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Resolução nº 38/2016 b) Conservar espécies de animais ou plantas, segundo interesse ou valores tradicionais particulares; de 17 de março c) Conservar áreas de particular variedade genética, O arquipélago de Cabo Verde possui uma grande áreas com grande variedade de ecossistemas, diversidade e singularidade biológica em espécies de fauna espécies de endemismo; e fl ora, e que se encontram sob ameaças de vária ordem, d) Conservar paisagens com grande beleza panorâmica, razão pela qual foram declaradas 47 (quarenta e sete) de grande valor estético ou científi co; áreas protegidas, que albergam grande parte do património faunístico e fl orístico, cujos instrumentos de ordenamento e) Dinamizar o turismo nos sítios naturais; e gestão vêm sendo elaborados e implementados, tendo f) Conservar locais de grande interesse de investigação em vista a garantia da sustentabilidade do sistema. científi ca; Com efeito, a conservação e valorização da biodiversidade, g) Conservar os sítios geográfi cos, culturais, através da conservação insitu, sobretudo em espaços naturais arqueológicos e históricos. protegidos, constituem um dos eixos prioritários da política Artigo 3.º do Governo da VIII Legislatura para o setor do Ambiente, cujas diretrizes emanam do Segundo Plano de Ação Nacional Entrada em vigor para o Ambiente, aprovado pela Resolução n.º 14/2005, de A presente Resolução entra em vigor no dia seguinte 25 de abril, e revisto em 2012, da Estratégia Nacional e ao da sua publicação. Plano de Ação da Biodiversidade e da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre diversidade biológica, ratifi cada Aprovada em Conselho de Ministros de 11 de dezembro de 2015. por Cabo Verde em março de 2005. O Primeiro-ministro, José Maria Pereira Neves Com o objetivo de reforçar e/ou complementar as medidas de políticas tomadas, foi elaborada a Estratégia e Plano SUMÁRIO EXECUTIVO de Conservação para a ilha do Sal, enquanto instrumento No ano 2004, o Governo de Cabo Verde, no segundo de política setorial que programa e concretiza as políticas Plano de Ação Nacional para o Meio ambiente (PANA II), de desenvolvimento económico e social com incidência propõe como objetivo principal o fortalecimento de uma espacial. estratégia orientada para o uso racional dos recursos naturais, através de uma gestão sustentável das actividades O ordenamento territorial, portanto, como instrumento económicas. que garanta a sustentabilidade, deve contribuir para uma gestão efi ciente dos recursos naturais e culturais, No entanto, o crescimento acelerado da actividade o desenvolvimento económico e sustentável, a defesa e turística, como motor da economia do Arquipélago, com salvaguarda do ambiente e a melhoria da qualidade de a generalização do modelo turístico de massas, põe em vida da população das ilhas. evidências desequilíbrios e prejuízos sociais e ambientais que podem pôr em perigo o futuro da própria atividade A referida estratégia enquadra-se nesse sentido e nela turística e da economia do país. Portanto, a sustentabilidade identifi cam-se as linhas estratégicas e os programas deve pressupôr a protecção dos espaços e recursos naturais, de conservação de diferentes espécies de fauna e fl ora e ao mesmo tempo garantir a protecção e durabilidade da protegidas, na sua maioria dirigidas à proteção das aves, própria atividade económica e das características culturais mamíferos, répteis, peixes e invertebrados. e sociais do país. Portanto, o modelo territorial sustentável cabo-verdiano Assim, deve ter em conta, em primeiro lugar, o crescimento Ao abrigo do disposto na Base XI-A do Decreto-legislativo moderado do número de lugares e que proporcione altos n.º 1/2006, de 13 de fevereiro, alterado pelo Decreto-legislativo benefícios por turista, e em segundo lugar, deve optimizar n.º 6/2010, de 21 de junho e no artigo 61.º do Decreto-lei os sistemas de gestão ambiental. n.º 43/2010, de 27 de setembro; e A conservação dos recursos naturais, culturais e a actividade turística devem encontrar pontos comuns em Nos termos do n.º 2 do artigo 265.º da Constituição, o ambas actividades, de modo a que se desenvolvam Governo aprova a seguinte Resolução: em benefício mútuo. No campo ambiental, a planifi cação Artigo 1.º estratégica e os programas de conservação da biodiversidade são as ferramentas técnicas utilizadas para conseguir que Aprovação os investimentos no desenvolvimento do país, solucionem É aprovada a Estratégia e Plano de Conservação da efi cazmente as causas e ameaças que põem em perigo a ilha do Sal que baixa em anexo à presente Resolução, da biodiversidade, buscando obter os máximos resultados qual faz parte integrante. com os recursos disponíveis. É por esta razão que a planifi cação estratégica na conservação é um processo Artigo 2.º que deve efectuar-se de maneira periódica e em distintos Objetivos níveis, seja com um enfoque regional, insular ou sobre ecossistemas e espécies em particular. Constituem objetivos da Estratégia e Plano de Conservação da ilha do Sal, designadamente: Neste sentido, a Direcção Geral do Ambiente adjudicou à ONG Cabo Verde Natura 2000, em colaboração com a a) Conservar ecossistemas diferentes, únicos e empresa elittoral, a elaboração da Estratégia e Plano de caraterísticos; Conservação para a ilha do Sal. I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 47

