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' : • ENTREVISTA:MYLENAPEIXOTOC

ATIVIDADESNA ESTAÇÃO ESPACIAL INTERNACIONALC

AGENDADOSLANÇAMENTOSESPACIAISQ • # AstroNova .N .1 3 : 2011 flstro Novo Rqgério, que é biólogo, desenvolve réplicas de crânios de nossps ancestrais.' E usa na gala de aula! EXPEDIENTE EDITORIAL Nesta edição veremos tudo Editores: sobre os eclipse solares. Dois Nesta edição a AstroNova deles ocorrerão este ano, Maico A. Zorzan inicia sua terceira volta em " começando pelo mês de - [email protected] torno do Sol. É com alegria, e fevereiro. Mesmo sepdo ao mesmo tempo com a- parciais do Brasil, o ■ Wilson Guerra consciência de‘que muito f.»,* fenômeno continua [email protected] ainda precisa melhorar, que belíssimo. Vi um fenômeno * iniciamos o- ano nesta edição deste "a long time ago", em Redatores: de aniversário. 1993. Escrevo esta matéria, e Rafael Junior Hoje começaremos nosso , "ansiedade define" a espera [email protected] Tour pelo Sistema Solar . pelos eclipses de 2017! conhecendo um pouco das Também contibuo nésta Wilson Guerra "luas" de Marte. Deimos e edição com uma tomada . ' [email protected] Fobos não sãocomó as luas geral sobre Estações' - tradicionais.Mascomo . Espaciais;. Estes iaborat-órios. Rogério C. Souza veremos, tem seus charmes do espaço, que levarão a [email protected] peculiares. humanidade a fixar-se no Arte e Diagramação: Nesta edição veremos espaço cósmico, tem uma também como se ■ história-gloriosano passado, de sucesso no presente e . . Wilson Guerra desenvolveu a Missão Venera, [email protected] a primeira e bem sucedida ' promissora no futuro. exploração robótica Iniciamos, como de - Astrofotos: interplanetária que começou constume, com os resumos Carlos Domingues a desvendar os segredos do astronáuticos da Estação Augusto César Araújo infernãl planeta Vênus. Espacial Internacional (ISS) e Rafael Cândido nos conduz a dos principais lançamentos . esta aventura. orbitais do trimestre.

Na primeira colaboração do Desejamos um.ótmo começo professor Rogério Souza, • de 2017 e uma merecida boa trataremos de uma aplicação leitura a todos! * C a p a : Nebulosa N159na Grande Nuvem didática no Ensino Médio ■ Wilson Guerra de Magalhães, a 180.000 anos-luz importante na formação GCAA de distância do centro da Via Láctea. científica de qualquer Fonte: APOD NASA cidadão: A Evolução Humana. https://apod.nasa.gov/apod/ap170128.html SUMARIO ASTRO flno 4 I Cdição n° 13 I 2017 I©

« Tour pelo Sistema Solar DEIMOS e F0B0S: as luas de Marte . 07

© PROGRAMA ESPACIAL "VENERA" A pioneira exploração planetária ...... n

pC * ECLIPSES SOLARES » Porque ocorrem e como observá-los . 23

EVOLUÇÃO HUMANA NO ENSINO MEDIO Uma proposta de prática pedagógica essencial...... ■ ? 1

C ESTAÇÕES ESPACIAIS Passado, presente efuturo . . . . . 35

© ENTREVISTA: Mylena Peixoto A garota que descobriu 5 asteroides e ganhou uma viagem para a NASA . . . . 53 Principais Lançamentos do Trimestre J rJ5 y ^ c S su ^ -, /J p í)\ -3

v. / / a

RUSSIA

Foguete: SOYUZ (Roscosmos) Foguete: SOYUZ (Roscosmos) Carga: Kanopus-V-IK(sat. infravermelho) Expedição 50S para a Zond (pesquisa solar) e pequenos satélites Estação Espacial Internacional Local: Cosmódromo de Baikonur Local: Cosmódromo de Baikonur Data: março/2017 Data: 27/03/2017

Foguete: ARIANE5 Foguete: SOUYZ2-1b Carga: Intelsat 32e/Sky Brasil 1 & Telkom 3S Carga: SES 15 satélite de satélites de comunicação, TV e internet comunicação (Luxemburgo] Local: Base de Kourou Local: Base de Kourou Data: 14/02/2017 Data: 04/04/2017

Foguete: PSLV(ISRO) Foguete: GSLVMk.3(ISRO) Carga: Cartosat 2D, satélite de observação Carga: GSAT 9, satélite da Terra & conjunto de nanossatélites de comunicação Local: Base de Sriharikota Local: Base de Sriharikota Data: 14-15/02/2017 Data: março/2017

ESTADOS UNIDOS Foguete: Falcon 9 Foguete: Atlas 5 Carga: satélite de comunicação Carga: cargueiro Cygnus com E c h o S ta r2 3 mantimentos e equipamentos para ISS Local: Centro Espacial Kennedy Local: Centro Espacial Kennedy Data: 28/02/2017 Data: 05/03/2017

Foguete: Longa Marcha 2D Foguete: Longa Marcha 7 Carga: HXMT, telescópio Carga: Tianzhou-1,nave cargueira com espacial em Raios-X combustível para estação Tiangong2 Local: base de Jiuquan Local: Base de Wenchang Data: abril/2017 Data: abril/2017

tb' Aeronáutica e Espaço (Nasa) Espaço e Aeronáutica da Nacional Administração pronto estava Hall Asaph Fobos, descobriu a descobriu de Fobos, dominante A característica Marte. planeta o orbitando estava quando as luas, clara duas mais muito aneira m de observar conseguiu Unidos Estados dos da 9 Mariner sonda a tarde, mais anos quatro e Noventa tarde. mais noite na Deimos descobriu Ele continuasse. ele em que insistiu Angelina ulher m de noite certa Marte, de lua uma por busca frustrante sua de desistir para Da NasaDa seguinte, e Fobos seis dias dias seis Fobos e seguinte, sua quando 1877, em agosto SISTEMA SOLAR SISTEMA As luas de Marte estão entre entre estão Marte de luas As batizada com o nome de de nome o com batizada guerra. da deus do filhos os para apropriados muito Nomes devastadora). derrota uma de depois exemplo, (por fuga em (como Pânico ou medo significa Fobos romanos. entre os Marte como conhecido grego deus o Áries, de filhos dos mitólogicos os nomes com luas as batizou Hall foi cratera A questão. lua em da diâmetro do a metade menos ou -mais diâmetro de quilômetros 10 de cratera uma era espaçonave, as menores do Sistema Solar. Sistema do menores as significa Deimos e "fobia") Stickney. - Angelina de solteira vezes por dia, enquanto enquanto dia, por vezes Para alguém posicionado em posicionado alguém Para Marte de torno um formará e se ou estilhaçará planeta, o com colidirá lua a anos, de milhões por etro m 1,8 de cerca aproximando gradualmente está Fobos órbita. uma leva distante, mais Deimos, O planeta. seu ao próxima tão órbita tenha lua que outra qualquer conhece apenas a orbita e Deimos que maior pouco um é Fobos anel de fragmentos em em fragmentos de anel 50 de Dentro século. em superfície, da órbita sua completar para horas 30 três Marte circunda satélite se Não marciana. da superfície quilômetros 6.000 07 nstroNova.N.13.2017

Deimos Superfície mais escura Mede 15km x12km x11km Possui uma gravidade muito baixa.

Fobos, na face da lua que podem ser asteróides em geral têm diâmetro contempla Marte, o planeta capturados. inferior a2,5 quilômetros, e ocuparia grande parte do não apresentam as estrias e céu. E pode ser que seres Fobos tem apenas um as cristas vistas em Fobos. humanos um dia o façam. milésimo da atração Tipicamente, quando um Os cientistas discutiram a gravitacional terrestre. Uma meteorito atinge a possibilidade de usar uma pessoa de 68 quilos pesaria superfície, material das luas marcianas como 68 gramas, lá. Mas a depositado lá é expelido uma base a partir da qual espaçonave Mars Global para fora da cratera astronautas possam Surveyor, da Nasa, mostrou resultante. O material em observar o planeta vermelho indícios de deslizamentos de geral cai de volta em torno e lançar robôs para sua terra, rochedos e poeira que da cratera. Mas esses superfície, enquanto teriam caído de volta na depósitos de ejeção não são quilômetros de rochas os superfície depois de serem vistos em Deimos, talvez protegem contra os raios arrancados da lua por porque a gravidade da lua cósmicos e a radiação solar meteoritos. seja tão baixa que o material por praticamente dois terços ejetado consegue escapar de cada órbita. Deimos para o espaço. Mas há indicações de que certos Batizada em homenagem ao Como a Lua terrestre, Fobos materiais tenham deslizado deus romano do medo, e Deimos sempre encosta abaixo. Deimos Deimos é a menor das duas apresentam a mesma face ao conta também com um luas marcianas. Com apenas seu planeta. Ambas são espesso regolito, com talvez 15 por 12 por 11 quilômetros recobertas de caroços, 100 metros de profundidade, de tamanho, Deimos crateras e camadas de poeira formado quando meteoritos circunda Marte a cada 30 e pedras soltas. Estão entre pulverizados golpearam sua horas. os objetos mais escuros do superfície. Sistema Solar. As luas Como Fobos, Deimos tem parecem ser compostas de Deimos é um corpo escuro um aspecto rugoso e muitas rochas ricas em carbono que parece ser composto de crateras. Mas as crateras lá misturadas com gelo, e materiais de superfície do

