Retrospectiva Da Missão Das Nações Unidas Para a Estabilização Do Haiti (MINUSTAH)

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Retrospectiva Da Missão Das Nações Unidas Para a Estabilização Do Haiti (MINUSTAH) Retrospectiva da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) Grupo de Estudos de Defesa e Forças Armadas (GEDES) Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas Bruna Carolina da Silva Souto Gabriela Fideles Silva Guilherme Coscrato Rasquini Gustavo Henrique Gonçalves Ferreira Leonardo Dias de Paula Matheus Bittencourt de Amorim Natália Rodrigues Germano Solano Pereira d’Oliveira Sophia Teixeira e Souza Stephanie Loli Silva O Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas, coordenado pelo Prof. Dr. Héctor Luis Saint-Pierre, é um projeto conjunto de grupos acadêmicos que se dedicam ao estudo da temática da Defesa e das Forças Armadas na América do Sul. Semanalmente, produzimos informes relacionados ao tema, com base em notícias publicadas nos principais jornais, e divulgamos em nossa página do Facebook e via e-mail. O Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (GEDES) é responsável pelo Informe Brasil, elaborado por estudantes de graduação em Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista (UNESP-campus Franca) e de pós-graduação do Programa “San Tiago Dantas” (UNESP/UNICAMP/PUC-SP). Nesta edição especial do Informe Brasil, retratamos os principais desdobramentos da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), que encerrou oficialmente suas atividades em 15/10/2017. A MINUSTAH foi autorizada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em 30/04/2004, recebendo o respaldo do Capítulo VII da Carta da ONU para perseguir os objetivos de garantir um ambiente seguro e estável no Haiti, apoiar o processo político e constitucional, e observar os direitos humanos. O Brasil assumiu posição de destaque na missão, liderando sua Força Militar. Dos temas reportados pelos jornais brasileiros sobre a MINUSTAH, resgatamos aqui, dentre outros, os períodos de eleições gerais, as catástrofes naturais e a ocupação do Exército Brasileiro nas comunidades do Haiti e seus desdobramentos nas ações de pacificação no Rio de Janeiro. Em nossos informes, buscamos conferir uma linguagem acadêmica aos fatos reportados pelos periódicos. Neste especial sobre a MINUSTAH, lançamos um olhar crítico sobre as notícias, a partir do trabalho dos estudantes da graduação que assinam os resumos. Para além de nossos esforços, convidamos o leitor a aproveitar as notícias cuidadosamente selecionadas para alimentar suas pesquisas sobre o tema, e encorajamos a todos que queiram compartilhar conosco os frutos de vossos trabalhos. Boa leitura! Página do Observatório no Facebook: www.facebook.com/observatoriodedefesa Site: http://unesp.br/gedes/produtos/101/observatorio-sudamericano- de-defensa- y-fuerzas- armadas Para receber os informes semanalmente via e-mail, solicite pelo seguinte endereço: [email protected] 2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas A MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO DO HAITI: UMA ALTERNATIVA PARA A SUCESSÃO DE CRISES? Por Gabriela Fideles Silva e Leonardo Dias de Paula ano de 2004 na sociedade haitiana foi marcado por umaO nova intervenção internacio- nal, decorrente da crise política na porção oeste da Ilha Hispaniola. O presidente da República do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, um dos protagonistas da intervenção realizada ao longo da década de 1990, foi deposto em 29/02/04 após a escalada do uso da violên- cia por manifestantes contrários a seu governo. Com o intuito de solucionar a crise local e mediar a transição política, a comunidade internacional mobilizou-se para a sárias para a mobilização de dente francês, Jacques Chirac, articulação de mecanismos inter- uma missão de paz. ao presidente da República do ventores no Haiti. Através da A Missão das Nações Brasil, Luiz Inácio Lula da adoção da resolução 1529 sob o Unidas para a Estabilização do Silva. O presidente brasileiro Capítulo VII da Carta das Nações Haiti (MINUSTAH) foi criada afirmou que a participação bra- Unidas, o Conselho de Segurança pelo Conselho de Segurança sileira na missão seria uma da instituição autorizou o envio de das Nações Unidas através da honra. No início das nego- uma Força Multinacional Interina resolução 1542, em 30/04/04. ciações, o Brasil disponibilizou para preparar as condições neces- A missão sucedeu a Força Mul- 1.100 militares para a operação tinacional de Intervenção. no Haiti. Entre os objetivos principais da Contudo, a participação MINUSTAH, destacam-se: a de militares brasileiros em manutenção da segurança; a operações no exterior depende assistência ao processo político de aprovação parlamentar. O constitucional; a supervisão da presidente Silva submeteu uma aplicação dos dispositivos de proposta ao Congresso para a Direitos Humanos. Ao todo, o