O presente relatório técnico dá resposta ao anteriormente O ordenamento territorial, portanto, como instrumento citado e organiza-se em 8 capítulos. Para conseguir a que garanta a sustentabilidade, deve contribuir para uma implementação das diversas acções da estratégia a planifi car gestão efi ciente dos recursos naturais, o desenvolvimento é fundamental realizar uma análise detalhada do quadro legal económico e sustentável, a defesa e salvaguarda do meio e institucional, já que desta forma se consegue identifi car ambiente e melhoria da qualidade de vida da população os actores implicados e as suas responsabilidades, peça das ilhas. chave para entender o começo das iniciativas. Esta síntese encontra-se nos capítulos 2 e 3. O presente trabalho enquadra-se nesse sentido e nele identifi cam-se as linhas estratégicas e os programas de De igual modo, torna-se necessário avaliar quais são os conservação de diferentes espécies de fauna e de fl ora valores patrimoniais (do ponto de vista cultural e natural) protegida, na sua maioria dirigidas à protecção das aves, da Ilha do Sal, identifi cando todos os bens, materiais e mamíferos, répteis, peixes e invertebrados. imateriais, que representam a base sobre os quais serão defi nidas as estratégias e planos de conservação. Esta 1.3. Objetivo documentação está compilada no capítulo 4. O objetivo deste trabalho é defi nir estratégias adequadas No capítulo 5 analisam-se os factores que terão maior para levar a cabo uma correcta gestão e conservação preponderância sobre o Plano e que proporcionam os juízos dos recursos naturais e culturais da Ilha do Sal. necessários para a construção de um balanço ponderado das Os objetivos a atingir são: medidas a implantar, assim como as melhores estratégias de conservação. Toda esta informação agrupa-se numa ▪ Conservar ecossistemas diferentes, únicos e análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e característicos. Ameaças), a partir do qual se defi nem os objetivos de ▪ Conservar espécies de animais ou plantas, segundo conservação. No capítulo 6 encontram-se delineadas as interesse ou valores tradicionais particulares. estratégias de conservação dos recursos naturais da ilha do Sal. ▪ Conservar áreas de particular variedade genética, áreas com grande variedade de ecossistemas, Por último, no capítulo 7 desenvolve-se o Plano de espécies de endemismo, etc. Conservação Insular, o qual íntegra uma série de acções dirigidas a conservar os principais valores da ilha, ▪ Conservar paisagens com grande beleza panorâmica, reservando para o capítulo 8 a explicação do seguimento de grande valor estético ou científi co. e a avaliação da execução do Plano. ▪ Dinamizar o turismo nos sítios naturais. 1. APRESENTAÇÃO ▪ Conservar locais de grande interesse para a 1.1. Antecedentes investigação científi ca. Em Agosto de 2011, a organização Cabo Verde Natura ▪ Conservar os sítios geográfi cos, culturais, 2000 recebeu da Direcção-Geral do Ambiente (Ministério arqueológicos e históricos, etc. do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território de Cabo Verde) o convite para a redacção do documento 1.4. Conteúdo e estrutura “Estratégia e plano de conservação das ilhas da Boa Vista A defi nição de estratégias de conservação dos recursos e Sal”. A Cabo Verde Natura 2000 solicitou à empresa naturais e culturais deve estar apoiada numa intensa eleitoral Estudos de engenharia costeira e oceanográfi ca caracterização da área de estudo: caracterização legal, SLNE a sua colaboração na execução deste projecto. institucional, ambiental, económica, social, etc. A análise Posteriormente ao envio do convite assinou-se um desta informação permitirá estabelecer os objetivos de contrato entre a Direcção-Geral do Ambiente e a Cabo conservação e elaborar as estratégias para a sua execução. Verde Natura 2000 para a elaboração do citado estudo. O presente documento segue a referida estrutura. O presente documento corresponde à “Estratégia e plano Assim, nos primeiros capítulos analisa-se o âmbito de conservação da ilha do Sal” e foi realizado pela Cabo legal e institucional, no que se refere à conservação dos Verde Natura 2000 em colaboração com a elittoral. recursos da ilha, para, posteriormente, levar a cabo uma 1.2. Justifi cação caracterização detalhada do território (capítulo 4). Toda esta informação foi objecto de uma análise FOFA (Forças, As Ilhas de Cabo Verde reúnem uma grande diversidade Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) a partir da qual e singularidade biológica em espécies de fauna e fl ora, se defi nem os objetivos de conservação. prova do qual é o facto de se ter declarado um grande número de áreas protegidas, que albergam grande parte Por último, desenvolve-se o Programa de Conservação do património faunístico e fl orístico do arquipélago. Insular, o qual íntegra uma série de acções dirigidas a conservar os principais valores da ilha (capítulo 7). No entanto, o dito património encontra-se ameaçado, devido à alteração e destruição dos seus habitats e em Âmbito territorial consequência a redução e o isolamento das suas populações. O Arquipélago de Cabo Verde (Figura 1) encontra-se Na actualidade várias espécies autóctones encontram-se, situado entre o Equador e o trópico de Câncer (17º 12’ - em maior ou menor grau, ameaçadas, em risco ou em perigo de extinção. 14º 48’ N; 22º 44’ - 25º 22’ W). Com o objetivo de corrigir dentro do possível esta De origem vulcânica, as ilhas mostram em geral topografi as situação desfavorável, e de preservar para as gerações muito acidentadas com vales escarpados. No entanto, as futuras um património natural tão valioso, a Direcção ilhas orientais (Sal, Boa Vista e Maio) são de topografi a Geral do Ambiente promoveu a elaboração da estratégia muito suave, com predomínio de áreas planas, sobre as e plano de conservação para a Ilha do Sal. quais se elevam relevos vulcânicos isolados. 48 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

2. ANÁLISE DO CONTEXTO LEGAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS E CULTURAIS.

Cabo Verde tem áreas de alta diversidade biológica que, bem geridas, podem dar um contributo importante ao processo de desenvolvimento do país. Do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, a proteção jurídica a médio e longo prazo é um sério desafi o para alcançar a preservação e conservação efi caz dos recursos insulares.

Os sucessivos governos de Cabo Verde têm mostrado grande preocupação pela conservação dos ecossistemas e do meio ambiente. Estas preocupações expressam-se em Figura 1. Localização do Arquipélago de Cabo Verde. distintos instrumentos, como a Constituição da República – que consagra a todo cidadão o direito a um meio ambiente Sal mede cerca de 30 km de longitude e 12 km de são e ecologicamente equilibrado - a assinatura e a largura e é bastante plana (a sua máxima elevação é de ratifi cação de convenções internacionais e a publicação 406 m, em ). É uma das três ilhas mais de uma legislação apropriada. arenosa do Este do Arquipélago (Sal, Boa Vista e Maio), apresentando bonitas praias de areia branca facto que, O país aderiu e ratifi cou várias Convenções, Acordos e unido a sua média de 350 dias de sol por ano, a converte Protocolos internacionais (Tabelas 1 e 2). Além disso, é num dos principais destinos turístico do país. membro do Comité permanente Inter-Etats pur la Lutte contre la Secheresse dans le Sahel (CILSS), cujo objetivo é lutar contra as consequências da seca no Sahel através de medidas como projectos de conservação de recursos naturais, gestão sustentável dos recursos hídricos e cooperação científi ca e técnica.

Quanto à legislação nacional, Cabo Verde conta com um quadro legal, ambiental amplo, denotando a sua preocupação por proteger o meio ambiente e manter o equilíbrio ecológico. A nível nacional, actualmente, várias leis, decretos legislativos e resoluções guiam as políticas nacionais sobre conservação da biodiversidade e degradação terrestre, incluindo políticas para a protecção dos recursos marinhos, a conservação de variedades agrícolas autóctones Figura 2. Ilha do Sal. e o estabelecimento de áreas protegidas.

Tabela 1. Convenções Internacionais Ratifi cados por Cabo Verde (Fonte: http://www.sia.cv).

INSTRUMENTO OBJECTO DATA APROVAÇÃO RATIFICAÇÃO JURÍDICO Convenção das Nações Luta Contra a Desertifi cação Paris, 17 de Junho de 1994 Assembleia Nacional: Resolução nº 98/ 8 de Março de 1995 Unidas IV/95, de 8 de Março Convenção - Quadro Mudança Climática Nova Iorque, 9 de Maio de Assembleia Nacional: Resolução nº 72/IV/94, 29 de Março de 1995 1992 de 20 de Outubro Convenção Diversidade Biológica Rio de Janeiro, 5 de Junho Assembleia Nacional: Resolução nº 73/IV/94, 29 de Março de 1995 de 1992 de 20 de Outubro Convenção Controlo de Movimentos Basileia, 22 de Março de Assembleia Nacional: Resolução nº 74/IV/94, 2 de Julho de 1999 Transfronteiriços 1989 de 20 de Outubro Convenção Proteção da Camada do Ozono Viena, 22 de Março de 1985 Conselho de Ministros: Decreto nº 6/97, de 6 de Julho de 2001 31 de Março Convenção das Nações Sobre o Direito do Mar Assembleia Nacional: Lei nº 17/II/87, de 3 10 de Agosto de 1987 Unidas de Agosto Convenção Delimitação das condições 1993 Assembleia Nacional: Resolução nº 38/V/96, de acesso e de exploração de 30 de Dezembro dos recursos haliêuticos ao largo das costas dos Estados membros da Comissão Sub- regional das Pescas Convenção Responsabilidade civil pelos Conselho de Ministros Decreto nº prejuízos devido à poluição por Internacional hidrocarbonetos 2/97, de 10 de Fevereiro I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 49

Convenção Poluentes Orgânicos Estocolmo, Maio 2001 Conselho de Ministros: Decreto nº 16/2005, 1 de Março de 2006 Persistentes (POP) de 19 de Dezembro Convenção Zonas Húmidas de Importância Ramsar, 1971 Conselho de Ministros: Decreto nº 4 /2004, 18 de Novembro de Internacional, Especialmente de 18 de Novembro 2005 como Habitat de Aves Aquáticas Convenção Comércio Internacional das 1963 Conselho de Ministros: Decreto nº 1/2005 de 10 de Agosto 2005 Espécies de Fauna e Flora 21de Março Selvagens ameaçadas de extinção Convenção Conservação das Espécies Conselho de Ministros: Decreto nº 13/2005, 18 de Janeiro de 2006 Migratórias pertencentes à de 5 de Dezembro fauna selvagem Convenção Procedimento de prévia Roterdão Conselho de Ministros: Decreto nº 17/2005, 1 de Março informação e consentimento de 28 de Dezembro para determinados produtos químicos e pesticidas perigosos ao comércio internacional

Tabela 2. Acordos e protocolos Ratifi cados por Cabo Verde (Fonte: http://www.sia.cv).

