A Trajetória Libertária De Angelo Bandoni Entre Propaganda E Educação
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BRUNO CORRÊA DE SÁ E BENEVIDES O ANARQUISMO SEM ADJETIVOS: A TRAJETÓRIA LIBERTÁRIA DE ANGELO BANDONI ENTRE PROPAGANDA E EDUCAÇÃO 2018 O Anarquismo sem adjetivos: a trajetória libertária de Angelo Bandoni entre propaganda e educação Bruno Corrêa de Sá e Benevides Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Carlo Maurizio Romani. Rio de Janeiro 2018 Catalogação informatizada pelo(a) autor(a) Corrêa de Sá e Benevides, Bruno CB465 O Anarquismo sem adjetivos: a trajetória libertária de Angelo Bandoni entre propaganda e educação / Bruno Corrêa de Sá e Benevides. -- Rio de Janeiro, 2018. 193 Orientador: Carlo Maurizio Romani. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em História, 2018. 1. Angelo Bandoni. 2. Anarquismo. 3. Biografia. I. Maurizio Romani, Carlo, orient. II. Título. FOLHA DE APROVAÇÃO O Anarquismo sem adjetivos: a trajetória libertária de Angelo Bandoni entre propaganda e educação Bruno Corrêa de Sá e Benevides Aprovador por: ______________________________________ Prof. Dr. Carlo Maurizio Romani (Orientador) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro ______________________________________ Prof. Dr. Giovanni Stiffoni (Membro interno) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro ______________________________________ Dr.ª Claudia Feierabend Baeta Leal (Membro externo) Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional _______________________________________ Prof. Dr. Luigi Biondi (Membro externo) Universidade Federal de São Paulo ______________________________________ Prof.ª Dr.ª Angela de Castro Gomes (Suplente interno) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2018 Dedicatória Dedico este trabalho aos meus pais (Paulo Corrêa de Sá e Benevides Filho e Marcia Coelho e Benevides) que indiretamente proporcionaram esta jornada. Nós desejamos a liberdade e o bem-estar de todos os homens, de todos os homens sem exceção. Queremos que cada ser humano possa se desenvolver e viver do modo mais feliz possível. E acreditamos que esta liberdade e este bem-estar não poderão ser dados nem por um homem, nem por um partido, mas todos deverão descobrir neles mesmos suas condições, e conquistá-las. Errico Malatesta TABACARIA Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! Gênio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu, E a história não marcará, quem sabe?, nem um, Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) Agradecimentos De todas as dificuldades existentes no cotidiano brasileiro, estudar, talvez, seja um dos processos mais complexos. Uma vereda repleta de espinhos. Ainda mais em se trantando de uma pesquisa de pós-graduação, parece que os percalços se afloram, se fortalecem. Já não bastassem os inconvenientes da pesquisa em si, é preciso driblar os obstáculos impostos pelas realidades tão desfavoráveis, sobretudo se o seu lugar de fala parte de zonas nitidamente excluídas de alguns aparatos culturais. Como vivi a maior parte da minha vida nos subúrbios cariocas, a ausência de bibliotecas e de boas livrarias, o distanciamento dos centros universitários, os antagonismos sociais e a percepção pejorativa que o ato de estudar possui entre a própria população concedem ao fato tom de dramaticidade. A sociedade, portanto, faz a sua parte e o Estado, do outro, termina o serviço com louvor, conseguindo manter inúmeros indivíduos à margem de um verdadeiro processo educacional – apenas poucos podem ter acesso. No Brasil, nessa questão educacional, A Sociedade contra o Estado (de Clastres) é ampliada e o que temos são alguns individuos não apenas contra o Estado, mas contra toda a Sociedade. Como questionou Fernando Pessoa em seu heterônimo Álvaro de Campos, “Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?” Parece que sim, pois é mais fácil tirar uma carteira de trabalho (transformando-me em um promissor mercado consumidor) do que obter um diploma. Além disso, a rede de sociabilidade que nos cerca concede maior valor por seu patrimônio acumulado do que pelas conquistas intelectuais ou ações de cidadania. Mesmo assim, o que matém a chama acesa? No meu caso foi a paixão pela História, o contato com o anarquismo e o apoio incondicional de algumas pessoas. De modo que é preciso reconhecer essa participação em forma de agradecimento. Assim, por esses dois anos de pesquisa, agradeço à minha irmã Paula Benevides por toda a preocupação e apoio. Ao Professor Alexandre Samis por ter gentilmente me enviado um exemplar do seu livro. À Historiadora Claudia Leal por ter aceitado ler este trabalho e fazer parte da banca examinadora. Ao professor Luigi Biondi por igualmente ter aceitado compor a banca como membro externo. Ao Professor Giovanni Stiffoni por ter gentilmente cedido boa parte da documentação policial sobre o meu objeto de pesquisa que se encontrava no Archivio Centrale Dello Stato. A ele também devo as horas de debates intelectuais, por ter me ensinado os primeiros rudimentos da língua italiana, pela leitura dessa dissertação e por compor a banca avaliadora. Ao Historiador chileno Jorge Canales Urriola que conheci em um congresso na Argentina (Buenos Aires) e prontamente me enviou alguns documentos policiais sobre Angelo Bandoni. À Professora Angela Roberti pela estima e o apoio. Agradeço também ao Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo financiamento da pesquisa. Em janeiro de 2017, tive o prazer imenso de receber um e- mail da bisneta de Angelo Bandoni (neta do Spartaco Bandoni, filho de Angelo) que acabou se tornando uma pessoa querida e próxima. Nesse sentido, agradeço o contato feito por Vania Bandoni. Ao Professor Frank Jacob da Universidade de Nova York que me recepcionou com toda a gentileza em um congresso realizado na Alemanha (Würzburg) e que recentemente me enviou saudações e apoio na pesquisa. Agradeço especialmente ao meu orientador e Professor Carlo Romani pelo incentivo, pela confiança, sempre mantendo portas abertas ao diálogo e por ter, desde o início, “abraçado” o tema e acreditar nos resultados deste trabalho. Agradeço aos meus amigos de pós-gradução pelo apoio constante, em especial à minha grande amiga Helena Trindade pelas horas gastas em longas conversas, no processo de revisão dos textos e na leitura das fontes manuscritas (o seu conhecimento em paleografia foi fundamental e a sua amizade incondicional). Por fim, agradeço à minha companheira Paula Rodrigues que muito contribuiu na confecção dos fichamentos da bibliografia e das fontes e que bravamente me aturou nos períodos de amarguras. Muito obrigado! Resumo Este trabalho trata da reconstrução biográfica do anarquista corso-italiano Angelo Bandoni, que viveu no Brasil no período compreendido entre 1900 e 1947. Responsável por editar alguns periódicos que atingiram notoriedade entre o operariado, sobretudo nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, Bandoni também organizou uma das primeiras experiências de escola no país atravessada por concepções libertárias e destinada aos filhos dos trabalhadores. Por este feito, passou a ser reconhecido, segundo alguns memorialistas que vivenciaram o seu mesmo espaço social e temporal, como “o professor”. Apesar de sua forte tendência antiorganizacional, busca-se compreender a sua ação enquanto militante para além das vertentes do anarquismo, evitando a sua classificação de maneira rígida e inexorável dentro do movimento libertário. Com base nessa perspectiva, acredita-se que a melhor descrição de Angelo Bandoni seja a de um “anarquista sem adjetivos”, na medida em que ele mesmo não definiu rigidamente a sua posição. O uso da abordagem biográfica (micro-história) permite enxergar o indivíduo como sujeito histórico ao conceder ênfase às ações individuais dentro das estruturas sociais, possibilitando, inclusive, compreender as especificidades do grupo social a qual Angelo Bandoni fez parte. Palavras-chave: Angelo Bandoni – Anarquismo – Biografia Abstract This work deals with the biographical reconstruction of the Corsican-Italian anarchist Angelo Bandoni, who lived in Brazil between 1900 and 1947. Responsible for editing some periodicals that reached notoriety among the working class, especially in the cities of São Paulo and Rio de Janeiro, Bandoni also organized one of the first experiences of school in the country crossed by libertarian conceptions and destined to the children of the workers. For this done, became recognized, according to some memorialists who have experienced their same social and temporal space, as “the teacher”. Despite his strong anti-organization tendency, seeks out to understand his action as a militant beyond the strands of anarchism, avoiding his classification in a rigid and inexorable way within the libertarian movement. Based on this perspective, we believe that Angelo Bandoni's best description is that of an “anarchist without adjectives”, in that he himself has not rigidly defined his position. The use of the biographical approach allows one to see the individual as a historical subject by giving emphasis to individual actions within social structures, making possible to understand the specificities of the social group to which Angelo Bandoni belonged.