Revista Brasileira de Agroecologia Rev. Bras. de Agroecologia. 1 2(1 ): 042-051 (201 7) IISSN:: 1 980-9735

O cambuí ( (DC.) O. BERG; ): extrativismo e geração de renda em Ribeira do Pombal-Bahia The cambuí (Myrciaria tenella (DC.) O. Berg; Myrtaceae): extraction and income imputs in Ribeira do Pombal-Bahia

GAMA, D.C1 , JESUS, J.B. 2, OLIVEIRA, F.F. 3, NASCIMENTO JÚNIOR, J.M. 4, GOMES, L.J. 5

1 Graduando do curso de Engenharia Florestal, Departamento de Ciências Florestais (DCF), Universidade Federal de Sergipe, e- mail: [email protected]; 2Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto (PPGSR), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e-mail: [email protected]; 3Profa. Dra. da Universidade Federal da Bahia, Laboratório de Bionomia, Biogeografia e Sistemática de Insetos (BIOSIS) - Instituto de Biologia, e-mail: [email protected]; 4Graduando do curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Sergipe, e-mail: [email protected]; 5Profa. Dra. do curso de Engenharia Florestal, Departamento de Ciências Florestais (DCF), Universidade Federal de Sergipe, e-mail: [email protected].

RESUMO: O extrativismo vegetal é uma prática comumente observada nas regiões onde há a presença de espécies de interesse para a população, apresentando importante caráter socioeconômico para as famílias tradicionais. Sendo assim, o presente estudo objetivou caracterizar o extrativismo do cambuí no município de Ribeira do Pombal, Bahia. Avaliou-se seu potencial de geração de renda, com vistas a subsidiar possíveis propostas de conservação da espécie e implementação no seu extrativismo na região estudada. O trabalho foi realizado entre dezembro de 201 4 a janeiro de 201 5, com a aplicação de questionários estruturados e semiestruturados, em povoados do município de Ribeira do Pombal, incluindo também a feira livre do município, com os questionamentos referentes à safra 201 4, com enfoque na produção, forma de comercialização, preço praticado, tecnologias sociais utilizadas e conhecimentos etnobotânicos relacionados ao extrativismo do cambuí em remanescente de vegetação de caatinga. O extrativismo é uma forma de complementação da renda para a população do município e região, com ganhos de R$ 900,00 em média por família/safra.

PALAVRAS-CHAVE: Comunidade, exploração vegetal e capital.

ABSTRACT: Exploring is a practice commonly observed in regions where there is the presence of species of interest to the population, with important socio-economic character for traditional families. Therefore, this study aimed to characterize the extraction of cambuí in the municipality of Ribeira do Pombal, Bahia. It was assessed their potential for income, in order to support possible proposals for conservation of the species and implementation in its extraction in the region studied. The study was conducted from December 201 4 to January 201 5, with the application of structured and semi-structured questionnaires, in villages of the municipality of Ribeira do Pombal, also including free local market in the city, with the questions referring to the 201 4 crop, with a focus on production, marketing way, the price charged, used social technologies and ethnobotanical knowledge related to extraction of cambui in caatinga vegetation remaining. The extraction is a way to supplement the income for the local and region population, with R$ 900.00 on average earnings per family/crop.

KEYWORDS: Community, vegetable exploration and money.

Aceito para publicação em: 23/08/201 6 Correspondência para: [email protected] Gama, Jesus, Oliveira, Nascimento Júnior, & Gomes

