Informação Base De Biodiversidade Da Ilha Do Corvo E Do Ilhéu De Vila Franca Do Campo
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LIFE+ Safe Islands for Seabirds Relatório Acção A1 - Informação Base de Biodiversidade da Ilha do Corvo e do Ilhéu de Vila Franca do Campo LIFE07 NAT/P/000649 Corvo, Dezembro 2009 O P r o j e c O O projecto LIFE+ Safe Islands for Seabirds é uma parceria da SPEA com a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM), a Câmara Municipal do Corvo e a Royal Society for Protection of Birds, contando ainda com o apoio das seguintes entidades enquanto observadoras na sua Comissão Executiva: Direcção Regional dos Recursos Florestais (DRRF) e Câmara Municipal de Vila Franca do Campo. Trabalhar para o estudo e conservação das aves e seus habitats, promovendo um desenvolvimento que garanta a viabilidade do património natural para usufruto das gerações futuras. A SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves é uma organização não governamental de ambiente que trabalha para a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal. Como associação sem fins lucrativos, depende do apoio dos sócios e de diversas entidades para concretizar as suas acções. Faz parte de uma rede mundial de organizações de ambiente, a BirdLife International, que actua em mais de 100 países e tem como objectivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats e da promoção do uso sustentável dos recursos naturais. LIFE+ Safe Islands for Seabirds. Relatório Inicial Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, 2009 Direcção Nacional: Ricardo Azul Tomé, Maria Ana Peixe, Pedro Guerreiro, Ana Leal Martins, João Jara, Paulo Travassos, Pedro Coelho, Miguel Capelo, Paulo Simões Coelho, Teresa Catry Direcção Executiva: Luís Costa Coordenação do projecto: Pedro Luís Geraldes Equipa técnica: Ana Catarina Henriques, Carlos Silva, Joana Domingues, Nuno Oliveira, Sandra Hervías, Nuno Domingos, Susana Costa e Vanessa Oliveira. Agradecimentos: Pedro Domingues, João Cardigos e Sandra Mealha. Citação: SPEA 2009. LIFE+ Safe Islands for Seabirds. Relatório da Acção A1 – Informação base de biodiversidade da ilha do Corvo e do ilhéu de Vila Franca do Campo (Açores). Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa (relatório não publicado). Projecto LIFE com o número LIFE07 NAT/P/000649 Relatório Acção A1 / Baseline Biodiversity Information – Informação base de biodiversidade da ilha do Corvo e do ilhéu de Vila Franca do Campo (Açores) Data do Relatório 31-12-2009 PROJECTO LIFE+ “Safe Islands for Seabirds” Dados do projecto Localização do projecto Reserva da Biosfera Ilha do Corvo / ZPE Costa e Caldeirão / SIC proposto Costa do Corvo/ Parque Natural de Ilha do Corvo - Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Costa e Caldeirão do Corvo/ Parque Natural de Ilha de São Miguel - Área protegida para a gestão de habitats e espécies do ilhéu de Vila Franca do Campo (SMG06) Data de início do projecto: 01-01-2009 Data de término do 31-12-2012 projecto: Orçamento total € 1.057.761 Contribuição da CE: € 507.118 (%) de custos elegíveis 47,94% Dados do beneficiário Nome do beneficiário SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves Contacto Dr. Luís Costa Morada Avenida da Liberdade 105-2º Esq, 1250-140 Lisboa, Portugal Telefone +351.213220430 Fax: +351.213220439 E-mail [email protected] Project Website life-corvo.spea.pt 1. ÍNDICE 2. LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS 3. RESUMO 4. ANTECENDENTES E OBJECTIVO DO ESTUDO 5. O ILHÉU DE VILA FRANCA DO CAMPO (ILHA DE SÃO MIGUEL) 5.1. Enquadramento histórico, sócio-económico, físico e climático 5.2. Tipos e usos do solo 5.3. Descrição do Meio Terrestre 5.3.1. Flora 5.3.2. Fauna 5.4. Descrição do Meio Marinho 5.4.1. Flora 5.4.2. Fauna 6. A ILHA DO CORVO 6.1. Enquadramento histórico, sócio-económico, físico e climático 6.2. Tipos e uso do solo 6.3. Descrição do Meio Terrestre 6.3.1. Flora 6.3.2. Fauna 6.4. Descrição do Meio Marinho 6.4.1. Flora 6.4.2. Fauna 7. CONCLUSÕES 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9. ANEXOS 9.1 Decreto Legislativo Regional da criação do Parque Natural do ilhéu de Vila Franca do Campo 9.2. Plantas da ilha do Corvo do Plano Director Municipal do Corvo 9.3. Galerias de fotos 9.4. Outros Estudos de Conservação Realizados na Macaronésia 2. LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS EEI – Espécies Exóticas Invasoras IVFC – Ilhéu de Vila Franca do Campo SMG06 - Parque Natural de Ilha de São Miguel - Área protegida para a gestão de habitats e espécies do ilhéu de Vila Franca do Campo ZPE – Zona de Protecção Especial IBA - Área Importante para as Aves SIC - Sítio de Importância Comunitária DPH - Domínio Público Hídrico DRA - Direcção Regional do Ambiente DRP – Direcção Regional das Pescas RNIVFC – Reserva Natural do Ilhéu de Vila Franca do Campo UAc – Universidade dos Açores 6 3. RESUMO Entre Julho e Dezembro de 2009 foi feita uma revisão bibliográfica exaustiva dos estudos realizados ao nível da fauna e