UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

ENTRE CORPOS, DANÇAS E REPRESENTAÇÕES: UMA ANÁLISE DE VIDEOCLIPES DE

ANTÔNIO CARLOS DA SILVA BHERING

PONTAL DO ARAGUAIA - MT. 2019 I

ANTÔNIO CARLOS DA SILVA BHERING

ENTRE CORPOS, DANÇAS E REPRESENTAÇÕES: UMA ANÁLISE DE VIDEOCLIPES DE PABLLO VITTAR

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia como pré-requisito para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física.

Orientador Prof. Me. Vitor Hugo Marani

PONTAL DO ARAGUAIA - MT. 2019 II

DEDICATÓRIA

Esta pesquisa é dedicada ao meu pai Antônio Carlos Bhering, falecido em 2015 pouco tempo depois que entrei na graduação à minha mãe Eusélia Duarte da Silva e aos meus irmãos Paulo Vitor da Silva Bhering e Gustavo Ítalo da Silva Bhering.

III

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, pois sem Ele não estaria me formando como professor de Educação Física. Agradeço aosamigos que conheci em Campo Grande, maior parte no curso dos meus sonhos, Artes Cênicas e Dança, Anne Kevelyn, Douglas Caetano, Jéssica Vilela, Tatiane Miranda, Verônica Jorge, Leandro, Gabriel Rainer, Edson Clair e todas as pessoas que contribuíram para a minha evolução espiritual, intelectual, social e profissional. Não formei em Artes Cênicas e Dança, infelizmente tive que deixar de realizar um sonho para realizar outro, mas me sinto feliz, meus amigos das artes realizaram por mim e tenho certeza que também estarei realizando esse sonho por eles.

No curso de Educação Física, mais especificamente a minha turma de 2015, encontrei pessoas que tenho certeza que farão parte da minha vida “lá fora”, como João Lucas (Dunga) que me estressou durante o curso inteiro e continuará me estressando, Alessandra (Xexelenta) que sempre me incentivou e acreditou em mim, mesmo quando eu não acreditei, aos amigos do rolêRhafael, Danilo e Eduardo que me acompanharam nas melhores festas e Paulo Yuri, que me ajudou e esteve comigo em muitos momentos. Durante o percurso alguns relacionamentos mudam, precisam mudar, mas fico feliz porque acredito que mudam para melhor mesmo que não sejam como esperamos, por isso também agradeço ao Jediel, que não está próximo de mim, mas que viveu essa história comigo.

Agradeço aos meus amigos mais próximos atualmente, Rinaldo que me atura desde o ensino Médio e hoje é um dos melhores dançarinos de BG dando close de pussycat, Mayara única pessoa que se joga da escada e manda whats pedindo socorro e Marília que me obriga a tomar uma quantidade absurda de cerveja aleatoriamente.

Existem amigos que vem e vão, não vou citá-los aqui e sim guardá-los no coração.

Amo todos vocês! Cada um de um jeitinho, o jeitinho blogueirinha de ser!

Faço um agradecimento em especial para meu professor, amigo e orientador maravilindo, Vitor Hugo Marani, sem ele e Deus nada disso estaria acontecendo. Obrigado pelos cappuccinos, comidinhas veganas e puxões de orelha! Obrigado por não desistir de mim! Agradeço a Deus por ter conhecido alguém como você e assim como os outros tenho certeza que estará na minha vida para sempre mesmo viajando para os “States” e esfregando suas fotos belíssimas na nossa cara! Amo você, mesmo sendo ariano, tutupom?! IV

EPÍGRAFE

“… Babywhy'd you leave me, why'd you have to go I was counting on forever, now I'll never know I can't even breathe It's like I'm looking from a distance Standing in the background Everybody's saying, he's not coming home now This can't be happening to me This is just a dream”

Carrie Underwood V

LISTA DE ABREVIATURAS

DJ – Disc Jockey

DST’s – Doenças Sexualmente Transmissíveis

EP – Extended Play

LGBTQ+ – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queer, +

PCN – Parâmetro Curricular Nacional

UFU – Universidade Federal de Uberlândia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...... 7 2 JUSTIFICATIVA...... 8 3 OBJETIVOS...... 9 3.1 Objetivo Geral...... 9 3.2 Objetivos Específicos...... 9 4 METODOLOGIA...... 10 5 REVISÃO DE LITERATURA...... 11 5.1 Sobre a Teoria Queer: incursões iniciais...... 11 5.2 Sobre Pabllo Vittar: a biografia do/a artista...... 13 6 REFERÊNCIAS...... 15 7 ARTIGO NAS NORMAS DA REVISTA MOTRIVIVÊNCIA...... 17 ANEXO...... 33

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1 INTRODUÇÃO O presente artigo tem como objetivo investigar como a dança é representada nos videoclipes da artista/cantora Pabllo Vittar a fim de problematizar como essas representações se inserem na discussão da teoria queer. A escolha por tal artista deu-se por conta de sua visibilidade na mídia nacional nos últimos anos, o que acarretou novas discussões no senso comum voltadas às questões: É mulher? É homem? É uma travesti? Que voz é esta? Entre outras questões que perpassam discussões de gênero e sexualidade que atravessam a sociedade contemporânea, em especial, no campo da arte – música e dança. O uso da teoria queer justifica-se, inicialmente, por conta das representações de luta e de resistência, por meio de discussões relacionadas ao grupo LGBTQ+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queer e + que representa mais letras para a sigla) que une a diversidade sexual e de gênero e ao movimento feminista para a desconstrução e desnaturalização dos padrões sociais. A teoria queer nasce como forma de (re)construir uma visão pejorativa e discriminada das pessoas homossexuais. A tradução do termo era definida como algo “excêntrico”, “fora do comum”, “esquisito” que levou Silva (2017), a declarar esse pensamento como posicionamento político na intenção de complexar a questão de identidade sexual, interferindo nas questões culturais e sociais a fim de incomodar o que está “confortável”. Quanto ao nosso entendimento de dança, temos que é uma das artes que nos permite expressar emoções por meio de gestos e movimentos desde o início da humanidade. Assim como o ser humano, a dança evoluiu, passou por uma série de transformações ao longo do tempo facilitando o acesso a qualquer público, tanto que a internet é a mídia mais acessada do momento. Tudo que é novo na mídia transforma-se, e com a dança, não seria diferente. Tomazzoni (2015) afirma que a mídia vem transformando a dança em nossa sociedade, propondo possibilidades e estimulando desafios, principalmente para os profissionais da educação como o professor de educação física, que precisa recorrer à internet para um planejamento de aula que atenda aos jovens, grupo repleto de referências midiáticas. Para Sontag (2004) todas as imagens, fotos e vídeos representados pela mídia formam a nossa percepção e concepção da realidade para ser quem é. Ou seja, a mídia, por hora, se torna mais real do que o próprio real e está para a realidade como uma verdade absoluta. O autor usa a expressão “parecia filme, coisa de cinema!” como exemplo para evidenciar as experiências. Nessa perspectiva, tem-se a mídia como elemento que consegue interferir diretamente nas representações corporais de movimento do sujeito que se expressa. 8

Para Tomazzoni (2015) basta ter conexão com a internet para o indivíduo ter acesso a uma sala de aula online para aprender a dançar e executar performances espetaculares em espaços públicos, como shoppings centers, por exemplo. Em sua pesquisa, Tomazzoni (2015) buscou investigar e compreender como esses corpos são para a dança, os que não são para a dança, as advertências relacionadas e exemplos de dança numa visão de mundo que ligava esse interesse pela dança em sua construção. Em seguida, Tomazzoni (2015) revela ter tido a mídia como veículo principal para seu entendimento e conhecimento em dança, tempo-espaço em que aprendeu a dançar vendo televisão e descobriu gostos por musicais que o estimulou a ser artista por meio de inúmeros materiais acessados na mídia. Contudo, não deixou de perceber a grande influência de subjetivação midiática promovendo a homogeneização e a banalização da dança, daí partiu seu interesse pela pesquisa. Por um lado, ele tenta não condenar a mídia como vilã e por outro não deixou de notar que a mídia também transforma a dança em um processo de globalização. A dança, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, é uma forma de integração e expressão tanto individual quanto coletiva, em que o aluno exercita a atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. A dança é também uma fonte de comunicação e de criação informada nas culturas. Como a atividade lúdica a dança permite a experimentação e a criação, no exercício da espontaneidade. Contribui também para o desenvolvimento da criança no que se refere à consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos que são fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social (BRASIL, 1997). Sendo assim, entendemos que a dança pode ser um espaço gerador de questões que envolvem a discussão de gênero na atualidade, transmitindo certas representações sobre corpo e gestualidade disseminadas em outros locais da sociedade e que, de certa forma, precisam ser problematizadas. Daí a necessidade de se estudar as representações de corpo e de dança presentes no clipe da referida artista, dada a exposição midiática e a falta de informação que o senso comum possui em relação ao seu trabalho, acarretando muitas vezes falas preconceituosas e cheias de expressões homofóbicas.

