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Resolução nº 57/2010 Artigo 1º

de 19 de Outubro Aprovação do EROT da ilha de Santo Antão

Através da Resolução n.º 39/2008, de 24 de Novembro, É aprovado o Esquema Regional de Ordenamento do o Conselho de Ministros aprovou as linhas gerais de Território (EROT) da ilha de Santo Antão, cujo regula- orientação do EROT da ilha de Santo Antão, adoptando mento, bem como as peças gráfi cas ilustrativas constam os seguintes eixos estratégicos: do anexo I a presente Resolução, da qual fazem parte integrante. ● Desenvolver e consolidar uma Rede de Cidades; Artigo 2º ● Valorizar o Espaço Rural e desenvolvimento de Entrada em vigor centralidades intermédias; A presente Resolução entra em vigor no dia seguinte ● Alargar a Mobilidade Territorial; ao da sua publicação.

● Integrar Territorialmente o Turismo; Vista e aprovada em Conselho de Ministros.

● Valorizar os Espaços Naturais e; José Maria Pereira Neves

● Qualifi car os Espaços Urbanos. Publique-se.

Durante toda a fase de elaboração, o EROT de Santo O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves Antão foi seguido de perto por uma Comissão de Acom- panhamento integrada por representantes de diferentes REGULAMENTO DO ESQUEMA REGIONAL instituições, como sendo os Municípios implicados e os DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DA ILHA sectores com impacte sobre o território, tais como ambien- DE SANTO ANTÃO (EROT DE SANTO ANTÃO). te, turismo, industria, energia, desenvolvimento rural, marinha e portos, infra-estruturas, educação, saúde, etc., 1. Introdução bem como entidades representativas da sociedade civil e das classes profi ssionais. O Esquema Regional do Ordenamento do Território da ilha de Santo Antão (EROT de Santo Antão) assume-se O EROT da ilha de Santo Antão depois da sua aprovação como um plano de ordenamento do território cuja norma- prévia pela Ministra da Descentralização, Habitação tiva tem um carácter orientador. Todas as localizações e Ordenamento do Território, conforme exige a lei, foi constantes do EROT, quer se reportem ou não a acções objecto de exposição pública durante 90 dias em todos espacializadas, deverão ser tomadas como indicativas, os Municípios da ilha abrangidos pelo seu âmbito de na medida em que terão de respeitar, no detalhe da sua aplicação. localização efectiva, as normas sectoriais aplicáveis.

Assim, 2. Normas gerais

Uma vez que o EROT da ilha de Santo Antão, se mostra As normas gerais são orientações, de carácter genérico, em conformidade com os eixos, parâmetros e princípios para enquadramento dos investimentos estratégicos estabelecidos pelo Governo; (defi nidos ou previstos no EROT), bem como das activi- dades económicas e incluem os mecanismos institucionais Visto e analisado o parecer técnico da Comissão de necessários à sua implementação. Acompanhamento que atesta o envolvimento dos diversos implicados na matéria e refl ecte o posicionamento favo- Essas normas inspiram-se nas Grandes Opções, Metas rável das entidades centrais e municipais abrangidas; e Objectivos Estratégicos do Desenvolvimento Nacional e particularmente de âmbito Regional ou de ilha, no caso Tendo sido cumpridos todos os procedimentos e forma- a de Santo Antão, alicerçando-se na Legislação Secto- lidades legalmente exigíveis; rial Específi ca, a qual obedece e subalterniza, defi nindo orientações de planeamento e gestão do uso territorial, Ao abrigo do disposto na Base XI e alínea b) do n.º 7 essencialmente de natureza estratégica e com acentuada da Base XVI do Decreto-Legislativo n.º 1/2006, de 13 de expressão e implicância no território, remetendo para Fevereiro, alterado pelo Decreto-Legislativo n.° 6/2010, planos de hierarquias inferiores designadamente o Plano de 21 de Junho, que aprova as Bases do Ordenamento Director Municipal, as directrizes e critérios do uso ter- do Território e Planeamento Urbanístico (LBOTPU), ritorial de âmbito, dimensão ou impacto sectorialmente conjugado com os artigos 42º e seguintes do Regulamento localizado. Nacional do Ordenamento do Território e Planeamento Urbanístico (RNOTPU), aprovado pelo Decreto-Lei nº 2.1. Enquadramento dos Investimentos de Carácter 43/2010, de 27 de Setembro; e Estratégico