08 Maior lua de Marte Mede 27km x 22km x 18km Possui uma grande cratera de impacto

tipo C, semelhantes ao dos planeta dentre de 50 Medições nos lados diurno e asteróides encontrados no milhões de anos, ou se noturno de Fobos mostram cinturão de asteróides romper em um anel de extremos de temperatura, e externo. fragmentos. Sua marca o lado ensolarado da lua se característica é a cratera assemelha a um dia de Fobos Stickney, de 10 quilômetros inverno ameno em Chicago, de diâmetro. O impacto enquanto a alguns Fobos, a maior das luas causou enrugamento de quilômetros de distância, no marcianas, marcada e quase toda a superfície da lua. A lado escuro, o clima é mais dilacerada por uma imensa cratera foi avistada pela severo que o de uma noite cratera de impacto e por Mars Global Surveyor e está antártica. As temperaturas milhares de impactos de cheia de uma poeira fina, mais altas em Fobos são de meteoritos, está em curso de com indícios de que rochas menos quatro graus, e as colisão com o planeta. deslizaram por suas mais baixas de menos 112. encostas abaixo. Essa intensa perda de calor é Fobos, batizada em honra de provavelmente resultado da um mensageiro do deus da Fobos e Deimos parecem ser poeira fina na superfície do guerra romano, é a maior compostas de rochas tipo C, planeta, incapaz de reter o das duas luas marcianas, semelhantes aos asteróides calor. medindo 27 por 22 por 18 de condritos carbonáceos. As quilômetros. O satélite observações da Mars Global Fobos não tem atmosfera. circunda Marte três vezes Surveyor indicam que a Pode ser um asteróide por dia, e está tão perto da superfície desse pequeno capturado, mas alguns superfície do planeta que corpo celeste foi pulverizada cientistas encontraram não pode ser visto, de alguns por eras de impacto de indícios contrários a essa locais marcianos. meteoritos, alguns dos quais teoria. causaram deslizamentos de Fobos está se aproximando terra que deixam trilhas de Marte ao ritmo de 1,8 escuras nas bordas das metro a cada 100 anos; nesse imensas crateras. www..gov ritmo, vai colidir com o Tradução: Luiz Roberto Mendes

09 • í í 1 1 B í f c IM t Pi Ü i i Ê * n n

Coordenado por Yara Laiz Souza o Ciência em Pauta colabora com os sites Universo Racionalista, Ciência e Astronomia, InfoEscola, SpaceToday e Núcleo de Pesquisa de Ciências (NUPESC), além das revistas online AstroNova e Planetária.

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Rafael Cândido Jr. odisséia para desvendar o As primeiras tentativas [email protected] PlanetaVênus. A primeira sonda construída para ir à Vênus foi É comum, mesmo entre as O programa espacial Venera denominada Venera IVA e pessoas que acompanham a começou a ser concebido foi lançada em 04/02/1961. História da Astronáutica, logo após os voos dos Porém uma falha no último que se recorde do primeiro primeiros satélites Sputnik. estágio do foguete de satélite artificial (Sputnik 1 Enquanto uma parte do lançamento fez com que esta outubro/1957), do primeiro programa soviético tinha sonda sequer deixasse a vôo tripulado (Vostok 1 como meta o voo tripulado, órbita da Terra. Como era abril/1961) ou da primeira outra parte ficou com um na URSS, os missão tripulada que encarregada de planejar as fracassos eram escondidos e pousou na Lua (Apollo 11 sondas interplanetárias. então este lançamento foi julho/1969). Mas poucos se Então, em 1959 tem início anunciado apenas como o recordam da primeira sonda um dos maiores programas lançamento de um satélite que pousou em um planeta espaciais da História, muito pesado (e de fato, e do programa a que denominado Venera pesava quase 645 kg). pertencia. Neste artigo (literalmente, Vênus em vamos conhecer uma russo). Assim, em 12/02/1961 foi n HslroNovo.N.13.2017

sondaVenera 1. A Venera 3 foi lançada em 16/11/1965 e tinha como missão o pouso em Vênus. AVenera 2, denominada Entretanto, a sonda perdeu 3MV-4, foi lançada em seus sistemas de 12/11/1965 e era ainda mais comunicação e em pesada que a versão anterior, 01/03/1966, provavelmente a tinha 963 kg. Tinha câmeras, sonda entrou na atmosfera magnetômetros detectores do planeta e impactou na de raios cósmicos, contador sua superfície, tornando-se a Geiger entre outros primeira sonda a impactar equipamentos. A meta era outro planeta. (Figura 2) realizar um voo a apenas 24000 km de distância da atmosfera de Vênus e isto ocorreu em 27/02/1966.

A programação era realizar Figura 1. Réplica da Venera 1 as medições durante o voo, (Museu da Cosmonáutica - Moscou) arquivar os dados usando os gravadores de bordo e estes lançado um satélite idêntico dados seriam transmitidos ao anterior, este sim com assim que se retornasse o lançamento bem-sucedido. contato com a Terra. Porém, Finalmente, o Venera 1 este contato nunca se estava a caminho do planeta concretizou, ocorreu uma Vênus. falha no sistema de rádio e a sonda foi declarada perdida Figura 2. Réplica da Venera 3 em 04/03. (Museu da Cosmonáutica - Moscou) Sendo idêntico ao anterior, foi denominado pelos AVenera 4, lançada em 12/06/1967, entrou na soviéticos de Venera IVA N2 Mudança de planos 2. A m eta era fazer um fly- atmosfera venusiana em Com estas falhas nas Venera by, um voo rasante, sobre as 18/10/1967 e conseguiu le2,o Comitê Central da nuvens de Vênus e coletar analisar sua composição, URSS transferiu a dados meteorológicos. bem como as variações de construção das sondas da Porém, ao chegar próximo pressão e de temperatura. A Corporação Korolev para a ao planeta em 19/05/1961, o partir desta nave as sondas Corporação Lavochkin. contato de rádio foi perdido. eram compostas de uma Exceto a Venera 3, que E assim perdeu-se a Venera 1, nave-mãe (bus) e uma sonda pesava 960 kg; todas as que entrou em órbita de pouso (lander). A figura 3 naves passavam de 1 heliocêntrica. A figura 1 apresenta a Venera 4 em sua tonelada. mostra uma réplica da totalidade e a figura 4, a

12 Durante a entrada o escudo de proteção alcançou H000°C e o tempo total para| alcançar a superfície foi de 93 minutos, porém não houve transmissão de dados da superfície. Na altitude de 26 km a temperatura alcançou 260°C e a pressão chegou a 22 atmosferas. Estes foram os últimos dados transmitidos.

Figura 4 - Réplica da sonda de pouso da Venera 4 As Venera 5e6, lançadas (Museu da Cosmonáutica - Moscou). respectivamente em 05/01/1969 e 10/01/1969 A sonda de pouso da Venera conseguiu transmitir, ainda eram idênticas e tinham 5 entrou na atmosfera em que com sinal fraco, por 23 massa de H30kg. 16/05/1969. Já a sonda de minutos, as condições da pouso da Venera 6 entrou na superfície: pressão, atmosfera no dia seguinte. temperatura, velocidade do Ambas transmitiram dados vento. Assim, a Venera 7 durante a descida, porém, torou-se o primeiro artefato antes do pouso suas baterias humano a transmitir dados já estavam no fim da carga. da superfície de Vênus.

Sobrevivendo no inferno A sonda Venera 8 (Figura 5) A Venera 7 foi a primeira tinha na sua nave-mãe um sonda a ser construída para detector de raios cósmicos, fazer um pouso suave e detector de vento solar e um sobreviver às condições da espectrômetro de superfície de Vênus. ultravioleta. A sonda de pouso entrou na atmosfera em 22/07/1972. Prévio a esta Em 15/12/1970 a sonda de entrada, ela foi resfriada pouso entrou na atmosfera, pelo sistema da nave-mãe de porém o paraquedas falhou modo que isso prolongasse antes do pouso e a sonda sua vida útil durante o impactou a 17 m/s. descenso e pouso. Na Figura 3. Réplica da Venera 4 (Museu da Cosmonáutica - Moscou). Sobreviveu ao impacto e instrumentação, uma

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O pouso ocorreu a 500 km da linha de terminador (linha que separa o dia da noite) na manhã venusiana. Após o pouso, a nave enviou dados por 50 minutos. A temperatura de superfície foi confirmada em 470°C, pressão de 90 atmosferas e ao medir a intensidade luminosa, verificou-se que Figura 6. Réplica da estrutura das Venera 9 a12. A esfera superior carregava a era suficiente para registrar sonda de pouso. (Museu da Cosmonáutica - Moscou) fotografias da superfície. O espectrômetro de raios superfície de Vênus, a A Venera 9 foi a primeira gama identificou que as Corporação Lavochkin criou sonda a registrar fotos de rochas na superfície são um novo tipo de design, outro planeta. Porém um similares ao granito. agora não seria apenas uma problema na Venera 9, que nave-mãe e uma sonda de também ocorreu na Venera Novos tipos de sonda pouso; haveria um orbitador 10, foi relativo às fotos e uma sonda de pouso, que panorâmicas. Esperava-se Conhecendo as seria levada numa esfera que a sonda conseguisse particularidades da resistente ao calor gerado na fazer fotos panorâmicas de descida. A massa total do 360°; porém as fotos conjunto seria de quase 5 conseguidas foram toneladas. O projeto previa panorâmicas de apenas que as sondas de pouso 180°. operassem por 30 minutos na superfície. (Figura 6) O cientista Don P. Mitchell, pesquisador do programa Além do novo design, as espacial soviético, teve missões seriam lançadas acesso às imagens originais com diferenças de poucos obtidas pelas Venera e as dias. Assim, as missões corrigiu usando softwares aconteciam em duplas: específicos. (Figuras 7e8) Venera 9el0e Venera 11 e Figura 5. Uma rara foto da montagem da Venera 8, que era idêntica à Venera 7. 12 .

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Percebe-se pelas fotos as diferenças dos terrenos nos quais as sondas pousaram. A Venera 13 pousou num local onde se encontra um tipo de solo granulado. Já a Venera 14 pousou num local muito mais rochoso.

Os calibradores de cor vistos no lado direito destas fotos permitiram que fossem feitas as correções na imagem e assim obter a cor real que deveria ser vista nas fotos.

Figura 7. Imagem obtida pela Venera 9 em três etapas: original, correção em andamento e totalmente corrigida. Mapeando um mundo nebuloso As cores de um novo mundo da lente da câmera foi ejetado e caiu exatamente As Venera 15 e 16 não onde o sistema de possuíam sondas de pouso. As sondas Venera 13 e 14 perfuração do solo deveria Eram orbitadores idênticos seguiam o mesmo design de analisar. (Figura 14) que tinham como orbitadores e de sondas de pouso que suas antecessoras 9al2.A diferença estava na instrumentação que carregavam. (Figura 9)

Além do padrão das naves, seguiu-se o padrão de lançamento e assim como as anteriores, as Venera 13 e 14 praticamente eram uma missão em dupla.

