, os defensores dos Direitos Humanos, os promotores de justiça social e outros. É inegável a produção discursiva da diferença entre esses dois grupos, como salienta Lilia Moritz Schwarcz: “Eles" seriam preguiçosos, corruptos, ladrões, ideólogos, pessoas sem escrúpulos, parasitas, enquanto um grande “nós” funciona apenas na base da contraposição, abraçando tudo que estaria do outro lado da polaridade. O suposto sigiloso é que basta determinar um “eles” para que se evidencie o que seria um “nós” apaziguador, pois correto, justo e exemplar (2019, p. 212).

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Na reunião ministerial o “nós” é o cerne da discussão, sendo o governo, o governante – o líder personalista – e a manutenção do “nós” no poder assunto muito mais importante que a pandemia que assola o mundo todo, o que obviamente inclui o Brasil, ou que a própria retomada econômica apresentada por Braga Netto. Exemplos disso são as insistente falas de Jair Bolsonaro sobre a necessidade de que seus ministros se preocuparem não só com as agendas dos seus próprios ministérios, mas também com o jogo político que garante bom status ao grupo, justamente porquê, nas palavras do próprio Presidente: “[...] se eu cair, cai todo mundo” (BOLSONARO, 2020, p. 24). A produção de um “nós” e de um “eles” no sentido de estarmos cientes da diversidade e da diferença não traz em si, automaticamente, o uso da potência negativa, segregacionista, cruel e displicente desde que este entendimento esteja fundamentado em pilares de respeito e igualdade. Mas no Brasil contemporâneo isso é um sonho, uma utopia, como podemos ver pela simples observação da prática política atual e, detidamente, no retrato dessa política na reunião ministerial de 22 de abril de 2020. O “nós” estabelecido no núcleo duro do governo Bolsonaro e suas linhagens e apadrinhamentos reduzem a eles mesmos a diversidade brasileira, criando um modelo em si de brasileiro ideal, medindo todo o mundo pela sua própria régua. Essa prática é tão antiga quanto atual, como registrou Alexis de Tocqueville já na primeira metade do século XIX: Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo: vejo uma multidão incalculável de homens semelhantes e iguais que giram sem repouso em torno de si mesmos para conseguir pequenos e vulgares prazeres com que enchem sua alma. Cada um deles, retirado à parte, é como que alheio ao destino de todos os outros: seus filhos e seus amigos particulares formam para ele toda a espécie humana; quanto ao resto de seus concidadãos, está o lado deles, mas não os vê; toca-os mas não os sente – cada um só existe em si mesmo e para si mesmo e, se ainda lhe resta uma família, podemos dizer pelo menos que pátria ele não tem ([1835] 2000, p. 389).

A reunião ministerial de 22 de abril de 2020 deixa muito claro o esforço de um grupo autorreferente em se estabelecer – e suas pretensões e métodos também – como normal, aceitável, justo mesmo que isso seja a olhos vistos destoante de toda a construção possibilitada pela democracia brasileira em um passado muito recente. Com a radicalidade que promove uma ruptura inescapavelmente chocante, o grupo que se pretende estabelecido e blindado em seu trono, e que não mede esforços para garantir

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isso, vive à revelia de tudo e de todos que não estão incluídos em seu espaço de privilégio. Todo o discurso do próprio Presidente em favor de os políticos tomarem conhecimento sobre como vivem os brasileiros, com fome, desemprego e falta de segurança, se esvai sempre que percebemos o franco desmonte da estrutura estatal que valoriza a liberdade de alguns, os que estão no “nós”, e que só lembra da pluralidade, da diferença, quando sente a necessidade de assimilação baseada no seu padrão estabelecido como “O” ideal.

