Abre-Alas – G.R.E.S
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
ÍNDICE Agremiação Página G.R.E.S. PARAÍSO DO TUIUTI 03 G.R.E.S. ACADÊMICOS DO GRANDE RIO 55 G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE 129 G.R.E.S. UNIDOS DE VILA ISABEL 195 G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO 249 G.R.E.S. BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS 299 1 G.R.E.S. PARAÍSO DO TUIUTI PRESIDENTE RENATO THOR 3 “Carnavaleidoscópio Tropifágico” Carnavalesco JACK VASCONCELOS 5 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2017 FICHA TÉCNICA Enredo Enredo “Carnavaleidoscópio Tropifágico” Carnavalesco Jack Vasconcelos Autor(es) do Enredo Jack Vasconcelos Autor(es) da Sinopse do Enredo Jack Vasconcelos Elaborador(es) do Roteiro do Desfile Jack Vasconcelos Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas 01 A utopia ANDRADE, Globo 1990 Todas antropofágica. Oswald. 02 Pássaro de Fogo BUENO, André. 7Letras 2005 Todas no Terceiro Mundo – o poeta Torquato Neto e sua época. 03 Tropicaos. DUARTE, Azougue 2003 Todas Rogério. 04 Brutalidade DUNN, Editora UNESP 2009 Todas Jardim: a Christopher. Tropicália e o surgimento da contracultura brasileira. 05 Tropicália: FAVARETTO, Ateliê Editorial 1996 Todas alegoria, alegria. Celso F. 06 Estética da Ginga JACQUES, Paola Casa da Palavra 2007 Todas – A Arquitetura Berenstein / RIOARTE das favelas através da obra de Hélio Oiticica 7 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2017 FICHA TÉCNICA Enredo Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas 07 Anos fatais: design, RODRIGUES, 2AB 2007 Todas música e Jorge Caê tropicalismo 08 Guia Politicamente TEIXEIRA Duda; LeYa Brasil 2011 Todas Incorreto da NARLOCH, América Latina Leandro 09 Vanguarda europeia TELES, G.M. Vozes 1982 Todas e modernismo brasileiro 10 Alegorias do XAVIER, I. Editora 1993 Todas subdesenvolvimento: Brasiliense cinema, novo, tropicalismo, cinema marginal 11 Tropicália ou Panis OLIVEIRA, Ana Iyá Omin 2010 Todas et circencis de. Outras informações julgadas necessárias 8 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2017 HISTÓRICO DO ENREDO “Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português” Erro de português – Oswald de Andrade CARNAVALEIDOSCÓPIO TROPIFÁGICO Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia... Quando Pero Vaz Caminha descobriu que as terras brasileiras eram férteis e verdejantes, escreveu uma carta ao rei: “tudo que nela se planta, tudo cresce e floresce”. Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. Aqui, o Terceiro Mundo pede a bênção e vai dormir entre cascatas, palmeiras, araçás e bananeiras. Alegria e preguiça. Pindorama, país do futuro. Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós. Contra as sublimações antagônicas trazidas nas caravelas, contra todas as catequeses, povos cultos e cristianizados: - Eu, brasileiro, confesso minha culpa, meu pecado. Minha fome. Revolução Caraíba, maior que a Revolução Francesa e o bon selvage nas óperas de Alencar, cheio de bons sentimentos portugueses. Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. - Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. Única lei do mundo. Sou Abaporu faminto. Tupi, or not tupi? That is the question. #somostodosmacunaíma. Contra o aculturamento. Contra os bons modos. Contracultura. Por uma questão de ordem. Por uma questão de desordem. Não anuncio cantos de paz, nem me interessam as flores do estilo. Tropical melancolia de uma terra em transe onde reina o rei da vela. A burguesia exige definições. Oh! Good business! 9 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2017 No coração balança um samba de tamborim. Em Mangueira é onde o samba é mais puro e os parangolés incorporam a revolta. Eu me sinto melhor colorido. Quem não dança não fala. Faz do morro marginal Tropicália. Viva a mulata, ta, ta, ta, ta. Eu organizo o movimento com água azul de Amaralina, coqueiro, brisa e fala nordestina. Solto os panos sobre os mastros no ar. Aventura em busca do som universal. Os olhos cheios de cores. Pego um jato, viajo, arrebento. Com o roteiro do sexto sentido. Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia. Pela experimentação globalizada. Pela devoração psicodélica do rock’n’roll, da música elétrica, das conquistas espaciais, da cultura de massa. Pelo encontro dos extremos. Pela união da precariedade com o moderno, do folclore com a ciência, do cafona com a vanguarda, do popular com o erudito. São, São Paulo meu amor. Foi quando topei com você que tudo virou confusão. Dando vivas ao bom humor num atentado contra o pudor. Hospitaleira amizade. Brutalidade jardim. Ironia crítica do deboche sentimental. Porém, com todo defeito te carrego no meu peito. O avanço industrial vem trazer nossa redenção. Eu preciso cantar. Em cantar na televisão. Eu nasci pra ser o superbacana com a capa do Rei do Mau Gosto. A elegância de um dromedário. Você precisa saber de mim. Coma-me! Por entre fotos e nomes, jornais e revistas, nas paradas de sucesso. Por telas, formas e grafismos do folclore urbano. Coma-me! Minha terra tem palmeiras onde sopra o vento forte. Vivemos na melhor cidade da América do Sul. Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores. Tengo como colores la espuma blanca de Latinoamérica. Esse povo, dizei-me, arde! E no jardim os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis. Eles põem os olhos grandes sobre mim. Aqui, meu pânico e glória. Aqui, meu laço e cadeia. Mamãe, mamãe, não chore. A vida é assim mesmo. Eu quis cantar minha canção iluminada de sol. Você fica, eu vou. Quem ficar, vigia. Todo o povo brasileiro, aquele abraço! Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço enquanto meus olhos saem procurando por discos voadores no céu. Caminhando contra o vento vou sonhando até explodir colorido. A alegria é a prova dos nove. No matriarcado de Pindorama. Nunca fomos catequizados. Fizemos foi o Carnaval. Não seremos belos, recatados e do lar. 10 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2017 Eu oriento o carnaval. Eu vim para confundir e não para explicar. Buzino a moça, comando a massa, dou as ordens no terreiro. Minha Tropicália Maravilha faz todo o universo sambar. Todo mês de fevereiro, aquele passo... Viva a banda, da, da Carmen Miranda, da, da, da, da... Eu vou pelo mundo em milhares de cores. Eu vou! Porque não? Porque não? Porque não? JACK VASCONCELOS Em Rio de Janeiro, ano 460 da deglutição do Bispo Sardinha. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: ANDRADE, Oswald. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo, 1990. BUENO, André. Pássaro de Fogo no Terceiro Mundo – o poeta Torquato Neto e sua época. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005. DUARTE, Rogério. Tropicaos. São Paulo: Azougue, 2003. DUNN, Christopher. Brutalidade Jardim: a Tropicália e o surgimento da contracultura brasileira. São Paulo: Editora UNESP, 2009. FAVARETTO, Celso F. Tropicália: alegoria, alegria. São Paulo: Ateliê Editorial, 1996. JACQUES, Paola Berenstein. Estética da Ginga – A arquitetura das favelas através da obra de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: Casa da Palavra/RIOARTE, 2001. RODRIGUES, Jorge Caê. Anos fatais: design, música e tropicalismo. Rio de Janeiro: 2AB, 2007. TEIXEIRA, Duda; NARLOCH, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da América Latina. São Paulo: LeYa Brasil, 2011. TELES, G.M. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1982. XAVIER, I. Alegorias do subdesenvolvimento: cinema novo, tropicalismo, cinema marginal. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993. 11 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2017 JUSTIFICATIVA DO ENREDO O ano de 2017 marcará o cinquentenário das apresentações de Caetano Veloso e Gilberto Gil no III Festival da Música Popular Brasileira, onde cantaram, respectivamente, “Alegria, alegria” e “Domingo no Parque”. Naquele momento, o país estava assistindo ao início do movimento musical que mudaria, de forma definitiva, o olhar do brasileiro sobre si mesmo: a Tropicália. A partir daí, para muitos, foi uma invasão de “objetos não identificados”. O que aquela gente colorida queria dizer causando tanta estranheza? Despertaram paixão e ódio, mas nunca a indiferença. Sacudiram as “relíquias do Brasil”. Sob os bigodes da Ditadura, escandalizaram “as pessoas na sala de jantar”. Proclamaram independência ao “bom gosto” e aos preconceitos intolerantes da padronização. O espírito modernista da Antropofagia Oswaldiana fez as mentes dos chamados “tropicalistas” roncarem de uma fome inquietante de revolução. Então, comeram. Deglutiram tudo que os cercavam culturalmente: o estrangeiro, o nacional, o intelectual, o popular, o moderno, o arcaico, o consumo, o folclórico... Nos colocaram defronte ao espelho e não refletimos um espelho liso, homogêneo. Mostraram que somos um caleidoscópio cultural, uma colagem de referências e influências, heterogênea, repleta de diversidade cuja identidade é marcada (justamente) por uma não identidade específica. Nosso enredo-manifesto, Carnavaleidoscópio Tropifágico, é uma grande alegoria sobre o conceito de Tropicalismo em homenagem ao cinquentenário do movimento tropicalista e uma declaração de amor ao Brasil. Uma Nação que nunca foi catequizada, fez foi carnaval! E sempre fará! Evoé! Setor 01 – “Ser” tropical De onde vem essa imagem tropicalista? O que é ser tropical? Começamos nosso enredo com a construção dessa “paisagem tropicalista”, exótica e colorida com as tintas fortes do exagero. O inverso do bom gosto comedido, equilibrado, sensato. Setor 02 – Antropofagia: a revolução anticolonialista “Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Só me interessa o que não é meu” - Oswald de Andrade. A “antropofagia” designa as práticas sacrificiais comuns em algumas sociedades tribais – algumas sociedades indígenas do Brasil, por exemplo -, que consistiam na ingestão da carne 12 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2017 dos inimigos aprisionados em combate, com o objetivo de apoderar-se de sua força. A expressão foi utilizada por uma das correntes do modernismo brasileiro, querendo significar uma atitude estético-cultural de “devoração” e assimilação crítica dos valores culturais estrangeiros transplantados para o Brasil, bem como realçar elementos e valores culturais internos que foram reprimidos pelo processo de colonização.