Introdução alimentos, o que demonstra a estreita relação existente O extrativismo constitui-se em uma atividade de entre os produtores rurais da região e o seu ambiente significativa importância social, econômica e ambiental, (GARIGLIO et al., 201 0). sendo executada, prioritariamente, em pequenas Mesmo com grande importância socioeconômica do propriedades, compondo parte significativa da renda das extrativismo para as famílias tradicionais do Nordeste, famílias envolvidas nesse processo. Estudos têm ainda existe pouca informação sistematizada sobre demonstrado que, se conduzida de forma ordenada e espécies potenciais, quantidade de produção, valor de dentro dos preceitos da agroecologia, a prática revenda, processos de produção (manejo e extrativista pode se constituir em uma estratégia valiosa conservação), industrialização e comercialização destes para a conservação da biodiversidade de florestas produtos (FILDLER et al., 2008), sendo extremamente nativas (FILDLER et al., 2008), fazendo parte dos necessário, portanto, o diagnóstico dessas espécies, chamados Produtos Florestais Não Madeiros, doravante seus usos e benefícios, visando o melhor PFNM, representados por todos os materiais biológicos aproveitamento dos produtos e subprodutos da obtidos em ecossistemas florestais, naturais ou biodiversidade pelas populações locais. artificiais, com exceção da madeira (MOK, 1 991 ). Como mais um exemplo de recurso extrativista No Nordeste do Brasil, o extrativismo de PFNM potencial para a Caatinga, tem-se o cambuí que é um constitui-se em uma atividade importante com potencial fruto globoso, com polpa suculenta, doce; superfície para produção sustentável e geração de emprego e glabra, estriada de 8-1 0 mm de diâmetro obtido do renda, principalmente para aquelas populações cambuizeiro (Myrciaria tenella (DC) O. Berg.), uma desprovidas de alternativas produtivas mais viáveis, mirtácea de porte arbóreo que chega à altura de até 6 mas que possuem acesso relativamente fácil aos m. Apreciado pela avifauna, ocorre em terrenos de recursos florestais. Isto pode-se ver em especial no altitude, capoeiras secas, solos pobres, arenosos ou Bioma Caatinga, o qual é um Bioma predominante na margens de campos não inundáveis (LORENZI, 2009). Região Nordeste, ocupando uma área de cerca de 11 % É um fruto muito procurado pela população do município do território nacional, estendendo-se até o norte de de Ribeira de Pombal (Bahia), onde é consumido de e abrigando 28 milhões de pessoas, forma direta ou servindo como matéria-prima para aproximadamente. E, por localizar-se em uma das outros artigos alimentícios. Além disso, tem sido zonas mais secas das Américas, a Caatinga apresenta registrada localmente uma limitação no uso, resultando severas condições climáticas com períodos de seca na diminuição do extrativismo e confecção dos seus prolongada, necessitando de estratégias sustentáveis subprodutos, o que se torna preocupante não só por de desenvolvimento socioeconômico, com foco na ocasionar a redução na renda familiar, mas também conservação da sua grande diversidade biológica, pelo possível risco de extinção da espécie na região. representada por uma fauna e flora características Aliado a isto, inexistem trabalhos de pesquisa ou (BRASIL, 201 2). estudos disponíveis na literatura especializada Exemplos importantes de PFNM da Caatinga, que relacionados ao extrativismo do cambuí, além daqueles podem ser considerados como estratégias de geração realizados por Rybka et al. (2011 ) e Biasoto et al. de renda bem sucedidas são o umbu (Spondias (2011 ). Esses autores avaliaram o seu potencial na tuberosa Arruda, Anacardiaceae) e o licuri (Syagrus geração de renda para famílias extrativistas, obtendo coronata (Mart.) Becc., Arecaceae), que se constituem resultados promissores como alternativa de geração de em algumas das espécies mais importantes da Caatinga renda, com agregação de valor aos seus subprodutos. para o extrativismo (BARRETO & CASTRO, 201 0; Silva et al. (201 2) discorreram sobre a análise AROUCHA e AROUCHA, 201 3). Do ponto de vista da biométrica dos seus frutos e sementes. Dessa forma, utilização dos recursos naturais na Caatinga, existe um estudos que avaliem o conhecimento do potencial, usos vasto conhecimento tradicional sobre o uso significativo e dos impactos econômicos do extrativismo do cambuí de espécies nativas na região, as quais são utilizadas para as populações locais se tornam importantes, para diferentes fins, a exemplo das plantas medicinais, podendo se constituir em informações estratégicas para espécies botânicas para a extração de óleo, ceras ou a conservação dessa espécie nas áreas onde ocorre. fibras, forragem e madeira, além das espécies nativas Assim, o presente trabalho objetivou caracterizar o de abelhas utilizadas para a extração de mel e dos extrativismo do cambuí no município de Ribeira do diferentes materiais de origem vegetal e animal Pombal, Bahia, avaliando o seu potencial de geração de utilizados na confecção de artesanato ou como renda, com vistas a subsidiar possíveis propostas de

