Insetos Do Brasil 5.° Tomo
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
COSTA LIMA INSETOS DO BRASIL 5.° TOMO LEPIDÓPTEROS ESCOLA NACIONAL DE AGRONOMIA SÉRIE DIDÁTICA N.º 7 - 1945 INSETOS DO BRASIL 5.º TOMO LEPIDÓPTEROS DA COSTA LIMA Catedrático de Entomologia Agrícola da Escola Nacional de Agronomia Ex-Chefe de Laboratório do Instituto Oswaldo Cruz INSETOS DO BRASIL 5.º TOMO CAPÍTULO XXVIII LEPIDÓPTEROS 1.ª PARTE ESCOLA NACIONAL DE AGRONOMIA SÉRIE DIDÁTICA N.º 7 - 1945 CONTEUDO CAPÍTULO XXVIII Ordem LEPIDOPTERA ................................................................................................................ 7 Sub-ordem JUGATAE ......................................................................................................... 134 Superfamília MICROPTERYGOIDEA ............................................................................ 135 Superfamília HEPIALOIDEA ........................................................................................... 136 Sub-ordem FRENATAE ......................................................................................................... 138 Divisão HETEROCERA ........................................................................................................................ 139 Superfamília INCURVARIOIDEA ..................................................................................... 146 Superfamília NEPTICULOIDEA ......................................................................................... 147 Superfamília COSSOIDEA .................................................................................................. 148 Superfamília CASTNIOIDEA ............................................................................................. 152 Superfamília ZYGAENOIDEA ........................................................................................... 159 Superfamília TINEOIDEA ................................................................................................... 195 Superfamília TORTRICOIDEA ........................................................................................... 325 Superfamília PTEROPHOROIDEA .................................................................................... 355 Índice .............................................................................................................................. 361 CAPÍTULO XXVIII Ordem LEPIDOPTERA 1. Caracteres. - Constituem esta ordem as borboletas e as mariposas, facilmente distinguiveis dos demais insetos pelo aspecto geral do corpo. Alguns Neurópteros e não poucos Tricópteros, como vimos, examinados por um leigo, podem passar por Lepidópteros. Em ne- nhum dêles, porém, se observa, nem o tipo especial de probóscida (espiritromba) presente na maioria dos Lepidópteros, nem asas revestidas de escamas, fácilmente destacáveis sob o aspecto de um pó fino, carácter êste ainda mais geral que aquêle e que levou LINNAEUS a criar a designação Lepidoptera, pela qual ainda hoje são conhecidos êstes insetos1. Os Lepidópteros são insetos holometabólicos, ovíparos. Dos ovos saem larvas, chamadas lagartas, as quais, depois de uma série de transformações, cada uma se evidenciando após uma ecdise, atingem o completo desenvolvimento, realizando-se, então, a primeira metamorfose, da qual resulta apupa, bem conhecida pela designação especial crisalida2. Desta surge, tempos depois, após uma segunda metamorfose, o inseto adulto ou imago, borboleta ou mariposa. Se esta, na maioria das espécies, é um ser alado, de hábitos terrestres, inofensivo e geralmente dotado de côres que o tornam um dos mais belos ornamentos da natureza, as lagartas, em sua maioria, têm também hábitos terrestres, e, por serem fitófagas, 1 De (lepis, idos), escama e (pteron), asa. 2 O nome crisálida, de (chrysalis, idos), de ouro, perfeitameate ade- quado para as pupas de algumas borboletas, que apresentam o tegumento total ou parcialmente dourado ou prateado, generalizou-se para todas as pupas dos Lepidópteros. 8 INSETOS DO BRASIL quase sempre são daninhas e não raro causam devastações, que podem atingir a proporções de verdadeira calamidade. 