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UNIVERSIDADE CATÓLIC A PORTUGUESA FACULDADE DE TEOLOGIA MESTRADO INTEGRADO EM TEOLOGIA (1.º grau canónico) GONÇALO PEREIRA DINIZ A Consciência Católica perante o Pobre - da Revolução Industrial à contemporaneidade Dissertação Final sob orientação de: Doutor David Sampaio Barbosa Lisboa 2011 ÍNDICE INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1 CAPÍTULO I – O POBRE NA REVELAÇÃO CRISTÃ ............................................... 7 1. O ‘pobre’ na Sagrada Escritura ........................................................................... 9 1.1. Antigo Testamento ........................................................................................ 9 1.2. Novo Testamento ........................................................................................ 14 2. O ‘pobre’ na Tradição da Igreja dos primeiros séculos ..................................... 18 2.1. Os ‘Escritos Apostólicos’ ........................................................................... 18 2.2. Os Padres da Igreja ..................................................................................... 24 CAPÍTULO II – A ‘QUESTÃO SOCIAL’ ................................................................... 28 1. A Revolução Industrial ...................................................................................... 30 2. O liberalismo político e económico ................................................................... 33 3. A situação da classe operária ............................................................................. 38 3.1. As grandes cidades industriais .................................................................... 40 3.2. O proletariado ............................................................................................. 44 4. As reacções anti-liberais .................................................................................... 49 4.1. As reacções nacionalistas ............................................................................ 50 4.2. As reacções socialistas ................................................................................ 51 4.3. As reacções intervencionistas ..................................................................... 57 CAPÍTULO III – A RESPOSTA CRISTÃ À ‘QUESTÃO SOCIAL’ .......................... 58 1. A restauração das antigas ordens religiosas e o florescimento de novas congregações ..................................................................................................... 59 2. O ‘Movimento Católico’ ................................................................................... 66 3. Um caso paradigmático: o Padre Jean-Léon Dehon .......................................... 76 CAPÍTULO IV – O MAGISTÉRIO SOCIAL DA IGREJA ......................................... 83 1. A ‘Rerum Novarum’ .......................................................................................... 88 2. Outras intervenções do Magistério .................................................................... 94 3. A “Caritas in Veritate” ................................................................................... 104 CAPÍTULO V – REFLEXOS E PERSISTÊNCIAS NA TEOLOGIA ....................... 111 1. A teologia moral social .................................................................................... 114 2. A teologia da libertação ................................................................................... 122 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 130 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 135 FILMOGRAFIA .......................................................................................................... 143 “ µόνον τών πτωχών ίνα µνηµονεύωµεν ό καί εσπούδασα αυτό τούτο ποιήσαι ” (“só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres – o que procurei fazer com o maior empenho”) Gal 2, 10 A consciência católica perante o pobre: da Revolução Industrial à contemporaneidade INTRODUÇÃO O título que tínhamos pensado inicialmente para a nossa dissertação era simplesmente “A consciência católica perante o pobre”. No entanto, seria um tema demasiado extenso para uma tese de dissertação de mestrado, tendo em conta os condicionalismos regulamentares para este tipo de trabalho. E mesmo assim, temos consciência que o presente trabalho já é de si relativamente extenso. Ainda assim, o facto é que tivemos que reduzir substancialmente o nosso objecto de estudo. Daí a redução da nossa análise ao período histórico que vai desde a Revolução Industrial até aos nossos dias, donde o título final: “A consciência católica perante o pobre: da Revolução Industrial à contemporaneidade”. Apesar desta delimitação cronológica, não podíamos deixar de fazer uma referência à riquíssima tradição bíblica e patrística no campo da ética social. Assim se explica o nosso Capítulo I, todo ele dedicado à consciência da figura do pobre na revelação cristã. Enfim, é a base teológica incontornável para o tratamento do tema em apreço. É também por aqui que se explica que, de modo aparentemente abrupto, saltemos do período da Patrística, com que rematamos o Capítulo I, para a “questão social” do séc. XIX, que é tratada no Capítulo II, como se entretanto nada tivesse sucedido ou se tivesse escrito de relevo para o nosso tema durante tantos séculos. 1 De facto, a resposta a este salto na história prende-se simplesmente com o facto de não ser esse o escopo do nosso tema. Efectivamente, pelas razões já acima referidas, 1 A título de exemplo, há que referir o tratado ‘De Justitia’ de S. Tomás de Aquino ( Summa Th. II-II, qq. 57-122 ), que é o tratado mais amplo dos sete tratados de virtudes que integram a moral concreta da Suma de Teologia. Podemos ainda indicar outras obras de teologia moral social como os vários tratados ‘De justitia et jure’ dos sécs. XVI e XVII, onde se destacam os grandes teólogos moralistas e canonistas espanhóis da Escola de Salamanca, tais como Francisco de Vitória, Soto, Bañez e Molina. E no âmbito da pastoral missionária, por exemplo, como não recordar o intenso labor em prole da justiça social de homens como Fr. Bartolomé de las Casas, na ilha Hispaniola, ou do Pe. António Vieira, no Brasil. 1 A consciência católica perante o pobre: da Revolução Industrial à contemporaneidade pretendemos apenas tratar o período histórico que começa a partir da Revolução Industrial. Por isso, o Capítulo I – “O Pobre na Revelação Cristã” - surge a título excepcional, é certo, mas, porque nos dá as coordenadas teológicas básicas para tratarmos do tema em apreço, não podia deixar de ser tido em consideração. O tema da consciência católica perante o pobre, tal como o vamos aqui tratar, abarca fundamentalmente matérias do âmbito da história da Igreja contemporânea e da teologia moral social, duas áreas muito importantes do curso de teologia, além do contributo inestimável do abundante e rico Magistério social da Igreja, que bebe directamente da inesgotável fonte do Evangelho. De facto, verificamos que a opção preferencial pelos mais pobres tomada por Jesus Cristo, de modo constante e consistente – ‘pobreza’ em sentido bíblico, amplo -, e respaldada por uma longa tradição profética, está certamente no coração da doutrina social da Igreja.2 Ademais, este campo é uma das áreas de eleição para a intervenção da Igreja no mundo, na sua dimensão social, económica e política, todas elas dimensões intrínsecas à própria humanidade. 3 Ora, e parafraseando o Papa Paulo VI, a Igreja é “perita em humanidade”.4 Por isso, as referidas dimensões da vida humana devem ser alvo da atenção, do cuidado, e, quando se imponha, da intervenção por parte da Igreja. Uma intervenção que se quer lúcida e corajosa, i.e. , sem pretender ter as respostas (técnicas) para resolver todos os problemas deste mundo, mas, acima de tudo, saber estar à altura dos acontecimentos, 2 Neste trabalho, utilizaremos como sinónimos a expressão ‘Magistério social da Igreja’ e ‘doutrina social da Igreja’. 3 De entre as três dimensões clássicas da Igreja – dimensão litúrgica (ou celebrativa), martirial (ou testemunhal) e diaconal (serviço na caridade) -, a doutrina social da Igreja insere-se, com naturalidade, no âmbito das duas últimas dimensões. 4 Ver ‘Populorum Progressio’ , nº 13. 2 A consciência católica perante o pobre: da Revolução Industrial à contemporaneidade dando testemunho do Reino de Deus e não tendo medo de ser sinal de contradição neste mundo. Isto tudo sem prejuízo da precedência natural da dimensão espiritual do homem em toda a acção da Igreja. De resto, se não fosse por causa desta dimensão, qualquer intervenção da Igreja na sociedade e no mundo redundaria num mero activismo, espiritualmente estéril, ou, quando muito, transformaria a Igreja em mais um partido político, ‘lobby’ de interesses instalados, ou numa das muitas ONG’s para o desenvolvimento. Dito isto, gostaríamos de acrescentar que o tema da ‘justiça social’ é um tema sempre polémico e actual, e de interesse para qualquer cristão, mais não seja como decorrência do mandamento do amor que Jesus Cristo solenemente nos deixou. Ainda hoje, em pleno séc. XXI, persistem muitas formas de injustiça social, umas mais encapotadas do que outras, o que revela que a tentação da exploração e da opressão do nosso próximo é uma ameaça permanente que acompanha a natureza humana ao longo dos tempos. O cristão tem que estar constantemente de sobreaviso a