No uso da faculdade conferida pelo n.º 2 do artigo 265º Os investimentos de carácter estratégico são aqueles da Constituição, o Governo aprova a seguinte Resolução: que têm escala regional ou nacional, com grau elevado 20 I SÉRIE — N O 40 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 19 DE OUTUBRO DE 2010 de interesse público, com impactos, de longo prazo, glo- Aeroporto Internacional de Santo Antão, devem ser sub- balmente positivos no território e na sociedade e que são metidos ao critério do custo de oportunidade do interesse fundamentais para a consolidação do Modelo Territorial. público de ocupações alternativas – i.e., só se justifi cará uma ocupação que comprometa ou crie custos de rever- Estas características implicam que o EROT de Santo sibilidade signifi cativos para o uso aeroportuário, se o Antão contenha as normas de enquadramento dos inves- interesse público que a alternativa tem for superior ao timentos estratégicos. do aeroporto (análise custos/benefícios).

I. Estrutura Viária e Acessibilidade Interna b) Porto de Porto Novo

As actividades referentes às estruturas viárias e de A previsão da necessidade de um novo Porto Estra- acessibilidade interna deverão enquadrar-se nos dispo- tégico está contemplada na benefi ciação, reforço das sitivos legais previstos no Decreto-Lei n° 26/2006, de 6 valências e expansão do Porto de Porto Novo. de Março, que actualiza a classifi cação administrativa e gestão das vias rodoviárias de Cabo Verde, bem como a Instalam-se as valências de Cabotagem e terminal defi nição dos níveis de serviços das mesmas e no Decreto- Roll On Roll Off nos Portos de e Tarrafal lei n.º 22/2008, de 30 de Junho, que aprova o Estatuto de Monte, criando Portos de serviço para as respectivas das Estradas Nacionais. zonas de infl uência (zona Norte e zona Nascente).

A acessibilidade directa às vias que constituem investi- Contempla-se também o Porto de Ribeira Torta com mentos estratégicos (vide Modelo Territorial) deverá ser Cabotagem e terminal Roll On Roll Off com carácter fortemente condicionada e acautelada mesmo na fase de supletivo em relação ao de Porto Novo. delimitação do corredor. A concepção das intervenções nos Portos deve obede- a) Via Estruturante Circular (Sistema Primário) cer a uma óptica integrada que maximize o potencial e mitigue os impactos ambientais. Deve ser salvaguardado um corredor que permita perfi s longitudinais e transversais adequados às características c) Plataforma Logística / Industrial de Via com tráfego pesado e reserva de capacidade para 20 a 25 anos, nomeadamente no troço Poente Aeroporto Articulada com o Porto de Porto Novo e com o Aero- Internacional de Santo Antão – Ponta do Sol. porto Internacional de Santo Antão constitui-se uma área destinada à Plataforma Logística / Industrial, que O corredor proposto para o troço inexistente (Nascen- inclui a Central de Tratamento de Resíduos Sólidos, a te) só poderá ser defi nido com base num estudo prévio Central Dessalinizadora e a Central de Abastecimento de dimensionamento da via (incluindo os necessários de Combustíveis. estudos de tráfego). III. Infra-estruturas Energéticas e de Reserva Hídrica b) Vias Estruturantes Complementares (Sistema Primário) Neste capítulo, as actividades deverão enquadrar-se nos dispositivos legais previstos no Decreto – Lei 79/99, de Deve ser salvaguardado um corredor que permita, 30 de Dezembro, que defi ne o regime jurídico de licenças utilizando os espaços canais pré-existentes, criar as vias ou concessões de utilização dos Recursos Naturais e no Estruturantes Complementares indicadas. Decreto-Lei n.º 7/2004, de 23 de Fevereiro, que estabelece as normas de descargas das águas residuais. Deve ser dada prioridade à benefi ciação da Via Es- truturante Complementar Interior de ligação Porto a) Parques Eólicos e Fotovoltaicos Novo– (estrada da Corda), pois, serve aglomerados históricos que se foram constituindo ao Dada a importância estratégica do sector energético longo do seu traçado e que são a sua razão de ser. para Cabo Verde, a localização de Parques Eólicos e Fotovoltaicos deverá prevalecer sobre os outros usos ou c) Vias Complementares (Sistema Secundário) condicionantes.