INSTRUMENTO OBJECTO LOCAL/DATA APROVAÇÃO RATIFICAÇÃO JURÍDICO Protocolo Relativo às substâncias que Montreal, 16 de Conselho de Ministros: Decreto nº 6 de Julho de 2001 empobrecem a camada do Ozono Setembro 1987 5/97, de 31 de Março Protocolo Prevenção da poluição por navios, Decreto nº 7/96, de 10 de Dezembro 1973 Protocolo Biossegurança Cartagena Conselho de Ministros: Decreto nº 1 de Novembro de 2005 11/2005, de 26 de Setembro Protocolo Quioto à Convenção Quadro das Quioto Resolução nº 149/IV/2005, de 5 de 10 de Fevereiro de 2006 Nações Unidas sobre as Alterações Dezembro Climáticas Tratado Delimitação de fronteira marítima 1993 Assembleia Nacional: Resolução nº 29/ entre Cabo Verde e o IV/93, de 16 de Julho

O país adoptou em 1993, junto com vários países africanos, dos recursos naturais, assim como os efeitos das actividades o seu primeiro instrumento legal para o meio ambiente económicas na gestão destes recursos. Já que é um processo (Decreto- Lei nº 86/IV/93 de 26 de Julho). Este instrumento contínuo com a sua própria dinâmica, os planos e estratégias defi ne as bases da política ambiental, contemplando a são necessários para conseguir o desenvolvimento sustentável preservação da fauna e da fl ora do país. A elaboração e harmonioso de um meio ambiente são. desta lei, decorreu após a aprovação da Conferência das Nações Unidas no Rio de Janeiro em 1992 sobre o Meio Neste sentido, é de vital importância que para materializar Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, um ano depois as estratégias e os planos de conservação se considerem da consagração do direito ao meio ambiente como um os efeitos que outros instrumentos de ordenamento direito fundamental na Constituição cabo- verdiana. territorial têm sobre os valores naturais e patrimoniais a conservar. Assim, os planos setoriais de turismo, os A partir dessa data, elaboraram-se uma série de planos de desenvolvimento municipal (saneamento), os instrumentos políticos, estratégicos e de planifi cação, que planos territoriais com especial atenção ao desenho ou constituem ferramentas importantes para a construção modifi cação de infraestruturas (instalações de produção das bases e a criação de condições indispensáveis para o de água, redes de eletrifi cação, estradas, etc.) afetam e desenvolvimento sustentável. Entre essas ferramentas infl uem de maneira direta à aplicação destes programas. jurídicas encontra-se a Resolução nº 3/2000, de 31 de Janeiro, que aprova a Estratégia Nacional e o Plano de Hoje em dia, vários dispositivos legais regulam as Acção para a Biodiversidade. preocupações ambientais do país; no Anexo I enumeram-se aqueles de maior relevância para a ilha. Apesar deste De acordo com o artigo 6 da Convenção sobre a Diversidade importante marco legislativo, as leis aprovadas foram Biológica (Rio de Janeiro, 1992), Cabo Verde assumiu pouco divulgadas e são pouco conhecidas, tanto pelos o compromisso de desenvolver planos, estratégias ou cidadãos como pelos dirigentes, funcionários e ou pessoal das programas e integrá-los noutros planos de relevância social Administrações Públicas. Este desconhecimento baseia-se e económica para o país. Com o objetivo de honrar este na complexidade destes documentos e na falta de interesse desígnio aprovou-se o Segundo Plano Nacional de Acção da população em geral nesta matéria. para o Ambiente (PANA II) no horizonte de 2004-2014, como instrumento de aplicação da política nacional em 3. QUADRO INSTITUCIONAL: ANÁLISE DO matéria do ambiente (Resolução nº 14/2005, de 25 de Abril). CONTEXTO INSTITUCIONAL O PANA II é a implementação das políticas ambientais Para levar a cabo as políticas ambientais, é fundamental no país e defi ne as linhas estratégicas para a exploração contar com uma estrutura institucional adequada, que 50 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 assuma de forma efi ciente as obrigações associadas à 4. CARACTERIZAÇÃO aprovação de determinada legislação. No caso de Cabo Verde, esta estrutura modifi cou-se em várias ocasiões, 4.1. Caracterização do meio físico pelo que tentamos organizar o quadro institucional mais 4.1.1. Climatologia adequado para alcançar os objetivos apresentados. As ilhas que formam o Arquipélago de Cabo Verde Tal como se estabelece no Segundo Plano de Acção localizam-se no trânsito da latitude tropical a equatorial, Nacional para o Ambiente (2004), na aplicação da normativa no entorno do trópico de câncer. O facto de Cabo Verde e, portanto, na conservação dos recursos, existem quatro se encontrar enquadrado geografi camente na zona de tipos de actores: clima árido e semiárido continental, de transição entre a) Decisores políticos: os ministérios. Em muitos o deserto e os climas húmidos tropicais, ou seja o Sahel, casos, vários ministérios (em colaboração) estão permite estabelecer algumas relações entre o arquipélago implicados na elaboração de uma única política. e o Continente Africano. b) Actores relevantes: representam entidades como Cabo Verde vê-se infl uenciado por um clima saheliano, o governo local, o sector privado, ONG´s e caracterizado por uma longa estação seca e uma estação húmida associações, que têm um papel importante na limitada a menos de três meses, com precipitações irregulares, implementação de políticas. às vezes do tipo torrencial com notáveis efeitos erosivos. c) Comunidade científi ca: é o grupo que dispõe dos A Ilha do Sal, apresenta uma alta erosão e um clima meios e das capacidades científi cas necessárias árido, pela sua alta insolação, forte evaporação, escassa como base do desenho e implementação das nebulosidade e a sua proximidade com o continente políticas. Conseguem-no através da realização africano. As suas altas temperaturas vêem-se amortecidas de medições, estudos, inquéritos, etc. pela acção das águas oceânicas e o efeito refrescante dos d) Destinatários das políticas: a comunidade, as ventos alísios de N e NE que sopram de Outubro a Julho organizações e pessoas que têm que contribuir e exercem um efeito dessecante e erosivo importante no para a implementação das políticas através de Arquipélago. Relativamente à temperatura média, a um comportamento em consonância com elas. Ilha do Sal regista temperaturas que oscilam entre os Os actores anteriores convertem-se também 20ºC e os 28ºC, inclusive a temperatura da água do mar em destinatários das políticas. encontra-se entre 20 e 25ºC, e os ventos Alísios sopram Na tabela seguinte mostra-se o resumo do quadro institucional com uma intensidade média de 24,5 km/h. em Cabo Verde, relacionado com o ambiente e a sua conservação, atendendo fundamentalmente aos decisores políticos, os actores relevantes e a comunidade científi ca. A grande variedade de atores implicados e a conservação e gestão dos recursos insulares pode difi cultar a implantação da normativa elaborada a este respeito. Por isso, o governo de Cabo Verde realizou (e continua fazendo-o na atualidade) uma revisão do seu quadro institucional, com a fi nalidade de dispor da estrutura organizativa mais efi ciente possível. Isto gerou a mudança de algumas instituições nos últimos anos. Tabela 3. Agentes implicados no início das políticas ambientais e conservacionistas (Modifi cado de: Segundo Plano de Acção Nacional para o Ambiente (2004)).

