HISTORIA SOCIAL DA ARGENTINA 08 05 V.9.Indd
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Relações coleção coleção Internacionais História social da Argentina contemporânea MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Ministro de Estado Aloysio Nunes Ferreira Secretário ‑Geral Embaixador Marcos Bezerra Abbott Galvão FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO Presidente Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais Diretor Ministro Paulo Roberto de Almeida Centro de História e Documentação Diplomática Diretor Embaixador Gelson Fonseca Junior Conselho Editorial da Fundação Alexandre de Gusmão Presidente Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Membros Embaixador Ronaldo Mota Sardenberg Embaixador Jorio Dauster Magalhães Embaixador Gelson Fonseca Junior Embaixador José Estanislau do Amaral Souza Embaixador Eduardo Paes Saboia Ministro Paulo Roberto de Almeida Ministro Paulo Elias Martins de Moraes Professor Francisco Fernando Monteoliva Doratioto Professor José Flávio Sombra Saraiva Professor Eiiti Sato A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira. Torcuato S. Di Tella História social da Argentina contemporânea 2ª Edição revisada Brasília – 2017 Direitos de publicação reservados à Fundação Alexandre de Gusmão Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo 70170 ‑900 Brasília–DF Telefones: (61) 2030‑6033/6034 Fax: (61) 2030 ‑9125 Site: www.funag.gov.br E ‑mail: [email protected] Equipe Técnica: Eliane Miranda Paiva André Luiz Ventura Ferreira Fernanda Antunes Siqueira Gabriela Del Rio de Rezende Luiz Antônio Gusmão Título original: Historia social de la Argentina contemporánea. Buenos Aires: Troquel, 1998. Tradução: Ana Carolina Ganem Revisão e notas técnicas: Rafael Pavão Projeto Gráfico: Daniela Barbosa Capa: Imagem do Obelisco e da bandeira nacional da Argentina, na Praça da República, Buenos Aires. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Programação Visual e Diagramação: Gráfica e Editora Ideal Impresso no Brasil 2017 D411 Di Tella, Torcuato. História social da Argentina contemporânea / Torcuato Di Tella. – 2. ed. rev. - Brasília : FUNAG, 2017. 417 p. ‑ (Coleção relações internacionais) ISBN 978 -85 -7631 -672-5 1. História social - Argentina. 2. Política - Argentina. 3. Presidência da República - Argentina. 4. Economia - Argentina. 5. Governo militar - Argentina. 6. Política e governo - Argentina. 7. Imigração - Argentina. 8. Movimento trabalhista - Argentina. I. 9. Sistema partidário - Argentina. I. Título. II. Série. CDD 306.982 Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lei n° 10.994, de 14/12/2004. APRESENTAÇÃO Sérgio Eduardo Moreira Lima1 A presente versão, em português, do livro História Social da Argentina Contemporânea, de autoria do Professor Torcuato S. Di Tella, constitui iniciativa editorial para promover no Brasil o conhecimento do nosso grande vizinho e parceiro no Mercosul. Embora a relação com a Argentina seja estratégica para o Brasil e para o processo de integração regional, existe ainda uma lacuna bibliográfica nos dois países, nas respectivas línguas, português e espanhol, a respeito de narrativas e análises históricas que facilitem o entendimento mútuo. Esta edição busca contribuir para o preenchimento desse vazio. Representa, igualmente, uma homenagem ao autor, grande intelectual, sociólogo e estudioso argentino, cujo pai, de origem italiana, fundou o Instituto que se tornou a conceituada Universidade Torcuato di Tella, e cujo irmão, Guido, foi chanceler na gestão do Presidente Menem, no período 1991 a 1999. A ideia da segunda edição era poder contar com um posfácio do Professor Di Tella, que atualizasse a narrativa histórica, estendendo-a até a eleição do Presidente Macri. Tive o prazer de conversar com ele 1 Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG). algumas vezes por telefone e visitá-lo em 2016 em seu apartamento em Buenos Aires, acompanhado da Secretária Fernanda Soares dos Santos, da Embaixada do Brasil. Pudemos testemunhar, então, seu entusiasmo pelo empreendimento, sobretudo diante da perspectiva de ajudar na aproximação entre Brasil e Argentina por meio de dados e análises capazes de gerar o interesse em compreender a formação e o desenvolvimento de seus povos. Infelizmente, esse esforço pelo lado argentino não pôde ser concluído como desejávamos em razão do falecimento de Di Tella. Diante da importância do livro e de seu autor, a Funag decidiu ultimar a revisão do texto e editá-lo, acrescentando o prólogo do conhecido jornalista Ariel Palacios, correspondente em Buenos Aires há muitos anos e conhecedor da realidade argentina. A publicação cobre, assim, desde