APRESENTAÇÃO -.:: Biblioteca Virtual Espírita
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APRESENTAÇÃO Ás vésperas do lançamento do primeiro Anuário Espírita, edição 1964, o seu diretor, na época, Dr. Lauro Michielin, dirigiu-se a Uberaba com a intenção de entrevistar, André Luiz, o conhecido autor espiritual do livro Nosso Lar e de muitos outros, buscando, assim, a elucidação de al- gumas dúvidas em torno da Vida no Além, Sexo, Reencarnação e outros temas. Com a aceitação de seu pedido, a entrevista foi realizada através dos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira. E, hoje, voltamos a reproduzi- la em face de sua importância e atualidade, e por não ter sido incluída em livro. Ocorreu, ainda, logo após esta entrevista, um episódio histórico: revelou-se, pela primeira vez, a fisionomia de André Luiz, pois, atenden- do ao pedido do companheiro Joaquim Alves (Jô), o médium Waldo Vieira, graças à sua clarividência, fez o esboço do retrato, encarregando-se, o próprio Jô, da arte final. E com a autorização de ambos os médiuns, a imagem do notável “repórter do Além” ilustrou a referida entrevista, que agora reapresentamos. ANUÁRIO ESPÍRITA 11 A nossa Seção de Cinema dá um destaque ao filme brasileiro Be- zerra de Menezes: o Diário de um Espírito, um longa-metragem com ro- teiro baseado em cuidadosa pesquisa histórica, recentemente exibido nos cinemas, com sucesso, permanecendo várias semanas em cartaz. Na Seção “Esperanto em Tópicos” estamos homenageando o Sesquicentenário de criação do Idioma Fraterno, que foi corporificado na Terra graças ao missionário Zamenhof, bem como saudando Ismael Go- mes Braga, o notável divulgador do Esperanto em nosso país, 40 anos após o seu regresso ao Mundo Maior. Foi Ismael quem nos deu grande estímulo, desde a nossa primeira edição, redigindo o artigo inaugural. E, assim, com muita alegria, repro- duzimos a sua preciosa colaboração, intitulada EEE, para a edição de 1965, de grande utilidade até os nossos dias. E, com as outras variadas seções deste Anuário, desejamos, ao caro leitor, uma ótima leitura, plena de informações a respeito do movimento espírita no Brasil e no Mundo. Araras, 03 de outubro de 2008. OS EDITORES 12 ANUÁRIO ESPÍRITA SEREMOS TODOS, UM DIA, ESPÍRITAS? Joamar Zanolini Nazareth (Uberaba/MG) “799. De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o Progresso? Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz os homens compreenderem onde está o seu verdadeiro interesse...”. Allan Kardec “O Livro dos Espíritos” – questão 799 – Livro Terceiro – cap. VIII – EME Editora Os desafios em se construir uma nova sociedade são muito grandes e pedem o esforço de todas as criaturas que desejam permanecer habitando a nossa escola planetária. Para edificarmos uma nova sociedade precisamos enfrentar uma série de obstáculos, que necessitamos encarar de frente, em vez de fugirmos de nossas responsabilidades, adotando uma postura de extremo pessimismo, onde muitos se fazem anunciadores da extinção do planeta e da Humanidade, ou de extremo otimismo, onde imaginam muitos que ANUÁRIO ESPÍRITA 13 anjos descerão dos céus, trazendo a fórmula pronta e decretando a nova comunidade humana. Nem uma coisa nem outra, cremos nós, representa o real caminho que os emissários superiores têm trabalhado ao longo dos séculos e milênios de civilização humana. Indagado certa vez, nosso querido médium Francisco Cândido Xavier, sobre se havia riscos de que a Humanidade se auto-eliminasse, por ainda abraçar posturas duvidosas de paixão pelas guerras, pelas conquistas selvagens, de agressão incessante à Natureza, ao egoísmo avassalador de nossa sociedade materialista, ao personalismo que afasta e irrita em vez de unir e congregar, à vaidade corrosiva que nos ilude e atrasa, pela violência que ainda abrigamos no coração e por tantas imperfeições que caracterizam o “homem velho” que ainda habita a Terra, o nobre médium respondeu que somos dotados do livre-arbítrio, da responsabilidade sobre nossos atos, e que, por mais amor Nosso Criador nos devote, na condição de espíritos eternos, somos compelidos a colher o que plantamos. Se destruíssemos o planeta, Deus nos conduziria a outras casas planetárias. O importante é a educação que alcançaremos dentro da lei de ação e reação, aprendendo os caminhos do amor e das demais virtudes e nobres sentimentos em processo de construção dentro da lei de mérito, de necessidades e de responsabilidade sobre nossos atos. Mas ressaltou Chico que temos uma torrente de Espíritos Superiores trabalhando pela elevação da condição espiritual de nosso mundo, nos intuindo para o bem e para as grandes construções do espírito. Quer dizer que temos todas as ferramentas e auxílio necessários para verdadeiramente alçarmos a Terra ao Mundo de Regeneração que tanto sonhamos, mas que tal promoção se dará por esforço de toda a coletividade, e não por presente do Criador, mesmo que teimássemos em abraçar a preguiça ou a renitência no mal. Logicamente que há procedimentos disparados pelos mecanismos naturais da Lei de Progresso, em que os mais perversos e cruéis já estão sendo recambiados para outros mundos, após ainda receberem últimas oportunidades de aderir ao novo compromisso de transformação da sociedade, e mesmo assim insistirem em condutas altamente perniciosas ao espírito de trabalho, fraternidade e esforço. Mas mesmo se vendo a coletividade livre da influência dos mais 14 ANUÁRIO ESPÍRITA maldosos e agarrados ao orgulho destruidor e inflexível, há muito o que fazer para edificarmos a nova sociedade. Não basta isolar o mal mais agudo para pensar que todos os problemas estão resolvidos. Lembrando a colocação de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, não basta uma virtude; é preciso que ela seja ativa. Simplesmente não fazer o mal não significa que se esteja fazendo o bem. Há uma longa lista de prioridades que precisamos abraçar para movimentarmos a máquina social no rumo correto. Não podemos, nós, espíritas, estacionarmos na ilusão de que não cometendo grandes vícios, lendo meia dúzia de páginas com lições edificantes, fazendo algumas preces por semana, transmitindo regular número de passes, conversando mansamente com espíritos sofredores nas reuniões mediúnicas, servindo determinada quantidade de pratos de sopa, abraçando pequeno grupo de crianças carentes ou alçando o próprio nome a relativo patamar de reconhecimento dos confrades e confreiras do Movimento Espírita, estejamos dando a nossa “imensa” contribuição no novo mundo. O Espiritismo não é um rótulo salvador ou um passaporte para privilégios ante a Nova Era... Não basta crer no Espiritismo e aderir a uma dezena de obrigações mecânicas para achar-se relacionado na “seleção” dos abençoados do Pai Celestial. Precisamos ter atitudes profundas e verdadeiras no meio social, pois o Espiritismo se tornará crença comum, não no sentido de todos se tornarem espíritas, mas no sentido de que as ciências irão desvendando as leis da Natureza, e todos os princípios que hoje se encontram restritos à interpretação espírita restarão universalizados na compreensão humana. AINDA HAVERÁ DIVERSIDADE DE INTERPRETAÇÕES? A criatura traz em si uma das leis mais espantosas da Criação: a individualidade de todos os seres. Não há dois espíritos iguais em toda a obra da Criação. Entre os ANUÁRIO ESPÍRITA 15 infinitos mundos, em todo o nosso Universo ou no Multiverso sem fim, na incalculável presença do princípio espiritual, Deus cunhou a cada um com o selo individual. Não somos produzidos em série, somos nascidos do puro amor divino, com um caminho totalmente particular. Então, mesmo com a aceitação pela sociedade, de princípios hoje dito espíritas, como a eternidade da vida, a lei de evolução, a reencarnação, a individualidade do ser, a comunicação com os chamados mortos, com a mediunidade sendo compreendida como sentido natural do ser humano, ainda existirá diversidade de interpretação sobre o funcionamento e a aplicação de tais princípios na vida de todos nós. Traduzindo: os princípios espíritas, se universalizarem, farão parte naturalmente da vivência social, estarão discutidos e explicados pela Ciência, aprofundados e refletidos pela Filosofia e manifestados e praticados pela Religião, mas não serão todos espíritas. Tal qual, hoje várias correntes religiosas acatam a existência do Cristo, mas a personifica de formas diversas; tal qual hoje, muitas correntes sociológicas discutem o conceito de sociedade moderna, porém divergem sobre qual rumo exato deveria seguir a comunidade humana; tal qual hoje, diversas correntes da Economia identificam fórmulas para se sanar as dificuldades econômicas das nações, contudo criam-se embates divergindo sobre os princípios que devem ser implantados nos países; tal qual hoje, as inúmeras correntes filosóficas compreendem existir Deus, no entanto os nomes e formas como é entendida a presença do Criador variam a centenas de interpretações; tal qual hoje, as correntes médicas estudam grande quantidade de doenças, entretanto existem discussões sobre os melhores hábitos para termos saúde... Por exemplo, para uns, o ovo é um vilão, para outros, é um elixir... Portanto, o que importa não é uniformizar idéias ou interpretações; o importante é a Humanidade ir amadurecendo para abraçar novos conceitos, compreender fatos que antes não entendia, abarcar com mais abertura explicações acerca da vida, destruir preconceitos que lhe toldavam a visão, cessar de negar conceitos pelo simples orgulho e vaidade, incorporar informações que alarguem a vista e nos façam entender o que no passado nos intrigava... E tudo isto sem deixar de haver diversidade. Precisamos nos fixar nos pontos comuns que congreguem o ser humano e não nos pontos que ainda representem diferenças interpretativas. 16 ANUÁRIO ESPÍRITA Como exemplo, podemos citar alguns aspectos de condutas e paradigmas que podem ser absorvidos pela nova sociedade, respeitadas as diferenças. A CIÊNCIA ACEITARÁ OS PRINCÍPIOS ESPÍRITAS? Quando um cientista diz que Deus não existe, ele não está praticando Ciência; ele está expondo um ponto de vista pessoal, extravasando o orgulho que lhe corre nas veias da alma. A postura verdadeira de um cientista seria dizer que ele não obteve uma prova de que Deus exista, mas também não conseguiu obter uma prova de que Deus não existe. A Ciência da nova sociedade deverá prosseguir sua caminhada, desprovida de vaidade e orgulho.