2 JUSTIFICATIVA1 O curso de Artes Cênicas e Dança como graduação em licenciatura, foi uma área que eu sempre quis ingressar pela intimidade que eu tinha estabelecido com a dança, pelo desafio que é pesquisar essa linguagem do conhecimento num país onde essa cultura é tão pouco

1 A justificativa está escrita em primeira pessoa no singular devido à aproximação do pesquisador com o tema da dança, a partir de todas as suas experiências nesse campo de conhecimento e intervenção. 9

valorizada na educação e em outros âmbitos, pelo prazer que poderia me proporcionar obtendo reconhecimento como artista e professor de Artes e as outras artes agregadas ao curso que vivenciaria na formação. O curso me propôs experiências, mas não a formação. As experiências extracurriculares da época me permitiram conduzir com mais facilidade as aulas de Educação Física, curso superior atual, nos estágios e projetos sociais introduzindo também a dança. A partir dessas aulas pude perceber que a influência da mídia nas aulas de dança era muito forte. As referências para as crianças de hoje são completamente diferentes da realidade que foi para mim, gerando um incômodo que me leva a querer entender através dessa pesquisa, como essa mídia influencia na noção de corpo para os jovens. A Educação Física como disciplina aparece na escola a partir do ensino fundamental com objetivo de desenvolver as práticas culturais de movimento por meio de atividades coletivas lúdicas, exercícios físicos / práticas de aptidão física, jogos culturais adaptados, jogos esportivos, ginástica, danças, lutas entre outras formas de conhecimento corporal teórico e prático para o desenvolvimento motor e social do indivíduo. Dentro das inúmeras possibilidades o PCN (Parâmetro Curricular Nacional), permite que a Educação Física contribua para o desenvolvimento artístico e expressivo do aluno por meio da dança. A dança, assim como outras linguagens artísticas, promove comunicação por meio de sentimentos e gestos expressos pelo sujeito e a dança contemporânea é um dos caminhos / mecanismos para esse trabalho. Juntamente com a contemporaneidade a mídia vem ganhando cada vez mais espaço transmitindo através de rádios, jornais, revistas, internet e redes sociais, parâmetros na construção social dos jovens.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral:

Investigar como a dança é representada nos videoclipes da artista/cantora drag queen Pabllo Vittar a fim de problematizar como essas representações se inserem na discussão da teoria queer.

3. 2 Objetivos específicos:

• Identificar três videoclipes da artista/cantora drag queen Pabllo Vittar que contenham a dança como um dos elementos centrais da performance; 10

• Verificar como a dança é representada nos vídeoclipes da artista/cantora Drag Queen Pabllo Vittar selecionados para a pesquisa;

4 METODOLOGIA

O presente projeto se insere na pesquisa qualitativa, de caráter descritivo, baseada nos pressupostos da Etnografia Virtual Crítica. O universo da pesquisa será composto por videoclipes da cantora drag queen Pabllo Vittar mais influentes da atualidade e a busca de dados será feita na plataforma digital Youtube, atualmente, a mais acessada pelo público. Mídia – Vídeosclipes – Internet e na Televisão – Artistas Como instrumentos da pesquisa, serão utilizados recursos para a organização dos videoclipes selecionados para integrarem a investigação, a exemplo de programa virtual que realize o download dos arquivos da plataforma online para os arquivos pessoais do pesquisador. Esses arquivos serão organizados em pastas, o que possibilitará o acesso aos vídeos de maneira offline para fins de análise de dados. Ainda, o diário de campo, instrumento da etnografia virtual crítica, será utilizado para registrar informações relacionadas à representação da dança nos videoclipes a partir das observações realizadas de maneira sistematizada pelo pesquisador. O recurso imagético também fará parte da pesquisa por meio dos recortes de cenas que retratem a dança nos videoclipes, como forma de elucidar aos leitores fragmentos da performance a partir da imagem em si, acompanhada de possíveis discussões. A coleta de dados ocorrerá, inicialmente, a partir da identificação dos videoclipes da artista Pabllo Vittar, do gênero pop nacional, que contenham a dança como um dos elementos principais da performance. Para tanto, o pesquisador irá acessar o canal do Youtube de cada artista e irá identificar 3 clipes com maior número de visualizações, a fim de verificar em quais clipes a dança aparece como elemento central. A partir dessa seleção, os clipes serão baixados para o arquivo pessoal do pesquisador para fins de análise.

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5 REVISÃO DE LITERATURA

5.1 Sobre a Teoria Queer: incursões iniciais

O queer representa uma linha de pensamento de luta e conquista, a partir da união das questões LGBTQ e do movimento feminista para a desconstrução e desnaturalização dos padrões sociais. A teoria queer nasceu recentemente nos Estados Unidos e Inglaterra, mas o termo queer, já conhecido, era uma visão pejorativa e discriminada das pessoas homossexuais. A tradução do termo era definida como algo “excêntrico”, “fora do comum”, “esquisito” que levou Silva (2017), a declarar esse pensamento como posicionamento político na intenção de complexar a questão de identidade sexual, interferindo nas questões culturais e sociais a fim de incomodar o que está “confortável”. Para Silva (2017), o movimento feminista pode problematizar as questões de gênero, mas não as resume em distinções, masculino e feminino. O feminismo não leva em consideração somente o biológico, mas sim a construção social e cultural do indivíduo na sociedade. Ao longo da história essa luta foi evoluindo e compreendendo que nada tem que ser padronizado. Nessa perspectiva a teoria queer vai além da definição de ser, pensar e agir como homem ou mulher, muito menos construir a identidade sexual a partir do gênero. A teoria queer passa a questionar a heterossexualidade como identidade sexual normal, já que um dos desvios padrão é a identidade homossexual. Silva (2017) acredita que somente o processo de significação pode definir/construir a identidade sexual do indivíduo social, ou seja, é preciso ter um significado, mas que a teoria quer ir além dessas construções sociais de identidade, ela quer abrir fronteiras entre elas. Silva (2017) revela que a teoria queer não se restringe ao universo homossexual e como o próprio termo já diz, a teoria engloba tudo que é diferente e “estranho” nos aspectos sociais, aquilo que pode “incomodar” a sociedade, desmistificar, problematizar e contestar os padrões, contudo, a luta pode ser muito evasiva. De acordo com Louro (2013), tudo que é incerto desestabiliza, e que no mundo contemporâneo as pessoas preferem contar com referências sólidas, ao invés de correr o risco de estarem equivocadas. A autora se inclui no grupo daqueles que preferem assumir os riscos, as questões, o complexo, com a intenção de busca constante pelo conhecimento. De 1960 até os dias atuais, Louro (2013) afirma que pequenos grupos sociais vêm lutando por seus direitos no intuito de ganhar espaço, visibilidade e reconhecimento cultural na sociedade, desafiando o que se entende por “centro social”, formado, normalmente, pela 12

cultura e domínio do homem branco, heterossexual e de classe média. Louro (2013) deixa evidente que em volta do centro existe o excêntrico, o centro é definido como estável e o excêntrico como instável. O centro é consolidado pela sociedade padrão, branca e heterossexual, conforme explicitado. E, o excêntrico formado por negros, mulheres e LGBTQ. Nessa perspectiva, é possível perceber que, na sociedade, todas as referências são voltadas para o centro, e, quando certa produção social foge do padrão, ela é vista como exótico e alternativo (LOURO, 2013). Esse movimento, nos dizeres de Louro (2013) também é recorrente no cenário escolar, principalmente, quando pensadas as relações sociais que se instauram nesse espaço a partir de materiais didático-pedagógicos, espaços e infraestruturas, bem como conteúdos dispostos no currículo das escolas. Por isso, o excêntrico vem denunciando a ausência de suas culturas nas práticas dos currículos escolares. Em denúncia realizada por Louro (2013), tem-se o fato de que, em cursos fundamentais, o único reconhecimento que grupos minoritários têm nas práticas escolares está em datas “comemorativas”. Isto é, quando pensadas comemorações relacionadas ao dia do índio, da mulher, do negro, como se essas datas estivessem à margem de contextos sociais mais amplos. O mesmo ocorre em escolas secundárias e superiores, em especial, em momentos em que realizam palestras com “representantes” da minoria em questão para debates, o que muitas vezes representa apenas um recorte histórico-cultural da realidade (LOURO, 2013). No que diz respeito à diversidade de gênero e sexual, Louro (2013) retrata a importância de análises que visualizem tais dimensões como produções religiosas, históricas, psicológicas e científicas. Para a autora, essa transformação epistêmica “mostra-se especialmente importante quando se trata de identidade de gênero e sexuais, já que põe em questão a sua naturalidade, ao acentuar o caráter cultural da masculinidade, da feminilidade, da homossexualidade ou da heterossexualidade” (LOURO, 2013, p. 48). A autora afirma que não podemos negar que materiais e signos possam contribuir para a construção da identidade de gênero do indivíduo, muito menos desprezar seus corpos biologicamente, mas que a construção social é fundamental para a identificação de gênero do sujeito. É, a partir disso, que são criados discursos, códigos, e representações que conferem significados diferentes aos corpos e às identidades (LOURO, 2013). Mesmo que os movimentos teórico e político separem centro, margem e fronteira, Louro (2013) acredita que o ideal seria permitir a movimentação de entre as partes, e que não há estabilidade entre elas. O excêntrico, para alguns grupos culturais segundo Louro (2013), 13

não quer se opor ao centro, muito menos tomar seu lugar, eles querem buscam desvincular todas as ligações lógicas que remetam ao centro. Este grupo assume como tal e assim querem viver. Nas escolas, esses discursos podem gerar incômodo, mas não podem ser ignorados. Louro (2013) diz, como educadora, que talvez a medida mais viável a ser tomada é de não olhar para essa diversidade como uma problemática. As medidas não funcionam com base na lógica e sim na lógica mais complexa desconsiderando o discurso que posiciona o centro e a margem e considerando as múltiplas diferenças.