Nestas missões foram levados instrumentos de análise do solo. Um incidente ocorrido na Venera 14 foi que o protetor

15 Figura 9. Sonda de pouso e orbitador ao fundo. Praticamente Figura 14. Réplica da estrutura todas as missões Venera de9a14 tinham seguiam este utilizada para as Venera 15e16. padrão de naves. (Museu da Cosmonáutica - Moscou) (Museu Cosmonáutico da Rússia)

missão mapear a superfície de Vênus, a qual não se vê a olho nu porque o planeta é permanentemente coberto de nuvens.

Figura 10. Venera 13 câmera 1. O protetor da lente está entre o analisador de solo e o calibrador de cor. Assim como nas missões anteriores, estas duas foram lançadas muito próximas e mapearam o planeta ao mesmo tempo. Além da similaridade na estrutura, levavam a mesma instrumentação: detector de plasma solar, detector de raios cósmicos, espectrômetro infravermelho e radar altimétrico. Figura 12. Venera 14 câmera 1. Nota-se o perfuradorde solo sobre o protetorda lente.

As figuras 10 a 14 mostram fotos panorâmicas coloridas obtidas pelas sondas de pouso.

Figura 13. Venera 14 câmera 2.

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Foram mapeados 25% da superfície do planeta, concentrando-se no hemisfério norte, como mostra a figura 15.

Viagem ao cometa Halley via planeta Vênus Com a chegada do cometa Halley ao seu periélio em 1986, foi realizado um esforço mundial de várias naves estudarem o cometa. Esta ação, denominada Armada Halley, tinha a conseguir a velocidade trata-se de um acrônimo, participação das naves Vega necessária para ir rumo ao formado pelas palavras 1 e Vega 2. cometa (isso se denomina Venera (Vênus em russo) e em Astronáutica de efeito Gallei (Halley em russo). estilingue gravitacional). Estas sondas idênticas (Figura 16) iriam estudar o Estas naves foram uma cometa Halley usando como Apesar do nome, em parceria firmada em 1984 caminho uma visita ao princípio nos remeter à pela União Soviética com os planeta Vênus para estrela Vega, na verdade seguintes países: Áustria, Bulgária, Hungria, Alemanha Ocidental e Oriental (na época ainda não estavam unificadas), Polônia, Tchecoeslováquia (que eram um único país na época) e França.

Durante a passagem por Vênus, a nave lançaria um módulo de pouso, semelhante ao construído nas Venera anteriores e também um balão atmosférico para pesquisar as nuvens. (Figura 17) Figura 16. Réplica das naves Vega localizada no Udvar-Hazy Centerem Virginia, EUA.

17 Estes balões eram esferas Para ambas as naves, o balão pressurizadas com gás hélio. flutuou na altitude de 54 O diâmetro era de 3,54 m. A km e seus sistemas carga pesava 6,9 kg e estava funcionaram pouco mais pendurada ao balão por um que 46 horas. Foi verificado cordame de 13 m de que nesta altitude a comprimento. atmosfera de Vênus tem pressão e temperatura semelhantes às da Terra A sonda de pouso da Vega 1 (pressão de 1 atm e apresentou falhas e na sua temperatura em torno de descida foram retornados 27°C) porém com ventos de apenas os dados do até 240 km/h e também espectrômetro de massa por confirmou o que outras 20 minutos após o pouso. Já naves da missão tinham a sonda de pouso da Vega 2 detectado: a presença dos trouxe novos dados. A ácidos sulfúrico e clorídrico análise do solo do local de nas nuvens. pouso encontrou anortosita- troctolita, um tipo de rocha muito raro na Terra e 0 futuro em Vênus encontrado na Lua. Seu Há um projeto russo de Figura 17. Testes do balão utilizado funcionamento durou 56 retomada das missões, é o nas missões Vega 1 e Vega 2 minutos, projeto Venera-D (Figura 18). realizado nas instalações da A proposta é fazer Corporação Lavochkin. observações altimétricas como nas Veneras 15el6e ter uma sonda de pouso que suporte pelo menos 3 horas na superfície. A previsão é de lançamento em 2025.

Conclusões finais O Programa Espacial Venera foi um grande desafio de Engenharia e Logística da União Soviética. Mesmo com poucos recursos, se comparado à NASA, as realizações que este programa espacial Figura 18. Concepção artística da nave Venera-D. proporcionou foram

18 Massa Missão Lançamento Aproximação Máx. Massa do Data de pouso Tempo de Total (kg) pousador(kg) operação (h:min' Venera 1 644 12/02/1961 19/05/1961 ___ Venera 2 963 12/11/1965 27/02/1966 --- Venera 3 960 16/11/1965 (1) 377 01/03/1966 - Venera 4 1106 12/12/1967 18/10/1967 383 18/10/1967 (2) Venera 5 1130 05/01/1969 16/05/1969 410 16/05/1969 00:53 Venera 6 1130 10/01/1969 17/05/1969 410 17/05/1969 00:51 Venera 7 1180 17/08/1970 15/12/1970 500 15/12/1970 00:23 Venera 8 1184 17/03/1972 22/07/1972 495 22/07/1972 00:50 Venera 9 4936 08/06/1975 20/10/1975 Í3) 1560 22/10/1975 00:53 Venera 10 5033 14/06/1975 23/10/1975 Í31 1560 25/10/1975 01:05 Venera 11 4940 09/09/1978 25/12/1978 760 25/12/1978 01:35 Venera 12 4940 14/09/1978 19/12/1978 1600 21/12/1978 01:50 Venera 13 4398 30/10/1981 01/03/1982 760 01/03/1982 02:07 Venera 14 4395 04/11/1981 05/03/1982 760 03/03/1982 00:57 Venera 15 5250 02/06/1983 10/10/1983 Í3) --- Venera 16 5300 07/06/1983 11/10/1983 Í3) --- Tabela 1 . Dados das missões do Programa Venera. (1) AVenera 3 não tinha sonda de pouso. A nave se desfez de algumas estruturas e entrou na atmosfera para impacto na superfície. (2) A sonda de pouso da Venera 4 falhou antes do pouso. (3) Estas naves entraram em órbita citereocêntrica, ou seja, órbita em torno de Vênus. A data refere-se à inserção orbital.

Missão Data de lançamento Aoroximacão máxima Data de oouso Temoo de ooeracão (h:min) Vena 1 15/12/1984 11/06/1985 11/06/1985 00:20: 46:32 Veaa 2 21/12/1984 15/06/1985 15/06/1985 00:56: 46:30 Tabela 2. Dados das missões do Programa Vega. Os tempos de operação referem-se ao lander e ao balão. Sendo naves gêmeas, tem-se: massa total = 4942 kg, massa do lander = 1520 kg e massa do balão = 22 kg.

imensas. Percebe-se que os mais breve possível para que Rafael Cândido Jr. é graduado e mestre em Engenharia Química pela erros ajudaram a melhorar e possamos compreender mais USP e doutorando em Engenharia muito as naves posteriores. o que aconteceu com o Aeroespacial pelo ITA Espera-se que a retomada planeta que é também

com as Venera-D ocorra o considerado o mundo Referências bibliográficas gêmeo da Terra (Vênus é A página do cientista Don P. Mitchell ligeiramente menor que a tem excelentes informações sobre o nosso planeta). Programa Espacial Venera, incluindo até informações da instrumentação e telemetria das naves:

Para finalizar, segue uma http://mentallandscape.com/V_Venus.htm

representação artística de Russian Planetary Exploration como pode estar atualmente uma das naves na infernal Brian Harvey Springer Praxis. superfície venusiana (Figura 19) e duas tabelas com alguns dados das missões Figura 19. Concepção artística de como Venera e Vega (tabelas le2). pode estar hoje uma das sondas de pouso do programaVenera. Arte digital de RJWaterworth.

19 augustocésa Ti fotògrâfia São Paulo Brasil

Ciências Naturais

Educação científica 24 horas por dia! ^J^gi^*,íiEcôlogia, Geologia, Astronomia, ^fm^ão-ffietíética e muito mais! i a» ai f f o t o g r AUGUSTOCESAR

Nebulosa de Órion Astrofotógrafo: Augusto César Araújo 02/09/2016 Matureia - PB *

• * ' . ECLIPSES SOLARES Dois deles ocorrerão em 2017 e ambos serão visíveis no Brasil!

Wilson Guerra nossos ancestrais. O deles isso funcionava, pois [email protected] repentino e inesperado depois de algum tempo o desaparecimento do Sol ou astro aos poucos voltava a Desde a pré-história a da Lua constituía um brilhar no céu. Os povos espécie humana olhava terrível pesadelo para os indígenas de nossa região muito para o céu. A ausência sábios do passado. também viam os eclipses de poluição luminosa - luzes com muita apreensão, e artificiais atuais - facilitava a Como a interpretação dos realizavam uma série de contemplação do universo. fenômenos disponível na atividades ritualísticas com Com o tempo, a necessidade época tinha origem o intuito de interromper o por orientação e por um mitológica, a solução para o fenômeno. controle do calendário problema era ritualizada. Ao sazonal (para regular ocorrer um eclipse os povos Com o tempo, percebeu-se plantações e colheitas) nórdicos entendiam que que havia uma certa trouxe um conhecimento alguma divindade estaria regularidade para a empírico do céu. Isto passou engolindo o Sol ou a Lua. ocorrência de eclipses. Ainda a ser fundamental para as Sua tática para evitar na antiguidade muitos civilizações antigas. Perder a tamanho "desastre" era um estudiosos com eçaram a ver referência deste "relógio rito de muito barulho e o fenômeno como algo astronômico" significaria o gritaria, uma tentativa de natural. Passaram a caos. Esta é razão dos espantar o "mal espírito" que sistematizar suas eclipses serem um evento atacava as divindades observações e com isso tão dramático na vida de celestes. Da perspectiva conseguiram prever eclipses