Deverão ser salvaguardados os corredores que permi- A instalação de Parques Eólicos e Fotovoltaicos, em tam a construção ou o alargamento das vias já existentes, zonas de Parques / Reservas Naturais e solos com grande de forma a melhorar as características do seu traçado, capacidade agrícola, deverá ser objecto de análise custos enquanto vias de ligação entre os núcleos urbanos e as / benefícios ou outra metodologia adequada de avaliação Vias Estruturantes. de projectos, que tenha em conta o custo de oportunidade dos recursos naturais. II. Infra-estruturas de Transporte ligadas à Aces- sibilidade Externa e ao Abastecimento b) Barragens

a) Aeroporto Internacional O EROT de Santo Antão considera como estratégico, do ponto de vista da reserva hídrica e eventualmente A ocupação e o uso, sobretudo no que diz respeito à edi- da produção de energia, a construção de barragens, de fi cação, na área de reserva de espaço para a construção do acordo com estudos específi cos a realizar para o efeito. I SÉRIE — N O 40 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 19 DE OUTUBRO DE 2010 21

Deverá ser promovido o controlo de poluição tópica das III. Florestal linhas de água, através do licenciamento e fi scalização de normas de descarga. Deverá ainda ser dada prioridade As actividades fl orestais deverão enquadrar-se nos ao tratamento das águas residuais nas respectivas baías dispositivos legais previstos no Decreto-Lei n.º 48/V/98, hidrográfi cas. de 6 de Abril, que regula a Actividade Florestal.

2.2 Enquadramento das Actividades Económicas O carácter estratégico das fl orestas, quer sejam em áreas protegidas, quer noutros contextos, decorre da ma- As normas do EROT de Santo Antão para o enquadra- nutenção do ciclo da água, da protecção contra a erosão mento das Actividades Económicas prosseguem objecti- dos solos e da valorização da biodiversidade. vos de sustentabilidade, de valorização do capital social e de racionalidade locativa. A fl oresta é ainda um recurso natural com valor eco- nómico directo para a produção de energia para usos do- I. Turismo méstico (principalmente nas zonas rurais mais remotas) e para a alimentação do gado. As actividades de turismo deverão enquadrar-se nos dispositivos legais previstos na Lei nº 21/IV/91 de 30 de O carácter estratégico e o económico pode ser confl itu- Dezembro, que estabelece os objectivos e as políticas de ante, devendo prevalecer o carácter estratégico. desenvolvimento turístico e na Lei n.º 75/VII/2010, de 23 de Agosto, que estabelece o regime jurídico de decla- As políticas inter-sectoriais devem assim criar as ração e funcionamento das Zonas Turísticas Especiais, condições para a protecção e valorização dos recursos e no Decreto Regulamentar n.º 7/94, de 23 de Maio, que fl orestais, de forma a garantir a sustentabilidade das declara as Zonas de Desenvolvimento Turístico Integral áreas fl orestais e a sua correcta integração na formação na ilha de Santo Antão. do valor acrescentado.

a) Empreendimentos Turísticos – Resort IV. Infra-estruturas, equipamentos e actividades económicas a localizar na faixa litoral Deverão ser tendencialmente auto-sufi cientes em ter- mos energéticos, e auto-contidos em termos de impactos A faixa litoral cabo-verdiana, pela sua importância ambientais bem como contribuir para estruturar o ter- e fragilidade, deverá ser, nos termos do Decreto – Lei ritório, criando centralidades específi cas. 43/2010, de 27 de Setembro - Regulamento Nacional do Ordenamento do Território e Planeamento Urbanístico b) Empreendimentos Turísticos – pequenas (RNOTPU), objecto de Planos Especiais de Ordenamento unidades da Orla Costeira (PEOOC) que são, reconhecidamente, Deverão ser auto-contidos em termos de impactos am- instrumentos importantes para o ordenamento e gestão bientais, nomeadamente mitigando os impactos cénicos. integrada do território.

