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Iris Helena

SUMÁRIO

QUEREMOS SER FELIZES – O Popular PIONEIRISMO NA GESTÃO DE PESSOAS QUEREMOS SER FELIZES – O Popular GENERAL FERNANDO AZEVEDO DESCARTA A MINISTROS DO STF USO POLÍTICO DE FORÇAS ARMADAS QUEREMOS SER FELIZES – O Popular BASTA! QUEREMOS SER FELIZES – O Popular TUMULTO EM BRASÍLIA – Folha de São Paulo BUTANTAN TROPEÇA DE NOVO – Folha de São Paulo O DILEMA DE SEU CIDONES – Folha de São Paulo MEDO DO ESPELHO – Folha de São Paulo BOLSONARO CEDE À PRESSÃO DO CENTRÃO E TROCA 6 MINISTROS, INCLUINDO DEFESA, JUSTIÇA E ITAMARATY – Folha de São Paulo LAVA JATO 'AJUDOU A ELEGER O BOZO' E É PRECISO SE DESVINCULAR DELE, DIZ PROCURADORA A DALLAGNOL EM DIÁLOGOS - – Folha de São Paulo QUEIROGA PEDE AGILIDADE NAS VACINAS – Correio Braziliense APELO AOS ESTRANGEIROS – Correio Braziliense SECRETÁRIA DO MEC SE DEMITE – Correio Braziliense ORTODOXIA APOSENTADA – Correio Braziliense NÚMERO DE PEDIDOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL PODE BATER RECORDE NESTE ANO – Valor Econômico JUSTIÇA ACEITA PEDIDO DE CLUBE DE FUTEBOL – Valor Econômico DESTAQUES – Valor Econômico ESTÍMULOS AO ‘REEMPREENDEDORISMO’ – Valor Econômico

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JORNAL - O POPULAR – 30.03.2021 – PÁG. 3

Queremos ser felizes

Por Saulo Marques Mesquita

Ser feliz é bom. Por mais singela que seja, essa afirmação ilustra algo que nos é visceral, algo que faz parte de nossa natureza humana. Todos os nossos sonhos, projetos e realizações, ainda que de forma imperceptível, têm sua gênese no desejo de buscar momentos de alegria. Mesmo que isso não esteja passando pela nossa cabeça, é a vontade de ser felizes que nos leva a fazer planos para o amanhã. Os sonhos de nossas vidas pautam nossa dedicação aos estudos, ao trabalho e à família, conduzindo-nos ao desejo de encontrar satisfação em algum momento de nossa efêmera existência. E isso torna a felicidade algo que nos é caro, pois, muitas vezes, ela é um troféu que se conquista a duras penas.

Tendo em conta essa natureza inata do propósito de ser feliz, cabe-nos questionar em que nível se encontra esse sentimento no território tupiniquim. O brasileiro sempre foi conhecido pela amabilidade, pelo sorriso indelével, pela alegria cativante. Por mais que tal visão seja um tanto estereotipada, a associação do povo que habita estas latitudes com a alegria de viver é algo que não nos causa estranheza. Porém, será que somos realmente felizes? Diante de tantos problemas, de tanta desigualdade, de tantas injustiças, temos razões para dizer que a felicidade é um sentimento comum entre nós? Como falar em felicidade em meio à pandemia que tem ceifado preciosas vidas, não nos permitindo sequer a despedida daqueles a quem amamos? Como nos sentirmos felizes diante da necessidade de medidas de restrição que há alguns anos seriam inimagináveis? Como buscar a felicidade diante da grave crise econômica que nos cerca, impelindo milhões de brasileiros para o limiar da miséria?

A rede de soluções para o desenvolvimento sustentável, uma iniciativa global da Organização das Nações Unidas, recentemente publicou o Relatório da Felicidade no Mundo, com foco no modo como a pandemia tem influenciado o estado de espírito das pessoas. A pesquisa foi realizada em 149 países, com perguntas a respeito de como as pessoas se sentem, do quão satisfeitas se encontram com suas vidas. Não sem razão, os países mais felizes do mundo, Finlândia, Islândia e Dinamarca, estão entre aqueles com alto índice de desenvolvimento humano. O Brasil, de outro lado, caiu da 29ª para a 41ª colocação. Podemos concluir, assim, que não estamos lá tão felizes, o que coloca em xeque a famigerada alegria nata de nosso povo.

Se ser feliz é uma necessidade do ser humano, resta evidente que precisamos fazer algo para mudar essa situação. Evidentemente, há variáveis que não dependem apenas de nossa vontade. Enquanto a velocidade da vacinação permanecer lenta e o vírus continuar se propagando, estaremos longe de superar a pandemia e todos os dissabores que ela proporciona. Precisamos da atuação concertada de nossos governantes e, também, da contribuição consciente da população, de modo que possamos sonhar com uma posição melhor no benfazejo ranking da felicidade. Afinal, todos nós queremos ser felizes.

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Pioneirismo na gestão de pessoas

José Frederico Lyra Netto

P ela primeira vez, a Prefeitura de Goiânia fará um processo seletivo aberto para preencher parte de seus cargos comissionados. A oportunidade será tanto para servidores quanto para profissionais externos. O projeto piloto, que se dará no Escritório de Prioridades Estratégicas, foi fruto de uma parceria com o Instituto Lemann, uma das maiores fundações do país.

Ao assinar o termo de cooperação, o prefeito Rogério Cruz fez de Goiânia a primeira capital do Brasil a receber esse programa, aqui intitulado “TalentosGYN”, que se desenvolverá sem custos para a Prefeitura. Tal iniciativa provoca uma discussão mais estrutural, sobre modernização da gestão de pessoas no setor público.

O professor de administração da Stanford University Jim Collins movimentou o mundo da gestão, no início dos anos 2000, ao fazer uma afirmação contundente: primeiro “quem”, depois “o que”. Isto é, pessoas primeiro, estratégia depois. Ao estudar organizações de sucesso, ele viu que elas primeiro se preocupam em trazer as pessoas certas ao time para depois definir o que fariam. Isso porque o maior ativo de uma empresa são as pessoas. Ou melhor, as pessoas certas.

Os governos selecionam parte dos seus quadros por concursos, que são importantes. Mas há espaço para inovação na escolha das posições comissionadas, que são aquelas de livre nomeação. Por que não preencher parte delas por processo aberto? Mesclar pessoas indicadas por confiança com outras escolhidas via processo seletivo enriquece o ambiente de trabalho e o desempenho do time. A seleção contribui para a descoberta de talentos dentro do próprio governo e dá oportunidade a bons profissionais externos de trabalharem na gestão pública. É unir o político com o técnico para gerar mais resultados.

O processo seletivo é só um dos componentes de uma visão mais moderna da gestão de pessoas no setor público. Existem práticas inovadoras também para formação, avaliação de desempenho e motivação de servidores. As evidências têm mostrado, por exemplo, que benefícios materiais são importantes como base, mas o que realmente motiva talentos são incentivos não materiais, como desafios, desenvolvimento pessoal e reconhecimento.

Se fosse seu time de futebol, você com certeza gostaria de ter os melhores jogadores, bem treinados e nas posições certas. Agora imagine que, ao invés de um jogo, o time em questão tem a missão de resolver os grandes problemas públicos da sua cidade. Você provavelmente gostaria que a gestão desses talentos fosse uma prioridade. Isso é o que os governos deveriam fazer e Goiânia caminha nesse sentido. Vale a pena acompanhar.

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JORNAL - O POPULAR – 30.03.2021 – PÁG. 6

General Fernando Azevedo descarta a ministros do STF uso político de Forças Armadas

Alguns integrantes da corte viram com preocupação a mudança no governo, mas Azevedo procurou tranquilizar ministros do Supremo

Ex-ministro da Defesa, general (Foto: Agência Câmara)

O general Fernando Azevedo e Silva, demitido do Ministério da Defesa nesta segunda-feira (29), afirmou a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que não há risco de politização das Forças Armadas e que os órgãos não irão se inclinar a eventuais medidas autoritárias do presidente (sem partido).

Alguns integrantes da corte viram com preocupação a mudança no governo, mas Azevedo procurou tranquilizar ministros do Supremo.

Um dos que conversaram com o general foi o presidente da corte, Luiz Fux. A interlocutores o magistrado lembrou que Azevedo permanece como general e afirmou que a saída dele do cargo demonstra que os membros do Exército estão comprometidos com a democracia e a Constituição.

Na avaliação compartilhada pelo ministro com pessoas próximas, Azevedo deixou o primeiro escalão da Esplanada porque estava insatisfeito por não ser ouvido por Bolsonaro e porque se recusou a politizar as Forças Armadas. Apesar disso, Fux tem feito a análise de que o general Braga Netto, que assumirá o Ministério da Defesa, preservará boa interlocução com o STF.

Manter uma relação com o mesmo nível, porém, não será fácil, uma vez que o ex-ministro era próximo do Supremo e conhecia a corte por dentro. Antes de assumir o cargo no primeiro escalão do governo federal, Azevedo era assessor de Dias Toffoli na presidência do STF.

