Genealogia e Prosopografia Familiar dos Candidatos Presidenciais e do Ministério Bolsonaro: as entranhas sociais e políticas do Brasil.

19° Congresso Brasileiro de Sociologia GT31 - Família, Instituições e Poder Ricardo Costa de Oliveira1 - Professor Titular de Sociologia da UFPR ​ Texto de discussão. Versão 09/06/2019

RESUMO:

Investigamos as origens sociais e políticas de um conjunto de protagonistas na política brasileira em 2018. As biografias, genealogias e a prosopografia familiar dos candidatos revelam os capitais sociais e políticos, as trajetórias e atuações dentro do Estado. De que maneira a hereditariedade, a posição da família, a reprodução educacional e profissional desempenham papéis sociais e políticos, na reprodução da estrutura de classe e formas de poder no Brasil. Esta pesquisa atualiza o marco teórico e empírico do presente grupo de trabalho, GT31 - Família, Instituições e Poder, ao investigar os candidatos presidenciais nas eleições de 2018 e os componentes do ministério e governo Bolsonaro, no início de 2019. Consideramos a nossa hipótese de trabalho em que a família, em boa parte, ainda é a unidade fundamental da política e do exercício do poder dentro das principais instituições políticas brasileiras. Política é negócio de família. Investigamos dados biográficos e trajetórias, com informações sobre profissão, formação, gênero, etnia, religião, classe social e cargos ocupados pelos atores, suas famílias, parentes e genealogias.

APRESENTAÇÃO:

A variável família é uma das mais importantes no campo político. As conexões familiares também contribuem positivamente na definição do perfil dos cargos políticos. Não se trata apenas de indivíduos: trata-se também de famílias. Em termos sociais não há somente posições “individuais ou meritocráticas”, nem apenas um “perfil de carreira técnica”, mas na maioria dos casos também existe uma “seleção social e familiar”, presente na obtenção e recrutamento aos principais cargos políticos, o que pode ser empiricamente investigado e medido. A família organiza o “habitus de classe dominante”, os comportamentos e valores dominantes dos grupos superiores, desde a infância, a escolarização, a educação em todos os níveis, o aprendizado e reprodução dos códigos e linguagens sociais, a profissionalização, a existência de redes sociais e políticas dos sujeitos e atores sociais. Ter família com posições empresariais, militares e políticas prepara e facilita bastante o acesso aos cargos em uma sociedade como a brasileira. Utilizamos fontes públicas em pesquisas biográficas, prosopográficas e genealógicas para investigarmos o perfil familiar dos candidatos presidenciais e do ministério em 2018. A definição de nepotismo na Sociologia é a relação entre estruturas de parentesco e poder político. O familismo político passa pelo nepotismo. O nepotismo é uma longa corrente hereditária de vantagens e privilégios extraídos do Estado ao longo de várias

1 [email protected] GT31 com José Marciano Monteiro e Mônica Helena Harrich Silva Goulart. ​ ​ gerações na classe dominante. O que mais uma vez confirma a tese de que política é majoritariamente assunto de famílias e de genealogias das classes superiores, sempre dentro do Estado, algumas delas desde o “Antigo Regime”, ao longo de várias gerações e vários séculos. Como citamos o autor Oliveira Vianna no nosso livro “Na Teia do Nepotismo” (2012)2, “o nepotismo é a fórmula tradicional e geral da nossa vivência política”. A classe ​ ​ dominante brasileira e suas elites, em boa parte, revelam que a estrutura social também é uma estrutura genealógica. Vamos pesquisar aqui alguns dos seus detalhes e particularidades.

1 - Candidatos a Presidente e Vice-Presidente nas Eleições de 2018

Treze candidatos ao cargo de Presidente da República e treze vice-presidentes nas eleições presidenciais de 2018:

Álvaro Dias (Podemos - senador, político profissional, família política no Paraná) e Paulo ​ ​ Rabello (PSC - economista). ​ Cabo Dacíolo (Patriota - deputado) e Suelene Balduino (Patriota - pedagoga) ​ ​ ​ Ciro Gomes (PDT - político profissional, família política no Ceará) e Kátia Abreu (PDT - ​ senadora, família política no Tocantins). Fernando Haddad (PT - advogado, professor, ex-ministro e ex-prefeito) e Manuela D’Ávila ​ (PCdoB - política profissional, escritora). (PSDB - ex-governador de São Paulo, família política de Guaratinguetá, sobrinho de ministro do STF) e Ana Amélia Lemos (PP - ex-senadora, família política no ​ ). Guilherme Boulos (PSOL - filósofo, ativista de movimento social) e Sônia Guajajara ​ (PSOL - professora, ativista movimento indígena). Henrique Meirelles (MDB - executivo financeiro, ex-ministro, família política de Goiás, filho de interventor federal) e Germano Rigotto (MDB - ex-governador, político profissional) ​ ​ (PSL - deputado e família política) e Hamilton Mourão (PRTB - general da ​ reserva, família militar). João Amoedo (NOVO - família empresarial e oligarquias nordestinas) e Christian ​ Lohbauer (NOVO - executivo e professor). ​ João Goulart Filho (PPL - família política, filho de ex-presidente da República) e Léo Alves ​ (PPL - advogado). José Maria Eymael (DC - advogado, político profissional) e Helvio Costa (DC - professor) ​ ​ ​ Marina Silva (REDE - política profissional) e Eduardo Jorge (PV - político profissional). ​ ​ ​ Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado (PSTU - socióloga, sindicalista) e Hertz Dias (PSTU - ​ professor).

2 Na Teia do Nepotismo – Sociologia Política das Relações de Parentesco e Poder Político ​ ​ no Paraná e no Brasil. : Editora Insight, 2012. Família Importa e explica: instituições políticas e parentesco no Brasil. Ricardo Costa de ​ Oliveira. LiberArs 2018. Verificamos que tanto o “presidente”, como o “vice-presidente” eleitos apresentam fortes e estruturantes capitais sociais e políticos familiares, nas suas formações, atuações, casamentos e relações de parentescos políticos. Ambos só podem ser sociologicamente entendidos dentro de suas extensas famílias políticas.

Jair Messias Bolsonaro - O presidente eleito no pleito de 2018, sem a participação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva - preso político, foi Jair Messias Bolsonaro, ex-militar e político profissional, que opera politicamente como uma grande unidade familiar, sempre acima dos partidos políticos, considerados importantes, mas secundários em relação à organização familiar. Filho de Percy Geraldo Bolsonaro e de Olinda Bonturi3. Uma família considerada de “classe média baixa”, de origens imigrantes, o pai era protético de dentista no Vale do Ribeira, região pobre e periférica de São Paulo. Dentre os 16 trisavós de Jair Bolsonaro, treze eram italianos, dois alemães e um brasileiro, de acordo com pesquisas do sociólogo Daniel Taddone4. Jair Bolsonaro comentou no Plenário da Câmara dos Deputados, Sessão em Homenagem aos 70 anos do embarque da FEB para a Itália, 12/11/20145, sobre o “bisavô ser alemão e ter sido soldado de Hitler”, durante a Segunda Guerra Mundial, o que não é comprovado pelas pesquisas genealógicas. As pesquisas na Revista Insieme revelam que o tal bisavô alemão já estava no Brasil desde 1883: “A avó materna Elza Hintze, nasceu em Mococa, a cerca de 170 km ao norte de Campinas, em 5 de junho de 1906. Elza e Angelo Bolsonaro casaram-se em Campinas em 17 de fevereiro de 1927. Os pais de Elza Hintze eram Carl “Carlos” Hintze e Luzia Caliò. O pai nascido em Hamburgo (Alemanha) por volta de 1876 e a mãe nascida em Mococa por volta de 1887”. Relata Taddone que “a família Hintze chegou ao Brasil em 1883. Eram de religião luterana, mas Carl foi batizado como católico romano em 1924 quando decidiu se casar pelo rito católico com Luzia Caliò. Uma curiosidade emerge de registros de periódicos de época: Carl Hintze, o bisavô alemão de Jair Bolsonaro, foi durante a década de 1920 cobrador de assinaturas do jornal “O Getulino” de Campinas, autoproclamado “Órgão para a defesa dos ​ interesses dos homens pretos”, um dos embriões do movimento negro no interior de São Paulo”6. Bolsonaro seguiu carreira no Exército até passar para a reserva, em 1988, em ​ polêmico caso político. Jair Bolsonaro, vereador e deputado federal desde 1991, possui os seguintes filhos parlamentares, de sua primeira esposa Rogéria Nantes Nunes Braga, que também foi vereadora: Flavio Nantes Bolsonaro, deputado e senador pelo . Carlos Nantes Bolsonaro, vereador desde 2000 no Rio de Janeiro. Eduardo Nantes Bolsonaro, deputado federal por São Paulo. O irmão do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), Renato Bolsonaro, foi exonerado do cargo de assessor parlamentar como “funcionário ​ fantasma”7 na Assembleia Legislativa de São Paulo, “Renato Bolsonaro: no cargo há três ​ ​ anos, ele recebia R$ 17 mil mensais, mas não aparecia para trabalhar”. Sobre um cunhado ​ de Jair Bolsonaro e sua relação com “quilombolas”: “Casado com uma das irmãs de ​ Bolsonaro, Vânia, o empresário Theodoro da Silva Konesuk invadiu terras quilombolas,