Estas pequenas unidades turísticas são compatíveis Assim, a localização das infra-estruturas, equipamentos com qualquer classe de espaços. e actividades económicas na faixa litoral deverá ser analisada à luz de um instrumento de gestão territorial II. Agricultura e Pecuária específi co, que preserve áreas importantes (que podem estar dentro ou fora da actual faixa dos 80 m) e que As actividades de agricultura e pecuária deverão permita fazer um planeamento e desenho integrado da enquadrar-se nos dispositivos legais previstos no Decreto mesmas - ou seja, evoluir da actual situação de aplicação n.º 63/89, de 14 de Setembro, que estabelece as Bases da de condicionante (os referidos 80 m) para uma situação Legislação relativa aos Animais e à Pecuária. de verdadeiro planeamento territorial, onde uma faixa de 250 m é devidamente estudada e com usos propostos (de Existe a expectativa de que a procura de produtos ali- protecção de recursos, agrícolas, fl orestais, económicos, mentares em Cabo Verde crie pressão no sentido de uma etc.) compatíveis com a sua vocação e potencial. produção agrícola com muito maior incorporação de água. Esta circunstância deve ser gerida de forma preventiva, V. Pescas evitando que o acréscimo de rendimentos na agricultura tenha implícita uma sub-valorização do recurso água, As actividades da pesca deverão enquadrar-se nos o que corresponderia a um erro estratégico com graves dispositivos legais previstos nos seguintes instrumentos implicações ambientais e sociais. jurídicos:

O uso de água para rega deve assim ser sujeito a licen- ● Decreto-Lei n.º 06/95, de 28 de Agosto, que aprova ciamento, monitorização e acompanhamento por serviços o Acordo Especial de Cooperação no domínio de extensão rural. das Pescas entre a República de Cabo Verde e a República Portuguesa; A poluição gerada pela pecuária intensiva e a degrada- ção ambiental a longo prazo gerada pelo sobre-pastoreio ● Decreto-Lei nº 26/94, de 18 de Abril, que cria o deverão ser alvo de medidas específi cas de política sec- Sistema Integrado de Apoio ao Investimento torial, baseadas no inventário das situações. Produtivo no sector das pescas; 22 I SÉRIE — N O 40 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 19 DE OUTUBRO DE 2010

● Decreto-Lei nº 25/94, de 18 de Abril, que Cria o A instalação de indústria transformadora deve localizar Fundo de Desenvolvimento das Pescas; preferencialmente em áreas concebidas para o efeito (existentes ou a criar) e devidamente infra-estruturadas. ● Lei nº 60/IV/92, de 21 de Dezembro, que delimita A fi gura de referência é a do Plano de Desenvolvimento as áreas marítimas da Répública de Cabo Urbano. Verde. É particularmente importante que a instalação de Dada a extensão da zona económica exclusiva existente indústria transformadora, quando tenha lugar fora das em Cabo Verde e a qualidade e quantidade de espécies áreas concebidas para o efeito, siga como princípio fun- piscícolas existentes, as pescas são também um dos sec- damental a minimização dos impactos paisagísticos e tores estratégicos da economia. ambientais e dos confl itos de usos do solo que se possam gerar, devendo, neste caso, prevalecer os requisitos dos O EROT de Santo Antão enquadra a existência dos usos não industriais. seguintes Portos de Pesca: VIII. Logística e Armazenagem ● Ponta do Sol A zona de logística e de armazenagem deve localizar-se ● Tarrafal de Monte Trigo a Nascente da Cidade de Porto Novo, entre a Cidade e o Aeroporto proposto, onde se concentram as principais ● Ribeira Torta infra-estruturas. ● Porto Novo 2.3 Mecanismos Institucionais

Devem ser garantidas as boas condições de acessibili- Deverá ser criado um Observatório/Agência de mo- dade aos Portos mencionados. nitorização da execução do EROT de Santo Antão para acompanhamento nos seguintes domínios: VI. Industria Extractiva · Avaliação da Implementação das orientações do As actividades de indústria extractiva deverão EROT de Santo Antão. enquadrar-se, designadamente, nos dispositivos legais · Impactos ambientais e socioeconómicos da previstos no Decreto-Lei n.º 2/2002, de 21 de Janeiro, que execução da rede viária estruturante. proíbe a extracção de areias nas dunas, nas praias e nas O objectivo será propor medidas e, águas interiores, e defi ne normas disciplinadoras de tais eventualmente, legislativas, que corrijam actividades, quando elas sejam permitidas. possíveis distorções dos efeitos desejados do a) Instalação de Industria Extractiva EROT de Santo Antão. · Avaliação das capacidades operacionais das A instalação de indústria extractiva deve ter como princí- grandes infra-estruturas de transportes pio fundamental a minimização dos impactos paisagísticos internacionais. O objectivo é gerar e ambientais (ruído, poeiras, depósitos de escombros, etc.) orientações para a programação concertada e os confl itos de usos do solo que possa gerar. dos investimentos previstos no EROT de b) Exploração de Areias Santo Antão.