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Material e Métodos Coleta e análise dos dados - o presente trabalho foi Caracterização da área de estudo - o município de realizado de dezembro de 201 4 a janeiro de 201 5, onde Ribeira do Pombal localiza-se na região nordeste do foram realizadas entrevistas por meio de questionários Estado da Bahia, entre as coordenadas UTM: X: 532863 estruturados e semiestruturados, nas localidades de e Y: 8832900; X: 572022 e Y: 8787285, possuindo uma Ribeira do Pombal conhecidas como Povoado Cedro, área de 762,21 2 km² e uma população de 50.805 Povoado Jenipapo e Povoado Salgadinho, incluindo habitantes (BRASIL, 201 3), com as atividades também a feira livre do município, com os econômicas baseadas em serviços, comércio e questionamentos referentes à safra 201 4. Para a agropecuária, com especial destaque para sua condução das entrevistas, foram selecionadas amostras agricultura familiar, pecuária leiteira e apicultura não probabilísticas por conveniência. Conforme Alencar (BRASIL, 2006). (2000), a amostra não probabilística por conveniência é Incluído no domínio morfoclimático da Caatinga (LEAL aquela em que se escolhem os indivíduos mais et al., 2008), com parte de sua fitofisionomia e acessíveis ou fáceis de serem avaliados. climatologia de característica de transição entre sertão e Foram consultadas três famílias por localidade, agreste (FERRI, 1 980), o município de Ribeira do perfazendo-se a soma de 1 2 entrevistas, atingindo o Pombal faz parte da ecorregião do Raso da Catarina, número de 03 indivíduos do sexo masculino e 09 do caracterizado em solo arenoso, profundo, pouco fértil e feminino. Na realização das entrevistas, era explicitado relevo muito plano, de clima semiárido e índice o objetivo da pesquisa, e, quando havia a aceitação, pluviométrico médio de 750mm/ano (VELLOSO et al., declarando de forma verbal o seu consentimento de 2002). livre-esclarecido, prosseguia-se a entrevista. Com relação à vegetação, em Ribeira do Pombal O enfoque do questionário se baseava na produção, predomina uma composição arbustiva muito densa e forma de comercialização, preço praticado, tecnologias pouco espinhosa (VELLOSO et al., 2002), sendo que sociais utilizadas e conhecimentos etnobotânicos aquelas classificadas por Andrade-Lima (1 981 ) como relacionados ao extrativismo do cambuí em fitofisionomias de caatinga arbórea, arbustiva aberta e remanescente de vegetação de caatinga (Figura 1 ).

Figura 1 – Frutos de cambuí em época de frutificação (A); indivíduo de cambuí registrado em momento de georreferencimento (B); remanescente de vegetação de caatinga com presença de cambuí (C); família de catadores de cambuí entrevistada no município de Ribeira do Pombal-BA (D).

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Além disso, foi aplicado outro questionário etnobotânicos ou saberes tradicionais do homem, sobre semiestruturado para os proprietários de seu meio, seus relacionamentos com a flora local, seus estabelecimentos comerciais do município (sorveteria, usos e conhecimentos das potencialidades, os quais lanchonete, restaurante e pizzaria), a título de identificar despontam no campo interdisciplinar de relevante a possível demanda por Cambuí, a utilização e a importância sociocultural e econômica para as satisfação de consumidor. Os resultados dos dois populações locais. O estudo e a interpretação desse questionários foram sistematizados em planilhas conhecimento, o significado cultural, as formas de Microsoft Excel 201 0 e expressos em porcentagens, manejo e usos tradicionais dos elementos da flora se apresentados em tabelas e gráficos. constituem em ferramentas importantes para promoção A partir de expedições de campo a diversas do desenvolvimento sustentado em populações localidades da zona rural, foram localizados os tradicionais. povoamentos de cambuizeiros em remanescentes de Assim, diante da marcha da urbanização e das caatinga, trabalho este realizado com a orientação dos possíveis influências da aculturação, torna-se próprios catadores de Cambuí e dos moradores locais. extremamente importante resgatar o conhecimento que Todas as áreas mapeadas foram georreferenciadas com a população detém sobre o uso de recursos naturais o auxílio do aparelho de GPS (System Position (PASA et al., 2005), com vistas à promoção/criação de Geographic) modelo Garmin Etrex1 0, sendo ferramentas que possam promover a conservação dos posteriormente confeccionado mapa temático de recursos naturais e das tradições locais. localização dessas populações botânicas através do Conhecimentos etnobotânicos relacionados ao programa ArcGIS 1 0.1 , com utilização de uma imagem extrativismo do cambuí foram registrados durante a do município através do satélite Landsat-8 (USGS, realização das entrevistas com os catadores conforme 201 4) referente ao mês de maio de 201 4. se observa na Tabela 1 . Como em outros produtos de extrativismos, a Resultados e Discussão exemplo das catadeiras de cocos babaçus (MATOS et Conforme dados do levantamento realizado por meio al., 201 0), a predominância das atividades, desde sua das entrevistas, foram estimados pelos entrevistados 76 distinção nas modalidades de coleta e beneficiamento catadores envolvidos com o extrativismo do cambuí nos do extrativismo até a sua comercialização, é realizada povoados visitados, cujas atividades eram realizadas predominantemente por mulheres, onde, para os em família. Além dos locais visitados, foi também catadores de cambuí entrevistados, a participação indicada a existência de catadores nos povoados Baixa feminina corresponde aproximadamente a 60% e dos da Berlenga, Pedro Alexandre, Manteiga, Caruara, Cova homens entre 30 e 40%. da Árvore e Fazenda Baixa do Umbuzeiro, todos Brito e Mota (201 0), em estudo de análise do papel pertencentes ao município de Ribeira do Pombal, Bahia, das mulheres no uso e na conservação das áreas além das fazendas Rio Quente e Bongolá do município remanescentes de mangabeiras (Hancornia speciosa de Ribeira do Amparo, região fronteiriça com Ribeira do Gomes, Apocynaceae) em Sergipe, constataram que o Pombal. extrativismo e a comercialização da mangaba são Segundo os dados levantados, a rotina da catação atribuições das mulheres, considerando que elas acontece entre o final de maio e o início de julho predominam também na comercialização dos frutos em (período de safra), quando, segundo os próprios espaços, exercendo papel fundamental na conservação catadores, a coleta geralmente é iniciada pela manhã ou dos remanescentes de mangabeiras e de outros final da tarde, em grupos de cinco a sete pessoas, recursos associados, além de que os principais saberes utilizando bacias plásticas ou arupembas (espécie de são dominados por elas. Por outro lado, entende-se que bacia feita de palha de palmeira), que são colocadas essa não é uma caracterização peculiar do extrativismo embaixo da planta, a qual é sacudida até que caia todos de uma forma geral, pois em outras atividades os frutos, evitando-se, assim, danos às plantas ou a extrativistas predomina a execução por homens, como queda dos frutos verdes (não maduros), impedindo no caso do extrativismo da fava d’anta (Dimorphandra também a queda dos frutos na terra, o que acarreta a mollis (Benth.); Fabaceae) (NUNES et al., 201 2), da perda de qualidade do produto. Após a catação, os piaçava (Attalea funifera (Mart. ex Spreng); Arecaceae) frutos são lavados e conduzidos posteriormente em (GUIMARÃES e SILVA, 201 2) e do açaí (Euterpe baldes às feiras livres para venda. oleracea (Mart.); Arecaceae) (HOMMA et al., 2009). Segundo Caballero (1 979), trata-se de conhecimentos Segundo as informações levantadas, o hábito de

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Tabela 1 . Usos relacionados ao extrativismo do Cambuí, segundo relatos dos catadores no município de Ribeira do Pombal-BA.

consumo do cambuí se dá, principalmente, na forma de livre entre R$ 2,50, R$ 3,00 e R$ 4,00 por litro. O preço polpas para fabricação de sucos, em bebidas alcoólicas pago por encomenda (clientes que combinam e raramente na forma de sorvetes. Não houve antecipadamente o interesse por alguma quantidade) constatação entre os entrevistados do uso do cambuí variou entre R$ 5,00 a R$ 8,00 o litro. Já no final da para fins medicinais. Mendes et al. (201 2), estudando as safra, o preço chegou a variar entre R$ 1 0,00 e R$ atividades extrativistas praticadas por 30 famílias em 1 5,00 o litro. dois assentamentos no sudoeste do Mato Grosso, com Para a unidade litro (comumente usada na feira livre as espécies do cumbaru (Dipteryx alata (Vog.); da cidade pelos catadores), os comerciantes locais Fabaceae); babaçu (Orbignya phalerata (Mart.); utilizam como medida padrão a lata de óleo comestível Arecaceae); mangaba (Hancornia speciosa (Gomez); com capacidade para 900 ml. Apocynacae); jatobá (Hymenaea courbaril (L.); Apesar dos entraves de mercado e problemas Fabaceae); cagaita (Stenocalyx dysentericus (DC) O ambientais anteriormente citados, é possível afirmar que Berg; Myrtaceae) e bocaiúva (Acrocomia aculeata o extrativismo do cambuí está bem situado quando (Jacq.) Lodd. ex Mart; Arecaceae), verificaram que, comparado com produtos extrativistas já dotados de quanto aos usos, 60% dos produtos do extrativismo planos de manejos e estabelecidos no mercado, a eram destinados à alimentação humana e 20% do exemplo da extração do óleo de pequi (Caryocar extrativismo para fins medicinais. Por outro lado, assim brasiliense (Cambess.) Caryocaraceae), vendido a R$ como no extrativismo da fava d’anta, destinado ao uso 7,00/litro gerando renda familiar de R$ 450,00 por safra medicinal, conforme relatado por Gomes (2000), até e a exploração e venda do buriti (Mauritia flexuosa essa atividade se tornar promissora, a falta de (Mart.) Arecaceae), gerando renda familiar anual de R$ informação inicial sobre a espécie, quanto ao uso como 1 0.000,00 (OLIVEIRA e SCARIOT 201 0). O extrativismo matéria-prima, limitou os benefícios socioeconômicos da mangaba (Hancornia speciosa (Gomes) que a atividade poderia gerar, o que é também um Apocynaceae), no Estado de Sergipe, corresponde a desafio para o extrativismo atual do cambuí em Ribeira 60% da renda familiar anual (BRITO e MOTA, 201 0) e do Pombal. que em Minas Gerais é beneficiado em polpa Quanto à produção do cambuí, referente à safra de comercializada a R$ 1 ,00 por 1 00g (LIMA e SCARIOT, 201 4, segundo as informações levantadas, estimou-se 201 0). Já o umbu beneficiado em forma de doce, geleia uma média de 301 ,7 litros no período. Grande parte da ou popa, gera-se renda de R$ 1 35,00 por família produção (52%) foi comercializada na feira livre da (OLIVEIRA e SCARIOT, 201 0; LIMA e SCARIOT, 201 0; cidade, vendida a ‘retalho’ na unidade litro. Uma ínfima BARRETO e CASTRO, 201 0; SAMPAIO, 2011 ). parte (1 %) foi vendida para estabelecimentos comerciais Por outro lado, compor a renda total familiar através como sorveterias, especialmente (Figura 2). de PFNM’s não tem sido uma realidade comum entre os O preço de venda praticado em 201 4 variou na feira atores envolvidos com essa atividade. Santos et al.

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Figura 2. Estimativas da distribuição e tipos de escoamento da produção do Cambuí no município de Ribeira do Pombal (Bahia).

(201 4) em estudo sobre a participação de PFNM’s na biodiversidade e dos modos de vida das comunidades renda em pequenas propriedades rurais no Estado do relacionadas. Paraná, constataram pouca participação no orçamento. Logo, o extrativismo representa uma atividade Entretanto, mesmo o extrativismo do cambuí não extremamente importante para as famílias, onde se respondendo como renda principal das famílias dos houvesse o manejo adequado da flora local e políticas catadores entrevistados, torna-se uma atividade públicas de incentivo, assessoria na organização do extremamente significativa no orçamento doméstico, mercado e divulgação dos produtos, seguramente o uma vez que contribui na renda média familiar em R$ valor gerado aumentaria com promoção de um mercado 900,00/safra, superando em muito outros produtos garantido. Como exemplo disso temos o extrativismo de extrativistas tradicionalmente comercializados e mais açaí praticado em regiões do estado do Pará onde gera conhecidos no mercado. R$ 700,00 por hectare a partir do terceiro ano com Dentre os estabelecimentos comerciais visitados, os manejo adequado, contra R$ 400,00 em sistema não proprietários de 03 sorveterias afirmaram não haver manejado (OLIVEIRA e FARIAS NETO, 2005). interesse da clientela pelo sorvete do cambuí, A maior preocupação existente para os catadores é a aparentemente por própria falta de conhecimento do redução da produção que tem ocorrido nos últimos produto. Também, afirmaram a ocorrência da falta de anos, provocando desinteresse e abandono pela oferta do produto, sendo que a última aquisição atividade por algumas famílias. Em relação à safra de comercial realizada pelos estabelecimentos foi em 201 0, 201 4, 58% dos entrevistados relataram a falta de chuva com compra em quantidade de 5 litros apenas. Esses como a causa da redução da produção, enquanto 30% dados indicam uma falta de comunicação mercantil dos entrevistados relacionaram o desmatamento entre o produtor e o comércio local, talvez em parte ocorrido na região como a principal causa do explicado pela falta de extensão rural ou políticas decréscimo na produção natural da espécie. Enquanto públicas voltadas ao extrativismo do cambuí, já que os que 9% dos entrevistados relacionaram falta de próprios catadores afirmaram que nunca tiveram algum colaboração por parte dos fazendeiros por não tipo de assistência do setor público na comunidade para permitirem a entrada dos catadores em sua algum trabalho com essa finalidade, especialmente no propriedade, uma vez que a atividade é realizada em que se refere à segurança de acesso à terra e aos propriedades particulares de Reserva Legal e APP’s. Já recursos naturais necessários à preservação da o preço baixo praticado foi outro fator que desmotivou

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3% dos entrevistados no extrativismo do produto. da conservação da biodiversidade local, auxiliando na Embora grande parte dos entrevistados assinalasse a manutenção dos serviços ecológicos, das cadeias chuva como fator limitante, o desmatamento tem sido alimentares envolvidas (fauna e flora), as relações intra observado localmente como grave problema a provocar e interespecíficas da fauna relacionada (PRIMACK e redução de populações do cambuizeiros, tornando RODRIGUES, 2006). desfavorável a produção de cambuí, além de influenciar Através das expedições de campo com auxílio de um mudança do microclima local. Conforme relatório do mapa falado (Figura 3A), foi possível o mapeamento de Ministério do Meio Ambiente, na Caatinga, os 11 remanescentes de vegetação de caatinga com desmatamentos são concentrados em maior número na presença de populações de cambuizeiros, constatando- Bahia, Ceará e Piauí, representando cerca de 45,6% se um total aproximado de 237,6 ha de áreas de dos desmatamentos do Nordeste (BRASIL, 2009), onde ocorrência (o maior com 76 ha e o menor com 05 ha) de o município de Ribeira do Pombal, segundo estimativa vegetação de caatinga com presença da referida do mesmo estudo, desmata em média progressiva espécie vegetal (Figura 3B). pouco menos de 1 ,5 km² a cada ano. Como mencionado anteriormente, em sua totalidade, Segundo os catadores de cambuí, esse as áreas de coleta do cambuí em Ribeira do Pombal se desmatamento tem sido comum e tem por finalidade a constituem em áreas de Reserva Legal de propriedade comercialização da lenha e formação de pastagem na privada. Porém, nesse levantamento foi diagnosticada área. A rigor, nota-se um problema que, além de reduzir apenas a presença de indivíduos nos fragmentos, não a produção de cambuí, afeta a manutenção de serviços havendo levantamento florístico. Dessa forma, há a ecológicos na região, como na promoção do necessidade de se realizar um estudo da estimativa do desaparecimento de aves que se alimentam dessa fruta potencial produtivo por meio do inventário florestal na como a sabiá-coca (Turdus sp., (Turdidae) e o sofrer, região, servindo como forma de subsidiar planos de também conhecido por sofreu ou corrupião (Icterus manejo e a conservação da área, dando maior jamacaii (Gmelin, 1 788); Icteridae), colocando em risco justificativa aos meios de fiscalização ambiental e essa e outras relações ecológicas relacionadas à propostas de planejamento de uso da terra e dos espécie botânica. recursos naturais. Dessa forma, a necessidade da conservação do Como observado por Fildler et al. (2008), o cambuizeiro não se limita ao impacto econômico para as reconhecimento e a valorização de produtos florestais famílias de catadores, mas também reside no contexto não-madeireiros ganha importância a cada dia no

Figura 3. Mapa falado confeccionado através de informações dos próprios catadores e moradores próximos sobre a existência de alguns povoamentos de cambuizeiros em fragmentos remanescentes de vegetação de caatinga (A). Mapa de povoamentos de cambuizeiros georreferenciados em fragmentos remanescentes de vegetação de caatinga, com o tamanho das áreas correspondentes aos pontos, no município de Ribeira do Pomba-BA (B).

REV. BRAS. DE AGROECOLOGIA. 1 2(1 ): 042-051 (201 7) 048 Gama, Jesus, Oliveira, Nascimento Júnior, & Gomes mundo, reforçando o paradigma de valor da floresta Pombal é uma atividade desprovida de cadeia produtiva através de sua função social e serviços ambientais, organizada, operando-se através de conhecimentos além de sua capacidade e função de promover a tradicionais consolidados desde a extração até a venda. sustentabilidade, quando associado com manejos Os catadores são pessoas construtoras de saberes e sustentáveis da floresta. Não obstante, o extrativismo de possuem responsabilidades a eles relacionadas, PFNM como alternativa viável para a conservação da possuindo no extrativismo uma forma de biodiversidade contribui para o conhecimento, a complementação da renda com ganhos de R$ 900,00 valorização e proteção de áreas naturais a despeito de em média por família/safra. usos destrutivos, como desmatamento para pastagens A atividade enfrenta problemas ambientais como (WADT et al., 2005). Além disso, para manutenção desmatamentos e pouca valoração do produto no dessa atividade, é fundamental o desenvolvimento de mercado e à indústria de transformação, além do pouco sistemas de manejo e produção sustentável, para evitar conhecimento dos benefícios do produto. a exploração desordenada, reduzindo o uso alternativo Ações integradas entre órgãos de extensão rural e do solo, que são os principais motivos do esgotamento comunidade interessada poderiam ser uma das da vegetação da caatinga (GARIGLIO et al., 201 0), alternativas para possibilitar sustentabilidade da onde a exploração madeireira muitas vezes contribui atividade, melhorando a qualidade de vidas das famílias para a erosão genética das espécies de maior valor envolvidas aliadas a conservação da biodiversidade. comercial, o que compromete seu aproveitamento futuro (SOUZA e SILVA, 2002). Referências Bibliográficas Vasconcelos (2002), em estudo sobre a diversidade ALENCAR, E. Introdução à metodologia de pesquisa genética do cambuí, embora não tenha sido capaz de social. Lavras: UFLA/ FAEPE, 2000. 1 05p. detectar o efeito da fragmentação na endogamia, o ALMEIDA, M. A floresta em jogo: o extrativismo na resultado apontou heterozigosidade elevada. Onde a Amazônia Central. São Paulo: Unesp, 2000. 233p. variação genética intrapopulacional, avaliada pela ANDRADE-LIMA D. The caatinga dominium. Revista riqueza alélica, foi menor nos fragmentos menores que Brasileira de Botânica, v.4, n.1 , p.1 49-1 63, 1 981 . nas populações no fragmento controle. Ou seja, quanto AROUCHA, E. P. T. L; AROUCHA, M. L. Boas Práticas mais reduzida à população pela fragmentação, reduz-se de Manejo para o Extrativismo Sustentável do a variabilidade genética, comprometendo a qualidade da Licuri. Brasília: Instituto Sociedade, População e planta e sua resistência a doenças, por exemplo. Essas Natureza, 201 3. 92p. consequências encontram um forte aliado com o BARRETO, L. S; CASTRO, M. S. Boas práticas de desmatamento, reduzindo as populações de cambuí e manejo para o extrativismo sustentável do umbu. ameaçando-as de extinção. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Como alternativa à conservação dos cambuizais, tem- Biotecnologia, 201 0. 64p. se o estabelecimento de espaços especialmente BENSUSAN, N. Conservação da biodiversidade, em protegidos, limitando o uso da terra e dos recursos áreas protegidas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. naturais (BENSUSAN, 2006), uma vez que o 1 76p. extrativismo persiste como uma das possibilidades de BIASOTO A. C. T.; et al. Potencial do (Myrciaria conservação social de populações rurais que tenella (O. Berg.)), para a Elaboração de desenvolvem sistemas produtivos (ALMEIDA, 2000). Fermentado. Embrapa Semiárido, Petrolina-PE, Sendo ainda possível realizar em sistemas de parcerias 2011 . Disponível em: entre fazendeiros e extrativistas, a exemplo do pequi no https://www.embrapa.br/semiarido/busca-de- Bioma Cerrado (OLIVEIRA e SCARIOT, 201 0) e, por se publicacoes/-/publicacao/908481 /potencial-do- tratar o cambuí de uma espécie com potencial cambui-myrciaria-tenella-para-a-elaboracao-de- econômico e com forte relação ecológica com a fermentado >. Acesso em: 08 ago. 201 4. biodiversidade local, deve ser manejado corretamente a .BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. fim de não tornar-se um material genético suscetível a Censo Agropecuário, Cidades, 2006. Disponível em: processo de extinção, por parte de extrativistas, . Acesso em: 1 0 jan. Conclusões 201 5. O extrativismo do cambuí no município de Ribeira do

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