3 https://epoca.globo.com/como-foram-os-anos-de-formacao-de-bolsonaro-em-eldorado-xiririca-no-interior-de-sao-paulo-229215 20 https://istoe.com.br/onde-tudo-comecou/ 4 https://www.insieme.com.br/pb/taddone-revela-genealogia-de-bolsonaro/ 5 ​ https://www.camara.leg.br/internet/plenario/notas/solene/2014/11/HM1211141020.pdf ​ 6 https://www.insieme.com.br/pb/taddone-revela-genealogia-de-bolsonaro/ ​ 7 https://exame.abril.com.br/brasil/funcionario-fantasma-irmao-de-jair-bolsonaro-e-exonerado/ ​ segundo uma decisão da Justiça no dia 10 de setembro. Ele foi condenado a devolver uma área pertencente aos remanescentes do quilombo do Bairro Galvão, em Iporanga, município vizinho de Eldorado8”. A família Bolsonaro sempre operou com esquemas familiares. A segunda mulher de Jair Bolsonaro foi Ana Cristina Valle. José Candido Procópio, pai de Ana Cristina, foi contratado no gabinete de Jair Bolsonaro e a irmã de Ana Cristina, Andrea Valle, também foi assessora: [“Os 13 parentes de Jair Bolsonaro nomeados ​ nos gabinetes da família. Parentes do presidente ocuparam cargos no gabinete de Jair, de Flávio e de Carlos; nove tiveram sigilo bancário quebrado na investigação de "rachadinha" (...)nove parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e mãe de seu filho mais novo, Jair Renan. Além dos nove, outros três parentes de Ana Cristina ocuparam cargos no gabinete de Jair. A própria, inclusive, foi nomeada por Carlos Bolsonaro em seu gabinete na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Ana Cristina viveu em união estável com Jair por cerca de dez anos, entre 1998 e 2008. Assim, as 13 contratações podem configurar nepotismo”]9. Além dessas nomeações também foram ​ funcionários comissionados da família Bolsonaro alguns parentes e familiares de ex-PMs, como Fabrício Queiroz (filha e mulher) e Adriano Magalhães da Nóbrega (mãe e mulher)10. “Valdenice de Oliveira Meliga, irmã dos policias militares Alan e Alex Rodrigues de Oliveira – ​ milicianos presos em agosto do ano passado, na Operação Quarto elemento – funcionária do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e tesoureira de campanha ao Senado no ano passado, possuía uma procuração e, inclusive, assinava cheques em nome do filho do presidente”11. A terceira esposa de Jair Bolsonaro, Michelle de Paula Firmo ​ Reinaldo, também foi assessora parlamentar12. A família política ainda apresenta o primo Leonardo Rodrigues de Jesus, o Leo Índio, como operador político13. Léo é filho de ​ ​ Rosemeire Nantes Braga Rodrigues, irmã de Rogéria Nantes e de Claudio Marcio Rodrigues de Jesus, ex-militar. Podemos observar que trata-se de um grande e poderoso complexo familiar político organizado em bases de parentesco dentro do Estado.

Antonio Hamilton Martins Mourão - O general Antonio Hamilton Martins Mourão, vice-presidente, é filho de outro general, Antonio Hamilton Mourão e neto do desembargador Hamilton Mourão, presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas. A tia Maria Arminda Mourão foi casada com o também desembargador João Pereira Machado. O tio Otávio Hamilton Botelho Mourão foi reitor da Universidade do Amazonas. A origem desta família Mourão é do Piauí, região do município de Pedro II14. O bisavô foi o comendador

8 https://deolhonosruralistas.com.br/2018/10/21/cunhado-de-bolsonaro-e-condenado-por-invasao-de-quilombo-no-vale-do-ribeira / 9 https://epoca.globo.com/os-13-parentes-de-jair-bolsonaro-nomeados-nos-gabinetes-da-familia-23665952 - 16/05/2019 ​ ​ https://exame.abril.com.br/brasil/funcionario-fantasma-irmao-de-jair-bolsonaro-e-exonerado/ 10 https://oglobo.globo.com/brasil/queiroz-admite-que-indicou-mae-irma-de-miliciano-para-gabinete-de-flavio-bolsonaro-23392607 https://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/familia-de-ex-assessor-de-flavio-bolsonaro-tem-van-de-transporte-irregular-em-fa vela.html https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2019/01/08/interna_politica,729655/filhas-e-mulher-de-fabricio-queiro z-faltarao-a-depoimento-no-mp.shtml 11 https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2019/02/irma-de-miliciano-assinava-cheques-de-campanha-de-flavio-bolsonaro/ ​ https://istoe.com.br/os-novos-rolos-que-envolvem-flavio-bolsonaro/ 12 https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/noticia/2018/10/28/a-mulher-dos-bastidores-saiba-quem-e-michelle-bolsonaro-a-nov a-primeira-dama.ghtml 13 https://epoca.globo.com/o-primo-que-carlos-bolsonaro-infiltrou-no-entorno-do-pai-23339210 ​ 14 https://180graus.com/na-politica/vice-de-bolsonaro-general-mourao-tem-raizes-no-piaui-e-quer-visitar-o-estado ​ Domingos da Silva Mourão casado com Antônia Mendes Mourão. Um tio-avô foi o Coronel Domingos Mourão Filho, atual nome de município na mesma região piauiense. Trata-se de mais uma típica oligarquia familiar política local, latifundiária em uma das regiões de maior exclusão social, pobreza e desigualdade no Brasil, com típicos traços do coronelismo, mandonismo local e o tradicional nepotismo passado entre as gerações. Na genealogia antiga encontramos potentados locais como o coronel José Mendes da Rocha, o capitão Tertuliano Pereira Brandão e outros que conviveram com a escravidão do Brasil arcaico. Qualquer família com oficiais superiores e generais antes de 1950 possui muitos vínculos com a classe dominante tradicional, sempre dominando os poderes executivo, legislativo e judiciário, como afirma a "teoria do nepotismo" e geralmente também possuem raízes anteriores, latifundiárias e escravocratas no Brasil do “Antigo Regime”, que insistem em continuar, muitas vezes, no seu autoritarismo, golpismo, racismo, exclusão e ignorância. O filho do general Mourão, Antonio Hamilton Rossell Mourão, repentinamente promovido com salário triplicado a quase 40 mil em cargo no Banco do Brasil15. O beneficiado é filho e neto de generais do exército, bisneto de desembargador e presidente do TJ do Amazonas, trineto de oligarcas latifundiários do Piauí. Pelo lado materno é filho da primeira esposa de Mourão, Ana Elizabeth, das principais famílias de Bagé, na fronteira do Rio Grande do Sul, neto de Mário Magalhães Rossell16 e de Zaida Quintana. O estádio de futebol local se denomina Antônio Magalhães Rossel, um dos tios e a família esteve associada com grandes pecuaristas e latifundiários, desde o Visconde de Ribeiro Magalhães, avô materno de Mario Magalhães Rossell e trisavô de Antonio Hamilton Rossell Mourão. A segunda esposa de Mourão é Ana Paula Mourão.

