Nomes Famosos Esquecidos Em Obras Sobre O Cinema: O Caso Especial Do Ator E Heroi De Guerra Audie Murphie
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NOMES FAMOSOS ESQUECIDOS EM OBRAS SOBRE O CINEMA: O CASO ESPECIAL DO ATOR E HEROI DE GUERRA AUDIE MURPHIE José Raimundo Gomes da Cruz Procurador de Justiça de São Paulo aposentado O jornal O Estado de S. Paulo de 19/12/14 noticiava: “VIRNA LISI – 1936/2014 – Morre, aos 78 anos, a musa do cinema italiano”. Subtítulo: “Atriz venceu um prêmio de interpretação no Festival de Cannes pelo seu papel em „A Rainha Margot‟, em 1994”. Destaque sobre sua carreira: “desde 1953, centenas de filmes e séries de TV”. Tento localizar alguma informação no livro Legendary Movies, de Paolo D‟Agostini, com prefácio de Franco Zefirelli (Vercelli, Itália : White Star, 2008), em vão: consta o nome de Sophia Loren, com indicação de cinco páginas do livro, mas não se acha nem Lisi, nem Lollobrigida, que deveriam ficar na vizinhança daquela (p. 596, 1ª col.). Passo a examinar o livro Cinema Year by Year – The Complete Illustrated History of Film (Ed. Robyn Karney. Londres : DK, 2006). No índice, consta, à página 843, “Lisa, Virna – Cannes award for La Reine Margot 23/05/94” com indicação da página 716. Nesta, lê-se rápida referência a Virna Lisa, e não Lisi, a propósito do prêmio de Cannes, em 1994. Com frequência, consulto o livro 1000 Que Fizeram 100 Anos de Cinema (São Paulo : Ed. Três, 1995). Virna Lisi deveria achar-se nas páginas 140/141, entre Max Linder e Anatole Litvak. Duas páginas adiante acham-se suas colegas italianas referidas: Gina Lollobrigida e Sophia Loren. Além do nome de Virna Lisi, anotei na margem superior das mesmas páginas o nome da atriz Viveca Lindfors (1920-1995), com pouco mais de 5 mil resultados atuais no Google, era uma atriz de teatro e cinema sueca, incluindo-se entre seus filmes Stargate (1994), Adventures of Don Juan (1946), O Reis dos Reis (1961), Creepshow (1982) e The Way We Were 1973). Se retornar ao início do livro, por último citado, encontrarei na margem superior da página 7 o nome de June Allyson, atriz que tentei compensar no meu livro Cinema, Verdade e Fantasia (São Paulo : 2012, especialmente nos capítulos 11, 43, 67). Ainda na letra A inicial, anotei a falta dos nomes de Fanny Ardent, Pedro Armendariz, Françoise Arnoul e Cecile Aubry. Na letra B, não se incluem Carol Baker nem Ann Blyth, nem Lucia Bose, nem Raymond Burr. Na letra seguinte, anotei a falta de Louis Calhern, Rory Calhoun, Corine Calvet, Claudia Cardinale, Leonardo Di Caprio (que também não se acha com a inicial D), MacDonald Carey, Carlton Carpenter, Richard Chamberlain, Jeff Chandler, Gower e Marge Champion, Jill Clayburgh, Vera Amado Clouzot, Jeanne Crain e Robert Cummings. Prosseguindo no alfabeto, anotei ausência de Arlene Dahl, Denise Darcel, Dan Dailey, Dorothy Dandridge, Yvonne De Carlo, Sandra Dee, Angie Dickinson, Troy Donahue, Bobby Driscoll, Joanne Dru. Com inicial E: Tom Ewell. F: Gabriel Figueroa (fotógrafo), Peter Fonda, Anne Francis. Na letra seguinte, omitem-se verbetes sobre Vitório Gassman, Mitzi Gaynor, Daniel Gelin, Farley Granger, Kathryn Grayson e Jane Greer. Com H, só anotei a falta do Jeffrey Hunter. Saltando o I, anotei com inicial J: Irene Jacob, Van Johnson, Glynis Johns, Raul Julia e Katty Jurado. Com K, Howard Keel. L, Fernando Lamas, Viveca Lindfors, Virna Lisi e Diana Lynn. M: Madonna, Giulietta Masina, Victor Mature, Virginia Mayo, Patrícia Medina, Ricardo Montalban, Michelle Morgan e Ornella Mutti. N: Patrícia Neal, Magaly Noel e Kim Novak (!). Letra O: Nancy Olson. P: Debra Paget, Eleanor Parker, George Peppard, Anthony Perkins, Jean Peters e Susanne Pleshette. R: Aldo Ray, Debbie Reynolds e Ruth Roman. S: Dominique Sanda, Roy Scheider, Romy Schneider, Lisabeth Scott, Red Skelton, Elke Sommer e Terence Stamp. T: Sharon Tate, Kristyn Scott-Thomas, Franchot Tone, Martha Toren e Toto (humorista italiano). V: Raf Vallone, Lino Ventura, Marina Vlady e Gian Maria Volonté. W: Robert Walker, Eli Wallach e Shelley Winters. Situação estranhíssima é a de Audie Murphy, que, mesmo tendo sido grande heroi de guerra, tornou-se esquecido com o surgimento do ator também americano Eddie Murphy, nascido em 1961 (cf. o livro 1000 que fizeram, cit., p. 164), sem a