23 HslroNovo.N.13.2017

Fragmentos da Máquina de Anticítera Réplica moderna da Máquina de Anticítera solares e lunares. A máquina lunar. Sem a iluminação Para quem está observando o âeAnticítera , encontrada por direta da luz solar, a Lua fenômeno, ou seja, está aqui arqueólogos em barcos quase desaparece. Os mais na superfície da Terra, há naufragados, era um velhos denominam o três possibilidades: complexo aparelho de fenômeno de "lua sangrenta" Eclipse solar total: ocorre engrenagens da grécia devido a sua coloração clássica que previa eventos avermelhada durante o para o observador que fica astronômicos, incluindo eclipse. Mas esse termo está na região de sombra total (umbra). A Lua "tapa" eclipses. em desuso. Já quando o completamente o Sol. O dia alinhamento se dá na ordem UMA COMPREENSÃO Sol, Lua e Terra, ocorre um se torna noite em minutos! A Natureza tem reações CIENTÍFICA eclipse solar. Nesta muito interessantes durante configuração, a Lua obstrui O eclipse é um fenômeno um eclipse solar total, e as os raios solares, projetando em que um astro passa pela vezes até engraçadas. É sua sombra em alguma sombra de outro. Quando o região da superfície da possível encontrar vídeos na Sol, a Terra e a Lua Terra. A região de sombra internet (YouTube, etc) de encontram-se quase ou total é chamada umbra. A galinhas entrando no perfeitamente alinhados, a galinheiro para dormir, região de sombra parcial é a Lua passa pela sombra da durante um eclipse total. penumbra (figura 1). Terra: ocorre um eclipse

Figura 1 Tipos de Eclipse Solar Astros sem escala

1 - Umbra: Eclipse Solar Total 2 - Penumbra: Eclipse Solar Parcial 3 - Sem sombra: não há eclipse Eclipse solar parcial: é o que vê um observador que esteja na região de penumbra (pontos 2 da figura 2). Desta posição, a Lua cobre apenas parte do disco visível do Sol. Dependendo da porção do disco solar coberto pela Lua, o eclipse parcial pode tranformar a iluminação do Figura 2 - A região brilhante ao redor do Sol é a coroa solar. Por ser milhões de vezes menos brilhante que o Sol, só pode servista em um eclise solar total. ambiente em algo parecido com um fim de tarde - em Quando o fenômeno acaba e durante um eclipse solar, se pleno meio-dia! A figura 4 a luz do dia retorna, elas tornando o único elemento exibe uma astrofoto de um saem do galinheiro químico encontrado eclipse parcial. novamente. primeiro no espaço para depois ser detectado Eclipse anular: a órbita que Um eclipse solar total também aqui na Terra. Daí a Lua descreve ao redor da também é uma bela seu nome, uma referência a Terra não é uma oportunidade para os Helios (Sol em grego). circunferência perfeita. É pesquisadores. Com a Lua uma elipse de baixa obstruindo a intensa luz Foi em um eclipse total, excentricidade, ou seja, é solar, é possível estudar uma visto a partir de Sobral no "um pouco oval". Como a região em torno do Sol Ceará em 1919, que a Terra não está exatamente chamada "coroa solar" medição do desvio aparente no centro dessa "oval", há (figura 2). Esta região de uma estrela serviu como pontos em que a Lua está compõe uma espécie de primeira evidência um pouco mais próxima de atmosfera do Sol, com gás observacional da Teoria da nosso planeta, e pontos onde muito aquecido, Relatividade Geral de Albert está um pouco mais afastada (basicamente hidrogênio e Einstein. Sem o eclipse, as (figura 5). Nestes pontos de um pouco de hélio). O hélio, estrelas não seriam visíveis e maior afastamento, o inclusive, foi descoberto a medição não poderia ser diâmetro aparente da Lua

Figura 3: fotografia do eclipse solartotal ocorrido em 29 de maio de 1919, visto da cidade de Sobral (CE). Em 1999 foi criado o Museu do Eclipse, uma exposição permanente, painéis contendo mapas e fotos da cidade de Sobral na época do Eclipse, dos integrantes das comissões brasileira e estrangeira para observação do fenômeno, instrumentos utilizados pelos cientistas e um telescópio adaptado com uma câmera digital de alta resolução, sendo este, considerado um dos aparelhos mais potentes do Norte e Nordeste do Dais.

A luz de estrela distante sofre desvio pela gravidade do Sol e pode ser vista em um observatório O na Terra, como previa a Teoria da Relatividade Geral proposta por Albert Einstein.

25 Figura 4 - Eclipse solar parcial ocorrido em 2014. Figura 6 - Eclipse solar anular ocorrido em 2003. www.nasa.gov/content/goddard/how-to-safely-watch-the-october-23-partial-solar-eclipse/https://stereo.gsfc.nasa.gov/classroom /eclipse.shtm l

(ou seja, o tamanho que a estará afastada da Terra a tal totais a anulares. Para vemos no céu) fica ponto que não conseguirá determinados pontos, a ligeiramente menor. Claro, mais cobrir todo o disco distância até a Lua é menor, pois está mais afastada. solar. E nunca mais e a região fica totalmente Quando um eclipse solar ocorrerão eclipses solares coberta pela sombra da Lua acontece nessas condições, o totais; apenas parciais ou (umbra). Nestes locais, diâm etro aparente da Lua anulares! observaríamos um eclipse pode não ser suficiente para solar total. Já em outros cobrir todo o Sol. Ocorre Eclipse solar híbrido, um locais, a distância até a Lua é então um eclipse solar caso especial: existem maior porque a superfície da situações muito raras em anular, e as bordas do Sol Terra é curva (nosso planeta que, durante o movimento continuam visíveis, é praticamente uma esfera), da sombra da Lua pela formando a imagem de um pode acontecer que estas superfície da Terra, anel brilhante (figura 6). Este regiões acabem sendo observadores de pontos tipo de eclipse solar é mais cobertas pela sombra parcial diferentes vêem tipos raro, pois precisa coincidir da Lua, a anti-umbra. Um com posições da Lua distintos de eclipses, de observador desta região, próximas do apogeu - nome dado a posição da órbita mais longe da Terra. Quem observa um eclipse anular está em uma região de sombra parcial chamada anti-umbra (figura 7).

É importante lembrar que a Lua se afasta da Terra a uma taxa de aproximadamente 4

centrímetros por ano. Isto ■ 363 241 km ■ 404 911 km significa que um dia a Lua Figura 5 - O perigeu e o apogeu da Lua (fohte: Roscosmos)

26 portanto, veria um eclipse solar anular (veja figura 8).

CONFIGURAÇÃO EM QUE UM ECLIPSE É POSSÍVEL

O plano da órbita da Lua ao redor da Terra não coincide com o plano da órbita da Figura 7 - Formação da anti-umbra durante um eclipse anular. Terra ao redor do Sol. Elas possuem uma diferença angular de 5 graus (figura 9). Desta forma, um eclipse só pode ocorrer quando o alinhamento entre Sol, Terra e Lua coincidir com a Lua em um ponto de sua órbita que toca o plano da órbita da Terra. É daí que vem o termo eclipse: o ponto de Figura 8 - Ocorrência de eclipse solar híbrido. intersecção entre as eclípticas (linhas na esfera planos não coincidem, devido as interações celeste que representam a existem épocas do ano onde gravitacionais com o Sol, a trajetória do Sol e Lua em é possível a ocorrência de órbita da Lua gira uma perspectiva geocêntrica). eclipses. Em todas as outras lentamente e faz com que os Se não existisse essa épocas não há como ocorrer meses das temporadas de diferença angular nos eclipses pois qualquer eclipses se adiantem um planos orbitais da Lua e da alinhamento entre o Sol, a pouco no decorrer dos anos. Terra, haveriam eclipses Terra e a Lua é impossível. É Neste ano de 2017, serão nos todos os meses. Mas como os importante lembrar que meses de fevereiro e agosto. v is ív e is no brasil

Dois eclipses solares ocorrerão este ano. O primeiro no dia 26 de fevereiro e inicia-se por volta do meio dia. Será visível nos estados das regiões sul, sudeste, parte do centro- oeste e parte do nordeste. Quando mais ao sul, maior a área do disco solar que será encoberta pela Lua e mais Área de abrangência do eclipse Área de abrangência do eclipse solardefevereiro/2017. Clique na solar de agosto/2017. Clique na intenso será o eclipse. imagem para ver a animação. imagem para ver a animação.

O segundo ocorre dia 21 de COMO OBSERVAR UM ECLIPSE classificados por números de agosto. Somente as regiões SOLAR acordo com a espessura. Para norte e nordeste, e parte da observar o Sol, a mínima região centro-oeste poderá Não devemos olhar espessura recomendada é a contemplar o fenômeno. O diretamente para o Sol. Isto de número 14. início do eclipse variará de provoca lesões irreversíveis próximo das 15h até as 18h, na retina, levando perda Outro método muito bom é dependendo da região. parcial ou total da visão. Por usando o princípio da isto, observar um eclipse "câmara escura". Nela, a Em ambos os casos, fevereiro solar requer alguns imagem do Sol é projetada e agosto, os eclipses solares cuidados. em um anteparo branco vistos no Brasil serão apenas colocado na face interior de parciais. Não é aconselhado usar uma caixa que deve ter um "chapas de radiografia". pequeno furo na face oposta, Apesar da filtragem de por onde entra a luz (fig. 10). grande parte da luz visível tornar a observação do Sol Agora é torcer para que, nos fácil, estas "chapas" não dias dos eclipses, a filtram os raios ultravioleta. meteorologia colabore e Observar o Sol com uma mantenha os céus limpos.

delas é bompardear os olhos Wilson Guerra é professor, com estes raios. A longo graduou-se em Física (UEM), tem prazo pode levar a cegueira. especialização em Astrobiologia (UEL) e atualmente é mestrando em Para quem faz questão de Educação Científica (UEM). observar o fenômeno Referências:

Figura 10 - Vendo um eclipse solar com diretamente o ideal é Astronomia - Guia Ilustrado o princípio da "câmara escura". Para uma adquirir filtros adequados Editora Zahar imagem nítida é indicado manter a para isto. Uma alternativa é Astronomia Elementar seguinte proporção: para um tamanho da Roberto Rosa, Editora EDUFU câmara (L) de 50m, o furo na caixa deve o vidro usado em máscaras ser de aproximadamente 5 milímetros. de soldador. Eles são Astronomia e Astrofísica astro.if.ufrgs.br/eclipses/eclipse.htm