Álvaro Fernandes Dias. Político profissional. Irmão do ex-senador e ex-secretário estadual ​ Osmar Dias. Notícia de 5/3/2010: "O senador dá um tempo hoje nas ​ confabulações políticas para conduzir sua primogênita, Carolina, 26 anos, ao altar. O ​​ enlace, apenas para familiares e os amigos mais íntimos das respectivas famílias, será ​​ realizado ao cair da tarde na chácara do noivo, Pedro Braga Maia, 29, em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba. Pedro é neto do ex-governador Ney Braga de quem ​ Alvaro foi adversário na campanha ao Senado em 198217." Famílias políticas muitas vezes casam com outras famílias políticas, antigas ou novas.

Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, médico e político profissional, é mais um produto ​ da classe dominante tradicional brasileira com fortes raízes no século XVIII. Procedente de uma família entre o Sul de Minas e o Vale do Paraíba paulista. Alckmin era ferrenho adepto do nepotismo porque quando foi prefeito de Pindamonhangaba ofereceu cargos para o pai e seus três cunhados18. A filha de Alckmin adorava a Loja Daslu e seus luxos e excessos19. O cunhado de Alckmin e filho já estiveram envolvidos em denúncias de operações de caixa 2 e concessões de aeroportos (sina dos candidatos presidenciais do PSDB) e outras

15 https://exame.abril.com.br/brasil/filho-de-mourao-e-promovido-a-assessor-da-presidencia-do-bb/ ​ 16 https://www.geni.com/people/Mario-Magalh%C3%A3es-Rossell/6000000000248170519 ​ https://www.geni.com/people/Theresa-Alice-Rossell/6000000000248086570 17 https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/colunistas/reinaldo-bessa/alvaro-dias-casa-filha-1-byreokkyl3rx252rhn4gq4 pce/ 18 https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0409200017.htm ​ 19 https://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u100349.shtml ​ irregularidades. Geraldo Alckmin foi sobrinho de José Geraldo Rodrigues de Alckmin, ministro do Supremo Tribunal Federal entre 1972-197820. O trisavô do ex-governador e candidato presidencial Geraldo Alckmin, em linha paterna, foi João Capistrano de Macedo Alckmin, latifundiário, escravocrata (mais de 30 escravos no censo de 1839 de Pouso Alto/MG21), advogado bacharelado em 1832 na primeira turma da faculdade de direito de São Paulo, juiz de órfãos de Campanha/MG, deputado provincial de Minas Gerais. De acordo com a "teoria do nepotismo", trata-se de mais um herdeiro do poder da classe dominante tradicional do Sudeste do Brasil, sempre atuando dentro do Estado e do nepotismo na reprodução de seus privilégios e vantagens sócio-econômicas. Boa parte das mentalidades do “Antigo Regime” continuam nesta gente, suas denúncias de corrupção sempre protegidas pelos seus correligionários no legislativo, no sistema judicial e em suas origens históricas e formas de exclusão.

Novo que é velhíssimo - Novamente oligarquias velhas ocultas ! Genealogia política dentro do Estado do candidato neoliberal João Dionisio Filgueira Barreto Amoedo22, filho de ​ Armando Rocha Amoedo, médico radiologista pediátrico e funcionário público federal, do Pará, radicado no Rio de Janeiro e de Maria Elisa Souto Filgueira Barreto Amoedo, família citada nas conexões plutocráticas do “Panama Papers” e das principais oligarquias políticas ​ ​ familiares do Rio Grande do Norte. O casamento de Armando Amoedo e de Maria Elisa foi no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, em 1961, tendo o ex-Presidente e senador Juscelino Kubitschek de Oliveira e sua esposa, como padrinhos da noiva. João Amoedo é neto materno de Ciro Barreto de Paiva, advogado, grande empresário nos ramos da hotelaria, construção civil e investimentos no RN e no RJ e de Maria Luiza Souto Filgueira Barreto. Ciro Barreto também foi funcionário público e começou a sua escalada quando foi presidente da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Servidores Públicos no Rio Grande do Norte. Ciro Barreto de Paiva era filho do Desembargador Horácio Barreto de Paiva Cavalcanti, presidente do Tribunal de Justiça do RN e de Ubaldina Diógenes Barreto, neto do Cel. João Bernardino de Paiva Cavalcanti, deputado estadual e de Inácia de Albuquerque Barreto de Paiva, das mais antigas oligarquias familiares do Nordeste. O candidato presidencial João Dionisio Filgueira Barreto Amoedo é bisneto (o pai da avó materna) do também Desembargador João Dionísio Filgueira, de quem herda o nome, ex-presidente do Tribunal de Justiça do RN, ex-deputado estadual, vice-governador do RN,

20 http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT1107598-1664,00.html ​ 21 http://www.projetocompartilhar.org/Familia/MacedoAlckmin.htm 22 Loja​ Tereza Tinoco, de Natal https://offshoreleaks.icij.org/nodes/12065954 Casamento 19-7-1961 Diário de Natal JK https://www.parentesco.com.br/index.php?apg=arvore&idp=2601&ver=por https://exame.abril.com.br/pme/as-verdadeiras-mulheres-ricas/ www.tjrn.jus.br:8080/sitetj/GerenciadorServlet.do?menuSelecionado_link=institucional.galeriaPresidentes&secaoSelecionada_id=1 http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC000000000111972.PDF http://memoria.bn.br/DocReader/cache/361705234949/I0015078-20Alt=002333Lar=001564LargOri=004356AltOri=006498.JPG http://memoria.bn.br/DocReader/cache/361705234949/I0021490-20Alt=002151Lar=001564LargOri=004720AltOri=006490.JPG Casamento Ciro Barreto http://memoria.bn.br/DocReader/cache/431604390157/I0003988-20Alt=002358Lar=001564LargOri=004335AltOri=006537.JPG http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=028711_02&pesq=Ciro%20Barreto%20+%20Hor%C3%A1cio%20barreto http://imprensanacional.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/14517950/do2-2018-05-16-portaria-n-631-de-14-de-maio-de-2018-14517946 João Dionisio http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC000000000108640.PDF Eliza Souto do Monte casada com João Dionísio Filgueira http://memoria.bn.br/DocReader/cache/18311002513629/I0015078-20Alt=002333Lar=001564LargOri=004356AltOri=006498.JPG Elitsa Souto do Monte http://memoria.bn.br/DocReader/cache/568704798548/I0052053-20Alt=002259Lar=001564LargOri=004954AltOri=007155.JPG http://memoria.bn.br/DocReader/cache/568704798548/I0052053-20Alt=002259Lar=001564LargOri=004954AltOri=007155.JPG https://areiabranca.wordpress.com/2013/10/30/dona-elita-souto-do-monte-a-ilustre-patrona-desconhecida/ https://archive.org/stream/NoRoteiroDosAzevedoEOutrasFamiliasDoNordeste/No+Roteiro+dos+Azevedo+e+outras+familias+do+Nordeste_djvu.txt https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/candidato-mais-rico-joao-amoedo-investe-51-do-patrimonio-em-renda-fixa/ assumiu o governo várias vezes e de Eliza Souto, ambos também das antigas oligarquias políticas da região. O irmãos da mãe, tios maternos, todos importantes na política regional: Luiz Sérgio Souto Filgueira Barreto foi presidente da CIDA (Companhia integrada de Desenvolvimento Agropecuário) e casou com Aldanira Ramalho Pereira, filha do Governador do RN, Radir Pereira. Alvaro Alberto Souto Filgueira Barreto foi presidente da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, suplente do senador Agripino Maia. Depois na Companhia Hipotecária Brasileira. Elias Antonio Souto Filgueira Barreto casou com Luciana Pessoa Queiroz, da família do ex-presidente da República Velha, Epitácio Pessoa. Uma das lojas mais luxuosas e caras em Natal é de Tereza e de Maria Isabel Tinoco Souto Filgueira Barreto, a Bebel, da loja Tereza Tinoco, esposa de Mario Roberto Souto Filgueira Barreto. Como podemos analisar por esta breve análise genealógico-política, trata-se de mais uma das típicas famílias brasileiras do poder regional incrustadas historicamente no Estado ao longo dos séculos, desde antepassados na grande propriedade rural escravista do “Antigo Regime”, fazendo política o tempo todo dentro do extrativismo estatal, sempre usando o Estado e os cargos públicos ao máximo para enriquecerem e concentrarem renda, cada vez mais ricos, como João Amoedo declarou patrimônio de 425 milhões de reais, cerca de 220 milhões em aplicações ou fundos de renda fixa, muitas vezes aplicando em fundos públicos ligados ao mesmo Estado que querem diminuir para os outros - tudo para pregarem o (Estado)mínimo para os trabalhadores pobres e as maiorias historicamente excluídas da cidadania, os sem educação, saúde, segurança, justamente pela ação dessas oligarquias políticas familiares do atraso político e do neoliberalismo promotor de desigualdades sociais.