2. Anatomia externa. - Cabeça (figs. 1, 2 e 5), geralmente arredondada e mais estreita que o tórax. Olhos, constituidos por grande quantidade de omatídios (em alguns Esfingídeos, segundo PACKARD, contam-se cêrca de 27.000), ocupando as partes late- rais do epicranio; a face anterior é constituída por um esclerito mais ou menos extenso, o fronto- clypeus, geralmente separado do vértex por uma sutura transversa. Em várias espécies vê-se a sutura clipeal, separando a fronte do clí- Fig. 1 - Cabeça de mariposa da família peo ou epistoma. As citadas áreas Sphingidae; 1, palpo maxilar (o do lado oposto do epicranio, como o occiput e foi retirado para se ver a espiritromba enro- demais regiões do corpo, são den- lada); 2, pilíferos; 3, gena; 4, antena; 5, olho; 6, espiritromba (C. Lacerda del.). samente revestidas de pêlos e es- camas, as quais, deitadas umas sôbre as outras ou mais ou menos eretas, escondem, no vertex, os ocelos, sempre aí situados, atrás da inserção antenal e junto ao ôlho correspondente. As antenas, presas também a essa região, junto á borda interna dos olhos, são mais ou menos alongadas, raramente, porém, muito mais longas que o corpo (nos machos de Adelidae, são algumas vêzes mais longas que o compri- Fig. 2 - Cabeça de mariposa da família mento da asa anterior). Cada an- Pyralididae; a, antena; f, fronte; o, olho; pl, palpos labiais; pm, palpos maxilares; s, espi- tena é constituída por um grande ritromba; v, vertex (C. Lacerda del.). número de segmentos, cuja forma e tipo de revestimento escamoso diferem, não só nas espécies, como nos sexos de uma mesma espécie. Daí se aproveitar em sistemática o aspecto das antenas, não só na diferenciação sexual e especifica, como no reconhecimento de grandes grupos taxionômicos. LEPIDOPTERA 9 O primeiro segmento antenal (escapo), em muitos Microlepi- dópteros pode apresentar, destacando-se das escamas que o revestem, uma fileira de cerdas ou es- camas piliformes, formando o que se chama-pecten. Em multas especies, atrás das antenas, vê-se um par de saliências revestidas de pêlos sensoriais, constituindo o chaetosema. Peças bucais - Nos Lepi- dópteros mais primitivos da super-família Micropterygoi- dea (sem representantes na Fig. 3 - Corte da espiritromba; a, sutura anterior região Neotrópica), que se p, sutura posterior; no centro o canal segador (C. La- carda del.). alimentam de grãos de pólen, o aparelho bucal apresenta mandíbulas funcionais, maxilas de es- trutura generalizada, isto é, com cardo, estipe, gálea e lacínia bem desenvolvidos e palpos maxilares mais conspícuos que os labiais. Nos de- mais Lepidópteros, porém, se provi- dos de peças bucais desenvolvidas, observa-se o tipo de aparelho bucal suctorial característico dêstes insetos, representado principalmente pelas duas maxilas, mais ou menos alon- gadas, semitubulares, que se adaptam uma á outra, formando um órgão su- gador tubuliforme - haustellum ou probóscida, geralmente chamado espi- Fig. 4 - Diagrama de parte da espiri- tromba e respectivos músculos, indicando ritromba, porque, em repouso, se en- o mecanismo da distensão e retração rosca entre os palpos labiais, sob a dêsse órgão (De Snodgrass, 1935 - Ins. Morph., fig. 169). cabeça, como no brinquedo chamado "língua de sogra" (figs. 1 e 5)1 1 O mecanismo da extensão e enrolamento da probóscida ainda não foi satisfatóriamente explicado. Eis o que á respeito diz SNODGRASS (Principles of insect morphology). "The outer wall of each hall of the proboscis shows a closely ringed structure produced by a succession of sclerotic arcs alternating with narrow membranous spaces. The structure probably allows the curling of the tube. Within each hall of the latter there is a series of short muscle fibers arising near the middle of the outer wall (fig. 4, mcls) and extending obliquely distad and 10 INSETOS DO BRASIL Cada uma das peças constitutivas da espiritromba é a gálea maxilar ou - como ainda admitem alguns autores - esta constitue a parede externa da maxila, sendo a parede interna, que forma com a do lado oposto o canal sugador, formada pela lacínia (fig. 3). Na quase totalidade dos Lepidópteros a espiritromba funciona como órgão exclusivamente sugador, destinado a extrair o néctar das flores ou haurir quaisquer outras substancias líquidas de que se alimentam, me- diante a ação aspi- rante da faringe. Em algumas espé- cies, porém, como a mariposa do "curu- querê" (Alabama ar- gillacea), a parte apical das maxilas é armada de dentes ou espinhos robus- tos, que permitem a penetração da espi- ritromba nas frutas para a extração do sumo (figs. 5 e 6). Na parte basal de cada maxila podem ser vistos o cardo e respectivo estipe, no qual se articula o palpo maxilar, quan- Fig. 5 - Cabeça de Alabama argillacea; 1, maxila; 2, gena; 3, ocelo; 4, fronto-clipeo; 5, escapo antenal; 6, pedicelo antenal; do presente. Via de 7, olho; 8, labro-epifaringe; 9, pilífero; 10, palpo labial; regra os palpos ma- 11, labium. xilares são menos toward the inner edge of the concave side of the organ, on which they have their insertions. The muscles occupy the entire length of each half of the proboscis, and their arrangement sud- gests that they serve to coil the proboscis. Unless there is some mechanical principle here in- volved that is not yet understood we muar assume, then, that the proboscis is extended by blood pressure, in the same way that a toy paper "snake" is unrolled by inflating it, and ir must be observed that the natural uncoiling of the lepidopterous proboscis, beginning at the