mobilização de 1.200 militares mandato inicial da missão para a MINUSTAH. A proposta previu a mobilização de 6.700 requisitou um orçamento de militares e 1.622 policiais civis R$ 140 milhões para um perío- para o cumprimento dos objeti- do inicial de seis meses. O vos da operação. engajamento brasileiro foi A participação brasileira aprovado no Senado Federal no foi considerada após o convite dia 19/05/04 por placar de 38 do Secretário Geral das Nações votos favoráveis e 10 votos con- Unidas, Kofi Annan, e o presi- trários. O efetivo foi definido Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas 2017 em 970 militares do Exército e transição entre a Força Multi- nificativos à execução de seus 230 fuzileiros navais. O governo nacional de Intervenção e a principais objetivos. Há de se brasileiro argumentou que a par- MINUSTAH, prevista inicial- destacar a participação do ticipação na operação de paz con- mente para o dia 01/06/04. O componente militar da missã0 tribuiria para a projeção interna- general brasileiro Augusto na realização de eleições cional do país. Convém ressaltar Heleno Ribeiro Pereira democráticas e em esforços que o governo brasileiro consi- assumiu o comando da missão humanitários após catástrofes derou que o engajamento no no dia 25/06/04, contando naturais. Convém, então, Haiti contribuiria para a ambição com efetivo reduzido. observar em perspectivas das de ocupar um assento permanen- O mandato da missão foi dificuldades experimentadas te no Conselho de Segurança das encerrado definitivamente em pela missão em suas atividades Nações Unidas. 15/10/2017, como previsto pela no Haiti. As Forças Armadas bra- resolução 2350 do Conselho de sileras enviaram um contingente Segurança das Nações Unidas, precursor composto por 42 mili- sendo sucedida pela Missão das tares, com o objetivo de preparar Nações Unidas para o Suporte a chegada das tropas. Destaca-se à Justiça no Haiti (MINUS- que a mobilização de recursos JUSTH). Ao longo dos 13 anos para o envio do efetivo brasileiro de operação, a MINUSTAH sofreu com atrasos, dificultando a deparou-se com obstáculos sig- ELEIÇÕES - HAITI Por Gustavo Henrique Gonçalves Ferreira ção no Haiti (MINUSTAH), importância da atuação inter- foram realizadas três eleições nacional nas eleições haitianas. gerais. Em todos os pleitos Onde, através de um “pacto de houve irregularidades e mani- garantias democráticas” entre festações que tornaram as facções políticas, haveria a necessário a intervenção das retirada das Forças Armadas Forças Armadas para assegurar na missão de paz ao fim das a segurança e ordem. Antes da eleições marcadas para 2005. realização efetiva das três Para Seitenfus, o resultado eleições, houveram adiamentos desse pleito deveria ter o aval que geraram manifestações e do Conselho de Segurança (CS) incertezas quanto à concre- da Organização das Nações tização do pleito. Unidas (ONU). No ano de 2004, ao A primeira eleição, no desempenhar um papel de entanto, ocorreu efetivamente mediador, o representante em 2006, após três adiamentos especial da Secretaria Geral e que causaram manifestações e Chefe do Escritório da Organi- aumentaram a incerteza de sua urante o período em que o zação dos Estados Americanos realização. O pleito, inicial- Brasil liderou a Missão das (OEA) no Haiti, Ricardo mente marcado para ocorrer NaçõesD Unidas para a Estabiliza- Seitenfus, destacou a em outubro de 2005 , foi afeta- 2017 Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas do pelas incertezas na de os votos brancos são segurança pública e na divididos entre os candi- missão de paz. Segundo o datos das eleições gerais. então ministro brasileiro Foi essa decisão que de Relações Exteriores, tornou possível a vitória Celso Amorim, o processo de René Preval, oficia- eleitoral de 2005 estava lizada durante anúncio afetado pela falta de con- no dia 16/02/2006. A tingente militar, o que comunidade internacio- justificou o pedido de nal, juntamente com o autorização do envio de ministro das Relações mais tropas ao Haiti. No Exteriores do Brasil, mesmo ano, o chefe das negou a possibilidade missões de paz e sub- levantada pelo assessor secretário-geral da ONU para assuntos interna- para Operações de Paz na cionais da Presidência da época, Jean-Marie República do Brasil, Guéhenno, alertou para a Marco Aurélio Garcia, de falta de treinamento em influência brasileiras nas conflitos urbanos das eleições haitianas. Após tropas da MINUSTAH e a oficialização, o novo seu impacto na manutenção da devido a manifestações na presidente eleito do Haiti, René segurança das eleições gerais. região. A denúncia foi feita por Preval, defendeu a permanên- Depois da realização do pleito, o dois dos nove membros do cia dos militares da comandante brasileiro da Força Conselho Eleitoral Provisório MINUSTAH após sua posse. Militar da MINUSTAH durante o do Haiti, indicando
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