DECISORES ACTORES COMUNIDADE POLÍTICOS RELEVANTES CIENTÍFICA Figura 3. Rosa dos Ventos da Ilha do Sal. Fonte: windfi nder.com Ministério do Municípios, ONG´s: Ministério do Ambiente, Habitação - SOS Tartaruga Ambiente, Habitação As precipitações são muito escassas e irregulares, desde e Ordenamento do e Ordenamento do fortes temporais e monções, até processos de humidade Território - BIOS.CV Território ambiental ligados ao período invernal. Também deve Ministério das Associações: Ministério do Ensino Infraestruturas e - Associações de Superior, Ciência e mencionar-se o aumento da humidade devido aos efeitos Economia Marítima Pescadores Inovação Institutos directos do mar, com os contínuos salpicos, que formam Ministério da Educação - Associações de e Laboratórios de uma contínua mas leve bruma que afecta as costas da investigação Instituições e Desporto Ministério do Guias Turísticos ilha. No entanto, podem ocorrer muitos anos de seca Turismo, Indústria e de ensino superior - Associações onde a presença de tais precipitações vê-se altamente Energia Ministério da comunitárias Universidade de Cabo Saúde Verde diminuída ou nclusive desaparece. As precipitações, Outros Ministério do aproximadamente, encontram-se em torno dos 120 mm/ano Desenvolvimento Rural Ministério do Ensino Em resumo, fundamentalmente a ilha do Sal caracteriza-se por Superior, Ciência e Inovação um clima de marcada aridez, com uma humidade ambiental Ministério da Cultura notável, temperaturas moderadas e processos esporádicos Municípios de inundações provocados pelas subidas de marés. I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 51

4.1.2. Oceanografi a particulares, embora essa exploração seja descontrolada. Esta salina, tornou-se um habitat adequado para algumas As ilhas de Cabo Verde vêem-se infl uenciadas pela aves limícolas, nidifi cantes como é o caso de Himantopus contracorrente Equatorial (América do Sul-África) e himantopus (Pernalonga) ou inclusive migratórias. Deste pelo ramal sul da corrente fria de Canárias (NNE) e modo, a extracção do sal, constitui um modelo de intervenção a corrente Sul-equatorial (ao longo da costa de África humana compatível em bom grau com a preservação das em direção ao Norte) que contribui com águas frias e características naturais destes espaços. eutrófi cas. A posição geográfi ca das ilhas é claramente tropical, com temperaturas da água do mar mínimas de As salinas são o resultado da transformação antrópica 21ºC e máximas de 25ºC. que realizaram os povoadores da ilha sobre este ecossistema natural. Este espaço ao encontrar-se hoje Por outro lado, os ventos Alísios, entre Janeiro e Julho em dia practicamente abandonado constitui um hábitat induzem no sul de cada ilha situações ciclónicas que adequado e valioso para numerosas espécies da fauna local, propiciam upwellings locais (efeito ilha), o qual enriquece as especialmente invertebrados e aves limícolas, algumas águas superfi ciais com nutrientes de águas mais profundas. delas migratórias. A Ilha do Sal encontra-se infl uenciada por correntes de O declíneo da extracção do sal produziu o encerramento águas mais frias, a Corrente das Canárias e a Corrente das explorações salinas em Santa Maria, estando a ser Equatorial do Norte, se bem que, a zona mais a sudoeste explorados por moradores e para o consumo próprio e encontra-se a sotavento e resguardada das correntes e contribuindo deste modo para a sua deterioração motivado da ondulação dominante. pelo abandono da actividade. As salinas de O regime de marés responde a um esquema oceânico, continuam ainda a sua exploração por parte de privados. com pouca amplitude entre a preia-mar e a baixa-mar, O aumento da actividade turística pode ser a solução e são de tipo semidiurno, com duas baixa-mares e duas defi nitiva destes espaços, dado o potencial enorme que preia-mares a cada dia lunar, com uma amplitude média possui para as actividades relacionadas com o turismo ao redor de 1.15 m. de natureza. ▪ Património construído A direção predominante da ondulação pertence ao primeiro quadrante, de norte a este, além de ser o que Relativamente ao património construído, este retrata o maior altura de onda costuma apresentar. A altura máxima que foi a história da ilha e do trabalho das suas gentes na alcançada é de 4.1 m em direção NE, embora a altura procura de recursos que proporcionassem o seu sustento da onda signifi cativa mais frequente seja de 1.5 e 1.9 m. e desenvolvimento, desde o seu povoamento até os dias de hoje. Tal património encontra-se, sobretudo ligado 4.2. Património cultural à pastorícia e agricultura, pesca, salga e secagem de ▪ Salinas peixe, extracção de sal, produção de cal, destacando-se os seguintes elementos: A extração do sal foi a principal actividade económica da ilha até meados do século XX, estando íntimamente - Etnográfi cos: Muros delimitando hortas abandonadas relacionada com o processo de povoamento da ilha. ou os extensos muros de pedra solta que constituíram no passado as tapadas para As primeiras explorações datam do século XIX com a concentração do gado evitando que estes a exploração da salina de Pedra de Lume, primeiro invadissem as hortas. povoamento da ilha. Posteriormente, no mesmo século começou a exploração das salinas de Santa Maria, também - Históricos: Fábrica de moagem e ensacamento do o aparecimento da povoação com o mesmo nome. sal em Pedra de Lume, Antigos assentamentos humanos, Cemitério de Santa Maria. Apesar de se encontrar a uma distância considerável da costa, a água infi ltra-se desde a praia até à zona - Religiosos: igrejas e capelas em Fátima e Pedra posterior ao cordão dunar, onde se encontra esta salina. de Lume. Esta característica natural favoreceu o início da sua - Industriais: Estações de conserva de peixe em exploração. Esta salina de exploração intensiva dispõe Palmeira; Salinas. de vários canais e de diversos corredores de sal. As salinas de Cabo Verde e, em especial as da Ilha do Sal, produzem - Comunicações: Faróis (Farol do Sinó, Farol de Fiúra sal que no passado foi exportado para as Antilhas e o e Farol de Joaquim Petinha). Brasil, o que permitiu o aumento demográfi co insular Este património histórico, a par do património natural nos primeiros anos do século XX. Ao mesmo tempo que da ilha, constitui um importante recurso a conservar e se reactivou, o comércio de sal na ilha do Sal, instalou- proteger como fonte de conhecimento do passado da ilha se uma fábrica para a conserva de peixe que permitiu e do país que nos permitirá traçar uma estratégia de que estas duas actividades industriais fossem a base da desenvolvimento sustentado com vista ao bem estar das economia insular. populações e à conservação do ambiente. Actualmente, a salina de Santa Maria, embora mantenha 4.3. Património natural águas salgadas permanentes, devido ao fl uxo das grandes marés, encontra-se assoreada devido à falta de uso, salvo as A Ilha do Sal conhecida como “ilha plana” pelos explorações feitas pelos moradores da referida salina e alguns navegadores portugueses mudou posteriormente de 52 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 nome devido à abundância do sal. É uma ilha rica em salinas, conhecidas popularmente como “”, patrimónios naturais, que serão abordados de acordo com algumas delas foram aproveitados para a obtenção de sal os dados mais relevantes: (salina de Santa Maria).

