Maria Scientia
Revista Científica Electrónica | Scientific e-Journal
Instituto de Estudos Políticos |Universidade Católica Portuguesa Institute of Political Studies | Portuguese Catholic University
Revista Científica Electrónica Sumário Maria Scientia
Um projecto da Linha de Investigação
Página 1 Nota Editorial em Assuntos Marítimos da Área António Carlos Rebelo Duarte, V.A.…ver aqui» Científica de Estudos Europeus do Um projecto co-financiado pela Instituto de Estudos Políticos da
Universidade Católica Portuguesa Pagina 5 Climate change and its impacts on marine ecosystems and fisheries in São Tomé e Príncipe
Gonçalo Carneiro e Jorge Carvalho do Rio…ver aqui»
Página 27 O Mar enquanto elemento densificador do Espaço Lusófono
Sandra Pereira…ver aqui»
Página 43 Maritime Spatial Planning as Element of
Geopolitics of the Sea Conselho Científico Prof. Doutora Maria da Glória Garcia Nuno Morgado…ver aqui» Prof. Doutor João Carlos Espada Prof. Doutor Adriano Moreira Pagina 57 O Crescimento Azul e os clusters marítimos Almirante Nuno Vieira Matias
europeus Vice-almirante António Rebelo Duarte Prof. Doutor Álvaro Garrido Prof. Doutora Elisabete Azevedo-Harman Maria Fernandes Teixeira…ver aqui» Prof. Doutor Eduardo Lopes Rodrigues
Prof. Doutora Sónia Ribeiro Mestre Maria Fernandes Teixeira
De acordo com as normas de publicação em vigor, todos os artigos foram sujeitos a blind peer-review.
Um projecto co-financiado pela
Edição nº 4 | Novembro 2012
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Nota Editorial
Homenagem, honra e prazer serão os o ambiente e ecossistemas, passando pela principais sentimentos-guia na elaboração geopolítica e o crescimento económico, até à deste simples apontamento, que procura estratégia económica. suscitar o interesse e abrir o apetite do leitor para o conteúdo deste quarto número da A Europa e os seus Estados-membros, a Revista Maria Sciencia. viverem tempos difíceis e inquietos, não escapam aos grandes desafios de ordem Homenagem, à feliz iniciativa editorial fruto planetária, nomeadamente os que decorrem do lançamento da Linha de Investigação em da segurança energética, dos problemas Assuntos Marítimos, coordenada pelo ambientais e da preservação dos ecossistemas Professor Eduardo Lopes Rodrigues, Doutora e da biodiversidade, desafios esses onde Sónia Ribeiro e Mestre Maria Fernandes facilmente se descortina uma génese com Teixeira, que perseveraram na edificação de forte conotação marítima. uma plataforma de encontro de todos os que depositam no mar o seu foco de interesse É o caso das alterações climáticas, dado o repartido pelo triplo eixo do conhecimento: a papel do oceano, como o das florestas, na sua investigação, o saber e o saber fazer. regulação através da absorção de CO2 e, bem assim, dos impactos negativos dessas Honra, motivada pelo convite para assinar alterações nas regiões costeiras e nos esta nota editorial, oferecendo-me a ecossistemas marinhos, a que se associa a oportunidade de suceder neste escrito a tão responsabilidade da componente marinha no distintas personalidades, como os Prof. Carlos desafio da preservação ambiental, em especial Espada, Alm. Vieira Matias e Prof. Lopes a necessidade de aplicação da Diretiva Rodrigues, que desde o início inspiraram e Europeia da Proteção do Meio Marinho. impulsionaram o abrangente projecto “MAR”. Este é o objeto central do primeiro artigo (“O Prazer, pelo facto de me facultarem uma Impacto da Alterações Climáticas sobre os sempre agradável oportunidade de “mexer” Ecossistemas Marinhos e a Pesca em São com os assuntos marítimos, que me Tomé e Príncipe”), de cujo título se depreende “entretêm” e entusiasmam há pouco menos a intenção de recorrer à exemplificação prática de meio século. do impacto já hoje visível no sector da pesca e respectivos recursos haliêuticos de São Tomé e Príncipe, nosso parceiro da CPLP, a convidar à reflexão sobre a imperiosa *** necessidade de acordo global em torno do sucessor do Protocolo de Quioto e Como não podia deixar de ser, o mar, o tal implantação efectiva de uma rede mundial de vector estratégico que fez Portugal ao áreas marinhas protegidas (AMP´s), por consentir-lhe a diferenciação e a enquanto só delimitadas numa ínfima parcela originalidade, é a temática em foco, o elo de dos espaços marítimos, obstando a que a ligação e o principal leit motif das aspiração se transforme em realidade. comunicações que integram a presente edição, num amplo leque de domínios, que vão desde
Maria Scientia Novembro 2012 1
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
O segundo trabalho versa um tema da maior Atlântico Sul, na expressão baptismal do Prof. actualidade quando pensamos, recorrendo ao Adriano Moreira. conceito operacional do Prof. Adriano Moreira, em janelas de liberdade e O sentido subjacente à oportunidade de oportunidade para a presente e adversa desenvolvimento dos clusters marítimos que conjuntura portuguesa. Julgamos tão salutar o o autor profetiza, prende-se com um aspecto escrutínio do mar como elemento da crucial que hoje pende sobre a CPLP, ou seja, consciência marítima do povo português, para que não caia na irrelevância, terá de como factor do poder nacional na rumar a domínios de utilidade, para melhor reorientação estratégica para a regeneração cumprir o seu duplo desígnio – projectar a construtiva do futuro. língua e cooperar no desenvolvimento – e o mar é claramente um deles, na exacta medida Na feliz expressão da autora, o mar da sua natureza, como nos elucidava Ernâni densificou, pela língua e valores culturais que Lopes, de “… componente genética e disseminou por longínquas paragens do estruturante da razão de ser e das mundo, o tal espaço ladrilhado de um potencialidades de todos e cada um dos oito passado comum com essas comunidades parceiros da CPLP …”. locais e que hoje pode ser cimentado pelas sinergias do conjunto, em prol do Chegamos agora à terceira contribuição, que desenvolvimento económico, científico e aborda o tema-chave do planeamento espacial tecnológico, que a todos interessa e pode marítimo. É sublinhada a crescente motivar para a consolidação da tal plataforma importância dos oceanos na agenda política de representações e interesses concatenados internacional e a necessidade de uma pela língua. Falamos, precisamente, da já planificação de ordem global dos espaços mencionada CPLP, na qual o mar, através da marítimos, visando a concertação entre as permuta cooperativa de conhecimentos múltiplas e por vezes agressivas actividades científicos e tecnológicos, pode recuperar a humanas e a necessidade de gestão superior condição de força motriz daquele do seu impacto na saúde dos ambientes desenvolvimento a que aspiram todos e cada marinhos. um dos parceiros. Esta será uma das razões para a inclusão do A concretização do projecto que o mar e a oceano no conceito originário de geopolítica, língua acalentam, tem a sua viva expressão, isto é, a par do outro elemento geopolítico, a como se aponta no trabalho, na ideia geografia. Atribui-lhe uma crescente “porteriana” de clusterização, criando um importância mundial a partir do contínuo espaço incubador da cooperação no âmbito incremento do comércio marítimo das respectivas economias do mar. Esse é o internacional, recorrendo, de permeio e espaço indispensável, vital mesmo, para a interessantemente, ao “ideário manhanista”, necessária revitalização e consolidação da no que se refere ao papel do poder marítimo CPLP e da lusofonia, na perspectiva do na riqueza e poder dos Estados, pensamento aproveitamento de um valioso potencial do século XIX necessariamente actualizado à estratégico, também para Portugal, cujo luz dos desenvolvimentos tecnológicos, futuro, mais do que confinado à Europa, económicos e políticos verificados até hoje comporta o resto do mundo, não só mas em (revolução industrial, evolução tecnológica, especial o “mar moreno” correspondente ao desenvolvimento da poleomologia, etc.). Realça a conflitualidade de interesses no mar,
Maria Scientia Novembro 2012 2
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
susceptível de reforçar a competição em clusters estratégicos baseados na inovação e detrimento da cooperação, realidade que criatividade, nas competências, talentos e pode ser observada mesmo no seio da UE, novas oportunidades, ilustrados entre nós entre a Comissão e os Estados-membros, com a bem sucedida “Autoeuropa” e, mais nomeadamente em sede de Política Comum recentemente, a brasileira “Embraer”, em de Pescas (PCP), avocando em favor desta Évora. Apostas como estas, em projectos tese o seu impacto no caso português. Desses estratégicos associados aos clusters de efeitos, aponta as vantagens e os prejuízos, inovação e pólos de competitividade, desta sem deixar de os contextualizar no quadro da feita no mar, justificar-se-ão plenamente, tão gestão, conservação e exploração dos recursos convictos estamos de que a guerra global pela vivos da ZEE (que o Tratado de Lisboa veio criação de valor e pelos talentos assentou consagrar em base e termos de Direito arraial e quem se distrair não poderá aspirar a originário), trazendo à colação a proposta muito mais do que a estagnação e o portuguesa de extensão da Plataforma empobrecimento. Continental (PC) e culminando com um alerta para o que se passa em várias zonas do Eis um vislumbre da abordagem planeta, onde a depradação dos recursos verdadeiramente moderna requerida pela piscícolas se faz sentir com mais intensidade e problemática económica em geral e a impunidade, exemplificando com a economia do mar em particular, que também “desagregada” Somália. não pode prescindir de “redes activas” de actuação nos mercados globais, com A concluir encontramos o actual e atraente envolvimento dos principais agentes assunto do crescimento azul preconizado pela sectoriais (empresas líderes, universidades, UE e a importância que o processo de centros I&D, IDE também) e cabendo aos clusterização marítima pode desempenhar departamentos públicos um papel importante naquela estratégia comunitária europeia, com de orientação e contextualização. todo o seu cortejo de desafios, tensões, impasses e condicionalidades. Essa será a “terceira via” para uma “nova economia”, isto é, que seja capaz de garantir Trata-se de inscrever o exercício da “sea uma “economia nova” sustentável, baseada governance”, enquanto política e gestão numa lógica de escolhas e focalização em integradas das diversas actividades prioridades claras, indutoras da renovação marítimas, até agora marcadas pela activa estrutural do tecido económico generalizada fragmentação e pulverização nacional, com mobilização efectiva de tutelar, num quadro mais amplo do novo “centros de competência” que respaldem uma paradigma de crescimento azul na Europa aproximação assertiva ao mercado global. que assegure, pela via integradora, o corte da ligação anterior entre crescimento económico Alguns dos nossos parceiros europeus já que é, mais do que desejável, necessário compreenderam a importância deste vector prosseguir, e a degradação ambiental, estratégico de desenvolvimento que o mar normalmente associada aos actuais modelos consente, precisamente aqueles em que a de desenvolvimento. O autor acredita e economia do cluster marímo já assegura uma julgamos que correctamente, no valor alíquota de dois digitos nos respectivos PIB´s, instrumental do mar na padronização mais tanto quanto Portugal devia ambicionar em competitiva das economias europeias, já proporção com o potencial de riqueza que as comprovado, em terra, com casos felizes de
Maria Scientia Novembro 2012 3
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
suas colunas de água sobrejacentes e solos e esforço de auto-contenção para dar azo à subsolos marinhos abrigam. leitura dos artigos de excelente qualidade e marcada actualidade seleccionados para o seu Muito mais seríamos tentados a dizer em quarto número, por parte do fiéis relação aos assuntos tão bem apresentados e destinatários da Maria Scientia, não sem deixar trabalhados pelos colaboradores desta edição de reiterar um aceno elogioso e uma nota de da Revista, mas ficamos confortados com um felicitação aos respectivos autores.
Antóno Carlos Rebelo Duarte, V.A.
Maria Scientia Novembro 2012 4
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Climate change and its impacts on marine ecosystems and fisheries in São Tomé e Príncipe
Impacto das alterações climáticas sobre os ecosistemas marinhos e a pesca em São Tomé e Príncipe
Gonçalo Carneiro
LIAM Maria Scientia, IEP/UCP, Lisboa, Portugal e World Maritime University, Malmö, Sweden
| [email protected] ; [email protected] Jorge Carvalho do Rio
MARAPA, São Tomé, São Tomé e Príncipe
Abstract This paper is concerned with the impacts of climate change on marine ecosystems and fisheries in São Tomé e Príncipe. It starts by reviewing first the current knowledge about climate change at global level, and then the observed and expected impacts of these changes on the marine environment. The specific case of São Tomé e Príncipe is then considered, starting with a characterisation of the key social, economic and cultural features of the fisheries sector in the country. The main changes to the country's climate and marine environments are then reviewed, and the consequences of these changes for artisanal fisheries are analysed. The paper closes with a reflection of possible adaptation measures that take account of the need to minimise global environmental change impacts and of the development imperatives of the country.
Key words: Adaptation; Artisanal fishing; Global environmental change; Marine environment; West Africa
Resumo Abordam-se neste artigo os impactos das alterações climáticas globais sobre os ecossistemas marinhos e a pesca em São Tomé e Príncipe. Faz-se, em primeiro lugar, uma revisão do conhecimento actual relativamente às alterações climáticas ao nível do planeta, considerando-se de seguida os impactos das alterações climáticas no meio marinho. Discute-se depois o caso específico de São Tomé e Príncipe, caracterizando-se primeiro o sector da pesca santomense nos seus aspectos ambientais, sociais, económicos e culturais. Revêem-se seguidamente as principais tendências de mudança no clima e no ambiente marinho santomenses, fazendo-se depois a ligação com a forma como a pesca poderá vir a ser afectada por estas mudanças. O artigo termina com uma reflexão em torno de possíveis medidas de adaptação neste sector que permitam minimizar os efeitos das alterações climáticas, assim como responder às necessidades da população santomense.
Palavras-chave: Adaptação; África Ocidental; Alterações climáticas; Ambiente marinho; Pesca artesanal
Maria Scientia Novembro 2012 5
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
environmental problem, climate change has I. Introduction highlighted the imperative of global Rapid change in the main elements of climate commitments and actions. At the same time it is one of the most daunting challenges facing has also shown how international politics mankind. The accompanying disruption of continues to be dominated by shortterm the structure and functioning of many of objectives of individual nations. Earth’s lifesupport systems and the limited It is hardly surprising that determined action ability at present to fully anticipate the by societies to address the challenges of direction and magnitude of this change make climate change have been slow in coming. it also one of the most urgent. Climate is inherently variable in time and Climate science has made remarkable space, with multiple superimposed timescales progress in the last few decades. Despite involving seasonal, annual, decadal and regional variations, there is today a much multidecadal interacting cycles, many of improved capability to detect and interpret which remain poorly understood. The changes in the Earth’s climate system at complicated pattern of climate variability different scales, as well as to model and makes it difficult in daily life to discern the predict how this system will respond to largescale patterns of change that might be different pressures. Much remains to be occurring, not theleast because these are often investigated though, to enable sufficient tenuous in their manifestation. What is more, understanding of several feedback communicating the climate science to mechanisms and of the response of nonspecialists is not a simple task given the ecosystems to largescale change, both in their complexity of the system. This, in turn still biotic and abiotic components, as well as to greatly impairs the ability to accurately improve the reliability of longterm forecasts, forecast future large scale changes. in particular at smaller geographical scales. This paper attempts to bridge some of these On the sociopolitical front progress has gaps by looking at the effects of global climate regrettably been much slower. Societies have change on marine ecosystems and fisheries. It by and large been unable to adopt less briefly reviews current knowledge about climatedamaging forms of organisation. The these effects, concentrating then on the dominant paradigm for socioeconomic specific case of São Tomé e Príncipe (STP), an development pursued by developing and archipelagic state located in the Gulf of developed nations alike remains one of Guinea. It attempts to link global patterns of increasing reliance on exploitation of natural change to societal change in this country by resources and burning of fossil fuels for analysing how the artisanal fishing sector energy production. It is particularly worrying might be affected. It will show how that the former nations, home to six of the insufficient the understanding of globe’s seven billion people, in their rightful environmental change at local and regional pursuit of improved wellbeing insist on the level still is and briefly present the measures same production and consumption patterns of proposed to address observed and anticipated developed nations, with which much of the changes. responsibility for today’s climate change rests. The remainder of this paper is structured in Societal inaction has extended to the political the following manner. The next section level. More than any other global summarises the patterns of change in the
Maria Scientia Novembro 2012 6
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
main drivers and parameters of global is that the average rate of increase in climate. It is followed by a section where the concentration has also been growing, that is effects of climate change on marine CO2 not only continues to accumulate in the ecosystems are reviewed, with particular atmosphere, it does so at an increasing pace. emphasis on documented – as opposed to The global average CH4 atmospheric anticipated – changes. Section 4 is devoted in concentration was estimated at 1,774ppb in its entirety to the specific case of STP, 2005 (2), approximately twice the value comprising a brief introduction to the calculated for preindustrial times. Contrary to country; a description of the country's the positive trend observed for CO2, methane fisheries sector; a review of observed and concentration has stabilised since the 1990, predicted climate and marine environmental and is today believed to have reached a change in the country and in the region of the steadystate (3). Nitrous oxide is, despite its Gulf of Guinea; and a discussion of the relatively low atmospheric concentration of impacts of climate change on artisanal fishing 319ppb in 2005 (2), an important greenhouse and of related adaptation measures. A gas due to its long lifetime (approximately 120 conclusion closes the paper. years) and radiative effectiveness –
approximately three times that of CO2. A
linear yearly growth of 0.8ppb has been II. Global climate change observed over that last few decades, with estimates pointing at about 40% of current In its latest assessment report, the emissions as being of human origin. Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) declared the increasing concentration Adding to these three greenhouse gases, of greenhouse gases in the atmosphere to be halocarbonated compounds have been the dominant factor in the radiative forcing of estimated to contribute with 13% of the climate in the last 250 years (1). It is also radiative forcing of anthropogenic recognised that, despite the natural greenhouse gases (4). Their concentration in occurrence of these gases, increases in their the atmosphere is expected to decrease as a concentration during that period “are largely result of measures adopted un the Montreal due to human activities” (p.23). protocol (2, 4).
Several gases are known to have greenhouse A direct consequence of a strengthened effect. Of particular concern are the socalled greenhouse effect is an increase in air longlived greenhouse gases, that is gases that temperature at the surface of the Earth. persist in the atmosphere in chemically stable Globally since the advent of global estimates forms for periods of time ranging from in 1850, the Earth has been warming at an decades to centuries. Three such gases are increasingly faster pace (Fig.1). Over the particularly relevant either for their large period 1906-2005 the Earth is estimated to concentration in the atmosphere – the case of have warmed by 0.74ºC, at average rates of 0.07ºC and 0.13ºC per decade in the first and carbon dioxide (CO2) – or for their radiative second halves of that 100 year period, effectiveness – the cases of methane (CH4) and respectively (2). An important aspect of global nitrous oxide (NO2).1 The concentration of warming are its regional variations; so far CO2 has risen from an estimated 280ppm in preindustrial times to 391ppm in July 2012.2 A warming has been more pronounced over particularly worrying aspect of this evolution land than over sea – due largely to the oceans'
Maria Scientia Novembro 2012 7
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
much larger heat capacity – and at higher cold extremes and frost days, especially at latitudes – a result of the largescale midlatitudes; atmospheric circulation that transfer heat increased precipitation over the longterm from equatorial to polar regions. In the IPCC's has been observed in eastern North and 4th assessment report projections of future South America, northern Europe, and surface air warming reinforce these regional northern and central Asia, while drying differences, especially in the longerterm and has been observed in the Sahel, the in the more severe greenhouse gas emission Mediterranean, southern Africa and parts scenarios (2). of South Asia.; Changes observed so far in other climate at the same time, there have been likely parameters and phenomena include (2, 5): increases in heavy precipitation events in poleward displacement and strengthening different regions of midlatitude westerly winds, with since the 1950s, including in regions accompanying changes in the main experiencing a reduction in total average extratropical storm tracks; rainfall; an increase in the frequency and duration since the 1970s droughts in some parts of of warm extremes in all regions, and a the tropics have been more intense, longer concomitant reduction in the number of
Maria Scientia Novembro 2012 8
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
and affecting larger areas, notably in There is mutual dependence between oceans southern Europe and West Africa, while in and climate, implying that the former is North America and northwestern impacts by changes in the latter. Some of Australia the opposite trend has been these impacts have become increasingly observed; and visible on larger scales, the most pervasive being changes in ocean temperature and despite earlier estimations of increased acidity (8). These two parameters in turn cyclone activity in the tropical Atlantic, affect a range of other components and there is today low confidence in any robust function of ocean ecosystems. With respect to generalised change in cyclone activity. ocean temperature, the heat content of the upper 700m of the ocean is estimated to have increased by 14x1022J globally since 1975, III. Environmental change in with the temperature of the ocean's top layers the world's oceans exhibiting an average increase of 0.6ºC over the last century (9). Evidence also exists today Oceans are a central component of the global of warming occurring at depths down to climate system primarily by virtue of their 700m (10). It is important to note, however, immense heat capacity and their role in that warming is not uniform over the global distributing absorbed heat between different ocean, with areas such as the Arctic Ocean parts of the globe. Their heat content – i.e. warming by more than 4ºC, while others, such temperature plays a role in evaporation and as some areas around Antarctica actually precipitation patterns, the distribution of having witnessed cooling of up to 2ºC (11). which in turn affects atmospheric pressure gradients – including largescale With regards to ocean acidity, the dissolution pressureinduced climate indices such as the El of CO2 in the ocean has been estimated to Niño Southern Oscillation (ENSO), the North occur at a rate of one million tonnes CO2 per Atlantic Oscillation and the Pacific Decadal hour (11). As CO2 dissolves in seawater it Oscillation, storm tracks and the timing and produces a weak acid, leading to a reduction intensity of monsoons, floods and droughts. in pH. Estimates in this regards point at a Oceans also influence sea ice dynamics in 0.1pH units decrease in the upper layers of polar and subpolar regions (6). the ocean since preindustrial times, corresponding to a 30% increase in the In climate change processes oceans play two concentration of H+ ion (12). The reduction in major roles. First, through their volume and the concentration of carbonate ion (CO3 2-) and heat capacity, they absorb part of the extra calcium carbonate (CaCO3) saturation states heat retained near the Earth's surface, thereby that is now seen to follow from pH reduction slowing down global warming. Sea ice is also is not known to have occurred in the ocean for of relevance in this context due to its capacity more than hundreds of thousands, if not to reflect solar radiation. Second, they millions of years (8, 9, 11). As with air and constitute an important sink for greenhouse ocean temperature changes, regional gases, notably CO2, estimates pointing at variations in the drop of pH have been about 25% of total CO2 emissions being taken observed. up by the oceans (7).