Integrantes da corte lembram que, nos momentos em que Bolsonaro insinuou usar as Forças Armadas para resolver seus embates políticos, Azevedo procurava ministros do Supremo nos bastidores para tranquililizá- los. O então ministro afirmava que as Forças Armada respeitam a Constituição e não concordam com a ideia de um novo golpe de Estado.ilizá-los.

Isso aconteceu mais de uma vez.

No desgaste gerado pela revelação do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas de que discutiu com integrantes do Alto Comando a publicação de um tuíte com tom de ameaça ao STF antes do julgamento que levou à prisão de Lula em 2018, por exemplo, Azevedo procurou o presidente do STF, Luiz Fux, para apaziguar os ânimos.

AGU DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 5 de 28

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Membros do STF também foram surpreendidos com a mudança na AGU (Advocacia-Geral da União), que é responsável pela defesa judicial do governo e atua diretamente no Supremo.

José Levi, que deixou o cargo, era bem visto no tribunal, mas ministros avaliaram que a mudança foi uma estratégia de Bolsonaro para ampliar os espaços do Centrão no governo. Levi entregou sua carta de demissão nesta segunda-feira. Antes de ser AGU, ele era procurador-geral da Fazenda.

No lugar dele, assumirá André Mendonça, que estava no Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele já tinha sido o advogado-geral da União no início do governo Bolsonaro, entre 2019 e 2020.

André Mendonça é um dos cotados para ser indicado à vaga do STF que abrirá em julho com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello.

Defesa de isolamento e máscaras contribuiu para saída de Azevedo

A entrevista do general responsável pelo departamento-geral de pessoal do Exército sobre medidas de sucesso para preservar os integrantes da Força na epidemia da Covid-19 teria sido o empurrão - ou um dos pretextos - para precipitar a saída de Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa.

Ele foi demitido nesta segunda-feira (29) por Jair Bolsonaro (sem partido), que há tempos manifestava descontentamento com a condução da pasta. O presidente pretende também usar o cargo para acomodar aliados em uma ampla reforma ministerial que começa a implementar. Autoridade máxima da saúde no Exército, o general Paulo Sérgio relatou ao jornal Correio Braziliense, em entrevista publicada no domingo (28), que a taxa de mortalidade pela doença entre as 700 mil pessoas sob a responsabilidade da arma -além dos militares da ativa, os da reserva e seus dependentes -é de 0,13%, índice bem abaixo dos 2,5% registrados na população geral do país.

O segredo: o Exército teria adotado uma espécie de lockdown, enviando todas as pessoas de grupo de risco para home office. Os novos recrutas, que ingressam para o serviço militar obrigatório, foram colocados em regime de internato e alguns passam até semanas sem ir para casa, para evitarem a contaminação pelo novo coronavírus.

Cerimônias militares foram suspensas em todos os quartéis e campanhas massivas foram realizadas a favor do isolamento social e do uso de máscara.

Ou seja, exatamente o contrário do que sempre pregou o presidente da República.

“O índice de letalidade é muito baixo, menor do que na rede pública, graças a essa conscientização, essa compreensão, que é o que eu acho que, se melhorasse no Brasil, provavelmente, o número de contaminados seria bem menor”, disse o general Paulo Sérgio. “Todas as medidas sanitárias, diretrizes emanadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), corroboradas pelas nossas diretorias de saúde, são rigorosamente cumpridas em nossos quartéis”, afirmou ainda o militar para o Correio Braziliense.

O general disse mais: o Exército já trabalha com a possibilidade de uma terceira onda da Covid-19 no país. DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 6 de 28

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JORNAL - O POPULAR – 30.03.2021 – PÁG. 7

Basta!

Eliane Cantanhêde

"Demorou, mas Azevedo e Silva cansou e ele não está sozinho ao negar ao presidente um alinhamento automático que engula os brios e os princípios das Forças Armadas para participar de qualquer tipo de ameaça ao País”

O cerco do Congresso, dos tribunais superiores, de diplomatas, médicos, enfermeiros, ambientalistas, economistas, advogados, banqueiros e grandes empresários gerou um grito uníssono em Brasília: Basta! Basta de desgoverno, basta de delírios ideológicos e ameaças golpistas, basta de afundar o Brasil no cenário internacional. Há uma exaustão.

Nada, porém, foi mais estridente do que a demissão do ministro da Defesa, general de quatro estrelas Fernando Azevedo e Silva, da reserva, que confirmou a crescente insatisfação das Forças Armadas com o governo e com o próprio capitão insubordinado Jair Bolsonaro. Nem os militares aguentam mais.

Ordem, progresso, disciplina e hierarquia, sim, sempre. Mas Azevedo e Silva não segue a cartilha da submissão, da humilhação, da continência incondicional do general Eduardo Pazzuelo: “um manda, outro obedece”. Para o agora ex-ministro, a lealdade das Forças Armadas não é com o governo de plantão, muito menos com um governo errático e de viés autoritário. É com o Brasil.

Demorou, mas Azevedo e Silva cansou e ele não está sozinho ao negar ao presidente um alinhamento automático que engula os brios e os princípios das Forças Armadas para participar de qualquer tipo de ameaça ao País. Além de agir em acordo com o comandante Edson Pujol e o Alto Comando do Exército, o general teve apoio durante todo esse tempo também das duas outras Forças.

Na Marinha e na Aeronáutica concentram-se a insatisfação com a falta de compostura do presidente e a indignação com as menções recorrentes às Forças Armadas para ameaças e chantagens políticas. Mas, enquanto elas exibiam independência e distância, o Exército foi sendo sugado para o centro da política. Isso tem bônus: cargos, soldos, privilégios no Orçamento e nas reformas e a falsa sensação de poder. Mas o ônus não compensa: a perda de imagem, o uso da sua marca com intenções espúrias.

Com a demissão do general Azevedo e Silva os militares demonstram ao povo brasileiro que estão firmemente comprometidos com suas funções constitucionais, seus compromissos institucionais e a democracia. Unem-se, assim, a uma ampla parcela da sociedade que não suporta mais tantos desmandos, absurdos e erros, justamente numa pandemia com mais de 300 mil mortos.

A sensação é inevitável: quando o ministro da Defesa cai, mais um ministro da Saúde na pandemia cai e desabam o chanceler Ernesto Araújo, o ministro da Justiça, André Mendonça, e o advogado geral da União, José Levi, é porque o governo está se desmilinguindo. Sem falar na fila de demissionários do Posto Ipiranga. Só falta o dono do posto. DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 7 de 28

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Agora é preciso ver o que será construído no lugar. Não está claro se Bolsonaro vai trocar só o chanceler ou a política externa. Se muda o AGU para pintar e bordar a favor dos filhos no Judiciário e para perseguir os governadores no Superior Tribunal de Justiça.

O que está muito claro é que o general Braga Neto, que vai para a Defesa, vai encontrar o ambiente militar contaminado pela política, dividido, polarizado. E vai enfrentar, sobretudo, uma dúvida que não é apenas das Forças Armadas, mas de toda a Nação: ele assume para fazer o jogo sujo que o general Azevedo Silva teve a dignidade de se recusar a fazer?

O imbróglio militar e a pressão política inviabilizaram a ida do almirante Flávio Rocha para o Itamaraty. Se já resistia abertamente à presença de um oficial de quatro estrelas da ativa no Planalto, a Marinha não admitiria que ele assumisse a vaga de chanceler depois da demissão do ministro da Defesa. O trauma Azevedo e Silva cristaliza a mania de Bolsonaro de exigir submissão incondicional, principalmente nos erros, nos absurdos. Assim, tudo muda, mas não se sabe o que muda.

JORNAL – FOLHA DE SÃO PAULO – 30.03.2021 – PÁG. A2

Tumulto em Brasília

Acuado por centrão e empresariado, Bolsonaro troca ministros e causa inquietação

O presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia no Planalto - Ueslei Marcelino/Reuters

Jair Bolsonaro foi mais uma vez fiel ao seu estilo ao deflagrar nesta segunda-feira (29) uma tentativa atabalhoada de reorganização do seu governo, remanejando de surpresa várias peças importantes.

Algumas mudanças emitem sinais inquietantes, como a demissão do general Fernando Azevedo. Ele estava à frente do Ministério da Defesa desde a posse de Bolsonaro e exercia papel moderador, como anteparo contra os avanços autoritários do presidente.

Ao se despedir, Azevedo fez questão de destacar a importância de preservar as Forças Armadas como instituições de Estado, num momento em que a crescente ocupação de cargos por militares prejudica sua imagem ao confundi-las com os desacertos de Bolsonaro.

Azevedo será substituído pelo general Braga Neto, hoje ministro da Casa Civil, para onde será transferido outro general da reserva, , que chefia a Secretaria de Governo.