▪ 11 dos 47 espaços naturais que integra a Rede Por último, existem uma série de relevos, antigos cones Nacional de Áreas Protegidas de Cabo Verde vulcânicos erosionados, mais frequentes no sector norte, (Decreto Lei nº 3/2003) encontram-se na ilha como Monte Grande, ponto culminante da ilha (406 m), do Sal. Monte Leste (269m), Roca de Poi (194 m), (173 m), a caldeira de Pedra Lume (124 m). Com respeito ▪ A metade oriental da ilha é importante em termos à parte central, (107 m) e de biodiversidade costeira de Cabo Verde, (166 m) e bordeando a costa oriental, a chamada Serra concentra as principais praias de desova da Negra, que culmina a 102 m. Tartaruga-comum (Caretta caretta). A ilha do Sal possui um ilhéu (ilhéu de Rabo de Junco), 4.3.2. Principais ecossistemas terrestres e marinhos que é uma área protegida por ser uma área de nidifi cação de diferentes espécies de aves Em termos de biodiversidade, a ilha do Sal apresenta marinhas: Pandion haliaetus (Guincho), Fregata uma grande riqueza do ponto de vista das espécies de fl ora e magnifi cens (Rabil), Calonectris edwardsii fauna, tanto marinha como terrestre. Sal possui importantes (Cagarra), Sula leucogaster (Alcatraz), Phaethon populações de animais marinhos não encontrados em aethereus (Rabo-de-junco), Pelagodroma marina nenhum outro lugar da Macaronésia. (Pedreiro-azul) e Oceanodroma castro (Jabe- ▪ Cinco das sete espécies existentes de tartarugas marinhas jabe/Pedreirinho) tem sido identifi cadas em Cabo Verde, arquipélago ▪ As águas costeiras superfi ciais e resguardadas da costa que constitui a 3ª maior população mundial da ocidental do Sal são habitat de reprodução da Tartaruga-comum ou vermelha (Caretta caretta), baleia Megaptera novaeangliae (Baléia-de-bossa). só superada pelo sudeste de USA e por Omã. A população de Tartaruga-comum de Cabo Verde ▪ Os corais e a vida marinha associada ao ecossistema está entre as 11 populações de tartarugas marinho da Baía da são parte marinhas mais ameaçadas do planeta (Wallace et importante da biodiversidade da ilha do Sal. al., 2011) e tem sido considerada como uma Unidade Regional de Gestão ou Regional Management Unit 4.3.1. Património geológico e geomorfológico (Wallace et al., 2010), geneticamente distinta das A ilha do Sal, como o resto do Arquipélago, é de outras populações desta espécie no Atlântico e origem vulcânica. Encontra-se no cruzamento entre dois no Mediterrâneo (Monzón et al., 2010). alinhamentos tectónicos principais do Arquipélago: a de ▪ Cabo Verde é considerado como um importante direção N-S, que inclui as ilhas do Sal, Maio e Boa Vista “hotspot”, ou ponto quente, relativamente à e, outro, de direção NW-SE, que contém as restantes. diversidade de corais e um dos 10 lugares Sendo de origem vulcânica, está constituída prioritários a nível mundial para a conservação maioritariamente por materiais vulcânicos do Mioceno ao dos habitats coralinos (Roberts et al., 2002). As Pleistoceno. A parte norte da ilha apresenta uma planície comunidades coralinas destas ilhas constituem de formas suaves, situação favorecida pela acumulação habitats únicos para muitas espécies que de sedimentos fi nos. A impressionante regularidade da apresentam uma limitada distribuição espacial sua superfície vê-se favorecida pela presença de amplas (Moses et al., 2003; Roberts et al., 2002) e extensões de materiais piroclásticos ou por depósitos localizam- se em baías pouco profundas e aluviais dos mesmos. As altitudes médias compreendem protegidas das correntes e da ondulação. cotas entre os 20 e os 40 m de altitude, chegando os pontos ▪ Outro dado importante da biodiversidade marinha mais altos a ter 50 m e por outro lado, a depressão de da ilha do Sal é a grande biomassa de peixes Terra Boa tem entre 15/16 m. pelágicos e demersais e de crustáceos A parte intermédia, ocupa uma situação centro meridional (lagostas) de notável interesse comercial, mais dentro da ilha, o seu relevo caracteriza-se por diversas a existência de endemismos de diversos grupos plataformas calcárias muito aplanadas, conhecidas como de invertebrados marinhos, principalmente do lajedos (lajedo de e lajedo do Socorro), com uma género Conus. altitude entre 50/60 m. As superfícies basálticas, com ▪ Finalmente, Cabo Verde é o único lugar conhecido relevo ondulado vão afl orar nas ladeiras que conduzem para a reprodução da Baleia-de-bossa (Megaptera à franja costeira, recubrindo as crostas calcáreas e os novaeangliae) no Atlântico Norte Oriental (Jann mantos basálticos. et al., 2003; Wenzel et al. 2009). Embora a A franja meridional encontra-se em grande parte ocupada espécie já não esteja catalogada como ameaçada por mantos arenosos, que frequentemente formam pequenas pela IUCN, devido a uma recuperação global dunas móveis, este revestimento arenoso encarrega-se de da maioria das populações nos três grandes cubrir boa parte da plataforma basáltica primitiva. Na oceanos, as Baleias- de-bossa de Cabo Verde, franja costeira, atrás dos cordões dunares e devido aos devido ao seu reduzido tamanho populacional processos de infi ltração marinha, são frequentes as terras (aparentemente menos de 200 indivíduos), I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 53

fi delidade por específi cas zonas de reprodução e geomorfológicos erosivos e sedimentários para representar os aumento das ameaças de origem antropogénica principais ecossistemas existentes na ilha do Sal (fi gura 5): nos seus habitats críticos no arquipélago, consideram- se ameaçadas. As pesquisas têm ▪ Unidade ambiental 1: Praias de areia por alvo estimar o tamanho populacional e as ▪ Unidade ambiental 2: Dunas móveis relações genéticas existentes entre as populações do Atlântico Norte. ▪ Unidade ambiental 3: Coberturas arenosas delgadas ▪ Unidade ambiental 4: Salinas Quanto à biodiversidade terrestre, embora se conservem algumas espécies endémicas do arquipélago, a fl ora sofreu ▪ Unidade ambiental 5: Principais Ribeiras uma grande transformação, devido às práticas tradicionais ▪ Unidade ambiental 6: Plataformas Calcárias de agricultura e pecuária. As principais agressões à fl ora nativa derivam do pastoreio extensivo, a introdução de ▪ Unidade ambiental 7: Plataformas Aluviais espécies invasoras (principalmente acácias) e a sobre- ▪ Unidade ambiental 8: Depósitos de Piroclastos exploração de algumas espécies para o seu uso como combustível doméstico. Entre os elementos fl orísticos ▪ Unidade ambiental 9: Plataformas Pedregosas melhor conservados destaca-se a vegetação dunar e a vegetação das salinas e lagoas. Quanto à fauna, destacam- ▪ Unidade ambiental 10: Relevos Sobressalientes se as aves das estepes, aves de rapina e aves limícolas. ▪ Unidade ambiental 11: Ilhéus Os répteis terrestres estão representados por espécies endémicas (géneros Chioninia, Hemidactilus e Tarentola). Seguidamente detalham-se as principais características de cada uma destas unidades ambientais, fazendo especial O projeto Cabo Verde Natura 2000 (1999-2001) identifi cou referência às principais características biológicas e a sua 11 unidades ambientais básicas defi nidas por processos localização.