Maria Scientia Novembro 2012 9
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Higher latitudes have experienced twice the Despite basinand gyrewide variations and the drop observed in the tropics and subtropics scarcity of data for certain ocean areas, (10). largescale alterations in the hydrological cycle are believed to be causing a generalised The solubility of gases in liquids varies freshening of the global ocean (10). Combined inversely with the temperature of the latter. changes in wind patterns and in ocean salinity Hence a warmer ocean has lower solubility and temperature profiles are predicted to for oxygen, with an approximately linear result in alterations to largescale thermohaline decline of 6% in O2 solubility in seawater per circulation, although lack of robust evidence 1ºC rise over the range 015ºC (11). coupled to variability in forecasts has so far Observations of decreased oxygen levels in precluded conclusions regarding the direction the ocean cannot be attributed exclusively to and magnitude of such alterations (9, 16). reduced solubility resulting from temperature changes, and instead are likely to also reflect Thermal expansion of the ocean and melting other factors such as altered circulation and of land ice sheets are both the result of a ventilation processes (810). warming globe and the main causes of sea level rise (17). Average rise in mean sea level Indeed, warming of the ocean's upper layers has been estimated at 3.4±0.4mm/year over has been shown to strengthen stratification, the period 1993-2008 (18). Of particular with accompanying deepening of the importance is the acceleration in the level of thermocline, for example during ENSO events rise over the part 150 years, as well as the in the Pacific (6). In instances of intensified significant regional and temporal (decadal) stratification there is greater incidence of variations (10). lowoxygen zone at intermediate depths due to impaired vertical mixing (13). On the other Melting of sea ice has also been observed as hand, changing ocean temperatures are one of the consequences of higher global believed to be correlated to changes in wind temperatures, in particular given the more patterns. In coastal upwelling systems pronounced warming of the poles. The most stronger winds are believed to have led to important changes in sea ice cover have been more intense mixing and ventilation in the observed in the Arctic, with a record top layers of the ocean, thereby countering the minimum registered in the summer of 2012. greater temperatureinduced stratification (8, The consequences for climatic conditions 14, 15). beyond the Arctic region, as well as possible feedback mechanisms are still poorly Rising temperatures are also having an understood and thus difficult to forecast. impact on ocean salinity. The latest IPCC report mentions a generalised increase in this With respect to the circulation of inorganic parameter in latitudes between 15ºS and 42ºN, nutrients, concerns have been expressed that caused primarily by an increase in the rate of more pronounced stratification due to evaporation at the ocean surface. At the same freshening of surface waters might reduce the time, at higher latitudes there has been an circulation of deepwater nutrients to the overall freshening trend motivated by ocean surface (6, 11). However, the paucity of increased precipitation and melting of ice longterm studies has so far precluded the sheets. identification of distinct patterns of change that can be attributed to climate change (10). Uncertainty also remains relative to the
Maria Scientia Novembro 2012 10
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
causes of observed changes in nutrient conditions. Because of difference in circulation. adaptability – including in the rate of adaptability – changing climatic and Alternations to the physical and chemical environmental conditions will lead to the properties of the ocean have important establishment of novel forms of organisation consequences for the structure and at these three levels. functioning of its biotic elements. Ocean acidification is believed to impact marine life For ectothermic organisms – which most in two main ways. First, lower pH leads to marine species are – metabolic rates generally reduced respiratory efficiency in some fish rise exponentially with rising ambient and mollusc species, impairing temperatures within the tolerable limits for oxygendependent activity unless each individual and species (8, 9). Provided compensatory mechanisms are adopted (8). food is available, this might lead to higher
Second, as mentioned above, increased CO2 growth rates, which itself reduces dissolution in seawater alters the balance of vulnerability to predation due to shorter carbonate species in the ocean; the reduction periods in early development phases (6). of carbonate ion is particularly important Primary productivity in the oceans might also given the dependence of many marine benefit from higher photosynthetic rates, organisms on calcium carbonate for the provided sufficient levels of inorganic production of their exoskeleta. nutrients are available. This latter aspect however appears to be negatively impacted A fall in the carbonate saturation state has by enhanced stratification in large ocean already been observed in areas of the ocean basins, to the extent that global ocean primary (10), but the direction and magnitude of productivity is estimated to be decreasing (9, change in terms of calcification rates is as yet 11; but see 13). Faster growth poses greater undetermined (11). The assessment of the energy requirements on heterotrophic consequences of ocean acidification at organisms; they have to ingest more food and ecosystem level has so far been constrained by they have higher respiratory rates. However, the facts that: warmer waters tend to be energy and oxygen 1) existing studies have predominantly been poorer, leading to the higher metabolic conducted in controlled experimental settings, demand of organisms not being adequately where all multiple interactions that exist in met by supply in a warmer ocean (8). Because ecosystems are not accounted for; of these and other confounding factors, 2) most studies have assessed the combined warming will not necessarily result in de facto effects of temperature and acidification, higher growth rates of ectothermic organisms where the stronger signal of the former (11). usually masks that of the latter; and iii) the A further physiological function impacted by effects attributable to acidification alone are temperature is reproduction. Temperature often tenuous (12, 19). affects gonadal development in several fish The effects of higher ocean temperature can species, with earlier spawning in warmer be observed at the level of the individual, conditions. communities and ecosystems. By and large Zooplankton species in the Atlantic and the these are modulated by the ability – Pacific have also been shown to have altered individual and collective – to adapt to warmer spawning intervals because of ocean
Maria Scientia Novembro 2012 11
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
temperature changes. For some fish species at phenology – which in the ocean is determined least age and size at first maturity have been primarily by light and temperature combined found to decrease with rising ambient (6). Changes in these two parameters underlie temperatures (6, 13). alterations in the timing of zooplankton blooms in the Atlantic and the Pacific. In the Recruitment has been considered a key factor Arctic the decline of sea ice is a critical factor influencing the distribution and dynamics of in this process. Migratory movements of marine populations (20). Studies on spawning several fish species have also been correlated behaviour of both fish and mollusc species to temperature variations (6), as have earlylife have found that spawning areas vary with development stages of marine mammals (21). temperature, and this type of dynamics is Changes in the timing of key ecological believed to underlie several distributional processes have the potential to alter species shifts of marine organisms – mostly fish – interactions at different levels, most observed in recent decades. These shifts have importantly the spatiotemporal match been observed primarily in species or between predators and prey, causing the populations living at the high latitude disruption of foodweb dynamics (9). boundary of their geographical range, where cold waters normally prevent poleward A final aspect worth referring to is habitat expansion (6). Warming ocean temperatures destruction, which can have implications at have seen species move into higher latitudes – all ecological levels, from individual to which Brierley and Kingsford (11) describe as ecosystem. Climate change impacts on marine an effective latitude reduction – and into habitats will be felt primarily at the level of deeper waters (13). In regions such as the alterations to coastal morphology and North Sea species richness has increased by hydrology due to sea level rise; nutrient input approximately 50% in recent decades as a due to altered precipitation regimes; and result of warming (8), whereas in the northern removal or introduction of habitatforming Gulf of Mexico local extinctions have been species – for example seagrasses or corals – accompanied by invasions, with less clear and due to changes in temperature, salinity, predictable outcomes (13). With respect to the oxygen and nutrient levels. Marine species establishment of novel species in places where with defined habitat preferences will be they were previously absent, it has been affected the most, which is the case with argued that as marine habitats become more certain species of marine mammals (21). uniform, invasions will gain in intensity and To finalise, it is meaningful to bear in mind extension (9). The counterargument has been that climate change is but one of multiple voiced that species distribution is modulated factors negatively affecting ocean ecosystems. by such complex interactions between species, It is a particularly worrisome phenomenon populations and environmental and due to its complexity, unpredictability and anthropogenic factors that any predictions of inherent inertia. Coupled to the latter is the how invasions – and, even more generally, risk of it triggering catastrophic shifts in the species and populations distribution – will Earth's systems (22). However, unequivocal evolve in a warmer and more acidic ocean are attribution of specific disturbances in marine fraught with uncertainty (20). and coastal ecosystems to climate change Climateinduced changes have been shown to remains a challenge due to the large number extend to lifehistory processes – socalled
Maria Scientia Novembro 2012 12
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
of factors behind ecosystem structure and economy away from relatively lowvalue dynamics. agricultural exports has resulted in persistently high poverty levels, which today
still affect close to two thirds of the country's IV. São Tomé e Príncipe population.3 The very small volume of domestic production has meant continued São Tomé e Príncipe is an archipelagic state reliance on imports including of food items located in the Gulf of Guinea roughly 200 nm and on foreign monetary aid, which today to the west of Gabon (Fig.2). The country was still accounts for approximately 20% of the a Portuguese plantationcolony from its Santomean state budget (23). discovery in 1471 until independence in 1975. With total emerged land area of just over 1,000sq.km and an estimated population of a. The Santomean fisheries sector close to 170,000 7,000 in the island of Príncipe, and the remaining in the island of São Tomé – The fisheries sector of STP is dominated by STP is one of Africa's smallest countries. The traditional, smallscale fishing activities. This minute size of its domestic market, the costs has been due primarily to an historical of insularity, severely degraded productive paucity of capital for investments in the infrastructure and an inability to diversify its sector, a situation that is common to most African fisheries (24). Because there is no operational distantwater fishing fleet, the domestic fisheries are shaped exclusively by the resources available in national waters, principally those closest to shore. Selected figures relative to geography of the country are given in Table 1.
The volcanic origin and the large average depths of the sea bottoms around the archipelago result in comparatively narrow insular shelves, the sea areas above the shelf down to the 200m isobath amounting only to less than 1,600sq.km (25). Important fishing grounds are found in areas where the shelf is less abrupt and levels of biological productivity are higher, notably in an area south of the island of Príncipe extending to the Tinhosas islets.
Average levels of marine biomass in the Santomean EEZ are relatively low, a situation common to tropical marine environments. Table 2 provides
Maria Scientia Novembro 2012 13
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
estimated volumes of exploitable fishery fishing also constitutes an alternative foodand resources. incomegenerating activity, which further stresses its importance for poverty alleviation. Current exploitation levels are fall much shorter than the exploitable potential, Demersal fish stocks found in coastal waters estimates pointing at total yearly catches of constitute the mainstay of santomean 3,500 4,000 t for artisanal fisheries (25, 27, 28). artisanal fisheries, a consequence of the fact There are no reliable figures relative to the that most fishing vessels do not have the actual catches of large pelagic species by necessary equipment to operate in distant foreign fleets (29). The values inscribed in the waters. Small pelagics are caught both by agreements with the EU are often taken as Santomean artisanal fishermen and by foreign reference; in the current protocol that extends industrial fleets, although in the case of the until 2014, that value is 7,000 t/year. latter, the principal target are large migratory pelagic species, such as yellowfin tuna, Tables 3 and 4 summarise data relative to the Thunnus albacores; bigeye tuna, T. obesus; size of the Santomean fisheries sector and the skipjack tuna, Katsuwonus pelamis; Atlantic characteristics of the main units of artisanal swordfish, Xiphias gladius; and various fisheries in the country. With all ancillary species of sharks (26). activities and services, the fisheries sector is estimated to employ around 15% of the Although foreign fleets stand for most of the workforce in the country, and account for 56% catches of large migratory pelagics, some of of its GDP. the smaller species are frequently caught by local artisanal vessels and are commonly The importance of fisheries for STP extends found in Santomean markets. These include beyond the size of the sector; indeed, fisheries mackerel and round spat, Decapterus products cover most, if not all dietary needs macarellus and D. punctatus; sardinella, of the Santomean population in terms of Sardinella aurita; and different species of animal protein. This is particularly evident carangids and of flying fish, Cheilopogon among the poorer strata of the population. spp.. For a significant number of rural workers
Maria Scientia Novembro 2012 14
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Men bear the responsibility for capture The institutional setup of the fisheries sector activities and first sale, which typically takes is relatively underdeveloped. Government place on the beach upon arrival from a fishing structures include the ministry responsible for trip. Women then take the lead on all fisheries, and the respective directorate processing and commercialization of fish general. Maritime surveillance and policing of products in complete independence from the whole of the EEZ is the responsibility of men, and are solely responsible for managing the coast guard, while the ports captaincy of the economic and financial aspects of STP – itself part of the coast guard – is tasked commercialization. Fish processing exists only with nearshore patrolling of all maritime in relatively incipient forms, limited mostly to activities, including granting and controlling sporadic salting and smoking and, more fishing licenses. Fishermen's associations have recently, small cooperative processing units been formally established in the past, but aimed at enabling women to produce and sell apart from a few exceptions, are mostly different products with higher added value. inoperative today. NGO's with persistent and Conservation facilities are scarce and poorly extended work in the sector are limited to maintained, which poses additional problems one, MARAPA, although other organizations for the quality of unprocessed fishery working with local development issues products. sometimes also support fishing activities. Finally, the ubiquitous presence of bilateral and multilateral cooperation agencies has
Maria Scientia Novembro 2012 15
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
manifested itself throughout the years since quasiuniform seasurface temperatures over independence in the financing and the tropical Atlantic. When the ITCZ is at its implementation of numerous projects in the northernmost position during boreal summer, sector, longlasting positive effects of which enhanced southeasterly winds force warm are more often than not difficult to discern. surface waters from the eastern to the western tropical Atlantic basin, where they accumulate. Upwelling of colder waters b. Changes in climate and oceanographic compensates this dislocation on the eastern conditions boundary of the basin. For this reason, during the months of June to September, surface Present climatic and oceanographic conditions waters in STP exhibit temperature minima of The key feature of STP’s equatorial climate is approximately 24ºC on average, compared to a seasonal cycle coupled to the relative 28ºC during boreal winter and spring (31; see latitudinal movement of insolation maxima Fig.4). and the accompanying shift of the If the rainbelt and ITCZ moved symmetrically intertropical convergence zone (ITCZ), where in relation to the geographical equator, STP northern and southern hemisphere trade would experience two rainy and two dry winds converge (30, 31). As Figure 3 seasons, coinciding with the equinoxes and illustrates, the rainbelt over tropical and the solstices, respectively (accounting, as equatorial Africa moves latitudinally with the noted above, for the delay due to the thermal relative movement of the sun. inertia of the ocean). Insolationinduced thermal convection alters surface wind patterns and the ITCZ shifts However, the shape of continents forces the accordingly; northward during boreal ITCZ northward in the Atlantic, such that summer, southward during boreal winter. even during boreal winter both rainbelt and ITCZ are usually found 10º north the equator Because of differences in the thermal inertia of in the eastern Atlantic (34). For this reason, land and sea, there is usually a oneto climate in STP is predominantly biseasonal, twomonth delay between insolation – and with a dry and cooler season between roughly hence temperature and precipitation maxima June and September (locally known as (32). ‘Gravana’, average temperature at the coast of The shift in the ITCZ is manifested by changes 23ºC) and a warmer wet season extending for in the intensity and direction of dominant most of the remaining months (avg. 26ºC; 35). winds, which in turn affects the movement of This wet season is partially interrupted the surface layers in the tropical Atlantic (30). during the months of December and January During boreal spring, equatorial easterlies (or (the socalled ‘Gravanito’) when, despite the deep trade winds) are relatively weak, persistence of high air and sea surface resulting in limited windinduced dislocation temperatures, there is a reduction in of surface waters and longitudinally precipitation (Fig. 3).
Maria Scientia Novembro 2012 16
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Rainfall in STP concentrates on the southern 7,000mm per annum on certain mountainous portions of the islands, the reason for this regions of the island of São Tomé. In the drier lying in the dominant southerly winds (SSW NE portions of this island rainfall averages during boreal summer, SSE during boreal approximately 1,000mm per annum. Figures winter). The collision of humid air masses for the SWNE rainfall gradient in the island of with the steep relief in the south of both Príncipe lie between 5,000mm and 2,000mm islands originates precipitation up to (36).
Maria Scientia Novembro 2012 17
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Oceanographic conditions vary in tandem exclusively by the seasonal with atmospheric climate. During warmer stratificationupwelling cycle; during the wet periods with weakened trade winds, surface season, the archipelago receives fresher water ocean waters become warmer and more from the discharge of the large rivers in stratified. Circulation of deep, nutrientrich continental Africa, most notably the Niger waters to the surface is hindered by this and the Congo (31; Fig. 4). The large amount stratification, leading to reduced levels of of nutrients carried by this water in part primary productivity. During the colder, compensate for the lack of deepwater windier season (boreal summer), dislocated circulation in the stratified upper layers of the surface waters are compensated by upwelling ocean. of colder, nutrientrich deeper waters, Hence despite a noticeable increase in resulting in increased levels of primary resource availability during the dry season, productivity. The alternation of these two STP is able to maintain reasonable yearround states causes the cyclical patterns of fisheries. abundance of fishery resources in STP; these are largest during the months of the ‘Gravana’, and lowest during the wet season. However, primary productivity and fishery resources in STP are not determined
Maria Scientia Novembro 2012 18
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Climate and environmental change: iii) an apparent increase in rainfall during the observations and forecasts dry season, as yet unquantified. In terms of future evolution of these parameters, Compared to other regions of the globe, temperature is expected to continue rising, detecting and predicting climate change in with average yearly temperatures between Africa has so far had to deal with much larger 1ºC and 2ºC higher in 2050 than in 1990 (avg. levels of uncertainty. Two principal reference temperature of 25,9ºC) for both of explanations have been proposed for this fact the two emission scenarios considered (A2 (37). The first is the lack of sufficiently and B1). Changes in average rainfall are reliable, complete and comprehensive climate expected to vary with these scenarios in the data, resulting from generally poor and horizon 2040-2060:for the months March-May gradually deteriorating climate observing it will increase by up to 75% in scenario B1, or systems. The second is the lack of sufficient decrease by 75150% in scenario A2; whereas expertise on African climate among scholars for the months SeptemberNovember it will and centres in the continent. Despite the increase by four to five times in scenario B1, existence of some centres of excellence, and by seven to eight times in scenario A2. African governments have not awarded These simulation results are surprising both climate studies the same priority as in relation to observed changes in STP over governments in other parts of the world. The the past six decades, and to the overall drying combined result is an often inadequate trend identified for the region of the Gulf of understanding of the mechanisms that drive Guinea (32). climate over much of the continent, which is particularly grave given the generally large With respect to oceanographic conditions, no variability of African climate. High studies specific to STP have so far been uncertainty levels have so far constrained conducted. A recent investigation for the projections of future climate scenarios, whole tropical Atlantic concluded that the especially at regional level (32). socalled ‘cold tongue’ of deeper waters extending westward from the upwelling Despite these limitations, climate scenarios region in the Benguela current has decreased have been elaborated for STP (35, 36). These in size and depth (38). Sea surface warming assess current and future conditions in terms has been more pronounced in the eastern of average air temperature and yearly and tropical Atlantic basin during the boreal seasonal rainfall. summer months. Through a positive The latest of these assessments identifies the oceanatmosphere feedback mechanism this following changes in these two parameters has been correlated to weakened over the course of the last six decades: southeasterly trade winds, which Muñoz and coauthors (30) found to be related to weaker i) a positive trend in average yearly air upwelling events off the Benguela coast. temperature, of approximately 0,01ºC/year in the period 1951-1977 and 0,05ºC/year in the Sea level rise is another climaterelated period 1978-2010; environmental change affecting marine ecosystems in STP. Predictions for the Gulf of ii) a negative trend in average yearly rainfall, Guinea point at a rise in the order of 0,150,6m with a reduction of around 11% between 1951 and 2010; and
Maria Scientia Novembro 2012 19
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
by 2040-2060 (35). In STP this could add to the for example to higher latitudes – and problem of sand extraction from beaches and vertically – that is to greater depths. The exacerbate erosion of lowlying coastal areas. result of these two potential effects, independently or combined, is reduced access
to resources by Santomean fishermen.