flora da ilha do Corvo e ilhéu de Vila Franca do Campo. Este acção do projecto LIFE “Ilhas Santuário para as Aves Marinhas” tem como objectivo rever e compilar toda a informação existente acerca da biodiversidade do Corvo. A grande maioria das fontes de informação encontrada tem origem em estudos desenvolvidos pela Universidade dos Açores (UAc). No entanto, muitos deles foram elaborados a partir de expedições realizadas às ilhas das Flores e do Corvo, dedicando a esta última apenas um ou dois dias de amostragem. Neste sentido entre os diferentes autores existem algumas controvérsias, ora na presença ou ausência de algumas espécies ou na sua nomenclatura ao nível da subespécie. Em relação ao ilhéu de Vila Franca do Campo foram encontrados apenas 5 trabalhos publicados. O grupo que tem sido menos estudado são os invertebrados. Alguns autores afirmam que um esforço no estudo destas espécies, sobretudo a nível entomológico, daria como resultado a reclassificação de novas espécies ao estatuto de endemismo. 7 4. ANTECENDENTES E OBJECTIVOS DE ESTUDO Os Açores localizam-se a 1500 km da Europa continental, a 1450 km de África e a 3900 km da América do Norte. A sua temperatura média anual ao nível do mar é de 17°C, diminuindo cerca de 0,6°C por cada cem metros de altitude, enquanto que a precipitação aumenta em altitude e de leste para oeste, podendo atingir 3000 mm por ano. De um extremo ao outro do arquipélago verifica-se uma variação das condições climáticas e observa-se uma variação espacial significativa dentro de cada ilha. O clima açoriano pode ser classificado como “mesotérmico húmido com características oceânicas” (Azevedo, 2001). A altitude máxima, 2351 m, encontra-se na ilha do Pico, e existem várias ilhas com altitudes máximas ligeiramente acima ou abaixo dos 1000 m. O Arquipélago dos Açores, constituindo um conjunto de ilhas especialmente isolado, jovem e alvo de devastadores acontecimentos pré-históricos (glaciações, vulcões e sismos) possui, de facto, uma baixa diversidade biológica ao nível de determinados grupos taxonómicos. Esta baixa diversidade indicia-nos fraquezas ambientais, resultante num elevado laxismo ecológico que torna o arquipélago especialmente vulnerável à entrada de espécies alienígenas. O fenómeno das espécies invasoras, tal como é conhecido hoje em dia, iniciou-se com a movimentação de pessoas e mercadorias à escala global a partir do século XV com os descobrimentos. Em suma, trata-se de um processo natural que decorreu no passado ao longo de milhões de anos e que actualmente é reproduzido artificialmente pelo homem, com consequências negativas bem visíveis. Após a revolução industrial, e muito especialmente nas últimas décadas, este problema cresceu exponencialmente fruto da globalização dos mercados e da expansão do estilo de vida ocidental. Actualmente, as espécies invasoras representam um dos principais factores de ameaça à biodiversidade do planeta, em particular no que se refere às espécies e aos habitats insulares mais sensíveis e com menor capacidade de adaptação às mudanças verificadas. Tendo as ilhas dos Açores uma história de colonização e utilização ambiental semelhante aos restantes arquipélagos macaronésicos, possui um baixo nível de espécies endémicas ao nível da flora, sendo este o motivo porque em cada três de quatro espécies da flora não pertençam ao conjunto de organismos com distribuição natural nos Açores (Silva & Smith 2004). Nos Açores, as plantas endémicas encontram-se a uma taxa de uma, e mais raramente duas ou três espécies por género (Borges et al., 2005a). Mais de 60% da flora vascular dos Açores foi considerada como exótica (Silva & Smith, 2004). Uma das diferença para os outros Arquipélagos da Macaronésia é que nos Açores não existem espécies nativas de anfíbios e répteis, existindo apenas duas espécies de morcegos, um dos quais endémico - Nyctalus azoreum (Silva et al., 2008). Nas florestas nativas dos Açores, a proporção de espécies exóticas pode atingir os 65% nas comunidades de artrópodes epígeos do solo, em alguns locais muito perturbados (Cardoso et al. 2007), mas por exemplo, nas copas de árvores endémicas (por exemplo, Juniperus brevifolia, Erica azorica, Laurus azorica), domina a fauna de artrópodes nativa e endémica (Borges et al. in press). A constante expansão de algumas plantas invasoras como a conteira Hedychium gardnerianum, o incenso Pittosporum undulatum e o novelão ou hortênsia Hydrangea macrophylla, está a colocar em risco vários fragmentos de vegetação nativa, prevendo-se que várias comunidades de briófitos, líquenes, plantas vasculares, moluscos e artrópodes nativos e endémicos dos Açores estejam em perigo. Este fenómeno parece-nos mais sério nas ilhas de São Miguel, Santa Maria e Flores e supõe uma ameaça constante para o resto das ilhas do Arquipélago. Em Portugal, o Decreto-Lei nº 49/2005 que regula a introdução e detenção de EEI e que inclui uma lista de espécies consideradas como invasoras e 8 com um risco ecológico conhecido, está presentemente em revisão.