Ciro Ferreira Gomes - De acordo com as pesquisas genealógicas de Francisco de Assis Vasconcelos Arruda, na Genealogia Sobralense, é uma família procedente do período colonial na região. A linhagem política recente desta velha família: “Sua família paterna ​ militou na política cearense desde a proclamação da República, quando seu bisavô José Euclides Ferreira Gomes se tornou prefeito de Sobral, cargo que mais tarde também seria ocupado por seu avô e seu pai. Seu irmão Cid Gomes foi deputado estadual (1991-1996), prefeito de Sobral (1997-2005), governador do Ceará por dois mandatos (2007-2015) e em 2015 foi Ministro da Educação no governo . Ivo Gomes, outro de seus irmãos, exerceu o cargo de deputado estadual cearense por diversos mandatos. Seus tios paternos também exerceram cargos políticos: João Frederico Ferreira Gomes foi deputado estadual no Ceará. Vicente Antenor Ferreira Gomes, conhecido como Nôzinho, foi deputado estadual e prefeito do município cearense de Itapipoca. Entre os primos, Pimentel Gomes foi deputado federal (1995-1999; 2001-2002; 2003) e Tin Gomes atuou como vereador em Fortaleza e posteriormente como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Ceará”23. ​

Dos treze candidatos ao cargo de Presidente da República, sete (Álvaro Dias, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Jair Bolsonaro, João Amoedo, João Goulart Filho) apresentam capitais sociais e políticos familiares significativos, atuando em unidade de parentesco no campo político, militar e financeiro.

23 http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/ciro-ferreira-gomes ​ Nome do Candidato Presidencial Família Política. Origem ou atuação

Álvaro Dias Sim. Família política paranaense.

Cabo Dacíolo Não. Filho de um Coronel da Aeronáutica.

Ciro Gomes Sim. Família do senhoriato do período colonial do Ceará.

Fernando Haddad Não. Imigração libanesa recente.

Geraldo Alckmin Sim. Família do senhoriato do período colonial de São Paulo e de Minas Gerais.

Guilherme Boulos Não. Filho de um casal de médicos. Pai professor da USP.

Henrique Meirelles Sim. Oligarquias goianas.

Jair Bolsonaro Sim. Complexo familiar político com filhos e mulheres.

João Amoedo Sim. Oligarquias nordestinas históricas.

João Goulart Filho Sim. Família do senhoriato colonial do Rio Grande do Sul.

José Maria Eymael Não. Empresário.

Marina Silva Não. Mulher de origem popular e seringueira no Acre. Posteriormente o marido Fábio Vaz Lima foi secretário adjunto de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis no Acre.

Vera Lúcia Não. Mulher e negra. Formada em Ciências Sociais, foi operária da indústria de calçados24.

Dos 13 candidatos a vice-presidentes, seis pertencem à famílias políticas.

Candidato a Vice-Presidente Família Política

Paulo Rabello de Castro Sim. A irmã Sonia Rabello de Castro, procuradora-geral e vereadora no Rio de Janeiro25.

Suelene Balduíno Não

Kátia Abreu Sim. Irajá Abreu, filho, senador em Tocantins.

Manuela D’Ávila Não. Mãe, Ana Lúcia Pinto Vieira, é desembargadora

Ana Amélia Lemos Sim. Foi casada com o senador biônico, advogado e promotor de justiça Octávio Omar Cardoso.

Sônia Guajajara Não. Origem ameríndia. Terra Indígena Araribóia, MA26.

24 https://www.eleicoes2014.com.br/vera-lucia/ ​ 25 http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/SONIA%20RADELLO.pdf ​ 26 http://psol50.org.br/conheca-sonia-guajajara-primeira-indigena-em-uma-pre-candidatura-presidencial/ ​ Germano Rigotto Sim. “A mãe, Julieta Diniz Vargas Rigotto, foi casada com Germano João Rigotto (já falecido). Era também tia do deputado federal Pepe Vargas (PT), filho do seu irmão Mauro”27. Lindomar Vargas Rigotto, irmão.

Hamilton Mourão Sim - Família militar

Christian Lohbauer Não

Léo Alves Não

Helvio Costa Não

Eduardo Jorge Não. O pai foi militar e reitor da UFPB.

Hertz Dias Não. Negro. Professor de Ensino Médio.

Dos 13 candidatos ao cargo de vice-presidente, cinco pertencem à famílias políticas.

2 - Ministério e Cargos Importantes no Governo de Jair Messias Bolsonaro e Hamilton Mourão (2019):

2.1 - Núcleo Militar:

Observamos forte presença da hereditariedade e tradição militar na composição dos ministros e comandantes do núcleo militar. Uma das carreiras no Estado com forte estratificação social e profissional é a militar. Os termos antigos como “cadetes”, os “jovens nobres” que estudavam numa escola militar e ​ ​ ​ ​ as separações hierárquicas entre “oficiais” e “praças e sargentos”, sempre são acentuadas. ​ ​ ​ ​ A dissertação de mestrado de Denis de Miranda, A Construção da Identidade do Oficial do Exército Brasileiro28, comprova a hereditariedade de uma boa proporção de oficiais do exército: “De início verificou - se que o recrutamento para a oficialidade do ​ Exército é endógeno. Cerca de 45% dos oficiais são filhos de militares, enquanto que dados da década de 1960 relatam que o índice era de 35%. A alta proporção de quase metade da oficialidade ser de filhos de militares pode estar em processo de redução, pois entre os oficiais mais novos o índice é menor que a média, chegando a 31% entre os que têm menos de dez anos de serviço”29. ​

27 https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2016/06/morre-aos-89-anos-julieta-vargas-rigotto-6254152.html 28 ​ https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=21902@1 ​ 29 https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/acessoConteudo.php?nrseqoco=75168 “O questionário foi enviado pelo site ​ ​ profissional diretamente para os e - mails de 2.115 oficiais de carreira, sendo que 643 responderam, 571 completamente e 72 parcialmente. Estatisticamente , precisaríamos de 371 questionários completos para validar o universo composto por 10.767 oficiais 166 formados pela AMAN . O número superior de respondentes aumentou a confiança estatística de 95% para 98%”. Ministros: Ribeiro Pereira (Gabinete de Segurança Institucional). Militar. Família ​ militar. Filho de Ari de Oliveira Pereira, Coronel Professor do Exército30. Leite de Albuquerque Júnior (Minas e Energia). Almirante. Militar. ​ Genealogia. Família militar. Pai foi Tenente e Promotor Militar31. Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). General. Genealogia no Sul do ​ Rio Grande do Sul. Família militar. Filho de Júlio Alcino dos Santos Cruz, oficial da Brigada Militar do Rio Grande do Sul32. (Defesa). Genealogia em Barra do Piraí, Rio de Janeiro. ​ Família militar. Filho do Coronel do Exército Gilberto Antônio Azevedo e Silva33.