UNIDADE AMBIENTAL 1 Localização: As praias de areia mais destacáveis são , Santa Maria e . A areia entra pelo PRAIAS DE AREIA ORGANOGÉNICA Este, em Costa da Fragata, recorrendo a ilha até à Baía Descrição: Praias de areias organogénicas, procedentes de Algodoeiro em Ponta Preta. fundamentalmente da desagregação dos rodólitos. Ocupam Usos Extração de inertes (para construção) actividade apenas a franja costeira da parte meridional da ilha. pesqueira, de ócio e recreativo. Evidentemente as praias por si só constituem uma unidade ambiental, diferenciando-se de outras superfícies de Características bióticas: A aridez e a alta mobilidade acumulação de areias pela sua localização costeira e das areias dá lugar a uma cobertura muito dispersa de pela vegetação, adaptada a uma maior salinidade. plantas adaptadas a altas salinidades e substrato arenoso: 54 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

Ipomoea brasiliensis, Sporobolus spicatus, Heliotropium Localização: forma franjas arenosas na parte centro curassavicum. Por vezes surgem Ruppia marítima, e sul da ilha. Frankenia ericifolia var. ericifolia, S. virginicus, Patellifolia procumbens, Zygophylum fontanesii, Z. waterlotii e Z. Usos: recreativo e de ócio, ocasionalmente pastoreio simplex, algumas populações de Tamarix senegalensis e extensivo e extracção pontual de inertes para construção Cyperus maritimus var. crassipes. Além disso, ocorrem de infraestructuras. espécies de aves limícolas e marinhas e é o habitat de Características bióticas: Nesta cobertura arenosa a nidifi cação da Tartaruga-comum Caretta caretta. vegetação é de pequeno porte, predomina Zygophyllum UNIDADE AMBIENTAL 2 fontanesii e Z. waterlotii, fi xam as areias em pequenos montículos. Também aparecem Sporobolus confertus, DUNAS MÓVEIS Suaeda vera e Indigofera astragalina, por vezes juntamente com S. virginicus, Sclerocephalus arabicus, Euphorbia Descrição: Os ventos do NS-SW distribuem a areia neste scordifolia, Corchorus depressus, Andrachne telephioides sentido, entre Costa da Fragata, Ponta Preta e Ponta do var. rotundifolius, Tragus racemosus, Heliotropium Sinó, formando no interior da ilha um corredor de areias. ramosissimum, Amaranthus graecizans e Portulaca Como obstáculo fi xador de areia aparece a vegetação que oleracea. As aves mais destacadas destas zonas são estepárias consegue instalar-se neste instável substrato e que dá e desertícolas: Ammomanes cincturus, Eremopterix nigriceps, lugar a dunas de maior envergadura, de tipo nebkas, e Cursorius cursor e Sylvia conspicillata. Este ambiente, por vezes, de tipo barjanas como as de Ponta Preta. principalmente as pedras negras formam um micro- habitat Localização: O campo dunar localiza-se fundamentalmente potencial para diversas espécies de invertebrados e répteis no norte da praia de Costa da Fragata e em Ponta Preta. das famílias Scincidae e Gekkonidae (Chioninia spinalis Também todo o perímetro litoral sul da ilha do Sal apresenta salensis, Tarentola boavistensis, Hemidactylus boavistensis uma distribuição irregular. Por outro lado, na Baía da e H. angulatus). Murdeira, localiza-se um pequeno terreno de dunas móveis UNIDADE AMBIENTAL 4 na desembocadura da Ribeira de Sene. SALINAS Usos: Extração de inertes (areia para construcção), recreativos e ocasionalmente de pastoreio extensivo, apanha Descrição: Apresentam solos Solonetz e Solonchaks de Tamarix senegalensis e squarrosus para devido à infi ltração de água salgada e inundados durante aproveitamente do material lenhoso. Turismo de veículos a preia-mar ou com marés vivas. Apresentam mudanças todo terreno. nos ecossistemas, devido a ambientes altamente variáveis e instáveis, com uma importante riqueza biótica, com Características bióticas: Sobre as dunas, como plantas poucas espécies com adaptações especiais. fi xadoras encontramos exemplares de Zygophylum fontanesii, Z. waterlotii, Frankenia ericifolia e Aizoon canariensis. Localização: principalmente na desembocadura das A vegetação é quase inexistente, escassamente aparece ribeiras da costa oeste da ilha: Ribeira da Fontona, R. Sesuvium sesuvioides, Z. fontanesii e a planta parasita da Madama de Cima, R. de Madama de Baixo, R. da phelypaea. Casualmente aparece Sporobolus Beirona, R. de Palha Verde, R. do Algodoeiro, Baía da virginicus e Cyperus maritimus var. crassipes . Na costa Parda e Ponta do Sino. Este existem alguns exemplares de Tamarix canariensis, a norte de Ponta Jalunga. Na parte que dá acesso à Ribeira Usos: passagem ou pastoreio extensivo de gado caprino de Passos pode-se encontrar exemplares de Pulicaria e extracção do sal. diffusa e Asparagus squarrosus. Características bióticas: A vegetação está adaptada Em relação às espécies faunísticas destacam-se às mudanças de salinidade. Entre as plantas superiores, aves como Sylvia conspicillata(Pardal do algodoeiro), encontramos Arthrocnemum glaucum, Philoxerus Ammomanes cincturus (Calhandra), entre outras. Em vermicularis, Cyperus bulbosos, Zygophylum waterlotii e Z. lugares com cobertura vegetal arbórea-arbustiva podem fontanesii. Entre os invertebrados, Artemia spp. destaca ver-se Corvus rufi collis (Corvos) e Falco tinnunculus pela sua alta adaptação a ambientes hipersalinos e por (Francelho/Zabelinha). Este ambiente forma um micro- constituir parte fundamental do alimento das aves. As habitat potencial para diversas espécies de invertebrados aves encontram-se habitualmente nas salinas, inclusive de e répteis das famílias Scincidae e Gekkonidae (Chioninia passagem ou migratórias. São frequentes os Pernilongos spinalis salensis, Tarentola salensis, Hemidactylus salensis (Himantopus himantopus) e muito numerosas as aves e H. angulatus). limícolas, Borrelho-grande-de-coleira e Borrelho-de-coleira- interrompida (Charadrius hiaticula, C. alexandrinus), os UNIDADE AMBIENTAL 3 Perna-vermelha-comum e Perna-verde-comum (Tringa COBERTURAS ARENOSAS DELGADAS totanus, Tringa nebularia), os Pilritos (Calidris sp.), etc. Também utilizam estes habitat as Garças e Garças- Descrição: As areias organogénicas de praias e dunas branca-pequenas (Ardea cinerea e Egretta garzetta), são arrastadas pelo vento do nordeste o qual as mobiliza muitas delas migrantes. As águias-pesqueira (Pandion e facilita a formação de corredores interiores. Não se haliaetus), fl amingos (Phoenicopterus roseus) e águias produzem acumulações arenosas relevantes e predominam sapeiras (Circus aeruginosus) em localidades como Pedra os solos de tipo Arenosolos. de Lume. I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 55