Considerações Finais O Brasil enquanto Estado nacional está longe, muito longe, de ser um santo, um sagrado, um qualquer coisa de inato bondoso que justifique adoração – e talvez isso seja situação sine qua non de qualquer Estado. Isso não porque seria pesaroso por ser o que é, mas porque o que é fora forjado por processos, narrativas, agentes e um sem número de partícipes, cada um com sua ideologia, intenção e propostas, que não necessariamente prezam/prezaram as ideias de bem comum, interesse público e desenvolvimento coletivo de maneira ética. Entretanto, se o Estado brasileiro como corpo político não pode ser louvado como santo, bem como seus agentes empíricos também não, talvez nos reste algo que inspira uma positividade: a democracia, e qualquer chance, modo ou instrumento que a potencialize. Por isso, qualquer ataque à democracia deve ser rechaçado, porque, especialmente no Brasil, o que tem se mostrado minimamente menos corrosivo que consegue melhorar a ação e a existência dos Estados nacionais, com todos os seus defeitos e históricos violentos, segregacionistas, produtores de fragilidades, é o regime mais democrático quanto possível. É uma infelicidade, mas uma conclusão preliminar – e certamente inacabada – que apresentamos é que os fundamentos pró-democráticos, pró-ciência, pró-defesa da diversidade sobre a igualdade construídos paulatinamente a duras penas vêm encontrando não só desrespeito como intenção e prática de desmonte sob o véu da agilidade e da potencialização da liberdade (que liberdade?). Outra infelicidade é que os especialistas, os cientistas dedicados ao tema do patrimônio cultural, terem que defender em bases tão fundamentais o que acreditávamos estar consolidado. Ao invés de podermos estender as propostas teóricas e políticas da década de 1980 (democracia, liberdade, direitos sociais e, dentre eles, direitos culturais e as obrigações do Estado sobre eles) que falavam em

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diversificar os entendimentos dotando as diferenças com os mesmos instrumentos democráticos, temos de lutar pela manutenção da própria democracia. E, o patrimônio cultural está perdendo numerosas batalhas após batalhas, com alguns ganhos tão pequenos quanto motivos de esperança. Como diz a frase atribuída a Bertold Brecht, “que tempos são estes, em que temos que defender o óbvio?”. Outra infelicidade que julgamos necessário exprimir é que a paranoia coletiva com complexo de superioridade aliado a um profundo complexo de perseguição, com pitadas nada tênues de um nocivo messianismo populista, produto e produtora deste específico grupo não se julga apenas “A" melhor, “A" modelar para o contexto nacional, dentro do qual tem agido de forma violenta e, como apontamos, muito favorável ao segregacionismo grosseiro e vil. Ela também é entendida por esse grupo que orbita um núcleo de cegueira ideológica como um modo positivo para todas as sociedades do mundo, fato esse percebido na fala do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, quando diz descaradamente acreditar, primeiro, que o mundo pós-pandêmico será completamente diferente do mundo pré-pandêmico (e de forma alguma nega-se isso) e que, por isso, existe a chance da formação de um conselho internacional que irá formular a nova ordem mundial, como no pós-Segunda Guerra Mundial (ARAÚJO, 2020, p. 41). E, para além disso, em segundo lugar, acredita que o Brasil consegue e tem condições de participar deste seleto grupo “de quatro, cinco, seis países” que irá ditar a "nova ordem mundial" (Idem.). A fala de Araújo é ignorante no sentido em que desconsidera o papel da Organização das Nações Unidas na mediação de temas internacionais e que, por princípio, deveria servir de fórum caso haja a necessidade de debate mundial; e é nociva na seara do patrimônio cultural porque se considera o atual modelo brasileiro um modo a ser repetido mundialmente, o patrimônio, os museus, a pluralidade artística passarão a ser entendidos internacionalmente como barreiras, como problemas, não como forças positivas e espaço de livre expressão e diversidade cultural. Se percebermos o histórico internacional sobre o patrimônio cultural e a Museologia, notamos rapidamente para nosso alívio que esse pensamento homogeneizador é paranoico e está em desuso, apesar de seus recentes suspiros em diferentes países, que esperamos serem os últimos de uma morte breve.