Comandantes das Forças Armadas: Exército - General-de-Exército Edson Leal Pujol. Filho do Coronel da Brigada Militar do ​ Rio Grande do Sul, Péricles Corrêa Pujol34. Marinha - Almirante-de-Esquadra Ilques Barbosa Júnior- Filho de um oficial da Força ​ Pública de São Paulo35. Aeronáutica - Tenente-Brigadeiro do Ar Antônio Carlos Moretti Bermúdez, filho do ​ coronel Hyppólito Antônio Vijande Bermúdez (falecido) e Anna Maria Moretti Bermúdez, neto do comendador Gabriel Vijande Bermúdez36. O General Otávio Santana do Rêgo Barros, porta-voz do governo, natural de Recife-PE, ​ ​ filho de Francisco Rodolfo Valença do Rêgo Barros37 e de Maria Auxiliadora Santana do Rêgo Barros pertence a algumas das mais antigas e principais famílias pernambucanas da antiga açucarocracia, aquelas famílias dos engenhos de Casa Grande e Senzala. Na composição do núcleo militar do Ministério Bolsonaro, todos os generais pertencem a famílias militares, com tradições conservadoras, muitas vezes com pais que atuaram no Golpe de 64 e no serviço da ditadura, com antigos vínculos no pensamento político autoritário de ideologias dos tempos da “Guerra Fria” e da “Doutrina de Segurança Nacional”. Os generais Hamilton Mourão, Augusto Heleno, Fernando Azevedo são todos filhos de oficiais do Exército, o General Santos Cruz e o atual Comandante do Exército, o General Pujol, são filhos de oficiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Os militares, ao lado das famílias políticas do executivo, legislativo e judiciário, só podem ser entendidos quando vistos no conjunto de suas famílias. Há forte hereditariedade militar na composição e recrutamento da elite militar brasileira. Os oficiais generais quase sempre possuem vínculos genealógicos com a classe dominante tradicional, ou entram pela tradição militar conservadora. A família do General Etchegoyen era outro caso de hereditariedade militar38. O General Eduardo Villas Boas, um dos responsáveis pelo fracasso da democracia

30 http://memoria.bn.br/DocReader/093718_05/28814 ​ 31 http://www.mpm.mp.br/bento-costa-lima-leite-de-albuquerque/ ​ 32 http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=205774 ​ 33 http://www.eb.mil.br/web/resiscomsex/eb-em-revista/-/asset_publisher/9766RQsIbBlC/content/centro-de-instrucao-de-operacoe s-especiais-materia-formatura-de-conclusao-de-curso 34 http://www.jornalminuano.com.br/noticia/2018/11/23/general-pedritense-vai-comandar-exercito-no-governo-de-bolsonaro 35 ​ https://www.tribunaribeirao.com.br/site/novo-comandante-da-marinha-nasceu-e-viveu-em-rp/ 36 http://jornalcidade.net.br/not%C3%ADcias/pol%C3%ADcia/antonio-berm%C3%BAdez-assume-comando-da-aeron%C3%A1uti ca-1.2116298 37 http://eblog.eb.mil.br/index.php/menu-easyblog/blogger/gen-div-otavio-santana-do-rego-barros.html 38 https://www.brasildefato.com.br/2016/05/17/governo-temer-forma-triunvirato-da-repressao-para-aplicar-programa-antipovo/ ​ brasileira, é mais um caso. Filho do Coronel do Exército Antonio Villas Boas e de Inalda Dias da Costa39. Neto materno de Antonio Joaquim Dias da Costa e de Edith Neves, grandes fazendeiros em Cruz Alta, Rio Grande do Sul e descendentes das principais famílias latifundiárias, escravistas e políticas da Fronteira Sul, Simões Pires, Carneiro da Fontoura e outras. Parece que voltamos à República Velha e suas oligarquias políticas familiares entreguistas, antimodernidade e antidemocracia. O Ministério de Bolsonaro poderia estar em 1929, antes mesmo do Movimento de 1930.

Verificamos que no núcleo político-militar do governo Bolsonaro há forte correlação entre a existência de famílias militares e os oficiais generais. Todos oficiais generais são filhos de militares das Forças Armadas ou das forças de segurança.

Ministro ou Autoridade com origem Família Militar militar no Governo Bolsonaro

General Augusto Heleno Ribeiro Pereira Sim. Pai Coronel - Ari de Oliveira Pereira

Almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Sim. Pai Tenente e Promotor Militar Bento Costa Lima Júnior Leite de Albuquerque

General Carlos Alberto dos Santos Cruz Sim. Pai oficial da Brigada Militar do RS, Júlio Alcino dos Santos Cruz

General Fernando Azevedo e Silva Sim. Pai Coronel do Exército Gilberto Antônio Azevedo e Silva

General Edson Leal Pujol. Sim. Pai Coronel da Brigada Militar do RS, Péricles Corrêa Pujol,

Almirante Ilques Barbosa Júnior Sim. Pai oficial da Força Pública de São Paulo

Brigadeiro Antônio Carlos Moretti Bermúdez Sim. Pai Coronel, Hyppólito Antônio Vijande Bermúdez

General Otávio Santana do Rêgo Barros Família histórica Rego Barros de Pernambuco

2.2- Núcleo Legislativo:

Parlamentares com fortes relacionamentos entre parentescos e poder familiar, nepotismo sociológico.

Luiz Mandetta (Ministério da Saúde). Genealogia. Família política do . ​ O médico e deputado federal (DEM), do Mato Grosso do Sul, pertence a uma das principais famílias políticas da região40, primo da família Trad, do atual prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, do senador eleito, Nelson Trad Filho, do deputado federal reeleito Fábio Trad e do vereador Otávio Trad. Nelson Trad, já falecido, foi deputado federal, estadual, secretário de justiça, procurador-geral e se casou com

39 https://www.geni.com/people/Inalda-Dias-da-Costa-Villas-B%C3%B4as/6000000001671057574 ​ 40 https://www.midiamax.com.br/geral/2014/a-grande-familia-bons-de-voto-clas-se-perpetuam-na-politica-de-mato-grosso-do-sul/ Therezinha Mandetta, tia do "novo" ministro. Como afirmamos: o novo governo é a velha oligarquia política familiar em ação. Para quem pensava em ter votado contra o sistema e pela renovação, prossegue a "República do Nepotismo" ! Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). Genealogia. Família política. Maranata. Marcelo Álvaro ​ ​ Antônio (PSL-MG), nome fantasia de Marcelo Henrique Teixeira Dias, filho do ex-deputado Álvaro Antônio Teixeira Dias, que foi da ARENA, PMDB, PDT, uma família empresarial e política com base no Barreiro, uma das mais antigas regiões de . Tudo em família, sempre41. (Casa Civil). Genealogia. Oligarquias familiares tradicionais gaúchas. ​ Onyx Lorenzoni, veterinário, filho de Rheno Julio Fioravante Lorenzoni, também veterinário ​ e dono de um dos mais antigos e maiores hospitais veterinários do Rio de Grande do Sul, em e de Dalva Dornelles Lorenzoni. Pela genealogia de Dalva é que se transmite o velho poder da região, mais uma genealogia política do "Antigo Regime" que ​ prossegue no Brasil com seus valores, cultura de exclusão e desigualdade social. Dalva era filha do Major Satyro Dornelles de Oliveira Filho, dentista, prefeito de Vacaria entre 1938 e 194542, grande proprietário e depois dono do 6º Tabelionato de Notas em Porto Alegre, casado com Gabriela Duarte. A genealogia de Gabriela conecta algumas das principais famílias latifundiárias e escravistas dos Campos de Cima da Serra, região ocupada por atividades pastoris no final do período colonial. O filho de Onyx Lorenzoni, Rodrigo Lorenzoni, já se interessou pela política e se candidatou a deputado pelo DEM, ainda não conseguindo se eleger43. Osmar Gasparini Terra (Cidadania). Genealogia. Oligarquias familiares tradicionais ​ gaúchas. Osmar Gasparini Terra44 (MDB-RS), médico, neto do advogado e juiz de Vacaria, Augusto Diana Terra e bisneto do Coronel Avelino Paim de Sousa, poderoso chefe político regional, tio do senador Paim Filho, que ofereceu o cargo de assessor para seu sobrinho Walter Paim Terra45, pai do "novo" ministro. Pelas genealogias das famílias Paim, Terra e outras, no Rio Grande do Sul, entendemos a reprodução social e políticas destas famílias oligárquicas dentro do Estado ao longo dos séculos, típico modelo brasileiro de concentração de rendas, patrimônios e poder político. Corrêa da Costa Dias (Agricultura). Genealogia política. Neta e bisneta ​ de governadores do Mato Grosso. Oligarquias familiares tradicionais do Mato Grosso. Família militar. Tereza Cristina é bisneta de Pedro Celestino Corrêa da Costa, militar, ​ governador de Mato Grosso por duas vezes nos anos 20. O avô de Tereza Cristina foi Fernando Corrêa da Costa, que também governou o Estado em duas oportunidades (51-56 e 61-66) e depois foi senador. Tereza confina dezenas de milhares de animais em seus negócios ao longo dos últimos anos. “Avô da ministra da Agricultura entregou terras para ​ grandes empresas no MT e encolheu Parque do Xingu” 46. ​