Environmental change and Santomean Sea level rise will lead to changes in coastal fisheries: possible impacts and adaptation hydromorphology, with consequences for the structure and dynamics of coastal marine The ability to predict how fishing activities in habitats. Changes in precipitation patterns STP might be affected by climate change is can be expected to add to these effects, severely constrained by insufficient through alterations to the timing and volume knowledge about the marine resources in of freshwater and sediment inflows to coastal Santomean waters, in particular their waters. The exact consequences for marine variation with different climate and ecosystems and fishery resources in STP are oceanographic parameters. In respect of what difficult to predict; generally, those species is believed to constitute the main with highest dependence on specific coastal environmental signal affecting fishery habitats for breeding and feeding will be most resource abundance – the upwelling off the affected, and this is likely to be the case also in Benguela coast – it would be necessary to STP. understand how temperature, salinity and nutrient availability vary with wind and Adaptation to climateinduced marine upwelling intensity, and then with fish stock environmental change in STP has to take due abundance in order to be able to predict how account of the high levels of dependence on global warming and related changes in wind fishery resources for food, in particular patterns might affect fisheries in STP. The among the large poor population; the large particularly challenging issue of uncertainty as to current and future trends; understanding oceanatmosphere feedbacks in and the limited capacity of the sector to the region also needs to be investigated in this implement radical measures. In this context, context. the most fundamental measures enabling the elaboration of adequately targeted measures Qualitative assessments conducted for the are likely those related to enhancing second national climate change knowledge about the status and dynamics of communication suggest that warming of the the Santomean marine environment and the atmosphere will lead to warmer surface ocean impacts of fisheries activities. Related areas waters, enhanced stratification with a deeper where more and better knowledge also is thermocline, and resulting in reduced needed is the relative importance of the circulation of deepwater nutrients to the different anthropogenic pressures on marine surface (35). The consequence will be reduced ecosystems, both direct – for example fishing primary productivity and consequently and indirect – for example changes in fishery resources in Santomean waters. This sediment flows due to altered land use assessment finds support in recent findings of patterns. While part of this knowledge is of a Tokinaga and Xie (38), as noted earlier. clearly national character, that which relates Another possible consequence of a warmer to the marine environment and climate ocean around STP is the migration of marine dynamics are most meaningfully investigated species to colder waters, both horizontally –
Maria Scientia Novembro 2012 20
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
at regional level. The establishment and of many Santomeans – in particular the poor – strengthening of regional partnerships for the any possible solution must entail a change in purpose of generating this knowledge is thus where fish is sourced from and not a likely a precondition for measures of this reduction in landed volumes. In practice this type, especially in view of the reduced requires fishermen to shift their focus from research capabilities in the country. resources found in nearshore waters, to those further offshore. However, it is important to Regional collaboration is also required for note in this regards that fishing and surveillance and control of human activities at navigation equipment of fishermen in STP is sea, both necessary for the enforcement of generally inadequate for fishing in deep climate adaptation measures affecting the waters or at distances of more than a couple marine environment in the whole Gulf of nautical miles from the coast. Hence to Guinea. At national level the need to significantly alter fishing grounds is not strengthen the capacity of the fisheries and feasible for the vast majority of Santomean environmental administrations has long been fishermen with present equipment standards. felt and remains an issue of topical interest. In the mediumto longterm this should be Partnerships with local entities and user possible with the gradual introduction of groups are key to prolonging the arm of the improved equipment, something that administration and enabling measures to be government and external donors have enforced in remote areas of the country. This supported in recent years. requires awareness about climate change and Increasing the market value of fishery related impacts, as well as the necessary products might encourage fishermen to adaptation measures to be strengthened reduce capture levels, thereby leading to a among user groups, so that they can be more generalised reduction of pressure on supportive of measures that are likely to have fishery resources. Measures towards this end negative consequences for their activity in the have been proposed in the context of reducing shortterm. poverty among fishing communities (39). To Given the uncertainty as to the exact changes the extent that these measures strengthen operating in the marine environment, specific resilience of marine ecosystems, they also adaptation measures targeted at fishing have a role to play in adaptation to climate activities should above all aim at increasing change impacts. resilience of marine ecosystems. In the context A further measure aimed at reducing of STP, where capture fisheries are the key anthropogenic pressure on marine systems is anthropogenic factor affecting these the creation of marine protected areas. Today, ecosystems (see (25) and (39) for reviews of protected areas included in the Ôbo Natural the status of Santomean marine and coastal Park comprise about 52km of coast and a environments) this should entail a reduction minute 15.42sq.km of marine waters. More of fishing pressure on the most intensely effective protection would require not only a exploited resources. Measures of this type significant expansion of this area, but also the have been proposed earlier with the aim of implementation of specific conservation diversifying fishing activities and enabling measures, which are largely lacking today. fishermen to capture species with higher However, as mentioned earlier, given the market value in richer fishing grounds (40). dependence of most coastal communities on Because of the importance of fish for the diet
Maria Scientia Novembro 2012 21
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
coastal and marine resources, any measures saturation states, enhanced thermal restricting access to resources has to take due stratification and reduced salinity in northern account of the subsistence needs of those latitudes. Effects on the oceans' biotic communities. components include horizontal and vertical distributional shifts of populations and Finally, with respect to the impacts of sea species; changes in environmentdependent level rise, two measures deserve mention. The phenological traits – including reproduction; first is to decidedly enforce the prohibition altered foodweb dynamics modulated inter against sand extraction from beaches. alia by modified predatorprey interactions Enforcement capabilities of public authorities and by timing and magnitude of are currently limited, especially in more phytoplankton blooms; and remote locations, implying that success on hydromorphological changes to coastal this front will depend on the level of habitats resulting from average sea level rise. awareness of society about the importance of retaining beach sand. Awareness campaigns Specific impacts on the marine environment so far appear to have had some positive and fisheries in STP were then analysed. effects, with a marked reduction in extraction Climate change in the archipelago is levels in recent years (35). Future awareness forecasted to proceed along the lines of the building campaigns should highlight the warming and drying trends of recent decades, importance of coastal sediments for protection an accentuation of extreme precipitation against sea level rise. The second measure is events in the dry season having also been to enforce the coastal setback line so that no predicted. Changes to the marine fixed constructions are allowed too close to environment have so far not been possible to the seafront. With rising sea level it is very quantify, but are expected to include a likely that these will be destroyed, at cost both warming of the top layers of the ocean to individuals and to society. accompanied by more pronounced and deeper stratification and reduced nutrient
circulation to the surface. The anticipated V. Conclusion weakening of coastal upwelling in the Benguela current off the coast of SouthWest This paper set out to summarise the main Africa is a likely contributing factor in this changes to the world's climate and ocean development. systems. These have been found to have their origin in anthropogenic emissions of Adaptation to climateinduced marine greenhouse gases to the atmosphere, of which environmental change in the country has to those of CO2 stand out for their size and contend first with limited knowledge about accelerating rate. Positive trends in global current and future climate change in the average air temperature have been traced region, as well as about the response of back over 150 years, and these are believed to ecosystems to that change; and second with have triggering changes in other central limited intervention capabilities on the part of elements of climate, such as precipitation, both state administration and user groups. In wind patterns and storm tracks. Changes in the face of high uncertainty, measures should the oceans have also been observed in recent aim at strengthening marine ecosystem decades, including increased ocean resilience, so that these retain the ability to temperatures, decreased pH and carbonate adapt to future conditions. At the same time,
Maria Scientia Novembro 2012 22
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
it is necessary that measures adequately Assessment Report of the address the immediate subsistence needs of Intergovernmental Panel on Climate large parts of the Santomean population who Change. Cambridge, UK & New York, today still rely heavily on marine and coastal NY :Cambridge University Press; 2007. resources. Despite the largely negligible contribution of STP to the anthropogenic [3] Dlugokencky E, Nisbet E et al. Global causes of climate change, the country faces the atmospheric methane: budget, changes imperative of having to adapt to rapidly and dangers. Philosophical changing and as yet unpredictable future Transactions of the Royal Society A conditions. 2011; 369: 20582072.
[4] Steinbacher M, Vollmer M et al. An evaluation of the current radiative Refrerences forcing benefit of the Montreal Protocol 1 Radiative effectiveness refers to the at the highAlpine site Jungfraujoch. effectiveness of the gas in disturbing radiative Science of the Total Environment 2008; balance, or, in simpler terms, the strength of 391: 217223. its contribution to the greenhouse effect. [5] Field C, Barros V et al. (eds.) Managing 2 www.esrl.noaa.gov/gmd/ccgg/trends/global. the risks of extreme events and html> Accessed on 2 Sep 2012. disasters to advance climate change adaptation. A special report of Working 3
NY: Cambridge University Press,; 2012.
[6] Drinkwater K. Hunt G et al. Climate Bibliography forcing on marine ecosystems. In: Barange M, Field J et al. (eds.) Marine [1] Trenberth K, Jones P et al. bservations: ecosystems and global change. Oxford: surface and atmospheric climate Oxford University Press; 2010. change. In: Solomon S, Qin D et al. (eds.) Climate change 2007: The [7] Ballantyne A, Alden C et al. Increase in physical science basis. Contribution of observed net carbon dioxide uptake by Working Group I to the Fourth land and oceans during the past 50 Assessment Report of the years. Nature 2012; 488: 7072. Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge, UK & New York, [8] Doney S, Ruckelshaus M et al. Climate NY : Cambridge University Press; 2007. change impacts on marine ecosystems. Annual Review of Marine Science 2012; [2] Solomon S, Qin D, et al. Technical 4: 1137. summary. In: Solomon S, Qin D et al. (eds.) Climate change 2007: The physical science basis. Contribution of Working Group I to the Fourth
Maria Scientia Novembro 2012 23
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
[9] HoeghGuldberg O, Bruno J. The impact [16] Toggweiler J, Russell J. Ocean of climate change on the world's marine circulation in a warming climate. ecosystems.Science 2010; 328: 15231529. Nature 2008; 451: 286288.
[10] Bindoff N, Willebrand J et al. [17] Rummukainen M, Källén E. New Observations: Oceanic Climate Change climate science 20062009. The and Sea Level. In: Solomon S, Qin D et Commission on Sustainable al. (eds.) Climate change 2007: The Development. Stockholm: physical science basis. Contribution of Regeringskansliet; 2009. Working Group I to the Fourth Assessment Report of the [18] Cazenave A, Llovel W. Contemporary Intergovernmental Panel on Climate sea level rise. Annual Review of Marine Change. Cambridge, UK & New York, Science 2010; 2: 145173. NY : Cambridge University Press; 2007. [19] Wernberg T, Smale D, Thomsen M. A [11] Brierley A, Kingsford M. Impacts of decade of climate change experiments climate change on marine organisms on marine organisms: procedures, and ecosystems. Current Biology 2009; patterns and problems. Global Change 19: R602R614. Biology 2012: 18: 14911498.
[12] Pörtner HO. Ecosystem effects of ocean [20] Jennings S, Brander K. Predicting the acidification in times of ocean effects of climate change on marine warming: a physiologist’s view. Marine communities and the consequences for Ecology Progress Series 2008; 373: fisheries. Journal of Marine Systems 203217. 2010; 79: 418426.
[13] Sumaila U, Cheung W et al. Climate [21] Evans P, Pierce G, Panigada S. Climate change impacts on the biophysics and change and marine mammals. Journal economics of world fisheries. Nature of the Marine Biological Association of Climate Change 2011; 1: 449456. the United Kingdom 2010; 90(8): 14831487. [14] Demarcq H. Trends in primary production, sea surface temperature [22] Rockström J, Steffen W et al. A safe and wind in upwelling systems operating space for humanity. Nature (19982007). Progress in Oceanography 2009; 461: 472475. 2009; 83: 376385. [23] IMF. Democratic Republic of São Tomé [15] Wiafe G, Yaqub H et al. Impacts of e Príncipe. 2011 Article IV climate change on longterm Consultation. IMF Country Report zooplankton biomass in the upwelling No.12/34. February 2012. region of the Gulf of Guinea. ICES http://www.imf.org/external/pubs/ft/scr Journal of Marine Science 2008; 65: /2012/cr1234.pdf Accessed on 7 Nov 318324. 2012.
[24] Heck S, Béné C, ReyesGaskin R. Investing in African fisheries: building
Maria Scientia Novembro 2012 24
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
links to Millennium Development [31] 31. Bourles B. São Tome et Principe. Goals. Fish and Fisheries 2007; 8(3): Environnement climatique et 211226. océanique. Brest: IRD; 2003.
Maria Scientia Novembro 2012 25
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Advances in Global Change Research [40] Oceanic Développement, Megapesca 43. Heidelberg: Springer; 2011. Lda. Revue des éléments de la stratégie du secteur et du plan directeur des [38] Tokinaga H, Xie SP. Weakening of the pêches de São Tomé et Principe dans le equatorial Atlantic cold tongue over the cadre de l'appui sectoriel prévu dans past six decades. Nature Geoscience l'Accord de Partenariat de Pêche 2011; 4: 222226. CE/São Tomé et Principe pour la période 20062010. Rapport final (PT) [39] Carneiro G. The role of ocean policies 13/STP_2/09; 2009. in poverty reduction. Insights from Cape Verde, Portugal and São Tomé e Príncipe. PhD thesis. Cardiff: Cardiff University; 2011. » voltar ao Sumário
Maria Scientia Novembro 2012 26
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
O Mar enquanto elemento densificador do Espaço Lusófono
Sea as a densifier element of the lusophone world
Sandra Pereira
Doutorada em Estudos Europeus (dominante económica) pelo Instituto de Estudos Políticos - IEP da Universidade Católica Portuguesa. Investigadora na Linha de Investigação em Assuntos Marítimos Maria Scientia do IEP-UCP.
Resumo O Mar enquanto elemento densificador do Espaço Lusófono é o objecto deste artigo que, através de uma abordagem teórica, pretende realçar o conceito de Hypercluster da Economia do Mar, a «bandeira marítima» da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o peso da maritimidade. De acordo com dados da União Europeia, 80% do tráfego internacional circula por mar. Portugal assume-se como plataforma de projecção económica para o seu hinterland, visando a adopção de uma nova estratégia marítima cujos vértices são a economia, a investigação científica e a segurança e defesa. A CPLP cobre uma área oceânica que ultrapassa os 7 milhões de km2 e que, com o aumento da Extensão da Plataforma Continental, poderá ultrapassar os 7,5 milhões km2. Em suma, o Mar é um recurso estratégico para os Estados Lusófonos – marítimos, pluricontinentais e plurioceânicos, representando um activo com vasto potencial e uma fonte de prosperidade e crescimento económico.
Palavras-chave: Espaço Lusófono; Hypercluster da Economia do Mar; Bandeira Marítima da CPLP; Zona Económica Exclusiva
Abstract The Sea as a densifier element of the lusophone world is the subject of this article, through a theoretical approach, aims to highlight the concept of the Sea Economy Hypercluster, the 'maritime flag' of the Community of Portuguese Language Countries (CPLC) and the weight of maritimity. According to European Union data, 80% of international traffic flows by sea. Portugal assumes itself as a platform for economic projection for its hinterland, in order to adopt a new maritime strategy whose vertices are the economy, the scientific research and the security and defense. The CPLC covers an oceanic area that exceeds 7 millions km2 and, with increasing of the Continental Platform Extension, may exceed 7,5 millions km2. In short, the Sea is a strategic resource to the Lusophone States - maritimes, pluricontinentals and plurioceanics, representing an asset with a huge potential and a source of prosperity and economic growth.
Key words: Lusophone Space; Sea Economy Hypercluster; CPLC Maritime Flag; Exclusive Economic Zone.
Maria Scientia Novembro 2012 27
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
“Da minha língua vê-se o mar.” desenvolvimento económico por via da
Vergílio Ferreira, protecção das riquezas naturais, conferindo escritor português, 1916-1996 um ensejo para os sectores das pescas, transporte marítimo, indústria naval e
turismo.
I. Introdução Este vector estratégico, enquanto elemento de O Mar enquanto elemento densificador do ligação entre os hinterland que formam o Espaço Lusófono é o objecto de estudo deste espaço lusófono, é potenciador de sinergias artigo, representando uma oportunidade para positivas, possuindo ainda interesse científico os países lusófonos desde que a saibam e tecnológico, uma forte vertente ecológica no potenciar enquanto grande recurso estratégico contexto da defesa dos proveitos nacionais e visto que cada um possui a sua Zona ambientais e traduzindo também um Económica Exclusiva (ZEE). A atenção dada sentimento identitário e cultural. O mar não é por cada um destes Estados aos assuntos do somente um activo crítico com um vasto mar representa “uma opção da maior potencial económico, mas sim um espaço de importância geopolítica e geoestratégica” [1, cultura, turismo e lazer [2]. p. 241], abrangendo múltiplos sectores e No quadro da integração europeia, não permitindo abordar os seguintes aspectos: o obstante a prioridade atribuída pelo poder conceito de Hypercluster do Mar e sua político europeu à gestão das crises economia, enquanto desígnio nacional para o económicas, financeiras e sociais, a futuro e como espaço de vocação vital; a abordagem da relevância económica como bandeira marítima da Comunidade dos Países fonte do poder marítimo merece ser de Língua Portuguesa (CPLP) e, por último, o evidenciada, atendendo a que uma política peso da maritimidade no contexto lusófono. marítima integrada deve ser encarada como uma política que se empenha no potencial do mar em prol de um crescimento inteligente e II. O Hypercluster da Economia sustentável para o século XXI [3] enquanto do Mar como desígnio nacional “platform of policies in sectors like industry, fisheries, regional development, external para o futuro e como espaço de relations, transport, internal market, energy, vocação vital employment, environment research and Duplicar a percentagem do PIB resultante da security” [3, p. 36]. economia do mar, identificando sectores de Durante a III Presidência Portuguesa do suporte desta economia é apontado como Conselho da União Europeia (UE), no objetivo pelo «Hypercluster da Economia do segundo semestre de 2007, foi reconhecida de Mar». A promoção de uma política de forma clara a necessidade de uma abordagem cooperação para proteger e valorizar este integrada para os assuntos marítimos, tendo património deve assentar na entreajuda em sido dados passos concretos para a definição duas vertentes: (1) segurança, através da de uma Política Marítima Europeia, com base supervisão das rotas marítimas contra o no Plano de Acção apresentado pela tráfico de armas, drogas e pessoas; e (2)
Maria Scientia Novembro 2012 28
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Comissão Europeia em Outubro de 2007. «potência ao acto», indo de encontro ao Vários eventos tiveram lugar, com destaque “tríptico conceptual básico” [1, p. 10] – para uma conferência ministerial que teve Compreender / Assumir / Agir enunciado por lugar em Lisboa a 22 de Outubro de 2007, Ernâni Lopes. permitindo, para além da indicação dos Portugal, como plataforma de projecção sectores prioritários a seguir, a divulgação dos económica para o seu vasto hinterland, na sua resultados da consulta pública do Livro Verde tripla condição marítima, arquipelágica e “Para uma futura política marítima da União: continental, necessita de um sistema, mais Uma visão europeia para os oceanos e os abrangente [7], ao qual Pedro Borges Graça mares” [4]. apelida de «informações estratégicas Na nota de abertura para a primeira edição da especializadas» nos assuntos do mar revista académica digital Maria Scientia enquanto instrumento indispensável à sua dedicada a uma Linha de Investigação sobre projecção marítima, devendo integrar a lógica Assuntos Marítimos, João Carlos Espada de inteligência territorial como “instrumento referiu que para Ernâni Lopes “não havia, de desenvolvimento económico e coesão nem devia haver, oposição entre a opção social, a partir da criação de pólos de europeia e a opção pelo Mar”, devendo competitividade e redes regionais com o Portugal levar para a UE o contributo da sua auxílio de ferramentas tecnológicas como os vocação marítima como uma «nação Sistemas de Informação Geográfica” [7, p. 94]. oceânica» da Europa, permitindo “reforçar o Ao mar, Portugal junta, assim, o potencial de diálogo entre a Europa reunificada e a uma posição geoestratégica excelente em que, Comunidade de Países de Língua Portuguesa para além de uma porta de entrada no – todos estes, curiosamente, países marítimos” continente europeu, Portugal pode ser [5, p. 1]. considerado como porta de saída preferencial Segundo dados divulgados pela UE, 80% do ou ponte para os mercados lusófonos de tráfego internacional circula por mar e 40% do África e Brasil, sobretudo para países onde a tráfego intra-europeu utiliza o transporte Europa tem dificuldades em chegar – Angola, marítimo de curta distância [6]. Estas Moçambique ou Cabo Verde, de modo a estatísticas sugerem que Portugal tem, neste explorar o potencial comercial destas zonas contexto, uma franja de negócio a explorar, geográficas em expansão, podendo o mar devido à sua costa (cerca 2 000 kms – constituir uma via mais rentável para novos continente e ilhas), possuindo uma das negócios. O caso português é exemplificativo maiores ZEE da Europa (uma faixa marítima na medida em que o tecido exportador da com 200 milhas de largura, tendo uma área de região norte se alterou devido à quebra da 1 850 000 km2, o equivalente a quase 20 vezes indústria têxtil, tendo agora um maior peso o o território «terrestre») da Europa e podendo, sector da construção civil com cada vez mais assim, aproveitar esta característica ligações e negócios em África, sobretudo no diferenciadora para libertar os transportes crescente mercado angolano. Para que um rodoviários de uma parte do seu tráfego. Nas Estado se torne numa potência marítima palavras de Eduardo Lopes Rodrigues, é convém recorrer às teorias do Almirante chegado o tempo para a transição da norte-americano – Alfred Thayer Mahan «sociedade do conhecimento» para a (1840-1914), o qual identifica seis condições «sociedade das competências», do «saber para tal: fazer» para o «fazer», ou seja, passar da
Maria Scientia Novembro 2012 29
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
1. A posição geográfica do território; procurando que a sua posição na Europa seja enriquecida com a sua mais-valia 2. A desejável posição insular para qualquer oceânica e respectivo potencial do qual se Estado; evidencia a ligação à África Lusófona, ao 3. A configuração física do território; Brasil e a Timor-Leste.