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Araújo, cremos, pode acreditar nessa chance de o Brasil participar da construção da “nova ordem mundial” dada sua aproximação de longa data com a ficção. Tanto pela formação em Letras, quanto, e especialmente, pela publicação de três romances, o Chanceler brasileiro deixa pública a sua prática ficcional imaginando cenários que só fazem sentido a ele mesmo, sonhando com diálogos e problemas a partir de sua perspectiva, como mostra o trecho do seu primeiro romance citado por Guilherme Amado em uma matéria na Época: “— Keniv, estou cansado dessa guerra de mentira, precisando de uma guerra de verdade. Ajude-me a inventar uma guerra. Contra o que podemos lutar? / — Deixe-me ver. Contra o sistema. / — Que sistema? / — Nenhum sistema em especial. Contra o sistema em si mesmo”. Não se questiona aqui a possibilidade e a liberdade de Araújo em produzir ficção, com os cenários e contextos mais abstratos e próprios possíveis. Salienta-se, sim, a necessidade de que as relações internacionais brasileiras sejam pensadas e propostas com base na realidade mundial do contemporâneo, não com base nos problemas de Mogar, personagem do primeiro romance, em “inventar uma guerra" – como faz Araújo contra o “marxismo cultural” – ou nas possibilidades de Xarab, terra fictícia do seu segundo romance. A criação desse núcleo “duro”, mas que sabemos ser tão volátil quanto são as alianças políticas, em torno do qual orbitam seus membros, que não só se alimentam do núcleo, como também o produzem, não é anormal na formação de coletividades no meio social e político. A filosofia recente, desde o fim do século XX, considera em primeira ordem as formações contextuais de elos e seus rompimentos quando da alteração dos contextos. Entretanto, a forma como se pretendem superiores é que apresenta venenosas possibilidades, carcomida por dentro de forma que quando notamos a ferida (as falas da reunião ministerial), a doença (a democracia em frangalhos) está em estágio avançado e em franco desenvolvimento sobre quaisquer tecidos que faltem. Em exemplo atual: a tosse seca, a febre e a falta de ar só aparecem e tornam a enfermidade visível após, em geral, cinco ou seis dias do contágio pelo Coronavírus. Antes disso o organismo já estava infectado e as alterações necessárias para a apresentação de sintomas já estavam em operação, mas silenciosamente, sem gerar muito alarde. Novamente, em Umberto Eco encontramos uma explicação sobre a pretensão de superioridade tão clara e defendida pelo Chanceler do Brasil, que parece desconsiderar as chagas:

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O elitismo é um aspecto típico de qualquer ideologia reacionária, enquanto fundamentalmente aristocrática. No curso da história, todos os elitismos aristocráticos e militaristas empregaram o desprezo pelos fracos. O Ur- Fascismo não pode deixar de pregar um “elitismo popular”. Todos os cidadãos pertencem ao melhor povo do mundo, os membros do partido são os melhores cidadãos, todo cidadão pode (ou deve) tornar-se membro do partido (Ibid., p. 53).

Por fim, um último ponto que apresenta não só uma infelicidade como também uma preocupação: na reunião aqui analisada, entre um rompante de gritos, socos na mesa e palavrões e outro, o Presidente Jair Bolsonaro lembrou com orgulho parecendo tentar encorajar seus ministros enquanto apontava para eles: “o destino do Brasil está nas mãos desse grupo privilegiado". Sabemos disso. São as garantias constitucionais de um governo eleito. Mas também sabemos, mais do que nunca, que isso também garante a necessidade de nossa vigilância contínua, de nosso apreço cotidiano pela garantia da democracia e de nossa incansável luta em nome da extensão tanto quanto possível da referência do pronome “nós” (RORTY, 1997, p. 39), hoje usado por um grupo particular como se este representasse de fato a universalidade de toda diferença que forma essa ideia abstrata e nunca suficiente de povo brasileiro.

REFERÊNCIAS

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