5.2 Sobre Pabllo Vittar: a biografia do/a artista

Phabullo Rodrigues da Silva, 24 anos, brasileiro, maranhense, mais conhecido artisticamente pelo nome “Pabllo Vittar”, se destaca como cantor e compositor no cenário musical do país, como a drag queen mais conhecida das redes sociais do mundo atualmente. Seu reconhecimento na música começou em 2015, após gravar seu primeiro EP “Open Bar”, releitura da música “LeanOn”, do grupo americano . Após o primeiro trabalho as mídias lhe deram muitas visualizações nas plataformas digitais e participações em trabalhos de outros artistas e até mesmo em programas de televisão. Em 2017 veio seu maior reconhecimento ao lançar o álbum de trabalho “”, onde foram destacados três singles e sua participação no vocal e no videoclipe da música “” do grupo Major Lazer. E em outubro de 2018 foi lançado o seu trabalho mais recente, álbum intitulado “Não Para Não”. Inspirado por divas dos anos 70 e 80 como , Etta James, e , o talento da cantora vem de infância. Vendo videoclipes e apresentação das cantoras internacionais, Pabllo Vittar quando criança cantava e dançava tentando imitar suas vozes em Caxias, cidade do interior do Pará. Caxias foi onde Pabllo Vittar passou a maior parte da sua infância e adolescência. Sua primeira apresentação foi no programa de televisão local chamado “Pop” no qual era convidado toda semana para cantar ao vivo. Logo após mudaram-se para Indaiatuba, interior de São Paulo, para tentar carreira, mas não obteve sucesso e trabalhou em lanchonete e salões de beleza. Phabullo montou-se pela primeira vez aos 17 anos para curtir seu aniversário de 18 anos, foi ali que Pabllo Vittar nasceu segundo ele em entrevista para programa de televisão (VITTAR, 2018). Dois anos depois, Pabllo e sua família se mudaram para Uberlândia, , quando ingressou na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), para o curso de 14

Design de Interiores cursando dois períodos, lá foi onde conheceu um dos seus primeiros patrocinadores, um professor do curso que o incentivou para se apresentar com shows acústicos nas casas de teatro da cidade montado como drag queen Pabllo Vittar. Seu trabalho se estendeu para casas noturnas e teve que trancar o curso por não conseguir conciliar com agenda de shows. A artista diz que sua maior inspiração para se montar como drag queen foi o reality show americano “RuPaul’s Drags Race”. Após sua primeira montagem, Pabllo Vittar afirma que uniu duas coisas que mais gostava, o universo feminino como caracterização com o seu talento de cantar e dançar. Ela declara também que esse movimento artístico só tem a visibilidade que tem hoje por causa do programa e que artistas que já passaram pelo reality a inspiram muito. Pabllo Vittar transita em diversos estilos musicais. Suas músicas possuem uma sonoridade diversificada, do pop nacional com influências do tecnobrega, muito comum na cultura das regiões norte e nordeste do país. A música da artista utiliza de elementos do e do arrocha incorporados ao pop da cantora. As letras das canções trazem sempre mensagens de auto-estima, liberdade e amor para seu público. Pabllo Vittar apareceu como artista, representando o meio LGBTQ, trouxe muitas questões sociais e abriu espaço para discussões sobre a diversidade sexual, questões de gênero, homofobia e todos os tipos de preconceito. Assim como milhares de LGBTQ, Pabllo Vittar foi mais uma vítima de bullying no âmbito escolar na adolescência. Seus gestos delicados e voz afinada não faziam parte da definição de homem para alguns alunos que o humilhavam e o agrediam. Em entrevista para o programa de televisão “Eliana” declarou:

[...] a gente passa por muitas escolas né, e tem muitos professores que não dão apoio para alunos LGBTQ, existem muitas escolas que olham para alunos LGBTQ com desdenho, mas graças a deus eu tive professores como ela, como vários outros que me respeitaram e acreditaram nos meus sonhos [...] (VITTAR, Pabllo. História de vida. 2018. Programa da Eliana. Entrevista concedida a Eliana.)

Drag queen é a arte da personificação do gênero oposto, do dicionário homem que se veste de mulher, usando roupas exóticas e maquiagem carregada como diversão ou a trabalho.Amanajás (2014), acredita que além da caracterização, o ato de se vestir (montar) como drag queen é um posicionamento artístico e político e ainda declara que: “a drag queen sofreu metamorfoses reais tanto em sua estética como em sua função, mas nunca perdeu seu principal objetivo – a grande arte do estranhamento.” AMANAJÁS (2014). Assim como o 15

homem pode se transformar em mulher, a mulher pode se transformar em homem, embora menos conhecido o termo “drag king” também existe sendo exatamente o oposto de drag queen. Pabllo Vittar usa redes sociais e meios de comunicação, o Instagram como mais utilizado, para divulgação dos seus trabalhos na internet e simultaneamente constrói uma imagética queer pela forma como se expõe na mídia, transitando entre elementos denominados femininos e masculinos.

6 REFERÊNCIAS

AMADOR, Raphael – HUGO GLOSS – Pabllo Vittar arrasa na superprodução e lança clipe para o single “Seu Crime”; assista!, 2019. [Internet] Disponível em: < https://hugogloss.uol.com.br/musica/pabllo-vittar-arrasa-na-superproducao-e-lanca- clipe-para-o-single-seu-crime-assista>. Acesso em 08/03/2019

AMANAJÁS, I. A. Drag Queen: Um Percurso pela Arte dos Atores Transformistas. Revista Belas Artes, v. 1, p. 1-24, 2014

ANDRADE, Felipe - INDIEPOP - Entrevista: Pabllo Vittar fala sobre carreira, cenário indie e RuPaul’s Drag Race, 2018. [Internet] Disponível em:

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

CATRACALIVRE - Pabllo Vittar dá melhor resposta sobre uso de camisinha em clipe, 2017. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

DIAS, Tiago - BOL - Após arrasar com a Cidade do Rock, Pabllo Vittar quer voltar em 2019, 2017. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

GSHOW - Pabllo Vittar define clipe da música 'Seu Crime': 'Atuação, coreografia e looks incríveis', 2019. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

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LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (org.) O corpo educado – pedagogias da sexualidade. 3. ed., Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2013.

NUNES, Thayana - GLAMURAMA – “2017 foi meu, sim!”, diz Pabllo Vittar, capa da revista J.P de dezembro. Alguém tem dúvida?, 2019. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

SILVA, Tomaz. Documentos de Identidade. 2017

TOMAZZONI, Airton. Lições de dança na mídia. Educação. Porto Alegre, v. 38, n. 1, p. 77-86, jan.-abr. 2015.

VITTAR, Pabllo. História de vida. 2018. Programa da Eliana. Entrevista concedida a Eliana

YAHN, Camila – UOL - Hick Duarte fala sobre o videoclipe Então Vai, que dirigiu para Pabllo Vittar, 2018. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

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ARTIGO NAS NORMAS DA REVISTA MOTRIVIVÊNCIA (UFSC – QUALIS B2)

Foco e Escopo Os debates sobre o pluralismo de idéias e a interdisciplinaridade na produção do conhecimento na Educação Física e áreas afins fizeram este projeto editorial constituir-se num veículo para a difusão de pesquisas que tematizam questões referentes à cultura corporal na sua interface com as ciências humanas e sociais, notadamente abordagens socioculturais, filosóficas e pedagógicas.

Seção: Porta Aberta Em conformidade com o projeto editorial original da revista, aceita textos de variados formatos, como artigos de revisão, ensaios, resenhas, entrevistas, resumos expandidos de teses/dissertações, relatos de experiências institucionais ou em movimentos sociais, programas de formação continuada, etc.

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ENTRE CORPOS, DANÇAS E REPRESENTAÇÕES: UMA ANÁLISE DE VIDEOCLIPES DE PABLLO VITTAR

Resumo: O presente estudo caracteriza-se como pesquisa qualitativa de caráter descritivo que busca investigar como a dança é representada nos videoclipes da artista/cantora drag queen Pabllo Vittar a fim de problematizar como essas representações se inserem na discussão queer. Os materiais foram coletados por download na plataforma digital online Youtube e arquivados para fins da análise de dados. Um diário de campo, instrumento da etnografia virtual crítica foi utilizado para registrar informações relacionadas à representações da dança encontradas nos videoclipes a partir de observações de maneira sistematizada pelo pesquisador. O recurso imagético também fez parte da pesquisa por meio de recortes das cenas que retratem momentos do videoclipe que pudessem elucidar os leitores fragmentos da performance a partir da imagem acompanhada de discussões sobre as representatividades presentes nos videoclipes e problematizações implicadas a teoria queer, .

Palavras-chaves: Corpo Humano. Teoria Queer. Dança.

BODIES, DANCES AND REPRESENTATIONS: AN ANALYSIS OF VIDEOCLIPS BY PABLLO VITTAR

Abstract: The present study is characterized as a descriptive qualitative research that seeks to investigate how the dance is represented in the video clips of the artist / singer drag queen Pabllo Vittar in order to problematize how these representations are inserted in the queer discussion. The materials were collected on the Youtube online digital platform and archived for data analysis purposes. A field diary, an instrument of critical virtual ethnography, will be used to record information related to the representation of dance found in video clips from observations in a systematized way by the researcher. The imagery feature is also part of the research through clippings of the scenes that depict moments of the video that can elucidate the readers fragments of the performance from the image accompanied by possible discussions.