A dança de cadeiras abre espaço para que o centrão, que assumiu neste ano o comando da Câmara e do Senado, tenha a deputada Flávia Arruda (PL-DF) na Secretaria de Governo, chave para a interlocução com o Congresso. DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 8 de 28

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O ministro da Justiça, André Mendonça, voltará para a Advocacia-Geral da União e será substituído pelo secretário de Segurança do Distrito Federal, , seguidor de Bolsonaro que cobiçava a pasta desde a época em que o ex-juiz Sergio Moro ainda tinha emprego em Brasília.

Acuado por pressões do centrão e do empresariado, Bolsonaro também decidiu substituir Ernesto Araújo, o diplomata de ideias tresloucadas que chefiou a política externa nos últimos dois anos, por Carlos Alberto Franco França.

Nunca faltaram bons motivos para o presidente demitir Araújo. Nas últimas semanas ele se tornou alvo preferencial do Congresso, que passou a culpá-lo pelas dificuldades enfrentadas pelo Brasil na busca de vacinas para enfrentar a pandemia de Covid-19.

A gestão desastrosa do chanceler no Itamaraty afastou o Brasil de seus maiores parceiros comerciais, obstruiu canais de diálogo essenciais para a defesa dos interesses brasileiros e impôs à imagem do país vexames sucessivos.

Mas os retrocessos são resultado de uma parceria desenvolvida pelo presidente com Araújo, não apenas das ações do auxiliar inepto, e levará tempo para reconstruir as pontes que os dois dinamitaram.

Se as mudanças iniciadas nesta segunda abrem caminho para uma necessária correção de rumos, apostar numa reviravolta seria superestimar a capacidade de Bolsonaro de acertar na escolha dos seus ministros e subestimar os desafios à sua frente.

Butantan tropeça de novo

Hélio Schwartsman

Lamentável instituto coadjuvar iniciativas de marketing do governador- candidato

Sempre que o governador João Doria aparece numa entrevista coletiva envolvendo o Instituto Butantan, devemos esperar exageros, embelezamentos e outras más práticas científicas. Quando o governador não participa, aí há chance de uma comunicação mais honesta.

João Doria visita o Instituto Butantan no dia em que o instituto entrega novas doses da vacina - Governo do Estado de São Paulo

Na semana passada, Doria foi ao instituto para anunciar a Butanvac, "primeira vacina 100% nacional, desenvolvida integralmente por cientistas do Butantan" contra a Covid-19. No dia seguinte, após reportagem de Ana Bottallo, na Folha, ter mostrado que não era bem assim, o instituto publicou uma constrangedora nota informando que o vírus vacinal fora desenvolvido por cientistas do Hospital Mount Sinai, em Nova York, e que a proteína S estabilizada usada no imunizante havia sido criada na Universidade do Texas, Austin. DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 9 de 28

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Iris Helena

Não é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece. Em janeiro, quando se anunciaram resultados do ensaio clínico brasileiro com a Coronavac, tivemos uma primeira coletiva, com Doria, na qual só se divulgaram os dados mais positivos, e outra, uma semana depois, sem Doria, na qual se mostrou um panorama mais completo, e menos brilhante, do desempenho da vacina.

Não me entendam mal. A Butanvac, se vingar, terá sido um gol de letra. E, mesmo que não funcione, terá sido uma belíssima tentativa. Também a Coronavac é importantíssima para o Brasil. Não fosse pelos esforços do governo paulista e do Butantan em conseguir um imunizante, a situação do Brasil seria ainda mais desesperadora do que é. Perto de Bolsonaro, Doria é um farol de Iluminismo.

É lamentável, porém, que o Butantan se preste a coadjuvar as iniciativas de marketing do governador candidato a presidente. Ao fazê-lo, ele mina a confiança na integridade da comunicação da ciência, que é o que a viabiliza como atividade colaborativa e cumulativa. Sempre que a ciência se deixa instrumentalizar pela política, quem perde é a ciência.

O dilema de seu Cidones

Guilherme Boulos

Sem ajuda econômica, tem de escolher entre o vírus e a falência

Seu Cidones tem um bar na rua de baixo da minha casa. Há uns meses, quando o comércio ainda estava aberto, desci lá e tivemos uma conversa. Ele, angustiado, contava que se sentia entre a cruz e a espada.

De um lado, as perdas de conhecidos pelo vírus e o medo de ser contaminado. De outro, as contas a pagar, a cobrança dos fornecedores e o medo da falência.

O dilema do seu Cidones é o mesmo de milhões de brasileiros que, com muita labuta, ergueram um pequeno negócio e agora enfrentam as agruras da pandemia. Ele ouvia Bolsonaro desdenhar do vírus e dizer que, se não abrisse seu comércio, morreria de fome. E Doria dizia para que ficasse em casa. A verdade é que nenhum dos dois resolvia seu problema.

Não há dúvidas de que as medidas de isolamento sanitário —que incluem o fechamento do comércio e interrupção de atividades econômicas— são essenciais para conter a propagação da Covid. Aliás, só estamos nessa situação porque isso não foi feito no momento certo e com a coragem necessária, nem por Bolsonaro no país, nem por Doria em São Paulo.

Mas seu Cidones traz para o debate outra importante verdade: não existe lockdown possível sem apoio econômico aos mais vulneráveis, ainda mais num país tão desigual. O pedido para que as pessoas fiquem em casa não é suficiente quando isso significa falência, desemprego ou fome. Ou alguém acha que quem se aglomera todos os dias nas estações de trem ou em ônibus lotados ignora a letalidade do vírus? DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 10 de 28

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Iris Helena

Para que o isolamento se torne realidade e possamos reverter a curva da pandemia não basta conscientização ou medidas coercitivas. O auxílio emergencial, agora reduzido a um arremedo, é imprescindível para desempregados e trabalhadores informais. No caso dos pequenos empreendedores, era essencial que o governo federal e governos de estados ricos, como São Paulo, garantissem capital de giro a juro zero e com prazo de carência, adiamento de cobrança tributária e mesmo indenizações, como feito em outros países.

Medidas como essas permitiriam manter os negócios paralisados sem acumular dívidas impagáveis com fornecedores, aluguéis, contas e garantindo o pão na mesa. Levantamento da FGV na primeira onda mostrou que mais da metade dos que solicitaram alguma linha de crédito oferecida pelo governo não conseguiram. Enfim, foram jogados à própria sorte.

A política de Bolsonaro é a grande responsável por quase 320 mil mortos. Mas só pedir para as pessoas ficarem em casa sem alternativa é lavar as mãos. Mesmo com um ano de atraso, é urgente uma política de apoio econômico para o isolamento ser efetivo. A escolha de milhões de brasileiros como Cidones não pode ser entre o vírus e a fome.

JORNAL – FOLHA DE SÃO PAULO – 30.03.2021 – PÁG. A3

Medo do espelho

Talvez a fome, mais que a peste, possa fazer notar o morticínio incentivado

Hebe Mattos

Historiadora e professora titular livre do Departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG)

O governo federal é diretamente responsável por uma crise humanitária no país, decorrente do agravamento sem precedentes da crise sanitária internacional, com capacidade de ameaçar o resto do mundo. Como lidar com isso?

Não será tarefa fácil. Muitos imaginam o homem no Palácio do Planalto como um tirano enlouquecido que sequestrou a sociedade brasileira. Porém, não há estelionato eleitoral no atual governo. Todos que o elegeram, ou votaram nulo ou branco, estavam dispostos a pagar um preço para atingir objetivos políticos específicos, que, então, imaginavam pudessem ser compatibilizados.

Eu listo: eliminação do PT como “player” político; políticas neoliberais para os meios empresariais e financeiros; fortalecimento de denominações religiosas fundamentalistas que acreditam num Deus de ira e que se apressaram em ver no vírus um agente d’Ele; fortalecimento e inimputabilidade das corporações militares e, dentro delas, de práticas de tortura e extermínio; tolerância para o exercício de práticas antiecológicas, machistas, racistas e homofóbicas seculares, hoje criminalizadas com base na Constituição Federal de 1988.

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Iris Helena

Em nenhum caso a razão do voto e do apoio foi desinformação ou déficit cognitivo, mas leituras situadas da realidade que apostaram no horror, sintetizado no gesto de campanha de atirar em alguém com uma arma, porque acreditaram que não seriam atingidos. E não, o combate à corrupção não foi essencial para a eleição do deputado do baixo clero para a Presidência da República.

O bem recebido retorno de Lula ao jogo político abre alguma esperança de que os pressupostos que uniram tal frente macabra já não estejam mais dados. Porém, para que possamos superar de forma mais rápida o genocídio em curso, é preciso saber se a conta ficou realmente alta demais e para quem.

A catástrofe agora anunciada assustará a elite política de Brasília? Temerá o centrão ser responsabilizado como cúmplice de crime contra a humanidade denunciado nos tribunais internacionais? O “mercado”, na pele de jornalistas, “Faria Limers” e investidores que permanecem no país, temerá, ao menos, o colapso da rede privada de saúde?

Isso vale para as elites, mas também para os setores populares que caminharam para a extrema direita. Nas periferias, mais tragédia, muitas vezes apenas reforça os cultores da intolerância, bem como o poder paralelo de grupos paramilitares.

