Município Do Crato/Ce: Impactos Ambientais, Potencialidades E Limitações
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USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NO ALTO CURSO DO RIO DA BATATEIRA - MUNICÍPIO DO CRATO/CE: IMPACTOS AMBIENTAIS, POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES MAGALHÃES, A. O. 1; OLIVEIRA, V.P.V. de2 1. Universidade Regional do Cariri - URCA. E-mail: alexsandra_oliveiramagalhã[email protected] 2. Universidade Federal do Ceará - UFC. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO Esse trabalho objetivou uma análise ambiental do alto curso do Rio da Batateira, no município do Crato/CE, buscando identificar e caracterizar os componentes paisagísticos, associando-os as formas de uso e ocupação da terra. JUSTIFICATIVA Esse recurso hídrico tem suas nascentes nas fontes Batateira e Luanda que brotam nas encostas da Chapada do Araripe, numa altitude de 728 m. Suas águas são utilizadas pela população local para abastecimento humano e animal, irrigação, nas piscinas das chácaras e balneários da região, além dessas áreas servirem como fonte de lazer e recreação. Apesar da sua importância ambiental e sócioeconômica, esse rio vem passando por transformações paisagísticas causadas por impactos ambientais, tais como desmatamentos e queimadas; processos erosivos; poluição hídrica superficial e subterrânea; acúmulo de lixo; contaminação dos solos por agrotóxicos; ocupação irregular das margens; sistema de alocação ilegal de suas águas etc. METODOLOGIA Fundamentou-se na análise sistêmica, baseando-se nas concepções teóricas e metodológicas propostas por Bertrand (1972), Sotchava (1976), Tricart (1977) e Souza (2000). Para tanto, foram realizados trabalhos de campo para posterior identificação e caracterização dos componentes paisagísticos; elaboração do diagnóstico sócioeconômico da área, enfatizando as formas de uso e ocupação da terra; interpretação de fotografias aéreas na escala 1:15.000 para confecção do mapa básico; caracterização geoambiental das unidades da paisagem, enfocando os impactos das atividades humanas, suas potencialidades e limitações; elaboração de recomendações para adequação de uso e manejo dos recursos ambientais locais. RESULTADOS Por fim, vale salientar que, a implantação de ações voltadas para o desenvolvimento sustentável na área, possa minimizar os problemas ambientais, e tornar viável o uso dos recursos naturais. Para tanto, faz-se necessário orientar esse uso e ocupação da terra, a fim de que sejam resguardadas as áreas destinadas à preservação e/ou conservação ambiental. Palavras-Chave: Análise ambiental, Impactos ambientais, Desenvolvimento sustentável. USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NO ALTO CURSO DO RIO DA BATATEIRA - MUNICÍPIO DO CRATO/CE: IMPACTOS AMBIENTAIS, POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES MAGALHÃES, A. O. 1; OLIVEIRA, V.P.V. de2 1. Universidade Regional do Cariri - URCA. E-mail: alexsandra_oliveiramagalhã[email protected] 2. Universidade Federal do Ceará - UFC. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO No Nordeste brasileiro, as serras úmidas ou brejos de altitude, correspondem às ilhas de umidade e de florestas perenes que contrastam com as condições ambientais das baixas planícies semi-áridas adjacentes. Apesar da importância ecológica e sócio-econômica, essas áreas ainda são pouco estudadas cientificamente, pois na maioria das vezes, a Região Nordeste é reduzida apenas à porção semi-árida ou polígono das secas (BÉTARD, 2007). No Estado do Ceará as áreas mais representativas dessas ilhas de umidade ou paisagens de exceção são: o Planalto da Ibiapaba, a Serra de Baturité, a Chapada do Araripe entre outras. Nossa área de pesquisa está inserida na Região do Cariri Cearense, ao sul do estado, mais precisamente na Bacia Sedimentar do Araripe, que tem como feição geológico- geomorfológica a Chapada do Araripe. A Chapada do Araripe apresenta-se como uma superfície tabuliforme, cujo eixo maior se dispõe de leste para oeste com extensão de aproximadamente 170-180 km, e largura de norte para sul não ultrapassando os 70 km Seus níveis altimétricos variam de 850-1000 m. Particularmente nas encostas da chapada, ocorre a morfogênese química, formando um típico brejo de encosta (SOUZA, 1988). Essas condições ambientais propiciam características peculiares a (as) paisagem (ns) da região do Cariri Cearense, representadas por uma complexa rede de correlações entre feições geológicas, geomorfológicas, pedológicas, climáticas, hidrológicas e vegetacionais. No rebordo setentrional da Chapada do Araripe, entre as cotas de 600 e 750 metros de altitude, jorram 256 fontes que drenam a região do Cariri. Desse total, 76 fontes são encontradas no município do Crato. Dentre elas a mais importante é a Fonte da Batateira com uma vazão máxima de 376,0 m3/h, área selecionada para nossa análise. As fontes Batateira e Luanda correspondem as nascentes do Rio da Batateira, principal recurso hídrico da cidade do Crato/Ce. Desde suas nascentes, na escarpa superior da Chapada do Araripe, até o baixo curso na confluência com o Rio Granjeiro, seu principal afluente, o Rio da Batateira apresenta muitos problemas ambientais, tais como mobilização de formações superficiais e antigos aluviões, impermeabilização dos solos, modificações no escoamento das águas pluviais, formação de ravinas e voçorocas, aceleração do fluxo no rio durante as cheias, entre outros. Essas modificações são decorrentes das formas irregulares de uso e ocupação do solo como desmatamentos indiscriminados, queimadas, acúmulo de lixo, poluição hídrica superficial e subterrânea, assoreamento, ocupações desordenadas no sítio urbano, e também nas áreas próximas as encostas da Chapada que apresentam riscos de deslizamentos e desmoronamentos. Essas alterações contribuem negativamente para a transformação dessa paisagem, causado sérios problemas ambientais, que direta ou indiretamente afetam as populações ribeirinhas, e as atividades econômicas locais e regionais, cujas temáticas são áreas de interesse da Geografia Física. Nesse sentido, na pesquisa buscou-se realizar uma análise ambiental do alto curso do Rio da Batateira, localizado no município do Crato/CE, objetivando detectar seus impactos, potencialidades e limitações ambientais, bem como propor alternativas de uso sustentável. Para a elaboração desse estudo, fundamentou-se na análise sistêmica, baseando-se nas concepções teóricas e metodológicas propostas por Bertrand (1972), Sotchava (1976), Tricart (1977) e Souza (2000). Os procedimentos metodológicos foram os seguintes: 1. levantamento bibliográfico e cartográfico sobre a área de estudo (geologia, geomorfologia, climatologia, recursos hídricos, cobertura vegetal, solos etc) para posterior análise e seleção das informações pertinentes a elaboração do diagnóstico ambiental; 2. elaboração de um mapa temático geomorfológico, através da fotointerpretação de fotografias aéreas do ano de 1983 na escala 1:15000 da microbacia do Rio da Batateira. 3. A partir dessas análises foi possível a detecção dos impactos ambientais na área de estudo, bem como realizar um levantamento das potencialidades e limitações ambientais, objetivando colaborar na proposição de alternativas de organização espacial, utilização e manejo ambiental, e consequentemente na melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas. APRESENTAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO O alto curso do Rio da Batateira localiza-se na cidade do Crato, região do Cariri, ao sul do Estado do Ceará. A área estudada corresponde longitudinalmente a 65,68 Km². Esse rio tem suas nascentes originárias das fontes Batateira e Luanda, que brotam da base da cornija de arenito, formada na parte superior da escarpa da Chapada do Araripe, numa altitude de aproximadamente 728 m (Figura 01). Figura 01 - Localização da área de estudo. Fonte: MAGALHÃES et al, 2003. Geologicamente, essa área está inserida na Bacia Sedimentar do Araripe, situada na região fronteiriça dos Estados do Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraíba (RADAMBRASIL, 1981). Essa bacia corresponde a uma superfície de forma retangular com eixo longitudinal na direção W-E, constituída por seqüências sedimentares paleo-mesozóicas. Está inserida no embasamento da Região de Dobramento do Nordeste ou Província Estrutural Borborema (PONTE & PONTE-FILHO, 1996). Morfologicamente, as fisionomias da bacia do Araripe correspondem a: a) um altiplano, denominado de “Chapada do Araripe”; e b) um vale, conhecido como “Vale do Cariri” (Figura 02). A zona de altiplano se estende semelhantemente a bacia, longitudinalmente na direção W-E, enquanto que as sucessões mais antigas somente são observadas na zona do Vale do Cariri (NEWMANN, 1999). No contexto geomorfológico, PEULVAST et al (2009) afirma que a partir de 25 km de comprimento, a escarpa da Chapada do Araripe apresenta dois vastos anfiteatros circunvizinhos de 8 km de diâmetro cada um, abertos para NE dentro do planalto quase- horizontal da chapada, entre a Serra da Boa Vista (NW do Crato) e o Riacho do Meio (S de Barbalha). A cornija se multiplica localmente em dois ou três degraus, ora festonada por profundos funis (SW do Crato) ou regularmente encurvada. Essa se eleva a 300 m, por intermédio de uma rampa côncava descontínua, sobre um largo sistema de glacis ou pedimentos suavemente inclinados para o centro das depressões. Figura 02 - Bloco diagrama da Chapada do Araripe e do Vale do Cariri com os anfiteatros dos rios da Batateira (Crato) e Salamanca (Barbalha). Organização: Magalhães, A. de O.;Digitalização: Bétard, F., 2008. Esses pedimentos são dissecados por múltiplos vales irregularmente hierarquizados, dentre eles o Rio da Batateira, formando entalhes de 50 a 90 m de profundidade entre os pedimentos cortados em faixas compridas (2 a 5 km), e mais ou menos acidentadas por rupturas