Keywords: Human Body. Queer Theory. Dance.

ENTRE CUERPOS, DANZAS Y REPRESENTACIONES: UN ANÁLISIS DE VIDEOCLIPES DE PABLLO VITTAR

Resumen: El presente estudio se caracteriza como una investigación cualitativa de carácter descriptivo que busca Investigar cómo la danza es representada en los videoclips de la artista / cantante drag queen Pabllo Vittar a fin de problematizar cómo esas representaciones se inserta en la discusión queer. Los materiales fueron recolectados por descarga en la plataforma digital online Youtube y archivados para el análisis de datos. Un diario de campo, instrumento de la etnografía virtual crítica será utilizado para registrar informaciones relacionadas a la representación de la danza encontradas en los videoclips a partir de observaciones de manera sistematizada por el investigador. El recurso imagético también forma parte de la investigación por medio de recortes de las escenas que retratemos momentos del videoclip que puedan elucidar los lectores fragmentos de la performance a partir de la imagen acompañada de posibles discusiones.

Palabras claves: Cuerpo Humano. Teoría Queer. La danza.

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1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo investigar como a dança é representada nos videoclipes da artista/cantora Drag Queen Pabllo Vittar a fim de problematizar como essas representações se inserem na discussão da teoria queer. A escolha por tal artista deu-se por conta de sua visibilidade na mídia nacional nos últimos anos, o que acarretou novas discussões no senso comum voltadas às questões: É mulher? É homem? É uma travesti? Que voz é esta? Entre outras questões que perpassam discussões de gênero e sexualidade que atravessam a sociedade contemporânea, em especial, no campo da arte – música e dança. O uso da teoria queer justifica-se, inicialmente, por conta das representações de luta e de resistência, por meio de discussões relacionadas ao grupo LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis/Transexuais e Queer) e ao movimento feminista para a desconstrução e desnaturalização dos padrões sociais. A teoria queer nasce como forma de (re)construir uma visão pejorativa e discriminada das pessoas homossexuais. A tradução do termo era definida como algo “excêntrico”, “fora do comum”, “esquisito” que levou Silva (2017), a declarar esse pensamento como posicionamento político na intenção de complexar a questão de identidade sexual, interferindo nas questões culturais e sociais a fim de incomodar o que está “confortável”. Quanto ao nosso entendimento de dança, temos que é uma das artes que nos permite expressar emoções por meio de gestos e movimentos desde o início da humanidade. Assim como o ser humano, a dança evoluiu, passou por uma série de transformações ao longo do tempo facilitando o acesso a qualquer público, tanto que a internet é a mídia mais acessada do momento. Tudo que é novo na mídia transforma-se, e com a dança, não seria diferente. Tomazzoni (2015) afirma que a mídia vem transformando a dança em nossa sociedade, propondo possibilidades e estimulando desafios, principalmente para os profissionais da educação como o professor de educação física, que precisa recorrer à internet para um planejamento de aula que atenda aos jovens, grupo repleto de referências midiáticas. Para Sontag (2004) todas as imagens, fotos e vídeos representados pela mídia formam a nossa percepção e concepção da realidade para ser quem é. Ou seja, a mídia, por hora, se torna mais real do que o próprio real e está para a realidade como uma verdade absoluta. O autor usa a expressão “parecia filme, coisa de cinema!” como exemplo para evidenciar as experiências. Nessa perspectiva, tem-se a mídia como elemento que consegue interferir diretamente nas representações corporais de movimento do sujeito que se expressa. Para Tomazzoni (2015) basta ter conexão com a internet para o indivíduo ter acesso a uma sala de aula online para aprender a dançar e executar performances espetaculares em espaços públicos, como shoppings centers, por exemplo. Em sua pesquisa, Tomazzoni (2015) buscou investigar e compreender como esses corpos são para a dança, os que não são para a dança, as advertências relacionadas e exemplos de dança numa visão de mundo que ligava esse interesse pela dança em sua construção. Em seguida, Tomazzoni (2015) revela ter tido a mídia como veículo principal para seu entendimento e conhecimento em dança, tempo-espaço em que aprendeu a dançar vendo televisão e descobriu gostos por musicais que o estimulou a ser artista por meio de inúmeros materiais acessados na mídia. Contudo, não deixou de perceber a grande influência de subjetivação midiática promovendo a homogeneização e a banalização da dança, daí partiu seu interesse pela pesquisa. Por um lado, ele tenta não condenar a mídia como vilã e por outro não deixou de notar que a mídia também transforma a dança em um processo de globalização. A dança, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, é uma forma de integração e expressão tanto individual quanto coletiva, em que o aluno exercita a atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. A dança é também uma fonte de comunicação e de criação informada nas culturas. Como a atividade lúdica a dança permite a experimentação e a 20

criação, no exercício da espontaneidade. Contribui também para o desenvolvimento da criança no que se refere à consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos que são fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social (BRASIL, 1997). Sendo assim, entendemos que a dança pode ser um espaço gerador de questões que envolvem a discussão de gênero na atualidade, transmitindo certas representações sobre corpo e gestualidade disseminadas em outros locais da sociedade e que, de certa forma, precisam ser problematizadas. Daí a necessidade de se estudar as representações de corpo e de dança presentes no clipe da referida artista, dada a exposição midiática e a falta de informação que o senso comum possui em relação ao seu trabalho, acarretando muitas vezes falas preconceituosas e cheias de expressões homofóbicas.

2 METODOLOGIA

O presente projeto se insere na pesquisa qualitativa, de caráter descritivo, baseada nos pressupostos da Etnografia Virtual Crítica. O universo da pesquisa será composto por videoclipes da cantora drag queen Pabllo Vittar mais influentes da atualidade e a busca de dados será feita na plataforma digital Youtube, atualmente, a mais acessada pelo público. Mídia – Vídeosclipes – Internet e na Televisão – Artistas Como instrumentos da pesquisa, serão utilizados recursos para a organização dos videoclipes selecionados para integrarem a investigação, a exemplo de programa virtual que realize o download dos arquivos da plataforma online para os arquivos pessoais do pesquisador. Esses arquivos serão organizados em pastas, o que possibilitará o acesso aos vídeos de maneira offline para fins de análise de dados. Ainda, o diário de campo, instrumento da etnografia virtual crítica, será utilizado para registrar informações relacionadas à representação da dança nos videoclipes a partir das observações realizadas de maneira sistematizada pelo pesquisador. O recurso imagético também fará parte da pesquisa por meio dos recortes de cenas que retratem a dança nos videoclipes, como forma de elucidar aos leitores fragmentos da performance a partir da imagem em si, acompanhada de possíveis discussões. A coleta de dados ocorrerá, inicialmente, a partir da identificação dos videoclipes da artista Pabllo Vittar, do gênero pop nacional, que contenham a dança como um dos elementos principais da performance. Para tanto, o pesquisador irá acessar o canal do Youtube de cada artista e irá identificar 3 clipes com maior número de visualizações, a fim de verificar em quais clipes a dança aparece como elemento central. A partir dessa seleção, os clipes serão baixados para o arquivo pessoal do pesquisador para fins de análise.

3 NOTAS INICIAIS SOBRE A TEORIA QUEER

O queer representa uma linha de pensamento de luta e conquista, a partir da união das questões LGBTQ e do movimento feminista para a desconstrução e desnaturalização dos padrões sociais. A teoria queer nasceu recentemente nos Estados Unidos e Inglaterra, mas o termo queer, já conhecido, era uma visão pejorativa e discriminada das pessoas homossexuais. A tradução do termo era definida como algo “excêntrico”, “fora do comum”, “esquisito” que levou Silva (2017), a declarar esse pensamento como posicionamento político na intenção de complexar a questão de identidade sexual, interferindo nas questões culturais e sociais a fim de incomodar o que está “confortável”. Para Silva (2017), o movimento feminista pode problematizar as questões de gênero, mas não as resume em distinções, masculino e feminino. O feminismo não leva em consideração somente o biológico, mas sim a construção social e cultural do indivíduo na sociedade. Ao longo da história essa luta foi evoluindo e compreendendo que nada tem que 21