Talvez a fome, mais que a peste, possa fazer este eleitor conservador perceber a morte em massa de brasileiros incentivados pelo presidente a se aglomerarem e a não usarem máscaras, sem vacina e sem auxílio emergencial, como a necropolítica que é. Talvez não.

A princípio, o caminho de volta, se houver, passa por 2022. Será, e já está sendo, muito doloroso. Ao finalizar este artigo, visitei o site do Memorial Inumeráveis, iniciativa de 2020. Quando não temos saída, precisamos, ao menos, dizer o nome dos nossos mortos.

JORNAL – FOLHA DE SÃO PAULO – 30.03.2021 – PÁG. A4

Bolsonaro cede à pressão do centrão e troca 6 ministros, incluindo Defesa, Justiça e Itamaraty

Ministro da defesa Fernando e Silva durante um encontro com integrantes da Fiesp em São Paulo / Amanda Perobelli 12.adgo.19

Mudanças no primeiro escalão nesta segunda-feira mexem com AGU e coordenação política do governo

Sob pressão política do centrão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou nesta segunda-feira (29) a troca da titularidade de seis ministérios.

A maior surpresa foi a demissão do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. Ele foi substituído pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto. Para a Casa Civil, foi deslocado o general Luiz Eduardo Ramos, que estava na Secretaria de Governo.

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A deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) assume a vaga de Ramos, em um aceno de Bolsonaro ao bloco do centrão na Câmara, base de sustentação de Bolsonaro na Casa.

O presidente ainda anunciou Anderson Gustavo Torres, secretário da Segurança do Distrito Federal, como ministro da Justiça no lugar de André Mendonça, que volta para o comando da AGU (Advocacia-Geral da União) no lugar de José Levi.

Por último, foi confirmado o nome de Carlos Alberto Franco França no Itamaraty para a vaga ocupada por Ernesto Araújo.

As mudanças ocorrem menos de uma semana depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter subido o tom contra o governo e afirmado que, se não houver correção de rumo, a crise da pandemia pode resultar em "remédios políticos amargos" a serem usados pelo Congresso, alguns deles fatais.

Foi a primeira vez que Lira fez menção, mesmo que indireta e sem especificar, à ameaça de CPIs e de impeachment contra o presidente da República, em um momento em que Bolsonaro tenta atrair Legislativo e Judiciário para a coordenação da pandemia.

Líder do centrão e aliado de Bolsonaro eleito neste ano para a presidência da Câmara com apoio do Planalto, Lira falou no risco de uma "espiral de erros de avaliação", disse que não estava “fulanizando” e que se dirigia a todos os que conduzem órgãos diretamente envolvidos no combate à pandemia.

Sobre as mudanças desta segunda-feira, Bolsonaro disse que, por ser presidente da CMO (Comissão Mista de Orçamento), Flávia Arruda tem bom trânsito com os pares.

O presidente do PL, seu partido, é o ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado pelo envolvimento no escândalo do mensalão, no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Já a demissão de Azevedo pegou de surpresa generais que integram o alto comando do Exército. Alguns deles ligavam a TV sintonizados em canais de notícias para entender o que estava ocorrendo.

Generais se reuniram na semana passada em Brasília com o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, e a demissão do ministro não estava no radar desses militares.

Em carta logo após a demissão, Azevedo agradeceu o presidente e disse que, "nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado".

"O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida", afirmou o agora ex-ministro, em nota. Nos últimos dias, incomodados com a condução do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia da Covid-19, líderes do centrão reforçaram os pedidos para que o presidente trocasse auxiliares considerados ideológicos, sob pena de perder apoios no Congresso e até nas eleições de 2022.

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Iris Helena

Um episódio de desgaste na relação de Lira com Bolsonaro envolveu a troca do general no Ministério da Saúde. O nome chancelado pelo presidente da Câmara era o da cardiologista Ludhmila Hajjar, mas Bolsonaro optou pelo cardiologista Marcelo Queiroga.

A aliança Bolsonaro-centrão, buscada pelo presidente no ano passado diante de uma série de pedidos de impeachment que se acumulavam na Câmara, enterrou de vez o discurso bolsonarista, explorado à exaustão durante a campanha eleitoral, de que não se renderia ao que chamava de a velha política do “toma lá, dá cá”.

Para atender o centrão e ajudar na eleição de Lira para o comando da Câmara, o governo fez promessas de liberação de bilhões em emendas parlamentares e chegou a cogitar até a recriação de ministérios, contrariando outro discurso da campanha, o do enxugamento da máquina pública.

Além disso, ao mesmo tempo em que reforçava a militarização de seu governo ao entregar cargos como a presidência da Petrobras a um general, Bolsonaro decidiu arejar seu núcleo duro nas últimas semanas e levar nomes do centrão para o Palácio do Planalto, local onde trabalham seus principais conselheiros.

Azevedo é o segundo militar demitido no intervalo de apenas duas semanas. Antes, Pazuello, general da ativa, foi trocado pelo médico Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde.

Auxiliares de Azevedo dizem que havia insatisfação do general com declarações de Bolsonaro a respeito das Forças Armadas e uma avaliação de que ele tentava tratar o Exército como uma instituição a serviço do governo dele e não um instrumento de Estado.

É por isso, avaliam fardados, que Azevedo fez questão de frisar na nota em que confirmou sua demissão que no período ele preservou "as Forças Armadas como instituições de Estado".

Da mesma foram, assessores palacianos afirmam que o presidente também se sentia incomodado com Azevedo pelo fato de o agora ex-ministro já ter entrado em campo para contemporizar falas dele a respeito dos militares.

Segundo integrantes do Planalto e líderes do centrão, a conversa entre o presidente e o ex-ministro foi rápida, mas dura. Bolsonaro teria dito que estava insatisfeito com Azevedo, reclamou da atuação do auxiliar e abriu a possibilidade de ele se demitir.

"Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado."

"O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida." Fernando Azevedo e Silva

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No STF (Supremo Tribunal Federal), a demissão de Azevedo foi vista com preocupação. Antes de assumir o ministério, o general era assessor do então presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli. Na época, ele estabeleceu boa relação com os ministros e manteve contato com eles depois de ir para o governo.

Integrantes da corte lembram que, quando Bolsonaro insinuava acionar o Exército para resolver seus embates políticos, era Azevedo quem entrava em contato com os ministros da corte para afirmar que as Forças Armadas respeitam a Constituição e não concordam com a ideia de um novo golpe de Estado.

Isso aconteceu mais de uma vez. No desgaste gerado pela revelação do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas de que discutiu com integrantes do Alto Comando a publicação de um tuíte com tom de ameaça ao STF antes do julgamento que levou à prisão de Lula em 2018, por exemplo, Azevedo procurou o presidente do Supremo, Luiz Fux, para apaziguar os ânimos.

MINISTROS MILITARES DE BOLSONARO

Casa Civil Luiz Eduardo Ramos, general da reserva do Exército

Defesa , general da reserva do Exército

Gabinete de Segurança Institucional , general da reserva do Exército

Ciência e Tecnologia , tenente-coronel da reserva da Aeronáutica

Minas e Energia Bento Albuquerque, almirante da Marinha

Infraestrutura Tarcísio de Freitas, capitão da reserva do Exército

Controladoria-Geral da União Wagner Rosário, capitão da reserva do Exército Militares que já foram ministros ou ocuparam posições do alto escalão do governo

Secretaria de Governo Carlos Alberto dos Santos Cruz, general da reserva do Exército

Porta-voz da Presidência da República Otávio do Rêgo Barros, general da reserva do Exército

Ministério da Defesa Fernando Azevedo e Silva, general da reserva do Exército DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 15 de 28

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Ministério da Saúde Eduardo Pazuello, general de divisão do Exército

Secretaria-Geral da Presidência Floriano Peixoto, general da reserva do Exército

Secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania Décio Brasil, general da reserva do Exército

Presidente do Incra João Carlos Corrêa, general da reserva do Exército

Presidente dos Correios Juarez Cunha, general da reserva do Exército

Presidente da Funai Franklimberg Freitas, general da reserva do Exército

JORNAL – FOLHA DE SÃO PAULO – 30.03.2021 – PÁG. A9

Lava Jato 'ajudou a eleger o Bozo' e é preciso se desvincular dele, diz procuradora a Dallagnol em diálogos

Mônica Bergado

Jerusa Viecili afirma que 'só assim' jornalistas voltariam a confiar na operação e que procuradores ficavam em silêncio até mesmo diante de elogios à ditadura

Os procuradores da Operação Lava Jato discutiram, em março de 2019, uma forma de se desvincular de Jair Bolsonaro para que os jornalistas voltassem a dar credibilidade à operação.

As conversas foram entregues nesta segunda (29) ao STF (Supremo Tribunal Federal) pela defesa de Lula. Os advogados foram autorizados pela Corte a ter acesso ao material da Operação Spoofing, que investiga o hackeamento dos diálogos. As conversas foram analisadas pelo perito e auditor Cláudio Wagner.