41 https://oglobo.globo.com/brasil/deputado-marcelo-antonio-vai-comandar-ministerio-do-turismo-23266218 ​ 42 https://www.facebook.com/groups/VacariaNativista/search/?query=Dornelles ​ 43 https://congressoemfoco.uol.com.br/governo/metade-do-ministerio-de-bolsonaro-vem-de-familia-de-politicos-ou-militares/ ​ 44 http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/obituario/nelly-lucia-gasparini-terra-80265.html ​ 45 https://www.myheritage.com.br/person-1735041_225846221_225846221/walter-paim-terra?_ga=2.226040410.1179413888.15 58818960-205312584.1541082723 46 https://deolhonosruralistas.com.br/2019/03/26/avo-da-ministra-da-agricultura-entregou-terras-para-grandes-empresas-no-mt-e- encolheu-parque-do-xingu/ No núcleo legislativo do ministério Bolsonaro, todos novos ministros originários do Congresso possuem fortes vínculos de parentesco no campo político e são membros de tradicionais famílias políticas.

Núcleo Ministerial Legislativo Família política Nome do Parlamentar

Luiz Henrique Mandetta Sim. Família política no Mato Grosso do Sul.

Marcelo Álvaro Antônio Sim. Família política em Minas Gerais.

Onyx Dornelles Lorenzoni Sim. Família política no Rio Grande do Sul.

Osmar Gasparini Terra Sim. Família política no Rio Grande do Sul.

Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias Sim. Família política no Mato Grosso

2.3- Núcleo Político-Ideológico:

Paulo Roberto Nunes Guedes (Economia). Economista, banqueiro (Pactual), executivo ​ financeiro. Casado em 1973 com Maria Cristina Bolivar Drumond, filha de José Mariano Drumond, diretor do extinto Banco de Credito Real de Minas Gerais47 e da Semenge S.A. -Serviços Mecanizados de Engenharia - Engenharia e Construtora e de Amaryllis Bolivar Drumond48. Cunhado de José Mariano Drumond Filho, diretor do Banco Santos49. José Mariano Drumond, falecido em 198450, era filho do Coronel Cantídio Drumond e de Izaltina Drumond, tradicionais troncos mineiros. Irmão de Gustavo Guedes. “Em 2007, o órgão ​ (CVM -Comissão de Valores Mobiliários) condenou o fundo, o irmão de , Gustavo Henrique Nunes Guedes, e outras duas pessoas pela prática conhecida como "insider trading"51. Irmã Elizabeth Guedes, Vice-presidente da Associação Nacional das ​ Universidades Particulares (ANUP)52. Filha, Paula Drumond Guedes, opera em think tanks de direita como o Instituto Millenium. Fundadora e CEO da rede profissional Atlz e presidente do Instituto de Formação de Líderes (IFL) 53. Eu demorei seis meses para

47 http://blogdopco.com.br/relacao-com-minas/ 48 ​ O Fluminense - Ano 1973\Edição 21434 (1). 15/16 de julho de 1973. http://memoria.bn.br/DocReader/100439_11/15831 ​ 49 Algumas das conexões familiares e empresariais desta família, de acordo com nota de coluna social. Estado de Minas 22/3/2017 - Coluna Mario Fontana: “Casamento elegante a acontecer sábado, que deverá reunir convidados da sociedade ​ tradicional de BH e de outras praças, além de figuras do meio empresarial,(...) O enlace será festejado com uma caprichada recepção nos salões do Automóvel Clube (Dourado e Príncipe de Gales). Decoração da Verde Musgo, cerimonial da Solennité, música para danças a cargo da Banda RP200. A noiva é neta do saudoso José Mariano Drumond, que foi diretor do Crédito Real, e sobrinha-neta de Glorinha Drumond Sued, que foi casada com o colunista Ibrahim Sued”. ​ http://impresso.em.com.br/app/noticia/cadernos/cultura/2017/03/22/interna_cultura,200191/mario-fontana.shtml 50 Óbito no Jornal do Brasil 21/2/1984. https://www.geni.com/people/Cantidio-Drumond/6000000032698816246 e ​ ​ https://www.genealogieonline.nl/en/petroucic-genealogy/I364319.php 51 https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/18/paulo-guedes-informacao-privilegiada-bolsa-de-valores-cv m-bolsonaro.htm 52 https://anup.org.br/noticias/elizabeth-guedes-vice-presidente-da-anup-fala-sobre-o-futuro-do-ead-nas-graduacoes-em-saude/# 53 https://www.youtube.com/watch?v=9YQR8LdOZIc ​ entender o "pulo do gato", o diferencial social de Paulo Guedes. Não tinha encontrado nenhum capital social ou político familiar na família dele, algo que explicasse a rápida ascensão social de Guedes nos anos 1970 e 1980. Não é só estudando e trabalhando que alguém se torna banqueiro e alto executivo financeiro. Agora encontrei um fator da subida, o casamento em 1973 com Maria Cristina Bolivar Drumond, filha de José Mariano Drumond e de Amaryllis Bolivar Drumond, o “sogrão” era diretor do Banco de Credito Real de Minas Gerais e depois da Semenge S.A. -Serviços Mecanizados de Engenharia - Engenharia e Construtora. O velho ditado que alguém só se torna banqueiro casando com famílias de banqueiros, participando do fechado circuito desta elite econômica. “Teoria do nepotismo” em ação. O sogro de Paulo Guedes, José Mariano Drumond, era filho do Coronel Cantídio Drumond e de Izaltina Drumond, tradicionais troncos mineiros. Mais uma tradicional família mineira de poder do período colonial. Outra informação estratégica, a tia da mulher de Paulo Guedes era Glorinha Drumond, esposa do jornalista e colunista social Ibrahim Sued, um dos queridinhos da grande mídia carioca e brasileira, “bicão do clube dos cafajestes” de Copacabana. Nada como um bom casamento para enriquecer e abrir portas nas redes sociais e políticas da plutocracia. Quadros do capital financeiro sempre participam das atividades, facilidades, “sinecuras e mamatas” do Estado e falam da iniciativa privada. Ernesto Henrique Fraga Araújo (Ministro das Relações Exteriores). Filho de Henrique ​ Fonseca de Araújo (Procurador-Geral da República 1975-1979, na ditadura). Sobrinho do Almirante Ernesto de Araújo, ex-Diretor da Escola Superior de Guerra. Casado com a também diplomata Maria Eduarda de Seixas Corrêa, filha de Luiz Felipe de Seixas Corrêa, embaixador e ex-secretário-geral do ministério, descendentes do Marquês do Paraná, ministro no Império54 e de outras tradicionais famílias do Rio de Janeiro. (Secretaria-Geral da Presidência). Genealogia. Oligarquias familiares ​ tradicionais. Neto de Ademar Alves Bebianno, do antigo grupo América Fabril e parentes do Visconde de Castanheira de Pera55, um dos mais ricos de Portugal. Ricardo de Aquino Salles (Meio Ambiente). Advogado. Sociedade Rural. Escritório ​ familiar de advocacia com a mãe Diva Carvalho de Aquino56. O pai foi o também advogado Jorge de Santa Luzia Salles Júnior. ​ Ricardo Vélez Rodríguez (Educação). Nascido na Colômbia. ​ Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). Famílias político-jurídicas paranaenses. ​ Esposa, advogada Rosangela Wolff de Quadros Moro, pertence ao clã Macedo do Paraná, ​ ​ prima distante de Rafael Greca de Macedo e de Beto Richa. Genealogia. Moro teve privilegiada carreira no judiciário “de exceção”, interceptação telefônica, etc57. Caso excepcional em que um juiz ganha o cargo de ministro pelos seus serviços políticos anteriores e por ter condenado, sem provas, o principal político de oposição (Lula), o que aponta um regime político com indícios de exceção.