ser padronizado. Nessa perspectiva a teoria queer vai além da definição de ser, pensar e agir como homem ou mulher, muito menos construir a identidade sexual a partir do gênero. A teoria queer passa a questionar a heterossexualidade como identidade sexual normal, já que um dos desvios padrão é a identidade homossexual. Silva (2017) acredita que somente o processo de significação pode definir/construir a identidade sexual do indivíduo social, ou seja, é preciso ter um significado, mas que a teoria quer ir além dessas construções sociais de identidade, ela quer abrir fronteiras entre elas. Silva (2017) revela que a teoria queer não se restringe ao universo homossexual e como o próprio termo já diz, a teoria engloba tudo que é diferente e “estranho” nos aspectos sociais, aquilo que pode “incomodar” a sociedade, desmistificar, problematizar e contestar os padrões, contudo, a luta pode ser muito evasiva. De acordo com Louro (2013), tudo que é incerto desestabiliza, e que no mundo contemporâneo as pessoas preferem contar com referências sólidas, ao invés de correr o risco de estarem equivocadas. A autora se inclui no grupo daqueles que preferem assumir os riscos, as questões, o complexo, com a intenção de busca constante pelo conhecimento. De 1960 até os dias atuais, Louro (2013) afirma que pequenos grupos sociais vêm lutando por seus direitos no intuito de ganhar espaço, visibilidade e reconhecimento cultural na sociedade, desafiando o que se entende por “centro social”, formado, normalmente, pela cultura e domínio do homem branco, heterossexual e de classe média. Louro (2013) deixa evidente que em volta do centro existe o excêntrico, o centro é definido como estável e o excêntrico como instável. O centro é consolidado pela sociedade padrão, branca e heterossexual, conforme explicitado. E, o excêntrico formado por negros, mulheres e LGBTQ. Nessa perspectiva, é possível perceber que, na sociedade, todas as referências são voltadas para o centro, e, quando certa produção social foge do padrão, ela é vista como exótico e alternativo (LOURO, 2013). Esse movimento, nos dizeres de Louro (2013) também é recorrente no cenário escolar, principalmente, quando pensadas as relações sociais que se instauram nesse espaço a partir de materiais didático-pedagógicos, espaços e infraestruturas, bem como conteúdos dispostos no currículo das escolas. Por isso, o excêntrico vem denunciando a ausência de suas culturas nas práticas dos currículos escolares. Em denúncia realizada por Louro (2013), tem-se o fato de que, em cursos fundamentais, o único reconhecimento que grupos minoritários têm nas práticas escolares está em datas “comemorativas”. Isto é, quando pensadas comemorações relacionadas ao dia do índio, da mulher, do negro, como se essas datas estivessem à margem de contextos sociais mais amplos. O mesmo ocorre em escolas secundárias e superiores, em especial, em momentos em que realizam palestras com “representantes” da minoria em questão para debates, o que muitas vezes representa apenas um recorte histórico-cultural da realidade (LOURO, 2013). No que diz respeito à diversidade de gênero e sexual, Louro (2013) retrata a importância de análises que visualizem tais dimensões como produções religiosas, históricas, psicológicas e científicas. Para a autora, essa transformação epistêmica “mostra-se especialmente importante quando se trata de identidade de gênero e sexuais, já que põe em questão a sua naturalidade, ao acentuar o caráter cultural da masculinidade, da feminilidade, da homossexualidade ou da heterossexualidade” (LOURO, 2013, p. 48). A autora afirma que não podemos negar que materiais e signos possam contribuir para a construção da identidade de gênero do indivíduo, muito menos desprezar seus corpos biologicamente, mas que a construção social é fundamental para a identificação de gênero do sujeito. É, a partir disso, que são criados discursos, códigos, e representações que conferem significados diferentes aos corpos e às identidades (LOURO, 2013). 22

Mesmo que os movimentos teórico e político separem centro, margem e fronteira, Louro (2013) acredita que o ideal seria permitir a movimentação de entre as partes, e que não há estabilidade entre elas. O excêntrico, para alguns grupos culturais segundo Louro (2013), não quer se opor ao centro, muito menos tomar seu lugar, eles querem buscam desvincular todas as ligações lógicas que remetam ao centro. Este grupo assume como tal e assim querem viver. Nas escolas, esses discursos podem gerar incômodo, mas não podem ser ignorados. Louro (2013) diz, como educadora, que talvez a medida mais viável a ser tomada é de não olhar para essa diversidade como uma problemática. As medidas não funcionam com base na lógica e sim na lógica mais complexa desconsiderando o discurso que posiciona o centro e a margem e considerando as múltiplas diferenças.

4 SOBRE A ARTISTA: PABLLO VITTAR

Phabullo Rodrigues da Silva, 24 anos, brasileiro, maranhense, mais conhecido artisticamente pelo nome “Pabllo Vittar”, se destaca como cantor e compositor no cenário musical do país, como a drag queen mais conhecida das redes sociais do mundo atualmente. Seu reconhecimento na música começou em 2015, após gravar seu primeiro EP “Open Bar”, releitura da música “”, do grupo americano Major Lazer. Após o primeiro trabalho as mídias lhe deram muitas visualizações nas plataformas digitais e participações em trabalhos de outros artistas e até mesmo em programas de televisão. Em 2017 veio seu maior reconhecimento ao lançar o álbum de trabalho “Vai Passar Mal”, onde foram destacados três singles e sua participação no vocal e no videoclipe da música “Sua Cara” do grupo Major Lazer. E em outubro de 2018 foi lançado o seu trabalho mais recente, álbum intitulado “Não Para Não”. Inspirado por divas dos anos 70 e 80 como Aretha Franklin, Etta James, Donna Summer e Whitney Houston, o talento da cantora vem de infância. Vendo videoclipes e apresentação das cantoras internacionais, Pabllo Vittar quando criança cantava e dançava tentando imitar suas vozes em Caxias, cidade do interior do Pará. Caxias foi onde Pabllo Vittar passou a maior parte da sua infância e adolescência. Sua primeira apresentação foi no programa de televisão local chamado “Pop” no qual era convidado toda semana para cantar ao vivo. Logo após mudaram-se para Indaiatuba, interior de São Paulo, para tentar carreira, mas não obteve sucesso e trabalhou em lanchonete e salões de beleza. Phabullo montou-se pela primeira vez aos 17 anos para curtir seu aniversário de 18 anos, foi ali que Pabllo Vittar nasceu segundo ele em entrevista para programa de televisão (VITTAR, 2018). Dois anos depois, Pabllo e sua família se mudaram para Uberlândia, Minas Gerais, quando ingressou na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), para o curso de Design de Interiores cursando dois períodos, lá foi onde conheceu um dos seus primeiros patrocinadores, um professor do curso que o incentivou para se apresentar com shows acústicos nas casas de teatro da cidade montado como drag queen Pabllo Vittar. Seu trabalho se estendeu para casas noturnas e teve que trancar o curso por não conseguir conciliar com agenda de shows. A artista diz que sua maior inspiração para se montar como drag queen foi o reality show americano “RuPaul’s Drags Race”. Após sua primeira montagem, Pabllo Vittar afirma que uniu duas coisas que mais gostava, o universo feminino como caracterização com o seu talento de cantar e dançar. Ela declara também que esse movimento artístico só tem a visibilidade que tem hoje por causa do programa e que artistas que já passaram pelo reality a inspiram muito. Pabllo Vittar transita em diversos estilos musicais. Suas músicas possuem uma sonoridade diversificada, do pop nacional com influências do tecnobrega, muito comum na 23

cultura das regiões norte e nordeste do país. A música da artista utiliza de elementos do funk carioca e do arrocha incorporados ao pop da cantora. As letras das canções trazem sempre mensagens de auto-estima, liberdade e amor para seu público. Pabllo Vittar apareceu como artista, representando o meio LGBTQ, trouxe muitas questões sociais e abriu espaço para discussões sobre a diversidade sexual, questões de gênero, homofobia e todos os tipos de preconceito. Assim como milhares de LGBTQ, Pabllo Vittar foi mais uma vítima de bullying no âmbito escolar na adolescência. Seus gestos delicados e voz afinada não faziam parte da definição de homem para alguns alunos que o humilhavam e o agrediam. Em entrevista para o programa de televisão “Eliana” declarou:

[...] a gente passa por muitas escolas né, e tem muitos professores que não dão apoio para alunos LGBTQ, existem muitas escolas que olham para alunos LGBTQ com desdenho, mas graças a deus eu tive professores como ela, como vários outros que me respeitaram e acreditaram nos meus sonhos [...] (VITTAR, Pabllo. História de vida. 2018. Programa da Eliana. Entrevista concedida a Eliana.)

Drag queen é a arte da personificação do gênero oposto, do dicionário homem que se veste de mulher, usando roupas exóticas e maquiagem carregada como diversão ou a trabalho.Amanajás (2014), acredita que além da caracterização, o ato de se vestir (montar) como drag queen é um posicionamento artístico e político e ainda declara que: “a drag queen sofreu metamorfoses reais tanto em sua estética como em sua função, mas nunca perdeu seu principal objetivo – a grande arte do estranhamento.” AMANAJÁS (2014). Assim como o homem pode se transformar em mulher, a mulher pode se transformar em homem, embora menos conhecido o termo “drag king” também existe sendo exatamente o oposto de drag queen. Pabllo Vittar usa redes sociais e meios de comunicação, o Instagram como mais utilizado, para divulgação dos seus trabalhos na internet e simultaneamente constrói uma imagética queer pela forma como se expõe na mídia, transitando entre elementos denominados femininos e masculinos.

5 ANÁLISES DOS VIDEOCLIPES

5.1 Videoclipe 1 – “

O videoclipe de “Corpo Sensual”, música single do álbum “Vai Passar Mal” produzido em 2017 da cantora drag Queen Pabllo Vittar, foi publicado em seu canal no Youtube no dia 06 de setembro de 2017, com a participação do cantor Mateus Carrilo, ex- vocalista da Banda Uó, sob direção de João Monteiro e Fernando Moraes, ambos conhecidos como “Os Primos”, também participaram da produção do clipe “K.O” de Pabllo Vittar lançado no mesmo ano (19/04/2017).O clipe de “Corpo Sensual” tem a duração de 2 minutos e cinquenta e sete segundos.