devida referência ao quase homônimo Audie Murphy (20/6/24-28/5/1971). Este foi um soldado e ator norte-americano. Participou de trinta e três faroestes entre 1950 e 1969, a maioria de baixo orçamento, tornando-se o legítimo herdeiro dos antigos cowboys dos faroestes B, como Roy Rogers, Tim Holt e Gene Autry. Segundo o Google, como filho de lavradores, Audie Murphy teve de trabalhar desde cedo para sustentar a mãe e oito irmãos, pois o pai abandonou a família quando ele tinha doze anos. Aos dezoito anos, “alistou-se na infantaria e participou ativamente de nove campanhas na África, Sicília, Itália, França e Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Pela sua bravura em combates tornou-se o soldado mais condecorado da guerra... tendo recebido mais de vinte medalhas, incluindo-se a Medalha de Honra, Purple Heart, Silver Star, Marksman Badge with Rifle Bar, Croix de Guerre da Bélgica e da França, Legion of Merit e a Purple Star”. Terminada a guerra, “sua fotografia apareceu na capa da revista Life e foi vista pelo ator James Cagney, que o levou para Hollywood. Murphy estreou como ator em 1948 no filme Beyond Glory, drama estrelado por Alan Ladd. Alguns pequenos papéis depois, apareceu em seu primeiro faroeste, The Kid From Texas.” Nessa ocasião, ele já estava casado com a atriz Wanda Hendrix, com quem fez seu filme seguinte, Sierra. Tal união só duraria até abril de 1951, em parte, pelos traumas pós-guerra sofridos pelo ator, “que o faziam ter terríveis pesadelos e dormir com armas por toda a casa”, até debaixo do travesseiro. Logo após o divórcio, Murphy “casou-se com Pamela Archer, a quem conhecera no ano anterior e que lhe daria seus dois únicos filhos, Terry e James”. Apesar de haver declarado certa vez que fizera "o mesmo western umas trinta vezes, com cavalos diferentes", a verdade é que, com seus filmes de baixo orçamento, porém mais bem acabados que os antigos faroestes B, já que incluíam cores, roteiros melhores e maior duração, Murphy tornou-se extremamente popular tanto nos Estados Unidos quanto em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Trabalhou duas vezes com John Huston, a primeira como o astro de The Red Badge of Courage e depois como coadjuvante no faroeste clássico The Unforgiven. Outros filmes importantes incluem Night Passage, quando atuou ao lado de James Stewart, The Quiet American, com Michael Redgrave, e seu maior sucesso comercial, To Hell and Back, baseado em suas memórias de guerra, publicadas em 1949. Durante o ano de 1965, Murphy fez um pequeno faroeste na Espanha, The Texican, e depois foi para Israel, onde fez o drama de espionagem Trunk to Cairo, que seriam lançados em 1966 e 1967. Nessa ocasião, sua carreira já entrara em decadência. Em 1968, requereu falência, e no ano seguinte produziu seu único filme, A Time for Dying, que só seria lançado em 1982. 2 Em 28 de maio de 1971, “o avião particular em que viajavam Murphy e mais quatro executivos chocou-se com uma montanha durante uma tempestade, a vinte quilômetros da cidade de Roanoke, na Virginia. Ninguém sobreviveu”. Murphy foi sepultado no Cemitério Nacional de Arlington, com todas as honras militares. Diversas homenagens têm sido prestadas a Murphy, desde seu falecimento, “entre elas: o Hospital de Veteranos de San Antonio, Texas, inaugurado em 1973, recebeu o nome de Audie L. Murphy Memorial Veterans Hospital; em 1986, Murphy foi incluído no "Hall of Great Western Performers" pelo National Cowboy Hall of Fame & Western Heritage Museum de Oklahoma City, Oklahoma; em 1996, o dia de seu nascimento foi oficialmente declarado "Dia de Audie Murphy" pela Assembléia Legislativa do Texas; em 2000, o Correio de seu país lançou um selo com seu retrato”. O breve resumo da vida e obra de Murphy evidencia o incrível esquecimento do seu nome e do seu merecido prestígio. Em meu artigo “The forties in pictures – Os anos quarenta em fotos”, título de livro de James Lescott (Londres : Parragon, 2007) – observo total ausência do nome do mais condecorado herói da 2ª guerra mundial no índice de citações da pág. 256. Examinando o livro “The fifties in pictures” (“Os anos cinquenta em fotos”) – do mesmo James Lescott (Londres : Parragon, 2007), percebi a mesma omissão relativa a Audie Murphy, no índice de nomes citados da pág. 256. 3 4 .