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ANTROPOLOGIA-mOL-GGH

Rogério Correia de Souza fazendo com que ocorram abstrata como a Biologia. [email protected] conflitos entre Ciência e religião. No 4- bimestre do ano letivo O tema que une toda a de 2016, estudantes de 32 Biologia, a Evolução das Devido a isso, algumas ano do ensino médio Espécies comumente abordagens diferentes estadual em Guarulhos (SP) encontra obstáculos para ser podem ser usadas para que testaram uma nova exposta em sala de aula. Um esses conflitos sejam metodologia no ensino em desses principais obstáculos amenizados ou mesmo Evolução Humana. Diferente são os conhecimentos extintos. Talvez a principal dos trabalhos bimestrais prévios de origem religiosa abordagem seja em usar na comuns, onde estavam que alguns alunos podem sala de aula, as evidências acostumados a correr para trazer como bagagem sobre que dão sustentação aos pesquisar na internet, desta as origens da vida e do conceitos científicos. Com vez eles elaboraram estudos universo, pois todas as estas evidências presentes a empíricos, o chamado culturas possuem uma credibilidade aumenta trabalho de “Análise versão própria para estas muito, não dando margem a Morfológica de Crânios de origens. Em nosso país a outras interpretações não Hominídeos”, usando versão usada é a proveniente científicas, especialmente metodologia comparativa, do livro bíblico do Gênesis, em uma disciplina nada com réplicas em escala 1:1

31 cedidas pelo professor (Chimpanzé bonobo, Australopithecus afarensis, Homo rudolfensis, Homo ergaster e Homo sapiens). Compararam umas com as outras, atentando-se a 4 tópicos na escala evolutiva humana:

- Desenvolvimento do bipedalismo;

- Desenvolvimento crânio / encefálico;

- Desenvolvimento dentário;

- Desenvolvimento tecnológico / cultural; entre os alunos com até 6 milhões de anos no influência religiosa mais passado. Segundo ele essa Após os trabalhos extrema. A presença da atividade em sala de aula é comparativos em sala de evidência evolutiva afasta as inédita no Brasil. aula, eles puderam tirar “sombras” do misticismo, dúvidas na internet, mas sendo que a capacidade É lamentável que esta somente para saber se o empírica de encontrar iniciativa partiu somente do rumo da pesquisa estava respostas para os 4 tópicos professor, não possuindo correto com publicações e se evolutivos também foi qualquer apoio por parte da a terminologia estava aumentada com a rede estadual de ensino do adequada. curiosidade de uma nova Estado de São Paulo nem por atividade. parte da gestão da escola. O principal foco desta Estamos diante de uma atividade lúdica foi a Para o ano letivo de 2017já preocupante importância em demonstrar está sendo preparada uma institucionalização da as diferenças morfológicas segunda etapa deste deficiência do ensino há em cada espécie durante os trabalho, que contará com o décadas. Isso é perigoso, pois 3,2 milhões de anos apoio do Prof. Dr. Walter deixa uma lacuna de estudados. Por exemplo, Neves, do Instituto de formação que dá margem a como um crânio com Estudos Evolutivos Humanos interpretações de mundo capacidade volumétrica de da USP. Foi ele quem que pode ser preenchida até 400 cc, evoluiu para um de identificou “Luzia”, o crânio pelo fanatismo religioso. 1300cc de volume na nossa da mulher mais antiga das Rogério C. Souza graduou-se em espécie. Américas. O prof. Walter Ciências Biológicas pela UNG. É Neves cederá mais 5 réplicas professor e coordenador da página Os resultados obtidos foram de crânios para que os Academia de Ciências Naturais. além do esperado, mesmo alunos estendam os estudos

32 WWW. RECURSOSdeFISICA .com.br

Página que socializa produção de recursos de ensino adaptados à sala de aula e aos professores. Material produzido nas disciplinas do curso de Licenciatura em Física da UEM e em outros projetos coordenados pelo prof. Dr. Ricardo Francisco Pereira. Pagina destinada' a. noticias da Ciência' e da Astronomia. Fonte: www.esa.int o r u t u F e e t n e s e r P , o d a s s a P SAÕSEPCAS** ESPACIAIS ESTAÇÕES [email protected] WilsonGuerra cósmico. É nestes É cósmico. porto como servem também que orbitais laboratórios espaciais, estações as são empreendimento ental onum m esse itirão perm que engenharia de aparatos Os duração. de maior empreitadas exige cosmo ao espacial exploração verdadeira uma espacial, ônibus o com tripulados vôos dos ou Lua à rápidas voltas e idas das Diferente seguro no frio oceano oceano frio no seguro ASTRONAUTICA vez que as estações são são estações as que vez propriedade única: a única: propriedade de especiais experimentos que também neles mais vez cada e confiáveis viagens itir perm nos irão estudos os realizados Foi no ambiente tenso da tenso ambiente no Foi "gravidade de erroneamente chamada microgravidade, uma realizados, ser podem engenharia e química física, mais regiões para longas que biológicos e médicos são que laboratórios zero". uma com ambientes É Solar. Sistema no afastadas ou- : m prelúdio um 5: e Soyuz-4 PASSADO 0 perdendo foram bélico, ex-União a e Unidos um inédito acoplamento em acoplamento inédito um cunho de espacial uma corrida a continuidade darem espaciais estações as que cápsulas espaciais soviéticas soviéticas espaciais cápsulas as 1969, de janeiro Em científica. 100% finalidade louvável uma ganharem final no para ilitar, m caráter seu ente paulatinam Soyuz-4 e Soyuz-5 realizaram realizaram Soyuz-5 e Soyuz-4 de Apesar apareceram. Rússia, hoje (URSS), Soviética Estados os entre Fria Guerra a N©vn« ASTRO 35 fiSTRO nstroNova.N.13.2017 NGVfl------

órbita da Terra (figura la). Figura 2 - Cápsula espacial Soyuz (Fonte: NYT) Na prática, elas formaram a primeira estação espacial IL experimental da História. As naves soyuz (figura 2) se Aspecto Geral Externo tornaram o principal transporte espacial soviético na década de 1960, e são usadas até hoje pelos russos e por astronautas de outros países conveniados da atual Estação Espacial Internacional. O acoplamento das duas naves ocorreu dia 16 dejaneiro de 1969 e durou quase quatro horas. Neste tempo os cosmonautas Aleksei Módulo orbital Módulo de retorno Módulo de propulsão^ Yeliseyev e Yevgeni Khrunov Contém mecanismosde Capacidade de até três Contém combustível, encontro e acoplamento cosmonautas. É nele que os instrumentos de vôo e saíram da Soyuz-5 e se tripulantes voltam à Terra de guiamento da nave. encontraram com Vladimir

Figura 1a - Ilustração do acomplamento da Soyuz-4 com a Soyuz-5. Shatalov, na Soyuz-4 (figura lb). A transferência se deu por uma caminhada espacial,já que neste experimento o acoplamento das naves não contava com aberturas internas.

Emblemas da Soyuz-4 (acima) Figura 1b - Cosmonautas reunidos na Soyuz-4. Soyuz-4 vista da Soyuz-5. e da Soyuz-5. 36 uuis icicsLupius, um supeniLie ud iciiu . nuuvc Figura 3 - ASalyut-1 fotografada da nave Soyuz-10. Fonte:www.spacefacts.de espectrógrafo e um sistema problemas de hidropônico para estudar e funcionamento e foi desenvolvimento de plantas detectada uma pequena Estações Salyut e o pioneirismo na microgravidade. Os explosão na Salyut-2. Mas ela soviético cosmonautas fizeram cumpriu sua missão, diversas observações trazendo informações Depois de muito treino com biomédicas neles próprios importantes para o outros acoplamentos (Soyuz para estudar os efeitos da desenvolvimento das 6,7e 8), a União Soviética microgravidade no corpo próximas estações. Ela foi lança de fato a primeira humano. A segunda sucedida por uma estação estação espacial da história, tripulação veio na Soyuz-11. também militar de código a Salyut (figura 3), que Nesta ocasião a estação foi Cosmos 557. Vários defeitos significa "saudação", em pilotada, fazendo-se foram encontrados e com russo. As estações Salyut correções de órbita. isso a estação seguinte teve faziam parte do projeto Tragicamente, no retorno à seu lançamento adiado por , um programa de Terra, a Soyuz-11 mais de um ano. cunho m ilitar espacial. Mas despressurizou-se e os seus 3 as outras versões que A Salyut-3 (figuras 4e5) foi a cosmonautas aterrissaramjá sucederam a Salyut foram primeira da série que mortos. A Salyut reentrou aos poucos perdendo o executou todas as suas deliberadamente na projeto militar até se operações. Foi lançada em atmosfera em 11 de outubro tornarem laboratórios 24 de junho de 1974. Tinha o de 1971, desintegrando-se. científicos de fato. A Salyut mesmo peso da Salyut-2, foi lançada dia 23 de abril de A Salyut-2 foi lançada em 3 mas houve modificações

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Figura 4 - Diagrama da Salyut-3, com uma nave Figura 5 - Interiorda estação espacial Salyut-3. Soyuz (esquerda) acoplada (Fonte: NASA) Fonte: Roscosmos 37 o Splaw e o Kristall. Em biologia foram realizados experimentos com algas, peixes e plantas. Receberam duas tripulações, a da Soyuz- 21 (49 dias) e da Soyuz-24 (17 dias). A Salyut-5 ficou no espaço pouco mais de um Figura 6a - Diagrama da estação Salyut-4 Figura 6b - Estação Salyut-4 ano, desintegrando-se na acoplada com uma nave Soyuz em construção. www.spacefacts.de reentrada em 8 de agosto de 1977. Com ela a URSS com as versões anteriores, pesquisas científicas em realizou seu último projeto como realocação dos painéis observações biomédicas e de militar de estações espaciais. solares, desta vez maiores. recursos naturais da Terra. Havia também um sistema Em astronomia as pesquisas A Salyut-6 (figura 8) para ejetar cápsulas contaram com 3 tipos de constituiu a primeira recuperáveis. Elas telescópios: infravermelho, exemplar de uma segunda continham filmes solar e de raios-x. Os painéis geração de estações fotográficos das atividades solares eram mais eficientes espaciais. Lançada pelo de reconhecimento militar. e se orientavam foguete Proton em 29 de O sistema de regulação de automaticamente para setembro de 1977, tinha temperatura foi melhor captação de luz 18.900kg. Com a experiência aperfeiçoado e foi testado solar. Sua primeira acumulada das estações um mecanismo de tripulação veio na nave anteriores, a Salyut-6 era reciclagem de água no Soyuz-17, que permaneceu muito mais aperfeiçoada. espaço pela primeira vez. A por um mês. A segunda, Salyut-3 recebeu seus com a nave Soyuz-18, cosmonautas pela nave permaneceu mais de 2 Soyuz-14. Além das meses a bordo. atividades m ilitares, os A Salyut-4 funcionou por cosmonautas realizaram 400 mais de dois anos! Reentrou experimentos de cunho na atmosfera ao finalizar totalmente científico. A suas finalidades militares, Salyut-3 reentrou em 24 de em 2 de fevereiro de 1977. agosto de 1975, A Salyut-5 (figura 7) foi permanecendo mais de 1 lançada ao espaço em 22 de ano em órbita. junho de 1976. Também A Salyut-4 foi lançada em 26 pesada 18.600kg e também Salyut-5 Soyuz de dezembro del974 foi levada ao espaço por um (figuras 6a e 6b). Como sua foguete Proton. Além das antecessora, tinha 18.600kg suas finalidades militares, e foi carregada por um esta estação começou a usar foguete Proton. Nela foi equipamentos para pesquisa

dado continuidade às em engenharia de materiais, Figura 7 - Diagrama da estação Salyut-5 Fonte: www.spacefacts.de