54 https://epoca.globo.com/isso-nao-se-faz-ernesto-23417690 ​ 55 https://gw.geneanet.org/aqf?lang=en&p=jose+alves&n=bebiano ​ 56 https://www.consultascnpj.com/carvalho-de-aquino-e-salles-advogados/04534524000113 ​ 57 Prosopografia Familiar da Operação Lava-Jato e do Ministério Temer. RC de Oliveira - 2017 ​ ​ https://revistas.ufpr.br/nep/article/view/55093/33455) ​ Ministros Político-Ideológicos Conexões familiares políticas e empresariais

Paulo Guedes Sim, pelo sogro empresário, irmão e pela irmã.

Ernesto Araújo Sim. Pai foi procurador-geral da República e tio foi almirante.

Gustavo Bebianno Sim. Família empresarial.

Ricardo Salles Limitadas

Ricardo Vélez Rodríguez Não

Sérgio Moro Sim. Família político-jurídica. A esposa pertence ao poderoso clã Macedo do Paraná.

2.4 - Pastores Evangélicos:

André Luiz de Almeida Mendonça (Advocacia-Geral da União - AGU). Carreira técnica e ​ pastor evangélico. “O advogado André Luiz de Almeida Mendonça foi escolhido nesta ​ quarta-feira (21/11) pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para ser o advogado-geral da União do novo governo. Ele substituirá Grace Mendonça, no cargo desde 2016. Advogado da União desde fevereiro de 2000, ele atua desde 2016 como assessor especial do ministro Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União, que permanecerá no cargo no governo Bolsonaro. Mendonça nasceu em Santos (SP). Antes de entrar para a AGU, foi advogado da Distribuidora, também concursado. Além do curso de Direito, formou-se em Teologia, em Londrina (PR), e hoje é pastor na Igreja Presbiteriana Esperança, em Brasília, Mendonça é pós-graduado em direito pela UnB58. (Mulher, Família e Direitos Humanos). Nascida em Paranaguá, em 1964, ​ se mudou e viveu muitos anos em vários estados do Nordeste. Pastora da Igreja do ​ Evangelho Quadrangular e da Batista da Lagoinha. Advogada. Filha do pastor Henrique Alves Sobrinho, ativista e religioso no campo do protestantismo, fundador de dezenas de igrejas. Damares é sobrinha do deputado federal e pastor Josué Bengtson (PTB-PA), de quem foi assessora parlamentar. Josué Bengtson é pai do deputado federal eleito em 2018, no Pará, Paulo Bengtson59. Formada em direito, assessora parlamentar em Brasília60. Damares começou trabalhando em Brasília no gabinete de seu tio, o pastor Josué Bengtson (PTB-PA), depois foi assessora de vários outros parlamentares. Em maio de 2018, Josué Bengtson, tio de Damares foi condenado à perda do mandato por desvio de recursos da saúde no Pará, esquema conhecido como “máfia das ambulâncias” ou “das sanguessugas”. "O deputado recebeu propina na sua conta e na da Igreja Quadrangular, para favorecer ​

58 https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/11/21/bolsonaro-anuncia-andre-luiz-de-almeida-mendonca-para-chefiar-a-agu.ghtml https://www.conjur.com.br/2018-nov-21/bolsonaro-anuncia-andre-luiz-almeida-mendonca-chefiar-agu https://noticias.gospelprime.com.br/novo-chefe-da-agu-diz-que-deus-dara-sabedoria-para-tomar-decisoes/ 59 https://bacana.news/para-tera-pelo-menos-uma-ministra-parente/ ​ 60 https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/06/politica/1544130330_946126.html ​ https://oglobo.globo.com/sociedade/damares-alves-trajetoria-conservadora-da-ministra-que-criou-polemica-23367259 https://www.vice.com/pt_br/article/a3bz3a/antes-de-ser-ministra-damares-tentou-impedir-aborto-em-paciente-com-cancer uma empresa, segundo a acusação61". O primo de Damares, Paulo Bengtson, filho de Josué Bengtson, foi eleito deputado federal pelo Pará em 2018. Em 2010 outro filho de Josué Bengtson, Marcos Willian Bengtson, foi preso pela Polícia Civil, acusado de ser o mandante da morte de José Valmeristo Soares, conhecido como Caribé, membro do MST, na fazenda Cambará, em Santa Luzia do Pará62. Damares Alves parecia ser apenas mais uma mulher evangélica, de origens pobres e periféricas, com pouca cultura e educação. Não é bem assim. Um dado fundamental na trajetória de Damares foi a família política, como a maioria do atual ministério e a maioria dos políticos brasileiros.

Nome do Ministro Conexão familiar

André Luiz de Almeida Mendonça Não

Damares Alves Sim. Filha de pastor e sobrinha do deputado federal e pastor Josué Bengtson (PTB-PA), de quem foi assessora parlamentar. Prima do deputado federal Paulo Bengston.

2.5 - Núcleo Tecnocrático:

Wagner de Campos Rosário (Controladoria-Geral da União - CGU). “Ministro da ​ Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) desde 13 de junho de 2018, tendo atuado como ministro substituto de junho de 2017 a junho de 2018. Graduado em Ciências Militares pela Academia das Agulhas Negras e mestre em Combate à Corrupção e Estado de Direito pela Universidade de Salamanca, na Espanha, também já atuou como Oficial do Exército. Natural de Juiz de Fora (MG), Wagner Rosário tem 43 anos e é auditor Federal de Finanças e Controle desde 2009. Tornou-se o primeiro servidor de carreira da CGU a assumir o cargo de secretário-executivo e ministro da Pasta. No órgão de controle interno do Governo Federal, trabalhou também na área de Operações Especiais, responsável por investigações conjuntas de combate à corrupção, em articulação com a Polícia Federal, ministérios públicos (Federal e Estadual) e demais órgãos de defesa do Estado”63. ​ Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto (Desenvolvimento Regional). Carreira Técnica. ​ Servidor efetivo do Ministério do Planejamento, “Canuto ainda negou que sua escolha tenha ​ passado por uma indicação do ex-ministro da Integração Nacional e governador eleito do Pará, Hélder Barbalho (MDB), com quem trabalhou no governo federal”64. Nascido em ​ ​ Paranavaí, Paraná. Gustavo é um paranavaiense, filho de Anizia Leontina Rigodanzo Canuto e do médico Sebastião Canuto65. “Anizia L. Rigodanzo Canuto nasceu no dia 10 de ​ ​

61 https://g1.globo.com/pa/para/noticia/deputado-federal-pastor-josue-bengston-e-condenado-por-desviar-recursos-da-saude-no-p ara.ghtml 62 https://www.cptnacional.org.br/multimidia/12-noticias/conflitos/393-filho-de-josue-bengtson-e-preso-por-morte-de-sem-terra 63 ​ http://www.cgu.gov.br/sobre/institucional/galeria-de-ministros/wagner-rosario ​ 64 https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/11/28/desenvolvimento-regional-tera-gustavo-canuto-como-ministro-anuncia-bolsonar o.ghtml 65 – Leia mais no link abaixo onde você vê a foto da mãe de Gustavo recebendo título das mãos do vereador Picorelli (Pó ​ Royal) abril de 1948, na cidade de São Miguel D’Oeste, Estado de Santa Catarina. É filha de Fredalina e Máximo Rigodanzo. Estudou o ensino fundamental no Grupo Escolar de Clevelândia, e o médio, no Colégio Estadual São Luiz. Formou-se em medicina pela Universidade Federal do Paraná; e em pediatria e homeopatia pelo Hospital Cruz Vermelha do Paraná. É membro da Associação Homeopática Paranaense. Já ocupou os cargos de chefe de pediatria da Santa Casa, diretora do Inamps e delegada do Conselho Regional de Medicina, todos em Paranavaí. É casada com o também médico Sebastião Canuto, com quem tem os filhos: Jane Patrícia, Paola Carolina e Gustavo Henrique. A homenagem foi uma proposição do vereador Roberto Cauneto Picorelli”66. ​ Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura). Foi Capitão do Exército (AMAN) e engenheiro ​ formado pelo Instituto Militar de Engenharia. Missão no . Foi coordenador-geral de Auditoria da Área de Transportes da Controladoria Geral da União. Indicado para ser diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT)67 pelo general Jorge Fraxe, na "faxina ética" determinada pela presidenta Dilma Rousseff, passou a diretor-geral em 2014. Depois do Golpe de 2016 foi para o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) com o “novo” ministro Moreira Franco68. (Ciência e Tecnologia). Militar. Astronauta. Sem conexões familiares ​ militares ou políticas.