UNIDADE AMBIENTAL 5 com as alterações antrópicas que supõe. O resto da unidade extrações superfi ciais e pontuais de pedra branca e pastoreio PRINCIPAIS RIBEIRAS extensivo. Descripção: Os leitos aluviais estão condicionados pelos Características bióticas: Este ecossistema não processos erosivos e a estrutura geológica. Nas Ribeiras apresenta uma vegetação destacável, só alguma comunidade de Lavrador e Chano o aporte de areias cubriu parte dos dispersa dos Géneros de Asparagus, Fagonia, Frankenia, leitos, formando depósitos aluviais recentes de material Corchorus, Elionuros e Crotalaria. grosso e heterométrico unido por uma matriz limo-argilosa que dá lugar a Fluvisolos. É um micro-habitat potencial para diversas espécies de invertebrados e répteis das famílias Scincidae e Gekkonidae Localização: No sector centro meridional da ilha (Chioninia spinalis salensis, Tarentola, Hemidactylus encontram-se os leitos de Ribeira do Algodoeiro, da salensis e H. angulatus). Fontona, Beirona, Madama de Baixo, da Palha Verde, e da Fonte da Vaca. Na parte este, localizam-se a Ribeira As aves frequentes neste ecossistema são Ammomanes do Lavrador e Ribeira de Chano, Ribeira de passo e Ribeira cincturus, Eremopterix nigriceps e Cursorius cursor, estes do branco. ambientes pedregosos são adequados para o seu habitat, chegando inclusive a nidifi car neles. Usos: Agricultura em alguns sectores destas ribeiras. O uso actual mais frequente é o pastoreio extensivo. UNIDADE AMBIENTAL 7 Características bióticas: Vegetação alterada, perto PLATAFORMAS ALUVIAIS do mar predominam comunidades densas de Tamarix Descrição: As plataformas aluviais são o resultado canariensis, com exemplares que ultrapassam os cinco dos processos de sedimentação gerados durante as fases metros de altura, também são frequentes as palmeiras, de sedimentação continental em condições ambientais Phoenix atlantica. Em ocasiões formando comunidades diferentes às actuais. Nestes períodos paleoclimáticos densas aparecem gramíneas como Sporobolus robustus. gerou-se uma importante acumulação de materiais fi nos Outras espécies são Ficus sycomorus subsp. gnaphalocarpus, derivados dos processos de escorrência. O resultado foi a Calotropis procera, Corchorus sp., Andrachne telephioides, formação de aluvial-fans, materiais fi nos transportados pela Cucumis sp., Cleome bracycarpa e Acacia albida, esta última acção da escorrência e acumulados em extensas planícies. escassamente devido ao uso madeireiro efectuado pela população local. Entre as espécies introduzidas aparecem Localização: centro - setentrional da ilha, do núcleo de Acacia nilotica, Phoenix dactylifera, A. farnesiana, Ziziphus povoação de Espargos e em direcção ao norte vão predominar mauritianus e Prosopis julifl ora. De pequeno porte são: estas planícies aluviais alternadas com depósitos de Cynodon dactylon, Boerhavia difusa, Rhynchosia memnonia, piroclastos provenientes de vulcões pleistocénicos. Corchorus tridens, Arundo donax, Zygophyllum simplex Usos: a principal zona agrária da ilha localiza-se em e Z. Fontanesii. São habitat de Falco tinnunculus, Tyto Terra Boa; no resto da unidade, existe pastoreio extensivo. alba detorta, passeriformes e aves estepárias, frequentes por toda a ilha, as Toutinegras (Sylvia atricapilla, Características bióticas: só apresentam algumas Sylvia conspicillata), Pardais (Passer iagoensis, Passer formações herbáceas como Dichanthium, Sporobolus, hispanolensis), corredeiras (Cursorius cursor) e cotovias- Cleome e Aristida. escuras (Eremopterix nigriceps). Também cabe destacar a É um micro-hábitat potencial para diversas espécies de presença das famílias Scincidae e Gekkonidae (Chioninia invertebrados e répteis das famílias Scincidae e Gekkonidae spinalis salensis, Tarentola, Hemidactylus salensis e H. (Chioninia spinalis salensis, Tarentola, Hemidactylus angulatus) e de diversas espécies de invertebrados. salensis e H. angulatus). UNIDADE AMBIENTAL 6 As aves presentes neste ecossistema são Ammomanes PLATAFORMAS CALCÁRIAS cincturus, Eremopterix nigriceps e Cursorius cursor, que encontram nestes ambientes condições adequados para Descrição: A origem das plataformas calcárias o seu habitat, chegando inclusive a nidifi car neles. produziu-se durante diferentes fases de sedimentação marinha no Pleistoceno e que deram lugar a uma série UNIDADE AMBIENTAL 8 de lajedos calcáreos. Podem subdividir-se em dois grupos: DEPÓSITOS DE PIROCLASTOS as plataformas sublitorais e plataformas sobreelevadas, no caso do lajedo de Espargos e de Socorro alcançam Descrição: Os depósitos vulcânicos de piroclastos cotas de 50 e 60 m. Os solos são pedregosos, formados basálticos são materiais de projecção aérea que se por Leptosolos calcários. depositaram perto dos centros emissores. No caso de Monte Grande, formam os depósitos de maior envergadura, e Localização: na parte central da ilha, onde chegam também os depósitos de piroclastos de Rocha da Salina a alcançar grandes extensões, e na parte meridional da e Rocha-Poi localizam-se concretamente a Oeste destes ilha, onde os substratos arenosos cobrem as primitivas aparatos vulcânicos. Os depósitos de Monte Leste se plataformas calcáreas. localizam a nordeste. Os solos são Andosolos háplicos Usos de material piroclástico. A expansão urbanística e o actual aeroporto internacional Localização: no centro - setentrional da ilha, imediações do Sal realizaram-se à custa desta Unidade Ambiental, de Monte Grande, Monte leste, Rocha da Salina e Rocha-Poi. 56 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