4. A dimensão do litoral; Neste contexto, importa mencionar o conceito 5. A extensão do território; de Hypercluster da Economia do Mar, mais “abrangente” (que o de cluster) e “transversal 6. As instituições que enquadram e conduzem a várias nações e áreas (economia, ambiente, os elementos anteriores. finanças, entre outras)” [11, p. 41], enquanto Um sétimo factor poderá ser, adicionalmente, desígnio nacional para o futuro e espaço de apontado – a possessão de pontos de apoio vocação vital, correspondente a uma terrestres exteriores que confere capacidade adaptação do conceito de cluster que se de projecção internacional e fornece reporta ao conjunto de actividades superioridade face ao poder continental, o que económicas em função de um quadro implica a celebração de alianças com articulado no interior de acções ligadas à potências estrangeiras. utilização e preservação do mar (Fig. 1), existindo um grande número de entidades de Numa abordagem estratégica aos assuntos segunda linha que constituem vectores marítimos, Ernâni Lopes situou o mar no seio estratégicos dos negócios do mar: portos e de três fundamentos teóricos [8]: transportes marítimos, náutica de recreio e 1. Geopolítica & Prospectiva – o mar na turismo náutico, energias, pescas, aquacultura perspectiva de segurança, prestígio e poder e indústria do pescado, construção e (dimensão militar); reparação navais, entre outros.
2. Economia & Sociedade – o mar enquanto Destaque para alguns aspectos relacionados gerador de riqueza (dimensão económica); com alguns desses sectores, a saber [12]:
3. Visão, Gestão & Controlo – o mar como ▪ a construção e reparação navais cujas vector de poderio (dimensão política). mais-valias para as economias são Ernâni Lopes considerou ainda que, no caso significativas devido às elevadas de Portugal, a política dos assuntos do mar se incorporações nacionais que originam e ao articula com os restantes domínios estímulo que colocam a um vasto leque de estratégicos da economia nacional em função fornecedores de produtos e serviços, por de dois mecanismos [8]: vezes, de montantes financeiros avultados; i) a concorrência pela afectação de recursos ▪ o turismo marítimo associado ao aumento sobretudo financeiros; do poder aquisitivo em vastos extractos da população mundial que utilizam navios e ii) a geração de sinergias que percorre a embarcações para viagens turísticas por economia portuguesa. Urge, por isso, o mar; debate sobre a relação do futuro de Portugal com o Mar para que este tema ▪ a investigação científica do mar, o qual, seja assumido na definição do conceito apesar de representar 70% do planeta estratégico nacional [9], já que se trata de Terra, continua a ser, em boa parte, um um elemento fundamental [10], desconhecido, conhecendo-se melhor a
Maria Scientia Novembro 2012 30
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Lua do que o fundo do mar, pelo que urge por isso, é crucial garantir a vigilância e o dedicar maior atenção a esta área; controlo dos espaços marítimos.
▪ a segurança e a defesa no mar em que um O Almirante Vieira Matias lançou um apelo dos factores chave do desenvolvimento do para que se desenvolva o valor do mar de comércio marítimo se prende com a forma a rentabilizar este activo de Portugal, liberdade do uso inofensivo do mar, incrementando o poder do Estado e de todas porém, é necessário que o mar não seja as actividades exercidas e a exercer no mar tal utilizado para fins ilegais ou de risco – como se fosse uma «cruzada» motivadora de terrorismo, imigração clandestina, tráfico vontades em consonância com a sociedade de armas ou de droga, contrabando, etc e, civil, sobretudo orientada para as camadas mais jovens da população [13].
Maria Scientia Novembro 2012 31
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
O estabelecimento de uma acção concertada de projectos de vocação marítima (Fig. 2). É entre governos e sociedade civil é necessária de frisar o impulso que este Hypercluster na adopção de políticas e na promoção de desencadeia no desenvolvimento regional e iniciativas no domínio da economia marítima nas cidades marítimas e portuárias em que que pretendem a evolução das empresas e dos quanto mais forte for, mais fortes serão estes sectores, assim como a sua organização em dois efeitos potenciadores. rede ou cluster, aproveitando sinergias que A concretização desta estratégia proposta potenciem o seu crescimento [14]. deverá permitir que o “conjunto de No centro do edifício lógico que engloba o actividades incluídas no perímetro do Hypercluster destaca-se o núcleo duro do Hypercluster da Economia do Mar venha a hardware que integra um conjunto de representar no final do 1.º Quartel do século actividades, como por exemplo, os transportes XXI, directamente, cerca de 4 a 5% do PIB e, marítimos, enquanto o seu software engloba no conjunto englobando os efeitos indirectos, [15] o quadro político e a estratégia cerca de 10 a 12% do PIB português” [16, p. económica, a geopolítica de Portugal, o 472]. Na viragem do 1.º para o 2.º quartel do quadro jurídico do mar e das actividades século XXI, Portugal dever-se-á tornar “num marítimas, a formação, a investigação actor marítimo relevante, ao nível global” [16, científica e tecnológica e o desenvolvimento p. 470], aproveitando este domínio estratégico
Maria Scientia Novembro 2012 32
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
impulsionador do seu desenvolvimento do gigante brasileiro e da potência regional económico e social. O mar enquanto espaço angolana. de afirmação estratégica e cultural pretende Não se trata de enfrentar novamente o dilema afirmar Portugal em três áreas [17]: «integração europeia» ou «integração 1. “O desenvolvimento económico das actividades ultramarina», assim designado por Manuel marítimas, como fontes de riqueza de grande Braga da Cruz, até porque, actualmente, não potencial; fará já grande sentido colocar, em termos alternativos, o devir estratégico de Portugal 2. A segurança e defesa do mar, como condição neste binómio – Europa versus essencial à vivência da nossa comunidade; Atlântico/CPLP em que, até certa altura se 3. A preservação ambiental, como pilar do uso procurou “usufruir das vantagens da perpetuado do mar”. integração europeia sem perder a Transversalmente existe ainda um outro exclusividade dos benefícios da dominação elemento traduzido pelo desenvolvimento da ultramarina” [20] porque, embora de vocação cultura marítima. Prosseguir uma gestão ultramarina, Portugal é também europeu. No sustentada para usufruir das potencialidades último quartel do século XX, a adesão de económicas, políticas e culturais constitui um Portugal à Comunidade Económica Europeia dos objectivos que consta no Relatório da e uma nova concepção estratégica na política Comissão Estratégica dos Oceanos [18] que externa consubstanciam um poderoso vector contempla 250 recomendações e propostas de de modernização do país, no entanto, no final acção, entre elas a divulgação da imagem de da primeira década do século XXI, a crise que Portugal como uma nação oceânica da se desenvolve e acentua, quer a nível europeu, Europa. O instrumento político com vista à quer no plano internacional, impõe-se uma exequibilidade dessas observações reflexão sobre o posicionamento estratégico corresponde à Estratégia Nacional para o Mar de Portugal, atendendo à necessidade de [19] para que Portugal possa proteger e encontrar novas vias de resposta às alterações valorizar o inestimável recurso que o Oceano que se fazem sentir [21]. representa, reforçando a ressurgência da Na matriz de articulação entre Portugal- projecção marítima do país. Europa-África-Brasil, serão o Mar e a Grande parte das actividades económicas Lusofonia, enquanto elementos fundamentais associadas ao mar, quando encaradas de da geopolítica portuguesa, capazes de forma complementar e sinergética, possuem alicerçar esse horizonte estratégico [22]. A um significativo efeito multiplicador noutras Lusofonia “coloca Portugal no centro de uma actividades, geram emprego, valor rede de interdependências entre vários acrescentado e desenvolvimento económico. espaços geopolíticos de relevo” [22, p. 96] e o Olhar para o mar não é, portanto, olhar para o Mar como factor que pode contribuir passado, mas sim mergulhar num futuro decisivamente para aprofundar a relevância cheio de possibilidades/potencialidades [6], do papel que o país tem a desempenhar nessa assente numa nova visão estratégica em que o rede, nomeadamente no domínio da poder marítimo permanece como factor segurança marítima. chave, assim como na herança geohistórica do É neste sentido que o Almirante Vieira Matias povo português, cujo maior potencial se defende que o mar é, para Portugal, um concentra, actualmente, na bacia do Atlântico espaço de vocação vital: “se por um lado a Sul, na promessa de projecção internacional
Maria Scientia Novembro 2012 33
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
manutenção da sua própria identidade O espaço marítimo da CPLP é resultante da depende do aproveitamento dos traços de soma das ZEE dos países membros da CPLP e carácter de raiz marítima, também a a sua posição geoestratégica encontra-se sob importância económica do mar é essencial à soberania ou jurisdição desses Estados (Fig. sua sobrevivência” [12, p. 38], o que pode 3), o que constitui “um direito e uma ajudar a contrabalançar o seu reduzido peso responsabilidade, uma garantia e um encargo, no contexto regional cuja posição marítima um potencial de riquezas e um manancial de deverá ser explorada, visando a adopção de despesas” [1, p. 212]. uma nova estratégia assente no mar cujos Daí que em Março de 2010, tenha decorrido a vértices são a economia, a investigação I Reunião dos Ministros dos Assuntos do Mar científica e a segurança e defesa. da CPLP [24] durante a qual foi aprovada a Estratégia da CPLP para os Oceanos para responder à necessidade de concentrar III. A Bandeira Marítima da esforços entre os países membros da CPLP, CPLP tendo como desiderato a promoção do desenvolvimento sustentável dos espaços Valorizar o binómio Mar / Lusofonia é uma oceânicos sob as suas respectivas jurisdições exigência do futuro como “componentes nacionais, inclusive através da cooperação genéticas e estruturantes do ser, da razão de internacional. ser e das potencialidades do ser de todos e cada um dos Oito Estados-membros da As sinergias decorrentes desta estratégia CPLP” [23]. Na visão do mar, como factor conjunta relevam “nesta nova ordem mundial dinâmico para o futuro e na revitalização pautada por ameaças difusas e assimétricas, económica de Portugal perante o cenário activando acções desde busca e salvamento alternativo de definhamento, Ernâni Lopes, marítimo, como a luta contra a pesca ilegal, o no seu pensamento visionário, considerava os tráfico de seres humanos, o tráfico de drogas e seguintes aspectos a potenciar na acção: o combate contra todas as formas de crime transnacional organizado” [25, p. 8]. ▪ Mar-desafio (potenciar a cultura marítima Precisamente no domínio da segurança de um povo); internacional, têm vindo a ser organizados, ▪ Mar-ligação (base material de transportes, em prol da cooperação técnico-militar, comércio e migrações); exercícios militares conjuntos entre as Forças ▪ Mar-factor económico (oportunidades e Armadas dos países da CPLP, denominados desafios por explorar e valorizar); «Felino».
▪ Mar-história (conjugação entre passado, Marcada pelo esforço de concertação nos presente e futuro); processos de extensão da plataforma continental e da investigação científica e ▪ Mar-globalização (economia de circulação protecção ambiental, a Estratégia da CPLP à escala planetária); para os Oceanos procura ir de encontro às ▪ Mar-factor geopolítico (organização do políticas nacionais dos países da CPLP, poder e da riqueza); materializando-se em algumas iniciativas como sejam a criação do Centro de Estudos ▪ Mar-espaço estratégico (potencial dos Marítimos da CPLP, do Atlas dos Oceanos da oceanos). CPLP, da Feira do Mar da CPLP e de
Maria Scientia Novembro 2012 34
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
programas de pesquisa atinentes aos fundos de Cabo Verde, do Brasil, de S. Tomé e de marinhos [25]. Angola, podendo-se pensar / imaginar “numa bandeira CPLP para a marinha mercante, para a batalha dos transportes marítimos (…) e também para a exploração dos recursos vivos do mar (…)” [26], pese embora a rejeição do projecto por parte do Brasil, a relegação desse tipo de prioridades para segundo plano da agenda político-económica angolana e a actual situação crítica de Portugal evidenciada pelo downgrade da sua «notação» e do ranking de poder soberano e valia geopolítica.
Deste modo, à «língua» poder-se-á somar uma «bandeira marítima da CPLP», não só Para além dos elementos estruturantes – devido à segurança dos mares, mas ainda por língua, história comum e especificidades causa da segurança humana, expressa em culturais próprias, todos estes Estados são direitos sociais e dignidade humana efectivos. países marítimos, pluricontinentais e A necessidade de revalorização estratégica do plurioceânicos, o que representa mais um Atlântico Sul, considerado o mar da CPLP por factor de união em que 80% do volume de excelência, na sequência das descobertas de mercadorias circulam por via marítima, tendo significativos recursos petrolíferos ao largo o ritmo de trânsito crescido 3% anualmente das costas do Brasil e na África Ocidental, nas últimas três décadas, as encomendas aos conduz também à existência de convergência estaleiros de construção naval se tenham quanto à necessidade da criação de uma multiplicado, nos últimos cinco anos, por 12 e arquitectura de segurança tendo em vista a as novas vias marítimas mundiais tenham relevância das Sea Lines of Communication vindo a assumir uma importância crescente, que atravessam o Atlântico Sul, os desafios da apesar da “crise de mundialização” [26] que criminalidade transnacional organizada e a se faz sentir, “com a desordem financeira e emergência de actividades irregulares e económica a servir de moldura” [26]. Os ilícitas de que o Golfo da Guiné é um oceanos sempre foram parte importante no exemplo. Os espaços geográficos dos vários intercâmbio de culturas, pessoas e bens entre membros atlânticos da CPLP são de crucial os países, cujas áreas marítimas sob jurisdição importância estratégica em cuja capacidade e de cada país lusófono são tão vastas que na de outros Estados da região (Argentina, representam um factor estratégico Nigéria, África do Sul, etc) o sistema de determinante para o seu futuro, pelo que urge segurança poderia assentar [27]. trabalhar em conjunto. A CPLP e o mar são «janelas de liberdade» Porém, a questão dos transportes é uma que Portugal tem que salvaguardar, visto que «janela do problema», sendo necessário é basilar e envolve a segurança do Atlântico articular a segurança entre o Atlântico Norte Sul que está “polvilhado de soberanias e cinco com a do Atlântico Sul, designado por são de língua portuguesa. Naturalmente o Adriano Moreira, como o «Oceano Moreno» Brasil é fundamental neste cenário” [10, p. 52], que desafia as responsabilidades de Portugal, pelo que o desenvolvimento das relações no seio da CPLP constitui uma oportunidade
Maria Scientia Novembro 2012 35
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
estratégica e o mar possui um enorme aposta no Mar como um caminho e, potencial por explorar nos campos económico, simultaneamente, um destino. Para aproveitar investigação científica, segurança e defesa, este ensejo, será fulcral a vontade e susceptível de representar, não só fonte de determinação (elites dirigentes) na bem-estar, como elemento de prestígio e alavancagem do trinómio (empresas | afirmação de Portugal. Os países lusófonos universidades | Estado) e ainda na posicionam-se “estrategicamente em quatro preparação do terreno (justiça e continentes, unidos por três oceanos, ligando cerca desburocratização) para assegurar a de 250 milhões de pessoas, num espaço de 10,7 atractividade do Investimento Directo milhões de km2 de terra e 7,6 milhões de km2 de Estrangeiro (IDE) e facilitar as parcerias com superfície marítima” [28, p. 44]. famigerados operadores internacionais (noruegueses, alemães, dinamarqueses, etc). Perante uma conjuntura internacional marcada pela globalização e o aprofundamento do processo de integração europeia, Portugal deverá potenciar o seu IV. O peso da maritimidade no posicionamento geoestratégico como “nação contexto lusófono oceânica” [2, p. 52], apostando em três áreas No conceito da maritimidade, convém prioritárias: “a defesa nacional, a actividade sinalizar que a CPLP cobre uma parte marítimo-portuária, e a diplomacia e cooperação significativa da superfície do planeta – uma internacional” [2, p. 52]. Os novos desafios do área oceânica que ultrapassa os 7 milhões de mar que se avizinham para Portugal visam km2 e que, com o aumento da Extensão da concretizar o “oceano de oportunidades” [14, Plataforma Continental de Portugal, poderá p. 28] que nos proporciona de modo a “levar a ultrapassar os 7,5 milhões km2 (Quadro 1), cabo, de Boa Esperança, um grande esforço em que os oceanos não são apenas uma político e de gestão empresarial com muito e questão económica, são também um recurso persistente trabalho” [14, p. 28], ou seja, a estratégico e diplomático, pretendendo-se que
Maria Scientia Novembro 2012 36
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
exista uma visão concertada, entre os países (APLOP), apoiada pela Associação dos Portos membros, deste património que são os de Portugal, procurando estreitar os laços de oceanos. cooperação, aumentar as trocas comerciais entre estes países e destacar o papel dos A Estrutura de Missão para a Extensão da portos no desenvolvimento económico do Plataforma Continental foi a entidade espaço da CPLP porque a Lusofonia também incumbida pelo Governo Português para a se constrói através dos portos, ocupando “um apresentação da candidatura às Nações sector nevrálgico da economia” [29], Unidas, no sentido de provar pela ciência que considerando “a importância do comércio a parte continental do território português se marítimo no que reporta às exportações” [29]. prolonga mar adentro para além das 200 milhas náuticas. Para que se tenha ideia das Neste âmbito, a Primeira Reunião de dimensões desse património marítimo, a sua Ministros do Comércio da CPLP [30] superfície é 40 vezes superior ao território realizada, em 14 de Maio de 2012, em Luanda nacional, com todas as riquezas que aí foi uma oportunidade para debater os poderão existir, e corresponde a mais de 80% desafios e reforçar as bases do conceito de da área terrestre dos 27 Estados-Membros da «Lusofonia económica» que é fundamental UE. A apreciação deste projecto está prevista quer para o aprofundamento das relações para 2015-2016, pelo que a decisão final irá entre os países (promoção do comércio e ainda demorar alguns anos. investimento), quer para a internacionalização das suas economias (capacitação Oxalá que a candidatura apresentada para a institucional/empresarial e melhoria dos Extensão da Plataforma Continental de mecanismos de financiamento), definindo Portugal fosse algo comparável ao Tratado de áreas prioritárias que irão procurar focalizar a Tordesilhas e não ao Mapa Cor-de-Rosa, tal cooperação económica e empresarial em como defende Eduardo Lopes Rodrigues. É clusters e sectores de desenvolvimento de crucial a implementação de políticas públicas interesse comum aos países membros da (orientadas para o estímulo/captação de CPLP, designadamente o Mar e os Recursos investimento para desenvolver o cluster do Naturais, entre outros: Conhecimento Mar) que possam congregar estratégias de (Investigação e Desenvolvimento); Novas diversos actores para maximizar a Tecnologias; Agricultura e Desenvolvimento probabilidade desta candidatura ser, Rural; Infra-estruturas; e Energia e Turismo. efectivamente, ganha. O conhecimento científico poderá reforçar o reconhecimento Em linha com a Estratégia Europa 2020, a internacional da capacidade nacional de criar própria Estratégia do Atlântico [31] que foi pontes na Lusofonia, de densificar o Espaço proposta pela Comissão Europeia, enquanto Lusófono, garantindo a paz, a segurança e a instrumento político e, oficialmente, lançada ordem pública nos Oceanos. em Lisboa, em Novembro de 2011, estabeleceu como principais desideratos: o Daí que o conceito de Hypercluster do Mar crescimento sustentável e a criação de seja essencial para a existência de Portugal e empregos, apontando “para a necessidade de de todos os países lusófonos na medida em conhecimento do Oceano, nomeadamente das suas que engloba um conjunto de actividades zonas mais profundas, e igualmente para a económicas ligadas à temática marítima. É necessidade de construção de um diálogo neste sentido que é criada a Associação dos performativo no domínio internacional, com Portos de Língua Oficial Portuguesa múltiplos e heterogéneos parceiros” [31, p. 10].