A extracção de areias nas praias da Ilha de Santo Antão · Monitorização estratégica do abastecimento e deve ser interdita, dada a importância das praias para das reservas de água. O objectivo é evitar o turismo e o facto de existirem em pequeno número e que a disponibilidade de água constitua um extensão. estrangulamento na execução das orientações do EROT de Santo Antão. c) Explorações de inertes existentes · Compatibilização das disponibilidades energéticas As explorações de inertes existentes deverão, nos ter- com a ocupação do território. O objectivo é mos previsto na lei, proceder à recuperação da paisagem garantir as sinergias entre os investimentos no fi nal do período de exploração, através de um Plano em energia e a ocupação do território prevista de Recuperação Paisagística de que deveriam, desde já, no EROT de Santo Antão. passar a dispor. O EROT de Santo Antão deverá ainda poder contar com um comité intersectorial que tenha condições para VII. Industria Transformadora participar na contratualização de parcerias com entida- As actividades da indústria transformadora deverão des privadas no âmbito de investimentos estratégicos enquadrar-se nos dispositivos legais previstos no De- com expressão territorial. creto-Lei n.º 31/2003, de 1 de Setembro, que estabelece 3. Normas para o planeamento e para a gestão os requisitos essenciais a considerar na eliminação de urbanística resíduos sólidos urbanos industriais e respectiva fi sca- lização, tendo em vista a protecção do meio ambiente e · O EROT é um “ instrumento de ordenamento e de- a saúde pública. senvolvimento territorial” (vide. Decreto-Legislativo nº I SÉRIE — N O 40 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 19 DE OUTUBRO DE 2010 23

1/2006 de 13 de Fevereiro, alterado pelo Decreto -Legisla- protecção dos principais recursos naturais e paisagístico tivo 6/2010, de 21 de Junho). No caso do EROT de Santo do País em geral e de Santo Antão em particular, quer Antão esta defi nição signifi ca identifi car e caracterizar a para promover e atrair o turismo cultural e de natureza, vocação do território, nomeadamente para a localização produto muito procurado nos mercados emissores Euro- das actividades económicas e grandes infra-estruturas peus e que pode trazer a Santo Antão uma outra procura, de transporte internacionais, bem como identifi car e ca- para além do turismo de cidade, negócios e incentivos. racterizar os recursos naturais que devem ser protegidos. As regras para a transformação do uso e ocupação do solo A ocupação territorial dessas áreas deve ser organizada que isto implica deverão constar dos Planos Directores para que os recursos edafoclimático sejam racionalmente Municipais e demais planos urbanísticos. utilizados e as actividades económicas desenvolividas sejam não só compatíveis como potenciam a sua susten- O EROT de Santo Antão procede assim à defi nição de tabilidade. compatibilidades de usos para as categorias de ordena- mento indicativas que defi ne, bem como à introdução de As áreas protegidas estão sujeitas as seguintes normas: regras para o planeamento urbanístico, nomeadamente em sede de Plano Director Municipal. a) Delimitação rigorosa como suporte para a defi nição legal dos espaços numa escala legal É portanto aos PDMs que cabem a qualifi cação do solo, dos espaços não inferior a 1/10.000; baseada na delimitação de classes de espaços em escalas ) Obrigatoriedade de elaboração e aprovação de pormenorizadas que, nos casos mais sensíveis, devem ser b um Plano de Ordenamento e Gestão; iguais ou superiores a 1/10.000. c) A ocupação territorial deve ser organizada 3.2 Condicionantes e unidades de ordenamento para que os recursos edafoclimático sejam 3.3 Condicionantes: racionalmente utilizados e as actividades económicas desenvolvidas sejam não O EROT de Santo Antão identifi ca as seguintes con- só compatíveis como potenciam a sua dicionantes, de acordo com a planta de condicionantes: sustentabilidade.

a) Áreas protegidas; Nestas áreas todas as intervenções serão enquadradas pela legislação especifi ca, designadamente, pelo Decreto- b) Ribeiras e eixos principais de água; Lei nº 3/2003, de 24 de Fevereiro, que estabelece o regime jurídico dos espaços naturais, paisagens, monumentos e c) Orla Marítima; lugares que pela sua relevância para a biodiversidade, pelos seus recursos naturais, função ecológica, interesse d) Servidão de infra-estruras públicas; sócio-económico, cultural, turístico ou estrátégico, me- recem uma protecção especial e integrar –se na Rede e) Área de reserva aeroportuária; Nacional das Áreas Protegida, e pelos princípios de acção f) Área de reserva para plataforma logístico- pública, consignados na Lei de Bases da Política do Am- industrial. biente, aprovada pela Lei nº 86/IV/93, de 26 de Julho, e condicionadas a parecer da entidade tutelar. I. Áreas protegidas: II. Ribeiras e eixos principais de água: Para efeitos do presente regulamento constituem-se Para efeitos do presente regulamento entende-se por áreas protegidas os espaços naturais ou áreas onde os ribeira e eixos principais de água as zonas de leitos das valores biofísicos, patrimoniais ou culturais são domi- ribeiras e eixos de cursos de água por onde ocorre a drena- nantes sobre outros usos ou aptidões e como tal merece gem natural das águas pluviais devidamente identifi cada protecção especial. na planta de condicionantes e como tal importa proteger. As áreas protegidas identifi cadas na planta de condi- A sua preservação e requalifi cação são fundamentais cionantes são as seguintes: para o equilibrio biófi sico e para o controle do regime torrencial, pelo que constituem normas a considerar nos a) Moroços (Parque natural); planos urbanísticos:

b) /Ribeiras Paul/ Torre (Parque natural); a) Delimitação rigorosa como suporte para a defi nição legal das Ribeiras e Leitos de Cheias c) Tope Coroa (Parque natural); numa escala não inferior a 1/10.000;

d) Cruzinha (Reserva natural); b) Interdição de todas as acções de iniciativas pública ou privada que se traduzam na e) Pombas (paisagem protegida); diminuição do caudal de vazão, obstrução de leitos, construção de edifi cios, despejos de Este zonamento assenta na qualidade diferenciadora materiais passiveis de contaminação de solos que as áreas protegidas têm de assumir na lógica ter- e águas, bem como a destruição do coberto ritorial Caboverdeana, quer para assegurar a devida vegetal. 24 I SÉRIE — N O 40 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 19 DE OUTUBRO DE 2010

III. Orla Marítima: d) Espaços de uso potencial agrícola intensivo;

A orla marítima é defi nida de acordo com a legislação e) Espaços de áreas incultas de reconversão em vigor, por uma faixa territorial com largura de 80 silvícola ou silvo-pastoril; metros, conforme a planta de condicionantes, contados a partir da linha terrestre que limita a margem das águas f) Zona de Desenvolvimento Turístico Integral; do mar. g) Zona de Reserva e Protecção Turística. Constituem normas a considerar nos planos especiais de ordenamento da orla costeira: I. Áreas urbanas:

a) Os acessos viários à orla costeira marítima Os espaços urbanos são aqueles que correspondem à deverão ter especiais cuidadados no que se ocupação urbana consolidada ou com potencial de urba- refere á estabilidade das arribas e deverão ser nização. Deverão sujeitar-se às normas seguintes: preferencialmente perpendiculares á costa; a) Localizar no interior ou em torno da área b) A ocupação edifi cada nesta área deverá ser delimitada como Área Urbana na Planta de interditada, com excepção de edifi cios de Modelo Territorial; apoio naútico e de apoio ballnear. b) Serem alvo de Planos de Desenvolvimento A aprovação de qualquer actividade, uso, concessão ou Urbano e/ou Planos Detalhados; construção dentro desta orla marítima está sujeita ao disposto na lei nº 44/IV/2004, de 12 de Julho, que esta- c) Serem objecto de infra-estruturação, belece o regime dos bens do domínio marítimo do Estado. nomeadamente no que se refere a redes de saneamento básico, incluindo nestas os IV. Servidão de infra-estruturas públicas: (Rede sistemas de tratamento de efl uentes; Rodoviária Existente) d) Incluir, em sede de PDM´s, mecanismos de A rede rodoviária existente, devidamente incluída ordenamento e gestão que promovam a na planta de condicionantes, está sujeita às servidões contenção dos perímetros urbanos; rodoviárias, ao abrigo do Decreto-Lei nº 22/2008, de 30 de Junho, bem como ao regime das servidões públicas, e) Evitar a sua expansão para solos com valor nos termos da Lei. agrícola.

V. Área de reserva aeroportuária: II. Espaço de uso ou potencial agro-silvo-pastoril:

A área de reserva aeroportuária visa acautelar neces- Os espaços de uso ou potencial Agro-Silvo-Pastoril são sidades futuras relativamente ao aeroporto inernacional aqueles que correspondem a situações já ocorrentes de de Santo Antão. Em termos espaciais, a área de reserva agricultura de encosta ou de montanha, que domina o aeroportuária fi ca no sítio denominado “Casa de Meio” pequeno mosaico de paisagem multifuncional e adaptado na parte Sudoeste da Cidade do Porto Novo. às condições fi siográfi cas pedológicas e antrópicas.

VI. Área de reserva para a plataforma logístico- No presente EROT as Áreas Agro-Silvo Pastoris, de- industrial: vidamente delimitadas no modelo territorial, correspon- dem aos espaços com certo potencial para a exploração A área de reserva para a plataforma logstico-industrial agrícola, silvicultura ou pastoricia e incorpora situações visa acautelar necessidades futuras. Nesse sentido já ocorrentes de agricultura de encosta e de montanha. reservou-se um espaço para a futura instalação de uma plataforma logistico-industrial e de valorização ambien- Em termos de localização espacial abrangem as áreas tal numa zona que fi ca situado no litoral a sudoeste do de Chão de Montes, Ribeira dos Bodes, Alto Mira, Ribeira Porto Novo, nas imediações do futuro aeroporto interna- da Cruz, Chão de Manuelino, de Cima, Ribeira cional de Santo Antão. Alta, Lagoa.

3.4 Unidades de ordenamento: Essas áreas ficam sujeitas às seguintes normas/ orientações, sem prejuízo do que vier a ser estabelecido O EROT de Santo Antão identifi ca as seguintes uni- nos PDM’s, desde que não ponha em causa o princípio dades de ordenamento, de acordo com o modelo de orde- de compatibilidade e de hierarquia existente entre os namento territorial: referidos instrumentos de gestão territorial:

a) Áreas urbanas; a) Prevalência dos usos não edifi cados sobre qualquer outro; b) Espaços de uso ou potencial agro-silvo-pastoril; b) Edifi cação preferencialmente associada aos usos c) Espaço de uso potencial fl orestal; dominantes do solo; I SÉRIE — N O 40 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 19 DE OUTUBRO DE 2010 25

c) Edifi cação nova preferencialmente nos pequenos b) Uso edifi cado apenas justifi cado pela exploração núcleos existentes ou a construir; agrícola;

d) Aproveitamento das caracteristicas culturais, c) Interdição tendencial dos demais usos edifi cados. da paisagem humanizada e da vivência social, através da possibilidde de instalação V. Espaços de área de reconversão silvícola ou de pequenas unidades turísticas. silvo-pastoril:

III. Espaço de uso potencial fl orestal: São áreas fi toclimáticas de maior secura, onde mesmo assim se podem e devem implementar usos de solo com As áreas de uso potencial fl orestal, delimitadas no mo- recursos à fl orestação com espécies autótones consociadas delo territorial, correspondem às áreas em que predomi- com recobrimentos forrageiros, extensivos, de sequeiro e nam a ocupação fl orestal, bem como as áreas actualmente com objectivos de protecção do solo contra erosão. Estas sem ocupação rural denominada inculta. São áreas com áreas não têm, portanto, qualquer vocação para ocupação solos muito pobres, com declives excessivos, presença de edifi cada habitacional ou industrial isolada nem para a aforamentos rochosos e acentuada secura, nomeadamen- instalação de actividades económicas exceptuando acti- te a maioria das encostas com grande risco de erosão. vidades de primário no âmbito da referida reconversão.