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Imagem 1 – Cena 1 do Clipe Corpo Sensual

Pabllo Vittar faz jus ao título de sua música e exibe seu corpo sensual nas gravações do videoclipe na cidade de São Bento do Sapucaí, na Serra da Mantiqueira, interior do estado de São Paulo. Os diretores do videoclipe capturaram cenas em locais públicos reais da cidade, como na frente da casa de um dos moradores, nas ruas e dentro de um boteco. Na primeira cena Pabllo Vittar sensualiza dançando em frente uma residência e em seguida um carro passa na rua chamando sua atenção, é Mateus Carrilho dentro do automóvel que retribui olhares para a cantora tornando o interesse recíproco. Muito provocante, usando um figurino que deixa muitas partes do seu corpo a mostra, Pabllo Vittar entra em um boteco interpretando a música através de dança, sorrisos e gestos extrovertidos até chegar o personagem com quem trocou olhares na rua, Mateus Carrilho. Ao chegar no estabelecimento Mateus vai direto ao encontro da cantora evidenciando o encontro dos personagens no local, logo em seguida ele interpreta o seu momento da canção, simultaneamente se envolvendo e dançando bem próximo a Pabllo Vittar. Na mesma cena é possível identificar outras pessoas no mesmo ambiente de gravação fazendo figuração de personagens clientes e funcionários do local.

Imagem 2– Cena 2 do Clipe Corpo Sensual

A terceira cena a cantora contracena com o cantor transitando por dois cenários, o primeiro dentro de um quarto em cima de uma cama e o outro dentro de um carro, o mesmo do início. Entre ambas as cenas percebe-se que antes de um contato mais próximo/íntimo dos dois personagens no quarto, Pabllo Vittar mostra um preservativo para seu parceiro, claramente incentivando o uso da camisinha, ação publicitária do Ministério da Saúde. O envolvimento entre eles vai acontecendo entre uma cena e outra depois da intenção exposta no clipe. Por fim, a última cena é gravada em cima do capô do carro em uma estrada cercada 25

de campos verdes e serras, perceptivelmente longe dos locais públicos capturados no início do clipe, o casal se beija e a relação íntima esquenta no fim de uma tarde.

Imagem 3 – Cena 3 do Clipe Corpo Sensual

Pabllo Vittar é muito intensa, assim como sua arte a permite, exagerada, ela se torna símbolo de ousadia, confiança e militância para as questões LGBTQ e hoje ela é referência artística assim como as divas do pop nacional e internacional. A parceria da cantora com o Ministério da saúde na campanha que incentiva o uso da camisinha entre o público mais jovem rendeu muitos comentários negativos ao trabalho, comentários preconceituosos e homofóbicos vieram a tona pelo fato da cantora se identificar como gênero masculino, deixando claro a falta de conhecimento da população sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST’s). Pabllo Vittar se manifesta em redes sociais, via twitter, para responder aos comentários leigos ela publicou “camisinha não é usada só para prevenir gravidez não queridos. existem as DST’s também! Protejam-se vittarlovers.”.

Imagem 4 - Cena 4 do Clipe Corpo Sensual

A parceria da cantora com o Ministério da Saúde deixa evidente o ato da educação sexual, cultura como pedagogia, tornando o videoclipe pedagógico. Com dizeres também voltados para o cenário escolar, Louro (2013), diz que as referências são sempre direcionadas para o centro e quando os olhares vão em direção ao excêntrico, a relação social deixa de ser padronizada, podendo gerar um certo incômodo para o público. A autora acredita que se deve considerar as diferenças sem organizá-las em margem e centro.

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5.2 Videoclipe 2 - “Seu Crime”

O single “Seu Crime”, do álbum intitulado “Não Para Não” da cantora Pabllo Vittar lançado em 4 de outubro de 2018, teve seu videoclipe produzido em 2019 pelos diretores Guilherme Nabhan e Louise Freshele publicado em seu canal na plataforma digital Youtube em 4 de fevereiro de 2019, uma das produções mais recentes da cantora. As gravações foram feitas em Jaguariúna, na região metropolitana de Campinas e o clipe tem a duração de 3 minutos e 10 segundos.

Imagem 5 - Cena 1 do Clipe Seu Crime

Mesmo gravado na cidade do interior de São Paulo, os recortes do roteiro pela direção do clipe fazem comparação direta ao cenário nordestino, Pabllo Vittar declara em entrevista para o Programa “Altas Horas” que gostaria de trazer referências nordestinas para o videoclipe porque faz parte de suas origens, foi onde a cantora nasceu. Com as referências regionais bastante predominantes e características, o clipe trás o forró como um dos elementos centrais do clipe. O clipe inicia com dois personagens em fuga, o modelo Antônio Kaio como o personagem de um criminoso fugindo a cavalo e Pabllo Vittar como uma policial indo atrás de carro. Os personagens fogem do padrão em relação ao contexto social pelo figurino usado, pela gestualidade e porque aparenta ser um jogo de amor entre ambos, como se algum dos dois tivesse que pagar um erro como um crime. A primeira cena é somente a introdução do clipe, logo após aparecem ambos juntos no forró e pode-se observar que houve um vislumbre/flash/recorte do passado onde a introdução se torna o futuro do que o clipe ainda vai se desenvolver. O forró, como local, onde os personagens se encontram, mostra muitos casais, também fora de um padrão social, dançando e se beijando. Esses padrões são identificados pelos figurinos, estilos de cabelos gestualidades e orientações sexuais. Aparecem casais lésbicos, gays e heterossexuais no mesmo ambiente se divertindo enquanto dançam forró no baile. Mais uma vez Pabllo Vittar mostra uma camisinha em seu videoclipe como prevenção, dessa vez como merchandising, mas com a mesma intenção, incentivar o uso do preservativo para todos que vão curtir a noite em festas como retrata o clipe.

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Imagem 6 - Cena 2 do Clipe Seu Crime

As cenas vão ficando cada vez mais quentes, e entre elas o que chama atenção são as coreografias, a relação entre os personagens e o figurino/fantasia de policial da cantora. As coreografias aparecem com a ajuda de um corpo de baile que acompanha a drag Queen durante todo o refrão da música, coreografia com elementos técnicos do forró que são reproduzidos em estradas de chão, mesma estrada que a cantora percorre de carro na fuga do criminoso. A relação entre os personagens é expressa entre as cenas de coreografia, o baile das cenas anteriores, partes solos da cantora fantasiada de uma versão sensual de uma policial utilizando um chicote e dentro do carro, o mesmo da fuga do início. Essa relação de amor se aproxima do ódio quando no carro a cantora aparece dando um tapa na cara de seu parceiro.

Imagem 7 - Cena 3 do Clipe Seu Crime

A cantora, como policial, segue punindo de forma muito sensual com um chicote seu parceiro no trecho da música que diz, “[...] se fala da boca pra fora, não venha me pedir desculpas, eu acho que passou da hora de assumir a sua culpa, seu crime foi me amar...”. Entre cenas de coreografia, Pabllo Vittar faz seu parceiro de refém e o pune de uma forma referente ao sadomasoquismo, um distúrbio mental ligado a sexualidade, cujo o indivíduo sinta prazer ao provocar o sofrimento ao outro. De acordo com Silva (2017), Pabllo Vittar desmistifica e contesta padrões a ponto de gerar um certo incômodo em uma parcela do público, não apenas mostrando o universo homossexual, mas sim tudo o que é diferente e “esquisito”.

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5.3 Videoclipe 3 - “Então Vai”

A música “Então Vai” da cantora Pabllo Vittar foi lançada no álbum “Vai Passar Mal” em 2017 e teve seu videoclipe publicado no Youtube dia 2 de fevereiro de 2018. A música contou com a participação internacional de , DJ e produtor musical norte-americano que também aparece no clipe. As gravações foram feitas em Guaratiba, interior do estado do Rio de Janeiro e foi dirigido pelo fotógrafo Hick Duarte. O clipe tem a duração de 3 minutos e 3 segundos.

Imagem 8 - Cena 1 do Clipe Então Vai

Diferente dos videoclipes anteriores, o diretor de imagem Hick Duarte quis trazer fotografias nacionais e internacionais para o clipe. Ele trouxe paisagens naturais que fizessem lembrar a cidade do Rio de Janeiro e misturou com referências africanas, mais especificamente a Jamaica, porque o gênero musical é derivado do funk, bastante comum no Brasil e do dancehall, popular da Jamaica. Vila da Guaratiba é um lugar de muitas paisagens naturais e o fotógrafo não deixa de registrar todas elas. Além de estradas e trilhas cercadas de árvores, o lugar é rodeado de serras e pequenas casas a beira do rio que deságua no mar.

Imagem 9 - Cena 2 do Clipe Então Vai

Logo na introdução, Pabllo Vittar aparece se aproximando de Diplo, evidentemente para um beijo, mas antes a cena é cortada para dar início ao clipe. Enquanto diferentes tipos de pessoas são capturadas pela lente do diretor de fotografia, a cantora é filmada em frente a um espelho usando um “body” com as cores da bandeira LGBTQ e sorri diante dele, prova do orgulho e da luta a favor do movimento dos direitos da comunidade que a sigla representa. 29

Além de riquezas naturais, o videoclipe também conta com riquezas culturais. As culturas estão na essência de cada corpo que aparece, elas podem ser identificadas através das imagens que cada indivíduo carrega em si, os gestos, as roupas, os cabelos expressam/empregam um pouco de cada história. As pessoas presentes no clipe se reúnem a beira do rio para dançar ao som de tambores enquanto Pabllo Vittar lidera o grupo cantando sua canção. Transitam entre essas imagens, cenas de vários casais se olhando, como Pabllo Vittar e Diplo na introdução do clipe.