"Delta, sobre a reaproximação com os jornalistas, minha opinião é de que precisamos nos desvincular do Bozo [Jair Bolsonaro], só assim os jornalistas vão novamente ver a credibilidade e apoiar a LJ [Lava Jato] ", diz a procuradora Jerusa Viecili a Deltan Dallagnol no dia 28 de março de 2019. A grafia foi mantida na forma original das mensagens.

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Jerusa segue: "Temos que entender que a FT [força-tarefa] ajudou a eleger Bozo, e que, se ele atropelar a democracia, a LJ [Lava Jato] será lembrada como apoiadora. eu, pessoalmente, me preocupo muito com isso (vc sabe)".

A procuradora diz ainda que os integrantes da Lava Jato já haviam tido a oportunidade de desvincular a imagem deles da do presidente, mas que elas foram perdidas.

Afirma que eles teriam feito cobranças mais "fortes" no "caso Fávio" se "fosse qualquer outro político", numa referência a denúncias que envolvem o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República.

Na época dos diálogos, o ex-juiz Sergio Moro era ministro da Justiça de Bolsonaro.

"Veja que, no passado, em pelo menos duas oportunidades poderíamos ter nos desvinculado um pouco do Bozo nas redes sociais", escreve Jerusa ao colega. "1. caso Flavio (se fosse qualquer outro politico envolvido, nossa cobrança por apuração teria sido muito mais forte); 2. caso da lei de acesso à informação que o bozo, por decreto, ampliou rol de legitimados para decretar sigilo e depois a Camara derrubou o decreto. A TI fez nota técnica e tudo e nossa reação foi bem fraca (meros retweets). (ao lado do caso Flavio, o proprio caso de Onix Lorenzoni)", afirma a procuradora.

O ministro , que na época ocupava a Casa Civil, foi acusado de uso de caixa dois. Na época, Moro disse que "admirava" o colega de governo. E que, "quanto aos erros [de caixa dois], ele mesmo admitiu e tomou prividências para repará-los".

Jerusa diz ainda na mensagem que sequer quando há elogios à ditadura por parte do governo Bolsonaro os procuradores da Lava Jato se manifestaram.

"Agora, com a 'comemoração da ditadura' (embora não tenha vinculação direta com o combate à corrupção), estamos em silêncio nas redes sociais. Não prezamos a democracia? concordamos, como os defensores de bozo, que ditadura foram os 13 anos de governo PT? a LJ teria se desenvolvido numa ditadura?", escreve ela, cobrando um posicionamento de Deltan Dallagnol.

A procuradora fala ainda da preocupação dos colegas com o apoio dos bolsonaristas, o que estaria impedindo um posicionamento mais firme deles em favor da democracia. Ela se refere aos seguidores do presidente como "bolsominions".

"Sei que há uma preocupação com a perda de apoio dos bolsominions, mas eles diminuem a cada dia. o governo perde força, pelos atropelos, recuos e trapalhadas, a cada dia. converse com as pessoas: poucos ainda admitem que votaram no bozo (nao sei como Amoedo nao foi eleito no 1º turno pq ultimamente, so me falam que votaram nele). enfim, acho que defender a democracia, nesse momento, seria um bom início de reaproximação com a grande imprensa. com relação a defender a Democracia, tambem seria importante um discurso de defesa das instituições. Atacamos muito o STF e seus ministros, mas sabemos que a democracia so existe com respeito às instituições. e o STF precisa ser preservado, como órgão máximo do Poder Judiciário brasileiro. pense com carinho ".

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Deltan Dallagnol então responde: "Concordo Je. Acho nota esquisita. E se fizermos artigos de opinião? Acho que não da pra bater, mas da pra firmar posição numa abordagem mais ampla".

Ela finaliza: "Isso. defender, sem atacar".

JORNAL – CORREIO BRAZILIENSE – 30.03.2021 – ONLINE

Queiroga pede agilidade nas vacinas

Ministro cobrou da Pfizer um esforço para agilizar a entrega das doses

Ministro cobrou da Pfizer um esforço para agilizar a entrega das doses

Na tentativa de acelerar a vacinação contra o novo coronavírus, o governo federal recebeu, ontem, mais 5 milhões de doses da vacina CoronaVac. Essa foi a maior remessa do imunizante envasado pelo Instituto Butantan entregue ao Ministério da Saúde. Apesar disso, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se mobiliza para agilizar a entrega de outros fármacos já contratados pela pasta.

Por causa disso é que ele se reuniu com a presidente da Pfizer Brasil, Marta Díez, para pedir celeridade na entrega de 50 milhões de doses da Cominarty, produzida pelo laboratório e comprada pelo ministério este mês. A pasta assinou um contrato para adquirir 100 milhões de doses, mas o cronograma indicado no documento prevê a entrega de apenas 13,5 milhões entre abril e junho. Os 86,5 milhões restantes serão entregues entre julho e setembro.

Durante a reunião, Queiroga fez um pedido para que 50 milhões de doses sejam enviadas ao Brasil rapidamente. “Precisamos ampliar a nossa capacidade vacinal agora. Convido vocês para fazermos esforços conjuntos para garantir essas vacinas o quanto antes”, disse. A presidente da Pfizer Brasil reforçou que o primeiro lote chegará ao país entre abril e maio e, segundo ela, as entregas serão feitas semanalmente.

Apesar da preocupação em agilizar mais doses, ontem, durante audiência pública na comissão temporária do Senado que acompanha o combate à covid-19, o ministro afirmou que o Brasil já superou a marca de 900 mil indivíduos imunizados por dia. Na última semana, na primeira coletiva à frente da Saúde, ele prometeu vacinar 1 milhão de pessoas por dia.

“Claro que é preciso existir uma articulação entre as três esferas — União, estados e municípios —, por meio do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), para fazer o que nós mais sabemos: vacinar a população. Então, não é uma questão logística, é uma questão de disponibilidade de vacinas para esses primeiros três meses em que nós mostraremos à sociedade brasileira, de uma maneira muito clara, que estamos empenhados em ampliar a vacinação no país”, disse aos senadores. (BL e MEC) DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 18 de 28

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JORNAL – CORREIO BRAZILIENSE – 30.03.2021 – ONLINE

Apelo aos estrangeiros

Cansados de esperar por uma atuação mais efetiva do governo federal, prefeitos buscam mobilizar a comunidade internacional para captar recursos que auxiliem o Brasil a superar o dramático momento da pandemia da covid-19. Ressaltando que o país é o atual epicentro da doença no mundo, e responsável por produzir variantes do novo coronavírus, prefeitos produziram um vídeo pedindo socorro à comunidade estrangeira.

“Nós somos prefeitos do Brasil e precisamos de ajuda”, diz a mensagem, gravada com apoio da organização Vital Strategies. Participam da campanha, encabeçada pela Frente Nacional dos Prefeitos, os prefeitos de Fortaleza, Belém, Pelotas, Salvador, Florianópolis, Caruaru, Rio de Janeiro e Aracaju.

Narrando o atual cenário de desabastecimento e precariedade assistencial, os gestores municipais chamam a atenção para a necessidade de se aumentar a imunização contra a covid-19. “Quanto maior a proporção da população vacinada, menores os riscos. Acreditamos que, com ajuda de outras nações, podemos disponibilizar leitos, medicamentos, testagem gratuita, vacina, oxigênio para ajudar as populações mais vulneráveis”, solicitam no vídeo.

Em outra frente, esta junto ao recém-criado comitê covid-19 e articulada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), governadores também pediram o fortalecimento da colaboração com a comunidade internacional. Esse, aliás, foi mais um dos ingredientes para a queda de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores, sobretudo por conta da repercussão de que o chanceler atuou contrariamente à participação brasileira na aliança multilateral Covax Facility.

No Senado Em audiência pública no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçou que tentará adiantar mais vacinas adquiridas do consórcio Covax. Conforme adiantou, a possibilidade é articulada com os Estados Unidos, por meio de uma proposta de permuta. “Não é uma questão logística, é uma questão de disponibilidade de vacinas para esses primeiros meses”, reconheceu.

Queiroga também pediu um “voto de confiança” aos parlamentares, defendeu o uso de máscara e o distanciamento social para conter o avanço do novo coronavírus. Afirmou, ainda, ter “carta branca” do presidente Jair Bolsonaro para escolher uma equipe técnica na pasta.

Sobre insumos e leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), prometeu esforços para viabilizar a importação de insumos para intubação em 15 dias, mas cobrou uma organização de estados e municípios. “O ministro da Saúde não pode ser o AGR, o almoxarife-geral da República, só para cuidar dessa agenda. Não é só jogar a bomba aqui, tem que participar. Vamos compartilhar as responsabilidades. O Ministério da Saúde não pode ficar só enxugando gelo”, pediu. (BL e MEC)

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JORNAL – CORREIO BRAZILIENSE – 30.03.2021 – ONLINE

Secretária do MEC se demite

A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Izabel Lima Pessoa, pediu demissão do cargo, considerado um dos mais importantes da pasta. Ela era um dos poucos nomes que tinha boas relações com especialistas da área e não tinha ligação com a ala ideológica do governo, como sua antecessora, Ilona Becskehazy.