Maria Scientia Novembro 2012 37
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Porém, ante as grandes proclamações De salientar ainda o alerta mediático da europeias e nacionais, face ao que sucede (ou edição de Outubro de 2012 da revista que não sucede), efectivamente, no terreno, britânica “MONOCLE” [35], com mais de 150 urge pelejar pela redução da distância entre mil leitores espalhados pelo mundo, retórica versus acção e pelo vazio de inteiramente dedicada à geração lusófona e à concretizações e abandono de metas, com o nova língua do poder e dos negócios, risco de persistir a perspectiva defendendo, entre outros factores críticos de «wishfulthinking», pelo que um levantamento sucesso, a necessidade de se olhar para o mar realista do quadro geopolítico envolvente se em que “Every Lusophone country has a coast revela peremptório. – perhaps it’s time for a Lusophonic Navy” [35, p. 034] já que todos os países da CPLP Na linha desta perspetiva crítica, surge o têm costa, chegando talvez a altura de haver estudo “Blue Growth for Portugal – Uma uma marinha lusófona em que o arquipélago visão empresarial da economia do mar” [32], dos Açores representa uma fonte de datado de Novembro de 2012 e apresentado oportunidades, designadamente pelo facto de na conferência intitulada “Mar de Negócios: muitas rotas marítimas ali fazerem escala, O nosso mar, transformar o potencial em pelo que poderá servir como um ponto oportunidades” que decorreu em Lisboa no estratégico para a navegação do Atlântico dia 15 de Novembro de 2012. Este estudo foi Norte, além de se poder assumir como um desenvolvido por Tiago Pitta e Cunha, com o embrião da construção naval mundial, isto é, apoio da COTEC – Portugal (Associação “could be a global hub for maritime Empresarial para a Inovação), visando construction and repair” [35, p. 077]. “ultrapassar a fase de diagnóstico e dar a conhecer os players concretos que actuam nos Deste modo, como os países lusófonos são vários sectores da economia do mar” [33], cujo todos marítimos, pluricontinentais e potencial é enorme com impacto directo na plurioceânicos, há que aproveitar a relevância geração de emprego e um volume de negócios económica gerada pela cultura para fazer do gerado na ordem dos quatro mil milhões de mar português o «cimento» da Lusofonia, cuja euros. Tiago Pitta e Cunha considera ainda exploração deverá ser considerada um que Portugal “podia ser um gigante marítimo, desígnio estratégico nacional. Espera-se que, mas na prática não passa de um anão” [34], na tal como o Almirante Vieira Matias defende, medida em que a riqueza que se desenvolve os «laços» que ligam estes países e a sua em torno do mar português vale menos de ligação ao Mar sejam tão fortes quanto os metade do que sucede noutros países com «nós» dos marinheiros [36]. costa, nos quais os efeitos directos são calculados em 5% ou 6% do PIB enquanto em Portugal rendem apenas 2% do PIB. Entre V. Conclusões outras recomendações e medidas propostas a adoptar para que o crescimento da economia Os Mares e Oceanos (e a sua economia), do mar se torne uma realidade no curto e enquanto «janela de oportunidade e médio prazo, contam-se a promoção de um liberdade», representam uma das pontes que choque fiscal na área dos transportes poderá sedimentar a síntese entre as vertentes marítimos e a aposta numa marca nacional europeia e atlântica de Portugal, para além da que valorize o peixe português que é Língua, Cultura, Diáspora e das Indústrias internacionalmente conhecido pela qualidade. Culturais e Criativas, corroborando a tese de
Maria Scientia Novembro 2012 38
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
que a dimensão cultural da «Lusofonia» gera Referências e Bibliografia relevância económica com externalidades [1] LOPES, Ernâni Rodrigues (Coord.); positivas mútuas para todos os membros da ESTEVES, José Poças e Equipa técnica e CPLP, nomeadamente através do reforço da consultores da SaeR (2011), A Lusofonia interdependência económica e partilha da co- – Uma Questão Estratégica Fundamental, responsabilidade perante desafios comuns, Lisboa: Sociedade de Avaliação de como é o caso da gestão dos mares e oceanos. Empresas e Risco (SaeR) / Jornal Sol. A própria relação científica assente na investigação (a ciência) deverá ser também [2] PITTA E CUNHA, Tiago de (2004), «A um cluster a priorizar. Implantação Estratégica do Mar para Todavia para tal desígnio, será necessário Portugal», Nação e Defesa – Portugal e o encontrar novos caminhos para a reafirmação Mar, N.º 108 – 2ª série, Lisboa: Instituto geopolítica porque daí dependerá a da Defesa Nacional (IDN), pp. 41-52. reconquista de uma certa preponderância geoeconómica que, no caso português, se [3] LOPES RODRIGUES, Eduardo Raúl vislumbra no manancial de riqueza antevista (2011), «The Economic Relevance as no potencial da extensão da sua plataforma Source of Maritime Power in the continental que, desde já, está a originar European Integration Framework», alguma cobiça. Maria Scientia – Revista Científica Electrónica | Scientific e-Journal, N.º 1, Em suma, no contexto lusófono, o Mar – Lisboa: Instituto de Estudos Políticos recurso estratégico que representa um enorme (IEP) – Universidade Católica Portuguesa activo e uma fonte de prosperidade e (UCP), pp. 35-36. crescimento económico – foi um meio de comunicação privilegiado, reflectindo parte [4] COMISSÃO EUROPEIA (2006), Livro significativa da dimensão cultural e Verde – Para uma futura política identitária de cada país membro da CPLP. A marítima da União: Uma visão europeia marinha mercante é, aliás, um dos eixos de para os oceanos e os mares, Bruxelas, desenvolvimento de um país, fundamental 07.06.2006, COM (2006) 275 final. para transporte de mercadorias e bens [37]. Ademais, o Mar como elemento densificador [5] ESPADA, João Carlos (2011), «Nota do do Espaço Lusófono, assumindo igualmente Director | Opção pelo Mar», Maria um cariz fundamental na vertente geopolítica, Scientia – Revista Científica Electrónica | poderá em conjunto com a Lusofonia, Scientific e-Journal, N.º 1, Lisboa: IEP – alicerçar um horizonte estratégico e UCP, p.1. promissor. [6] Notícia “Um mar de possibilidades”,
jornal Público, Lisboa, 7 de Dezembro de 2011.
[7] GRAÇA, Pedro Borges (2008), «O Papel das Informações Estratégicas na Projecção Marítima de Portugal»,
Cadernos Navais – Seminário “Uma Visão Estratégica do Mar na Geopolítica
Maria Scientia Novembro 2012 39
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
do Atlântico”, N.º 24, Lisboa: Grupo de para Portugal», Cadernos Navais, N.º 13, Estudos e Reflexão Estratégica, pp. 87-96. Lisboa: Grupo de Estudo e Reflexão de Estratégia, pp. 1-38. [8] LOPES, Ernâni (2004), «O Mar no Futuro de Portugal. Uma Abordagem [15] VIEIRA MATIAS, Nuno (2009), «A Estratégica», Nação e Defesa – Portugal e “Clusterização” da Economia Marítima», o Mar, N.º 108 – 2ª série, Lisboa: IDN, pp. Nação e Defesa – O Mar no Pensamento 11-25. Estratégico Nacional, N.º 122 – 4ª série, Lisboa: IDN, pp. 9-23. [9] Comunicação “O Mar e o Conceito Estratégico Nacional” de Adriano [16] Relatório Final “O Hypercluster da Moreira à Classe de Letras, Academia Economia do Mar. Um domínio de das Ciências de Lisboa, Lisboa, 16 de potencial estratégico para o Novembro de 2010. desenvolvimento da economia portuguesa.”, SaeR / Associação [10] MOREIRA, Adriano (2008), «O Mar no Comercial de Lisboa (ACL), 17 de Conceito Estratégico Nacional», Fevereiro de 2009. Cadernos Navais – Seminário “Uma Visão Estratégica do Mar na Geopolítica [17] Intervenção de VIEIRA MATIAS, Nuno do Atlântico”, N.º 24, Lisboa: Grupo de Gonçalo «O mar enquanto espaço de Estudos e Reflexão Estratégica, pp. 45- afirmação estratégica e cultural. A 53.; Perspectiva Portuguesa», Congresso “Os Mares da Lusofonia”, Gare Marítima [11] TEIXEIRA, Maria Fernandes (2011), Alcântara-Lisboa, 26 e 27 de Setembro de «Clusters marítimos na Europa: 2008. (Texto policopiado) potencialidades, complexidades e debilidades de um modelo [18] Relatório “O Oceano. Um Desígnio organizacional que traduz a natureza Nacional para o Século XXI”, Comissão holística dos mares e oceanos», Maria Estratégica dos Oceanos, Lisboa, 2004. Scientia – Revista Científica Electrónica | Scientific e-Journal, N.º 1, Lisboa: IEP – [19] Estratégia Nacional para o Mar, UCP, pp. 37-58. República Portuguesa, Lisboa, 2006.
[12] VIEIRA MATIAS, Nuno Gonçalo (2004), [20] Intervenção de BRAGA DA CRUZ, «O Horizonte do Mar Português», Nação Manuel, «A questão colonial, a política e Defesa – Portugal e o Mar, N.º 108 – 2ª externa e o 25 de Abril», Colóquio sobre série, Lisboa: IDN, pp. 27-40. o 25 de Abril, Associação 25 de Abril, disponível em: [13] Intervenção de VIEIRA MATIAS, Nuno http://www.25abril.org/a25abril/get_doc Gonçalo (Almirante), Cerimónia de posse ument.php?id=87 [consult. em dos membros do Conselho Académico da 28.12.2011]. Academia de Marinha, Lisboa, 19 de Janeiro de 2010. (Texto policopiado) [21] RIBEIRO, Sónia (2011), «Portugal e o Mar no último meio século. Evolução, [14] VIEIRA MATIAS, Nuno Gonçalo (2005), transição e opções estratégicas», Maria «O Mar – Um Oceano de Oportunidades Scientia – Revista Científica Electrónica |
Maria Scientia Novembro 2012 40
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Scientific e-Journal, N.º 1, Lisboa: IEP – [28] BERNARDINO, Luís Manuel Brás (2011), UCP, pp. 70-82. «A Segurança Marítima no Seio da CPLP: Contributos para uma Estratégia nos [22] ALVES DE CARVALHO, Sérgio (2011), Mares da Lusofonia», Nação e Defesa – O «O mar e a Lusofonia: a(s) resposta(s) à Mar no Espaço da CPLP, N.º 128 – 5ª questão estratégica fundamental de série, Lisboa: IDN, pp. 41-65. Portugal no 1.º Quartel do Século XXI», Maria Scientia – Revista Científica [29] Entrevista “A Lusofonia também se Electrónica | Scientific e-Journal, N.º 1, constrói através dos portos” a José Luís Lisboa: IEP – UCP, pp. 83-100. Cacho, Presidente da Administração do Porto de Aveiro e da Associação dos [23] Intervenção de LOPES, Ernâni Rodrigues Portos de Língua Portuguesa, Cluster do «Uma exigência do futuro: valorizar o Mar, Maio-Junho 2012, p.10. binómio mar / Lusofonia», Conferência de Encerramento do Congresso “Os [30] Declaração de Luanda, 1.ª Reunião de Mares da Lusofonia”, Gare Marítima Ministros do Comércio da Comunidade Alcântara-Lisboa, 27 de Setembro de dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 2008. (Texto policopiado) Luanda, 14 de Maio de 2012.
[24] Declaração Final da I Reunião dos [31] TEIXEIRA, Maria Fernandes (2012), Ministros dos Assuntos do Mar da CPLP, «Estratégia do Atlântico: desafios e Forte de São Julião da Barra, Oeiras oportunidades», Maria Scientia – Revista (Portugal), 21 de Março de 2010. Científica Electrónica | Scientific e- Journal, N.º 2, Lisboa: IEP – UCP, pp. 3- [25] CPLP revista, «Comunidade dos Países 13. de Língua Portuguesa festeja 15 anos», N.º 0, Lisboa: Comunidade dos Países de [32] Relatório “Blue Growth for Portugal – Língua Portuguesa (CPLP) – Secretariado Uma visão empresarial da economia do Executivo da CPLP, Julho – Setembro mar”, da autoria de Tiago Pitta e Cunha, 2011. com o apoio da COTEC Portugal (Associação Empresarial para a [26] Intervenção de MOREIRA, Adriano, Inovação), Novembro 2012. «Uma Bandeira Marítima para a CPLP», Conferência de Encerramento do ciclo “A [33] Notícia “Economia do mar já vale quatro Comunidade dos Povos de Língua mil milhões”, disponível em: Portuguesa”, Academia de Marinha, http://expresso.sapo.pt/economia-do- Lisboa, 27 de Setembro de 2011. (Texto mar-ja-vale-quatro-mil-milhoes=f767270 policopiado) [consult. em 15.11.2012].
[27] LOUREIRO DOS SANTOS, João Alberto [34] Notícia “Portugal podia ser um gigante (2011), «Um Visão Portuguesa da marítimo, mas não passa de um anão”, Segurança do Atlântico Sul», Nação e disponível em: Defesa – O Mar no Espaço da CPLP, N.º http://www.portugalglobal.pt/PT/Portug 128 – 5ª série, Lisboa: IDN, pp. 19-27. alNews/Paginas/NewDetail.aspx?newId= %7B0E6B2E43-F200-4AD5-9602-
Maria Scientia Novembro 2012 41
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
C71332438002%7D [consult. em Scientific e-Journal, N.º 2, Lisboa: IEP – 15.11.2012]. UCP, pp. 1-2.
[35] MONOCLE: a briefing on global affairs, [37] Intervenção de XAVIER, Rui (Ministro business, culture and design, Conselheiro da Embaixada de Angola em «Generation Lusophonia: why Portugal), Ciclo de Conferências CPLP Portuguese is the new language of power “Realidades Políticas | Económicas | and trade», issue 57, volume 06, London, Sociais | Culturais - Angola”, IEP – UCP, October 2012. Lisboa, 4 de Fevereiro de 2009.
[36] VIEIRA MATIAS, Nuno Gonçalo (2012), Nota Editorial «Conhecer o Mar», Maria » voltar ao Sumário Scientia – Revista Científica Electrónica |
Maria Scientia Novembro 2012 42
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Maritime Spatial Planning as Element of Geopolitics of the Sea
O Ordenamento do espaço marítimo como elemento da Geopolítica do Mar
Nuno Morgado
PhD Candidate – FSV-UK; M.A. in Strategic Studies, PgCert. in Geopolitics; Researcher at LIAM Maria Scientia
Abstract This paper aims to materialize an attempt to understand if Maritime Spatial Planning could fit as element of Geopolitics of the Sea. As far as one could realize from the literature, this task constitutes a new effort on the geopolitical perspective towards the Ocean. So the idea constitutes simultaneously the research question and the hypothesis, being the main objective and finality to test it clearly, through both qualitative and quantitative methodology, in the way to create a scientific structure to understand the maritime geopolitical reality.
Key words: Geopolitics, Maritime Spatial Planning, State, Confrontation, Fishing
regulator in the water cycle, the resources I. Introduction within it) and political (e.g. a pillar of State’s This paper aims to materialize an attempt to power) importance situates this paper in the understand if Maritime Spatial Planning domain of Political Geography in general, and could fit as element of Geopolitics of the Sea. Geopolitics in particular. As far as one could realize from the literature, The structure will essentially composed by this constitutes a new effort on the two parts. The first part will take care of “ The geopolitical perspective towards the Ocean, relevance of the Ocean: Geopolitics of the so this idea constitutes the research question Sea”, in which it will be given some data and the hypothesis simultaneously, and the about the relevance of the Ocean, a definition main objective and finality would be to test it of Geopolitics, reflection about the clearly. opportunity of a Geopolitics of the Sea and The absolute importance of the Ocean in the considerations about Admiral Mahan. In the global context, both with geographical (e.g. second part, the explanation of the concept of
Maria Scientia Novembro 2012 43
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Maritime Spatial Planning will follow after extremis the opportunity to create specifically revealed the conflictual environment of “a Geopolitics of the Sea”? Geopolitics [applied to the Sea], testing the Then, 361 million sq kilometers constitutes the hypothesis of possibility of its existence as area of the Oceans – equivalent of element of Geopolitics of the Sea. To achieve approximately 71% of the Earth’s surface –, that goal, an incursion to fishing – as one of the Ocean represents a source of food, energy, the most important maritime economic minerals and algae, but is also a channel of activity that constitutes a pillar of the basis of communication and transportation – 90% of State’s power – will take place. In this matter, the world’s commerce is organized through it will be analyzed the Common Fisheries maritime transport (1). Let one take these Policy (advantages and disadvantages), it will arguments to support the idea of Sea’s be characterized the Portuguese fishing importance. situation including some potentialities in Portuguese maritime policy – such as the On the other hand, approximately 70% of the expansion of Continental Shelf or reference to planet’s population lives nearly less than 200 some specific technology –, and at the point km from the closest sea (2). In fact, areas that policy of European Union will be treated, nearby the Sea are often highly densely persecuting a holistic perspective, it will be populated, and that is quite visible in India, relevant to write down several notes China, Egypt, and Europe. regarding the conduct of some European In this way, and accepting the definition of Union’s States in respect of dealing with the Geopolitics as “...the study of States in the Ocean’s problems, mentioning the interesting context of global spatial phenomena, in an case of Somalia, precisely. attempt to understand both the bases of State In what concerns to methodology, it will be power and the nature of States’ interaction use essentially qualitative methodology, but with one another” (Glassner, 2004: 270), and also quantitative analysis, for instance to justified before the significance of the Ocean, illustrate the fishing context in Portugal. The one could progress now towards the idea that key will be to choose scientific tools, thus not the Ocean composes a section of Geopolitics rigid. Generalizations will be avoided and the in the sense of geographical element, which is issues will be skimmed as deep as possible, in present, at the same time, in the delimitation the way to create a scientific structure to of the basis of non-landlocked State’s power. understand the maritime geopolitical reality. Apropos, in the Planet it can be counted At last, the logic of the paper’s structure to around 200 States in which 48 are landlocked, test the hypothesis is gradually taping the and this geographical fact has a direct impact themes: first the significance of the Ocean, in the GDP (3). In fact, in the landlocked after Geopolitics of the Sea, then Maritime States, the GDP is less than average (4). Truly, Spatial Planning, and finally fishing’s topic. the exceptions: Luxemburg, Switzerland, Austria, Czech Republic, confirm the rule.
Moreover, for example, it would be explained II. The relevance of the Ocean: why Bolivia is the poorest country in Latin Geopolitics of the Sea America (5). At the very beginning one could interrogate Nowadays, all States should be concerned about the reason why is the Ocean so relevant about the Ocean. States with coastline are, for in terms of World politics, which takes in sure, pretty much dependent on the safety of
Maria Scientia Novembro 2012 44
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
their seas, and additionally for certain of them will have lower sea power than itself, they this security level is furthermore a matter of will be defeated. Or, if by some reason they maintenance of a prodigious status. China is will not be neutralized, and in a case an excellent example. withdraw of the thalassocratic State, they will be unable to materialize any persecution. Retaking the commercial prominence of the However, and in the Chinese case, a huge Ocean – as it was affirmed already 90% of territorial border implicates the danger to be goods are transported on the Ocean (6), due attacked by telluric forces. to the circumstance that is much easier to transport on the Ocean rather than on soil – all manufactured goods are transported in Admiral Alfred Mahan: Dominance of the Sea standardized size TEU (7), since there are only & control of the World three types of cargo to be transported on the Ocean: Liquid (oil, chemicals, natural gas), Alfred Mahan (1840-1914) is normally Bulk (iron, coal, grain) and TEU (8). It exists appointed as the first name in the field of around 125 million TEUs in operation around Geopolitics of the Sea, despite not properly, the world (9) and ¾ of this number are loaded indeed as one will assume. His thought was and unloaded every day in People’s Republic based in the main idea that dominance of the of China only (10). This fact shows the Ocean lanes to control trade and carry out an worldwide economic power of China. As a economic warfare was vital to a State become matter of fact, China registers the largest port a Great Power with worldwide supremacy, activity in shipping, followed by Taiwan, DPR and to achieve that status a strong navy was Korea, Hong Kong, USA, Greenland, needed with the intent of neutralization of Singapore, Japan, Republic of Korea and enemy’s fleet. Furthermore, this superior Germany (11). On the other hand, among the naval power should have to control specific owners of the biggest merchant marine spots (islands, straits, canals, etc.) (Defarges, Panama leads, and after it: Germany, Japan, 2003: 43), hence this signifies a naval strategy Liberia, Greece, China, Malta, Hong Kong, based in a simultaneously large and strict Singapore, Marshall Islands, Indonesia, vision of the space (dominance of great Ocean Antigua and Barbuda, The Bahamas and is accomplished by the control of small and Russia (12). These facts highlight, once more, specific spots). the weight of Ocean in World’s Geopolitics. These “spots” – choke points – would allow a So, and still concerning Geopolitics of the Sea, numerically inferior defending force to before the analysis of Mahan’s theories, is successfully prevent a larger opponent. Thus, opportune to open discussion about as examples of important choke points it can thalassocracy. Once a State assumes the be enumerated: condition of thalassocratic power, it is ▪ Hormuz Strait (between Oman and predictable that it would be in permanent Iran) fight with a huge number of powers – and this is a direct consequence from the option of ▪ Strait of Malacca (between Singapore becoming a hegemonic power, no matter the and Indonesia) geographical feature (thalassocratic, telluric, ▪ Bab-el-Mandeb (passage from the aerospatiale, etc.). Though, in the specific case Arabian Sea to the Red Sea) of thalassocratic power, in fact, that State will ▪ Panama Canal/Panama Pipeline be able to attack them, due to the flexibility (Central America) offered by the use of Ocean, and because they
Maria Scientia Novembro 2012 45
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
▪ Suez Canal (Red Sea and However, like it was argued, Mahan’s ideas Mediterranean Sea in Egypt) could not be so original. Fernando Oliveira (Oliveira, 2008) a Portuguese Priest, presented ▪ Bosphorus (Black Sea to the previously Mahan’s general ideas in 16th Mediterranean Sea in Turkey) century, while Portugal was still the head of ▪ Gibraltar (Spain/Gibraltar) the first world thalassocratic Empire.
▪ Cape Horn (Chile) On the other hand, the thought of 19th ▪ Cape of Good Hope (South Africa) century’s Admiral has some deficiencies. Possibly, Schmitt (1952: 19) identified a Regarding this issue, and taking the example mistake of Mahan’s project: the failure of the of China once more, the String of Pearls is a Admiral to include the consequences of the very interesting geopolitical case. It Industrial Revolution in respect of the relation constitutes Chinese sea lines of between Men and the Ocean, advocating the communication and transport which extend heritage from old British Empire to the new from China to Port Sudan, run through the USA; or even the fact of disregarding strategic choke points of Strait of Mandeb, technological phenomena, like the submarine Strait of Malacca, Strait of Hormuz, and Strait or the airplane and their relevance in the of Lombok, but also through other strategic context of World’s dominance. Besides, of naval interest spots in Pakistan, Sri Lanka, course, the absence of a scientific Bangladesh, Maldives, and Somalia. methodology, and also the necessity – in the Mahan declared, in addition, five factors to process to achieve the status of a consider in sea power building (Glassner, thalassocratic power – of an alliance with a 2004: 272-273) (Dias, 2005:147-150): tellurocratic power to defeat another geographical position, the nature of the State’s tellurocratic power (Dias, 2005: 155). At last, Ó coasts and length of the coastline, number of Tuathail (1996: 40) appointed Mahan’s ideas population, national character and as “generalizations”, “revelations” and Government characteristics. Although is not “epigrammatic statements”; or even Ribeiro sufficient (13), these features are a stimulating who accused Mahan of usage of History to preliminary model for evaluation of strategic support his [Mahan’s] convictions (Ribeiro, potential. n.d.: 18).
Therefore, the resume of Admiral’s Nevertheless, Mahan stressed the control of perspective could be made in these terms: choke points as essential, putted relevance in national greatness would be connected with maritime trade routes, and defended the the Ocean – with its commercial usage in importance of a great navy (both war and peace and its control in war; a global actor has merchant) as instrument for deterrence and to rule the Sea – to control it effectively and to tool for economic prosperity. All these aspects do not even allow that possibility to others; to contain tactic and specific recommendations rule the Sea is essential to control choke which remain valid in currently International points; and naval power is an element of Politics. Moreover, predicted Russia as a maritime power. Definitely: “. . .maritime superpower – and Russian Neo-Eurasianism power [is] the key to great power status, and continues that tradition (Morgado, 2012) – (…) this power [is] to some extent and gave recommendations to construction of geodetermined” (Dollman, 2002: 32). Panama Canal and mutual control of Hawaii and Caribbean by USA for its own increase of
Maria Scientia Novembro 2012 46
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
power. Every one of these aspects were efficient and effective coordination for valuable as gold, one would agree. governments.
Nevertheless, in the domain of power politics, III. Maritime Spatial Planning: one could argue that cooperation is less among cooperation and conflict imperative than confrontation. This means that coordination is useful in daily life, but an After revealed the conflictual environment of obstacle to those European Union Member Geopolitics applied to the Sea, it is States which ambition is become a appropriated to enter now in the domain of thalassocratic power. As a matter of fact, the Maritime Spatial Planning, trying to test the European Commission itself considers hypothesis of its role as element of Geopolitics “frequent conflicts” and “strong conflicts” as of the Sea. possible permanent reality, respectively in the To firstly define Maritime Spatial Planning, 3rd and 4th scenarios (2011a: 29). and despite focused mainly in economic Consequently, one could extrapolate from aspects, the Report of European Commission conflicts within the Maritime Spatial Planning (2011a) is useful to offer tools for an (2011b: 2) to clashes among States tout court, explanation. In fact, Maritime Spatial basic geopolitical phenomenon. And this Planning gives a “...framework for arbitrating authenticity is independent from all benefits between competing human activities and that Maritime Spatial Planning undoubtedly managing their impact on the maritime brings (European Commission, 2011b: 3). environment” (2011a: 3). Actually, key To realize properly the issue about the principles of the activity are (2011a: 12-13): competition/confrontation, which is “use Maritime Spatial Planning according to mentioned in the definition of Maritime area and type of activity; define objectives to Spatial Planning on one hand, but also, in the guide Maritime Spatial Planning; develop other hand, including a [maritime] economic Maritime Spatial Planning in a transparent activity that constitutes a pillar of the basis of manner; encourage stakeholder participation; State’s power – consecrated in the explanation coordinate within Member States – simply of geopolitical concept that it was previously decision processes; ensure the legal effect of accepted – nothing better than analyze one of national Maritime Spatial Planning; the most important economic activities on the implement cross-border cooperation and Sea: fishing. consultation; incorporate monitoring and evaluation in the planning process; achieve coherence between terrestrial and Maritime Fishing: Common Fisheries Policy, fishing Spatial Planning – relation with ICZM (14); situation in Portugal & some notes about create a strong data and knowledge base”. Somalia fishing condition
Thus, Maritime Spatial Planning combines Fishing is one of the most ancient activities of sectorial interests, protection of marine Men, hardly conditioned by both natural – resources and guarantee a good temperature of the water, salinity, environmental status, aiming a sustainable deepness/pressure, Sun light, oxygen, feed, growth. maritime flows and direction of wind – and For that reason, in maritime zones around human factors – pollution, industrialized European Union Member States, Maritime countries which possesses the scientific and Spatial Planning purposes to create an technological knowledge (e.g. sophisticated
Maria Scientia Novembro 2012 47
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
vessels) to over explore the Ocean and ▪ Number of certified fishing boats surpassing the limit of tons of fish that can be without engine, by registry port: 68 taken. As a matter of fact, 53% of the World’s (data from 2011) (21) fisheries are fully exploited and 32% are ▪ Number of certified fishing boats with overexploited, depleted, or recovering from engine, by registry port: 4845 (data depletion (15). from 2011) (22) In European Union, this activity is ruled by ▪ Amount of captured fish (in tons) by Common Fisheries Policy. It is pertinent to port and specimen: 164 236 (data from take a look in this subject. 2011) (23). In accordance with the Common Fisheries Policy has four main report Fish Dependence by OCEAN12 domains, which concern: “conservation, (24), Portugal can get from the Ocean management and exploitation of living only 25% of the total consumed fish by aquatic resources; limitation of the its population. That is the same to environmental impact of fishing; conditions of conclude that a country with 1793 km access to waters and resources; structural of coastline imports 75% of the total policy and the management of the fleet consumed fish. capacity; control and enforcement; Fishing, in Portugal, is essentially a traditional aquaculture; common organization of the activity and this reflects a dependence of markets; and international relations” (set importation and replicates also the general rules for trade with non-EU countries) (16). backwardness of Portuguese economic It is wide known that Common Fisheries development. On the other hand, if the fish Policy had a huge impact on the sector in resources on the Ocean are over explored Portugal, like it will be shown. (including Portuguese EEZ (25)), if Common Fisheries Policy establishes barriers (e.g. TAC A country with 1.793 km of coastline and (26), aids to destroy or transforms vessels), approximately 1.727.408 sq km of EEZ (17) and at the end, modernizing the activity (18) registers a gigantic dependence regarding appears with extremely high cost regarding fish, salt (imports from Spain, Tunisia, etc.) the benefits, the wisest choice would be avoid and other sea products. that path. In this way, create infrastructures, To have a more precise idea, it will be stimulate human resources, improve opportune to characterize briefly the technology, and arrange financial support Portuguese fishing situation quantitatively: towards the aquaculture (intensive or ▪ Fishermen registered on the 31st extensive) seems to be the best option. December 2011 in national ports, On the other hand, the ambassador of number by registry port and fishing Norway in Lisboa defended (Tavares, 2012) segment: 16 402 (19); that “blue biotechnology” and “renewable ▪ Production in farms of aquaculture (in energies” are also proper fields to invest, in tons) by type of water, regime of way to increase the small contribution of 2% exploitation and specimen (fishing and of maritime economy in Portuguese GDP, aquaculture): 8 022 (data from 2010) trying to be more close to Norway’s example, (20) in which the contribution is 30% of GDP. His Excellency pointed sagaciously also that Portuguese State has various problems to reform whatever it would be, and from
Maria Scientia Novembro 2012 48
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
another side, Portuguese people is often fish in the cited area, namely due to Spain and passively waiting for the actions and reforms France, but also Morocco and Greece, among of the State itself. others (28). Moreover, since the Treaty of Lisbon of 2007, European Union holds the In respect to the advantages of the Common exclusive competence regarding the Fisheries Policy, it could be stated: financial conservation of marine biological resources support from EU (e.g. technological under the common fisheries policy (29). modernization, human resources’ improvement, aquaculture, (re)new As it can be empirically conclude, the infrastructures), possibility to export fish from context of fishing and maritime policy in Portugal to other EU countries without taxes, Portugal is not favorable at all. or even the possibility to fish in waters of EU Nonetheless, some potentialities have to be that not from the vessel’s country of origin, putted under consideration, namely the plus waters included in the agreements resources which could be brought by the between EU and non-communitarian extension of the Portuguese Continental Shelf countries. – which application is already submitted by Though these advantages, and analyzing the Portuguese authorities to United Nations specifically the Portuguese case, it would – (CIEMar, 2012) such as: cobalt, nickel, bring forward that the so well-known copper in great quantities, but also gas, iron, Portuguese bureaucracy (27) and also zinc and some deposits of gold and silver. All structural handicaps in the country’s sectors of these goods included in a possible area of (Public Administration, Economy, Justice, approximately 2 150 000 sq km, where Society) constitutes almost a complete maritime life is also highly abundant. obstacle for catchment of structural funds by On the other hand, regarding gears, the Luso target public – businessmen. On the other ROV – Remotely Operated Vehicle – deserves hand, Portuguese fishing, already described a reference, an equipment which achieves the as traditional, is incapable of providing research (e.g. geography, geology, salinity) in sufficient sea food to the Nation, even less to a depth of 6000 meters, allowing to study 97% export in relevant amount, besides of the global sea floor (CIEMar, 2012). unqualified to navigate in huge scale on international waters. At this point that EU’s policies have been treated, and persecuting a holistic perspective, Consequently, Common Fisheries Policy it would be relevant to write down several offers disadvantages: imposition of quotes for notes regarding the conduct of some TAC, prohibition of capture in specific locals European Union’s States, several Asian and specific periods of year, and countries and USA, in respect of dealing with determination of minimum size for the fish’s the Ocean issues (Falque, 2011). One could capture. Even though these disadvantages take in hands the interesting case of Somalia. create terrible problems to fishermen, it could be easily understood their relevance In 1978, Somalia, under dictator Siad Barre, regarding the environmental protection. suspended the good relations with Soviet Nevertheless, another huge disadvantage Union, and particularly USA took the occurs from Common Fisheries Policy: the opportunity to turn Somalia as an ally in the possibility of arrival of vessels from other Cold War’s context (30). At the same time, countries in the Portuguese EEZ to fish on it. USA acquired also the chance to exploit This fact is the explanation for the decrease of intensively the resources of the country,
Maria Scientia Novembro 2012 49
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
through American oil companies (31). Nonetheless, earlier Somaliland authorities Exhaustive fishing would be a selected goal as tried to get UN’s attention for these problems, well (Falque, 2011). The geostrategic position with no success at all (38). Only when the of Somalia increased the amount of fight back of Somaliland pirates started to advantages of the new relation – the Gulf of become too aggressive, UN took measures Aden is an area of choke points where the regarding the problem, not to suppress illegal transit between Mediterranean Sea an Indian fishing, but through Resolutions 1814, 1816 Ocean occurs, registering nowadays (2009) an and 1838 (39) authorized the Operation estimated flow of 3.2 million bbl/d (32), for Atalanta strictly against the violence of the example. natives from the region, though without a total and long-term solution. Ahmedou Ould But since 1991 – after the fall of Barre and Abdallah, former Special Representative for subsequent creation of a “vacuous” in power the UN Secretary-General for Somalia, – Somalia has being suffering a period of confirmed that "Somalia has been used as a chaos and factional fighting, and this reality dumping ground for hazardous waste persists until our days. Civil war condition, starting in the early 1990s, and continuing widespread hunger and death make part in through the civil war there" (40) and a Somaliland daily-life. reaction was surely predictable. In this muddled context, taking advantage of To conclude this matter, concerning fishing in the complete disorganization in politics and Somalia, one could only maybe bear in mind subsequent absence of instruments to control that it would not exist only pirates (from the 3025 km of coastline (33), some European Somalia), but also corsairs (e.g. several EU’s Union’s countries but also USA and several countries (41)). Asian countries have been practicing “I.U.U. fishing” (Illegal, Undeclared and Unregulated) (34), inclusive in the territorial IV. Conclusions waters of Somalia (Falque, 2011). This overwhelming fishing with hundreds of high Vives (1961) affirmed that the interactions industrialized ships is ruining the among geographical and human factors are environmental equilibrium in the region (35). the engine of History. It is not relevant, in this But even worse, in short-term angle, is the case, if that perspective corresponds or does smashing effect in the reduction of food for not correspond to the reality, but it is a fact Somaliland population and the degradation of indeed that both factors are bases for political the conditions of life of those fishermen – options in the domain of public policies, and “Somalia loses US$300 million a year” (36). specifically, in maritime branch of those.
Consequently, it has been created This paper tried, in that same domain, to circumstances (internal and external made clear that Maritime Spatial Planning is complications) to some of these fishermen truly an element of Geopolitics of the Sea, in realize themselves having in the piracy the the sense of “basis of State’s power”. On the only solution to feed their families, and other hand, it was stressed that in the scope of simultaneously trying to put an end to the European Union it constitutes also an obstacle deposit of toxic waste in the region (37). to an European State which would have the Predictably, highly armed and through goal of becoming a thalassocratic power. It is extremely violent ways. not the case of Portugal, for instance, which does not have any great geopolitical goal at
Maria Scientia Novembro 2012 50
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
the moment, neither in the Ocean sphere, tool arrange an interconnected set of activities certainly as a result of the non-vitality of the – economic growth, protection of country as a “geohistorical nucleos” (Vives, environment, sustainable development – 1961: 172). And, tragically, one can realize which can and should not be separated from about this truth regarding a country which, at the foundations of State’s power, on the other certain period, was the first World words, the influence that a State could have to thalassocratic power and controlled the influence in the maritime affairs. The Ocean commercial maritime lanes, accomplishing a will remain, definitely, a tremendously profit in the trade of spices of approximately important arena of confrontation for the 21st of 60.000% (42). century, and it is extensively probable that a large scale conflict arise over World’s Ocean. On the other hand, the paper also shown that This paper sought to put evidence in those Mahan, despite not such original thinker, and realities. with some deficiencies in his thought, revealed however substantial teachings: the control of choke points as essential, the relevance of maritime trade routes, and the importance of a great navy (both war and Notes merchant) as instrument for deterrence and [1] http://www.ilo.org/global/standards/su tool for economic prosperity. Finally, and in bjects-covered-by-international-labour- another angle, as precursor of stability and standards/seafarers/lang--en/index.htm long-term politics, Mahan highlighted democracy as a system which does not [2] http://www.nasa.gov/pdf/143704main_ guarantee the continuity of power (Correia, Night.Lights.Poster.pdf 2002: 155). [3] GDP - Gross Domestic Product
Despite broadly justified, the reference of [4] http://www.unmillenniumproject.org/d fishing was made with the objective to ocuments/JHD051P003TP.pdf construct a link between economy and political geography, returning to the main [5] http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/cou field – Geopolitics. But the choice of Portugal, ntry_profiles/1210487.stm our country, as “case study” would not have [6] http://eascongress.pemsea.org/sites/def to be justified, since Maria Scientia is a ault/files/document-files/presentation- Portuguese journal. The last problem yf3-wu.pdf regarding Somalia should be taken as a [7] Twenty-foot Equivalent Unit critical approach to the incoherence between European Union’s institutions and several [8] As a curiosity the largest container ship European Union Member States’ conduct: is Emma Mærsk, produced in overexploitation of fishing resources in Denmark, and it can hold around 15 Somalia, while official Maritime Spatial 000 TEUs. The largest supertanker Planning of European Union is trying to (carrying oil) was the Seawise Giant, preserve environment and sustainable formerly known as Knock Nevis, development. produced in Japan, which could hold a deadweight tonnage of 564.763. The hypothesis of Maritime Spatial Planning as an element of Geopolitics of the Sea can, in [9] http://unctad.org/en/Docs/rmt2010_en. conclusion, be supported, in the way that that pdf
Maria Scientia Novembro 2012 51
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
[10] http://www.worldmapper.org/display. [24] http://assets.ocean2012.eu/publication_ php?selected=38 documents/documents/104/original/201 1_Fish_Dependence_UPDATE.pdf [11] http://www.worldmapper.org/posters/ worldmapper_map38_ver5.pdf [25] http://www.dgrm.min-agricultura.pt/ xportal/xmain?xpid=dgrm&xpgid=gene [12] https://www.cia.gov/library/publicatio ricPage&conteudoDetalhe=174422 ns/the-world-factbook/fields/2108.html [26] TAC - Total allowable catch [13] A further holistic model for the evaluation of strategic potential of a [27] http://www.dgrm.minagricultura.pt/xp State was putted in practice in a past ortal/xmain?xpid=dgrm&xpgid=generic work (Morgado, 2011) Page&conteudoDetalhe=200896#2.1
[14] ICZM – Integrated Coastal Zone [28] http://www.seaaroundus.org/eez/620/4. Management aspx
[15] http://www.fao.org/docrep/013/i1820e/i [29] http://bookshop.europa.eu/is- 1820e01.pdf bin/INTERSHOP.enfinity/WFS/EU- Bookshop-Site/en_GB/- [16] http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/ /EUR/ViewPublication- LexUriServ.do?uri=OJ:L:2002:358:0059:0 Start?PublicationKey=FXAC07306 080:EN:PDF [30] http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/2863. [17] EEZ - Exclusive Economic Zone htm [18] https://www.cia.gov/library/publicatio [31] http://www.raceandhistory.com/cgi- ns/the-world-factbook/geos/po.html bin/forum/webbbs_config.pl/noframes/ [19] http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid= read/15 INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorr [32] http://www.eia.gov/todayinenergy/deta Cod=0001067&contexto=bd&selTab=tab il.cfm?id=330 2 [33] https://www.cia.gov/library/publicatio [20] http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid= ns/the-world-factbook/geos/so.html INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorr Cod=0001474&contexto=bd&selTab=tab [34] http://www.nmfs.noaa.gov/ia/challenge 2 s/iuu.htm
[21] http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid= [35] http://www.greenpeace.org/internation INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorr al/Global/international/planet- Cod=0005940&contexto=bd&selTab=tab 2/report/2007/8/stolen-fish-stolen- 2 futures.pdf
[22] http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid= [36] http://www.greenpeace.org/internation INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorr al/Global/international/planet- Cod=0005937&contexto=bd&selTab=tab 2/report/2007/8/stolen-fish-stolen- 2 futures.pdf
[23] http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid= [37] http://www.thetimes.co.uk/tto/news/w INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorr orld/article1975917.ece Cod=0001073&contexto=bd&selTab=tab 2
Maria Scientia Novembro 2012 52
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
[38] http://www.soma-fish.org/index.php? Dias, C., 2005. Geopolítica: Teorização option=com_content&view=article&id= Clássica e Ensinamentos. Lisboa: Prefácio. 11&Itemid=13&showall=1 Direcção-Geral de Recursos Naturais, [39] http://www.un.org/en/sc/documents/re Segurança e Serviços Marítimos, 2011. Costa solutions/2008.shtml Continental Portuguesa (IX). [online]. Available at: http://www.dgrm.min- [40] http://www.aljazeera.com/news/africa/ agricultura.pt/xportal/xmain?xpid=dgrm&xp 2008/10/2008109174223218644.html gid=genericPage&conteudoDetalhe=200896#2. [41] http://www.revistafusion.com/20090508 1 [Accessed 12 September 2012]. 894/Reportajes/Reportajes/los-otros- Dollman, E., 2002. Astropolitic: Classical piratas-de-somalia.htm Geopolitics in the Space Age. London: Frank [42] http://www.tngenweb.org/cessions/ Cass Publishers. colonial.html. Europa, Treaty of Lisbon, 2009. Treaty of Lisbon. [online]. Available at: http://bookshop.europa.eu/is- References bin/INTERSHOP.enfinity/WFS/EU-Bookshop- Aljazeera, 2008. Toxic Waste behind Somali Site/en_GB/-/EUR/ViewPublication- piracy. [online]. Available at: Start?PublicationKey=FXAC07306 [Accessed http://www.aljazeera.com/ [Accessed 12 27 November 2012]. September 2012]. European Commission, 2002. Council BBC, 2012. Bolivia country profile. [online]. Regulation (EC) No 2371/2002. [online]. Available at: Available at: http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/country_ http://ec.europa.eu/fisheries/cfp/index_en.htm profiles/1210487.stm [Accessed 5 September [Accessed 3 September 2012]. 2012]. European Commission, 2008. Communication CIA, 2012. The World Fact Book. [online]. from the Commission – Roadmap for Available at: Maritime Spatial Planning: achieving https://www.cia.gov/library/publications/the- common principles in the EU. Luxembourg: world-factbook/geos/po.html [Accessed 5 Publications Office of the European Union. September 2012]. European Commission, 2010. Communication CIEMar-Ílhavo (Centro de Investigação e from the Commission to the European Empreendedorismo do Mar do Município de Parliament, the Council, the European Ílhavo), 2012. I Seminário do CIEMar-Ílhavo, Economic and Social Committee and the Desafios do Mar Português – o alargamento Committee of the Regions: Maritime Spatial da Plataforma Continental. Ílhavo, 15 de Planning in the EU – achievements and future Setembro de 2012. development. Luxembourg: Publications Correia, P., 2002. Manual de Geopolítica e Office of the European Union. Geoestratégia. Volume I. Coimbra: Quarteto European Commission, 2011a. Study on the editora. economic effects of Maritime Spatial Defarges, P., 2003. Introdução à Geopolítica. Planning. Final Report. Luxembourg: Trajectos. Lisboa: Gradiva. Publications Office of the European Union.