Nome do Ministro Conexão familiar

Wagner de Campos Rosário Não

Gustavo Canuto Não

Tarcísio Gomes de Freitas Não

Marcos Pontes Não

2.6- Herdeiro Tecnocráticos do Regime de 1964:

Roberto de Oliveira Campos Neto (Banco Central). Neto do ex-ministro e senador ​ Roberto Campos. Executivo nos Bancos Bozano Simonsen e Santander. O antepassado da família Oliveira Campos foi o capitão das ordenanças Inácio de Oliveira Campos, de Pitangui, “descobridor em 1773 dos sertões entre os Rios das Velhas, Parnaíba e

https://joaquimdepaula.com.br/index.php/2018/11/bolsonaro-anuncia-paranavaiense-gustavo-henrique-canuto-no-ministerio-do -desenvolvimento-regional/ 66 http://www.diariodonoroeste.com.br/noticia/paranavai/local/76118-camara-de-paranavai-faz-homenagem-no-dia-da-mul her https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/11/28/desenvolvimento-regional-tera-gustavo-canuto-como-ministro-anuncia -bolsonaro.ghtml 67 https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,diretor-assume-chefia-do-dnit-no-lugar-de-general,1564211 ​ 68 https://oglobo.globo.com/economia/saiba-quem-tarcisio-de-freitas-escolhido-por-bolsonaro-para-pasta-de-infraestrutura-23263 932 Dourados, destruidor de quilombos de negros69” e Dona Joaquina de Pompéu (Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco Souto Mayor de Oliveira Campos), família muito rica e poderosa, antepassados de importantes nomes na classe dominante brasileira nos últimos séculos70, com mais uma longa genealogia originária do período colonial em Minas Gerais e no Mato Grosso. Roberto da Cunha Castello Branco (Petrobras). Parente do ex-presidente Humberto ​ Castello Branco71. Família histórica Castello Branco. Indicado para a Petrobras mais um membro da classe dominante tradicional e das oligarquias políticas familiares do Nordeste. Roberto da Cunha Castello Branco, natural de São Luís, Maranhão, filho de um juiz que era primo em segundo grau do Marechal Humberto Castello Branco, ex-presidente da República depois do golpe de 1964. Um dos primeiros doutores formados em Ciências Econômicas no Brasil considerava a desigualdade salarial como transitória, mas sabemos que a desigualdade é estrutural e depende das conexões das famílias e classes sociais dentro da reprodução social no Estado. Mais um membro da elite estatal com longa carreira em cargos privados e no Estado, sempre interessados nas privatizações, que sempre beneficiam a pequena minoria dos mais ricos. Pedro Duarte Guimarães (Caixa Econômica Federal - CEF). Genro de Leo Pinheiro. ​ “Pedro Guimarães, que passa a presidir a Caixa, que é reconhecido por ser um especialista ​ em privatizações. Menos notório é o fato de que Guimarães é genro de Leo Pinheiro, ex-executivo da empreiteira OAS, condenado por pagar propinas em troca de favorecimentos para a empresa e que teve a pena reduzida após assinar um acordo de delação premiada em que acusou o ex-presidente Lula de ser o “proprietário oculto” do triplex do Guarujá (SP)”72. Manuella Pinheiro Guimarães é a filha casada com Pedro Duarte ​ Guimarães.

Dirigentes Estatais Conexão familiar

Roberto Campos Neto Sim

Roberto Castello Branco Sim

Pedro Guimarães Sim

69 https://www.geni.com/people/Capit%C3%A3o-In%C3%A1cio-de-Oliveira-Campos/6000000018040602202 ​ https://www.geni.com/people/Valdomiro-de-Oliveira-Campos/6000000065160998010 70 CAMPOS, Deusdedit Pinto Ribeiro de. Dona Joaquina do Pompéu: Sua história e sua gente. Belo Horizonte: Roma, 2003. ​ 71 Jornal do Brasil 26/4/1977 http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/163214 ​

72 https://www.sul21.com.br/ta-na-rede/2019/01/presidente-da-caixa-e-genro-de-leo-pinheiro-delator-do-triplex/ ​ CONCLUSÃO

As relações familiares são essenciais nas explicações das carreiras e composições políticas. A presença e atuação de capitais sociais e políticos familiares podem ser identificadas na maioria dos casos estudados. Origens familiares contribuem decisivamente para definir o perfil e a prosopografia da maioria dos candidatos e ministros. Mais da metade do ministério de Bolsonaro apresenta vínculos familiares na política, no meio empresarial, jurídico, na área militar e de segurança. Todos os oficiais generais (Augusto Heleno, Bento Albuquerque, Carlos Cruz, Fernando Azevedo). Todos os ​ ​ deputados pertencem a famílias políticas e oligarquias da classe dominante (Onyx ​ Lorenzoni, Luiz Mandetta, Marcelo Álvaro, , Tereza Cristina). Na Justiça ​ verificamos vínculos genealógicos, judiciários e políticos na família de Sérgio Moro. O ​ ​ chanceler Ernesto Henrique Fraga Araújo também apresenta fortes capitais sociais ​ familiares nas elites estatais. Gustavo Bebianno, Secretaria-Geral, pertence a importantes ​ ​ famílias empresariais do Rio de Janeiro. Paulo Guedes apresenta importantes conexões ​ empresariais com o casamento e seu sogro, além de operar com o irmão e ter irmã com interesses na educação privada. Damares Alves pertence a uma família política de ​ pastores evangélicos, de quem foi assessora parlamentar, sobrinha e prima de deputados federais pelo Pará. O presidente do Banco Central, com estatuto de ministro, Roberto ​ Campos Neto, também possui significativas conexões familiares e genealógicas. ​ Dos 22 ministros verificamos 15 ministros com expressivos capitais sociais, empresariais, militares e políticos familiares. Os ministros com carreiras preferencialmente tecnocráticas na burocracia, sem conexões de parentescos, “empurrões” e “apadrinhamentos político-partidários” em alguns momentos, ou identificações com capitais sociais e políticos familiares de maneira explícita, formam a minoria. O antigo e o arcaico prosseguem no Brasil, baixa renovação e rotatividade nas elites políticas, jurídicas e militares. Não ocorre renovação e segue a continuidade da “velha política” oligárquico-familiar na forma e conteúdo. É a continuidade do “Antigo Regime”. São famílias que já estavam no poder há 50 ou mais de 100 anos, tanto no meio empresarial, no agroindustrial, na burocracia, na elite política, militar ou da magistratura. As novas famílias, emergentes nas atividades empresariais, burocráticas e políticas seguem o mesmo modelo organizacional familiar, em que muitas vezes o público e o privado se confundem. As instituições políticas continuam sendo atravessadas por interesses e lógicas familiares privadas, acima do protocolo, do decoro e dos interesses públicos. Há uma continuidade e hereditariedade em muitas práticas políticas, mentalidades, formas culturais, ethos, visão de mundo e continua um velho “habitus de classe dominante” no Brasil. Da mesma maneira que os capitais sociais e políticos familiares promovem, privilegiam e selecionam os indivíduos dos grupos superiores e da classe dominante, observamos a existência de fortes barreiras sociais e políticas contra a ascensão de grupos subalternos e periféricos, mulheres sem famílias políticas, negros, ameríndios, classes populares e de membros da classe trabalhadora, com raras exceções no campo político e propensos a serem perseguidos e excluídos pelo sistema judicial e político autoritário e antidemocrático. Esta pesquisa sempre continuará porque sempre descobrimos novas conexões de parentesco e novas redes de influência nos velhos e novos atores políticos.