A demissão ainda não foi confirmada oficialmente pelo MEC, mas fontes garantiram que ela deixará o governo. Izabel perdeu o marido recentemente, vítima de covid-19, e disse a amigos estar muito fragilizada e sem condições de tocar uma secretaria essencial.

Ela deixa o governo em um momento em que o ministério tenta implementar medidas polêmicas, ligadas justamente à educação básica. Em plena pandemia e com escolas fechadas, a meta do governo é a de aprovar o homeschooling no país. Segundo fontes, Izabel não concordava com muitas das mudanças e se colocava em choque com a ala ideológica, comandada por Carlos Nadalin, secretário de alfabetização. Ela é funcionária de carreira do MEC desde 1990, especialista em formação de professores e estava no cargo de secretária desde agosto.

O ministro , aos poucos, amplia os espaços dos ideológicos. Nomeou, há poucos dias, Sandra Ramos, professora ligada ao movimento Escola Sem Partido para coordenação dos materiais didáticos. Ela já disse que queria dar uma “perspectiva conservadora cristã” e tirar referências à cultura africana da BNCC, o mais importante documento publicado nos últimos anos para nortear o que deve ser ensinado nas escolas e no qual as editoras de livros se baseiam.

JORNAL – CORREIO BRAZILIENSE – 30.03.2021 – ONLINE

Ortodoxia aposentada André Gustavo Stumpf/Jornalista

O governo brasileiro tinha mesmo que exonerar Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores. Era o caminho na tentativa de uma retomada à prática do diálogo tranquilo, normal e contemporâneo com a comunidade internacional. O personagem que deixa o comando do Itamaraty revelou-se um diplomata às avessas, inibiu o diálogo, criou problemas de relacionamento com a China, a Argentina e os Estados Unidos, precisamente os três maiores parceiros comerciais do país. Além disso, não se movimentou de maneira satisfatória para que o Brasil vencesse resistências e assinasse o tratado comercial com a União Europeia.

O agora ex-chanceler brasileiro é um desastre. Exótico. Seu discurso de posse foi proferido em tupi-guarani. Defendeu o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, quando este fez críticas ao governo chinês. Não precisava ter se envolvido no assunto, mas fez questão de demonstrar sua fidelidade ao chefe. Atacou o embaixador da China no Brasil. É o representante do país que cria o insumo básico para produção da CoronoVac, a vacina que majoritariamente está garantindo imunidade aos brasileiros.

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Mas houve outros equívocos graves. O primeiro deles, escandaloso, foi tomar partido no problema político interno da Venezuela. A política tradicional da diplomacia brasileira é não se envolver em assuntos internos de outros países. Mas ele decidiu ficar ao lado de Donald Trump, que apostou ser possível derrubar o governo Maduro em curto prazo. Declarou apoio a Juan Guaidó, que, ao longo do tempo, perdeu substância e hoje não tem nenhuma importância no processo político venezuelano. E Trump não lhe concedeu nada, nenhum aceno. Ficou isolado na América Latina.

Mas o grande erro, símbolo de uma era, aconteceu nos Estados Unidos. O presidente Bolsonaro foi recebido por Donald Trump na Casa Branca. Ele ficou fora da reunião. Cedeu seu lugar no salão oval para Eduardo Bolsonaro, que, aliás, queria ser o embaixador em Washington, porque já tinha fritado muito hambúrguer no Maine. Credencial impecável. Ernesto Araújo submeteu a política externa brasileira à dos Estados Unidos. Foi preciso muita conversa para evitar que os países árabes boicotassem produtos brasileiros depois do anúncio da transferência da embaixada do Brasil de Telavive para Jerusalém, que, afinal, não ocorreu.

O desgaste do ex-ministro das Relações Exteriores, que jamais comandou uma embaixada, foi enorme dentro do próprio Itamaraty. Ele ficou isolado na casa de Rio Branco. Se for removido para uma embaixada, terá que ser aprovado pelo Senado Federal, o que será muito difícil neste momento. Ele entrou numa situação semelhante à do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. O presidente tentou vários lugares para acomodá-lo, como sinal de agradecimento, mas ele foi discretamente repudiado por uns e outros, inclusive militares. Vai terminar em uma função secundária no Ministério da Defesa.

Mas há outra margem nessa travessia. Chama-se , ministro do Meio Ambiente. Ele integra o chamado grupo ideológico que existe dentro do governo. São os discípulos de Olavo de Carvalho. O principal problema brasileiro no exterior está ligado à conservação do meio ambiente. Os incêndios na Amazônia, a grilagem de terras, a condescendência com garimpeiros que atuam de maneira ilegal e o desmatamento sem controle preocupam dirigentes europeus. O ministro não dá nenhuma atenção aos protestos. Ao contrário, trabalha no sentido de abrir áreas indígenas à exploração comercial. Ou seja, o novo ministro de Relações Exteriores, embaixador Carlos Alberto Franco França, terá enorme dificuldades para agir se não houver mudança também no Ministério do Meio Ambiente.

Porta-vozes do governo de Washington já avisaram que desejam conversar com os brasileiros sobre meio ambiente, antes de tratar da eventual liberação do estoque de vacinas que eles mantêm. A vitória de Biden, que foi ignorada até o limite em Brasília, provocou diversos realinhamentos no mundo. No Brasil, era previsível que o país ficaria contra a maré montante na política internacional. O plano de recuperação econômica do governo dos Estados Unidos é estonteante. Está em execução o projeto para despejar quase dois trilhões de dólares sobre os norte-americanos. É uma brutal intervenção do governo na economia, muito maior do que Roosevelt fez na época do New Deal. As forças do mercado não são suficientes para fazer a economia voltar à sua trajetória de crescimento. Os chineses fizeram algo semelhante. Os manuais da ortodoxia econômica foram aposentados.

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JORNAL – VALOR ECONÔMICO – 30.03.2021 – PÁG. E1

Número de pedidos de recuperação judicial pode bater recorde neste ano

Expectativa é de alcançar o mesmo patamar de 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff

Por Joice Bacelo

Eduardo Seixas: empresas que sobreviveram com as medidas do governo, agora, sem a retomada do mercado, provavelmente vão ter que recorrer à recuperação — Foto: Divulgação

A demanda por recuperações judiciais, represada em 2020, cresce de forma acelerada nos escritórios de advocacia e o volume de pedidos na Justiça pode bater recorde neste ano. A expectativa da consultoria Alvarez & Marsal é de que se alcance o mesmo patamar de 2016, quando as crises política e econômica desaguaram em forte recessão. Foram 1.865 casos naquele ano.

Os primeiros números divulgados pela Serasa Experian mostram a aceleração de pedidos. Em fevereiro, foram registrados 90, um crescimento de 11% em comparação ao mesmo mês do ano passado e de 83,7% em relação a janeiro. Os micro e pequenos negócios foram os responsáveis pela alavancagem do índice.

Os números do mês de março ainda não estão fechados. Mas advogados preveem um volume ainda maior. A projeção é feita com base no que se vê no dia a dia: a busca por bancas especializadas explodiu. O agravamento da pandemia coincidiu com o vencimento dos prazos das dívidas que foram renegociadas pelas empresas no ano passado. Grande parte desses pagamentos venceu neste mês ou vai vencer no próximo.

“Todo mundo empurrou no ano passado. Só que a situação não melhorou. Está até pior. Os empresários estão numa insegurança de fluxo de caixa muito grande”, diz Juliana Bumachar, sócia do escritório Bumachar.

O Moraes & Savaget Advogados, estuda, atualmente, 38 casos de companhias interessadas em recuperação - judicial e extrajudicial. São, principalmente, empresas de turismo, dos setores hoteleiro e de transportes. No ano passado, destaca o sócio da banca, André Moraes, só três processos foram protocolados.

“Eu preparei recuperações judiciais em 2020 que não foram ajuizadas por conta da facilidade que tivemos em negociar com os bancos. Isso aconteceu com mais de um cliente, entre eles uma grande rede de hotéis. Só que os prazos de carência que foram concedidos lá atrás estão acabando e os bancos não têm mais a mesma disposição para negociar”, ele afirma.

Em 2020, segundo a Alvarez & Marsal, foram apresentados, em todo o país, 1.176 pedidos de recuperação judicial. Essa quantidade ficou abaixo do registrado nos anos anteriores. Em 2019 haviam sido protocolados 1.387 e em 2018, 1.408. DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 22 de 28

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O impacto que era esperado para 2020 não aconteceu porque, além das negociações privadas, dizem os especialistas, houve interferência do governo. O auxílio emergencial gerou consumo e as empresas puderam adiar o pagamento de tributos, reduzir salários e suspender contratos de trabalhadores. Conseguiram, ainda, nos bancos, juros mais baixos para novos financiamentos.

“Neste ano nós não vemos isso. O auxílio emergencial está desidratado, então a perspectiva de consumo é menor, e também não vemos a mesma quantidade de crédito subsidiado pelo governo”, diz o advogado Ricardo Siqueira, do escritório RSSA, que estuda entrar com quatro novos pedidos de recuperação judicial nos próximos dias.

