Topical Photoprotection in Childhood and Adolescence Fotoproteção Tópica Na Infância E Na Adolescência
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0021-7557/12/88-03/203 Jornal de Pediatria Copyright © by Sociedade Brasileira de Pediatria ARTIGO DE REVISÃO Topical photoprotection in childhood and adolescence Fotoproteção tópica na infância e na adolescência Paulo Ricardo Criado1, Juliana Nakano de Melo2, Zilda Najjar Prado de Oliveira3 Resumo Abstract Objetivo: A exposição à luz solar na infância ocorre, frequentemente, Objective: Exposure to sunlight in childhood is often more intense de forma mais intensa do que em muitos adultos. Dados da literatura than in adults. Literature data unequivocally show the association between comprovam de maneira inequívoca a associação desse comportamento this social behavior and the risk for developing malignant melanoma social com o risco de desenvolvimento do melanoma maligno e do câncer and non-melanoma skin cancer, even in adulthood. Furthermore, skin cutâneo não melanoma mesmo na vida adulta. Além disso, o fotoen- photoaging begins already in childhood through inadequate sun exposure. velhecimento cutâneo é semeado já na infância com a exposição solar This review aims to guide pediatricians on appropriate measures of topical inadequada. Esta revisão tem como objetivo orientar os pediatras nas photoprotection in children and adolescents, which will positively change medidas adequadas de fotoproteção tópica nas crianças e adolescentes, the future of these patients. o que irá alterar de maneira positiva o futuro desses pacientes. Sources: A review of the literature indexed in MEDLINE/PubMed Fontes dos dados: Realizou-se uma revisão da literatura indexa- between the years 1999 and 2012 on photoprotection in childhood da na base de dados MEDLINE/PubMed entre os anos de 1999 e 2012 was conducted. The most relevant review articles on photoprotection sobre fotoproteção na infância, selecionando-se como fonte os artigos in children and adolescents, photoprotection and vitamin D in neonatal de revisão mais relevantes, do ponto de vista de abrangência do tema phototherapy and impact on skin cancer, artificial tanning and skin cancer fotoproteção em crianças e adolescentes, fotoproteção e vitamina D, were selected as sources. fototerapia na neonatologia e impacto no câncer cutâneo, bronzeamento Summary of the findings: Children and adolescents should adopt artificial e câncer cutâneo. appropriate measures of photoprotection in order to decrease the risk Síntese dos dados: Crianças e adolescentes devem adotar medi- of melanoma and non-melanoma skin cancer. das adequadas de fotoproteção para diminuir o risco de câncer cutâneo Conclusions: There are published data that support the association melanoma e não melanoma. between sun exposure habits and safe use of topical sunscreens in Conclusões: Há dados na literatura que suportam a associação de children and adolescents on the one hand and a reduced occurrence of hábitos de exposição solar segura e uso de fotoprotetores tópicos em crian- skin cancer on the other. ças e adolescentes com a redução da ocorrência do câncer cutâneo. J Pediatr (Rio J). 2012;88(3):203-10: Melanoma maligno, câncer J Pediatr (Rio J). 2012;88(3):203-10: Malignant melanoma, skin cutâneo, fotoproteção. cancer, photoprotection. Introdução O aumento na incidência do câncer cutâneo é decorrente uso de filtros solares3,5-8. As queimaduras solares resultam do comportamento pessoal de cada indivíduo em relação à em dano à pele que pode causar câncer cutâneo no futuro, proteção solar1-3. Um estudo recente francês demonstrou o que tem levado à adoção de medidas de saúde pública que 70% dos pediatras entrevistados gostariam de obter primárias focadas na prevenção de queimaduras solares e mais informações sobre quais fotoprotetores deveriam ser proteção à exposição solar7,9. 4 recomendados às crianças . Existem vários fatores que regem o dano solar na in- A efetiva proteção solar para crianças compreende a ado- fância, seus efeitos e as medidas de prevenção do câncer ção de várias medidas, entre as quais roupas adequadas e o cutâneo. 1. Doutor, Dermatologia, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP. Médico assistente, Divisão de Dermatologia, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP. 2. Doutora, Dermatologia, USP, São Paulo, SP. Médica assistente, Divisão de Dermatologia, Ambulatório de Dermatologia Pediátrica, HC-FMUSP, São Paulo, SP. 3. Doutora. Professora, Faculdade de Medicina, USP, São Paulo, SP. Chefe, Ambulatório de Dermatologia Pediátrica, HC-FMUSP, São Paulo, SP. Não foram declarados conflitos de interesse associados à publicação deste artigo. Como citar este artigo: Criado PR, de Melo JN, de Oliveira ZN. Topical photoprotection in childhood and adolescence. J Pediatr (Rio J). 2012;88(3):203-10. Artigo submetido em 10.02.12, aceito em 06.03.12. http://dx.doi.org/10.2223/JPED.2194 203 204 Jornal de Pediatria - Vol. 88, N° 3, 2012 Fotoproteção - Criado PR et al. Aspectos comportamentais - Modo de construção do tecido: o arranjo geométrico das A pedra angular do conceito que indica a fotoproteção na fibras e fios pode influenciar em como elas ficam justa- infância é o conhecimento de que a exposição solar excessiva, postas e determina o fator de cobertura do tecido. nessa faixa etária, é um fator particularmente significativo no - Peso por unidade de área: o maior peso do tecido por risco futuro de desenvolvimento do câncer da pele6. unidade de área também aumenta o fator de proteção. Há dois fatores básicos que determinam nível elevado de - Espessura do tecido: maior espessura determina aumento exposição solar na infância e sua relação com o câncer da do fator de proteção ultravioleta (UPF). pele: (I) ao contrário da maioria dos adultos em ambiente - Composição do tecido: alguns materiais naturalmente ab- urbano, as crianças despendem grande parte do seu tempo sorvem UVR mais intensamente em relação a outros. diário em ambientes externos e, assim, invariavelmente se - Cor: em geral, as cores escuras e as altas concentrações encontram expostas ao sol; (II) sabe-se que as queimadu- de corantes absorvem mais UVR. Cores escuras no mesmo ras solares na infância constituem um fator fundamental na tecido, como azul, vermelho e preto, absorvem mais a patogênese do melanoma maligno (MM). UVR do que as cores claras, como o branco, azul claro Alguns autores estimam que 25 a 50% da exposição solar ou bege. que uma pessoa recebe durante a sua vida é obtida antes - Aditivos adicionados ao tecido: produtos químicos, como dos 18-21 anos de idade6,10. os agentes branqueadores ópticos e redutores da UVR, Existe uma clara relação entre a exposição solar ao longo podem ser adicionados aos tecidos para aumentar a dos anos (acumulativa) e o desenvolvimento de carcinomas proteção. cutâneos – carcinoma espinocelular (CEC) e carcinoma - Tensão do tecido: quando o tecido é esticado, o seu UPF basocelular (CBC), denominados em conjunto como câncer pode ser reduzido. cutâneo não melanoma (CCNM) – e, ainda, uma acentuada relação entre queimadura solar intermitente e o desenvol- - Umidade no tecido: muitas roupas, quando umedecidas, vimento do MM. podem ter seu UPF reduzido, dependendo do tipo de tecido empregado e a quantidade de umidade absorvida Entre as várias medidas de proteção à radiação solar, o pelo mesmo. uso de filtros solares de uso tópico tem demonstrado prevenir o surgimento do CCNM6. Stern et al.11, ainda na década de - Desenho da roupa: dependendo da exposição da pele em 1980, demonstraram que a incidência do CCNM ao longo decotes ou mangas, a proteção é diretamente menor. da vida poderia ser reduzida em 78% com o uso de filtros - Condições de lavagem: muitas roupas, conforme são solares com fator de proteção solar (FPS) de número 15 ou lavadas, sofrem um encolhimento, com diminuição do maior durante os primeiros 18 anos de vida. espaçamento da trama do tecido, o que eleva o seu Outro fator que influencia o comportamento de uma UPF. proteção solar efetiva é a idade da criança12. Isso implica na sua capacidade em efetuar essa fotoproteção de forma A padronização utilizou o termo UPF para designar, então, 12 independente dos adultos . Por outro lado, especialmente im- a quantidade de proteção propiciada pelos tecidos e roupas portante é o quanto elas estão dispostas a realizar de forma além do FPS. Na Tabela 1, podemos observar o esquema de 12 consistente a proteção solar, por si próprias . Nas crianças classificação das roupas segundo a normativa dos Padrões pré-escolares e em idade de escolaridade primária, a foto- Australianos/Neozelandeses (AS/NZS) 4388. Posterior- proteção, em geral, é dependente do grau de conscientização mente, agências norte-americanas, inglesas e europeias dos pais, enquanto que, nos adolescentes, o envolvimento estabeleceram suas próprias determinações em relação a pessoal é determinante para o hábito da fotoproteção, e que essa questão13. esta atitude não seja classificada como indesejável pelo seu grupo de convívio12. São, portanto, importantes campanhas de proteção solar adequadas a cada faixa etária12. Aspectos relacionados à cor da pele Outra questão relevante às crianças é o uso de roupas A cor da pele tem grande influência na capacidade de como meio de realizar fotoproteção. Durante o verão de ocorrer eritema induzido pela UVR. Na dermatologia, a me- 1990/1991, na Austrália, o Cancer Council Victoria solicitou a lhor classificação em relação à capacidade de responder com determinação de proteção à radiação ultravioleta (UVR) ofe- eritema e bronzeamento é aquela proposta por Fitzpatrick, 14 recida por camisetas de uso típico no verão naquele país13. que classifica os indivíduos de acordo com seu fototipo (Tabela 2). Atualmente, no mercado do vestuário, há roupas que podem auxiliar na fotoproteção. Várias características deter- A incidência mais baixa de câncer cutâneo entre pessoas minam se uma roupa oferece uma boa fotoproteção13: negras é fundamentalmente resultante da fotoproteção propi- ciada pela abundante melanina epidérmica, a qual propicia um - Fator de cobertura ou densidade da trama: é definido como FPS natural de cerca de 13,4 nos indivíduos negros15,16. a porcentagem da superfície do tecido que é coberta pela fibra ou fio.