38 programa espacial tripulado que contava com cosmonautas internacionais, as Expedições Interkosm os. Nelas, além da URSS claro, participaram Tchecoslováquia (hoje República Tcheca e Eslováquia são países O cosmonauta cubano Arnaldo T. Méndez, Figura 8 - Estação Salyut-6 em órbita. distintos), Polônia, (centro) na estação Salyut-6. Alemanha Oriental (na Contou pela primeira vez época a Alemanha era com um sistema para dividida em duas), Bulgária, acoplamento automática de Hungria, Vietnam, Cuba, naves cargueiras chamadas Romênia e Mongólia. Foi . O sistema e os com a Salyut-6 que uma cargueiros são até hoje nova versão da espaçonave essencialmente os mesmos começou a ser usada para usados na ISS. Com estes transportar cosmonautas: a cargueiros, a tripulação Soyuz-T. A estação Salyut-6 poderia receber foi desativada em 29 de O cosmonauta Zhugderdemidiyn Gurragcha, (à direita) da Mongólia, na estação Salyut-6. equipamentos, combustível julho de 1982, permancendo e mantimentos, dando uma em órbita por quase cinco caráter de longa duração à anos! Neste período permanência humana no inúmeros experimentos espaço. foram realizados em Na Salyut-6 foram recebidas biomedicina, botânica, nada menos que 17 engenharia de materiais e expedições. Foi nesta estação na observação da Terra via que também iniciou-se um espaço.

O cosmonauta vietimanita Tuân Phan (centro) a bordo da Salyut-6.

Emblema das Expedições Interkosmos Fonte: www.spacefacts.de Diagrama da estação espacial Salyut-6 - Fonte: www.spacefacts.de

39 Figura 9 - Estação Espacial Salyut-7 - Fonte: www.spacefacts.de Módulo experimental (em segundo plano) acoplado à Salyut-7.

Em 13 de maio de 1982 foi períodos mais longos no estrutura da estação nas lançada a Salyut-7 (figura 9). espaço. O acompanhamento condições do espaço. Em 6 Tinha 18.900kg como sua médico melhorou, e de fevereiro de 1991 a antecessora. Conectou eletrocardioagramas da estação Salyut-7 reentrou na módulos experimentais e tripulaçãojá podiam ser atmosfera da Terra. Sua deu continuidade às transmitidos imediatamente permanência no espaço expedições Interkosmos, e acompanhados pelos totalizou quase 9 anos. recebendo cosmonautas da centros de controle em solo. França e da índia. Também O complexo, envolvendo a recebeu a segunda mulher a estação e dois veículos viajar no espaço, a acoplados, atingia massa cosmonauta Svetlana total de 32.900kg. Ao todo Savitskaya. A Salyut-7 passou recebeu 21 cosmonautas. por muitas atualizações e Em agosto de 1986 a Salyut-7 restaurações, incluindo na teve sua órbita elevada pelos parte externa. Isso exigiu o motores do módulo Cosmos trabalho de muitos 1686 ejá não era ocupada cosmonautas na parte por cosmonautas. A externa da nave, inclusive de intenção era estudar os Cosmonautas de várias expedições Stelevana. Uma série de efeitos de degradação da diferentes a bordo da Salyut-7. Ao centro modificações permitiram a cosmonauta Stelevana Savitskaya. mais conforto e higiene aos tripulantes. Isso permitiu que os cosmonautas pudessem permanecer

Diagrama mostra a estação espacial Salyut-7 acoplada a um módulo experimental Cosmos (esquerda) e uma nave Soyuz (direita).

40 , uma estação espacial dos EUA Depois da chegada de astronautas à Lua, os Estados Unidos iniciaram seu próprio programa de estações espaciais na tentativa de competir com seus pares da URSS. Esta estação recebeu o nome de Skylab (laboratório celeste). A idéia era iniciar com estações científicas para, com o tempo, torná-las militarmente operacionais. Mas uma série de contratempos impediu que esse caminho fosse implementado. Depois de alguma confusão na nom enclatura das missões tripuladas, que se definiu posteriormente, a estação espacial dos EUA foi lançada em 14 de maio de 1973, dois anos depois da Salyut-1). Foi levada ao espaço já totam ente equipada por um foguete Saturno, o mesmo das missões lunares, mas com adaptações. Vibrações muito fortes do foguete causaram Diagrama da estação Skylab. No extremo inferior esquedo, uma cápsula danos estruturais e a Skylab Apollo acoplada, usada para o envio e retorno dos astronautas. não conseguir abrir os todos primeira tripulação de Skylab. A segunda tripulação os painéis solares, salutares astronautas, que recebeu o (missão Skylab III) subiu em pra obtenção de energia nome de Skylab II, foram 28 de julho, levando os elétrica necessário ao lançados somente em 25 de astronautas Owen Garriot funcionamento de seus maio, por uma nave Apollo Alan Bean e Jack Lousma. A instrumentos. Depois de (as mesmas usadas para a missão Skylab IV partiu em manobrada remotamente, os viagem à Lua). Esta equipe 16 de novembro do mesmo painéis abertos ficaram ficou encarregada de sanar ano, levando os astronautas melhor orientados com o Sol os defeitos restantes na estreantes Gerald Carr, minimizando o problema. A

41 A estação Skylab era muito maior e mais pesada que a série Salyut da URSS. O maior espaço interno também dava mais conforto aos astronautas. Mas as missões não foram bem planejadas e houve vários desentendimentos durante sua operação. Uma video­ conferência chegou a ser realizada para que os astronautas expusessem as dificuldades para que a equipe de solo revisse o cronograma e atividades a serem feitas. Por fim nem Figura 10- Versão final da estação espacial (1996) metade dos experimentos previstos foram realizados, Para mais detalhes do sua configuração finalizada. totalizando assim 46 programa Skylab, veja o Sua massa total chegou a experiência em tecnologia artigo de Rafael Cândido na 130.000 kg, disponibilizando espacial, astronomia, edição n. 5 da AstroNova. um espaço interno de quase biomedicina e geociências. Estação Espacial Mir, um 400m3. Foi projetada para funcionar por 4 anos, depois Chegou-se a cogitar uma laboratório permanente nova tripulação para a prorrogada para 9, mas Skylab, mas os custos foram Antes ainda de concluir a operou por quase 15 anos! A considerados proibitivos e o estação Salyut-7, os grande inovação em relação projeto foi cancelado. soviéticos iniciaram a às antecessoras Salyut foi terceira geração de estações seu sistema multimodular, Os últimos astronautas da espaciais que se tornou o que permitia acrescentar Skylab retornaram à Terra paradigma definitivo para laboratórios inter- em 8 de fevereiro de 1974, este tipo de engenharia. conectados (figura 11). mas a estação permaneceu Uma estação modular, O primeiro módulo da Mir vazia em órbita até julho de mandada ao espaço em foi lançado em 19/02/1986 e 1979. No dia 11 daquele mês, partes e montada com um o últim o em 23/04/1996. reentrou na atmosfera. Seus "lego". Esta estação recebeu detritos caíram no Oceano o nome de Mir ("paz", em Módulo central: era o Índico e em território russo). A figura 10 mostra principal, destinado ao australiano. 42 nstroNova.N.13.2017

26/04/1996, Priroda (em Mir. Também foi neste russo, Natueza) era dedicado período o repórterjaponês a pesquisas de recursos Toyohiro Akiyama passou naturais da Terra e de uma semana na estação sistemas de sensoriamento soviética. remoto. Depois do desmembramento da URSS em 1991, a Rússia Na Mir concluído o entrou em uma grave crise programa Interkosmos, com econômica. As parcerias visitas de cosmonautas do Afeganistão, Bulgária e Síria. para manter a Mir passaram a ser fundamentais. Nesta No fim da década de 1980 a época a NASA e a Roscosmos Mir precisou ser auto- (agência espacial da Rússia) financiada devido a Docking Module firmam o acordo Shuttle- Figura 11 - Módulos da estação espacial Mir dificulades econômicas do Mir. Um adaptador foi www.ecured.cu/Archivo:Mir_diagrama.png Estado Soviético. Iniciaram- instalado no módulo Kristall se uma série de programas para acoplar os ônibus controle geral da estação. de cooperação onde espaciais dos Estados Também continha os astronautas estrageiros Unidos. Dezenas de dormitórios dos tinham suas estadias pagas astronautas dos EUA cosmonautas. pelas suas agências espaciais trabalharam na estação e outras entidades. Neste Quant-1: módulo destinado russa. Essa cooperação foi o contexto o programa Euro- a pesquisas em Astronomia, que possibilitou a Mir levou 12 astronautas da foi acoplado ao módulo concretização da atual Agência Espacial Européia à central em 9/04/1987. Estação Espacial Quant-2: módulo que Ônibus espacial Atlantis (NASA) acoplado à Estação Espacial Mir em 1995. acomodava os sistemas de suporte de vida. Foi acoplado em 6/12/1989. Kristall: laboratório de pesquisas em engenharia de materiais. Nele também se realizavam pesquisas em Geofísica e Astrofísica. Foi acoplano em 10/06/1990. Spektr: acoplado em 1/07/1995, era um laboratório de trabalhos conjuntos entre Rússia e Estados Unidos. Também servia de alojamento aos astronautas da NASA. Priroda: acoplado em E Internacional. Ao longo de mais de uma década de funcionamento, a MM KW Èl 1111/ Mir trouxe muitos avanços na área de engenharia de m materiais, indústria farmacêutica e biomedicina,! avançando no entendimentOi de como o corpo humano se comporta no espaço. Também houve vários problemas, principalmente nos últimos anos de sua vida| útil, agravados por conta da contenção de gastos do