Ele chama a atenção que mesmo as medidas de redução de jornada e salário, se novamente permitidas, não teriam o mesmo efeito do ano anterior. “Porque vem acompanhadas da contrapartida de estabilidade. As empresas estão muito receosas em assumir esse compromisso sem saber quanto tempo vai durar a pandemia.”

Para especialistas, se criou uma bolha em 2020 - que, agora, está prestes a estourar. A Alvarez & Marsal prevê que, neste ano, o número de pedidos de recuperação judicial chegue a 1,8 mil. Poderá ser até maior, dependendo do desempenho do PIB. Só se atingiu esse patamar uma única vez em toda a existência da Lei de Recuperações e Falências: 2016, o ano do impeachment de Dilma Rousseff.

Eduardo Seixas, diretor de reestruturação da consultoria, acredita que o volume de pedidos de recuperação vai começar a ser visto, com mais força, em abril e maio. Principalmente por pequenas e médias empresas de serviço e comércio. “Aquelas que sobreviveram com as medidas do governo, agora, sem a retomada do mercado, provavelmente vão ter que entrar [com pedido de recuperação]”, diz.

Há um contingente, além disso, que ainda não está sendo contabilizado e, segundo advogados, também vai estourar. Trata-se das recuperações extrajudiciais. A nova Lei de Recuperações e Falências, que entrou em vigor no dia 23 de janeiro, facilitou esse processo.

Tanto na recuperação judicial como na extrajudicial, o devedor reúne os seus credores para negociar. Elabora-se um plano de pagamento - geralmente com prazo de carência, descontos e o parcelamento dos valores. Se a maioria dos credores que está submetida ao processo aprovar tais condições, todos os outros ficam vinculados e receberão o que lhes é devido da mesma forma.

Muda de uma modalidade para a outra, no entanto, a quantidade de credores envolvida. Na judicial, são submetidas todas as dívidas contraídas pela devedora até a data de início do processo (há exceção para débitos fiscais e valores com garantia fiduciária).

Já na extrajudicial, a devedora escolhe os credores com quem deseja negociar - o que a permite, por exemplo, poupar fornecedores, evitando se indispor com quem é essencial ao negócio. Essa negociação ocorre sem que haja interferência do Judiciário. Só depois de aprovado pelo grupo de credores, o plano de pagamento é levado para a homologação de um juiz.

Antes da nova lei, era necessária a concordância de 50% dos credores com quem a devedora escolheu negociar. Agora, se o devedor tiver um terço de aprovação do plano de pagamento, ele comunica o juiz e DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 23 de 28

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Iris Helena ganha um prazo de 90 dias para tentar convencer os demais - e chegar aos 50%. Durante esse período, as ações de cobrança contra ele ficam suspensas.

Se mesmo depois desse prazo o devedor não conseguir a aprovação, ele ainda pode entrar com pedido de recuperação judicial. “A extrajudicial é mais simples e os custos são menores. Não tem assembleia-geral de credores, nem precisa de administrador judicial”, diz Juliana Bumachar.

A busca por essa modalidade superaqueceu com a entrada em vigor da nova lei. “Agora está meio a meio [em comparação às recuperações judiciais]. Isso nunca aconteceu antes”, afirma a advogada. Só no escritório em que é sócia, o Bumachar Advogados Associados, estão sendo negociados três planos de recuperação extrajudicial.

Como a lei mudou há pouco tempo e as negociações entre devedores e credores ocorrem fora do Judiciário, só se terá ideia da proporção de recuperações extrajudiciais em maio ou junho - quando os planos de pagamento começarão a ser aprovados e levados para a homologação do juiz.

Justiça aceita pedido de clube de futebol

Decisão poderá servir como precedente para novos casos

Por Joice Bacelo

O Judiciário tem se mostrado cada vez mais flexível ao decidir sobre quem pode entrar em processo de recuperação judicial. O caso mais recente envolve o Figueirense, clube de futebol de Santa Catarina, que obteve o direito em decisão do desembargador Torres Marques, do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SC). É a primeira decisão do país num processo envolvendo clube de futebol. Antes desse caso, no entanto, pelo menos outras duas associações sem fins lucrativos de outros segmentos já haviam obtido decisão favorável: a Universidade Candido Mendes, em maio do ano passado, e o Hospital Evangélico da Bahia, no mês de setembro.

Essa discussão existe porque a Lei de Recuperações e Falências (nº 11.101, de 2005) se refere a “empresário” e “sociedades empresárias”. A corrente que defende uma interpretação mais restritiva da norma afirma que as associações não podem ser enquadradas como empresas. Uma empresa, por exemplo, dizem, pode distribuir lucro - o que é vedado para as associações sem fins lucrativos.

Ganha cada vez mais força no meio jurídico, no entanto, uma outra corrente: a que defende que a associação pode ser considerada empresa se exercer uma atividade econômica de forma organizada, gerando receitas, empregos e impacto econômico-social.

O desembargador Torres Marques, do TJ-SC, segue essa linha mais flexível na decisão que beneficiou o Figueirense. “O mundo do futebol não pode ser considerado como mera atividade social ou esportiva, essencialmente por tudo que representa em uma comunidade e toda a riqueza envolvida (passes dos jogadores, patrocínios, direitos de imagem e de transmissão, entretenimento e exploração da marca)”, diz. Torres Marques destaca que consta na Lei de Recuperações e Falências um rol de entes excluídos, aqueles que estão impedidos ao processo (instituições financeiras e sociedade de seguros, por exemplo). Nesse DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 24 de 28

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Iris Helena contexto, afirma, se preenchidos os demais requisitos legais, nada impede que as associações civis sejam submetidas ao processo.

O desembargador cita ainda a Lei Pelé (nº 9.615, de 1998). Essa norma estipula que as entidades de prática desportiva participantes de competições profissionais e as entidades de administração de desporto ou ligas em que se organizarem, independentemente da forma jurídica sob a qual estejam constituídas, equiparam-se às das sociedades empresárias. O Figueirense apresentou pedido à Justiça de Santa Catarina para antecipar o chamado “stay period”, um benefício dos processos de recuperação, que permite a suspensão das ações de cobrança contra o devedor. Em primeira instância, o pedido havia sido negado. O objetivo do clube é buscar um acordo organizado com os credores dentro de uma recuperação extrajudicial.

Com a decisão do desembargador, o juiz fica obrigado a analisar o pedido sobre a concessão do “stay period”. A última movimentação do processo ocorreu na semana passada. O juiz Luiz Henrique Bonatelli solicitou os balancetes do clube para que possa avaliar a situação.

“A todos interessa que um agente econômico, gerador de riquezas no sentido mais amplo, queira e consiga se recuperar”, diz Luiz Roberto Ayoub, sócio do Galdino & Coelho, que atua para o Figueirense nesse caso, acrescentando que essa decisão servirá como precedente para novos casos. A própria banca, por exemplo, já foi procurada por outros clubes de futebol.

Ayoub também presta consultoria para a Candido Mendes. Dez meses depois de entrar com o pedido de recuperação judicial, a universidade - a primeira entre as associações a obter decisão favorável da Justiça - se prepara para a assembleia-geral de credores. Deve ocorrer no começo de abril. Estão em negociação cerca R$ 370 milhões.

Cristiano Tebaldi, pró-reitor de ensino da universidade, diz que esse processo está sendo essencial para a Candido Mendes. “A recuperação judicial foi adotada para proteção, recuperação e prosseguimento. Sem a proteção, estaríamos sujeitos a ações de execução e penhoras e isso tem o poder de paralisar uma empresa”, afirma.

Sem os credores batendo à porta, a universidade ganhou fôlego para se reestruturar. Contratou uma empresa de consultoria e trabalhou, ao longo do ano, para centralizar as operações, o que reduziu os custos em R$ 27 milhões, e conseguiu se reposicionar no mercado, aumentando os polos de ensino à distância e o número de alunos nessa modalidade.

Houve debate no projeto que tratou da reforma da Lei de Recuperações e Falências sobre a inclusão das associações entre os que poderiam ter acesso aos processos. Mas os bancos, na época, fizeram forte pressão e acabaram ganhando a queda de braço - esse trecho não vingou.

A nova lei, em vigor desde o dia 23 de janeiro, ainda assim, ampliou a base de quem pode pedir recuperação. Produtores rurais e as cooperativas operadoras de planos de assistência à saúde, agora, constam expressamente na lei. Essas cooperativas haviam sido vetadas pelo presidente Jair Bolsonaro, mas o Congresso derrubou o veto.

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Antes da nova lei, no entanto, já havia decisões, no Judiciário, para permitir a recuperação tando de produtores rurais como das cooperativas de saúde. As Unimeds Norte-Nordeste e Petrópolis, por exemplo, tiveram os seus pedidos de recuperação aprovados em 2020 e 2018, respectivamente. Já a Unimed Manaus conseguiu a aprovação da Justiça no mês de dezembro.

