Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Entrevista Concedida Pelo Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Ao Programa História Oral Do TJDFT

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Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Entrevista Concedida Pelo Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Ao Programa História Oral Do TJDFT Programa História Oral Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Entrevista concedida pelo Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence ao programa História Oral do TJDFT osé Paulo Sepúlveda Pertence nasceu em Sabará, tado pela Junta Militar, com base no AI-5. Anistiado, foi Minas Gerais, em 21 de novembro de 1937. Filho promovido, na inatividade, a procurador de Justiça do de José Pertence e Carmen Sepúlveda Pertence. Distrito Federal. Desempenhou o cargo de secretário jurídi- J Casou-se com Suely Castello Branco Pertence, co no Supremo Tribunal Federal, no gabinete do Ministro nascendo dessa união: Pedro Paulo, Evandro Luiz e Edu- Evandro Lins e Silva (1965-1967). Fundou com o Ministro ardo José. Forma-se Bacharel em Direito pela Faculdade Victor Nunes Leal, que então fora aposentado no Supremo Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Sepúlveda Paulo José Ministro de Direito da Universidade de Minas Gerais, em 1960. Tribunal Federal, e os advogados Cláudio Lacombe, José Cursou o mestrado na Universidade de Brasília, obtidos os Guilherme Villela e Pedro Gordilho, a Sociedade de Advo- créditos e aprovado o plano de dissertação de mestrado, gados Nunes Leal, em Brasília (1969). De 1969 a 1985, não a apresentou, em virtude de sua demissão. Ocupou dedicou-se integralmente à advocacia, em Brasília, Minas durante a sua carreira, entre outros, os cargos de Professor Gerais, São Paulo e no Rio de Janeiro. Procurador-geral da da Universidade de Brasília (1962 -1965), da Associação República, procurador-geral eleitoral e de membro do Con- de Ensino Unificado do Distrito Federal (AEUDF) (1973), selho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (1985). Advogado (1961, com interrupção de 1963 a 1967), Integrou a Comissão Provisória de Estudos Constitucionais assistente jurídico da Prefeitura do Distrito Federal (1961), (Comissão Afonso Arinos), tendo sido relator dos textos membro do Ministério Público do Distrito Federal em setem- referentes ao Poder Judiciário e ao Ministério Público. bro de 1963, exerceu as respectivas funções até outubro Integrou também a Comissão de Sistematização Final. Na de 1969, quando foi aposen- Assembleia Nacional Constituinte, como convidado, pres- tou depoimento na Subcomissão de Garantias da Cons- tituição. Ministro do Supremo Tribunal Federal – STF, em decreto de 4 de maio de 1989. Juiz substituto do Tribunal Su- pe- 2 rior Eleitoral – TSE (1990 – 1991) e juiz efetivo (1991 – Doutor Sebastião Rios Correa 1992), assumiu a Vice-Presidência (1992 – 1993). Eleito Na realidade, tenho a convicção de que o Minis- em 1o de junho de 1993 e empossado em 15 de junho tro Vitor Nunes Leal1 teve um papel muito importante na de 1993, exerceu a presidência do Tribunal Superior Elei- criação do Tribunal de Justiça, e o Ministro Sepúlveda toral até 15 de novembro de 1994. Eleito vice-presidente Pertence, como companheiro de escritório do Ministro Vitor do Supremo Tribunal Federal – STF. Presidente do STF Nunes Leal, acompanhou, também, toda essa história do 1995-1997. Retornou ao Tribunal Superior Eleitoral, como Tribunal. Então, tenho a convicção de que é muito impor- juiz substituto, em 16 de dezembro de 1999, sendo eleito tante para a Memória do Tribunal deixar registrado esse juiz efetivo, em sessão de 7 de março de 2001. Assumiu depoimento que o senhor prestará aqui agora. a Vice-Presidência da Corte Eleitoral em 11 de junho de Primeiramente, gostaria que o Ministro contasse um 2001. Compôs a banca examinadora, como representan- pouco de sua história de vida: onde nasceu, onde estu- te da Ordem do Advogados do Brasil – OAB, dos con- dou, um pouco da sua trajetória de vida. cursos de provas e títulos para: juiz federal dos territórios (1974 – 1975); juiz substituto do Distrito Federal (1978); Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence procurador da República (1978 – 1979); juiz federal, Bem, o meu nascimento, sem querer humilhar nin- em 1982; juiz federal, em 1983 – 1984. Presidiu, como guém, foi em Sabará (Minas Gerais), em 1937, o que procurador-geral, a comissão examinadora dos concursos não é preciso publicar. Passei a maior parte da infância para procurador da República, em 1986 e 1988. Em em Sabará. Mudei-me com os meus pais para Belo Hori- 20/2/2003, toma posse na Presidência do TSE. zonte, por volta dos dez anos, logo depois a experiência no Colégio Estadual de Minas Gerais e da Faculdade de Doutor Sebastião Rios Correa Direito, a UMG, hoje UFMG. A Desembargadora já fez esse agradecimento de você aquiescer em dar essa entrevista para o Projeto Formado, vem sempre aquela angústia, a que Roberto Memória do Tribunal. Para mim, é uma satisfação muito Lyra (Filho)2 se referiu em um título de um livro seu: “Formei- grande contar com esse apoio seu, de responder afirma- -me em Direito, e agora?” E, numa noite de puxar angús- tivamente ao convite que o Tribunal fez. Por que? Porque tias, no Rio de Janeiro, com o meu grande companheiro de apesar de o Ministro não ter participado diretamente do Tribunal, mas é uma figura que sempre esteve presente em toda a história de Tribunal. 1 Jurista brasileiro, foi ministro do Supremo Tribunal Federal e pro- fessor da Universidade Federal do Rio do Janeiro. Nasceu em 11/11/1914, Carangola/MG. Faleceu em 17/05/1985, Rio de Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Janeiro/RJ. Participar, não me deixaram nem pensar. (Risos) 2 Jurista e escritor brasileiro. Nasceu em 13/10/1926, Rio de Janeiro/RJ. Faleceu em 11/06/1986, RJ/RJ. 3 juventude, de movimento estudantil, afinal, uma amizade cipação no movimento estudantil. Mas essa é a trajetória fraternal, que era Modesto Justino de Oliveira Júnior, vai lá, até que, recém formados, em março de 1961, chegamos vem cá: “Por que não vamos para Brasília?”. a Brasília e iniciamos essa advocacia da porta de xadrez ao Supremo Tribunal Federal. Pude, então, tomar contato De Minas estávamos um pouco escorraçados; tínha- com a então iniciante Justiça de Brasília, com, em 1º Grau, mos participado ativamente das campanhas de 1960, da seis ou sete Juízes do Rio de Janeiro e de Minas, e já três minha formatura em Belo Horizonte, apoiando, auxiliando do primeiro concurso realizado em Brasília. Dentre os três, nas campanhas do General Lott para Presidente da Repú- Waldir Meuren, Mário Guerrera e Jorge Duarte de Azeve- blica e de Tancredo Neves para Governador do Estado. do , que tenho o prazer de reencontrar hoje neste papo. Derrotados em ambas as eleições, sumia aquela perspec- 4 tiva de qualquer início de subcarreira política, que então Doutor Sebastião Rios Correa podia nos passar pela cabeça. Como era o funcionamento naquela época? Viemos, então, para Brasília, trazendo um colega um pouco mais experiente do que nós, já advogando Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence militantemente em Belo Horizonte, que era o nosso, hoje Brasília era uma obra ainda claramente inacabada, saudoso, José Guilherme Vilella. Conosco veio — a prin- e não havia outro prédio, do projeto de Lúcio Costa/ cípio porque era o único que sabia dirigir automóvel, mas Oscar Niemeyer (Arquitetos), senão o do Supremo Tribunal Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Sepúlveda Paulo José Ministro acabou, depois de formado, também se deixando atrair Federal. Dizem até que, quando mais tarde, chamado a por Brasília — o Cid Ferreira Lopes Filho. Aqui montamos, projetar outro prédio para o Tribunal, Oscar teria se as- numa sobreloja da W-3, o nosso escritório, que costumo sustado. “Mas como? Para que outro Tribunal se que aqui dizer: no correr da mesma tarde, ia do presídio da então tem o Supremo?”. Mas o certo é que disso resultou que VELHACAP, hoje Candangolândia3, até a tribuna do Supre- um dos prédios, de tão poucos — eram seis ou sete — na mo Tribunal Federal. Esplanada dos Ministérios —, foi entregue ao Judiciário. No térreo, segundo e terceiro andares, o Tribunal Federal Essa foi a trajetória tumultuada, desde a época de Recursos; no quarto andar, a Subprocuradoria e um secundarista até a época universitária, com intensa parti- pedacinho para a Ordem dos Advogados; o quinto andar ocupado pela 1ª Instância e o sexto pelo Tribunal de 3 19ª Região Administrativa do Distrito Federal, conhecida durante a Justiça e os últimos pelo Tribunal Superior Eleitoral. Era, en- construção de Brasília como VELHACAP. tão, com exceção do Supremo, todo mundo do Judiciário 4 Desembargadores: Waldir Meuren (*13/11/1929 – †15/12/1994); Mário Dante Guerrera (*8/1/1932 – †4/7/1997); Jorge Duarte de Azevedo (*14/7/1926 – †17/4/2017). 4 brasiliense concentrado neste prédio. O TST veio posterior- Desembargador Jeronymo de Souza mente, o STM também. Tudo o que existia fora o Supremo, O senhor chegou a trabalhar com Machado Neto5? no Judiciário de Brasília, concentrou-se neste Bloco VI, da Esplanada. Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Sim, foi o primeiro professor com quem participei, Doutor Sebastião Rios Correa que auxiliei na tarefa docente, foi exatamente o professor Depois o Ministro seguiu a carreira da Academia? Machado Neto, que veio da Bahia. Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Doutor Sebastião Rios Correa Sim, em 1962 ingressei como instrutor. Instrutor era Introdução à Ciência do Direito? o estudante de pós-graduação, com tarefas auxiliares de ensino, onde encontrei com V. Ex.a, creio que vindo Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence diretamente de Belo Horizonte para a Universidade. Esse Introdução à Ciência do Direito. Depois, na área de período de ilusão acadêmica durou até a grande crise da Direito Constitucional, com Vitor Nunes e Waldir Pires6 Universidade, no final de 1965. por algum tempo; uma passagem pelo Direito Penal com Roberto Lyra Filho. Doutor Sebastião Rios Correa A grande crise foi sempre esquecida, porque, quando Doutor Sebastião Rios Correa falam da primeira grande crise da Universidade, apontam Mas o encaminhamento foi para o Direito Constitucional. 1968. Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Ministro José Paulo Sepúlveda Pertence Para o Direito Público.
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