Maria Scientia Novembro 2012 53
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
European Commission, 2011b. Stakeholders NASA, 2003. Night Lights of Urban City consultation on Maritime Spatial Planning Development. [pdf]. Available at: and ICZM. Summary Results. Luxembourg: http://www.nasa.gov/pdf/143704main_Night. Publications Office of the European Union. Lights.Poster.pdf [Accessed 10 October 2012].
Falque, J., 2011. A verdade sobre os “piratas” National Oceanic Atmospheric da Somália. [video online]. Available at: Administration, 2012. Illegal, Unreported and http://www.youtube.com/watch?v=vtjm51I2N Unregulated (IUU) Fishing. [online]. WQ [Accessed 3 July 2012]. Available at: http://www.nmfs.noaa.gov/ia/index.ht FAO, 2010. World Review of Fisheries and [Accessed 23 June 2012]. Aquaculture. [online]. Available at: http://www.fao.org/ [Accessed 12 September Oliveira, F., 2008. Arte da Guerra do Mar - 2012]. Estratégia e Guerra Naval no Tempo dos Descobrimentos. Lisboa: Almedina. Glassner, M., 2004. Political Geography. New York: John Wiley & Sons, Inc. Ó Tuathail, G., 1996. Critical Geopolitics. Minneapolis: Borderlines. Green Peace, 2006. Pirate Fishing – Stolen Fish, Stolen Futures. [online]. Available at: Revista Fusion, 2009. Los “otros” piratas de http://www.greenpeace.org/ [Accessed 12 Somalia. [online]. Available at: September 2012]. http://www.revistafusion.com/ [Accessed 12 September 2012]. INE, 2012. Base de dados. [online]. Available at: Ribeiro, A., n.d.. Mahan e as marinhas como http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE& instrumento político. [pdf] Available at: xpgid=ine_base_dados&menuBOUI=13707095 http://www.marinha.pt/PT/amarinha/activida &contexto=bd&selTab=tab2 [Accessed 3 de/areacultural/academiademarinha/Docume September 2012]. nts/Mahan%20e%20as%20marinhas%20como %20instrumento%20pol%C3%ADtico.pdf International Labor Organization, 2012. [Accessed 3 September 2012] Seafarers. [online]. Available at: http://www.ilo.org/global/standards/subjects- Schmitt, C., 1952. Terra y Mar. Madrid: covered-by-international-labour- Instituto de Estudios Políticos. standards/seafarers/lang--en/index.htm Sea Around U.S. Project, 2011. Landings by [Accessed 9 June 2012]. fishing country in the waters of Portugal. Lafaye, M. et al., 2004. The Challenges Facing [online]. Available at: Landlocked Developing Countries. Journal of http://www.seaaroundus.org/ [Accessed 12 Human Development. [pdf]. Vol. 5, No. 1. September 2012]. Carfax Publishing pp. 31 - 68 Available at: Somali Fisheries Society, n.d.. Somali http://www.unmillenniumproject.org/docume Complains and Appeals on Illegal Fishing nts/JHD051P003TP.pdf [Accessed 10 October and Hazardous Waste Dumping. [online]. 2012]. Available at: http://www.soma- Mahan, A., 1890. The influence of sea power fish.org/index.php?option=com_content&vie upon History 1660-1783. [e-book]. Boston: w=article&id=11&Itemid=13&showall=1 Little, Brown & Co. Available at: [Accessed 12 September 2012]. http://www.gutenberg.org/files/13529/13529- Tavares, I., 2012. Ove Thorsheim. “Os h/13529-h.htm [Accessed 9 June 2012]. portugueses esperam demasiado do seu
Maria Scientia Novembro 2012 54
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
governo”. Ionline. [online]. Available at: Wu, R., n.d.. Our Ocean, our future. Centre http://www.ionline.pt/dinheiro/ove- for Marine Environmental Research & thorsheim-os-portugueses-esperam- Innovative Technology. [pdf]. Available at: demasiado-seu-governo [Accessed 10 October http://eascongress.pemsea.org/sites/default/fil 2012]. es/document-files/presentation-yf3-wu.pdf [Accessed 9 October 2012]. The Times, 2005. Somalia’s secret dumps of toxic waste washed ashore by tsunami. [online]. Available at: http://www.thetimes.co.uk/ [Accessed 23 June Further Reading 2012]. Dunigan, M. et al., 2012. Characterizing and TNGenNet Inc, 2011. Colonial Period Indian exploring the implications of maritime Land Cessions in the American Southeast and irregular warfare. Santa Monica: RAND Related Documents, an Overview. [online]. Corporation. Available at: Fonseca, F., 1974. “A Geopolítica e o Mar”. http://www.tngenweb.org/cessions/colonial.ht Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa. ml [Accessed 3 September 2012]. Série 92ª. Nºs 1-3, 4-6. Pp. 57-70
United Nations Security Council, 2012. Glassner, M., 1986. “Land-Locked States and Security Council Resolutions. [online]. the 1982 Law of the Sea Convention”. Marine Available at: http://www.un.org/ [Accessed 12 Policy Reports. Vol. 9. Nº 1. Pp. 8-14. September 2012]. Hong, S. & Dyke, J., eds, 2009. Maritime United Nations Conference on Trade and Boundary Disputes, Settlement Processes, and Development, 2009. Report on Review of the Law of the Sea. Leiden: Martinus Nijhoff Maritime Transport. [pdf]. Available at: Publishers. http://unctad.org/en/Docs/rmt2010_en.pdf Jayasuriya, S., 2008. Portuguese in the East: A [Accessed 12 September 2012]. Cultural History of a Maritime Trading U.S. Department of State, 2012. Background Empire. London: I.B. Tauris. Note. [online]. Available at: Morgado, N. 2011. Da Avaliação do Potencial http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/2863.htm Estratégico da Alemanha. Lisboa: Bubok. [Accessed 1 September 2012]. Available at: U.S. Energy Information Administration, http://www.bubok.pt/libros/4322/Da- 2012. Maritime chokepoints critical to avaliacao-do-potencial-estrategico-da- petroleum markets. [online]. Available at: Alemanha http://www.eia.gov/todayinenergy/ [Accessed Morgado, N., 2012. Neo-Eurasianism: 23 June 2012]. strategic conception of Russia, among History Vives, J. V., 1961. Tratado general de and Geopolitics. In: RPSA (Russian Political Geopolítica. El factor geográfico y el processo Science Association), 6th All-Russian histórico. Barcelona: Editorial Vicens-Vives. Congress of Political Science: Russia in the World Mapper, 2005. Container Ports. Global World: Institutions and Strategies of [online]. ]. Available at: Political Interaction. Moscow, Russia, 22-24 http://www.worldmapper.org/display.php?se November 2012. lected=38 [Accessed 23 June 2012].
Maria Scientia Novembro 2012 55
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Murphy, M., 2011. Somalia, the New Barbary? Piracy and Islam in the Horn of Africa. New » voltar ao Sumário York: Columbia University Press.
Prescott, V. & Schofield, C., 2004. Maritime Political Boundaries of the World. Leiden: Martinus Nijhoff Publishers.
Maria Scientia Novembro 2012 56
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
O Crescimento Azul e os clusters marítimos europeus The Blue Growth and the European maritime clusters
Maria Fernandes Teixeira Coordenadora-Adjunta da Linha de Investigação em Assuntos Marítimos Maria Scientia do IEP- UCP. Professora Convidada do IEP-UCP/Área Científica de Estudos Europeus. Mestre em Estudos Europeus, Investigadora.
Resumo O presente artigo pretende analisar a importância dos clusters marítimos europeus para a implementação prática da Estratégia do Crescimento Azul da União Europeia (UE). As diversas tensões, desafios e constrangimentos identificados são estudados, de modo a compreender se o atual estádio de desenvolvimento e maturidade dos clusters marítimos europeus poderá funcionar como um entrave ou, pelo contrário, como uma alavanca para a economia azul da UE.
Palavras chave: Crescimento Azul, clusters marítimos, União Europeia, Política Marítima Integrada
Abstract This paper analyses the importance of the maritime European clusters to the Blue Growth European Union (EU) Strategy. The several tensions, challenges and constraints identified are studied, in order to understand if the present stage of development and maturity of the European maritime clusters can work as a bottleneck or a pull driver to the EU blue economy.
Key words: Blue Growth, maritime clusters, European Union, Maritime Integrated Policy
nas atividades económicas e científicas, em I. Introdução setores marítimos bem estabelecidos, O Crescimento Azul é definido, ao nível emergentes ou de futuro e/ou nas regiões comunitário, como um conceito que descreve costeiras. Esta estratégia tem, naturalmente, o valor dos mares, oceanos e costas para o por base a prévia Política Marítima Integrada crescimento económico. Ancorado na [2] e outros documentos políticos Estratégia Europa 2020 [1, a], e sendo subsequentes [I] [3, 4, 5], que nos últimos anos apresentado como o “braço marítimo” desta, têm sido emanados da Direção-Geral dos o Crescimento Azul é, per si, uma estratégia Assuntos Marítimos da Comissão Europeia que procura o crescimento sustentável do [b]. emprego, com base nos recursos marinhos e
Maria Scientia Novembro 2012 57
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
A Estratégia do Crescimento Azul [d] parte os Assuntos Marítimos, Maria Damanaki, do pressuposto basilar de que os oceanos, salientou a importância de todas as mares e costas podem desempenhar um papel instituições, Estados-membros e atores chave na solução de muitos dos atuais cooperarem para estimular a Economia Azul desafios e tensões, nomeadamente a na Europa [II]. globalização, competitividade, aquecimento global e alterações climáticas. Tendo em consideração o significativo potencial II. Crescimento azul: Perspetivas inexplorado ou por explorar cabalmente dos até 2020 oceanos e mares, a Estratégia do Crescimento Azul apresenta uma estimativa de O Estudo do Crescimento Azul [6] analisa 11 crescimento da economia marítima das 27 atividades económicas marítimas comunitária, até 2020, importante. definidas (exclui serviços militares e pescas; Atualmente, esta terá um peso pouco no caso desta última atividade, considera-se significativo, em termos globais – 485 mil que existe um enquadramento político milhões de euros de valor acrescentado bruto próprio – a Política Comum de Pescas). Estas e 5,4 milhões de postos de trabalho. Segundo atividades foram agrupadas em três grupos, os autores do Estudo do Crescimento Azul de acordo com o seu estádio de [6], já nos últimos cinco a dez anos o desenvolvimento: atividades maduras crescimento em algumas das atividades (turismo costeiro e náutico; petróleo e gás marítimas tem sido relevante, pelo que as offshore; proteção costeira; transporte previsões para o futuro próximo são marítimo de curta distância), em crescimento otimistas: espera-se que até 2020 o valor (turismo de cruzeiros; energia eólica offshore; acrescentado bruto ascenda aos 590 mil vigilância e monitorização marítimas; milhões de euros e o número de postos de aquacultura e outros produtos marinhos de trabalho relacionados com as atividades origem aquática) ou na fase de pré- marítimas atinja os 7 milhões [6]. desenvolvimento (energia renovável de origem oceânica; extração de minerais de Politicamente, esta estratégia tem recebido origem marinha; biotecnologia de origem considerável apoio institucional, ao nível marinha). comunitário. Depois de adotada em 13 de setembro de 2012, através de uma O crescimento esperado nestas atividades é Comunicação da Comissão Europeia [7], foi muito variável. Nas atividades maduras, por temática da Presidência Cipriota do Conselho exemplo, o crescimento deverá ser pequeno da União Europeia. Durante esta presidência ou mesmo negativo. No transporte marítimo rotativa, realizou-se uma reunião informal de curta distância estima-se um crescimento dos ministros responsáveis pela Política anual no contributo para o Produto Interno Marítima Integrada, a 7 de outubro último, Bruto (PIB) de 3 a 4 por cento e um em Nicosia, Chipre, da qual resultou a crescimento nulo no número de postos de Declaração de Limassol [e]. Esta declaração trabalho (que deverá manter-se nas 700 mil política defende uma “nova” agenda pessoas). Já a exploração de petróleo, gás e marítima para o crescimento e o emprego afins deverá sofrer uma quebra de -5 por neste setor. De referir, que em ambos os cento no contributo para o PIB e de -10 por momentos formais, em setembro e em cento no emprego gerado por ano. O turismo outubro de 2012, a Comissária Europeia para costeiro e náutico deve apresentar um
Maria Scientia Novembro 2012 58
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
crescimento anual semelhante no PIB e no idênticas para o PIB e para o emprego, na emprego, de 2-3 por cento. Por fim, o ordem dos 8-9 por cento. crescimento do setor das atividades de O setor da vigilância e segurança marítimas proteção da orla costeira não está calculado, não permite uma quantificação da evolução embora se estime um crescimento lento mas nos próximos anos, enquanto nas atividades constante. de cruzeiro se espera um crescimento de 5 por No que respeita às atividades em crescimento, cento ao ano, tanto ao nível do emprego como o padrão geral é de ascensão. A atividade do valor produtivo. As atividades de deste grupo em destaque é a energia eólica monitorização ambiental deverão verificar um offshore, na qual se espera um crescimento de aumento de 7 por cento no PIB e de 4 por 13 por cento, no contributo anual para o PIB, e cento nos postos de trabalho gerados. uma subida homóloga na taxa anual de Acerca das atividades em fase de pré- emprego (de 35 mil postos, contabilizados em desenvolvimento afigura-se mais difícil 2010, para 170 mil, em 2020). efetuar previsões estatísticas. No segmento As atividades de dessalinização devem dos produtos derivados de aquacultura e, em também apresentar taxas de crescimento particular, das microalgas espera-se um crescimento faseado, não quantificado, que
Maria Scientia Novembro 2012 59
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
deverá ter alcançado a fase de crescimento ações/atividades que possam servir múltiplos médio em 2020. Já para os recursos marinhos propósitos (ex. missões exploratórias de alto valor (derivados da chamada oceanográficas), partilha de recursos “biotecnologia azul”) estima-se um altamente especializados (ex. engenheiros). crescimento lento. As energias renováveis Uma frase, da mesma fonte bibliográfica, offshore são as úncias atividades deste grupo sintetiza com mestria a importância destas para as quais existe uma previsão estatística sinergias: “In the Blue Economy, synergies are de crescimento: na ordem dos 7 por cento, therefore not a luxury but a pre-condition for tanto ao nível do contributo para o PIB como future growth and development” [6, p 19]. da taxa de emprego. No campo dos minerais Vislumbram-se já, entre estas propostas de de origem marinha espera-se um forte sinergias, características e ações próprias da crescimento. organização em cluster. Recorde-se que teóricos da organização em cluster no setor marítimo, como Wijnolst, Jenssen e Sødal [8], III. O papel dos clusters apontam seis vantagens da organização em marítimos cluster: os reduzidos custos de transação na Para efeitos da presente análise, uma das cooperação entre empresas; utilização de conclusões mais relevantes do Estudo do complementaridades; possibilidade de tirar Crescimento Azul é que muitas das atividades partido do mecanismo de substituição e da marítimas não têm massa crítica para concorrência local; acesso facilitado a trabalho prosperar isoladamente. O investimento em experiente e especializado; difusão do investigação e desenvolvimento, que, por conhecimento e experiências adquiridas exemplo, as atividades em fase de pré- através da rede estabelecida; benefício da desenvolvimento exigem (em testes, ensaios, atmosfera cultural e social criada. Outro protótipos, pilotos, etc.) coloca a questão aspeto relevante é o facto de Wijnolst, Jenssen sobre a capacidade e dimensão/escala dos e Sødal apontarem a inovação como o players europeus para suportar esses custos, principal benefício/outcome do cluster, ao ter acesso a fundos e conseguir a margem de permitir gerar novos produtos e/ou novas manobra necessária, nomeadamente quando formas de produção que promovem a em concorrência com outros grandes players, eficiência e conferem vantagem competitiva à que iniciaram antes a aposta nestas áreas e/ou empresa ou empresas em causa. Estes peritos têm facilidade de reunir as pré-condições que assinalam ainda que, com a globalização, a acabámos de elencar. Depois, a localização de inovação é cada vez mais importante. algumas dessas atividades não permite a E, justamente, uma das propostas do Estudo criação das condições de desenvolvimento do Crescimento Azul vai no sentido de essenciais, pelo que se afigura determinante o potenciar as referidas sinergias através dos estabelecimento de sinergias. clusters marítimos. O trabalho elaborado para O referido Estudo elenca uma série de a Comissão Europeia faz notar que, além de sinergias a ocorrer entre setores de atividade, sinergias, coexistem tensões entre alguns essenciais para o Crescimento Azul, tais setores de atividade (por exemplo, na partilha como: partilha de fornecedores, utilização e uso do espaço marítimo ou nas questões de partilhada de infraestruturas (ex. portos, impacto ambiental, que algumas atividades estruturas offshore), partilha de
Maria Scientia Novembro 2012 60
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
têm sobre o ecosistema marinho, podendo bloqueia a melhoria/o crescimento dessa forma prejudicar outras atividades). competitivo” [11].
Conceder maior massa crítica aos clusters A resistência à mudança e à entrada de novos marítimos surge, neste estudo, como algo players poderá porventura ser ultrapassada fundamental para potenciar as sinergias pela abertura que o desemprego e outros identificadas. São, neste âmbito, apresentados constrangimentos socioeconómicos, os exemplos da Irlanda, Golfo de Veneza, resultantes do declínio de setores Gdansk e Oostende [6, pp 129-147]. Os casos tradicionalmente fortes e com peso social e analisados permitem verificar, segundo os económico, provoquem em determinadas autores do estudo, que, desde logo, as regiões. O Estudo em referência dá exemplos mencionadas sinergias não se verificam ao destas situações em Oostende e Gdansk, onde nível que seria expectável e desejável. Tal a construção de embarcações de luxo e de dever-se-á maioritariamente a uma turbinas para produção de energia eólica organização ainda muito assente no modelo offshore, respetivamente, tem vindo a ganhar vertical e pilarizada e, aventamos ainda, ao preponderância. facto de estes clusters, pela sua “jovialidade”, Por esta razão, os autores do Estudo do não terem ainda atingido a maturidade Crescimento Azul consideram importante a desejável. definição de políticas especificamente Os clusters estudados exemplificam também a dirigidas para os clusters marítimos. Tal dificuldade que, em algumas áreas com objetivo deparar-se-á, contudo, com setores tradicionais muito fortes, existe para a dificuldades, relacionadas com os abertura às novas atividades. Estas podem ser condicionantes do atual estadio de essenciais, como fatores de compensação do desenvolvimento dos clusters marítimos na declínio que se verifica em setores tradicionais Europa e com a sua heterogeneidade. O e industriais, no entanto tal depende da força estudo refere, por exemplo, que num país da organização em cluster no setor marítimo, como a Irlanda é necessário uma política de no seu todo. Remetemos de novo para os âmbito nacional, que sirva como orientação teóricos desta forma de organização, global. Já em Itália, o papel dos governos nomeadamente para Isaken e Hauge [9]. regionais é mais relevante, em particular no Salientamos em particular o facto de estes que concerne a questões de ordenamento do autores considerarem que um cluster tem espaço marítimo. Em Oostende, as políticas uma forte capacidade de renovação e de para o setor marítimo são de índole local, permanecer ativo durante décadas, se for enquanto na Polónia verifica-se já uma capaz de evitar o conformismo ou a cooperação inter-regional positiva (entre especialização rígida. Já Lagendijk [10] Gdansk, Gdynia e Sopot). Outro problema, considera que os clusters são a única forma de interligado com o primeiro, é o da liderança, evitar que uma empresa, ou uma nação, se que, derivado destas diferentes situações, torne obsoleta no mundo global. Inevitável é suscita em alguna países uma multiplicadade uma referência ao pai do conceito de cluster, de entidades com poder de decisão, não se Michael Porter, para quem “o cluster é um vislumbrando uma clara liderança. Tal pode veículo para manter a diversidade e dificultar, por exemplo, a implementação e ultrapassar a inércia, a inflexibilidade e o desenvolvimento das atividades emergentes e comodismo entre rivais que desacelera ou dos projetos de investigação, essenciais a estas
Maria Scientia Novembro 2012 61
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
mesmas atividades, tal como já referido. De que o conceito de cluster, especialmente resto, os teóricos da organização em cluster quando aplicado ao setor marítimo, é recente, salientam, de uma forma geral, o papel fulcral no plano teórico e particularmente na sua da investigação e desenvolvimento no cluster implementação prática. Quando atentamos marítimo. sobre os membros da Rede Europeia de Clusters Marítimos (ENMC, na sigla inglesa) A este propósito, importa referir que, embora verificamos essa realidade: numa amostra de a Europa continue a ter uma posição de 18 clusters marítimos, apenas seis foram liderança em muitos indicadores deste campo, constituídos (contabiliza-se para este efeito a nomeadamente em número de patentes e data de criação formal) antes do ano 2000. O publicações científicas, os países asiáticos, e mais antigo cluster marítimo europeu em particular a China e o Japão, começam a formalmente constituído como tal é o da marcar posição em algumas áreas específicas. Noruega, instituído em 1990. A maioria dos A China destaca-se no número de empresas restantes foram constituídos há menos de com detenção de patentes, enquanto a Europa uma década: entre 2000 e 2005 foram surge na ligação investigação-empresa muito formalizados dois clusters marítimos; entre mal posicionada, por comparação aos países 2005 e 2009 quatro clusters; entre 2010 e 2011 asiáticos, sendo este o pior indicador que nasceram outros quatro clusters marítimos na apresenta no campo da investigação e Europa; e já em 2012 mais dois. Esta cifra desenvolvimento [6, pp 42-47]. deverá aumentar, já que alguns países já manifestaram à ENMC a intenção de IV.Constrangimentos estruturais formalizar o seu cluster marítimo (como a Roménia, a Rússia, p.e.). O apoio claro aos clusters marítimos, Os autores do Estudo do Crescimento Azul defendido no Estudo do Crescimento Azul, recomendam, por isso, que se teste o conceito resulta do entendimento que, sendo de cluster marítimo e a sua implementação especialmente orientados para o mercado, os prática; se promova a partilha de boas clusters marítimos e os seus componentes práticas e atividades de clusters; se promova o podem funcionar como importantes motores estudo de clusters regionais, de modo a de crescimento e geração de emprego. No identificar as potencialidades e entanto, vários clusters europeus estão hoje a constrangimentos. sentir as consequências da crise económica mundial. Um problema claramente Na mais recente reunião da ENMC, realizada identificado é a dificuldade de acesso a em Schengen, Luxemburgo, em outubro financiamento. Acresce, como o Estudo do último, esteve em discussão justamente a Crescimento Azul refere, que é já visível que necessidade de uniformização dos conceitos, os clusters marítimos europeus estão a sofrer de modo a que seja possível comparar os com a fragmentação do mercado e com a fraca dados estatísticos dos vários países e ligação academia/investigação-indústria, que conhecer, cabal e claramente, a capacidade se verifica na Europa [6, p 160]. europeia nos diversos sub-setores marítimos. Desde logo, coexistem nesta Rede clusters No entanto, abordemos primeiro os nacionais e clusters regionais (como o da constrangimentos de ordem estrutural, Bélgica e da Alemanha), países que não falam coexistentes. O próprio Estudo do a uma só voz (Reino Unido, com dois Crescimento Azul os identifica. É consensual
Maria Scientia Novembro 2012 62
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
representantes, de duas estruturas diferentes, público-privado (com 60 por cento privado e nesta organização europeia) e com estruturas 30 por cento de contribuição estatal) para o e formas de financiamento distintas. O modelo atual, completamente privado. Por próprio conceito de cluster marítimo não está fim, refira-se o caso do Reino Unido, onde ainda consensualizado. Autores como Wijnolt prevalece sobretudo o financiamento privado, e colegas entendem que o conceito de cluster, embora com uma pequena parcela de apoio quando transposto para o setor marítimo, público. mantém todas as caraterísticas atribuídas por Um outro constrangimento potencial é a Porter, à exceção do elemento da proximidade heterogeneidade da composição dos clusters geográfica, que é mais flexível ou pode marítimos. Por exemplo, o cluster marítimo mesmo não se verificar no cluster marítimo. italiano só inclui associações e não aceita Ora, no Estudo do Crescimento Azul, o empresas, a título individual, como membros; conceito de cluster assumido inclui o por seu turno, a Suécia exclui do cluster o elemento geográfico. Além disso, este Estudo setor das pescas. Há clusters que apenas identifica diversos clusters ao longo das incluem os chamados setores tradicionais e há várias bacias europeias, mas a maioria são clusters que incluem as mais diversas clusters regionais/ locais, sem dimensão atividades relacionadas. nacional e com poucos setores de atividade [6, pp 139-131], evidenciando uma clara Um estudo da Danish Shipwoner’s diferença, por exemplo, em relação ao Association [13] elucida sobre esta conceito de cluster preconizado pela Rede problemática, ilustrando com um quadro Europeia de Clusters Marítimos [h]. exemplificativo esclarecedor.
Uma análise às formas de financiamento dos De referir que este estudo, embora assentando clusters marítimos na Europa permite mormente em bases empíricas, tem o mérito observar que prevalece o modelo de assinalar e demonstrar que, não obstante exclusivamente privado, embora também ser difícil de quantificar e definir, é claro que existam modelos de financiamento público- o conceito de cluster está bem enraizado, aos privado. Alemanha detém um modelo misto, vários níveis de intervenção, no setor onde tanto o setor público como privado marítimo; bem como que é claro que os contribuem com 50 por cento. Irlanda também clusters marítimos europeus têm um peso tem financiamento misto. Holanda é um caso económico significativo, quer na geração de paradigmático, na medida em que tendo riqueza quer na geração de emprego. tradicionalmente sido baseado num modelo Depois, verificam-se discrepâncias ao nível de financiamento maioritariamente público, dos conceitos, igualmente patentes no quadro viu-se a braços com grandes dificuldades acima. Há países que quando se referem ao quando, em resultado da crise económica transporte marítimo incluem neste âmbito o mundial vigente, o Governo holandês decidiu transporte feito por via fluvial, enquanto cortar totalmente o apoio ao cluster; o cluster outros não. Há países, como França, que holandês encontra-se por isso em fase de quando se referem ao turismo ligado ao mar mudança e de conversão para um novo excluem desta definição o turismo costeiro, o modelo de sustentabilidade. De referir que a que não acontece, por exemplo, em Portugal. Dinamarca foi um dos países onde também se verificou uma alteração do modo de financiamento do cluster, que passou de
Maria Scientia Novembro 2012 63
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Estas divergências, em relação aos mesmos V. Constrangimentos de ordem conceitos, dificultam naturalmente macro comparações entre países e a existência de estatísticas europeias, em particular de ordem Num segundo nível de análise, é interessante económica, credíveis e fidedignas. verificar que, além da necessidade de Exemplifique-se com as estatísticas sobre o conceder massa crítica aos clusters marítimos, número de empregos diretos e indiretos ou de outros constrangimentos identificados no efeitos diretos ou indiretos; estas cifras Estudo do Crescimento Azul estão reportam a realidades diferentes, de país para diretamente relacionados com a maturidade país, porquanto os setores de atividade que se dos clusters. A aposta na investigação e consideram diretamente relacionados com o desenvolvimento, a necessidade de mar ou de suporte são diferentes (no caso das construção de infra-estruturas inteligentes, a indústrias de componentes e afins, por ex.) disponibilidade de recursos humanos [III]. qualificados de acordo com as necessidades futuras, a promoção do desenvolvimento local A ENMC está consciente desta problemática e integrado, a obtenção de aceitação pública e o tem demonstrado interesse em ultrapassar envolvimento dos cidadãos e stakeholders são este constrangimento, nomeadamente com o constrangimentos de ordem geral, para o auxílio da Comissão Europeia. Um dos passos desenvolvimento da “Economia Azul”, que essenciais parece, de facto, ser a discussão dos poderão ser melhor ultrapassados e conceitos em uso e uma definição clara do que beneficiarão cabalmente a estratégia traçada, cada sub-sector inclui. se a organização em cluster, no setor marítimo, estiver consolidada. Faz-se notar que por consolidação do modelo de
Maria Scientia Novembro 2012 64
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
organização em cluster entendemos não economia global. A crise económica e apenas a sua implementação prática, formal, financeira mundial que vivemos é, assim, o mas também a verificação das suas grande condicionante do desenvolvimento caraterísticas essenciais, nomeadamente a dos clusters e, mormente, da economia robustez e intensidade das inter-relações entre marítima europeia. os vários componentes do cluster, com O risco de a atual crise ter impacto direto no flutuação de capitais, recursos humanos e nível de investimento em investigação e materiais, conhecimento e tecnologia. Refira- desenvolvimento e em tecnologia, de que se que Wijnolst, Jenssen e Sødal definiram um vários setores emergentes são altamente modelo de benchmarking aplicável ao setor dependentes, poderá conduzir a um futuro marítimo – o Global Maritime Benchmarking sem crescimento ou com parco crescimento no – e nove indicadores que permitem avaliar a setor marítimo, tal como aventam os autores evolução e robustez de um cluster marítimo do Estudo do Crescimento Azul, em dois dos (inspirado no modelo de Porter). É quatro cenários que apresentam [6, pp 50 a igualmente proposto pelos autores um 53]. conjunto de sete fatores facilitadores (enablers) do cluster [8, 12]. No cenário macroeconómico atual, em que os bancos se retraem no apoio às empresas e Na análise dos constrangimentos macro do estas, sobretudo as de menor dimensão, desenvolvimento da Economia Azul na tendem a arriscar menos em projetos futuros, Europa, deixamos, por fim, apenas uma afigura-se imperativo um enquadramento pequena referência ao facto de que, institucional, comunitário, que possa colmatar porventura, o fomento de uma organização o problema do acesso a financiamento. Se é vertical, ao promover o desenvolvimento dos certo que este é um problema de monta para a clusters marítimos nacionais, será contrário ao economia europeia, no seu todo, há que objetivo de desenvolver, ao nível europeu, os atender às necessidades específicas do setor diversos setores de atividade marítima, marítimo. De acordo com o estudo em nomeadamente os setores emergentes. Mas a referência, algumas ferramentas, discussão sobre a pertinência e nomeadamente ao nível dos quadros de apoio exequibilidade, ou não, de um cluster comunitários, visam conceder às empresas e marítimo europeu de base continental é instituições com novos projetos o suporte matéria suficiente para um só artigo e, por financeiro de que necessitam. Desconhece-se isso mesmo, impossível de discutir no âmbito no entanto se serão suficientes para evitar do presente trabalho. uma desacelaração do crescimento do setor marítimo, na Europa. VI. O constrangimento major Como assinalam os autores Wijnolst, Jenssen VII. Conclusões e Sødal, vários fatores influenciarão o sucesso No final desta breve análise reflexiva conclui- da implementação do conceito de cluster. Um se que o Estudo do Crescimento Azul, peça destes é o crescimento económico, uma vez basilar e estratégica, considerada o braço que o comércio internacional, um dos mais marítimo da Política Europa 2020, considera importantes motores da economia marítima, fulcral a concessão de força aos clusters depende grandemente do ritmo a que cresce a marítimos europeus, de modo a que estes
Maria Scientia Novembro 2012 65
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
possam desenvolver “massa crítica”. Este medida em que a crise económica irá muito fortalecimento dos clusters marítimos surge provavelmente ter impacto negativo no na sequência da identificação de múltiplas desenvolvimento estrutural dos próprios sinergias, essenciais ao desenvolvimento da clusters, em particular daqueles (a maioria) Economia Azul. Os autores do Estudo em que não têm ainda a maturidade e robustez referência compreenderam que o essenciais para que a própria forma de estabelecimento destas sinergias é tanto mais organização possa servir como suporte e fácil quanto existam clusters marítimos, “amortecedor” do impacto da crise, bem fortes, coesos e maduros, na medida em que o como ajudar ao processo de reajustamentos, desenvolvimento de sinergias é inerente ao inevitáveis em crises desta natureza.. próprio modelo teórico-estrutural da organização em cluster. Por outro lado, além de facilitar o fomento de sinergias, a Notas organização em cluster facilita a resolução de I. Para efeito da Estratégia do Crescimento tensões entre sub-setores marítimos, Azul é particularmente importante a potencialmente em conflito (ex. setores definição de regras, ao nível da União, tradicionais versus setores emergentes). para o ordenamento do espaço marítimo. Por fim, o racionale deste estudo tem Vide documentos relacionados [3] e subjacente a ideia de que, sem a referida trabalho em curso no âmbito da DG MARE massa crítica, determinados setores marítimos [c]. europeus terão dificuldade em competir no mundo altamente globalizado, com fortes e desenvolvidos players internacionais, II. «Todas as componentes da economia mormente num contexto de crise económica e europeia são essenciais para ultrapassar o financeira. Contudo, coexistem diversos período difícil que atravessamos. A constrangimentos, quer ao nível da "economia azul" proporciona implementação prática da organização em oportunidades de crescimento económico cluster no setor marítimo, na Europa, quer ao sustentável tanto nos setores marinho e nível macro. De todos os constrangimentos marítimo já estabelecidos como nos identificados, o acesso a financiamento, pelo emergentes. Estes setores da economia momento económico vigente, parece ser o europeia caracterizam-se pela inovação, o mais premente, sobretudo na medida em que empreendedorismo e o dinamismo. O tal se pode revelar fatal para setores crescimento azul implica a colaboração de marítimos emergentes, altamente promissores todas as partes – das instituições e dos mas também altamente dependentes da Estados-Membros às regiões e às PME – aposta na investigação e desenvolvimento. para responder aos desafios atuais e assegurar a utilização mais produtiva e O conhecimento que temos dos clusters sustentável dos recursos marítimos e marítimos europeus (constituição recente de costeiros.», afirmou a Comissária com a muitos, diferentes modelos de organização e pasta dos Assuntos Marítimos e da Pesca, financiamento, estadio e maturidade) leva-nos Maria Damanaki, a 13.9.2012, aquando da a considerar que o seu nível de adoção da Comunicação sobre o desenvolvimento e consolidação atuais Crescimento Azul. poderão condicionar o Crescimento Azul, na
Maria Scientia Novembro 2012 66
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Idêntica declaração foi reafirmada, pela da União Europeia. {SEC(2009) 1343} Comissária Europeia, por ocasião da COM(2009) 540 final. Bruxelas, 15.10.2009. adoção da Declaração de Limassol: «Para [5] COMISSÃO EUROPEIA. Evolução da traduzir em factos as perspetivas e as Política Marítima Integrada da União oportunidades de crescimento da Europeia. {SWD(2012) 255 final} COM(2012) economia marítima, é necessária a 491 final, Bruxelas, 11.9.2012. contribuição de todas as partes – instituições, Estados-Membros e regiões, [6] ECORYS el at. Blue Growth. Scenarios and indústria, PME e sociedade civil. A Drivers for Sustainable Growth for the capacidade de colaborar com vista à Oceans, Seas and Coasts. Final Report. obtenção dos melhores resultados é um Rotterdam/Brussels, 13.8.2012. sinal de maturidade; a política marítima [7] EUROPEAN COMMISSION. Blue Growth. constitui o veículo ideal para estimular a Opportunities for Marine and Maritime economia azul na Europa.» [g]. Sustainable Growth. COM(2012) 494 final. Brussels, 13.9.2012.
III. De acrescentar que há países que não [8] WIJNOLST, N; JENSSEN, J; SØDAL, S. dispõem de estatísticas oficiais para o setor European Maritime Clusters: Global Trends, marítimo. A Suécia é um dos países que Theoretical Framework, The Cases of Norway assumiu claramente, na mais recente and The Netherlands, Policy reunião da Rede Europeia de Clusters Recommendations; Dutch Maritime Network, Marítimos, não dispor de dados oficiais The Netherlands, 2003. sobre as atividades marítimas [9] ISAKEN, A.; HAUGE, E. Observatory of desenvolvidas no seu território. European SMEs: Regional Clusters in Europe. European Commission, Luxembourg, 2002. [10] LAGENDIJK, A. “Learning in Non-core Bibliografia Regions: Towards Intelligent Clusters: [1] EUROPEAN COMMISSION. Europe 2020, Addressing Business and Regional Needs”, A Strategy for Smart, Sustainable and Knowledge, Innovation and Economic Inclusive Growth. COM(2010) 2020 final, Growth: The theories and Practice of Learning Brussels, 3.3.2010. (Disponível em http://eur- Regions. Boekerna, F.; Morgan, K.; Bakkers, lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri= S.; Rutten, R. (eds), 2000, 165-191. COM:2010:2020:FIN:EN:PDF). [11] PORTER, Michael. “The Competitive [2] COMISSÃO EUROPEIA. Uma Política Advantage of the Nations”, Harvard Business Marítima Integrada para a União Europeia. Review, March-April 1990. COM(2007) 575 final, Bruxelas,10.10.2007. [12] WIJNOLST, N (cord.). Dynamic [3] COMISSÃO EUROPEIA. Ordenamento do European Maritime Clusters. Dutch Maritime Espaço Marítimo na UE – Balanço e Network Series, Vol. 30, Delft University Perspetivas. COM(2010) 771 final. Bruxelas, Press, The Netherlands, 2006. 17.12.2010. [13] DANISH SHIPOWNER’S [4] COMISSÃO EUROPEIA. Relatório de ASSOCIATION. The Economic Significance of Progresso sobre a Política Marítima Integrada
Maria Scientia Novembro 2012 67
Revista Científica Electrónica Maria Scientia Scientific e-Journal
Maritime Clusters. Lessons Learned from [e] Declaração de Limassol: European Empirical Research. July 2010. http://www.cy2012.eu/index.php/en/file/Tph GtH7COdr2nxXo9+AUZw==/
(última consulta em 26.11.2012) Webgrafia [f] Comunicado de imprensa/Comissão [a] site da Comissão Europeia “Europe 2020”: Europeia: http://europa.eu/rapid/press- http://ec.europa.eu/europe2020/index_en.htm release_IP-12-955_pt.htm (última consulta em 26.11.2012). (última consulta em 26.11.2012) [b] Site oficial da DG MARE: http://ec.europa.eu/dgs/maritimeaffairs_fisher [g] Comunicado de imprensa/Comissão ies/index_en.htm Europeia: http://europa.eu/rapid/press- release_IP-12-1081_pt.htm (última consulta em 26.11.2012). (última consulta em 26.11.2012) [c] DG MARE/ Ordenamento do espaço marítimo: [h] Site da Rede Europeia de Clustera http://ec.europa.eu/maritimeaffairs/policy/ma Marítimos: http://www.enmc.eu/ ritime_spatial_planning/index_en.htm (última consulta em 26.11.2012).
(última consulta em 26.11.2012) [d] DG MARE/ “Blue Growth”: » voltar ao Sumário http://ec.europa.eu/maritimeaffairs/policy/blu e_growth/index_en.htm
(última consulta em 26.11.2012)
Instituto de Estudos Políticos Linha de Investigação em Assuntos Marítimos Universidade Católica Portuguesa Instituto de Estudos Políticos Palma de Cima | 1649-023 Lisboa Universidade Católica Portuguesa Tel.: (+351) 217 214 129 Palma de Cima | 1649-023 Lisboa Fax: (+351) 217 271 836 Tel.: (+351) 217 214 129 E-mail: [email protected] Fax: (+351) 217 271 836 Web: www.iep.lisboa.ucp.pt Web: www.iep.lisboa.ucp.pt/LIAM
Maria Scientia Novembro 2012 68