Destaques

Cobrança de aluguel

Na sucessão por falecimento, a extinção do condomínio em relação a imóvel sobre o qual recai o direito real de habitação contraria a própria essência dessa garantia, que visa proteger o núcleo familiar. Também por causa dessa proteção constitucional e pelo caráter gratuito do direito real de habitação, não é possível exigir do ocupante do imóvel qualquer contrapartida financeira em favor dos herdeiros que não usufruem do bem. A tese foi reafirmada pela 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao reformar acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que havia declarado a extinção do condomínio e condenado a companheira do falecido e a filha do casal, que permaneciam no imóvel, ao pagamento de aluguel mensal às demais herdeiras. Apesar de reconhecer o direito real de habitação da companheira, o TJ-SP entendeu que essa prerrogativa não impede a extinção do condomínio formado com as demais herdeiras, filhas de casamento anterior do falecido. Em consequência, o tribunal determinou a alienação do imóvel, com a reserva do direito real de habitação (REsp 1846167).

Equiparação a bancário

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) excluiu o enquadramento da Finsol Sociedade de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte, de Presidente Dutra (MA), como instituição financeira. Com isso, a 4ª Turma afastou o direito de uma vendedora à jornada e às demais vantagens da categoria dos bancários. Na reclamação trabalhista, a vendedora disse que havia trabalhado para a Finsol durante cerca de cinco anos em funções típicas de bancário e, portanto, pleiteava a equiparação para fins de recebimento das verbas devidas. O juízo da Vara do Trabalho de Presidente Dutra condenou a empresa ao pagamento das diferenças, e a sentença foi mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Maranhão. Segundo o TRT, o fato de a Finsol estar habilitada no Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) não afasta a sua equiparação às instituições financeiras, pois se trata de uma cooperativa de crédito, com pequenas restrições em relação a outras cooperativas. No recurso de revista, a Finsol sustentou que, na condição de sociedade de crédito a microempreendedores, não tem autorização legal para realizar operações de captação de recursos junto ao público, conceder empréstimos para fins de consumo nem ter participação societária em instituições financeiras, entre outras restrições. Portanto, suas atividades não poderiam ser equiparadas às dessas instituições (RR-16126-40. 2016.5.16.0020).

Gamer banido

A Garena Agenciamento de Negócios e a Google Brasil Internet poderão manter a suspensão da conta de um gamer em um jogo virtual. A Justiça rejeitou, em duas instâncias, o pedido liminar do usuário para reativação do acesso. A 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) manteve decisão da comarca de Mariana (agravo de instrumento nº 1.0000.20.561772-3/001). Para a turma julgadora, não ficou demonstrada qualquer ilegalidade na exclusão da conta, portanto não se configurava a probabilidade do DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 26 de 28

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Iris Helena direito. O jogador de 23 anos alega que foi suspenso e teve seu smartphone bloqueado sem justificativa, o que prejudica seu ranqueamento em relação aos concorrentes de forma irreversível. O jovem argumenta que em 30 de junho de 2020, a Garena bloqueou arbitrariamente sua conta no ambiente de jogo, sem notificá-lo previamente nem explicitar a suposta conduta ilícita praticada. Sem conseguir esclarecimentos, o gamer ajuizou ação pleiteando o reativamento da conta.

JORNAL – VALOR ECONÔMICO – 30.03.2021 – PÁG. E2

Estímulos ao ‘reempreendedorismo’

Texto é inovador por permitir a possibilidade de a empresa negociar com credores antes de entrar em recuperação

Por Antonio Caetano Borges Neto

A nova Lei de Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falências (Lei nº 14.112, de 2020) entrou em vigor recentemente, em 23 de janeiro, sendo totalmente reformada e trazendo alterações relevantes em relação à Lei nº 11.101, de 2005. Com o objetivo de reduzir a burocracia e acelerar os processos de recuperação judicial no Brasil, as empresas em dificuldades financeiras, permanecerão (caso ela seja viável) no cenário econômico, gerando emprego, renda e riquezas para o Brasil.

Como é de conhecimento dos profissionais atuantes nesse segmento, a legislação anterior desestimulava o “reempreendedorismo”, ficando o devedor preso por muitos anos no processo de recuperação judicial. Já o novo texto possibilita ao empresário a reabilitação do empreendimento em até três anos depois da quebra, desde que o patrimônio esteja à disposição dos credores.

Texto é inovador por permitir a possibilidade de a empresa negociar com credores antes de entrar em recuperação

Entre outras medidas, a criação do financiamento para empresas em processo de falência e o parcelamento de déficit tributário, colocam o país em linha com o que há de mais moderno no mundo, em termos de legislação falimentar.

A expectativa é que, com a nova lei, as empresas tenham mais acesso à reestruturação e também possam utilizar com mais vantagem o processo de falência. As mudanças permitirão ampliar o financiamento a empresas em recuperação judicial, melhorarão o parcelamento e o desconto para pagamento de dívidas tributárias, e possibilitarão aos credores apresentarem plano de recuperação da empresa, o que obviamente trará impactos positivos sobre a economia brasileira.

Com a alteração legislativa, as empresas em recuperação podem escolher entre duas modalidades de parcelamento: usar o prejuízo fiscal para cobrir até 30% da dívida e parcelar o restante em 84 meses ou pagar os seus débitos em até 120 vezes.

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Iris Helena

Uma das principais mudanças se refere à possibilidade de apresentação de plano de recuperação judicial pelos credores. Antes da reforma na lei, somente o devedor podia propor as condições de renegociação, por meio dos administradores judiciais. Entretanto, isso dificultava o avanço das tratativas por parte dos credores, que tinham poucas opções a escolher: ou acatavam as condições estabelecidas pelos administradores da empresa em recuperação, ou assumiam o risco de enfrentar um longo e oneroso processo de falência do devedor, sendo qualquer das duas opções, muitas vezes, desalinhadas com a capacidade de suportar a dívida pelo credor.

Outra mudança considerável apresentada pela nova legislação, reputa ao juiz da causa, que poderá, depois de ouvido o comitê de credores, autorizar a celebração de contratos de financiamento com o devedor, garantidos pela oneração ou pela alienação fiduciária de bens e direitos, seus ou de terceiros, pertencentes ao ativo não circulante, para financiar as suas atividades e as despesas de reestruturação ou de preservação do valor de ativos.

Incluindo nessa novidade o fato de que os bens pessoais dos devedores poderão ser usados como garantia, desde que haja autorização judicial.

O texto é inovador também ao permitir a possibilidade de a empresa negociar com credores antes de entrar em recuperação judicial, isso ocorreria em uma fase pré-processual, estimulando em todos os sentidos, a conciliação, a mediação e outros métodos alternativos de solução de conflitos relacionados à recuperação judicial e à falência.

Nesse ínterim, conforme almejado pelo mercado corporativo, houve a definição do conceito de unidade produtiva isolada. Isso significa que quem comprar os ativos de uma empresa em recuperação judicial terá segurança de que não herdará problemas que não estavam previstos, acabando assim, com a sucessão de passivos que desencorajava os investidores.

Ademais, com a regulamentação das Fazendas Públicas nos processos de falência, foram deixadas para trás determinadas falhas na legislação anterior que provocavam ineficiência, insegurança e litigiosidade. As novas regras não trazem impacto fiscal sobre as contas do governo.

A partir de agora, a extensão do prazo de pagamento das dívidas tributárias por parte dos devedores, passou de sete para dez anos. Também houve prorrogação de pagamento dos débitos trabalhistas, que agora poderão ser quitados em três anos. Vale lembrar que antes, o prazo era de apenas um ano, o que resultará na regeneração do empresário a médio prazo, possibilitando novas formas de ápice de sua empresa no mercado em que atua.

Ainda que tardiamente, o texto sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, ampliou o escopo de atuação da lei, permitindo a produtores rurais a possibilidade de pedir falência. Também determinou que o prazo de 180 dias para a venda dos ativos da empresa que pediu falência seja cumprido à risca. A prorrogação por mais seis meses será adotada somente se o credor não der atenção ao atraso.

É verdade que a recente lei proíbe a distribuição de lucros ou dividendos para os sócios, até a aprovação do plano de recuperação da empresa. Ressalta-se também, que o Fisco passa agora a ter mais poder sobre as DATA CLIPPING 30.03.2021 PÁGINA Nº BIBLIOTECA 28 de 28

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Iris Helena recuperações, podendo requerer a falência do devedor. Mas a finalidade é evitar a inadimplência tributária por parte da recuperanda.

Vale destacar por fim, que os devedores em recuperação judicial terão mais possibilidades de transações especiais. Esse novo marco de segurança jurídica, incentivará os investimentos melhorando o valor de ativos adquiridos dentro de um processo de recuperação judicial, entre outras transformações, que serão percebidas com o passar dos anos.

Assim, não poderia ser mais oportuna a promulgação da nova leges, pois ajudará os empresários brasileiros a recuperarem-se do período da covid-19.

Antonio Caetano Borges Neto é associado no escritório Nahas Sociedade de Advogados

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