as raízes históricas da Argentina, a gênese de sua formação social, cultural e econômica, até o final do século XX e o início do governo de Néstor Kirchner. O autor narra de forma crítica, com a ironia que lhe era característica, a epopeia da formação da Argentina contemporânea. Nesse percurso, são tratados o processo de independência, a consolidação do Estado argentino, o apogeu do regime oligárquico, as reformas eleitorais, o peronismo, os períodos militares e a redemocratização. Este livro se soma à Integração Brasil-Argentina: história de uma ideia na “visão do outro”, de Alessandro Candeas, cuja 2ª edição revisada foi publicada recentemente pela Funag, ainda em meio às comemorações dos trinta anos da Declaração do Iguaçu, que marca o processo de aproximação entre os dois países, já no contexto da redemocratização e da criação das condições para a integração regional. Gostaria de registrar meu agradecimento ao Ministro Alessandro Candeas, então Diretor do IPRI, e ao seu sucessor, o Ministro Paulo Roberto de Almeida, que deram sequência ao projeto, bem como ao analista de Relações Internacionais Rafael Pavão pela revisão do livro e redação das notas de rodapé. Expresso ainda o reconhecimento ao Doutor Luiz Antônio Gusmão pela revisão técnica final da obra; e, especialmente, ao jornalista Ariel Palacios pelo elucidativo prólogo, que tão bem contextualiza o trabalho de Di Tella e instiga o leitor a avançar em sua leitura. A ideia do projeto original é do Embaixador Carlos Henrique Cardim, ainda quando Diretor do IPRI. O estudo da história social da Argentina permite, ademais, ao leitor preparar-se para melhor compreender a evolução do relacionamento com o Brasil. O objetivo da Funag, instituição vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, é contribuir para formar uma opinião pública sensível aos problemas da convivência internacional. Estou certo de que o livro que ora apresentamos ao leitor brasileiro constitui subsídio útil para conhecer nossos vizinhos e parceiros argentinos e, a partir daí, poder avaliar as perspectivas de um destino comum. PRÓLOGO Seu sobrenome constituía uma “grife” na Argentina – era um Di Tella – que o blindava de críticas de neoliberais (seu pai havia sido um poderoso empresário, um dos emblemas do capital argentino), que o salvava dos ataques dos nacionalistas (sua família havia sido um dos bastiões da burguesia nacional) e dos intelectuais de esquerda (seu pai, um imigrante italiano, havia financiado desde Buenos Aires o antifascismo durante a Era Mussolini e ele e seu irmão Guido fundaram o Instituto Di Tella, o mais importante centro de arte de vanguarda da América Latina nos anos 60). O portenho Torcuato Di Tella, antes de fazer 25 anos, havia se casado com uma indiana – Kamala – e fundado o Clube Socialista de Hyderabad, na Índia. Mas, o governo local considerou que ele estava se intrometendo na política e não renovou seu visto. Di Tella teve que partir. Este foi um dos diversos momentos de polêmica e de globe-trotter que Di Tella teve em sua vida. Na sequência foi a Londres, voltou à Argentina, morou nos Estados Unidos, foi embaixador na Itália, além de ser professor em diversas universidades em todo o planeta, entre diversas outras funções. Mas, além de seu pedigree familiar, ele tinha seus quilates intelectuais próprios. Escreveu trinta livros nos quais disseca a história e a economia argentina com didatismo e elegante sarcasmo. Di Tella ironizava as diversas gerações que tentaram enxergar no país realidades inexistentes: “uma geração acreditava que Paris estava em cada esquina de Buenos Aires [...] e outra achava que Sierra Maestra estava presente em cada favela argentina”. Qual é a grande vantagem para um não argentino ler uma obra de Di Tella? É a de que Di Tella não militava nos setores que geralmente protagonizam os antagonismos argentinos. Ele é uma daquelas escassas vozes que não se alinham automaticamente e integralmente a um dos lados em feroz conflito com outro. A diferença da Argentina para o Brasil é que este, na maior parte de sua história independente, foi o país do consenso político e do sincretismo cultural (e religioso). Foi a terra dos arranjos políticos onde havia espaço para boa parte do leque partidário se acomodar em cargos públicos. Foi também o país do “deixa disso”. O antagonismo em terras brasileiras havia sido (e, repito, na maior parte da sua história) algo raro. Mas a vizinha meridional, a Argentina, na contramão do Brasil, foi na totalidade do tempo um país onde o antagonismo foi o leitmotiv. Ou melhor, um furibundo antagonismo. Desde os tempos da independência argentina a atitude de consensuar (ou conciliar)