PORTUGAL E a QUESTÃO DOS BENS CULTURAIS DESLOCADOS DURANTE a II GUERRA MUNDIAL Conjunturas, Factos, Protagonistas E O Actual Estado Da Arte Volume I
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES PORTUGAL E A QUESTÃO DOS BENS CULTURAIS DESLOCADOS DURANTE A II GUERRA MUNDIAL Conjunturas, Factos, Protagonistas e o Actual Estado da Arte Volume I Iolanda Cristina Barreira Pereira Dissertação Mestrado em Museologia e Museografia 2014 UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES PORTUGAL E A QUESTÃO DOS BENS CULTURAIS DESLOCADOS DURANTE A II GUERRA MUNDIAL Conjunturas, Factos, Protagonistas e o Actual Estado da Arte Volume I Iolanda Cristina Barreira Pereira Dissertação orientada pelo Prof(a). Doutor(a) Luísa Arruda Dissertação co-orientada pelo Prof(a). Doutor(a) Elsa Garrett Pinho Mestrado em Museologia e Museografia 2014 Aos meus pais, que me têm permitido, de todas as formas, percorrer este caminho. A ti, mãe. ii AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente às minhas orientadoras a Professora Doutora Luísa Arruda bem como à Professora Doutora Elsa Garrett Pinho, pelo seu incondicional apoio em todas as frentes deste trabalho, desde o seu traçado inicial, até à sua redação final. Um muito obrigada porque sem este amparo este trabalho teria sido impossível de concretizar. E, finalmente, a todos aqueles que individualmente ou em representação de entidades coletivas se disponibilizaram e colaboraram nas investigações que culminaram neste trabalho. Nomeadamente o Sr. Embaixador Manuel Côrte-Real, Drª. Anne Webber do Looted Art Commission, Carlos Guerreiro do blog Aterrem em Portugal, Tiago Gouveia do Museu do Caramulo, Maria Mayer da Casa-Museu Medeiros de Almeida, Inês Fialho Brandão, Professor Doutor Miguel Cabral Moncada e Luís Melo. iii ABREVIATURAS Alt. – altura Atrib. – atribuição C./ca. – cerca de Coord. Coordenação DL – Decreto-Lei Séc. – século Vol. – volume Fig(s) – Figura(s) ACRÓNIMOS ANBA - Academia Nacional de Belas-Artes BT - Brigadas de Troféus CCP - Central Collecting Points CE - Comunidade Europeia CEE - Comunidade Económica Europeia CSBA - Concelho Superior de Belas-Artes CUF – Companhia da União Fabril DGESBA - Direção Geral do Ensino Superior e Belas-Artes DGEMN - Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais DGPC - Direção Geral do Património Cultural ERR - Einsatzstab Reichsleiters für die Basetzten Gabiete (Destacamento Especial do Comandante do Reich Rosenberg para os Territórios Ocupados) EUA - Estados Unidos da América FBAUL - Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa FIL - Feira Internacional de Lisboa FRESS - Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva GEPAC - Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais iv GM - Guerra Mundial ICOM - International Council of Museums IMC – Instituto dos Museus e da Conservação ISTL - Instituto Superior Técnico de Lisboa JNE - Junta Nacional de Educação MEN - Ministério da Educação Nacional MFAA - Monuments, Fine Arts and Archives MNAA - Museu Nacional de Arte Antiga MNAC - Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado MNE - Ministério dos Negócios Estrangeiros MNSR – Museu Nacional Soares dos Reis NI – Nova Iorque PCV - Palácio do Correio Velho OMGUS – Office of Military Government, United States SNBA - Sociedade Nacional de Belas-Artes SNI - Secretariado Nacional de Informação SPN - Secretariado de Propaganda Nacional UE - União Europeia URSS - União das Repúblicas Socialistas e Soviéticas USACA – United States Allied Commission for Austria v Os conquistadores não só tentam sempre arrasar fisicamente o inimigo, como, além disso, procuram destruir o seu património ou apoderar- se das obras de arte valiosas que aquele possui e colecionou com paciência e persistência infinitas. Hector Feliciano, O Museu Desaparecido (2005) vi RESUMO Durante o conflito da II Guerra Mundial, além dos acontecimentos humanos calamitosos relatados com maior frequência, outra história, igualmente trágica, ocorreu em paralelo, afetando não apenas pessoas singulares mas antes toda a humanidade e a sua História, falamos da maior dispersão de bens culturais da qual há memória. As causas de dispersão, mas também a destruição dos bens culturais de cariz vanguardista, serviram a implementação do gosto estético preconizado pelo regime nazi que assentava essencialmente na estética derivada da arte clássica. Em consequência, foram milhares os bens que se perderam e aqueles que ainda hoje se encontram desaparecidos. Tendo-se declarado como um país neutral logo no início do conflito, a Portugal afluíram milhares de pessoas e bens. Estes bens, das mais várias tipologias, chegavam de todas as partes da Europa e tinham como destino preferencial o continente americano. São inúmeros os registos que ainda hoje sobrevivem acerca do contrabando dos mais diversos tipos de produtos. Entre as mercadorias que entravam e saíam pelas fronteiras portuguesas encontravam-se igualmente bens de caráter artístico-cultural. Conhece-se assim o contexto genérico, mas sobretudo sabe-se muito pouco sobre a origem e o destino exatos do património artístico que passou por Portugal – quer nos anos do conflito, quer nos anos seguintes. Muitas são as questões que subsistem, nomeadamente: estes bens rumaram todos ao continente americano ou ficaram alguns em Portugal, quiçá nas nossas coleções públicas? Quem transacionava estes bens em Portugal? Existirá alguma relação entre a arte espoliada e os bens culturais importados para Portugal no pós-guerra, depois de adquiridos no florescente mercado internacional? Sendo este ainda hoje um mote pouco abordado em Portugal, não se conhecem estudos especializados nem compilações sistemáticas de documentação, tanto mais que o material existente está disperso por vários arquivos, nem sempre catalogado ou de fácil acesso. Assim, com o presente trabalho pretendeu-se fazer uma primeira abordagem ao tema em destaque, compilando, dentro dos meios e limites temporais disponíveis, toda a informação existente e acessível sobre os bens culturais dispersos durante a II GM e a sua possível ligação com Portugal. vii PALAVRAS-CHAVE: Portugal; II Guerra Mundial; Arte Deslocada; Mercado de Arte; Colecionismo; Museus; Restituição. viii ABSTRACT During the conflict of World War II, in addition to calamitous human events reported more frequently, another story, equally tragic occurred in parallel, affecting not only individuals but before, all mankind and its history, we speak of the greater dispersion of cultural goods of which there’s memory. The causes of dispersion, but also the destruction of cultural property of avant-garde nature, served the implementation of aesthetic taste recommended by the Nazi regime that was essentially based on classical art aesthetics. As a result, thousands were those who were lost and those who are still missing. Portugal has declared itself as a neutral country early in the conflict, there for thousands of people and goods flocked in. These goods, the most various types, came from all parts of Europe and had as a preferred destination the Americas. Countless records survive today about the smuggling of all kinds of products. Among the goods entering and leaving the Portuguese border we could also find artistic and cultural ones. It is known, so the generic context, but very little is known about the origin and accurate artistic heritage destination that went through Portugal - either in the years of the conflict, or in succeeding years. There are many questions that remain, namely: all these goods headed to the Americas or some remained in Portugal, perhaps in our public collections? Who traded these goods in Portugal? Is there any relationship between the plundered art and cultural property imported into Portugal after the war, after acquired in the booming international market? Being a subject not widely discussed in Portugal, there are no known specialized studies or systematic documentation compilation, especially as the existing material is spread over several archives, not always catalogued or easily accessible. Thus, the present work was intended to make a first approach to the major theme, compiling, within the means and time limits available, for existing and accessible information on the dispersed cultural property during WWII and its possible link with Portugal. KEY-WORDS: Portugal; II World War; Looted Art; Art Market; Art Collecting; Museums; Restitution. ix ÍNDICE VOLUME I INTRODUÇÃO p. 2 Capítulo I – Portugal na II Guerra Mundial | Breves Apontamentos p. 7 I.1. Portugal na II Guerra Mundial p. 7 I.1.1 A Neutralidade Portuguesa, o Volfrâmio e o Ouro Nazi p. 7 I.2 Os Milionários de Lisboa p. 9 I.2.1 As Ligações entre o Estado e Magnatas Portugueses p. 10 Capítulo II - A Maior Dispersão de Arte na História da p. 12 Humanidade. Uma Lição para o Futuro II.1. Da “Arte Degenerada” ao Museu de Linz p. 13 II.1.1 A Censura das Vanguardas Artísticas e a Supremacia do p. 13 Germanismo II.1.2 Entartete Kunst e a Comissão para a Arte “Degenerada” p. 14 II.1.3 O Museu de Linz p. 16 II.2 O Jeu de Paume e Rose Valland p. 17 II.3.Os Museus Europeus e a Salvaguarda das Coleções: Uma Corrida p. 19 Contra o Tempo II.4.O Florescente Mercado de Arte e Antiguidades p. 21 II.4.1 A Máquina de Espoliação Nazi e o Mercado de Arte p. 21 II.4.2 Os Marchands Oficiais do Reich e o Leilão da Galeria Fischer p. 23 II.4.3 Os Marchands Não-Oficiais do Reich p. 25 x II.5. O Pós-Guerra: o Papel dos Aliados e da Rússia p. 26 II.5.1 Os Aliados, o Exército Vermelho e o Saque de Bens Culturais p. 26 II.5.2 A Abordagem Aliada para a Proteção e Recuperação dos Bens p. 28 Culturais – a Roberts Commission | Monuments, Fine Arts & Archives (MFAA) | The Monuments Men II.6. A Proteção Jurídica do Património Cultural da Humanidade p. 29 Traficado e Ilicitamente Expatriado. Principais Instrumentos do Direito Internacional e Nacional em Matéria de Restituição II.7. O “Estado da Arte” na Atualidade: Um Longo Caminho para a p. 33 Reposição da Ordem Capítulo III – Os Colecionadores e Museus Portugueses no p. 36 Contexto da II Guerra Mundial III.1. Breves Apontamentos sobre a Tutela Institucional do Património p. 36 Cultural no Portugal de 1930-1950 III.2. Os Museus Portugueses Durante a II Guerra Mundial p. 39 III.3. O Mercado de Arte em Portugal e as Importações de Bens p.