Imagem 10 - Cena 3 do Clipe Então Vai

Essa diversidade cultural e social carregada pelo videoclipe revela identidades de gênero e orientações sexuais. A ex-assessora e amiga de Pabllo Vittar, Urias, aparece ao lado da cantora em diversos momentos, a mesma se identifica como mulher negra transexual/transgênero. Além de Urias, 90% das pessoas que estão no clipe, entre homens e mulheres são negros. Ao decorrer do clipe, casais heterossexuais e homossexuais (lésbicas) vão se formando a partir dos olhares, citado anteriormente, inclusive Pabllo Vittar e Diplo, casal relativamente homossexual, embora Diplo se considere heterossexual, e ao mesmo tempo um casal heterossexual, levando em consideração a personagem feminina que Pabllo Vittar representa. Louro (2013) afirma que os materiais e os signos contribuem para a construção de identidade de gênero, tornando assim, Pabllo Vittar como gênero feminino no videoclipe. Com batida envolvente, característica predominante da cantora e contribuição de produção internacional de Diplo, o clipe é resumido em fotos, sorrisos, brincadeiras e danças em cenários naturais, um trecho da canção define algumas cenas como, “... toda motivada, eu tô mais que preparada, decidi me divertir uai e não é você que vai me impedir...” e “... foram tantos enganos mas a vida tem que seguir, então vai...” que protagoniza a cena mais popular do clipe, que são os beijos dos três casais, entre eles de Diplo e Pabllo Vittar.

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Imagem 11 – Cenas do Clipe Então Vai

É evidente a representatividade presente nos clipes da cantora, assim como no clipe anterior, a diversidade está presente em todos os momentos. A artista faz parte de um grupo que luta para dar visibilidade e direitos sociais para as minorias que são denominadas de excêntricas (exótico e alternativo), o que não está no centro da sociedade. De acordo com Louro (2013) o excêntrico busca a visibilidade sem intenção de se opor ou se vincular ao centro.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa buscou investigar como a dança é representada nos videoclipes da artista drag queen Pabllo Vittar, do gênero pop nacional, a fim de problematizar e discutir como essas representações se inserem na discussão da teoria queer. Para tanto, buscou-se, a partir da seleção de clipes na plataforma digital Youtube, analisar três contextos de produção diferentes para que fosse possível construir panorama geral de tais representações. As análises dos videoclipes abriram um leque de discussões pautadas nas questões de gênero e sexualidade e educação sexual como cultura pedagógica. Ao relacionas tais discussões à teoria queer, foi possível constatar que, de fato, os clipes evidenciam o questionamento da heterossexualidade como identidade sexual normal, dadas as diferentes relações construídas nos clipes analisados, o que corrobora com as discussões criadas por Silva (2017) ao discutir a homossexualidade como algo anormal. Ainda, é preciso destacar que o clipe se coloca como produção áudio visual que se coloca além de questões relacionadas à sexualidade, pois, como se faz presente na teoria queer, dispõe de elementos que auxiliam na construção do “estranho” em diferentes aspectos sociais, evidenciando aquilo que incomoda e desestabiliza a sociedade. É importante lembrar que, ao fazer tais resistências, Pabllo Vittar não se coloca como artista que está livre de riscos e, a todo momento, enfrenta momentos de luta e exposições quanto à sexualidade em diferentes veículos de comunicação. Tem-se, nessa perspectiva, as produções corporais no clipe como elementos de desmistificação, problematização e contestação de padrões por meio de gestualidades inovadoras que, outrora, não se faziam presentes na mídia nacional e que, na atualidade, integram debates desde o senso comum até espaços universitários, como estamos realizando nesse momento. Como bem lembra Louro (2013) tais discussões não podem passar despercebidas: precisam ser questionadas e (re)construídas em torno das representações das pessoas. Daí pensar tais questões como questionamentos que precisam ser atravessados a partir de informações que se atentem às múltiplas diversidades como a riqueza humana. diferenças. Como limitação do estudo, é possível atentar-se às escolhas dos clipes que, em outros momentos, poderiam se dar a partir de um leque maior, como uma análise completa da produção áudio visual de Pabllo Vittar. Porém, reconhece-se o tempo como fator limitante da pesquisa, nesse sentido. Assim como Pabllo Vittar, outras artistas nacionais, como Anitta, Iza, 31

Ludmilla e também drag queens como Glória Groove e Aretuza Lovi poderiam ser sido selecionadas para integrarem com seus clipes e suas canções reflexões sobre a realidade que se vive atualmente, o feminismo, o empoderamento feminino e as lutas a favor dos direitos da comunidade LGBTQ.

7 REFERÊNCIAS AMADOR, Raphael – HUGO GLOSS – Pabllo Vittar arrasa na superprodução e lança clipe para o single “Seu Crime”; assista!, 2019. [Internet] Disponível em: < https://hugogloss.uol.com.br/musica/pabllo-vittar-arrasa-na-superproducao-e-lanca- clipe-para-o-single-seu-crime-assista>. Acesso em 08/03/2019

AMANAJÁS, I. A. Drag Queen: Um Percurso pela Arte dos Atores Transformistas. Revista Belas Artes, v. 1, p. 1-24, 2014

ANDRADE, Felipe - INDIEPOP - Entrevista: Pabllo Vittar fala sobre carreira, cenário indie e RuPaul’s Drag Race, 2018. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

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CATRACALIVRE - Pabllo Vittar dá melhor resposta sobre uso de camisinha em clipe, 2017. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

DIAS, Tiago - BOL - Após arrasar com a Cidade do Rock, Pabllo Vittar quer voltar em 2019, 2017. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

GSHOW - Pabllo Vittar define clipe da música 'Seu Crime': 'Atuação, coreografia e looks incríveis', 2019. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (org.) O corpo educado – pedagogias da sexualidade. 3. ed., Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2013. 32

NUNES, Thayana - GLAMURAMA – “2017 foi meu, sim!”, diz Pabllo Vittar, capa da revista J.P de dezembro. Alguém tem dúvida?, 2019. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

SILVA, Tomaz. Documentos de Identidade. 2017

TOMAZZONI, Airton. Lições de dança na mídia. Educação. Porto Alegre, v. 38, n. 1, p. 77-86, jan.-abr. 2015.

VITTAR, Pabllo. História de vida. 2018. Programa da Eliana. Entrevista concedida a Eliana

YAHN, Camila – UOL - Hick Duarte fala sobre o videoclipe Então Vai, que dirigiu para Pabllo Vittar, 2018. [Internet] Disponível em: . Acesso em 08/03/2019

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ANEXO

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Diretrizes para Autores

Os manuscritos enviados para a revista Motrivivência, em qualquer seção, devem ser inéditos e não podem estar sendo avaliados por outro periódico simultaneamente. As contribuições devem estar alinhadas com o foco e escopo editorial da revista Motrivivência, em português ou espanhol, e serão aceitas nas seguintes seções:

• Artigos Originais - restrita à publicação de artigos inéditos, decorrentes de pesquisas teóricas ou empíricas. Deve conter, preferencialmente, as seguintes seções ou variações destas, de acordo com o objeto e o tipo de abordagem do mesmo: introdução; material e métodos; resultados e discussão; conclusões; referências. • Porta Aberta – acolhe textos de variados formatos, como artigos de revisão, ensaios, resenhas de livros, dissertações ou teses, transcrição comentada de entrevistas e relatos de experiência, desde que fundamentadas. • Seção Temática - no formato de dossiê sobre tema escolhido e divulgado pela comissão editorial, publica textos de submissão espontânea ou de demanda induzida a partir de chamada da editoria. Respeitada a temática indicada na seção, o formato dos textos pode ser: artigo original, artigo de revisão ou ensaio.

PREPARANDO O MANUSCRITO

Na preparação do manuscrito a ser submetido devem ser observados os seguintes aspectos:

1. Os textos devem ser submetidos apenas depois de passar por revisão técnica de Português (ou Espanhol, se for submetido nessa língua) quanto à sintaxe, concordância e semântica. Os textos que não atenderem a estes critérios serão devolvidos aos respectivos autores após a primeira análise de normalização.

2. Formato: os artigos devem ser submetidos em formato doc (Word); o arquivo não deve conter comentários.

3. Número de páginas: conter até 15 páginas em espaço simples;

4. Fonte: deve ser digitado em fonte Times New Roman, tamanho 12;

5. Formatação da página: todas as margens de 2,5 cm, em modelo A4.

6. Título: em português (ou em espanhol, se a submissão do texto for nessa língua), idêntico ao registrado nos metadados. A primeira letra da palavra inicial do título deve ser grafada em caixa alta (letra maiúscula) e as demais em caixa baixa (letras minúsculas), com exceção da primeira letra de nomes próprios e siglas. Caso haja um subtítulo, este deve ser grafado também em caixa baixa. A inserção do título no manuscrito deve ser centralizada e em negrito. IMPORTANTE: nenhuma chamada de nota de rodapé deve ser associada ao título.

7. Resumo: abaixo do título, deve ser inserido o resumo (ou resumen, se a submissão do texto for em língua espanhola) com, no máximo, 150 palavras. A letra inicial da primeira palavra do resumo deve ser em caixa alta (letra maiúscula). O resumo NÃO deve conter citação ou referência.

8. Palavras-chave: abaixo do resumo, inserir as palavras-chave (ou palabras-clave, se a submissão do texto for em língua espanhola). Estas devem ser constituídas por, no mínimo, três (3) e, no máximo, cinco (5) termos que identifiquem o assunto do artigo, separados por ponto e vírgula, sem ponto final. Apenas a inicial de cada palavra-chave deve ser grafada em letra maiúscula.

Obs.: Recomendamos a utilização dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), disponível em: http://decs.bvs.br.

9. A seguir, devem ser inseridos na seguinte ordem de apresentação: o título, o resumo e as palavras-chaves em inglês e em espanhol (ou em português e em inglês, se a submissão do texto for em língua espanhola). Os resumos nestas duas línguas também devem ter, cada um, no máximo 150 palavras.

10. Autores: na submissão do arquivo em formato Word NÃO devem constar os nomes dos autores ou qualquer outra forma de identificação dos mesmos no texto.

Obs.: a ordem da autoria do texto será rigorosamente a mesma da inserção dos nomes dos autores nos metadados (plataforma). Em nenhuma hipótese será permitido acrescentar ou retirar nome de coautor depois que o texto for encaminhado para avaliação.

11. Após esses dados iniciais, é desenvolvido o texto propriamente dito, seguido das referências. Todos os endereços de URL no texto e nas referências (Ex.: http://www.ibict.br) devem estar ativos.

12. Os autores devem cuidar para que a identificação de autoria seja removida das “propriedades” do arquivo .doc, conforme instruções disponíveis no item “Assegurando a Avaliação por Pares”. A exclusão das informações pessoais garante o critério de sigilo exigido para a avaliação por pares. 35

13. No ato da submissão, em formulário próprio de preenchimento obrigatório, os autores do texto deverão garantir:

a) serem os únicos titulares dos direitos autorais do artigo;

b) que o artigo é inédito e não está sendo avaliado por outro(s) periódico(s);

c) e que, caso aprovado, transferem os direitos autorais para a revista, sem reservas, para publicação do artigo no formato online (procedimentos que se realizam ao "clicar" e aceitar este item no processo de submissão).

Obs.: para os textos publicados, a revista Motrivivência adota a licença Creative Commons “Atribuição - Não Comercial - Compartilhar Igual 4.0 Internacional” (CC BY-NC-SA).

14. Coautoria – para todas as seções, serão aceitos textos com um número máximo de até cinco (5) coautores. Em casos especialíssimos, a comissão editorial poderá autorizar submissões com até seis (6) autores, desde que os mesmos justifiquem e detalhem a contribuição específica de cada um deles para a elaboração do texto.

Normas Técnicas

Recomendamos que os autores observem as normas da ABNT referentes à apresentação de citações em documentos (NBR 10.520/2002), apresentação de originais (NBR 12256), norma para datar (NBR 5892), numeração progressiva das seções de um documento (6024/2003), resumos (NBR 6028/2003) e referências (NBR 6023/2003), bem como a norma de apresentação tabular do IBGE.

Apresentação de citações: Citações diretas com até três linhas são inseridas no próprio corpo do texto, entre aspas, com a referência conforme exemplificado abaixo. Citações diretas com mais de três linhas devem ser apresentadas em destaque, separadas do corpo do texto, com recuo de 4 cm da margem esquerda, com corpo (tamanho da fonte) ou entrelinha (distância entre as linhas) menor e sem aspas, com a letra inicial em maiúsculo, seguida da referência conforme exemplificada abaixo.

Citação com reprodução de fala ou diálogo, coloca-se em destaque, separada do corpo do texto, com recuo de 4 cm da margem esquerda, com corpo (tamanho da fonte) ou entrelinha (distância entre as linhas) menor e entre aspas, em itálico e com a letra inicial em maiúsculo.

Quando, numa citação direta no corpo do texto, portanto, entre aspas, houver um trecho também com aspas, estas devem ser substituídas por aspas simples.

As indicações de autoria nas citações direta ou indireta seguem o modelo AUTOR, ANO. Nas citações diretas, a inserção do número da página é obrigatória.

Se a indicação do(s) autor(es) acontece no corpo do texto, o(s) nome(s) deve(m) ser redigido(s) em letras minúsculas, com exceção da primeira letra do nome de cada autor, que deve vir em maiúscula. A seguir, entre parênteses e separados por vírgula, o ano da publicação e o número da página - se for citação direta.

Exemplos de citação direta no corpo do texto:

• Um autor: Segundo Fulano (ano, p. xx), • Dois autores: Para Fulano e Sicrano (ano, p. xx), • Três autores: Conforme Fulano, Sicrano e Beltrano (ano, p. xx), • Mais de três autores: Segundo Fulano et al. (ano, p. xx),

Quando a indicação dos autores é colocada dentro de parênteses (fora do corpo do texto), o(s) nome(s) do(s) autor(es) deve(m) ser redigido(s) em letras maiúsculas. A seguir, entre parênteses e separados por vírgula, o ano da publicação e o número da página - se for citação direta.

Exemplos:

1. Um autor: (FULANO, ano, p. xx) 2. Dois autores: (FULANO; SICRANO, ano, p. xx) 3. Três autores: (FULANO; SICRANO; BELTRANO, ano, p. xx) 4. Mais de três autores: (FULANO et al., ano, p. xx)

Citação de citação: trata-se da citação de fonte secundária, ou seja, de um texto que se teve acesso a partir de outro documento. Recomendamos evitar, sempre que possível, o emprego desse tipo de citação. Caso elas sejam inevitáveis, seguir o modelo abaixo:

Leedy (1988 apud RICHARDSON, 1991, p. 417) compartilha deste ponto de vista ao afirmar que "os estudantes estão enganados quando acreditam que eles estão fazendo pesquisa, [...]". 36

Nesse caso, faz-se referência ao documento efetivamente consultado; no exemplo acima, a obra de Richardson (1991).

Lista das referências: a revista utiliza como padrão a norma NBR 6023/2003 (ABNT) e suas respectivas atualizações.

Obs.: embora a referida norma não imponha, a Motrivivência adota, na lista de referências, o uso do nome e sobrenome completos e por extenso dos autores. Sugerimos que as referências sejam feitas através do sistema MORE, da Biblioteca Universitária da UFSC, disponível em http://www.more.ufsc.br/ .

Para sanar qualquer dúvida, sugerimos consultar documento da Biblioteca Universitária da UFSC em: http://www.bu.ufsc.br/design/SLIDES_REFERENCIAS_2011_CC.pdf.

Informações oriundas de comunicação pessoal, trabalhos em andamento e não publicados não devem ser incluídas na lista de referências, mas podem ser indicadas em nota de rodapé na página onde forem citadas.

Obs.: a exatidão e adequação das referências a trabalhos que tenham sido consultados e mencionados no texto são de responsabilidade do autor. Um texto, mesmo que aprovado, não será publicado se não atender às recomendações acima.

Imagens e figuras: quando for o caso, as ilustrações e tabelas devem ser apresentadas no interior do manuscrito na posição que o autor julgar mais conveniente. Devem ser numeradas, tituladas e apresentarem as fontes que lhes correspondem. As legendas e informações sobre as fontes das ilustrações, figuras e tabelas, devem vir em tamanho 11. As imagens devem ser enviadas em alta definição (300 dpi, formato TIF). Caso as imagens não sejam de autoria dos responsáveis pelo manuscrito, deve ser submetida como Documento Suplementar a autorização específica para reprodução das imagens na revista. Obras cujo autor faleceu há mais de 71 anos já estão em domínio público e, portanto, não precisam de autorização.

Apoio financeiro: é obrigatório informar no manuscrito, sob a forma de nota de rodapé na primeira página, todo e qualquer auxílio financeiro recebido para a elaboração do estudo que deu origem ao artigo submetido.

Agradecimentos: devem ser tão breves quanto possível e aparecer como nota de rodapé na primeira página do texto.

Conflito de interesses: é obrigatório que a autoria do manuscrito declare a existência ou não de conflitos de interesse. Mesmo julgando não haver conflitos de interesse, o(s) autor(es) deve(m) declarar essa informação no ato de submissão do artigo nos metadados (Passo 2: Metadados da Submissão, campo Conflitos de interesse) e na primeira página do manuscrito, sob a forma de nota de rodapé. Os conflitos de interesse podem ser de natureza pessoal, comercial, política, acadêmica ou financeira.

Obs: nenhuma chamada de nota de rodapé deve estar associada ao título.

Integridade na Atividade Científica: A Revista Motrivivência, atenta à necessidade de boas condutas na execução e publicação de pesquisas, adota como parâmetro as diretrizes básicas propostas pela Comissão de Integridade na Atividade Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As diretrizes então disponíveis em www.cnpq.br/web/guest/diretrizes.

Os critérios éticos da pesquisa devem ser respeitados conforme os termos das Resoluções 466/12 e 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde, quando envolver experimentos com seres humanos (http://cep.ufsc.br/legislacao/).

Nestes casos, os autores devem encaminhar como Documento Suplementar o parecer de Comitê de Ética reconhecido, ou declaração de que os procedimentos empregados na pesquisa estão de acordo com os princípios éticos que orientam as resoluções citadas.

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