Em termos de localização espacial abrangem a faixa Em termos espaciais abrangem as fachadas Oeste, de altitude que bordeja a fachada N-NE e na superfície Sudoeste, Sul e Sudoeste abarcando, designadamente, planáltica adjacente, enquadrada no planalto Leste e nas as zonas de Ribeira Fria, Lajedo, Chã de Parede, Ribeira Zonas de Água das Caldeiras, Salto da Ribeira da Cadela, Torta e Monte Trigo. Covada do Lizardo, Chão de Aleandra. VI. Zonas de Desenvolvimento Turístico Integral Essas áreas estão sujeitas às seguintes normas: (ZDTI):

a) Delimitação rigorosa dos espaços fl orestais Constituem ZDTI as áreas que possuem especial apti- numa escala não inferior a 1/10.000; dão e vocação turística.

b) Selecção criteriosa das espécies e procedimentos No caso do EROT de Santo Antão propõe–se que reser- de fl orestação ou refl orestação, implicando ve as zonas de proximidade do litoral e áridas situadas: (i) eventualmente o seu licenciamento; a Sudoeste – Chão de Pedra Rachada (aproximadamente 900 ha), (ii) Nordeste – Chã de Calheta (aproximadamen- c) Interdição tendencial de novos usos não fl orestais. te 336 ha) da Cidade do Porto Novo, (iii) bem como as das proximidades do Monte Talhado (aproximadamente IV. Espaço de uso ou potencial agrícola intensivo: 170 hac) e (iv) Tarrafal (aproximadamente 860 ha), para posterior declaração como ZDTI, nos termos da Lei nº 75/ As áreas de uso potencial agrícola intensivo, delimi- VII/2010, de 23 de Agosto. tadas no modelo territorial, correspondem às zonas de melhor aptidão para a produção de alimentos para o VII. Zonas de Reserva e Protecção Turística (ZRPT): consumo humano, nomeadamente em solos aluvionares ou coluvionares e constituem elementos fundamentais Constituem ZRPT as áreas contíguas às ZDTI dotadas no equilibrio ecológico das paisagens, não só pela função de alto valor natural e paisagístico e cuja preservação seja da drenagem das diferentes bacias hidrográfi cas, mas necessária para assegurar a competitividade do produto também por serem o suporte da produção vegetal, em turístico nacional a curto e médio prazo; bem como outras especial da que é destinada à alimentação. áreas que possuindo valor natural e paisagístico, deverão manter-se em reserva para posterior declaração como Em termos espaciais localizam-se nas zonas húmidas ZDTI. As ZRPT encontram-se se delimitadas no modelo localizadas na fachada NE, nas cabeceiras de algumas de ordenamento territorial. No caso do EROT de Santo ribeiras mais importantes, designadamente, Chão de Antão decidiu-se delimitar em toda a orla costeira, uma João Vaz, Fajã de Janela, Chão de Igreja, Manta Velha, faixa territorial com largura de 1 km a manter-se em Fajã de Mato, Boca deambos as Ribeiras, Chão de Pedra, reserva para posterior declaração como ZDTI. Cuculi, Marradouro, Santa Isabel, André Francês (Ribei- ra de Chá de Pedras) de João Afonso, da Torre, do Paúl Fica interdita a inclusão nos PDM’s de quaisquer medi- e das Pombas, com alguma ocupação humana nas zonas das susceptíveis de comprometer o potencial uso turístico de declive mais suaves e zonas de elevada densidade de das costas na extenção defi nida pela ZRPT. coberto vegetal nas restantes. A ZRPT rege-se pela Lei nº 75/VII/2010, de 23 de Essas áreas estão sujeitas às seguintes normas: Agosto, que estabelece o regime jurídico de declaração e funcionamento das Zonas Turísticas Especiais. a) Delimitação rigorosa dos espaços de potencial agrícola numa escala não inferior a1/10.000; 3.5 O presente EROT vigora pelo período de 12 anos. 26 I SÉRIE — N O 40 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 19 DE OUTUBRO DE 2010 I SÉRIE — N O 40 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 19 DE OUTUBRO DE 2010 27

O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves