1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS

JOSÉ PEREIRA REBOUÇAS JÚNIOR

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA DO VENENO DA SERPENTE Bothrops moojeni

FORTALEZA 2010

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

2

JOSÉ PEREIRA REBOUÇAS JÚNIOR

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA DO VENENO DA SERPENTE Bothrops moojeni

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará como requisito para obtenção do grau de Mestre em Ciências Fisiológicas

Orientador: Prof. Dr. Krishnamurti de Morais Carvalho

FORTALEZA 2010 3

JOSÉ PEREIRA REBOUÇAS JÚNIOR

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA DO VENENO DA SERPENTE Bothrops moojeni

Aprovado em: 24/ 06/ 2010

BANCA EXAMINADORA

______Profo. Dr. Krishnamurti de Morais Carvalho - Orientador Universidade Estadual do Ceará – UECE

______Profo. Dr. Bruno Andrade Cardi Universidade Estadual do Ceará – UECE

______Profa. Dra. Silvânia Maria Mendes Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - UFC

4

Aos meus pais, familiares e amigos, que sempre apoiaram as minhas decisões, incentivaram-me nos momentos difíceis e vibraram nas minhas vitórias. Obrigado por todo o amor ofertado.

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, minha fonte de inspiração, o grande motivador de nossas vidas.

Aos meus pais, Rebouças e Socorro, que nunca mediram esforços para que eu pudesse chegar até aqui e que sempre foram para mim um exemplo de dignidade e retidão.

Á minha família, em especial minhas tias Fátima e Neuma, que sempre depositaram em mim uma confiança ímpar.

Aos meus amigos Arilson, Leane, Everton, Cátia e Oriana, que foram companheiros e incentivadores.

Ao Prof. Dr. Krishnamurti de Morais Carvalho, por ter contribuído na minha formação, desde a iniciação científica, pelo acompanhamento, sua prestimosa amizade e por ter partilhado seus valiosos conhecimentos.

Ao Prof. Dr. Bruno Andrade Cardi, por sua co-orientação, atenção e colaboração na construção da minha dissertação.

A Profa. Dra. Silvânia Maria Mendes Vasconcelos, por ter se disponibilizado a participar da minha banca, contribuindo com sua competência.

À minha grande amiga Carol, pela paciência, companheirismo e pelo extremo apoio durante todos os momentos da minha vida acadêmica.

Ás minhas amigas de laboratório Milena e Karol, que tanto colaboraram no desenvolvimento dos meus experimentos.

Á todos que fazem parte do Laboratório de Toxinologia e Farmacologia Molecular, pelo auxílio e bom convívio.

6

Aos meus amigos de mestrado e por toda a vida, Raquel, Jones, Leidiane, Sarah, Albertina e Graciana, pela amizade e pelos momentos de descontração durante essa difícil caminhada.

Aos Professores do Mestrado, pelos conhecimento e pela exemplar condução durante esses dois anos.

Á Rosa Germana, pela grande colaboração nos experimentos no laboratório e por sua amizade.

As secretárias Ecila e Lindalva e a todos os funcionários do mestrado, pela disponibilidade.

Aos animais que doaram suas vidas pelo progresso da ciência.

A FUNCAP, pelo apoio financeiro para realização deste trabalho.

7

“Um homem pode ser medido pelo tamanho dos seus sonhos.” Fernando Pessoa

8

RESUMO Avaliação da atividade antinociceptiva do veneno da serpente Bothrops moojeni. JOSÉ PEREIRA REBOUÇAS JÚNIOR. Orientador: Profo. Dr. Krishnamurti de Morais Carvalho. Dissertação de Mestrado. Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas, Universidade Estadual do Ceará - UECE, 2010.

Estudos têm sido desenvolvidos visando a busca de novas substâncias analgésicas que proporcionem um tratamento eficaz no alívio das dores intensas. Assim, o objetivo desse trabalho foi estudar a atividade antinociceptiva do veneno bruto da serpente Bothrops moojeni em modelos experimentais. O efeito antinociceptivo central e periférico do veneno bruto foi avaliado em quatro ensaios farmacológicos: teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético, teste da formalina, teste da retirada da cauda (tail-flick) e teste da placa quente. Esse efeito foi comparado com o do analgésico clássico morfina e o envolvimento do sistema opióide foi verificado através do uso da naloxona, antagonista opióide clássico. Em todos os testes realizados foram utilizados camundongos swiss (Mus musculus) (n = 6) e tanto o veneno bruto de Bothrops moojeni como a morfina foram administrados por via intraperitoneal. No teste de contorções abdominais, o veneno bruto apresentou atividade analgésica periférica nas doses de 0,025 mg/Kg (24,00 ± 2,77 ); 0,05 mg/Kg (12,38 ± 2,61); 0,1 mg/Kg (8,50 ± 1,21) e 0,2 mg/Kg (4,40 ± 0,60) em relação ao controle negativo (35,38 ± 2,37). A dose de 0,2 mg/Kg inibiu as contorções abdominais em aproximadamente 87,5% e foi significativamente diferente das doses de 0,025 mg/Kg (32,1%); 0,05 mg/Kg (65,0%) e 0,1 mg/Kg (76,0%). No teste da formalina, fase 1, o veneno bruto inibiu, de forma significativa, o tempo de lambida na pata injuriada apresentando atividade antinociceptiva de origem neurogênica nas doses de 0,1 mg/Kg (70,00 ± 6,09) e 0,2 mg/Kg (51,86 ± 5,14) em relação ao controle negativo (111,40 ± 5,08). As doses de 0,2 mg/Kg e 0,1 mg/Kg inibiram o tempo de lambida em aproximadamente 37,0% e 53,5%, respectivamente. Na fase 2 do teste da formalina, o veneno bruto apresentou atividade antinociceptiva nas doses de 0,025 mg/Kg (156,3 ± 6,22); 0,0 5mg/Kg (88,14 ± 11,96), 0,1 mg/Kg (63,71 ± 7,09) e 0,2 mg/Kg (42,45 ± 5,25) em relação ao controle negativo (222,70 ± 17,75), demonstrando atividade analgésica de origem inflamatória. A dose de 0,2 mg/Kg inibiu o tempo de lambida em aproximadamente 81,0% e foi significativamente diferente das doses de 0,025 mg/Kg (30,0%); 0,05 mg/Kg (60,5%) e 0,1 mg/Kg (71,5%). No teste da placa quente e da retirada da cauda, o veneno bruto não apresentou atividade antinociceptiva central-cerebral e medular, respectivamente, em nenhuma das doses testadas. Foi verificado também que a naloxona (5,0 mg/kg), intraperitoneal, não foi capaz de bloquear o efeito antinociceptivo do veneno bruto em nenhum dos testes realizados, provavelmente indicando que seu mecanismo de ação não envolve a via opióide. Conclui-se assim que o veneno bruto da serpente Bothrops moojeni apresentou atividade antinociceptiva periférica, e possui um potencial biológico para ser utilizado como ferramenta para o estudo da nocicepção, podendo servir para o desenvolvimento de novos medicamentos para tratamento da dor.

Palavras-chave: Bothrops moojeni, veneno bruto, atividade antinociceptiva. 9

ABSTRACT

Evaluation of antinociceptive activity from the venom of Bothrops moojeni. JOSÉ PEREIRA REBOUÇAS JR. Supervisor: Prof.. Dr. Krishnamurti de Morais Carvalho. Master´s Dissertation. Course of Academic Master in Physiology Science. Superior Institute of Biomedics Science, UECE, 2010.

Studies have been developed in search of new analgesic substances that provide an effective treatment for the relief of severe pains. The objective of this study was to investigate the antinociceptive effect from the venom of Bothrops moojeni in experimental models. The central and peripheral antinociceptive effect of crude venom was evaluated in four pharmacological tests: the writhing test induced by acetic acid, the formalin test, the tail-flick test and the hot plate test. This effect was compared with the classic analgesic morphine and the involvement of the opióide system was verified through the use of naloxona, opióide antagonist classic. In all tests were used swiss mice (Mus musculus) (n = 6) and route of administration of crude venom of Bothrops moojeni and morphine was the intraperitoneal. In the writhing test, the crude venom showed peripheral analgesic activity at doses of 0,025 mg/kg (24,00 ± 2,77); 0,05 mg/kg (12,38 ± 2,61); 0,1 mg/kg (8,50 ± 1,21) and 0,2 mg/kg (4,40 ± 0,60) compared to negative control (35,38 ± 2,37). The dose of 0,2 mg/Kg inhibited the writhing in approximately 87,5% and was significantly different from doses of 0,025 mg/Kg (32,1%); 0,05 mg/Kg (65,0%) and 0,1 mg/Kg (76,0%). In the formalin test, phase 1, the crude venom inhibited significantly the time to lick the injured leg showing antinociceptive activity of neurogenic origin in doses of 0,1 mg/kg (70,00 ± 6.09) and 0,2 mg/kg (51,86 ± 5,14) compared to negative control (111,40 ± 5,08). In phase 2 of the formalin test, the crude venom showed antinociceptive activity at doses of 0,025 mg/kg (156,3 ± 6,22); 0,05 mg/kg (88,14 ± 11,96); 0,1 mg/kg (63,71 ± 7,09) and 0,2 mg/kg (42,45 ± 5,25) compared to negative control (222,70 ± 17,75), showing analgesic activity of inflammatory origin. The dose of 0,2 mg/kg inhibited the licking time in approximately 81,0% and was significantly different from doses of 0,025 mg/kg (30,0%); 0,05 mg/kg (60,5%) and 0,1 mg/kg (71,5%). In the hot plate and tail-flick, the crude venom didn´t show antinociceptive activity of central-brain and spinal cord, respectively, in any of the doses tested. It was also found that naloxone (5,0 mg/kg), intraperitoneal, was unable to block the antinociceptive effect of crude venom on any of the tests, probably indicating that its mechanism of action doesn´t involve the opioid route. It is therefore concluded that the crude venom of Bothrops moojeni showed antinociceptive activity peripherally and have a biological potential to be used as a tool for the study of nociception, which may serve to develop new drugs to treat pain.

Keywords: Bothrops moojeni, crude venom, antinociceptive activity. 10

LISTA DE ABREVIATURAS

. ºC - graus Célsius . ATP – adenosina trifosfato . beta . CCK – colecistoquinina . CGRP - peptídeo relacionado ao gen da calcitonina . cm - centímetros . δ – delta

. DL50 – Dose Letal 50% . g - grama (s) . i.p. - intraperitoneal . i.v. - intravenosa . k – kappa . K+ - potássio . Kg - quilograma (s) . mg - miligrama (s) . min - minuto (s) . mL - mililitro (s) . mu . L – microlitro (s) . NKA – neurocinina A . NKB – neurocinina B . NO - óxido nítrico . PG – prostaglandinas . s - segundo (s) . SG - substância gelatinosa . SNC - sistema nervoso central . SNP – sistema nervoso periférico . SP - substância P . SVMPs - metaloproteases dos venenos das serpentes . P.M. – peso molecular 11

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Via ascendente da nocicepção...... 19 Figura 02: Teoria do portão de MELZACK e WALL ...... 21 Figura 03: Estrutura química da morfina...... 22 Figura 04: Exemplar adulto de Bothrops moojeni...... 27 Figura 05: Injeção na cavidade peritoneal de camundongo ...... 42 Figura 06: Modelo de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético ...... 42 Figura 07: Injeção subplantar de formalina 4% ...... 43 Figura 08: Reação à injeção subplantar de formalina 4% ...... 43 Figura 09: Aparelho placa quente ...... 44 Figura 10: Teste da placa quente – respondendo ao estímulo (lambidas)... 44 Figura 11: Aparelho banho-maria ...... 45 Figura 12: Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético ...... 50 Figura 13: Efeito da naloxona na atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético ...... 51 Figura 14: Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da formalina – fase 1 ...... 52 Figura 15: Efeito da naloxona na atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da formalina – fase 1...... 53 Figura 16: Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da formalina – fase 2 ...... 54 Figura 17: Efeito da naloxona na atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da formalina – fase 2...... 55 Figura 18: Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da placa quente ...... 56 Figura 19: Efeito da naloxona na atividade antinociceptiva veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da placa quente ...... 57 Figura 20: Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da retirada da cauda (Tail-Flick) ...... 58

12

Figura 21: Efeito da naloxona na atividade antinociceptiva veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da retirada da cauda (Tail-Flick) ...... 59

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Exame físico e observação de animais em estudo de toxicidade – adaptada e traduzida de LOOMIS & HAYES, 1996 ...... 40 Tabela 02: Exame físico e observação de animais em estudo de toxicidade – Resultados do veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) ...... 48

Tabela 03: Resultado do teste da DL50 do veneno bruto de Bothrops moojeni ...... 49

14

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...... 15 1.1 DOR ...... 15 1.1.1 Aspectos gerais ...... 15 1.1.2 Tipos de dor ...... 16 1.1.3 Vias neuronais envolvidas na percepção da dor ...... 17 1.2 ANALGÉSICOS OPIÓIDES ...... 22 1.3 AS SERPENTES E O VENENO BOTRÓPICO...... 25 1.4 ATIVIDADE ANALGÉSICA NOS VENENOS DE SERPENTES ...... 33 2 JUSTIFICATIVA ...... 36 3 OBJETIVOS ...... 37 3.1 OBJETIVO GERAL ...... 37 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...... 37 4 MÉTODOS ...... 38 4.1 MATERIAIS ...... 38 4.1.1 Reagentes ...... 38 4.1.2 Aparelhos e instrumentos ...... 38 4.2 MÉTODOS EXPERIMENTAIS ...... 39 4.2.1 Animais ...... 39 4.2.2 Obtenção do veneno da serpente Bothrops moojeni ...... 39 4.3 ENSAIOS FARMACOLÓGICOS ...... 40 4.3.1 Avaliação da Toxicidade ...... 40 4.3.2 Teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético (0,8%)...... 41 4.3.3 Teste da formalina (4,0%) ...... 43 4.3.4 Teste da placa quente ...... 44 4.3.5 Teste da retirada da cauda (Tail-Flick)...... 45 4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...... 46 5 RESULTADOS ...... 47 5.1 AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE ...... 47 5.2 TESTE DAS CONTORÇÕES ABDOMINAIS INDUZIDAS POR ÁCIDO ACÉTICO (0.8%0 ...... 50 5.3 TESTE DA FORMALINA (4,0%) ...... 52 5.3.1 Fase 1 ...... 52 5.3.2 Fase 2 ...... 54 5.4 TESTE DA PLACA QUENTE ...... 56 5.5 TESTE DA RETIRADA DA CAUDA (Tail-Flick)...... 58 6 DISCUSSÃO ...... 60 7 CONCLUSÃO ...... 65 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 66

15

1 INTRODUÇÃO

1.1 DOR

1.1.1 Aspectos gerais

A dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), 1994, como sendo “uma experiência emocional e sensorial desagradável associada com uma lesão tecidual real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão”. OLIVEIRA (1979) descreve a dor como um alerta que o Sistema Nervoso Central (SNC) utiliza para sinalizar um processo de agressão ao organismo com risco para a sua integridade física. Este alerta desencadeia um conjunto de reações de adaptação, de ordem psicológica, autonômica e motora, visando afastar o organismo da causa da agressão, preservando-o (MILLAN, 1999; WOOLF et al., 1999; VITOR et al., 2008).

Apesar das sensações dolorosas serem um aviso do qual o organismo se utiliza para sinalizar um processo de agressão, a problemática da dor acompanha a humanidade na medida em que interfere na homeostasia do indivíduo e da sua relação com o meio (PIRES, 2007). A inadequação dos tratamentos atuais disponíveis para essa condição se deve, em grande parte, à compreensão ainda incompleta dos processos dolorosos (PEREIRA, 2004).

A dor apresenta dois componentes importantes: o componente sensorial e o componente emocional/afetivo. O componente sensorial, que corresponde ao mecanismo neurofisiológico, que permite, por meio da ativação de receptores, a transmissão e interpretação do estímulo nocivo, que em geral, é forte o suficiente para produzir lesão tecidual. O componente emocional corresponde à percepção do estímulo doloroso pelo indivíduo, que é seguida pela tomada de consciência e pela reação à dor. É uma resposta afetiva à percepção do estímulo doloroso (RAMADABRAN & BANSINATH, 1996; JULIUS & BASBAUM, 2001; ALMEIDA et al., 2004). Assim, a quantificação da mesma, e conseqüentemente da analgesia, sofre influências de vários fatores incluindo o estado emocional, razão da principal dificuldade de mensuração da dor (CAMPBELL & LAHUERTA, 1983). 16

A dor se manifesta de diferentes formas e por isso não pode ser entendida ou tratada como uma entidade única (BESSON, 1999). Cada tipo possui mecanismos próprios e necessita de manejo específico, sendo, portanto, imprescindível o entendimento preciso de cada um deles. A compreensão destes mecanismos, dos mediadores envolvidos e das adaptações que sofre o organismo é importante para o desenvolvimento de novos fármacos analgésicos que atuem no controle específico deste sintoma.

1.1.2 Tipos de dor

De acordo com o tipo de lesão e/ou mediadores envolvidos, a dor pode ser denominada nociceptiva (estimulação excessiva dos nociceptores), neurogênica (associada à lesão do tecido neural), neuropática (associada à disfunção de um nervo) ou psicogênica (associada com fatores psicológicos). Além disso, podem ocorrer manifestações dolorosas decorrentes de algumas desordens como a hiperalgesia (sensibilidade exacerbada a um estímulo doloroso), alodinia (dor em resposta a um estímulo não-doloroso) e hiperstesia (sensibilidade anormal a um estímulo sensorial) (BESSON & CHAOUCH, 1987; DRAY et al., 1994; BESSON, 1999; CARR & GOUDAS, 1999).

O processo doloroso é classificado de várias formas, mas o critério temporal é o mais utilizado por levar em consideração o tempo de sua atividade. Quanto à duração de ação, a dor pode ser aguda, transitória ou crônica. Quando o episódio doloroso é transitório, ocorre ativação dos nociceptores sem que haja dano tecidual. A dor aguda geralmente está associada com uma lesão tecidual recente, ativação de nociceptores no local da lesão, e pode desaparecer até mesmo antes da cura do dano tecidual (CARR & GOUDAS, 1999). Já a dor crônica ocorre devido a uma lesão ou patologia, podendo ser perpetuada por outros fatores além daqueles que causaram a dor propriamente dita, e pode permanecer por meses ou anos (LOESER & MELZACK, 1999). A dor crônica pode acarretar conseqüências físicas, comportamentais, mentais, psicológicas e psicossociais, além de envolver grave estresse emocional.

A dor aguda tem um valor biológico adaptativo já que se desenvolve em resposta a um estímulo potencialmente nocivo ao tecido atuando como um 17

sinalizador da integridade tecidual, promovendo respostas protetoras (SERRA, 1999; AGUGGIA, 2003; CORTELLI & PIERANGELI, 2003; VITOR et al., 2008).

A dor crônica, por sua vez, não possui caráter protetor. Sua duração excede a do reconhecimento natural de um estímulo e pode estar presente na ausência de qualquer agente indutor identificável (SERRA, 1999; AGUGGIA, 2003; CHONG & BAJWA, 2003). Geralmente não é bem localizada e tende a ser maciça, contínua ou recorrente (MERSKEY et al., 1986; SMITH et al., 1986; FÜRST, 1999; VITOR et al., 2008). A dor crônica pode acarretar conseqüências físicas, comportamentais, mentais, psicológicas e psicossociais, além de envolver grave estresse emocional. A dor crônica difere substancialmente da dor aguda em relação à sua persistência, alterações adaptativas, tais como neuroplasticidade em vários níveis do sistema nervoso, e dificuldade de tratamento (IADAROLA & CAUDLE, 1997; BESSON, 1999; BASBAUM et al., 2000).

1.1.3 Vias neuronais envolvidas na percepção da dor

A dor é uma experiência sensorial desagradável de caráter subjetivo. A percepção sensorial, nocicepção, compreende a transmissão e o processamento da informação dolorosa. Assim, a estimulação nociva detectada pelos receptores periféricos é codificada como uma mensagem nociceptiva, a qual é progressivamente transmitida e processada em centros nervosos superiores. Já a subjetividade da sensação dolorosa ocorre porque a informação nociceptiva atinge não apenas regiões do sistema somatossensorial, mas também o sistema límbico (AGUGGIA, 2003; MILLAN, 1999).

A dor é iniciada com a detecção de um estímulo nocivo por sensores periféricos chamados nociceptores. Eles são sensibilizados quando o estímulo é potencialmente perigoso, ou seja, excede uma determinada faixa considerada fisiológica (MILLAN, 1999). Os nociceptores estão presentes na maioria dos tecidos corporais, incluindo pele, osso, músculo, maior parte dos órgãos internos, vasos sanguíneos e coração, estando ausentes no encéfalo, embora sejam encontrados nas meninges (BEAR et al., 2002). Eles são divididos em quatro subtipos principais, de acordo com os estímulos dolorosos a que respondem: mecanorreceptores (estímulos mecânicos), quimiorreceptores (estímulos químicos), receptores térmicos 18

(estímulos térmicos) e receptores polimodais. Os três primeiros respondem a um único tipo de estímulo, enquanto que o último pode responder aos três tipos já mencionados (JOHNSON, 2000).

Após a ativação dos nociceptores específicos, produz-se dor percebida de forma localizada, com intensidade proporcional à magnitude do estímulo e duração correspondente à vigência do estímulo doloroso. Uma estimulação mais intensa leva à ativação de nociceptores polimodais que desencadeia uma sensação de dor difusa e persistente, que perdura após o término do estímulo doloroso agudo. Nesta fase, ocorre o aparecimento dos aspectos emocionais da dor, que se tornam mais importantes nos quadros de dor crônica (AGUGGIA, 2003).

Há ainda os chamados nociceptores silenciosos (“silent” ou “sleeping”) os quais existem em pequena proporção nas fibras aferentes primárias e não respondem normalmente a estímulos. No entanto, quando são estimulados por mediadores inflamatórios ou após a administração de agentes flogísticos (pró- inflamatórios), estes nociceptores apresentam atividade espontânea ou tornam-se sensibilizados e passam a responder a estímulos sensoriais (JULIUS & BASBAUM, 2001).

Os nociceptores transmitem as informações dolorosas para a medula espinhal através das fibras sensoriais aferentes, sendo estas de dois tipos: Aδ (delta) e C. As fibras Aδ (delta) são fibras mielinizadas com diâmetro médio variando de 2 - 6 m, que possui velocidade de condução de 12 - 30 m/s e são responsáveis pela condução rápida do estímulo doloroso. As fibras C, por sua vez, são fibras amielínicas responsáveis pela condução lenta do impulso doloroso. Possui diâmetro pequeno que pode variar de 0,4 - 1,2 m e apresenta velocidade de condução de 0,5 - 2 m/s. Estas são as principais fibras responsáveis pela condução deste impulso (FURST, 1999; GRUBB, 1998; SHELLEY & CROSS, 1994). As fibras Aδ são responsáveis pela condução da “primeira dor”, a qual se caracteriza por ser rápida, aguda e pontual, e as fibras C transmitem a “segunda dor”, sendo esta atrasada, difusa e fraca (JULIUS & BASBAUM, 2001).

A transmissão aferente do estímulo nociceptivo relaciona informações vindas da periferia em direção ao SNC, sendo dependente da integração em três níveis do sistema nervoso: a medula espinhal, o tronco encefálico e o córtex 19

cerebral. As vias nociceptivas aferentes compreendem um sistema regulado por três neurônios que conectam a periferia ao córtex (Figura 01). A ascensão do estímulo nociceptivo inicia-se pelos neurônios de primeira ordem, constituídos por fibras Aδ e C, cujos corpos celulares estão localizados no gânglio da raiz dorsal e que recebem informações vindas da superfície corporal. Estes neurônios realizam sinapses com os corpos celulares dos neurônios de segunda ordem na região da comissura anterior, os quais estão localizados na lâmina II do corno dorsal na medula espinhal (AGUGGIA, 2003).

Figura 01 - Via ascendente da nocicepção. Fonte: BEYZAROV, 2006.

Os axônios dos neurônios de segunda ordem, por sua vez, cruzam para o lado oposto da medula espinhal e ascendem em direção ao córtex através do trato espinotalâmico anterolateral, a principal via ascendente para informação sobre dor e temperatura (AGUGGIA, 2003; MILLAN, 1999). Estas fibras conectam-se com os neurônios talâmicos de terceira ordem, que se projetam para o córtex 20

somatosensorial primário e para o sistema límbico, conferindo à dor características emocionais (AGUGGIA, 2003).

O tálamo desempenha um papel fundamental na integração do impulso doloroso. A partir do tálamo, neurônios de terceira ordem transmitem impulsos para o córtex cerebral, onde ocorre o processamento que resulta em consciência da dor (FÜRST, 1999).

Neurotransmissores e neuropeptídios, como as taquicininas [substância P (SP), neurocinina A (NKA) e neurocinina B (NKB)], peptídeo geneticamente relacionado com a calcitonina (CGRP), colecistocinina (CCK), somatostatina, óxido nítrico (NO), prostaglandinas (PG) e aminoácidos excitatórios, como glutamato e aspartato, estão envolvidos na transmissão do impulso doloroso das fibras aferentes primárias para os centros superiores. Eles são liberados pelos terminais dos aferentes primários no corno dorsal da medula, onde exercem importante papel na modulação da transmissão nociceptiva (CAO et al., 1995; ERICSSON et al., 1995; WOOLF, 1994; MILLAN, 1999). Atuam em receptores que estão distribuídos nos nervos periféricos e centrais pela associação à proteína G e formação de segundo - mensageiros, como as proteínas quinases A, C e G, adenosina monofosfato cíclico (AMPc) e a mobilização de cálcio (MILLAN, 1999).

O glutamato constitui o maior neurotransmissor que promove a comunicação dos neurônios aferentes periféricos, quando estimulados, com os neurônios do corno dorsal (NESTLER et al., 2001).

Além das vias nociceptivas ascendentes necessárias à interpretação da sensação dolorosa, o organismo humano dispõe de sistemas moduladores da dor (VÍTOR et al., 2008). Isto significa que o sistema nervoso central (SNC) não atua apenas como um centro receptor destes estímulos, mas que também modula a transmissão desta informação permitindo-nos selecionar determinadas informações sensoriais como o que ocorre, por exemplo, em circunstâncias de alto estresse para o indivíduo. A descoberta destas vias regulatórias da dor iniciou-se em 1965, quando MELZACK e WALL propuseram a existência de um sistema de controle da dor por comporta, a “Teoria do portão” (Figura 02), pelo qual a entrada dos impulsos nociceptivos no SNC seria regulada pela atividade de interneurônios inibitórios presentes no corno dorsal da medula espinhal, mais especificamente na área denominada substancia gelatinosa (SG, lâmina II de Rexed). Posteriormente, 21

ocorreram descobertas que demonstraram que a eficácia de comporta também poderia ser regulada por estruturas supraespinhais. Pesquisas subseqüentes comprovaram que a substancia cinzenta pareaquedutal, faz parte de um circuito central que controla a transmissão nociceptiva no corno dorsal da medula espinhal (FIELDS & BASBAUM, 1999).

FIGURA 02: Teoria do Portão de MELZACK & WALL. Fonte: BEAR et al., 2002.

Existe também a participação de vias descendentes no "mecanismo de portão", que controlam a transmissão de impulsos no corno dorsal. Uma parte essencial desse sistema descendente é a área cinzenta periaquedutal do mesencéfalo, que recebe impulsos de muitas regiões cerebrais, incluindo o hipotálamo, o córtex e o tálamo. A principal via neuronal ativada pela estimulação da área cinzenta periaquedutal dirige-se inicialmente para uma área do bulbo próxima à linha média, conhecida como núcleo da rafe magna que utiliza a serotonina como neurotransmissor, e a partir daí percorre o funículo dorsolateral da medula espinhal, 22

formando conexões sinápticas com os interneurônios do corno dorsal. Os interneurônios atuam ao inibir a descarga dos neurônios espinotalâmicos através do núcleo reticular paragigantocelular, de modo que esse sistema inibitório descendente possa fazer parte de uma alça de retroalimentação reguladora, através da qual a transmissão pelo corno dorsal seja controlada de acordo com a quantidade de atividade que alcança o tálamo (RANG et al., 2001).

A via inibitória descendente constitui um importante alvo para ação dos analgésicos opióides (RANG et al., 2001; BENNETT, 2005). Visto que baixas doses de morfina ou endorfinas na área cinzenta periaquedutal, no núcleo da rafe magna ou no corno dorsal podem causar analgesia, além de tal efeito ser inibido pela naloxona, que é um bloqueador específico opióide. Assim, supõe-se que os receptores opióides sejam os locais dessas drogas (BEAR et al., 2002).

1.2 ANALGÉSICOS OPIÓIDES

Opióide é um termo geral usado para identificar qualquer substância, natural ou sintética, cuja ação analgésica é semelhante aos efeitos da morfina e que possuam a naloxona como antagonista (RANG et al., 2008).

A morfina, alcalóide mais importante do ópio, pertence ao grupo fenantrênico e possui na sua fórmula estrutural dois grupos hidroxilas (CARVALHO & VIANNA, 1994) (Figura 03).

FIGURA 03 – Estrutura química da morfina. Fonte: http://www.dq.fct.unl.pt

Os opióides foram os grupos mais estudados dentre os outros grupos de drogas, permitindo, assim, o desenvolvimento de novos agentes dotados de vantagens significativas em relação à morfina. Mesmo com esse estudo, a morfina continua sendo o agente convencional para avaliação de qualquer novo agente (DUGGAN & NORTH, 1984; PASTERNAK, 1993; YAKSH, 1997). 23

Snyder e colaboradores, em 1973, conseguiram provar, através de estudos de ligação, que os opióides são reconhecidos por receptores específicos. Os tipos de receptores opióides são μ (mu), κ (kappa), δ (delta) e receptores nociceptina. Eles diferem entre si por diferentes afinidades aos ligantes opióides endógenos e também às drogas opióides exógenas (CHILDERS, 1997). Os principais ligantes opióides endógenos são: encefalina, seletiva para receptores tipo δ; dinorfina, seletiva para receptores tipo κ; e endorfina a qual possui alta afinidade para receptores tipo δ e μ e baixa afinidade para receptores tipo κ (GOLDSTEIN & NAIDU, 1989; LORD et al., 1977).

Os receptores μ são responsáveis pela maioria dos efeitos analgésicos dos opióides. A morfina e a maioria de seus análogos exercem seus efeitos analgésicos atuando principalmente nestes receptores. Os receptores δ, são mais importantes na periferia. Já os receptores k induzem analgesia mediada principalmente nos locais espinhais (GOLDSTEIN & NAIDU, 1989). Os resultados da estimulação do receptor da nociceptina não estão ainda totalmente esclarecidos, tanto mais que em algumas situações experimentais a sua estimulação provoca analgesia e em outras hiperalgesia.

Os receptores opióides estão expressos nos nervos envolvidos na transmissão da dor (trajetória ascendente sensorial) e modulação (trajetória inibitória descendente) na periferia, na medula espinhal e no cérebro (MANSOUR et al., 1994). Eles previnem a ativação e sensibilização dessas fibras e inibem a liberação de neurotransmissores, por estarem presentes nas fibras C dos nervos aferentes primários sensitivos (STEIN et al., 1993).

Os receptores opióides são acoplados à proteína G, que inibem a adenilato ciclase, reduzindo assim o conteúdo intracelular de AMPc (DHAWAN et al., 1996). Três subtipos de receptores, μ (mu), κ (kappa), δ (delta), exercem esse efeito, além de exercerem efeitos sobre os canais iônicos através de um acoplamento direto da proteína G ao canal. Através desse mecanismo, os opióides promovem a abertura dos canais de potássio e inibem a abertura dos canais de cálcio regulados por voltagem que constituem os principais efeitos observados na membrana. Esses efeitos sobre a membrana reduzem tanto a excitabilidade neuronal (aumentando a condutância do potássio e provocando hiperpolarização da membrana) quanto à 24

liberação de transmissores (devido à inibição da entrada de cálcio) (NORTH, 1993; WAY et al., 2002).

Na medula, a morfina inibe a transmissão de impulsos nociceptivos através do corno dorsal e suprime os reflexos medulares nociceptivos, até mesmo em pacientes com transecção da medula espinhal. Essa ação se dá por meio da inibição da liberação de substância P dos neurônios do corno dorsal in vitro e in vivo, através de um efeito inibitório pré-sináptico sobre as terminações centrais dos neurônios aferentes nociceptivos (RANG et al., 2001).

Há também evidências de que os opióides inibem a descarga das terminações aferentes nociceptivas na periferia, particularmente em condições de inflamação, quando ocorre aumento da expressão dos receptores opióides por neurônios sensoriais (SMITH & REYNARD, 1995; WAY et al., 2002). A injeção de morfina na articulação do joelho, após cirurgia produz analgesia eficaz, abalando o antigo princípio de que a analgesia dos opióides é exclusivamente um fenômeno central (STEIN & YASSOURIDIS, 1997).

Os opióides variam não apenas na sua especificidade para receptores, mas também na sua eficácia sobre os diferentes tipos de receptores. Assim, alguns agentes atuam como agonistas em um tipo de receptor (possuem um efeito máximo para analgesia, e incluem a maioria das drogas típicas semelhantes à morfina, por exemplo, codeína, metadona e dextropropoxifeno) e como antagonistas (drogas que não possuem atividade farmacológica intrínseca, porém bloqueiam os efeitos dos agonistas, por exemplo, naloxona e naltrexona) ou agonistas parciais em outros (possuem baixa eficácia, combinam certo grau de atividade agonista e antagonista em diferentes receptores, por exemplo, nalorfina e pentazocina) (SMITH & REYNARD, 1995; RANG et al., 2001).

Como utilização clínica, os agonistas opióides são empregados no alívio da dor aguda intensa ou crônica moderada, como as associadas às dores pós- operatórias, dores associadas às lesões agudas, cólica renal ou biliar, infarto agudo do miocárdio ou câncer. Essas substâncias podem ser utilizadas, também, na sedação pré-operatória e anestesia suplementar (CLAYTON & STOCK, 2006; BODNAR et al., 2008). 25

Os efeitos colaterais adversos esperados, quando se utilizam os agonistas opióides, são: cefaléia leve, confusão, sedação, náusea, vômitos, sudorese (sintomas que aparecem, geralmente, com a dose inicial), desorientação, hipotensão ortostática (manifestada por tonteira e fraqueza, ocorrendo no início da terapia) e constipação (advinda do uso contínuo dessas drogas). A depressão respiratória, retenção urinária, também são efeitos colaterais relatados (CLAYTON & STOCK, 2006).

Os agonistas opióides podem produzir tolerância ou dependência psicológica e física com o uso contínuo e prolongado, sendo essas as principais limitações clínicas aos seus usos (JEFFE & MARTIN, 1996; OSSIPOV et al., 2003; MERRER et al., 2009). A tolerância ocorre na necessidade de doses cada vez maiores para se conseguir o mesmo efeito analgésico. O uso contínuo de agentes opióides pode ocasionar respostas hiperalgésicas durante uma retirada precipitada dos mesmos. Esta observação sugere que um processo pró-nociceptivo possa ser desenvolvido. Uma sensibilidade dolorosa anormal incluindo hiperalgesia e alodinia ocorre em animais que estão recebendo administração de opióides na ausência de interrupções. Esse efeito paradoxal de sensibilidade dolorosa induzida por opióides pode contribuir para a manifestação de tolerância aos mesmos (MAO, 2002; OSSIPOV et al., 2003).

1.3 AS SERPENTES E O VENENO BOTRÓPICO

Os venenos e toxinas de origem animal têm sido utilizados nos laboratórios de fisiologia e farmacologia como ferramentas de grande importância para uma melhor compreensão de diversos processos envolvidos na regulação da homeostase. Já foram isoladas diversas classes de moléculas com atividade em diversos sistemas, algumas delas levando ao desenvolvimento de novos fármacos.

Estudos neurofarmacológicos têm demonstrado a presença de atividade analgésica, tanto periférica quanto central, em venenos de serpentes ou de substâncias isoladas destes (RAJENDRA et al., 2004; CURY & PICOLO, 2006).

As serpentes fazem parte do Filo Chordata, Classe Reptilia, Ordem e Subordem Serpentes. Cerca de 3000 espécies são conhecidas no 26

mundo, sendo que, apenas aproximadamente 10 a 14% das mesmas são peçonhentas (CARDOSO & BRANDO, 1982; PINHO & PEREIRA, 2001). No Brasil, as principais serpentes peçonhentas de importância médica pertencem às famílias Viperidae, com os gêneros Bothrops (jararaca ou urutu), Crotalus (cascavel ou maracambóia) e Lachesis (surucucu), , com o gênero e Colubridae, com os gêneros Philodryas e Clelia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

As serpentes do gênero Bothrops pertencem à família Viperidae, são todas solenóglifas, ou seja, apresentam presas grandes, agudas e ocas que permanecem paralelas ao crânio em repouso e alcança 90° durante o bote, e são de grande distribuição pelo Brasil (RIBEIRO, 1990). Possuem cauda lisa, não tem chocalho e as suas cores variam muito, dependendo da espécie e da região onde vivem. Jararacas, como são conhecidas, habitam preferencialmente áreas úmidas, apresentam hábito noturno e são muito agressivas (FRANÇA & MÁLAQUE, 2003). Este gênero apresenta mais de 30 espécies e subespécies distribuídas do sul do México até o norte da Argentina, e corresponde ao grupo de serpentes mais importante do ponto de vista médico porque representa 90% dos casos de acidentes ofídicos no Brasil (CARDOSO, 2003).

Existem no Brasil 19 espécies de serpentes que pertencem ao gênero Bothrops ( DATABASE, 2010), dentre elas, a espécie Bothrops moojeni (Figura 04), conhecida no Distrito Federal, e nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Paraná (CAMPBELL & LAMAR, 1989). 27

FIGURA 04 – Exemplar adulto de Bothrops moojeni. Fonte: © 2005 Wolfgang Wuster

Os venenos das serpentes do gênero Bothrops (jararacas, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara etc.) quando ensaiados in vitro, in vivo ou em acidentes com humanos e animais apresentam ações proteolíticas (ação citotóxica direta nos tecidos por frações proteolíticas do veneno), coagulante (transformando diretamente o fibrinogênio em fibrina) e hemorrágica (causada pelas hemorraginas), sendo os distúrbios hemostáticos e os sinais locais como edema, hemorragia e necrose as principais manifestações clínicas observadas (MARUYAMA et al., 1990; SANCHEZ et al., 1992). Na resposta inflamatória aguda as lesões locais, como edema, bolhas e necrose, têm patogênese complexa e possivelmente, decorrem da atividade de proteases, hialuronidases e fosfolipases, da liberação de mediadores da resposta inflamatória (principalmente de prostaglandinas D2 e E2), da ação das hemorraginas sobre o endotélio vascular e a da ação pró-coagulante do veneno (FRANÇA et. al., 2003). A necrose, manifestação local mais importante limita-se ao subcutâneo, mas pode comprometer estruturas mais profundas, como tendões, músculos e ossos, podendo causar distrofias e deixar seqüelas (LOMONTE et al., 1990; SELISTRE et al., 1990).

Os venenos das serpentes são misturas complexas, contendo compostos cujas proporções e características específicas variam entre as diferentes espécies conhecidas (TU, 1977; GOMES, 2007). A toxicidade do veneno deve-se à presença 28

de enzimas e proteínas e sua ação letal é atribuída principalmente às neurotoxinas (STOCKER, 1990). A composição de aminoácidos, a estrutura primária de numerosas neurotoxinas, inibidores enzimáticos, entre outros, vêm sendo determinados em inúmeros venenos (IWANAGA et al., 1976). Um processo específico de adaptação à dieta, durante a evolução, pode ter dado origem aos vários componentes do veneno, sendo extremamente eficazes frente aos itens específicos da dieta e apresentando menor eficácia às demais presas disponíveis (JORGE DA SILVA & AIRD, 2001).

Diferenças na composição do veneno podem ser encontradas entre indivíduos pertencentes à mesma família, gênero e espécie (MEBS, 2001). A composição do veneno das serpentes pode apresentar variações associadas com a origem geográfica, habitat, variação sazonal, dieta, idade e sexo (MACKESSY, 1988; CHIPPAUX et al., 1991; MACKESSY et al., 2003; FURTADO et al., 2006; QUEIROZ et al., 2008). Vários componentes foram isolados de venenos de Bothrops incluindo proteases, tais como a serina e metaloproteases, fosfolipases A2, L- aminoácido oxidase, hialuronidase e lectinas tipo C (ALAM et al., 1996; KINI, 2006).

Para o gênero Bothrops, já foram identificadas variações na composição do veneno em função da distribuição geográfica nas espécies Bothrops jararaca, Bothrops neuwiedi, Bothrops asper, Bothrops atrox e Bothrops moojeni (SCHENBERG, 1961; ARAGÓN & GUBENSKEK, 1981; ASSAKURA et al., 1992; RODRIGUES et al., 1998).

Venenos de serpentes são ricos em fosfolipases A2 (PLA2s) e estas enzimas induzem uma grande variedade de efeitos tóxicos e farmacológicos, como miotoxicidade, neurotoxicidade, cardiotoxicidade, hemólise, incoagulabilidade sanguínea, edema e efeitos sobre a agregação plaquetária (GUTIÉRREZ & LOMONTE, 1997; HARRIS et al., 2000; SINGH et al., 2000, SOARES et al., 2004a, b; PERCHUC et al., 2010). Fosfolipases encontradas em serpentes pertencentes à família Viperidae são subdivididas em dois grupos: ASP49 PLA2s, que possuem um resíduo de ácido aspártico na posição 49, apresentando atividade catalítica sobre substratos artificiais e LYS49 PLA2s, com um resíduo de lisina na posição 49 tendo baixa ou nenhuma atividade catalítica (ARNI & WARD, 1996; OWNBY et al., 1999; SOARES et al., 2004a). Além disso, homólogos cataliticamente inativos que 29

possuem serina (KRIZAJ et al. 1991) ou alanina (LIU et al. 1991) na posição 49 já foram isolados. A atividade de dano celular provocada pela ação de venenos de serpentes é devido à ação de um largo espectro de componentes bioativos presentes nesses venenos. Alguns venenos possuem substâncias com atividades específicas e direcionadas ao músculo estriado esquelético, sendo denominadas miotoxinas (MEBS & OWNBY, 1990).

Atividades inflamatórias têm sido descrita para as fosfolipases encontradas nos venenos (CHACUR et al., 2003). Elas induzem edema e promovem o recrutamento de células inflamatórias (CHAVES et al., 1995; LANDUCCI et al., 1998; LLORET & MORENO, 1993). Além disso, algumas desgranulam mastócitos (CHOI et al., 1989; LANDUCCI et al., 1998, MORENO et al., 1992), ativam neutrófilos (PRUZANSKI et al., 1991; WANG & TENG, 1992) e são quimiotáticos para células endoteliais (RIZZO et al., 2000).

A necrose muscular é uma conseqüência grave de picadas de serpentes do gênero Bothrops que pode levar à perda permanente de tecido ou função e, em casos extremos, levar à amputação. Mionecrose pode ser devido a uma ação indireta, como conseqüência 1) da degeneração do vaso e isquemia causada por metaloproteases hemorrágicas, que são enzimas que são responsáveis pela degradação de proteínas da matriz extracelular, ou 2) por um efeito direto de homólogos das PLA2s miotóxicas nas membranas plasmáticas das células musculares (GUTIÉRREZ & LOMONTE, 1997; OWNBY, 1998; OWNBY et al., 1999; GUTIÉRREZ, 2002; SOARES et al., 2004a).

A primeira miotoxina do veneno de Bothrops foi isolada em 1984 por Gutiérrez e colaboradores, utilizando o veneno de Bothrops asper (GUTIÉRREZ, OWNBY & ODELL, 1984). Alguns anos depois, LOMONTE et al. (1990) isolaram três miotoxinas de Botrhops, duas do veneno de B. moojeni e uma de Bothrops atrox, e descreveram a composição química e atividades biológicas destes venenos.

Levando em consideração a espécie Bothrops moojeni, três miotoxinas já foram isoladas e descritas até hoje (PERCHUC et al., 2010):

MOO-1 – possui elevada atividade fosfolipase. 30

Miotoxina I (MjTX-I) (SOARES et al., 2000) – foi purificada por cromatografia de fase reversa C-18; apresentou atividade fosfolipásica, sendo classificada como uma LYS49 PLA2 com PM em torno de 13,4 kDA e pI 8,2. A análise dos aminoácidos mostrou um conteúdo básico e altamente hidrofóbico.

Análise da toxicidade revelou uma DL50 de 8,5 mg/Kg, bem como toxicidade sobre mioblastos e miotúbulos em cultura.

Miotoxina I possui atividade bloqueadora pré-sináptica em preparações neuromusculares in vitro. Investigações das atividades farmacológicas mostram: rápida destruição tecidual (MEBS & OWNBY, 1990; GUTIÉRREZ & LOMONTE,1995), hemólise (CONDREA et al., 1981), degranulação de mastócitos (LANDUCCI et al., 1998) e formação de edema (LOMONTE et al., 1993).

Miotoxina II (MjTX-II) (SOARES et al., 1998) – os autores isolaram outra

LYS49 PLA2 ao qual denominaram miotoxina II. Por cromatografia em CM- Sepharose, obtiveram uma fração que, após liofilização com subseqüente análise de mobilidade eletroforética, se apresentou como banda única com peso molecular aproximado de 14 kDa na presença de DTT, agente redutor que desfaz as pontes dissulfeto das proteínas, e 27 kDa, na ausência do mesmo.

Miotoxina II induziu mionecrose e bloqueou a junção neuromuscular em testes com ratos. Possui atividade antimicrobiana, inibindo o crescimento de Escherichia coli e Candida albicans, e atividade antitumoral contra algumas células humanas e de ratos. É um efetivo agente parasiticida contra Leishmania sp. e Schistosoma mansoni. Apresenta toxicidade 10 a 15% maior que a miotoxina I devido à alta basicidade da sua região C-terminal (STÁBELI et al., 2006).

Em incubação com heparina, os efeitos bactericida, neurotóxico e citotóxico são abolidos devido ao bloqueio da região C-terminal, região esta responsável por essas atividades (STÁBELI et al., 2006).

LOMONTE et al. (1994 a, b) descreveram pela primeira vez a ligação da heparina com um sítio rico em lisina da MjTX-II de Bothrops asper, resultando na neutralização das suas atividades citolítica e miotóxica in vitro e in vivo. A heparina pode interagir de uma forma não covalente carga-dependente com a miotoxina 31

básica, formando um complexo ácido-base inativo, levando à inibição da atividade miotóxica (PERCHUC et al., 2010).

Os venenos das serpentes viperídeas pertencentes ao gênero Bothrops são especialmente ricos em ácido L-amino oxidases (PESSATTI et al., 1995; TAN & PONNDURAI, 1991), que são enzimas glicoprotéicas que catalisam a desaminação oxidativa de L-aminoácidos, produzindo α-cetoácidos, peróxido de hidrogênio e amônia. Estas enzimas participam do envenenamento atuando sobre plaquetas, induzindo citotoxicidade e apoptose celular. Na espécie Bothrops moojeni, uma dessas enzimas foi isolada em alto grau de pureza através de duas etapas cromatográficas e apresentou atividade bactericida e anti-Leishmania (TEMPONE et al., 2001).

Inflamação e dor estão freqüentemente associadas com o envenenamento botrópico tanto em humanos como em animais experimentais (ROSENFELD, 1971; GUTIÉRREZ et al., 1980, 1981, 1984; GUTIÉRREZ & LOMONTE, 1989, 1995; TREBIEN & CALIXTO, 1989; CURY et al. 1994, 1997; TEIXEIRA et al., 1994; CHAVES et al., 1995; ARROYO et al., 1999; ROCHA et al., 2000; CHACUR et al., 2001). O mecanismo envolvido na gênese e desenvolvimento da inflamação induzida pela picada das serpentes do gênero Bothrops tem sido investigada nas últimas décadas (TREBIEN & CALIXTO, 1989; FLORES et al., 1993; CURY et al., 1994; CURY et al., 1997; BURIGO et al., 1996; FARSKY et al., 1997; GONÇALVES & MARIANO, 2000). TEIXEIRA et al., (1994) demonstraram primeiramente que a hiperalgesia causada pelo veneno botrópico é independente de respostas edematogênicas induzidas pelo veneno e é mediada por mediadores lipídicos como as prostaglandinas e leucotrienos. ROCHA et al. (2000) mostraram a participação de aminas biogênicas e metaloproteases na hiperalgesia induzida pelo veneno de Bothrops jararaca. CHACUR et al. (2002) sugeriram que receptores de bradicinina

B2 estariam envolvidos na hiperalgesia induzida pelo veneno de Bothrops jararaca.

A hiperalgesia inflamatória depende da ativação de nociceptores quimiossensíveis a mediadores inflamatórios (DRAY, 1995, 1997). No teste da pressão de pata, carragenina e lipopolissacarídeos evocaram a hiperalgesia resultante da liberação de uma cascata de vários mediadores. Bradicinina, que inicia a cascata, estimula a liberação de fator de necrose tumoral (TNF-α) que, por sua 32

vez, induz a liberação interleucina-1-β (IL-1-β), a interleucina-6 (IL-6) e interleucina-8 (IL -8). Posteriormente, a IL-1 e IL-6 estimulam a produção de eicosanóides, enquanto que a IL-8 estimula a produção de aminas simpatomiméticas (NAKAMURA & FERREIRA, 1987; CUNHA et al. 1991 e 1992; FERREIRA et al. 1993; POOLE et al. 1999). Eicosanóides e aminas simpatomiméticas são considerados os mediadores finais desta cascata da hiperalgesia (CHACUR et al. 1992).

As substâncias responsáveis pela hemorragia local são as metaloproteases dos venenos das serpentes (SVMPs). Elas podem ser divididas em quatro classes, dependendo da estrutura de domínio (FOX & SERRANO, 2005): PI (SVMPs com apenas um domínio metaloproteinase); PII (SVMPs sintetizados com o domínio metaloproteinase e com o domínio desintegrina); PIII (SVMPs sintetizados com domínio metaloproteinase, domínio desintegrina e rica em domínios cisteína) e PIV (SVMPs assim como a estrutura do PIII mais domínios lectina ligadas por pontes dissulfeto) (BJARNASON & FOX, 1995). Pelo menos nove SVMPs foram isoladas de Bothorps jararaca (MANDELBAUM et al., 1976; MANDELBAUM et al., 1982; MARUYAMA et al., 1992; MARUYAMA et al., 1993; PAINE et al. 1992), mas a jararagina tem sido a melhor estudada. Além do pró-domínio e domínio metaloprotease, este componente contém um domínio desintegrina e é rica em domínios cisteína (PAINE et al., 1992), que são características de PIII SVMPs (FOX & SERRANO, 2005). Além de sua potente atividade hemorrágica, jararagina também pode processar o precursor do fator de necrose tumoral (TNF-α), uma citocina que tem sido correlacionada com o desenvolvimento de dermonecrose induzida pelo veneno de Bothrops jararaca (MOURA-DA-SILVA et al., 1996; CLISSA et al., 2001; ZYCHAR et al. 2010).

A resposta inflamatória local causada pelo veneno de Bothrops não é induzida por um único constituinte do veneno, mas parece ser o resultado da ação de vários, agindo rapidamente nos tecidos conjuntivo e muscular e induzindo a liberação de vários mediadores inflamatórios endógenos (TREBIEN & CALIXTO, 1989; PERALES et al., 1992; TEIXEIRA et al.,1994; MOURA-DA-SILVA et al., 1996; GONÇALVES & MARIANO, 2000; CHACUR et al., 2002). Componentes isolados de venenos de Bothrops e classificados como metaloproteases, fosfolipases A2 e proteases de serina podem induzir reações inflamatórias (TEIXEIRA et al., 2003; SERRANO & MAROUN, 2005; MOURA-DA-SILVA et al. 2007), mas sua 33

contribuição relativa para a resposta inflamatória causada pelo veneno bruto é pouco entendido.

O fato do veneno de Bothrops moojeni ter uma ação hiperalgésica conhecida não exclui uma possível atividade antinociceptiva. Na literatura existem estudos utilizando venenos de animais, como é o caso da abelha Apis mellifera, em que a injeção do veneno da abelha pode produzir tanto um primeiro efeito nociceptivo e em seguida um prolongado efeito analgésico. O veneno apresenta potencias produtores de dor, incluindo histamina e fosfolipase A2 e, portanto, não é surpreendente que diversos relatos descrevam um efeito nociceptivo após uma injeção intraplantar (CHEN et al. 1998; KWON et al. 2001; LARIVIERE et al. 2000). Em contraste, a injeção subcutânea do veneno diluído da abelha em um ponto de acupuntura tem sido utilizada clinicamente na medicina oriental para a produção de um potente efeito analgésico. Em apoio a essa abordagem, ROH et al. (2006) demonstraram que a injeção subcutânea do veneno produz ação antinociceptiva em modelos animais de dor aguda e persistente.

A busca pela ação antinociceptiva nas toxinas animais foi intensa nas últimas décadas. Resultados satisfatórios foram encontrados principalmente em toxinas de serpentes do gênero Crotalus. Entretanto, na literatura inexiste esse estudo sobre o veneno de outras serpentes como aquelas do gênero Bothrops.

1.4 ATIVIDADE ANALGÉSICA NOS VENENOS DE SERPENTES

Para o controle da dor e de certas doenças já foi relatado o uso de venenos de serpentes (BRAZIL, 1934; HABERMEHIL, 1981). Alguns pesquisadores já usaram, no início do século passado, o veneno da cobra Naja tripudians, em substituição à morfina nos casos inoperáveis de câncer, demonstrando que o veneno possui uma ação mais potente e duradoura que a morfina e, também, foi demonstrada uma atividade sobre os tumores, promovendo diminuição ou estacionamento da lesão (BRAZIL, 1934).

Foi observada atividade antinociceptiva em uma fração de baixo peso molecular do veneno de Crotalus durissus terrificus, tendo esta uma ação semelhante à endorfina (GIORGI, BERNARDI & CURY, 1993). O efeito foi 34

antagonizado pela naloxona, mostrando assim o envolvimento de receptores opióides na atividade antinociceptiva desta fração. O efeito analgésico central foi devido, principalmente, a uma resposta supra-espinhal integrada evidenciada pelo teste da placa-quente, mas não no teste da retirada da cauda (PICOLO et al., 1998).

A crotoxina, uma neurotoxina isolada do veneno da Crotalus durissus terrificus, possui atividade analgésica em modelos de dor aguda (ZHANG et al., 2006), bem como em modelos de dor neuropática (NOGUEIRA-NETO et al., 2008), mas esta parece não envolver a via opióide, pois seu efeito não foi antagonizado pela naloxona. Também foi observado que a crotoxina é a fração responsável pela potente e duradoura atividade antiinflamatória do veneno bruto da Crotalus durissus terrificus em camundongos (NUNES et al., 2007, 2010).

Em 2008 verificou-se que um novo peptídeo, a crotalfina, presente em veneno de Crotalus durissus terrificus, possui um potente efeito antinociceptivo na dor neuropática, induzida por constrição do nervo ciático em ratos (GUTIERREZ et al., 2008), bem como na hiperalgesia induzida pela administração de carragenina ou prostaglandina (KONNO et al., 2008). O efeito antinociceptivo da crotalfina também foi avaliado em modelos de nocicepção térmica através do teste da placa quente, que avalia a atividade no sistema nervoso central, e o teste da retirada da causa, que avalia a atividade central medular. A crotalfina aumentou o tempo de permanência do animal na placa quente, mas não aumentou o tempo de reação do animal no teste da retirada da cauda, demonstrando uma atividade cerebral, mas não medular (KONNO et al., 2008).

Foi evidenciado, através da administração da naloxona, que a atividade antinociceptiva da crotalfina é mediada pela ativação de receptores opióides (GUTIERREZ et al., 2008; KONNO et al., 2008). KONNO et al. (2008) mostrou que os receptores opióides κ e  estão envolvidos no efeito antinociceptivo da crotalfina no modelo de hiperalgesia induzida por prostaglandina e carragenina.

Levando em consideração o fato de que a atividade analgésica envolve mecanismos centrais e periféricos mediados por receptores opióides e sendo a fração testada de baixo peso molecular, os autores sugeriram que a mesma poderia conter peptídeos que seriam responsáveis por esta ação (GIORGI et al.; 1993; PICOLO et al., 2003). Entretanto, MANCIN et al. (1998) sugeriram que a crotamina 35

seria a fração do veneno da Crotalus durissus terrificus responsável pela maior ação antinociceptiva tanto central como periférico, já que a mesma constitui cerca de 20% do veneno total.

MOREIRA (2003) demonstrou através de testes clássicos de antinocicepção com o veneno de Crotalus durissus collilineatus, que, tanto o veneno crotamina positivo quanto o crotamina negativo, possuem atividade antinociceptiva, sugerindo que a antinocicepção do veneno crotamina positivo envolve tanto mecanismos periféricos quanto centrais espinhal e supra-espinhal, enquanto o veneno crotamina negativo apresentaria apenas antinocicepção periférica. Esse estudo indicou a existência de outras substâncias, além da crotamina, envolvidas na analgesia periférica, mas não excluiu o papel da crotamina.

LOPES (2005) fracionou o veneno da Crotalus durissus collilineatus por cromatografia líquida de alta eficiência isolando uma fração com atividade analgésica periférica. A autora observou que ação era mediada pelo sistema opióide, visto que foi bloqueada pela naloxona. Essa fração apresentou uma ação (dose a dose) 500% maior que a morfina no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético.

GOMES (2007) aprofundou o estudo sobre o mecanismo de ação da fração isolada do veneno da Crotalus durissus collilineatus crotamina negativa e demonstrou que ela atua em receptores opióides periféricos do tipo kappa, sem ação no sistema nervoso central.

OLINDA (2010) demonstrou a atividade antinociceptiva periférica e central de um novo fator extraído do veneno da Crotalus durissus collilineatus. A autora comparou a ação analgésica do fator com a morfina e o mesmo se mostrou mais potente que o analgésico opióide clássico quando comparado mol a mol. Os efeitos antinociceptivos do fator foram bloqueados pela naloxona sugerindo um envolvimento do sistema opióide em seu mecanismo de ação.

Observando as diversas atividades biológicas das moléculas presentes no veneno das serpentes, bem como a necessidade de encontrar fármacos mais eficazes no tratamento das dores agudas, seria também importante a realização desse estudo no veneno bruto de outras serpentes, tais como o da Bothrops moojeni. 36

2 JUSTIFICATIVA

Os atuais analgésicos, embora potentes, apresentam efeitos colaterais, tais como dependência física e psicológica, sedação e depressão respiratória, limitando os seus usos. Atualmente os venenos de animais, vêm sendo alvos de inúmeras pesquisas com finalidade de obter substâncias para uso terapêutico, inclusive no alívio das dores agudas e crônicas. Sendo assim, a relevância do presente estudo reside na busca de atividade antinociceptiva no veneno bruto da serpente Bothrops moojeni, que é pouco estudado neste aspecto, e que possa vir a ser utilizado como ferramenta para o desenvolvimento de fármacos analgésicos eficazes e com menos efeitos adversos.

37

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Pesquisar a existência da atividade antinociceptiva no veneno da serpente Bothrops moojeni.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Estudar, através de ensaios farmacológicos, a atividade antinociceptiva do veneno bruto da serpente Bothrops moojeni em dores agudas, comparando com a morfina, analgésico opióide clássico;

2. Verificar se a atividade antinociceptiva decorre de ação central e/ou periférica;

3. Avaliar o envolvimento do sistema opióide no efeito antinociceptivo do veneno bruto da serpente Bothrops moojeni através do uso da naloxona, antagonista opióide clássico.

38

4 MÉTODOS

4.1 MATERIAIS

4.1.1 REAGENTES

 Ácido acético glacial, Merck, Brasil;

 Formaldeído 37%, Merck, Brasil;

 Cloreto de Sódio, Reagen, Brasil;

 Água bidestilada, Universidade Estadual do Ceará, Brasil;

 Morfina, Sigma, USA;

 Naloxona, Sigma, USA;

 Solução de cloreto de Sódio 0,9%, Farmace, Brasil.

4.1.2 APARELHOS E INSTRUMENTOS

 Agitador de tubos, Phoenix AP56, Brasil;

 Agulha Hipodérmica, Méd Needle, Brasil;

 Balança Analítica, Marte - AM550, Brasil;

 Balança de precisão, Mettler - Balance, USA;

 Cronômetro, Leônidas Trackmater, Alemanha;

 pHmetro, Micronal, Brasil;

 Pipetas automáticas, Gilson, França;

 Placa Quente, Socrel DS37;

 Refrigerador;

 Seringa descartável 1 ml, Plastipak, Brasil;

 Tail Flick, Insigth;

 Termômetro, ASPIN 09654.10, Brasil.

39

4.2 MÉTODOS EXPERIMENTAIS

4.2.1 ANIMAIS

Foram utilizados camundongos Swiss (Mus musculus), machos, adultos, de 2 a 4 meses, , com peso variando entre 25 e 30 g, provenientes do Biotério do Instituto Superior de Ciências Biomédicas (UECE). Os animais foram mantidos em gaiolas próprias, recebendo ração padrão e água ad libitum. Nas 24 horas antes dos ensaios, os animais foram mantidos na sala onde vai ser desenvolvido o estudo, a fim de adaptá-los ao ambiente experimental. A manipulação dos animais, antes, durante e depois dos experimentos, foi conduzida de acordo com as regras de manipulação de animais de laboratório, preconizadas pela Sociedade Brasileira de Ciências em Animais de Laboratório (SBCAL). O projeto foi submetido à aprovação junto ao Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Estadual do Ceará - CEUA/UECE - sob número de protocolo 58/2009(09233135-1).

4.2.2 OBTENÇÃO DO VENENO DA SERPENTE Bothrops moojeni

O pool de venenos de Bothrops moojeni foi gentilmente cedido pelo Prof. Dr. Nelson Jorge da Silva Jr., do Centro de Toxinologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás. Os venenos foram coletados por massagem das glândulas de serpentes adultas de ambos os sexos, em banho de gelo e depois submetido à desidratação em dessecador a vácuo contendo substância higroscópica. Após isso, o pool de venenos foi mantido a 4 °C até o momento do uso.

40

4.3 ENSAIOS FARMACOLÓGICOS

4.3.1 Avaliação da Toxicidade

Para avaliar a toxicidade do veneno da serpente Bothrops moojeni, foi determinada a DL50 (unidade tóxica de veneno definida como a quantidade capaz de em até 72 horas provocar a morte de 50% dos animais inoculados).

Grupos de camundongos (n = 6) foram administrados com doses crescentes (1,0; 2,0; 2,5; 3,0; 3,5; 4,0; 5,0; 6,0 ou 10,0 mg/Kg) de veneno bruto da serpente Bothrops moojeni (i.p.) e foram observados, inicialmente, durante as primeiras seis horas. Em seguida, os animais foram observados de doze em doze horas e após 24, 48 e 72 horas da inoculação do veneno bruto, o número de animais mortos foi contabilizado e a DL50 foi determinada. Durante o ensaio de toxicidade também observou-se outras alterações induzidas pelo veneno, levando-se em consideração a toxicidade aguda, baseada em parâmetros preconizados por Loomis (LOOMIS & HAYES, 1996) (Tabela 01, modificada).

TABELA 01 – Exame físico e observação de animais em estudo de toxicidade – adaptada e traduzida de LOOMIS & HAYES, 1996.

REAÇÕES ANALISADAS Atividade Resposta somática Redução ou aumento da atividade Aumento ou redução do comportamento Locomotora de alisar-se Saltos Aumento ou redução do comportamento de coçar-se Reações bizarras Esfregando o nariz Movimentos de circo Prostração Vaguear Prostração Movimentos para trás Perda da consciência Rodopiando Tremores Lambendo as paredes do compartimento Exoftalmia Movimentos de pá com o nariz Irritação nos olhos Olhos vidrados Opacidade dos olhos Movimentos circulares Piscando excessivamente Fonação Reflexo da córnea Aumento ou redução Ausente ou diminuído 41

Fonação anormal Fotofobia Sensibilidade ao som Defecação Aumento ou redução Aumento ou redução Sensibilidade ao toque Diarréia Aumento ou redução Com sangue Interação social Micção Aumento ou redução do comportamento Aumento ou redução exploratório Aumento ou redução da frequência do rearing Hematúria franca Aumento da rapidez do rearing Apnéia Diminuição da altura do rearing Dispnéia Cauda anormal Respiração Cauda rígida ou flexível Aumento ou redução da velocidade da respiração Cauda de Straub Aumento ou redução da profundidade da respiração Comportamento agressivo Respiração irregular Aumento ou redução da agressividade a Corrimento nasal indivíduos da mesma espécie Aumento ou redução da agressividade ao Cianose experimentador Ataxia Piloereção Convulsões Morte Paralisia

4.3.2 Teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético (0,8%)

Foi realizado o teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético (0,8%) capaz de produzir contração da musculatura abdominal, juntamente com a extensão de pelo menos uma das patas posteriores em uma injeção intraperitoneal (i.p.) (Figura 05) de ácido acético (contorções abdominais) (Figura 06) (COLLIER et al., 1968; BENTLEY et al., 1981). Embora seja um modelo simples e pouco específico, o teste das contorções abdominais é muito sensível e permite avaliar a atividade antinociceptiva de substâncias que atuam tanto em nível central quanto periférico. 42

Figura 05 – Injeção na cavidade Figura 06 – Modelo de contorções peritoneal de camundongo. abdominais induzidas pelo ácido acético.

Grupos distintos de animais (n = 6) foram pré-tratados, por via intraperitoneal (i.p.) com o veneno bruto da Bothrops moojeni (nas doses de 0,025 mg/kg; 0,05 mg/kg; 0,1 mg/kg ou 0,2 mg/kg). Após 20 minutos da administração do veneno, foi administrado o ácido acético (0,8%) i.p. num volume de 300µl por animal (camundongos com peso de 25-30 g cada). Os grupos controle receberam o mesmo volume de salina, veículo utilizado para diluir os compostos em análise, na mesma via de administração (i.p.).

Após a injeção do ácido acético, os animais foram observados quantificando-se, cumulativamente, o número de contorções abdominais, durante um período de 25 minutos (VANDER WENDE & MARGOLIN, 1956). A atividade antinociceptiva foi determinada tomando-se como base a inibição do número das contorções dos animais tratados em relação ao número de contorções dos animais do grupo controle.

Foi administrada morfina (n = 6), opióide clássico, na concentração de 5,0 mg/kg i.p. como controle positivo. O veneno bruto (0,2 mg/kg) e a morfina (5,0 mg/kg) foram testados em relação ao efeito na via opióide através do uso conjunto com a naloxona, antagonista opióide clássico, administrada na via i.p., 20 minutos antes das substâncias supracitadas, na concentração de 5,0 mg/kg.

43

4.3.3 Teste da formalina (4,0%)

O teste da injeção subplantar de formalina (4%), um modelo mais específico que o teste das contorções abdominais, permitiu avaliar dois tipos de dor: uma de origem neurogênica, como resultado da estimulação direta dos neurônios nociceptivos, observada nos primeiros 5 minutos após a administração da formalina, e outra de origem inflamatória, caracterizada pela liberação de mediadores inflamatórios, observada entre 15 e 30 minutos após a injeção da formalina e representando a resposta tônica à dor.

Os procedimentos para esse modelo foram como os já descritos na literatura (HUNSKAAR et al., 1985; TJÆLSEN et al., 1992; CORRÊA & CALIXTO, 1993). O teste foi realizado à temperatura ambiente de 24-25 °C e na ausência de fatores experimentais que possam afetar o fluxo sanguíneo periférico, devido à grande sensibilidade da resposta na segunda fase (tardia). Este teste consistiu na injeção subplantar de formalina (4% diluído em água bidestilada; 20 µl/pata) na pata traseira direita (Figura 07) em um grupo de 6 camundongos (n = 6), onde foi induzida a nocicepção química, segundo o método de HUNSKAAR & HOLE de 1987. Foi registrado o tempo gasto, em segundos, pelo animal para responder ao estímulo notando-se três períodos: 0 – 5 min (primeira fase - neurogênica), de 5 – 15 min (fase de silêncio) e de 15 – 30 min (segunda fase - inflamatória) após a administração da formalina (TJÆLSEN et al., 1992). A resposta foi caracterizada por sacudidas rápidas da pata injetada e por mordidas e/ ou lambidas leves (Figura 08).

FIGURA 07 – Injeção subplantar de FIGURA 08 – Reação à injeção formalina 4%. subplantar de formalina 4%. 44

O veneno bruto foi administrado (n = 6) pela via intraperitoneal nas doses 0,025 mg/kg (resultados mostrados somente na segunda fase); 0,05 mg/kg; 0,1 mg/kg ou 0,2 mg/kg e, após 20 minutos, os animais receberam uma injeção subplantar de formalina 4% na pata traseira direita. O grupo controle recebeu também na via i.p. o veículo salina. Como controle positivo foi administrada (n = 6), por via i.p., morfina (5,0 mg/kg) e após 20 minutos foi realizado teste.

Para avaliar o envolvimento do sistema opióide, a naloxona, um antagonista opióide clássico, foi administrada (n = 6) por via i.p., na dose de 5,0 mg/kg, 20 minutos antes do tratamento com o veneno bruto (0,2 mg/kg i.p.) e da morfina (5,0 mg/kg, i.p.).

4.3.4 Teste da placa quente

O teste da placa quente teve como objetivo determinar a atividade analgésica central do veneno. Este teste, proposto por WOOLFE & MC DONALD (1944) consiste em colocar os animais sobre uma placa quente (50 °C ± 1,0 °C) (Figura 09) e observar quanto tempo levam para manifestar uma resposta (lamber, morder, saltar ou levantar as patas) (Figura 10).

Figura 09 – Aparelho placa quente Figura 10 – Teste da placa quente – animal respondendo ao estímulo (lambidas)

45

Cada grupo tratado foi constituído por 06 animais. O grupo controle recebeu o veículo salina pela via de administração i.p. antes do teste, enquanto os grupos tratados receberam doses crescentes do veneno bruto (0,05 mg/kg; 0,1 mg/kg ou 0,2 mg/kg), também i.p.. Como controle positivo, foi administrada (n = 6) por via i.p., morfina (5, 0mg/kg) e após 20 minutos os animais foram colocados na placa quente. Para prevenir danos nas patas dos animais, foi considerado como tempo máximo de reação 40 segundos.

Tanto o veneno bruto (0,2 mg/kg) quanto à morfina (5,0 mg/kg) foram testados (n = 6) em relação ao efeito na via opióide através do uso conjunto com a naloxona, antagonista opióide clássico, usada i.p. 20 minutos antes das substâncias supracitadas, na concentração de 5,0 mg/kg.

4.3.5 Teste da retirada da cauda (Tail-Flick)

O teste do Tail Flick verifica a reação de retirada da cauda após a imersão do terço apical da mesma em banho-maria (Figura 11), numa temperatura em torno de 50 ºC. Este estímulo térmico provoca um movimento reflexo de origem espinhal rápido e vigoroso. O aumento do tempo de retirada da cauda é interpretado como uma ação analgésica (D'AMOUR & SMITH, 1941; SMITH et al., 1943; FARMER et al., 1986; RAFFA et al., 1992; BARS, 2001).

Figura 11 – Aparelho banho-maria 46

Grupos distintos de animais (n = 6) foram pré-tratados com o veneno bruto da serpente Bothrops moojeni por via intraperitoneal (i.p.) nas doses de 0,05 mg/Kg; 0,1 mg/Kg ou 0,2 mg/Kg. Após 20 minutos do tratamento, as caudas dos animais foram imersas em banho-maria, a fim de contabilizar, em segundos, o tempo de reação (remoção da cauda). Como controle positivo, foi administrada (n = 6) por via i.p., morfina (5,0 mg/kg) e após 20 minutos foi realizado o teste.

Tanto o veneno bruto (0,2 mg/kg) quanto à morfina (5,0 mg/kg) foram testados (n = 6) em relação ao efeito na via opióide através do uso conjunto com a naloxona, antagonista opióide clássico, usada i.p. 20 minutos antes das substâncias supracitadas, na concentração de 5,0 mg/kg.

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados obtidos experimentalmente foram expressos como Médias e Erro Padrão da Média (E.P.M). As diferenças estatísticas foram obtidas através da análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey (para comparações múltiplas). Foi utilizado o software Graph Pad Prism®, versão 5.0, Copyright©. O critério de significância para todos os casos foi de p < 0,05.

47

5 RESULTADOS

5.1 Avaliação da Toxicidade

O veneno bruto da serpente Bothrops moojeni, foi administrado em grupos de camundongos (n = 6) nas doses de 1,0 mg/Kg; 2,0 mg/Kg; 2,5 mg/Kg; 3,0 mg/Kg; 3,5 mg/Kg; 4,0 mg/Kg; 5,0 mg/Kg; 6,0 mg/Kg e 10,0 mg/Kg por via i.p. e foram observados até 72 horas após a administração. As reações comportamentais foram analisadas e descritas baseando-se na Tabela de análise de animais em estudos de toxicidade proposta por Loomis (LOOMIS & HAYES, 1996).

Os grupos que receberam as doses de 1,0 mg/Kg ou 2,0 mg/Kg do veneno apresentaram taquicardia, sonolência e piloereção. Ao final do teste, um animal em cada grupo morreu.

Nos animais que foram administrada a dose de 2,5 mg/Kg, apresentaram, além das reações já citadas, respiração ofegante e após as 72 horas de teste, 2 animais tinham morrido.

Os grupos que receberam as doses de 3,5 mg/Kg ou 4,0 mg/Kg apresentaram, somadas as outras reações, contorções abdominais e após decorrido o teste apresentaram 4 animais mortos.

Os grupos de animais que receberam as doses de 5,0 mg/Kg ou 6,0 mg/Kg, após 24 horas de teste já apresentavam todos os animais mortos.

Logo após a administração do veneno bruto na dose de 10,0 mg/Kg, os animais apresentaram-se prostrados e todo o grupo morreu após uma hora de teste.

No grupo de animais que recebeu a dose de 3,0 mg/Kg foi observado taquicardia, sonolência e piloereção e após 72 horas do teste apresentou metade do grupo, 3 animais, mortos, indicando ser essa a DL50 (unidade tóxica de veneno definida como a quantidade capaz de em até 72 horas provocar a morte de 50% dos animais inoculados).

48

TABELA 02 – Exame físico e observação de animais em estudo de toxicidade – Resultados do veneno bruto de Bothrops moojeni (VB).

REAÇÕES VB REAÇÕES VB ANALISADAS ANALISADAS Atividade Locomotora Resposta somática Redução ou aumento Redução* Aumento ou redução do Redução* comportamento de alisar-se Saltos - Aumento ou redução do Redução* comportamento de coçar-se Sensibilidade ao toque Esfregando o nariz - Aumento ou diminuição Redução** Prostração Interação social Prostração  *** Aumento ou redução do Redução* Perda da consciência - comportamento exploratório Aumento ou redução do Redução* Respiração rearing Aumento da rapidez do - Aumento ou diminuição Aumento** rearing da velocidade da respiração Redução da altura do Redução* Aumento ou diminuição - rearing da profundidade da respiração Piloereção  * Respiração irregular - Morte 

- : Reações que não foram alteradas pelo veneno bruto de Bothrops moojeni.  : Reações alteradas pelo veneno bruto de Bothrops moojeni.

* Reação observada nos animais que receberam a partir da dose de 1 mg/Kg. ** Reação observada nos animais que receberam a partir da dose de 2,5 mg/Kg.

*** Reação observada nos animais que receberam a dose de 10,0 mg/Kg.

49

TABELA 03 – Resultado do teste da DL50 do veneno bruto de Bothrops moojeni.

Animais mortos Doses Animais Inoculados Após 24h Após 48h Após 72h TOTAL 1,0mg/Kg 6 1 0 0 1 2,0mg/Kg 6 1 0 0 1 2,5mg/Kg 6 2 0 0 2 3,0mg/Kg 6 3 0 0 3 3,5mg/Kg 6 3 1 0 4 4,0mg/Kg 6 4 0 0 4 5,0mg/Kg 6 4 1 0 5 6,0mg/Kg 6 5 0 0 5 10,0mg/Kg 6 6 0 0 6

50

5.2 TESTE DE CONTORÇÕES ABDOMINAIS INDUZIDAS POR ÁCIDO ACÉTICO (0,8%)

O veneno bruto da serpente Bothrops moojeni, quando administrado nas doses de 0,025 mg/Kg (24,00 ± 2,77); 0,05 mg/Kg (12,38 ± 2,61); 0,1 mg/Kg (8,50 ± 1,21) ou 0,2 mg/Kg (4,40 ± 0,60; via i.p.), inibiu significativamente o número de contorções abdominais em relação ao controle negativo (35,38 ± 2,37). A morfina foi administrada na dose de 5,0 mg/Kg (6,87 ± 0,78) por via i.p. como controle positivo e inibiu também de forma significativa o número de contorções em relação ao controle negativo (Figura 12). A dose de 0,2 mg/Kg inibiu as contorções abdominais em aproximadamente 87,5% e foi significativamente diferente das doses de 0,025 mg/Kg (32,1%), 0,05 mg/Kg (65,0%) e 0,1 mg/Kg (76,0%). A morfina inibiu em aproximadamente 80,5% o número de contorções abdominais em relação ao controle.

40

30 ***a

20 ***a

***a 10 ***a ***a

Nº de Contorções em 25' Nº em Contorções de 0 ControleVB-0,025VB-0,05 VB-0,1 VB-0,2 M-5,0

Tratamentos (mg/Kg)

Figura 12 – Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético. O controle (veículo), o veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,025; 0,05; 0,1 e 0,2 mg/kg) e a morfina (M) (5,0 mg/kg) foram administrados pela via intraperitoneal (i.p.) 20 min antes do teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético 0,8%. A atividade antinociceptiva do veneno bruto foi avaliada pela redução do número de contorções abdominais do animal quando comparado com o controle negativo. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle. 51

A naloxona, na dose de 5,0 mg/Kg, foi administrada por via i.p. 20 minutos antes do veneno bruto de Bothrops moojeni 0,2 mg/Kg (4,40 ± 0,60) e da morfina 5,0 mg/Kg (6,87 ± 0,78), bloqueando significativamente somente o efeito antinociceptivo da morfina (33,14 ± 1,68). A atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni não foi bloqueada (4,60 ± 1,69) (Figura 13).

40 ***d

30

20

10 ***a ***a

Nº de Contorções em 25' em Nº Contorções de 0 Controles VB-0,2 VB-0,2+Na-5,0 M-5,0 M-5,0+Na-5,0

Tratamentos (mg/Kg)

Figura 13 – Efeito da Naloxona na atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético. A Naloxona foi administrada i.p. 20 min antes do controle (veículo), do veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,2 mg/kg) e da morfina (M) (5,0 mg/kg) que foram administrados i.p. 20 min antes do teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético 0,8%. O bloqueio da atividade antinociceptiva do veneno bruto e da morfina foi avaliado pelo aumento do número de contorções abdominais do animal quando comparado com os resultados sem o pré-tratamento com a naloxona. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle e ***dp<0,001 em relação a morfina 5,0mg/kg.

52

5.3 TESTE DA FORMALINA

5.3.1 Fase 1

O veneno bruto da serpente Bothrops moojeni, quando administrado nas doses de 0,1 mg/Kg (70,00 ± 6,09) ou 0,2 mg/Kg (51,86 ± 5,14; via i.p.), inibiu de forma significativa, na fase 1, o tempo de lambidas e/ou leves mordidas na pata injetada em relação ao controle negativo (111,40 ± 5,08). O bloqueio na dose de 0,05 mg/Kg (99,17 ± 6,80) não foi significativo. A morfina foi administrada na dose de 5, 0mg/Kg (67,83 ± 6,48; via i.p.) como controle positivo, diminuindo também de forma significativa o tempo de reação em relação ao controle negativo (Figura 14). As doses de 0,2 mg/Kg e 0,1 mg/Kg inibiram o tempo de lambida em aproximadamente 53,5% e 37,0%, respectivamente. A morfina inibiu em 39,0% o tempo de lambida em relação ao controle.

120

90 ***a **a

***a 60

30 Tempo de reação (seg) reação de Tempo 0 Controles VB-0,05 VB-0,1 VB-0,2 M-5,0

Tratamentos (mg/Kg)

Figura 14 – Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da formalina – fase 1. O controle (veículo), o veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,05; 0,1 e 0,2 mg/kg) e a morfina (M) (5, 0mg/kg) foram administrados i.p. 20 min antes do teste da formalina subplantar 4%. A atividade antinociceptiva do veneno bruto foi avaliada pela redução do tempo de lambidas, sacudidas e leves mordidas na pata traseira esquerda do animal quando comparado com o controle negativo. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle e **ap<0,01 em relação ao controle. 53

A naloxona, na dose de 5,0 mg/Kg, foi administrada por via i.p. 20 minutos antes do veneno bruto de Bothrops moojeni 0,2 mg/Kg (51,86 ± 5,14) e da morfina 5,0 mg/Kg (67,83 ± 6,48), bloqueando significativamente somente o efeito antinociceptivo da morfina (115,00 ± 1,22). A atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni não foi bloqueada (70,60 ± 5,12) (Figura 15).

120 ***d

90 **a ***a ***a 60

30 Tempo de reação (seg) reação de Tempo 0 Controles VB-0,2 VB-0,2+Na-5,0 M-5,0 M-5,0+Na-5,0

Tratamentos (mg/Kg)

Figura 15 – Efeito da Naloxona na atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da formalina – fase 1. A Naloxona foi administrada i.p. 20 min antes do controle (veículo), do veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,2 mg/kg) e da morfina (M) (5,0 mg/kg), que foram administrados i.p. 20 min antes do teste da formalina subplantar 4%. O bloqueio da atividade antinociceptiva do veneno bruto e da morfina foi avaliado pela redução do tempo de lambidas, sacudidas e leves mordidas na pata traseira esquerda do animal quando comparado com os resultados sem o pré-tratamento com a naloxona. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle e ***dp<0,001 em relação a morfina 5,0mg/kg.

54

5.3.2 Fase 2

O veneno bruto da serpente Bothrops moojeni, quando administrado nas doses de 0,025 mg/Kg (156,3 ± 6,22); 0,05 mg/Kg (88,14 ± 11,96); 0,1 mg/Kg (63,71 ± 7,09) ou 0,2 mg/Kg (42,45 ± 5,25; via i.p.), inibiu de forma significativa, na fase 2, o tempo de lambidas e/ou leves mordidas na pata injetada em relação ao controle negativo (222,70 ± 17,75). A morfina foi administrada na dose de 5,0 mg/Kg (22,50 ± 9,21), por via i.p., como controle positivo, diminuindo também de forma significativa o tempo de reação em relação ao controle negativo (Figura 16). A dose de 0,2 mg/Kg inibiu o tempo de lambida em aproximadamente 81,0% e foi significativamente diferente das doses de 0,025 mg/Kg (30,0%), 0,05 mg/Kg (60,5%) e 0,1 mg/Kg (71,5%). A morfina inibiu em aproximadamente 90,0% o tempo de lambida em relação ao controle.

250

200 ***a 150

100 ***a ***a ***a

50 ***a Tempo de reação (seg) reação de Tempo 0 ControleVB-0,025VB-0,05 VB-0,1 VB-0,2 M-5,0

Tratamentos (mg/Kg)

Figura 16 – Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da formalina – fase 2. O controle (veículo), o veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,025; 0,05; 0,1 e 0,2 mg/kg) e a morfina (M) (5,0 mg/kg) foram administrados i.p. 20 min antes do teste da formalina subplantar 4%. A atividade antinociceptiva do veneno bruto foi avaliada pela redução do tempo de lambidas, sacudidas e leves mordidas na pata traseira esquerda do animal quando comparado com o controle negativo. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle.

55

A naloxona, na dose de 5,0 mg/Kg, foi administrada por via i.p. 20 minutos antes do veneno bruto de Bothrops moojeni 0,2 mg/Kg (42,45 ± 5,25) e da morfina 5,0 mg/Kg (22,50 ± 9,21), bloqueando significativamente somente o efeito antinociceptivo da morfina (231,70 ± 17,94). A atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni não foi bloqueada (28,33 ± 4,86) (Figura 17).

***d 250

200

150

100

***a

50 ***a ***a Tempo de reação (seg) reação de Tempo 0 Controles VB-0,2 VB-0,2+Na-5,0 M-5,0 M-5,0+Na-5,0

Tratamentos (mg/Kg)

Figura 17 – Efeito da Naloxona na atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da formalina – fase 2. A Naloxona foi administrada i.p. 20 min antes do controle (veículo), do veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,2 mg/kg) e da morfina (M) (5,0 mg/kg), que foram administrados i.p. 20 min antes do teste da formalina subplantar 4%. O bloqueio da atividade antinociceptiva do veneno bruto e da morfina foi avaliado pela redução do tempo de lambidas, sacudidas e leves mordidas na pata traseira esquerda do animal quando comparado com os resultados sem o pré-tratamento com a naloxona. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle e ***dp<0,01 em relação a morfina 5,0mg/kg.

56

5.4 TESTE DA PLACA QUENTE

O veneno bruto da serpente Bothrops moojeni, quando administrado nas doses de 0,05 mg/Kg (4,91 ± 0,78); 0,1 mg/Kg (6,04 ± 0,37) ou 0,2 mg/Kg (7,08 ± 0,41; via i.p.), não aumentou significantemente o tempo de reação à dor em relação ao controle negativo (5,33 ± 0,46). A morfina quando administrada na dose de 5,0 mg/Kg (12,60 ± 0,99; via i.p.), como controle positivo, aumentou de forma significativa o tempo de reação à dor em relação ao grupo controle negativo (Figura 18).

***a 15 ***d

12

9

6

3 Tempo de reação (seg) reação de Tempo 0 Controles VB-0,05 VB-0,1 VB-0,2 M-5,0

Tratamentos (mg/Kg)

Figura 18 – Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da placa quente. O controle (veículo), o veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,05; 0,1; e 0,2 mg/kg) e a morfina (M) (5,0 mg/kg) foram administrados pela via intraperitoneal (i.p.) 20 min antes do teste da placa quente. A atividade antinociceptiva do veneno bruto foi avaliada pelo aumento do tempo de reação do animal (sacudida, lambida e/ou pulo) na placa quente quando comparado com o controle negativo. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle e ***dp<0,001 em relação ao VB 0,2mg/kg.

57

A naloxona, na dose de 5,0 mg/Kg, foi administrada por via i.p. 20 minutos antes do veneno bruto de Bothrops moojeni 0,2 mg/Kg (7,08 ± 0,41) e da morfina 5,0 mg/Kg (12,60 ± 0,99), bloqueando significativamente somente o efeito antinociceptivo da morfina (4,83 ± 0,65). A atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni não foi bloqueada (5,16 ± 0,72) (Figura 19).

***a 15 ***b

12

9

***d 6

3 Tempo de reação (seg) reação de Tempo 0 Controles VB-0,2 VB-0,2+Na-5,0 M-5,0 M-5,0+Na-5,0 Tratamentos (mg/Kg)

Figura 19 – Efeito da Naloxona na atividade antinociceptiva veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da placa quente. A Naloxona foi administrado i.p. 20 min antes do controle (veículo), do veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,2 mg/kg) e da morfina (M) (5,0 mg/kg) que foram administrados i.p. 20 min antes do teste da placa quente. O bloqueio da atividade antinociceptiva do veneno bruto e da morfina foi avaliado pela redução do tempo de reação do animal (sacudida, lambida e/ou pulo) na placa quente quando comparado com os resultados sem o pré-tratamento com a naloxona. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle, ***bp<0,001 em relação ao veneno bruto 0,2mg/kg e ***dp<0,001 em relação a morfina 5,0mg/kg. 58

5.5 TESTE DA RETIRADA DA CAUDA (TAIL-FLICK)

O veneno bruto da serpente Bothrops moojeni, quando administrado nas doses de 0,05 mg/Kg (4,40 ± 0,80); 0,1 mg/Kg (5,47 ± 0,34) ou 0,2 mg/Kg (5,39 ± 0,45; via i.p.), não aumentou significantemente o tempo de reação à dor em relação ao controle negativo (4,44 ± 0,29). A morfina foi administrada na dose de 5,0 mg/Kg (13,17 ± 0,65; via i.p.), como controle positivo, aumentando de forma significativa o tempo de reação à dor em relação ao controle negativo (Figura 20).

***a 15 ***d

10

5 Tempo de reação (seg) reação de Tempo 0 Controles VB-0,05 VB-0,1 VB-0,2 M-5,0

Tratamentos (mg/Kg)

Figura 20 – Atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da retirada da cauda (Tail-Flick). O controle (veículo), o veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,05; 0,1; e 0,2 mg/kg) e a morfina (M) (5,0 mg/kg) foram administrados pela via intraperitoneal (i.p.) 20 min antes do teste da retirada da cauda. A atividade antinociceptiva do veneno bruto foi avaliada pelo aumento do tempo de reação do animal (permanência da cauda imersa em banho-maria) quando comparado com o controle negativo. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle e ***dp<0,001 em relação ao VB 0,2mg/kg.

59

A naloxona, na dose de 5,0 mg/Kg, foi administrada por via i.p. 20 minutos antes do veneno bruto de Bothrops moojeni 0,2 mg/Kg (5,39 ± 0,45) e da morfina 5,0 mg/Kg (13,17 ± 0,65), bloqueando significativamente somente o efeito antinociceptivo da morfina (5,33 ± 0,66). A atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni não foi bloqueada (4,80 ± 0,69) (Figura 21).

***a 15 ***b

10

***d

5 Tempo de reação (seg) reação de Tempo 0 Controles VB-0,2 VB-0,2+Na-5,0 M-5,0 M-5,0+Na-5,0

Tratamentos (mg/Kg)

Figura 21 – Efeito da Naloxona na atividade antinociceptiva veneno bruto de Bothrops moojeni no teste da retirada da cauda (Tail-Flick). A Naloxona foi administrado i.p. 20 min antes do controle (veículo), do veneno bruto de Bothrops moojeni (VB) (0,2 mg/kg) e da morfina (M) (5,0 mg/kg) que foram administrados i.p. 20 min antes do teste da placa quente. O bloqueio da atividade antinociceptiva do veneno bruto e da morfina foi avaliado pela redução do tempo de reação do animal (permanência da cauda imersa em banho-maria) quando comparado com os resultados sem o pré- tratamento com a naloxona. O teste estatístico utilizado foi ANOVA e Tukey como post test. Média ± E.P.M. (n = 6 para cada grupo). ***ap<0,001 em relação ao controle, ***bp<0,001 em relação ao veneno bruto 0,2mg/kg e ***dp<0,001 em relação a morfina 5,0mg/kg.

60

6 DISCUSSÃO

O tratamento de dores agudas e crônicas intensas no homem ainda apresenta importantes limitações devido aos efeitos colaterais das drogas opióides utilizadas para este fim sobre o sistema nervoso central. Dentre os principais efeitos indesejáveis estão tolerância, dependência física e psíquica, constipação e depressão respiratória (DHAWAN, 1996; CHALMERS, 2005).

Uma das maiores buscas da farmacologia nos últimos anos tem sido por novos agentes analgésicos que tenham a capacidade de inibir a dor tanto ou mais que os opióides. Pesquisadores têm tentado desenvolver agentes que possuam apenas atividade analgésica periférica, sem atingir os grandes centros nervosos, para que possam aliviar a dor sem interferir em estados comportamentais ou centros respiratórios e cardiovasculares. (LOPES, 2005)

Os resultados do presente trabalho demonstram, de maneira pioneira, a atividade antinociceptiva do veneno bruto da serpente Bothrops moojeni em modelos de dor aguda. O principal parâmetro de comparação para este trabalho é a atividade antinociceptiva já demonstrada em venenos de serpentes de outras espécies.

BOGARÍN et al. (2000) demonstraram uma grande variação tóxica entre os venenos de Bothrops. Os venenos de Bothorps castelnaudi (1.01 mg/kg), Bothorps jararaca (1.38 mg/kg) e Bothorps neuwiedi (1.83 mg/kg) foram os mais letais em testes utilizando modelo de murinos. Bothorps atrox (6.51 mg/kg), Bothorps hyoprorus (11.6 mg/kg), Bothorps brazili (7.58 mg/kg) e Bothorps bilineatus (6.28 mg/kg) foram os venenos botrópicos com menor toxicidade estudados por eles

(QUEIROZ et al. 2008). O veneno de Bothrops moojeni apresentou DL50 de 4,40 mg/Kg (BOGARÍN et al. 2000).

O pool de veneno bruto de Bothrops moojeni utilizado nesse estudo apresentou DL50 em torno de 3,0 mg/Kg o que o torna, tomando como parâmetro os resultados encontrados por BOGARÍN et al. (2000), um veneno com toxicidade intermediária. Nos ensaios farmacológicos foram utilizadas as doses de 0,025 mg/Kg; 0,05 mg/kg; 0,1 mg/Kg e 0,2 mg/Kg, doses essas bem abaixo da dose letal. 61

Muitos modelos de nocicepção em animais de laboratório foram criados com o intuito de se verificar a atividade analgésica de novas substâncias com potencial uso clínico. O primeiro modelo experimental utilizado no presente trabalho foi o das contorções abdominais induzidas por ácido acético. Esse teste, apesar de simples e possuir baixa especificidade, é de fácil observação e apresenta boa sensibilidade a drogas analgésicas (KOSTER et al., 1959; IKEDA et al., 2001; LE BARS et al., 2001; PIRES, 2007).

Neste modelo, a administração do veneno bruto de Bothrops moojeni, por via intraperitoneal, diminuiu, de maneira significativa, o número de contorções abdominais induzidas pela injeção de ácido acético em camundongos. As doses testadas inibiram as contorções abdominais em relação ao controle que recebeu somente salina no tratamento em até 87,5% na dose 0,2 mg/Kg. A morfina (5,0 mg/Kg), i.p., analgésico clássico utilizado para avaliar a potência do veneno bruto, inibiu em aproximadamente 80,5% o número de contorções abdominais.

De maneira semelhante, GIORGI et al. (1993) detectaram um efeito analgésico no veneno da Crotalus durissus terrificus. Usando o teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético, o veneno bruto foi administrado pela vias intraperitoneal, oral e subcutânea e observaram que o efeito era dose dependente e persistia mesmo após a utilização de antídotos específicos. Esse efeito foi antagonizado pela naloxona, indicando ter, a substância, uma ação opióide. As pesquisas pela substância responsável pelo efeito antinociceptivo do veneno da Crotalus durissus começaram com o estudo feito por MANCIN et al. (1998) no qual isolou-se a crotamina e testaram-se seus efeitos. Foi observado que a mesma possuía atividade tanto central quanto periférica, sendo cerca de 30 vezes mais potente que a morfina e foi considerada a substância de baixo peso molecular relatada por GIORGI et al. (1993) anteriormente. Já MOREIRA (2003), realizando testes clássicos de antinocicepção com o veneno da Crotalus durissus collilineatus, demonstrou que tanto o veneno crotamina positivo quanto o crotamina negativo, possuíam atividade antinociceptiva, sugerindo que a antinocepção do veneno crotamina positivo envolve tanto mecanismos periféricos quanto centrais espinhal e supra-espinhal, enquanto o veneno crotamina negativo apresentaria apenas antinocicepção periférica. Esse estudo não excluiu o papel da crotamina, mas 62

indicou a existência de outras substâncias, além da mesma, envolvidas na analgesia periférica.

Outro modelo empregado neste trabalho foi o teste da formalina, que se constitui em duas fases, uma inicial que se credita à estimulação direta dos nociceptores, predominantemente das fibras do tipo C, e em parte das do tipo Aδ (DUBUISON & DENNIS, 1977; HUNSKAAR & HOLE, 1987) e outra tardia, representada pela dor inflamatória que é desencadeada por uma combinação de estímulos que incluem inflamação nos tecidos periféricos e mecanismos de sensibilização espinhal e central (TJÆLSEN et al., 1992; TJÆLSEN & HOLE, 1997).

Neste teste, a atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni foi confirmada pela reversão da nocicepção induzida pela formalina em ambas as fases. Na fase inicial, o veneno bruto diminuiu o tempo de lambida ou sacudida da pata somente nas doses de 0,1 mg/Kg e 0,2 mg/Kg, por via i.p., com inibição da nocicepção de 37,0% e 53,5%, respectivamente. Na fase tardia, o veneno bruto em todas as doses testadas reduziu a resposta nociceptiva da formalina, apresentando uma redução de até 81,0% na dose de 0,2 mg/Kg. A morfina (5,0 mg/Kg), i.p., inibiu em aproximadamente 39,0% na primeira fase e 90,0% na segunda fase o tempo de reação do animal em relação ao controle.

Resultados semelhantes foram obtidos por NUNES et al. (2007, 2010), que demonstraram que o veneno da subespécie Crotalus durissus terrificus possui potente e duradoura atividade antiinflamatória no modelo de inflamação induzido por carragenina em camundongo, e que a crotoxina é a responsável por esta atividade.

Dos resultados obtidos até agora, pode-se inferir que o veneno da serpente Bothrops moojeni age principalmente de maneira periférica, interferindo na mediação de fibras nociceptivas primárias e na liberação e/ou no efeito de mediadores da dor inflamatória.

O teste da placa quente relata uma dor associada à neurotransmissão central. Experimentos utilizando este teste revelam substâncias antinociceptivas de ação primariamente na medula espinhal e/ou em níveis mais altos do sistema nervoso central ou ainda por mecanismo indireto (HUNSKAAR et al., 1985; HUNSKAAR & HOLE, 1987). 63

O veneno bruto de Bothrops moojeni não aumentou o tempo de permanência do animal sobre a placa aquecida em nenhuma das doses testadas (0,05 mg/Kg; 0,1 mg/Kg e 0,2 mg/Kg) indicando não ter ação no sistema nervoso central.

Em trabalhos anteriores podemos observar que o veneno crotamina positivo possui ação analgésica central-cerebral, que foi evidenciada através do teste da placa quente (MOREIRA, 2003). Diferentemente, o veneno crotamina negativo, não possui ação central-cerebral (LOPES, 2005; GOMES, 2007), levando- nos a atribuir a ação central deste veneno a crotamina. A crotamina extraída do veneno de outra subespécie, a Crotalus durissus terrificus, apresentou ação analgésica central-cerebral, sendo esta tempo-dose-dependente (MANCIN et al., 1998). Diferente dos nossos resultados, GIORGI et al. (1993), mostraram que o veneno bruto da Crotalus durissus terrificus apresentou atividade analgésica central- cerebral, que foi evidenciada através do teste da placa quente e esta ação foi confirmada, anos mais tarde, por PICOLO et al. (1998).

O último teste realizado no presente trabalho foi o teste da retirada da cauda, com a finalidade de se esclarecer a presença ou não de ação analgésica medular no veneno bruto da serpente Bothrops moojeni (BARS, 2001). Este teste é largamente utilizado para testar drogas analgésicas que interferem na nocicepção espinhal, envolvendo o movimento reflexo de origem espinhal rápido e vigoroso de retirada da cauda (D'AMOUR & SMITH, 1941; SMITH et al., 1943; JACOB & RAMABADRAN, 1978; RAFFA et al., 1992).

O veneno bruto de Bothrops moojeni não aumentou o tempo de permanência do terço apical da cauda imersa em banho-maria em nenhuma das doses testadas (0,05 mg/Kg; 0,1 mg/Kg e 0,2 mg/Kg) indicando não possuir ação analgésica medular.

PICOLO et al. (1998) obtiveram resultado semelhante. O veneno de Crotalus durissus terrificus não modificou os níveis basais do tempo de latência ao estímulo doloroso através do teste da retirada da cauda.

GIORGI et al. (1993) mostraram que o efeito antinociceptivo do veneno da Crotalus durissus terrificus foi antagonizado pela naloxona, indicando ter uma ação opióide. No veneno da Crotalus durissus, LOPES (2005) isolou uma fração com 64

ação analgésica periférica e demonstrou que a ação era mediada pelo sistema opióide. Continuando os estudos, GOMES (2007) mostrou que a fração isolada do veneno da Crotalus durissus collilineatus crotamina negativa apresenta ação predominantemente em receptores opióides periféricos do tipo k.

Em nenhum dos testes desse estudo o grupo de animais que recebeu o pré-tratamento com a naloxona (5,0 mg/Kg), i.p., teve a atividade antinociceptiva do veneno bruto de Bothrops moojeni bloqueada sugerindo o não envolvimento do sistema opióide no mecanismo de ação do veneno.

Embora a naloxona não tenha demonstrado o envolvimento do sistema opióide no mecanismo de ação do veneno bruto de Bothrops moojeni, estudos posteriores serão necessários para determinar quais receptores estão envolvidos, assim como a descoberta do mecanismo pelo qual ocorre a ação analgésica do veneno.

Importante salientar que após 24 horas do término dos experimentos antinociceptivos, os limiares de dor nos animais em que foram administradas todas as doses do veneno retornaram aos valores semelhantes aos controles, mostrando que o veneno não causou nenhum dano irreversível importante na fisiologia da dor.

A descoberta de substâncias analgésicas periféricas, que não atingem os grandes centros nervosos, está sendo o alvo de muitas pesquisas. Logo, a atividade antinociceptiva periférica do veneno da serpente Bothrops moojeni encontrada abre grandes perspectivas para um futuro uso deste como ferramenta para o desenvolvimento de novos medicamentos eficazes e com menos efeitos colaterais, o que difere dos atuais opióides que são comumente utilizados nos tratamentos das dores agudas.

65

7 CONCLUSÕES

 Dos resultados obtidos, pode-se inferir que o veneno bruto da serpente Bothrops moojeni tem atividade antinociceptiva e age de maneira periférica demonstrado pela ação no teste de contorções e ausência de efeitos no teste da placa quente e retirada da cauda (Tail-Flick);  O veneno apresentou atividades antinociceptivas neurogênica e inflamatória, demonstradas pelos resultados obtidos nas fases 1 e 2 do teste da formalina, respectivamente;  Os efeitos antinociceptivos do veneno bruto da serpente Bothrops moojeni não foram revertidos pela naloxona, mostrando que o sistema opióide não está envolvido no mecanismo de ação deste veneno;  O veneno em estudo pode conter compostos que servirão como modelo para o desenvolvimento de novos analgésicos com potencial terapêutico no controle das dores agudas.

66

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUGGIA, M. Neurophysiology of pain. Neurological Sciences, v. 24, p. S57 S60, 2003.

ALAM, J.M., QASIM, R., ALAM, S.M. Enzymatic activities of some venoms from families Elapidae and Viperidae. Pak. J. Pharm. Sci. 9 (1), 37–41, 1996.

ALMEIDA, T.F.; ROIZENBLATT, S.; TUFIK, S. Afferent pain pathways: a neuroanatomical review. Brain Research, v.1000, n.1-2, p.40-56, 2004.

ARAGÓN, F. & F. GUBENSEK. Bothrops asper venom from the Atlantic and Pacific zones of Costa Rica. Toxicon, London, 19: 797-805,1981.

ARNI, R.K., WARD, R.J. Phospholipase A2dA structural review. Toxicon 34, 827– 841, 1996.

ARROYO, O., ROJAS, G., GUTIÉRREZ, J. M. Envenenamiento por mordedura de serpiente en Costa Rica en 1996: epidemiologia y consideraciones clínicas. Acta Médica Costarricense 41, 23 – 29, 1999.

ASSAKURA, M. T.; M. F. FURTADO & F. R. MANDELBAUM. Biochemical and biological differentiation of the venoms of the Lancehead Vipers (Bothrops atrox, Bothrops asper, Bothrops marajoensis and Bothrops moojeni). Comparative Biochemistry and Physiology, Oxford, 102: 727-732, 1992.

BARS, D. L.; GOZARIU, M.; CADDEN, S. W. Animal Models of Nociception. Pharmacol. Rev. Vol. 53, Issue 4, 597-652, December 2001.

BASBAUM, A.I., JESSELL, T. The perception of pain. In Principles of Neuroscience. E.R. Kandel, J. Schwartz, and T. Jessell, eds. (New York: Appleton and Lange), p. 472–491, 2000.

BEAR, M.F.; CONNORS,B.W.; PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

BENNETT, G. J.; XIE, Y. K.A peripheral mononeuropathy in rat that produces disorders of pain sensation like those seen in man. Pain, v. 33, p. 87–107, 1988.

BENTLEY, G.A., NEWTON SH, STARR J. Evidence for an action of morphine and the enkephalins on sensory nerve endings in the mouse peritoneum. Br J Pharmacol. Jun;73(2):325-32, 1981.

BESSON, J.M.; CHAOUCH, A. Peripheral and spinal mechanisms of nociception. Physiol. Rev., 67: 67-186, 1987. 67

BESSON, J. M. The neurobiology of pain. The Lancet, v.353, n.9164, p.1610–15, 1999.

BIEBER, A.L., Metal and Nonprotein Constituents in Snake Venoms. Springer- Verlag, In: Lee, C.Y. (Ed.), 1979.

BJARNASON, J. B., FOX, J. W. Hemorrhagic metalloproteinases from snake venoms. Pharmacol. Ther. 14, 352–372, 1995.

BODNAR, R.J. Endogenous opiates and behavior: 2007. Peptides, v. 29, p. 2292– 2375, 2008.

BOGARÍN, G., MORAIS, J. F., YAMAGUCHI, I. K., STEPHANO, M. A., MARCELINO, J. M., NISHIKAWA, A. K., GUIDOLIN, R., ROJAS, G., HIGASHI, H. G., GUTIÉRREZ, J. M. Neutralization of crotaline snake from Central and South America by antivenoms produced in Brazil and Costa Rica. Toxicon 38, 1429–1441, 2000.

BRAZIL, V., Do emprego da peçonha em terapêutica. Biológica Médica São Paulo, v. 1, p. 7-21, 1934.

BURIGO, A. C., CALIXTO, J. B., MEDEIROS, Y. S. Pharmacological profile of rat pleurisy induced by Bothrops jararaca venom. J. Pharm. 48, 106 – 111, 1996.

CAMPBELL, J.A & LAHUERTA, J. Physical methods used in pain measurements: a review. J.Royal Soc. Med., v. 76,p. 409-414,1983.

CAMPBELL, J. A.; LAMAR, W. W. The Venomous of Latin America. Cornell University, New York. 425p, 1989.

CAO, C.; MATSUMURA, K.; YAMAGATA, K.; WATANABE, Y. Indution by lipopolysacharide of cyclooxygenase-2 mRNA in rat brain. Its possible role in the febrile response. Brain Res., v. 697, p. 187-196, 1995.

CARR, D.B.; GOUDAS, L.C. Acute pain, 353: 2052-2058, 1999.

CARDOSO, J.L.C.; BRANDO, R.B. Acidentes por animais peçonhentos. 1a. Ed. Santos, São Paulo, 1982.

CARDOSO, J. L. C., WEN, F. H. Introdução ao ofidismo. In: Araújo FAA, Santalúcia M, Cabral RF editores. Animais Peçonhentos no Brasil: Biologia, Clínica e Terapêutica dos acidentes. Editora Sarvier, São Paulo, p. 3-5, 2003.

CARVALHO, W.A.; VIANNA, W. Analgésicos Opióides. In: SILVA, P. Farmacologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 441-459, 1994. 68

CHACUR, M., PICOLO, G., TEIXEIRA, C. F. P., CURY, Y. Bradykinin is involved in hyperalgesia induced by Bothrops jararaca venom. Toxicon 40, 1047 – 1051, 2002.

CHACUR, M., PICOLO, G., GUTIÉRREZ, J. M., TEIXEIRA, C. F. P., CURY, Y. Pharmacological modulation of hyperalgesia induced by Bothrops asper (terciopelo) snake venom. Toxicon 39, 1173 – 1181, 2001.

CHAVES, F., BARBOZA, M., GUTIÉRREZ, J. M. Pharmacological study of edema induced by venom of the snake Bothrops asper (terciopelo) in mice. Toxicon 33, 31 – 39, 1995.

CHEN, J., LUO, C., LI, H. L. The contribution of spinal neuronal changes to development of prolonged, tonic nociceptive responses of the cat induced by subcutaneous bee venom injection. Eur J Pain 2:359-376, 1998.

CHILDERS, S.R. Opioid receptors: pinning down the opiate targets. Curr Biol , v. 7, p. 695-697 , 1997.

CHIPPAUX, J. P.; WILLIAMS & J. WHITE. Review article: snake venom variability: methods od study, results and interpretation. Toxicon, London, 29: 1279-1303,1991.

CHOI, S.H., SAKAMOTO, T., FUKUTOMI, O., INAGAKI, N., MaATSUURA, N., NAGAI, H., KODA, A. Pharmacological study of phospholiapase A2-induced histamine release from rat peritoneal mast cells. J. Pharmacodyn. 12, 517–522, 1989.

CHONG, M. S.; BAJWA, Z. H. Diagnosis and Treatment of Neuropathic Pain. Journal of Pain and Symptom Management, v. 25, p. S4 - S11, 2003.

CLAYTON, B.D., STOCK, Y.N. Farmacologia na prática de enfermagem.Ed. 13°, p. 311-334, 2006.

CLISSA, P. B., LAING, G. D., THEAKSTON, R. D. G., MOTA, I., TAYLOR, M. J., MOURA-DA-SILVA, A. M. The effect of jararhagin, a metalloproteinase from Bothrops jararaca venom, on pro-inflammatory cytokines released by murine peritoneal adherent cells. Toxicon 39, 1567–1573, 2001.

COLLIER, H. O. J., DINNEEN, L. C., JOHNSON, C., SCHNEIDER, C. The abdominal constriction responde and its suppression by analgesic drugs in the mouse. Br. J. Pharmac. Chemother., v. 32, p. 295-3 10, 1968.

CONDREA , E., YANG, C.C., ROSENBERG, P. Lack of correlation between anticoagulant activity and phospholipid hydrolysis by snake venom phospholipases A2. Thromb. Haemost. 45, 82–85, 1981. 69

CÔRREA, C. R., CALIXTO, J.B. Evidence for participation of Bl and B2 kinin receptors in formalin-induced nociceptive response in the mouse. Br. J. Pharmacolog., v. 110, p. 193-198, 1993.

CORTELLI, P., PIERANGELI, G. Chronic pain-autonomic interactions. Neurological Sciences, v. 24, p. S68 - S70, 2003.

CUNHA, F. Q., LORENZETTI, B. B., POOLE, S., FERREIRA, S. H. Interleukin-8 as a mediator of sympathetic pain. Br. J. Pharmacol. 104, 765-767, 1991.

CUNHA, F. Q., POOLE, S., LORENZETTI, B. B., FERREIRA, S. H. The pivotal role of tumour necrosis factor α in the development of inflammatory hiperalgesia. Br. J. Pharmacol, 107, 660-664, 1992.

CURY, Y.; PICOLO, G. toxins as analgesics – an overview. Drugs News Perspect, Sep;19 (7):381-92, 2006.

CURY, Y., TEIXEIRA, C. F. P., SUDO, L. S. Edematogenic response induced by Bothrops jararaca venom in rats: role of lymphocytes. Toxicon 32, 1425 – 1431, 1994.

CURY, Y., TEIXEIRA, C. F. P., FARSKY, S. H. P. Lack of effect of endogenous corticosteroids on the acute inflammatory reaction (edema) induced by Bothrops jararaca venom (BjV) in rats. Toxicon 35, 773 – 776, 1997.

D'AMOUR FE AND SMITH DL. A method for determining loss of pain sensation. J Pharmacol Exp Ther 72: 74-79, 1941.

DHAWAN, B.N. et al. Classification of opioid receptors. Pharmacol Rev , v.48, p.567-592, 1996.

DRAY, A..; URBAN, L.; DICKENSON, A. Pharmacology of chronic pain. Trends Pharmacol., Sci., 15: 190-197, 1994.

DRAY, A. Inflammatory mediators of pain. Br. J. Anaesth. 75, 125-131, 1995.

DRAY, A. The Pharmacology of Pain. Handbook of Experimental Pharmacology, vol. 130. Springer, Berlin pp. 21-41, 1997.

DUBUISSON, D. & DENNIS, S.C. The formalin test: a quantitative study of the analgesic affects of morphine, meperidine, and brain stem stimulation in rats and cats. Pain, v. 4, p. 161-174, 1977.

DUGGAN, A.W.; NORTH, R.A. Electrophysiology of opioids. Pharmacol Rev., v.35, p.219-281, 1984. 70

ERICSSON, A. C.; BLOMQVIST, A.; CRAIG, A. D.; OTTERSEN, O. P.; BROMAN, J. Evidence for glutamate as neurotransmitter in trigemino- and spinothalamic tract terminals in the nucleus submedius of cats. European Journal of Neuroscience, v. 7, p. 305-317, 1995.

FARMER, O.B.; BERGE, O.G., TVEITEN, L.; HOLE, K. Changes in nociception after hydroxydopamine lesion of descendind catecholaminergic pathways in mice. Pharmacol. Biochem. Behav., v.24, n.5, p. 1441-1444, 1986.

FARSKY, S. H., COSTA-CRUZ, J. W. M., CURY, Y., TEIXEIRA, C. F. P. Leukocyte response induced by Botrhrops jararaca venom: in vivo and in vitro studies. Toxicon 35, 185 – 193, 1997.

FERREIRA, S. H., LORENZETTI, B. B., POOLE, S. Bradykinm initiates cytokine- mediated inflammatory hiperalgesia. Br. J. Pharmacol. 110, 1227-1231, 1993.

FLORES, C. A., ZAPPELLINI, A., PRADO-FRANCESCHI, J. Lipoxygenase-derived mediators may be involved in, in vivo neuytophil migration induced by Bothrops erythromelas and Bothrops alternates venoms. Toxicon 31, 1551 – 1559, 1993.

FOX, J. W., SERRANO, S. M. T. Structural considerations of the snake venom metalloproteinases, key members of the M12 reprolysin family of metalloproteinases. Toxicon 45, 969–985, 2005.

FRANÇA, F.O.S., MÁLAQUE, C.M.S. Acidente Botrópico. In: Animais Peçonhentos no Brasil: Biologia, Clínica e Terapêutica dos acidentes. pp. 72–86, 2003.

FRANÇA, F. O. S.; WEN, F.H.; CARDOSO, J.L.C.; HADDAD, V.Jr.; MÁLAQUE, C.M.S. Animais peçonhentos no Brasil. Biologia clínica e terapêutica dos acidentes. Ed. Savier, 2003.

FÜRST, S. Transmitters involvednin antinociception in the spinal cord. Brain Research Bulletin. v.48, n.2, p.129-141, 1999.

FURTADO, M.F., TRAVAGLIA, S.R., ROCHA, M.M. Sexual dimorphism in venom of Bothrops jararaca (Serpentes: Viperidae). Toxicon 48 (4), 401–410, 2006.

GIORGI, R., BERNARDI, M.M., CURY, Y. Analgesic effect evoked by low molecular weight substances extracted form Crotalus durissus terrificus venom. Toxicon, v. 31, p. 11257-1265, 1993.

GOLDSTEIN, A.; NAIDU, A. Multiple opioid receptors: ligand selectivity profiles and binding signatures. Mol. Pharmacol. v. 36, p. 265-72, 1989.

GOMES, N. F. Estudo de toxinas isoladas do veneno da Crotalus durissus cascavella com ação analgésica. Dissertação (Ciências Fisiológicas ) - Universidade Estadual do Ceará. 2007. 71

GONÇALVES, L. R., MARIANO, M. Local haemorrhage induced by Bothrops jararaca venom: relationship to neurogênica inflammation. Mediators Inflamm. 9, 101 – 107, 2000.

GRUBB, B. D. Peripheral and central mechanism of pain. British Journal of Anaesthesia, v. 81, n. 1, p. 8-11, 1998.

GUTIÉRREZ, J. M., ARROYO, O., BOLÃNOS, R. Mionecrosis, hemorragia y edema inducidos por el veneno de Bothrops asper em ráton Blanco. Toxicon 18, 603 – 610, 1980.

GUTIÉRREZ, J. M., CHAVES, F., BOLÃNOS, R., CERDAS, L., ROJAS, E., ARROYO, O., PORTILLA, E. Neutralization de los efectos locales Del veneno de Bothrops asper por um antiveneno polivalente. Toxicon 19, 493 – 500, 1981.

GUTIÉRREZ, J. M., LOMONTE, B. Local tissue damage induced by Bothrops snake venoms. A review. Mem. Inst. Butantan 51, 211 – 223, 1989.

GUITIÉRREZ, J. M., LOMONTES, B. Phospholipases A2 myotoxins from Bothrops venoms. Toxicon, 33: 1405-1424, 1995.

GUTIÉRREZ, J.M., LOMONTE, B. Phospholipase A2 myotoxins from Bothrops snake venoms. In: Kini, R.M. (Ed.), Venom Phospholipase A2Enzymes: Structure, Function and Mechanism. Wiley, Chichester, pp. 321–352, 1997.

GUTIÉRREZ, J.M., OWNBY, C. L. & ODELL, G. V. Isolation of a myotoxin from Bothrops asper venom: partial characterization and action on skeletal muscle. Toxicon 22:115-128, 1984.

HABERMEHIL, G. Venomous animals and their toxins. Berlin: Springer, 1981.

HARRIS, J.B., GRUBB, B.D., Maltin, C.A., Dixon, R. The neurotoxicity of the venom phospholipases A2, notexin and taipoxin. Exp. Neurol 161, 517–526, 2000.

HUNSKAA.R, S., FASMER, O. B., HOLE, K. Formalin test in mice, a useful technique for evaluating mild analgesics. J. Neurosci. Meth., v. 14, p. 69-76, 1985.

HUNSKAAR S, HOLE K. The formalin test in mice - dissociation between inflammatory and noninflammatory pain., Elsevier, Amsterdam PAYS-BAS . Pain 30: 103-114, 1987.

IADAROLA, M.J.; CLAUDE, R.M. Good pain, bad pain. Science, v. 278, p. 239-240, 1997.

IASP (International Association for the Study of Pain). IASP Pain Terminology. 2ª ed. Seattle, 1994. 72

IKEDA, Y.; UENO, A.; NARABA, H.; OH-ISHI. Involvement of vaniloid receptor VR1 and prostanoids in the acid-induced writhing response of mice. Life Sci., v. 69, p.2911-2919, 2001.

IWANAGA, S.; TAKAHASHI,H.; SUZUKI,T. Proteinase inibitors from the venom of Russell’s Viper. Meth. Enzimol, v.45, 1976.

JACOB, J.J.C.; RAMABADRAN, K. Enhancement of a nociceptive reaction by opioid antagonists in mice. Br. J. Pharmacol, v.64, p.91-98, 1978.

JEFFE, JH; MARTIN, WR. Opioid Analgesics and antagonists. In: HARDMAN, J.G.; KRAYCHETE, D. Opióides. In: SILVA, P. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 456-469, 1996.

JOHNSON, L. R. Fundamentos de fisiologia médica. P. 575-579.Ed. 2°, Guanabara Koogan, 2000.

JORGE DA SILVA, JR. N.; S. D. AIRD. Prey specificity, comparative lethality and compositional differences of Brazilian venoms. Comparative Biochemistry and Physiology 128C(3): 425-456, 2001.

JULIUS, D.; BASBAUM, A. I. Molecular mechanisms of nociception. Nature, v.413, n.6852, p.203-210, 2001.

KINI, R.M. Anticoagulant proteins from snake venoms: structure, function and mechanism. Biochem. J. 397 (3), 377–387, 2006.

KWON, Y. B., LEE, J. D., LEE, H. J., HAN, H.J., MAR, W.C., KANG, S. K., BEITZ, A. J., LEE, J. H. Bee venom injection into an acupuncture point reduces arthritis associated edema and nociceptive responses. Pain 90:271-280, 2001.

KONNO, K.; PICOLO, G.; GUTIERREZ, V. P.; BRIGATTE, P.; ZAMBELLI, V.O.; Camargo, A.C.M.; CURY, Y. Crotalphine, a novel potent analgesic peptide from the venom of the South American rattlesnake Crotalus durissus terrificus. Peptides, v. 29. p. 1 293–1304, 2008.

KOSTER, R.; ANDERSON, M.; DEBEER, E.J. Acetic-acid for analgesil screening. Fed. Proc., v. 18, p. 412, 1959.

KRAYCHETE, D. Opióides. In: SILVA, P. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 456-469, 2002.

LANDUCCI, E.C.T., DE CASTRO, R.C., PEREIRA, M.F., CINTRA, A.C.O., GIGLIO, J.R., MARANGONI, S., OLIVEIRA, B., CIRINO, G., ANTUNES, E., DE NUCCI, G. Mast cell degranulation induced by two phospholipase A2 homologues: dissociation between enzymatic and biological activities. Eur. J. Pharmacol. 343, 257–263, 1998. 73

LARIVIERE, W. R., MELZACK, R. The bee venom test: Comparisons with the formalin test with injection of different venoms. Pain 84:111-112, 2000.

LE BARS, D.; GOZARIU, M.; CADDEN, S.W. Animal models of nociception. Pharmacol Rev., v. 53, p. 597-652, 2001.

LIU, C. S., CHEN, J. M., CHANG, C. H., CHEN, S. W., TENG, C. M. and TSAI, I. H. The amino acid sequence and properties of an edema-inducing Lys-49 homolog from the venom of Trimeresurus mucrosquamatus. Biochem. Biophys. Acta 1077, 362 – 370, 1991.

LLORET, S., MORENO, J.J. Oedema formation and degranulation of mast cells by phospholipase A2 purified from porcine pancreas and snake venoms. Toxicon 31, 949–956, 1993.

LOESER, J. D.; MELZACK, R. Pain: an overview. Lancet, 353: 1607-1609, 1999.

LOMONTE, B.; GUTIÉRREZ, J.M.; FURTADO, M.F. et al. Isolation of basic myotoxins from Bothrops moojeni and Bothrops atrox snake venoms. Toxicon, v.28, p.1137-1146, 1990.

LOMONTE, B., MORENO, E., TARKOWSKI, A., HANSON, L.A., MACCARANA, M. Neutralizing interaction between heparins and myotoxin II, a lysine 49 phospholipase A2 from Bothrops asper snake venom. Identification of a heparin-binding and cytolytic toxin region by the use of synthetic peptides and molecular modeling. J. Biol. Chem. 269, 29867–29873, 1994a.

LOMONTE, B., TARKOWSKI, A., BAGGE, U., HANSON, L.A. Neutralization of the cytolytic and myotoxic activities of phospholipases A2 from Bothrops asper snake venom by glycosaminoglycans of the heparin/ heparan sulfate family. Biochem. Pharmacol. 47, 1509–1518, 1994b.

LOMONTE, B., TARKOWSKI, A., HANSON, L.A. Host response to Bothrops asper snake venom. Analysis of edema formation, inflammatory cells, and cytokine release in a mouse model. Inflammation 17, 93–105, 1993.

LOOMIS, T.A.M.D.; HAYES, A.W. Loomis’s essential of toxicology. 4ª ed. Academic press, 1996.

LOPES R. A. Descoberta De Uma Substância Com Atividade Analgésica Periférica, Isolada Do Veneno Da Serpente Crotalus durissus collilineatus. Dissertação (Mestrado em Ciências Fisiológicas) - Universidade Estadual do Ceará, Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 2005. 74

LORD, J. A.; WATERFIELD, A. A.; HUGHES, J.; KOSTERLITZ, H. W. ENDOGENOUS OPIOID PEPTIDES: MULTIPLE AGONISTS AND RECEPTORS. NATURE, V. 267, P. 495-499, 1977.

MACKESSY, S.P. Venom ontogeny in the Pacific rattlesnakes Crotalus viridis helleri and Crotalus viridis oreganus. Copeia, 92–101, 1988.

MACKESSY, S.P., WILLIAMS, K., ASHTON, K.G. Ontogenetic variation in venom composition and diet of Crotalus oreganos concolor: a case of venom paedomorphosis. Copeia, 769–782, 2003.

MANCIN, A.C., SOARES, A.M., ANDRIÃO-ESCARSO, S.H., FAÇA, V.M., GREENE, L.J., ZUCCOLOTT, S., PELÁ, I.R.; GIGLIO, J.R. The analgesic activity of crotamine, a neurotoxin from Crotalus durissus terrificus (South American Rattlesnake) venom: a biochemical and pharmacological study. Toxicon, v. 36, p. 1927-1937, 1998.

MANDELBAUM, F. R., REICHL, A. P., ASSAKURA, M. T. Some physical and biochemical characteristics of HF2, one of the hemorrhagic factor in the venom of Bothrops jararaca. In: Ohsaka, A., Hayashi, K., Sawai, Y. (Eds.), Animal, Plant, and Microbial Toxins, vol. 1. Plenum Press, New York, pp. 111–121, 1976.

MANDELBAUM, F. R., REICHL, A. P., ASSAKURA, M. T. Isolation and characterization of a proteolytic enzyme from the venom of the snake Bothrops jararaca (Jararaca). Toxicon 20, 955–972, 1982.

MANSOUR, A. et al. Um, delta and kappa opioid receptor mRNA expression in the rat CNS: an in situ hybridization study. J. Comp. Neurol., v.350, p.412-438, 1994.

MAO, J. Opioid –induced abnormalpain sensitivity: implications in clinical opioid therapy. Pain, v.100, p.213-217, 2002.

MARUYAMA, M.; KAMIGUTI, A.S.; CARDOSO, J.L.C. et al. Studies on blood coagulation and fibrinolysis in patients bitten by Bothrops jararaca (Jararaca). Thromb. Haemost., v.63, p.449-453, 1990.

MARUYAMA, M., SUGIKI, M., YOSHIDA, E., MIHARA, H., NAKAJIMA, N. Purification and characterization of two fibrinolytic enzymes from Bothrops jararaca (Jararaca) venom. Toxicon 30, 853–864, 1992.

MARUYAMA, M., TANIGAWA, M., SUGIKI, M., YOSHIDA, E., MIHARA, H. Purification and characterization of low-molecular-weight fibrinolytic/hemorrhagic enzymes from snake (Bothrops jararaca) venom. Enzyme Protein 47, 124–135, 1993.

MEBS, D. Toxicity in animals. Trends in evolution? Toxicon, 39: 87-96, 2001. 75

MEBS, D., OWNBY, C. L. Myotoxic components of snake venom: their biochemical and biological activities. Pharmacol. Ther., 48: 223-236, 1990.

MELZAC, R., WALL, P.D. Pain mechanisms: a new theory. Science, v.150, p.971- 979, 1965.

MERRER, J., BECKER, J.A.J., BEFORT, K., KIEFFER, B.L. Reward Processing by the Opioid System in the Brain. Physiol Rev, v. 89, p. 1379–1412, 2009.

MERSKEY, H. Classification of chronic pain: descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms. Pain, v. 3, p. S1-S226, 1986.

MILLAN, M.J. The induction of pain: a integrative review. Progress in Neurobiology, v.57, p.1-164, 1999.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, BRASIL. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes ofídicos. Brasília, 2001.

MOREIRA, K.G. Estudo das atividades antinociceptiva e antiinflamatória do veneno bruto da serpente Crotalus durissus collilineatus crotamina positivo e crotamina negativo. Dissertação (Mestrado em Ciências Fisiológicas) - Universidade Estadual do Ceará, 2003.

MORENO, J.J., FERRER, X., ORTEGA, E., CARGANICO, G. Phospholipase A2- induced oedema in rat skin and histamine release in rat mast cells. Evidence for involvement of lysophospholipids in the mechanism of action. Agents Action 36, 258–263, 1992.

MOURA-DA-SILVA, A. M.; D. F. CARDOSO & M. M. TANIZAKI. Differences in distribuition on myotoxic proteins in venoms from different Bothrops species. Toxicon, London, 28: 1293-1301, 1990a.

MOURA-DA-SILVA, A. M.; M. R. D´IMPÈRIO LIMA; A. K. NISHIKAWA; C. I. BRODSKYN; M. C. DOS SANTOS; M. F. D. FURTADO; W. DIAS DA SILVA & I. MOTA. Antigenic cross-reativity of venoms obtained from of genus Bothrops. Toxicon, London, 28: 181-188, 1990b.

MOURA-DA-SILVA, A. M., LAING, G. D., PAINE, M. J., DENNISON, J. M., POLITI, V., CRAMPTON, J. M., THEAKSTON, R. D. Processing of pro-tumor necrosis factor- alpha by venom metalloproteinases: a hypothesis explaining local tissue damage following snake bite. Eur. J. Immunol. 26, 2000–2005, 1996.

MOURA-DA-SILVA, A. M., BUTERA, D., TANJONI, I. Importance of snake venom metalloproteinases in cell biology: effects on platelets, inflammatory and endothelial cells. Curr. Pharm. Des. 13, 2893–2905, 2007. 76

NAKAMURA, M., FERREIRA, S. H. A peripheral sympathetic component in inflammatory hiperalgesia. Eir. J. Pharmacol. 135, 145-153, 1987.

NESTLER, E.J.; HYMAN, S.E.; MALENKA, R.C. Pain. In: Molecular Neuropharmacology - A foundation for clinical neurocience. New York: MacGraw-Hill, p. 433-452, 2001.

NOGUEIRA-NETO, F. S.; AMORIM, R. L.; BRIGATTE, P.; PICOLO, G.; FERREIRA JR, W. A.; GUTIERREZ, V. P.; CONCEIÇÃO, I. M.; DELLA-CASA, M. S.; TAKAHIRA, R. K. B; NICOLETTI, J. L. M.; CURY, Y. The analgesic effect of crotoxin on neuropathic pain is mediated by central muscarinic receptors and 5-lipoxygenase- derived mediators. Pharmacology, Biochemistry and Behavior, v. 91, p. 252–260, 2008.

NORTH, R.A. Opioid actions on membrane ion chanels. In: Herz, A. Opioids Handbook of Experimental Pharmacology. Berlin: Springer – Verlag, 1993.

NUNES, F.P.B.; SAMPAIO, S.C.; SANTORO, M.L.; SOUSA-E-SILVA. M.C.C. Long- lasting anti-inflammatory properties of Crotalus durissus terrificus snake venom in mice. Toxicon, v.49, p.1090-1098, 2007.

NUNES, F.P.B.; ZYCHAR, B.C.; DELLA-CASA, M.S.; SAMPAIO, S.C.; GONÇALVES, L.R.C.; CIRILLO, M.C. Crotoxin is responsible for the long-lasting anti-inflammatory effect of Crotalus durissus terrificus snake venom: Involvement of formyl-peptide receptors. Toxicon, 2010. p.1-7, 2010.

OLINDA, A. C. C., Estudo da atividade antinociceptiva de um novo fator extraído do veneno de Crotalus durissus collilineatus. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas) - Universidade Estadual do Ceará - UECE, 2010.

OLIVEIRA, L. F. Dor: fisiopatologia, Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 28, n. 3, p. 227-288, 1979.

OSSIPOV, M.H. et al. Induction of pain facilitation by sustained opioid exposure: relationship to opioid antinociceptive tolerance. Life Sciences, v.73, p.783-800, 2003.

OWNBY, C. L. Structure, function and biophysical aspects of the myotoxins from snake venoms. J. Toxicol., Toxin Rev. 17, 213–238, 1998.

OWNBY, C. L., SELISTRE DE ARAÚJO, H., WHITE, S. P., FLETCHER, J. E. Lysine 49 phospholipases A2 protein. Toxicon, 37: 411-445, 1999. 77

PAINE, M. J. I., DESMOND, H. P., THEAKSTON, R. D. G., CRAMPTON, J. M. Purification, cloning, and molecular characterization of a high-molecularweight hemorrhagicmetalloprotease, jararhagin, from Bothrops jararaca venom – insights into the disintegrin gene family. J. Biol. Chem. 267, 22869–22876, 1992.

PASTERNAK, G.W. Pharmacological mecanisms of opioid analgesis. Clin. Neuropharmacol, v.16, p.1-18,1993.

PERALES, J., AMORIM, C. Z., ROCHA, S. L., DOMONT, G. B., MOUSSATCHE, H.Neutralization of the oedematogenic activity of Bothrops jararaca venom on the mouse paw by an antibothropic fraction isolated from opossum (Didelphis marsupialis) serum. Agents Actions 37, 250–259, 1992.

PERCHUC, A. M., MENIN, L., FAVREAU, P., BÜHLER, B., BULET, P., SCHÖNI, R., WILMER, M., ERNST, B., STÖCKLIN, R. Isolation and characterization of two new Lys49 PLA2s with heparin neutralizing properties from Bothrops moojeni snake venom. Toxicon 55, 1080–1092, 2010.

PEREIRA, M. A. S. Estudo da atividade antinociceptiva da adenosina em camundongos – análise do mecanismo de ação. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ciências Farmacêuticas) - Universidade do Vale do Itajaí, 2004.

PICOLO, G.; CASSOLA, A.C.; CURY, Y. Activation of peripheral ATP-sensitive K+ channels mediates the ntinociceptive effect of Crotalus durissus terrificus snake venom. Eur. J. of Pharmacol, v.469, p.57-64, 2003.

PICOLO, G. et al. The antinociceptive effect of Crotalus durissus terrificus snake venom is mainly due to a supraspinally integrated response. Toxin, v.36, p.223-227, 1998.

PICOLO, G. ; GIORGI, R. ; CURY, Y. . Participação de receptores opióides na antinocicepção induzida pelo veneno de Crotalus durissus terrificus, no modelo de hiperalgesia inflamatória. In: XIII Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental-FESBE, 1998.

PINHO, F.M. O.; PEREIRA, I. D. Ofidismo. Rev Ass Med Brás., v. 47, n.1, p. 24-29, 2001.

PIRES, A. F. Atividade antinociceptiva de uma lectina de sementes de Canavalia brasiliensis MART. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas) - Universidade Estadual do Ceará - UECE, 2007.

POOLE, S., LORENZETTI, B. B., CUNHA, J. M., CUNHA, F. Q., FERREIRA, S. H. Bradykinin B1 and B2 receptors, tumor necrosis factor alpha and inflammatory hyperalgesia. Br. J. Pharmacol, 126, 649-656, 1999. 78

PRUZANSKI, W., SAITO, S., STEFANSKI, E., VADAS, P. Comparison of group I and II soluble phospholipases A2 activities on phagocytic functions of human polymorphonuclear and mononuclear phagocytes. Inflammation 15, 127–135, 1991.

QUEIROZ, G. P.; PESSOA, L. A.; PORTARO, F. C. V.; FURTADO, M. F. D.; TAMBOURGI, D. V. Interspecific variation in venom composition and toxicity of Brazilian snakes from Bothrops genus. Toxicon 52 (2008) 842–851, 2008.

RAFFA RB, FRIDERICHS E, REIMANN W, SHANK RP, CODD EE AND VAUGHT JL. Opioid and nonopioid components independently contribute to the mechanism of action of tramadol, an "atypical" opioid analgesic. J Pharmacol Exp Ther 260: 275- 285, 1992.

RAJENDRA, W.; ARMUGAM, A.; JEYASEELAN, K. Toxins in anti-nociception and anti-inflammation. Toxicon, v.44, p. 1-17, 2004.

RAMADABRAN, K.,BANSINATH, M. A critical analysis of the experimental evaluation of nociceptive reactions in animals. Pharmac. Res., 3: 263-269, 1996.

RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M.; FLOWER, R.J. Fármacos analgésicos. In: Farmacologia. 6a ed. Editora Guanabara, 2008. p. 588-607.

RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M. Farmacologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

REPTILE DATABASE, 2010 (http://www.jcvi.org/reptiles/search.php?taxon=&genus=Bothrops&species=&subspec ies=&author=&year=&common_name=&location=Brazil&holotype=&reference=&sub mit=Search)

RIBEIRO, L.A. Epidemiology of ofidic accidents. Mem. Instituto Butantan, 52(supl), p15-16, 1990.

RIZZO, M.T., NGUYEN, E., AALDO-BENSON, M., LAMBEAU, G. Secreted phospholipase A2 induces vascular endothelial cell migration. Blood 96, 3809–3815, 2000.

ROCHA, S. L. G., FRUTUOSO, V. S., DOMONT, G. B., MARTINS, M. A., M., H., PERALES, J. Inhibition of the hyperalgesic activity of Bothops jararaca venom by antibothorpic fraction isolated from opossum (Didelphis marsupialis) serum. Toxicon 38, 875 – 880, 2000.

79

RODRIGUES, V. M.; A. M. SOARES; A. C. MANCIN; M. R. M. FONTES; M. I. HOMSI-BRANDEBURGO; J. R. GIGLIO. 1998. Geographic variations in the composition of myotoxins from Bothrops neuwiedi snake venoms: biochemical characterization and biological activity. Comparative Biochemistry and Physiology, Oxford, 121, 215-222, 1998.

ROH, Dae-Hyun; KIM, Hyun-Woo; YOON, Seo-Yeon; KANG, Seuk-Yun; KWON Young-Bae; CHO, Kwang-Hyun; HAN, Ho-Jae; RYU, Yeon-Hee; CHOI, Sun-Mi; LEE, Hye-Jung; BEITZ, Alvin J.; LEE, Jang-Hern. Bee venom injection significantly reduces nociceptive behavior in the mouse formalin test via capsaicin-insensitive afferents. The Journal of Pain, Vol 7, No 7 (July): pp 500-512, 2006.

ROSENFELD, G. Symptomatology, pathology and treatment of snake bites in South America. In: Bucherl, W., Buclkey, E. E. (Eds.) Venomous Animals and Their Venoms, vol. 2. Pp. 345 – 362, 1971.

SCHENBERG, S. Análise imunológica (micro-difusão em gel) de venenos individuais de Bothrops jararaca. Ciência e Cultura, São Paulo, 13: 225-230, 1961.

SELISTRE, H.S.; QUEIROZ, L.S.; CUNHA, A.B. et al. Isolation and characterization of hemorrhagic, myonecrotic and edema-inducing toxins from Bothrops insularis (Jararaca Ilhoa) snake venom. Toxicon, v.28, p.261-273, 1990.

SERRA, J. Overview of neuropathic pain syndromes [new advances in the treatment of neuropathic pain]. Acta Neurologica Scandinavica, v. 100 (Supplementum), p. 7- 11, 1999.

SERRANO, S. M. T., MAROUN, R. C. Snake venom serine proteinases: sequence homology vs. substrate specificity, a paradox to be solved. Toxicon 45, 1115–1132, 2005.

SHELLEY, A.; CROSS, M. D. Pathophysiology of pain. Mayo Clin. Proc., v. 69, p. 375-383, 1994.

SINGH, S.B., ARMUGAM, A., KINI, R.M., KANDIAH, J. Phospholipase A2 with platelet aggregation inhibitor activity from Austrelaps superbus venom: protein purification and cDNA cloning. Arch. Biochem. Biophys 375, 289–303, 2000.

SMITH DL, D'AMOUR MC AND D'AMOUR FE. The analgesic properties of certain drugs and drug combinations. J Pharmacol Exp Ther 77: 184-193, 1943.

SMITH, C.M.; REYNARD, A.M. Essentials of Pharmacology. Sounders,1995.

SMITH, G. R.; MONSON, R. A.; RAY, D. C. Patients with multiple unexplained symptoms.Their characteristics, functional health, and health care utilization. Archives of Internal Medicine v.146, n.1, p.69-72, 1986. 80

SOARES, A. M., ANDRIÂO-ESCARSO, S. H., ÂNGULO, Y., LOMONTE, B., GUTIÉRREZ, J. M., TOYAMA M. H., MARANGONI, S., ARNI, R. K., GIGLIO, J. R. Structural and functional characterization of myotoxin I, a LYS49 phospholipase A2 homologue from Bothrops moojeni (caissaca) snake venom. Archs. Biochem. Biophys. 373: 7-15, 2000.

SOARES, A.M., FONTES, M.R.M., Giglio, J.R. Phospholipases A2 myotoxins from Bothrops snake venoms: structure-function relationship. Curr. Org. Chem. 8, 1677– 1690, 2004a.

SOARES, A.M., SESTITO, W.P., MARCUSSI, S., STABLÉI, R.G., ANDRIÃO- ESCARSO, S.H., CUNHA, O.A.B., VIEIRA, C.A., GIGLIO, J.R. Alkylation of myotoxic phospholipases A2 in Bothrops moojeni venom: a promising approach to an enhanced antivenom production. Int. J. Biochem. Cell. Biol. 36, 258–270, 2004b.

SOARES, A. M., RODRIGUES, V. M., HOMSI-BRANDEBURGO, M. I., TOYAMA, M. H., LOMBARDI, F., ARNI, R. K., GIGLIO, J. R. A rapid procedure for the isolation of the LYS49 PLA2 myotoxin II from Bothrops moojeniI (caissaca) venom: biochemical characterization, crystallization, myotoxic and edematogenic activity. Toxicon, 36: 503-514, 1998.

STÁBELI, R. G., AMUI, S. F., SANT´ANA, C. D., PIRES, M. G., NOMIZO, A., MONTEIRO, M.C., ROMÃO, P. R. T., GUERRA-SÁ, R., VIEIRA, C. A., GIGLIO, J. R., SOARES, A. M. Bothrops moojeni myotoxin-II, a Lys49-phospholipase A2 homologue: An example of function versatility of snake venom proteins. Comparative Biochemistry and Physiology, Part C 142: 371–381, 2006.

STEIN, C. et al. Local analgesic effect of endogenous opioid peptides. Lancet, v.342, p.321-324, 1993.

STEIN, C.; YASSOURIDIS, A. Peripheral morphine analgesia. Pain, v.71, p.119-121, 1997.

STOCKER, K. F. Composition of snake venom IN: Stocker, K. F. (ed). Medical Use Snake Venom Proteins, p. 37-57 CRC Press, Florida, 1990.

TAN, N.H., PONNDURAI, G.A. Comparative study of the biological properties of some venoms of snakes of the genus Bothrops (American lance-headed viper). Comp. Biochem Physiol. B 100, 361–365, 1991.

TEIXEIRA, C. F. P., CURY, Y., OGA, S., KANCAR, S. Hyperalgesia induced by Bothrops jararaca venom in rats: role of eicosanoids and platelet activating factor (PAF). Toxicon 32, 419 – 426, 1994.

TEIXEIRA, C. F., LANDUCCI, E. C., ANTUNES, E., CHACUR, M., CURY, Y. Inflammatory effects of snake venom myotoxic phospholipases A2. Toxicon 42, 947– 962, 2003. 81

TEMPONE, A. G., ANDRADE Jr., H. F., SPENCER, P. J., LOURENÇO, C. O., ROGERO, J. R., NASCIMENTO, N. Bothrops moojeni venom kills Leishmania spp. with hydrogen peroxide generated by its L-amino acid oxidase. Biochem. Biophys. Res. Commun. 280, 620–624, 2001.

TREBIEN, H. A., CALIXTO, J. B. Pharmacological evaluation of rat paw oedema induced by Bothrops jararaca venom. Agents Action 26, 292 – 300, 1989.

TJÆLSEN, A, BERGE, O. G., HUSKAAR, S., et al. The formalin test: an evaluation ofthe method. Pain, v. 51, p.5-17, 1992.

TJÆLSEN, A. & HOLE, K. Animal models of analgesia. In: The pharmacology of pain., BESSON, M. J.; DECKESON, A. Berlin: Springer-Verlag, p. 21-41, 1997.

VANDER WEND, C.; MARGOLIN, S. Analgesic tests based upon exerimentally induced acute abdominal pain in rats. Federation Proceedings, v.15, p.494, 1956.

VITOR, A.O.; PONTE, E.L.; SOARES, P.M.; LIMA, R.C.S.; VASCONCELOS, S.M.M. Psicofisiologia da dor: uma revisão bibliográfica. RECIIS, v.2, n.1, p.87-96, 2008.

WANG, J.P., TENG, C.M. Roles of PMN leukocytes, platelets and some mediators in rat hind-paw oedema induced by two phospholipase A2 enzymes from Trimeresurus mucrosquamatus venom. J. Pharm. Pharmacol. 44, 300–305, 1992.

WAY, W.L.; FIELDS,H.L.;SCHUMACHER, M.A. Analgésicos e Antagonistas Opióides. In: KATZUNG, B.G. Farmacologia. 8a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 446-462, 2002.

WOOLF, C. J.; MANNION, R. J. Neuropathic pain: aetiology, symptoms, mechanisms, and management. The Lancet, v. 353, p.1959-1964, 1999.

WOOLFE, G.; MAC DONALD, A. D. The evalution ofthe analgesic action ofpethidine hydrochloride (Demerol). J. Pharmacol. Exper. Ther., 80: 300-307, 1944.

YAKSH, T.L. Pharmacology and mechanisms of opioid analgesic activity. Acta Anaesthesiol Scand, v.41, p.9-111, 1997.

ZHANG, H., HAN, R., CHEN, Z., CHEN, B., GU, Z., REID, P.F., RAYMOND, L.N., QIN, Z. Opiate and acetylcholine-independent analgesic actions of crotoxin isolated from Crotalus durissus terrificus venom. Toxicon, v. 48, p. 175-182, 2006.

ZYCHAR, B. C., DALE, C. S., DEMARCHI, D. S., GONÇALVES, L. R. C. Contribution of metalloproteases, serine proteases and phospholipases A2 to the inflammatory reaction induced by Bothrops jararaca crude venom in mice. Toxicon 55, 227–234, 2010.

Livros Grátis

( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download:

Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas

Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo