Performatividade, Indexicalidade E Estilização Luciana Lins Rocha Orientador: Professor Doutor Luiz Paulo Da Moita Lopes
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Teoria queer e a sala de aula de inglês na escola pública: performatividade, indexicalidade e estilização Luciana Lins Rocha Tese de Doutorado apresentada ao Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos quesitos necessários para a obtenção do Título de Doutor em Linguística Aplicada Orientador: Prof. Dr. Luiz Paulo da Moita Lopes Rio de Janeiro Agosto de 2013 ii iii Rocha, Luciana Lins. Teoria queer e a sala de aula de inglês na escola pública: performatividade, indexicalidade e estilização / Luciana Lins Rocha. – Rio de Janeiro: UFRJ / Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PIPGLA), Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013. xi. 255fl. Orientador: Luiz Paulo da Moita Lopes. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada , Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro / Rio de Janeiro, 2013. Bibliografia: f. 207-222. Inclui anexos e 1CD-ROM. 1. Linguística Aplicada. 2. Teoria queer. 3. Pesquisa-ação performativa. I. Moita Lopes, Luiz Paulo da. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PIPGLA), Faculdade de Letras. III. Título. iv Teoria queer e a sala de aula de inglês na escola pública: performatividade, indexicalidade e estilização Luciana Lins Rocha Orientador: Professor Doutor Luiz Paulo da Moita Lopes Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa Interdisciplinar de Pós-graduação em Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Linguística Aplicada. A escolarização é frequentemente associada a uma prática de letramento autônoma apresentada de modo universal. Daí decorre que práticas distintas do letramento escolar são produzidas como marginais, juntamente com as formas de vida não legitimadas por essa prática autônoma. No caso de gêneros e sexualidades, essa prática escolar é heteronormativa (Louro, 2010), o que acaba por disseminar uma espécie de fascismo sexual (Rodriguez, 1998) dentre os jovens. Considerando a prática tradicional de ensino de língua estrangeira focada no código (Gray, 2002), pode-se dizer que tal concepção essencialista de língua ajuda a perpetuar uma visão ossificada sobre a vida social, pois desconsidera que agimos no mundo com nossas práticas de linguagem, ratificando ou aniquilando certas formas de existência. Apesar dessa compreensão teórica, minhas atuações ao discutir sexualidades eram insatisfatórias, já que frequentemente eu incorria nos sermões ou no discurso da tolerância, ambos problemáticos. Sendo assim, engajei-me num processo de pesquisa-ação performativa, orientado por uma visão performativa de linguagem (Ottoni, 2002) e sexualidades, queerizando o letramento escolar tradicional. Segundo a teoria queer, queerizar significa estranhar, por em crise, desnormativizar (Jagose, 1996; Sullivan, 2003; Louro, 2004; Moita Lopes, 2008a e b). Lançando mão de práticas não escolares de letramento ligadas à cultura popular japonesa (mangás e animês), elaborei uma proposta pedagógica que procurava apresentar e discutir sexualidades como performances, ou seja, definindo-se nas práticas, não existindo antes de nossas ações (Butler, 2007 [1990]; Louro, 2004; Moita Lopes, 2006a). O estudo foi desenvolvido em 2010, em uma turma de 1ª série do Ensino Médio numa escola pública federal de ensino básico no Rio de Janeiro. Os instrumentos de pesquisa foram gravações em áudio das aulas, entrevistas com grupos focais e diários de pesquisa. A metodologia da pesquisa-ação é aqui chamada “performativa” para enfatizar a noção de que produzimos os mundos sociais com nossas pesquisas (Cameron et al., 1992). Dada a natureza altamente sedimentada dos performativos postos em xeque, as mudanças que este estudo tematizam devem ser entendidas como pequenos abalos, sendo o foco da investigação a fricção entre performativo e performatividade (Pennycook, 2007). O instrumental teórico-analítico da sociolinguística interacional (footing, enquadre e pistas de contextualização) se mostrou importante por dar visibilidade a momentos breves e desestabilizadores que indicam onde a performatividade pode ter se potencializado, inaugurando novas relações indexicais sobre a vida social. Processos de estilização (Coupland 2007 e 2009) tiveram papel importante, já que podem acontecer em performances corriqueiras e nos apontam o tipo de relação estabelecida entre performativo e performatividade. Palavras-chave: teoria queer; pesquisa-ação performativa; ensino de inglês Rio de Janeiro Agosto de 2013 v Queer theory and the English classroom in the public school: performativity, indexicality, and stylisation Luciana Lins Rocha Doctoral advisor: Luiz Paulo da Moita Lopes Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa Interdisciplinar de Pós-graduação em Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Linguística Aplicada. Schooling is frequently associated to an autonomous literacy practice presented as universal. As a consequence, practices that are different from schooling literacy are produced as marginal, as well as the forms of life not legitimated by this sole practice. When it comes to genders and sexualities, this school practice is heteronormative (Louro, 2010), which leads to sexual fascism (Rodriguez, 1998) among youngsters. Regarding the traditional foreign language teaching practice focused on the code (Gray, 2002), it can be said that such an essentialist understanding of language helps to perpetuate a sedimented view about social life, as it does not consider that we act upon the world with our language practices, ratifying or annihilating certain ways of existence. Despite such theoretical understanding, my actions when discussing sexualities were unsatisfactory, for I often resorted to sermons or pro- tolerance discourse, being both problematic. Therefore, I engaged with a performative action research project, oriented towards an understanding of language (Ottoni, 2002) and sexualities as performative, queering traditional school literacy. According to queer theory, queering means making strange, putting into crisis, denormalizing crystallized discourses (Jagose, 1996; Sullivan, 2003; Louro, 2004; Moita Lopes, 2008a and b). Drawing upon out-of-school literacy practices related to Japanese popular culture (mangas and animes), I designed a pedagogical proposal that aimed at presenting and discussing sexualities as performances, i.e., defined by practices, not existing before our actions (Butler, 2007 [1990]; Louro, 2004; Moita Lopes, 2006a). The study was developed in 2010, in a 10th grade high school group at a federal public school in Rio de Janeiro. The research instruments were audio recording of the classes, focus group interviews, and research diaries. The action research methodology is called “performative” to stress the notion that we produce social worlds with our researches (Cameron et al., 1992). Given the highly sedimented nature of the performatives put into crisis, the changes that this study brings about must be understood as small-scale movements, being the focus of the investigation the friction between performative and performativity (Pennycook, 2007). The theoretical and analytic framework of interactional sociolinguistics (footing, framing, and contextualization cues) is important because it gives visibility to brief and destabilizing moments that indicate where performativity might have been enhanced, inaugurating new indexical relations about social life. Stylisation processes (Coupland 2007 and 2009) had an important role to play, for they can happen in everyday performances and point to the kind of indexical relation established between performative and performativity. Keywords: queer theory; performative action research; English teaching Rio de Janeiro Agosto de 2013 vi AGRADECIMENTOS Ao meu marido, pois sem seu apoio e compreensão eu não teria escrito uma linha sequer. À minha filha e à minha mãe, que mesmo sem entender porque eu ficava tanto tempo em frente ao computador, apoiaram cada passo dessa caminhada. À minha sogra, meu sogro e minha cunhada, que faziam de tudo para entreter a neta/sobrinha enquanto eu estava escrevendo, lendo, transcrevendo... Ao meu orientador, professor Luiz Paulo, pelo exemplo de pesquisador e profissional que sempre foi. Não há palavras suficientes para agradecer por tudo o que aprendi e continuo aprendendo com ele. Suas sugestões sempre absolutamente adequadas, sua rapidez no feedback ao que eu escrevia, suas aulas sempre instigantes, sua paciência com as angústias dos(as) alunos(as) durante o processo de pesquisa, sua preocupação ética com o fazer pesquisa... a lista de qualidades é infinita e isso tudo me ensinou e ainda ensina o que é ser pesquisadora e professora. À professora Branca, pelas sugestões preciosas e pelos cursos incríveis que lecionou (o curso sobre Realismo Crítico, em especial, foi fascinante e me fez repensar muitas crenças). Muito obrigada pela dedicação, pela presença carinhosa, pelo apoio em momentos cruciais. À professora Marlene Soares dos Santos, pela presença encorajadora, pelo grande exemplo de profissional e pessoa. À professora Joana, pela participação na banca de qualificação e pelas excelentes sugestões feitas. Às professoras Inês, Joana, Paula e Liliana e ao professor