governo russo que atrasou a Figura 12- Configuração atual da Estação Espacial Internacional. conclusão da estação para Fonte: www.nasa.gov/feature/the-international-space-station-is-a-unique-place além de seu prazo de também colidiu com o 0 PRESENTE validade previsto. Uma módulo Kristall. Também colisão de um cargueiro Estação Espacial Internacional em 1997, houve um mal progress danificou um (ISS) funcionamento no sistema painel solar do módulo de produção química de A Estação Espacial Spektr em 1997. Antes, em oxigênio para os tripulantes. Internacional (ISS, sigla em 1994, uma cápsula Soyuz Em abril daquele ano inglês) é o maior ocorreu um perigoso empreendimento de vazamento de substância engenhariajá realizado. tóxica no interior da Atualmente são os 15 estação. Ainda assim, o principais membro do acúmulo técnico-científico consórcio: Estados Unidos, de experiência da Mir foi tão Rússia, Japão, Canadá e grande que levou a NASA a países da Agência Espacial fazer questão de pegar Européia. A ISS começou carona na estação, um com 16 membros, pois tinha reconhecimento indireto ao a participação do Brasil. Mas indiscutível avanço soviético os governos brasileiros não na astronáutica de estações honraram com os espaciais. compromissos estabelecidos e nosso país foi retirado do Finalmente a Mir foi foi grupo. Em 2015 a China desativada em 2001, e solicitou ingresso no reentrou na atmosfera sobre projeto, mas uma o Oceano Pacífico dia 23 de anacrônica legislação dos março. EUA impediu a NASA de Mir reentrando na atmosfera aprovar a entrada dos em março de 2001. 44 chineses. Pelo acordo da ISS novos integrantes só entram por aprovação unânime dos países-membros. A ISS surgiu de um acordo bilateral Rússia-EUA que foi benéfica para ambas as partes. Os EUA não Purposc Modute(PMM) ^ JEM Exwriment Loeislio Module conseguiram desenvolver v - Pnnturõed Spclion uma tecnologia m. suficientemente madura de iEM Exposed FaeiliEy leve Experiment Module IEM| estações espaciais com sua Pressuriied Module TrunSesmcr«(lT5( EXPRESS LOjiitto Carrier ICLCl 4 Skylab. Precisavam de um Externei SEowage parceiro com esta Pljttorm (ESP) 3 experiência. A Rússia, de Esquema mostra todos as partes da Estação Espacial Internacional como está atualmente - Fonte: NASA-www.nasa.gov outro lado, tinha na manga o projeto da Mir-2, uma completá-la. No segmento estação. A ISS começou segunda estação espacial russo ainda não foram oficialm ente quando os para dar continuidade ao lançados três módulos. Um módulos Zarya e Unit foram sucesso da sua antecessora deles, o laboratório Naúka acoplados, em 10 de Mir. Poderia, portanto, ("Ciência" em russo) deverá dezembro de 1998 (figura aproveitar o projetojá ser acoplado ainda esse ano, 12). Os outros módulos da existente da Mir-2 em uma segundo comunicado ISS são: colaboração internacional. recente da Roscosmos. Os - Zvezda: "estrela" em russo. E, é claro, a divisão dos outros parceiros da ISSjá Contém o sistema de custos aliviada o bolso de concluíram e anexaram seus navegação da estação e ambas as partes. componentes à estação. computador de borto. Inclui Incluindo seus enormes Seu primeiro módulo, o dormitório e contém suporte de vida para manter painéis solares, a ISS ocupa Zayra ("aurora" em russo), foi uma tripulação de até 6 uma área de 72m por 108m. lançado ao espaço em 20 de pessoas. O futuro laboratório Atualmente o espaço interno novembro de 1998 por um disponível para a tripulação foguete Proton. Este módulo Naúka será conectado ao Zvezda. chega a 930m3. Sua órbita é e responsável pela propulsão em torno de 405km de e guiamento da estação, e Figura 12 - Zarya (esquerda) e Unit acoplados. altura. Nesta altura a nave também fornecia a desenvolve uma velocidade eletricidade nas fases de aproximadamente iniciais da montagem do 28.000km/h! Assim completa complexo. O módulo Unit, uma volta na Terra a cada 90 dos EUA, foi lançado em 6 de minutos. dezembro de 1998 a bordo o ônibus espacial Endeavour. Na parte americana da Sua função é conectar o estação ainda faltam segmento russo com o pequenos componentes para segmento americano da HslroNovo.N.13.2017

- Destiny: "destino" em inglês, é um laboratório de pesquisas dos EUA. - Quest: é um módulo que permite saída de astronautas ao espaço. Tem um regime de regulação de ar próprio. Também é usado para guardar trajes para - Rassvet: "aurora" em russo, | caminhadas espaciais EMU é um mini laboratório onde (dos EUA) e Orlan (da Rússia). também podem se acoprar - Pirs e Poisk: como o Quest, naves Soyuz. permitem acesso à região - Leonardo: módulo externa da estação, mas pelo multifuncional europeu, seu segmento russo. Também nome é uma homenagem a servem como pontos de Leonardo da Vinci. acoplamento das naves Soyuz e Progress. - Cupola: é um conjunto de 7 Bela foto mostra um ônibus espacial janelas anexada ao módulo (atualmente fora de uso) acoplado à - Tranquility: o ISS (esquerda). Na extremidade direita Tanquility. Permite o cargueiro europeu ATV. Também é "tranqüilidade" é um observervação direta da possível ver cápsulas Soyuz e Progress na parte mais central da estação. módulo americano com Terra como nenhuma outra sistema suplementar de nave anterior já possuiu. suporte de vida (reciclagem Fotos feitos pela tripulação de água e estoque de geralmente são tiradas a oxigênio). partir do Cupola (figura 13). - Harmony: o "harmonia" Atualmente um módulo providencia energia elétrica expansível chamado Beam, e carrega dados eletrônicos. da empresa Bigelow, está Ele contém o sistemas para acoplado à ISS, passando por acoplar os cargueiros HTV, testes de funcionamento. Dragon e Cygnus, e também se conectava aos ônibus A primeira tripulação da ISS espaciais para receber partiu dia 30 de outubro de astronautas. As próximas 2000. Sua missão era de naves tripuladas dos EUA instalar dispositivos e deixar deverão se acoplar à ISS por a estação funcionando para este módulo. as próximas expedições. Desde então a ISS nunca - Columbus: homenagem ao ficou desabitada. Recebeu e navegador Cristóvão recebe inúmeros Colombo, é um laboratório astronautas de diversas geral de pesquisas europeu, Figura 13 - Cupola internamente (acima) nações. Experiências nas e externamente (abaixo). A geometria do onde se realizam mais variadas áreas da Cupola lembra a cabine de controle da nave experimentos em biologia, Millenium Falcon, de Star Wars.

46 duas últimas operam em âmbito comercial da NASA com empresas do setor aeroespacial dos EUA. Os cargueiros Progress e ATV Pausa para refeição. Como se vê, a dieta não é tão rigorosa como se imagina. Normalmente a ISS é ocupada por 6 tripulantes; ocasionalmente por mais, acoplam no segmento russo como nessa foto de 21/07/2009. Fonte: https://spaceflight.nasa.gov/gallery da estação, de modo totalmente automático por ciência são realizadas em segurança cada vez mais meio do software de seus laboratórios. Em 2006 complicada aliada aos altos navegação Kurs ("rota", e recebeu o brasileiro Marcos custos determinaram a russo). Os outros se Pontes, que ficou uma decisão. Atualmente conectam na parte semana a bordo realizando somente as naves Soyuz são americana, e são feitos experimentos didáticos, usadas para o transporte de manualmente por meio do técnicos e científicos no astronautas e cosmonautas. braço robótico CanadArm2, âmbito da Missão A ISS é abastecida desenvolvido pela Agência Centenário. Na época o constantemente com Espacial do Canadá. Ele é Brasil ainda fazia parte da mantimentos, combustível e similar ao CanadArm que ISS. Para mais detalhes sobre equipamentos de pesquisa. existiam acoplados nos a Missão Centenário veja Para isso usam-se naves ônibus espaciais, mas com edição n.6 da AstroNova. cargueiras Progress (Rússia), uma série de avanços. A Inicialm ente as tripulações ATV (Europa), HTV (Japão), agência canadense testa na eram transportadas para a Dragon (SpaceX) e Cygnus ISS um braço robótico ISS com as cápsulas russas (Orbital Sciences Corp). Estas m últiplo (figura 14) Soyuz e os ônibus espaciais dos EUA. Mas depois do acidente com o ônbus espacial Columbia, que matou seus sete tripulantes quando retornavam da ISS para a Terra, a NASA restringiu seu uso para finalmente tirá-los de funcionamento. Sua Figura 15 - Pallete Express. Originalmente sua estrutura seria fornecida pelo Brasil. No site da NASA este acordo ainda aparece (clique aqui: www.nasa.gov) 47 Figura 14 - Ilustração mostra Tiangong-1 (canto esquerdo) e a nave Shenzhou. Na imagem à direita, foto da Tiangon-1 feita a partir da nave Shenzhou. chamado Dextre. desenvolvidas por agências prática seu projeto de espaciais de vários países e Um dispostivo importante é estação espacial, a Tiangong o Express Pallet, uma empresas privadas. Quando ("palácio celeste"). Os plataforma onde se concluídas e operacionais, taikonautas Haipeng Jing, somando-se aos futuros Wang Liu e Yang Liu acomodam experimentos laboratórios russos que acoplaram na Tiangong-1 dia para estudo a exposição de 18 de junho com a nave materiais e vida nas duras estão a caminho, vão proporcionar ainda muita Shenzhou-9 (figura 14). Yang condições do espaço exterior. A estrutura de movimentação e pesquisa Liu é a primeira mulher suporte desta plataforma nesse gigantesco e único chinesa no espaço. seria desenvolvida e laboratório. Permaneceram 12 dias na estação onde realizaram fornecida pelo Brasil em Tiangong, a estação espacial uma série de testes acordo entre a NASA e a AEB da China (Agência Espacial Brasileira). preliminares. O vigoroso programa Entretanto os constantes A nave Shenzhou-11 acoplou espacial chinês tem cortes de verbas impediu a na Tiangong-1 em 13de alcançado êxitos rápidos, AEB de cumprir sua parte do junho de 2013 com os principalmente a partir da acordo. O Brasil acabou não taikonautas Haisheng Nie, década passada. A CNSA fornecendo nenhuma peça Xiaoguang Zhang e Yaping (Agência Espacial da China) para a ISS e, ainda que não Wang. Realizaram testes realizou seu primeiro vôo formalmente, foi desligado médicos e tecnológicos a tripulado em 2006 com a do programa. borto. A taikonauta Yaping Shenzhou ("nave divina"), Wang deu aulas A ISS teve seus contratos muito parecida com a Soyuz. transmitidas ao vivo para 60 entre EUA e Rússia Seu primeiro taikonauta, milhões de estudantes de renovados até 2024, mas como costumam denominar, ensino médio da China essa data é prorrogável (e foi Liwei Yang. (figura 15). Permaneceram provavelmente o será). Novas Em 2012 a China colocou em 14 dias em órbita e naves estão sendo

