Supremo Tribunal Federal
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Supremo Tribunal Federal URGENTE Ofício eletrônico nº 11169/2021 Brasília, 9 de agosto de 2021. A Sua Excelência o Senhor Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal - CPI da Pandemia Medida Cautelar Em Mandado de Segurança n. 38130 IMPTE.(S) : BSF - BOLSA SAUDE & FUTURO EIRELI ADV.(A/S) : TICIANO FIGUEIREDO DE OLIVEIRA (23870/DF, 450957/SP) E OUTRO(A/S) IMPDO.(A/S) : COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DO SENADO FEDERAL - CPI DA PANDEMIA ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS (Processos Originários Cíveis) Senhor Presidente, De ordem, comunico-lhe os termos do(a) despacho/decisão proferido(a) nos autos em epígrafe, cuja reprodução segue anexa. Ademais, solicito-lhe as informações requeridas no referido ato decisório. Acompanha este expediente cópia integral do processo em referência. Informo que os canais oficiais do Supremo Tribunal Federal para recebimento de informações são: malote digital, fax (61- 3217-7921/7922) e Correios (Protocolo Judicial do Supremo Tribunal Federal, Praça dos Três Poderes s/n, Brasília/DF, CEP 70175-900). Apresento testemunho de consideração e apreço. Patrícia Pereira de Moura Martins Secretária Judiciária Documento assinado digitalmente Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C464-E029-B671-BC86 e senha E5FA-67DA-5532-3FB0 EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL BSF GESTÃO EM SAÚDE LTDA., pessoa jurídica de direito privada, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 20.595.406/0001-71, com sede à Av. Tamboré, nº 267, 28º andar, Parte A, Torre Sul, CJ E 281 A-CCA, Bairro de Alphaville, Barueri-SP, CEP 06460-000, vem, respeitosamente, por seus advogados, à presença de vossa excelência, com fundamento nos art. 5º, LXIX, da Constituição da República de 1988 e art. 1º da lei nº 12.016/2009, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA (com expresso pedido de liminar) apontando como autoridade coatora a Comissão Parlamentar de Inquérito intitulada “CPI da Pandemia”, em trâmite no Senado Federal, consistente na aprovação do requerimento nº 1140/2021, pelos motivos de fato e direito a seguir demonstrados. SHIS QL 24 Conjunto 07 Casa 02 – Lago Sul CEP 71665-075 Brasília-DF | Fone (61) 3323-7933 www.figueiredoevelloso.com.br 1 I – SÍNTESE DOS FATOS O presente mandado de segurança busca a cassação das decisões proferidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito em curso perante o Senado Federal denominada “CPI da Pandemia” que, de maneira ilegal e arbitrária, determinaram a quebra dos sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal da impetrante. Em sessão realizada no dia 03.08.2021, referida comissão aprovou, em bloco, diversos requerimentos de transferência de sigilo de dados, dentre eles o de nº 1140/2021, apresentado em desfavor da impetrante, pela transferência dos seus sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático, bem como, solicitando a “disponibilização das notas fiscais emitidas, de análise sobre a movimentação financeira, bem como de análise comparativa sobre referida movimentação financeira com relação ao período de 2018 a 2021”. A disponibilização do resultado da 38ª reunião com a indicação de aprovação do requerimento n.º 1140/2021 (nº 127 da pauta) em conjunto com as notas taquigráficas disponibilizadas no site do Senado Federal comprovam a materialização da ilegalidade mencionada. Veja-se: “O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Então, ele vai ser votado – o destaque do Senador. Em votação os requerimentos. Aqueles que aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) Aprovados” Conforme será demonstrado adiante, ambos os requerimentos não descrevem minimamente qual a conduta supostamente delituosa que teria sido praticada por meio da impetrante, ou então, qual teria sido sua participação no ajuste do contrato entre o Governo Brasileiro e a Bharat Biotech para a aquisição da vacina Covaxin. Como adiante se verá, as quebras determinadas em desfavor da empresa impetrante fogem ao âmbito temático da instauração da presente CPI, cujo escopo de apuração foi disposto nos requerimentos 1371/2021 e 1372/2021: (i) Criação de CPI para apurar as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da pandemia da SHIS QL 24 Conjunto 07 Casa 02 – Lago Sul CEP 71665-075 Brasília-DF | Fone (61) 3323-7933 www.figueiredoevelloso.com.br 2 Covid-19 no Brasil e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio para os pacientes internados; (ii) Criação de CPI para apurar desvios de recursos destinados ao combate dos efeitos da Covid 19. O requerimento se vale de “relatório” (não identificado no requerimento) obtido pela CPI, que dá conta de que a impetrante teria simplesmente movimentado recursos financeiros com outras empresas participantes do grupo empresarial do qual é sócio o Sr. Francisco Emerson Maximiano, sem, contudo, indicar que referidas operações teriam esses contornos atípicos. Para piorar, as quebras de sigilo foram deferidas de maneira ampla e genérica, sem qualquer foco previamente definido, configurando verdadeira devassa indiscriminada na base de dados e informações da empresa, em manifesta violação aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Não bastassem todas essas ilegalidades, o cenário ainda piora ao se constatar que a CPI tem sistematicamente dado causa ao vazamento de dados obtidos por meio da transferência de sigilo da impetrante, evidenciando o claro e preocupante abuso do direito de investigar. As quebras de sigilo são ilegais sob todas as óticas! Passa-se a demonstrar, então, que: (i) as quebras de sigilo deferidas em desfavor da BSF GESTÃO EM SAÚDE ao âmbito temático da “CPI da Pandemia”; (ii) não há qualquer fundamentação nas decisões que determinaram, nem mesmo nos requerimentos que buscavam a transferência dos sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal da impetrante; (iii) os requerimentos não indicam qual seria o ilícito penal ou mesmo civil cometido por meio da impetrante ou qual elemento de convicção demonstraria a existência de indícios mínimos de ilicitude; (iv) as quebras de sigilo foram aprovadas de maneira ampla e genérica, sem qualquer foco previamente definido, consistindo em devassa indiscriminada na base dedos e informações privadas da impetrante; (v) e a existência de um vazamento sistemático dessas informações obtidas pela CPI a partir da quebra de sigilo. SHIS QL 24 Conjunto 07 Casa 02 – Lago Sul CEP 71665-075 Brasília-DF | Fone (61) 3323-7933 www.figueiredoevelloso.com.br 3 II - CABIMENTO Preceitua o art. 5º, LXIX, da Constituição Federal que “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”. Na mesma linha, o art. 1º da Lei 12.016/09 dispõe que “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça”. O presente mandado de segurança busca a cassação da decisão proferida pela Comissão Parlamentar de Inquérito em curso perante o Senado Federal denominada “CPI da Pandemia” que, de maneira ilegal e arbitrária, determinou a quebra dos sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal da impetrante. Visa-se, portanto, a preservação do direito líquido e certo do impetrante de não ter quebrado o sigilo de dados constitucionalmente protegidos à mingua dos requisitos legais. No ponto, a pacífica jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal admite a impetração de mandado de segurança em face de decisões de quebra de sigilo emanadas por comissões parlamentares de inquérito.1 Desta forma, não há qualquer óbice ao conhecimento do presente Mandado de Segurança. 1 STF - MS: 37972 DF 0055814-73.2021.1.00.0000, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 12/06/2021, Data de Publicação: 15/06/2021; STF - MS: 37975 DF 0055796-52.2021.1.00.0000, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 12/06/2021, Data de Publicação: 15/06/2021; STF - MS: 37968 DF 0055744-56.2021.1.00.0000, Relator: NUNES MARQUES, Data de Julgamento: 14/06/2021, Data de Publicação: 17/06/2021 SHIS QL 24 Conjunto 07 Casa 02 – Lago Sul CEP 71665-075 Brasília-DF | Fone (61) 3323-7933 www.figueiredoevelloso.com.br 4 II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA a) Quebras de Sigilo sem relação com o âmbito temático da CPI Não se nega que as comissões parlamentares de inquérito (CPIs) do Congresso Federal constituem um essencial instrumento de apuração de fatos que interessam a toda coletividade. Certo é também que as apurações das CPIs devem se restringir ao objeto disposto na sua instauração, porquanto devem investigar “fato determinado”, nos termos do art. 58, §3º da Constituição Federal: Art. 58, § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil