Ministério Público Federal Inquérito Nº 4.631
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA INQUÉRITO Nº 4.631 (E AVULSO Nº 73.503) AUTOR: Ministério Público Federal ACUSADOS: Arthur César Pereira de Lira e outros RELATOR: Ministro Edson Fachin PETIÇÃO GTLJ Nº 307882/2020 Excelentíssimo Senhor Ministro Edson Fachin, O Ministério Público Federal, por intermédio da Subprocuradora-Geral da Re- pública signatária, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, em atenção ao despacho de fls. 535/538 e ao despacho de fls. 01/03, proferido no Avulso nº 73.503, vem requerer o que se segue. I Como se verifica, o Inquérito nº 4.631 foi instaurado inicialmente para apurar dois fatos distintos envolvendo o repasse de vantagens indevidas pela empresa Queiroz Galvão a membros do Partido Progressista - PP , decorrente do esquema criminoso existente na Direto- ria de Abastecimento da Petrobras para beneficiar o referido grupo empresarial em diversas obras, como a da Refinaria do Nordeste – RNEST e COMPERJ. No primeiro caso, buscava-se averiguar se houve a solicitação e o recebimento de, aproximadamente, R$ 2.740.000,00 (dois milhões, setecentos e quarenta mil reais) por parte de FRANCISCO OSWALDO NEVES DORNELLES, WALDIR MARANHÃO CARDOSO, MARIO SILVIO MENDES NEGROMONTE JÚNIOR, SIMÃO SESSIM, ROBERTO EGÍ- DIO BALESTRA, JERÔNIMO PIZOLLOTO GOE R GEN , AGUINALDO VELLOSO BOR- 1 Documento assinado via Token digitalmente por LINDORA MARIA ARAUJO, em 28/09/2020 12:30. Para verificar a assinatura acesse http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave EB3932F3.1E98A92B.F33DE86D.0BF8309A MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA GES RIBEIRO, EDUARDO HENRIQUE DA FONTE DE ALBUQUERQUE E SILVA e LUIZ FERNANDO RAMOS FARIA, sob a forma de doações eleitorais oficiais realizadas pelo grupo empresarial Queiroz Galvão ao Diretório Nacional do Partido Progressista, no ano de 2010. Em 11/04/2018, a Procuradoria-Geral da República, no tocante ao episódio envol- vendo o repasse de R$ 2.740.000,00, esclareceu que os líderes partidários do Partido Progres- sista, MÁRIO SÍLVIO NEGROMONTE JÚNIOR , JOÃO ALBERTO PIZZOLATI JÚNIOR e LUIZ FERNANDO RAMOS FARIA, já respondiam por aqueles fatos em procedimento espe- cífico com denúncia recebida pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (INQ. 3992)1. Quanto aos demais parlamentares do PP, SIMÃO SESSIM, ROBERTO BALES- TRA, JERÔNIMO GOERGEN, EDUARDO DA FONTE, AGUINALDO RIBEIRO, MARIO NEGROMONTE JÚNIOR e WALDIR MARANHÃO, a então Procuradora-Geral da Repúbli- ca consignou que não havia indícios concretos que apontassem que houve efetiva adesão dos parlamentares às práticas criminosas, naqueles fatos, impondo-se, por consequência, o arqui- vamento da investigação em relação aos aludidos parlamentares. Por outro lado, sustentou que o material probatório reunido apontava a adesão a esses ilícitos de FRANCISCO OSWALDO NEVES DORNELLES, então Presidente Nacional do Partido Progressista - PP, “consistente em solicitar e receber vantagens indevidas no valor total de R$ 2.740.000,00 (dois milhões e setecentos e quarenta mil reais), sob o disfarce de doações eleitorais ‘oficiais’ do grupo empresarial Queiroz Galvão ao Diretório Nacional do Partido Progressista para posterior distribuição aos parlamentares candidatos à reeleição da mesma agremiação partidária”. Em razão de FRANCISCO DORNELLES não figurar mais como parlamentar fe- deral, bem como ocupar, em 2018, o cargo de Vice-Governador do Estado do Rio de Janeiro, a PGR requereu o envio de cópia integral dos autos ao Tribunal Regional Federal da 1ª Regi- ão, para a integral apuração de sua responsabilidade por tais delitos. 1 Decisão: A Turma, por votação unânime, acolheu a preliminar de exclusão da causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal, também por unanimidade, acolheu a alegação de ausência de justa causa e rejeitou a denúncia em relação a Mário Negromonte Júnior, Roberto Pereira de Britto e Arthur Lira e, também por unanimidade, afastou a alegação de justa causa e recebeu a denúncia em face de João Alberto Pizzolatti Júnior e Mário Silvio Mendes Negromonte, nos termos do voto do Relator e, por maioria, vencidos, em parte, os Ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, recebeu a denúncia, nos termos do voto do Relator, em relação a José Otávio Germano e Luiz Fernando Faria. Presidência do Ministro Edson Fachin. 2ª Turma, 6.3.2018. 2 Documento assinado via Token digitalmente por LINDORA MARIA ARAUJO, em 28/09/2020 12:30. Para verificar a assinatura acesse http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave EB3932F3.1E98A92B.F33DE86D.0BF8309A MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA Em decisão de fls. 60/62, o Ministro Relator: a) deferiu o pedido de arquivamento em face de SIMÃO SESSIM, ROBERTO BALESTRA, JERÔNIMO GOE R GEN, EDUAR - DO DA FONTE, AGUINALDO RIBEIRO, MARIO NEGROMONTE JÚNIOR e WALDIR MARANHÃO quanto à solicitação e o recebimento de aproximadamente R$ 2.740.000,00 (dois milhões e setecentos e quarenta mil reais); e b) determinou a remessa de cópia integral do apuratório ao Tribunal Regional Federal da 1ª região, em relação a FRANCISCO OSWAL- DO NEVES DORNELLES. No segundo caso, apurou-se se houve a solicitação e o recebimento de aproxima- damente R$ 1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais) por AGUINALDO VELLOSO BORGES RIBEIRO, ARTHUR CÉSAR PEREIRA DE LIRA, CIRO NOGUEIRA LIMA FI- LHO e EDUARDO HENRIQUE DA FONTE DE ALBUQUERQUE E SILVA, mediante con- trato fictício entre a empresa KFC HIDROSSEMEADURA, pertencente a Leonardo Meirelles e a o grupo Queiroz Galvão . Por meio das Petições/STF nº 41015 e nº 41013, respectivamente, a Procuradoria- Geral da República apresentou denúncia em desfavor dos investigados ARTHUR CÉSAR PEREIRA DE LIRA, FRANCISCO RANULFO MAGALHAES RODRIGUES, ALBERTO YOUSSEF, LEONARDO MEIRELLES e HENRY HOYER DE CARVALHO, e promoveu o arquivamento da investigação em relação a CIRO NOGUEIRA LIMA FILHO , AGUINAL - DO VELLOSO BORGES RIBEIRO e EDUARDO HENRIQUE DA FONTE DE ALBU - QUERQUE SILVA. Na sequência, a Polícia Federal informou ao Ministro Relator que JOSÉ EXPEDI- TO RODRIGUES DE ALMEIDA, durante sua oitiva, apresentou como prova de sua ligação com os investigados, cheques que teria recebido como garantia de transações financeiras com o Deputado Federal EDUARDO DA FONTE. Segundo a autoridade policial, o material forne- cido não foi juntado aos autos do Inquérito 4.631, tendo em vista que a Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia contra o Deputado Federal ARTHUR LIRA e outros , “de forma que foi encerrada a tramitação do mencionado inquérito junto a este Serviço de Inquéritos.” (fl. 529). Em 14 de agosto de 2020, o Ministro Relator determinou, dentre outras providên- cias, fosse renovada vista à PGR para que: a) se manifest asse sobre os elementos de informa - ção juntados após o oferecimento da denúncia; e b) esclarecesse a situação dos investigados FRANCISCO OSWALDO NEVES DORNELLES, WALDIR MARANHÃO CARDOSO, SI- 3 Documento assinado via Token digitalmente por LINDORA MARIA ARAUJO, em 28/09/2020 12:30. Para verificar a assinatura acesse http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave EB3932F3.1E98A92B.F33DE86D.0BF8309A MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA MÃO SESSIM, ROBERTO EGÍDIO BALESTRA, JERÔNIMO PIZOLLOTO GOE R GEN , LUIZ FERNANDO RAMOS FARIA e MARIO SILVIO MENDES NEGROMONTE JÚ- NIOR. Sobreveio petição avulsa apresentada pelo denunciado ARTHUR CÉSAR PE- REIRA LIRA, por meio da qual sustenta que “a inicial tem por lastro probatório apenas a palavra do colaborador premiado, de maneira que não merece prosperar diante da vedação prevista no 516 do art. 4º da Lei 12.850/13”. No referido expediente são apresentadas as se- guintes teses defensivas: a) Da liderança do PP: A denúncia aponta que "desde meados de 2004 até pelo menos 2017" o DEFENDENTE teria integrado o núcleo político de organização criminosa formada por membros do PP. Ocorre que o Defendente apenas foi eleito deputado federal em 2010, tomando posse em 2011, sendo que antes era deputado estadual em Alagoas, período no qual sequer era filiado à sigla e tam- pouco participava de articulações no plano federal. b) Da inexistência de relações entre o deFendente e a Queiroz Galvão: Afirma-se que o DEPENDENTE teria recebido da QUEIROZ GALVÃO, indire- tamente, a vantagem indevida de R$ 1.588.700,00 (um milhão, quinhentos e oi- tenta e oito mil e setecentos reais) proveniente de valores que teriam sido desviados da PETROBRAS. No entanto, não há nos autos qualquer evidencia de relações do DEFENDENTE com tal empresa. Não há uma figaçãn, mensagem. e-mail ou documento da Ounitoz GALVÃO. ou de qualquer um de seus executi- vos, que façam referência ao DEFENDENTE, que também não consta na lista de beneficiários de doações eleitorais e jamais teve contato com qualquer inte- grante da empresa. Indaga-se: como uma empresa pode repassar valores desta monta a um parlamentar sem qualquer contato com o mesmo? c) Das declarações de Alberto YouseeF e os depoimentos que as inFirmam: PAULO ROBERTO COSTA declarou não saber quem seria o responsável pelo recebimento de valores pelo PP, ventilando alguns nomes, sem mencionar o do Defendente. YOUSSEF alegou ter determinado a CARLOS ALEXANDRE DE SOUZA RO- CHA (Ceará) que entregasse valores a um assessor do DEFENDENTE. Porém, o SR. CARLOS ALEXANDRE (Ceará) afirmou que jamais entregou valores ao DEFENDENTE ou a pessoa por ele designada. CARLOS ALEXANDRE DE SOUZA ROCHA confirmou, em depoimento poli- cial, que entregou valores em espécie, a mando de YOUSSEF, em apartamento localizado na SQS 311 Sul, em Brasília/DF, em benefício de parlamentar do PP, sem contudo saber sobre os agentes políticos beneficiados, haja vista que sua função era a mera tradição da propina. A SQS 311 é uma das poucas quadras de Brasília em que há apartamentos funcionais da Câmara dos Deputados. d) Da planilha apreendida com RaFael Ângulo: não há indicação de onde se encontra tal planilha constando dos autos apenas trecho apresentado pela auto- ridade policial. O pen drive mencionado no inquérito policial de onde teriam sido retirados os dados não foi acostado ou disponibilizado à defesa, impossibi- litando o cotejo do recorte inserido nos relatórios com o documento original.