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Shenzhou-H. Permaneceram um mês na estação, onde realizaram uma série de testes técnicos e experimentos científicos. Nesta estadia um nanossatélite lançado da própria Tiangong-2 fotografou a estação acoplada com a nave

Figura 15 - Yaping Wang ministra aula Shenzhou (figura 15). Os transmitida da estação Tiangong-1. taikonautas permaneceram 1 mês na estação, e retornaram em segurança retornaram dia 18 de para a Terra em 16 de junho. novembro do ano passado. A estação Tiangong-1 foi A CNSA informou que desativada em março de prepara uma nave cargueira 2016 ficou vazia desde para a Tiangong-2. Deverá então, devendo reentrar na ser lançada no primeiro atmosfera este ano. semestre deste ano. Isto No final de 2016 a China indica que este segundo coloca em órbita a estação laboratório orbital deverá Figura 16 - Acima, taikonautas a bordo Tiangong-2. Os taikonautas ter uma m aior duração, e se da Tiangong-2. Abaixo, fotografia do Haipeng Jing (veterano, que vai ser abastecida, poderá complexo feita por nanossatélite. já esteve na Tiangong-1) e receber nova tripulação. Dong Chen ocuaram a Tudo indica que a China similar ao que a União estação dia 18 de outubro, segue um programa muito Soviética desenvolveu com ao acoplarem-se com a nave as estações Salyut. Segundo

Figura 17 - Ilustração mostra possível aparência final da estação chinesa Tiangong. Zhou Jianping, um dos responsáveis pelo programa espacial, a China pretende construir uma estação espacial de tamanho "moderado". Estima-se que seja um complexo orbital semelhante a estação espacial russa Mir (veja ilustração da figura 17). Ainda segundo Jianping, os chineses pretentem estar com a versão final da Tiangong concluída e operando plenamente até 2 0 2 0 .

49 O hotel espacial "inflável' Concepção artística mostra a estação comercial da Axiom Space operando independentemente, depois de desacoplada da ISS. 0 FUTURO espacial". Segundo ISS. Lá, teriam sua Novas estações espaciaisjá comunicado, a empresa construção finalizada e seus estão sendo sugeridas para pretende construir esta equipamentos e os próximos anos. Algumas estação com uma concepção instrumentos de pesquisa ainda são especulações, de módulos expansíveis seriam devidamente outras estão avançando. ("infláveis"). Um protótipo alocados. Concluída, esta deste módulo "inflável" está estação comercial No início de 2015 a Rússia em testes atualmente na ISS. desacoplaria da ISS, seguiria propôs uma Estação Espacial Naves tripuladas em sua órbita de maneira conjunta dos países do desenvolvimento de independente ejá estaria BRICS. A delegação russa empresas dos EUA poderiam disponível para ser alugada. deverá convidar China e transportar os turistas. A Estima-se que, para o projeto índia, inicialmente. idéia seria lançar o "hotel se concretizar, a Axiom No começo de 2016, a espacial" em 2020. Space deveria começar a enviar os módulos de sua empresa Bigelow lançou um No fim de 2016 o anúncio da estação com ercial para a ISS projeto de estação espacial empresa Axiom Space turística: um "hotel animou os entusiastas do no máximo até 2021. espaço. A companhia Wilson Guerra é professor, graduou-se em Física (UEM), tem divulgou o projeto de uma especialização em Astrobiologia estação espacial para fins (UEL) e atualmente é mestrando em comerciais. A empresa quer Educação Científica (UEM). construir um laboratório Referências: orbital que seria alugado www.nasa.gov para quem quiser realizar www.esa.int en.roscosmos.ru pesquisas no ambiente

único da órbita terrestre. Leituras recomenadas: Segundo o projeto, os módulos desta estação espacial comercial seriam lançados previamente como Nesta arte conceituai, a estação comercial da Axiom Space estaria conectada à ISS componentes adicionais da ______para ser finalizada.______

50 www.reallycoolblog.com/americas-future-in-leo-the-possibilities-and-challenges-facing-commercial-space-stations/

EM2017O ENCONTRO PARANAENSE DE ASTRONOMIA SERÁ REALIZADO EM PATO BRANCO ENTREVISTA

BuRRIgwDg|9g2Rgg|BgTERgigEg|gEggggERTo? TF Mylena visita o maior radiotelescópio móvel do mundo: Radio Observatório de Green Bank, na Virgínia Ocidental.

Nesta edição vamos M: Na verdade começou com com inocência pois nao entrevistar Mylena Peixoto, a meu amor aos estudos, tinha ideia do que era a garota que descobriu 5 principalmente de Ciências. Astronomia. asteróides e ganhou uma Quando somos mais novos viagem à NASA. não temos a dimensão do A: Então como foi que você que é participar de começou com o interesse Astronova: Olá Mylena! Seja atividades científicas, tudo por Astronomia? bem-vinda à revista, parece algo de ficção apresente-se. científica. M: Foi em 2015. Eu estava no 2- ano de ensino médio Mylena: Olá pessoal, eu sou Quanto eu tinha 6 anos, os integrado com o técnico e eu a Mylena Peixoto. Moro em professores na escola tinha muita dificuldade com Campos dos Goitacazes no perceberam que eu tinha a matéria de Física. Porém, interior do estado do Rio de um aprendizado notável. eu me empenhava muito Janeiro e completei 17 anos Meu comportamento era para entender. Além de recentemente. diferente na sala de aula e estudar muito eu chegava a assim pulei dalâ série para ajudar os colegas de classe A: Como começou seu a 2- no mesmo ano. com o pouco que eu sabia. interesse por Astronomia? Isto chamou a atenção do Foi em casa? Na escola? Nesta época, eu olhava o céu professor Barroso, que me

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financeira a familiares, depois a amigos e quando vi, várias pessoas estavam ajudando, mesmo com um pouquinho de dinheiro. Sou muito grata ao Rotary Club que me ajudou muito.

A: Conte para nós como foi estar na NASA?

M: Foi uma experiência sensacional, durante o voo Entrada da NASA. eu estava ansiosa. Logo no convidou para um projeto A: Antes de conhecer a início, ao visitar o Museu da científico. Astronomia, o que você Ciência, fiquei maravilhada pretendia seguir carreira? com o apoio que eles dão à A: Era algum projeto do tipo divulgação científica. feira de Ciências? M: Meus planos eram prestar vestibular para Medicina e Nesse mesmo dia, o da M: Não, era um projeto que seguir para a área de chegada, participei de um me surpreendeu naquele Pediatria. Com esse projeto jantar com o gerente da momento. Consistia em eu descobri uma área muito Registro do jantar na residência de analisar as imagens de um diferente. Confesso que por Charles Lloyd, gerente da NASA. À direita, software que registrava as um tempo pensei que seria Charles Lloyd; à esquerda, o astronauta Richard Hieb. imagens de um telescópio. uma paixão passageira pois eu comecei muitojovem, eu Assim que ele foi explicado, tinha 15 anos. eu me senti insegura. Telefonei para o meu pai e A: E como você foi escolhida contei sobre o projeto. A para ir à NASA? resposta dele foi: “Aceita menina! Você nunca vai M: O convite veio pelo saber se vai dar certo se não professor Marcelo Souza, do tentar. ” Clube de Astronomia Louis Cruls. Fui escolhida não só A: Quanto tempo durou este pelo fato dos asteroides, mas projeto? também pela dedicação ao estudo de Astronomia M: Cerca de um mês. posterior a isso. Começou em setembro e em outubro já tínham os os Porém eu tiver de levantar resultados. Foi aí que fundos para viajar, assim fiz descobri os 5 asteroides! uma campanha na internet. Comecei pedindo ajuda

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NASA e n estejan tar estavam astronautas, cientistas, diretores. Fomos recebidos com entusiasmo. A: Por quanto tempo você ficou na NASA? Quais atividades foram desenvolvidas?

M: Foram 10 dias com palestras na sede da NASA, almoço com astronautas, tivemos acesso à sala de transmissão da Apollo 11, ao módulo lunar e o centro de treinam ento dos astronautas. Visitando o centro de Washington Também fomos à Washington, para fazer um estudos de um cursinho olhar para nosso futuro. passeio turístico e por fim especializado em preparar fomos à Virgínia, onde alunos para as instituições Deve-se ter o equilíbrio entre passamos 3 dias no militares, porém é em outra seus planos a não se tornar alojamento do Rádio cidade, bem longe de onde ambicioso, fazer tudo com Observatório de Green Bank, moro. Então estou me amor. Se você luta por seus o maior radiotelescópio do organizando para ter um sonhos com amor, mundo. Lá fizemos um local onde ficar. naturalm ente as coisas virão curso de análise de sinais e como fruto do que você de operação dos A: Gostaria de deixar uma semeou. radiotelescópios. mensagem para as pessoas que leem a revista? A: Mylena, agradecemos A: E agora quais são seus muito por dedicar seu planos para o futuro? M: Sim, como o público da tempo para anossa Revista AstroNova é variado, entrevista. Ficam aqui os M: Passar no vestibular do pessoas de várias idades e votos de sucesso de toda a curso de Engenharia escolaridades, deixo como equipe da revista para você. Aeroespacial do ITA mensagem o ditado: Nunca (Instituto Tecnológico de desista dos seus sonhos. A equipe da Revista Aeronáutica). Astronova agradece também Sei que pode parecer algo à colaboração de Cristian Como venho de escola repetitivo, mas siga isso, Reis Westphal, do canal púbica sei que será difícil, independente da realidade Ciência e Astronomia no terei de me dedicar muito. que você vive, da escola que Youtube, durante esta Ganhei uma bolsa de estuda ou de que família entrevista. provém. Temos sempre que

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