Usos: importante extracção de inertes no Monte Grande É um micro-habitat potencial para algumas espécies de e pastoreio extensivo marginal. invertebrados e répteis das famílias Scincidae e Gekkonidae (Chioninia spinalis salensis, Tarentola, Hemidactylus Características bióticas: Existem povoamentos salensis e H. angulatus). As aves frequentes neste dispersos de Cassia, acompanhados de herbáceas como ecossistema são Ammomanes cincturus, Eremopterix Aristida, Euphorbia, Lotus e Chlorism, que colonizaram nigriceps e Cursorius cursor, encontram nestes ambientes estes relevos vulcânicos recentes. As características do lugares adequados para o seu habitat, chegando inclusive substrato não favorecem a presença variada e abundante a nidifi car neles. de diversas espécies da fauna local. Este ambiente forma um micro-hábitat potencial para diversas espécies de UNIDADE AMBIENTAL 10 invertebrados e répteis do grupo das famílias Scincidae e Gekkonidae (Chioninia spinalis salensis, Tarentola, RELEVO SOBRESSALIENTES Hemidactylus salensis e H. angulatus) Descrição: A origem destes relevos foram as últimas Quanto às aves, neste ecossistema são frequentes a erupções da ilha. O mais antigo é Morrinho das Pedras do presença de Ammomanes cincturus, Eremopterix nigriceps Mioceno Superior. Durante o Plioceno diversas erupções e Cursorius cursor, que encontram nestes ambientes deram lugar ao Complexo Eruptivo de , assim pedregosos, lugares adequados para o seu habitat, como as chaminés de Morrinho do Açucar e Morrinho do chegando inclusivé a nidifi car neles. Filho, formados por rochas nefeliníticas e olivínicas. No Plioceno superior aconteceu a última fase eruptiva dando UNIDADE AMBIENTAL 9 lugar a cones vulcânicos com diferentes características, PLATAFORMAS PEDREGOSAS fruto do seu processo de formação e composição do magma. Assim, Rabo de Junco e Cagarral são cones formados Descrição: No Pliocénio superior deu-se a última especialmente por lapillis cimentados, Pedra de Lume é o fase eruptiva da ilha, dando lugar a numerosos cones resultado de uma erupção de origem freatomagmático, etc. vulcânicos, Monte Grande, Rocha Salina, Monte Leste, Cagarral, Pedra Lume e Rabo de Junco, associados a A composição das rochas é de natureza basáltica, superfícies terrestres cobertas por materiais basálticas predominando as rochas nefeliníticas e olivínicas. As onde predominam rochas nefeliníticas e olivínicas. características do substrato vulcânico e as suas dimensões, possibilitam a acumulação de humidade, são capazes de Cada campo de correntes lávicas apresenta um rochedo em reter parte da humidade que levam os ventos procedentes diferente estado de meteorização, segundo a sua antiguidade do NE. geológica e a sua composição litológica. No caso de Monte Grande, as últimas erupções do Plioceno, geológicamente Localização: No terço sul da ilha do Sal localizam-se os recentes, formaram uns campos que conservam formas principais cones vulcânicos: Monte Leste, Monte Grande, de relevo pouco evoluídas e uma morfologia abrupta. Rocha Salina, Cagarral, Pedra de Lume e Rabo de No norte os aportes lávicos do Pleistoceno superior Junco. A norte de Costa da Fragata na costa este localiza- aumentaram as dimensões da linha litoral. Nesta costa se o Complexo de Serra Negra. Os picos são Morrinho do observam-se diversas formas lávicas como pillow-lavas Açúcar, M. do Filho e M. das Pedras. e plataformas de abrasão marinha. Usos: Extraem materiais basálticos para construção. A norte e a este de Monte Grande e a sul de Monte Ocasionalmente produzem-se usos derivados do pastoreio Leste localizam-se os campos de correntes lávicas mais extensivo. extensos, formando amplas plataformas pedregosas de material grosso. O resto dos campos de lavas de diversos Características bióticas: A vegetação nestas formações tamanhos está associado aos restantes cones vulcânicos vulcânicas está composta por Forsskaolea procridifolia, pliocénicos. Lotus brunneri, Diplotaxis glauca, Abutilon pannosum, Fagonia cretica, Lavandula stricta var. stricta, Ajuga iva, Os solos são fundamentalmente de leptosolos líticos. Schmidtia pappohoroides, Chloris prieurii e Polygala erioptera, no que se refere a comunidades superiores. Localização: No Norte da ilha perto dos cones vulcânicos Também são frequentes os líquenes do género Roccella formando extensas plataformas pedregosas. No sector já que aproveitam a humidade ambiental. centro meridional do Sal as plataformas estão cobertas por fi nas capas de areias ou por plataformas calcáreas É abundante a fauna associada a estes relevos, dá- de formação geológica mais recente. lhes refúgio e alimento. São numerosas as espécies Usos: pastoreio de cabras de carácter extensivo e desde de invertebrados e répteis autóctones que se podem há alguns anos extracção superfi cial de pedra basáltica encontrar na ilha: Chioninia spinalis salensis, Tarentola, para construção. Hemidactylus salensis e H. angulatus. São frequentes os ninhos de águias pesqueiras (Pandion haliaetus), nas Características bióticas: A vegetação está formada falésias de Serra Negra e Rabo de Junco, colónias de por povoamentos dispersos de Cassia e de herbáceas como rabo-de-palha/junco (Phaethon aethereus) e outras aves Aristida, Euphorbia, Cleome, Lotus e Chloris. Em Monte marinhas, ninhos de peneireiros/francelho/zabelinha Grande as correntes lávicas foram colonizadas por espécies (Falco alexandri) e outros. Os corvos (Corvus rufi colis) de líquenes adaptadas a estes relevos vulcânicos. também os utilizam como refúgio e poleiros. I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 57

UNIDADE AMBIENTAL 11 Usos: Visitas ocasionais por parte dos pescadores da zona. ILHÉUS Características bióticas: As espécies vegetais capazes de colonizar estas superfi cies são muito escassas, tratando- Descrição: O ilhéu de Rabo de Junco é plano e de se de pequenos exemplares adaptados a viver na orla reduzidas dimensões, próximo ao cone vulcânico com marítima costeira com escassez de solo. Do ponto de vista o mesmo nome. O seu ponto culminante alcança os 18 faunístico são mais interessantes, dado que funcionam metros de altitude. Sofre continuamente a infl uência como poleiros das aves marinhas das zonas próximas. do mar, pelo que a concentração de sal no substrato é Em concreto o ilhéu de Rabo de Junco possui um ninho elevada. As condições reinantes são muito áridas. O ilhéu utilizado esporádicamente por um casal de águias-pesqueiras de Fragata, por possuir dimensões ainda menores, possui (Pandion haliaetus). uns condicionantes mais duros, sendo quase inexistente 4.3.3. Espaços protegidos a presença de seres vivos nele. Na Ilha do Sal foram declarados 11 espaços protegidos Localização: Ambos próximos à costa do Sal, Rabo de (Decreto Lei nº 3/2003) que se mostram na fi gura 6. Estas Junco está ao norte da Baía de Murdeira, na costa oeste fi guras de protecção apresentam-se nas fi chas que se seguem e o Ilhéu de Fragata localiza-se na costa este, frente à onde se descreve o seu fundamento de protecção e parte . das suas características mais relevantes.

PAISAGEM PROTEGIDA DE -RAGONA PAISAGEM PROTEGIDA DE MONTE GRANDE Descrição: O objecto de protecção é a beleza desta Descrição: O objectivo de protecção é manter as suas costa de origem vu formações geológicas como lavas propriedades visuais e paisagísticas, geologicamente falando. almofadadas e tubos vulcânicos. Além intermareal e os Na sua grande extensão alberga as formações geológicas fundos circundantes possuem grande valor ecológico. pliocénicas mais recentes da ilha, inclui campos de lavas, Localiza da ilha, entre a Ponta da Bicuda e a Ponta pedregais, depósitos de lapilis, cinzas vulcânicas e alguns de Pesqueiro Nha Gertrudes. Tra franja costeira de 300 sectores litorais de pillow-lavas. Também, é considerado o metros, que abarca a zona intermareal e a costa limítrofe. ponto mais alto da ilha do Sal. Monte Grande com 406 m de Superfi cie: 545 ha. altitude retém as núvens procedentes do norte funcionando como captador hídrico. A humidade e o substrato vulcânico Ameaças: Trata-se de um lugar no qual se incrementam conservam os ecossistemas, importantes no desenvolvimento os usos e visitas pescadores de cana e marisqueiros, turistas e população local, que encontra lugar/um da agricultura de subsistência da zona. Também, as falésias, ponto de distração. Isto originou que se começassem a elevações e relevos principais, resultam como lugares enco desperdícios acumulados na zona, embora a Câmara de nidifi cação das aves marinhas de interesse como Municipal tenha col contentores para este fi m. Outras pardelas e guinchos. Este lugar também é adequado ameaças são a destruição ou contaminação costeiras por para habitat de répteis terrestres das famílias Scincidae processos de urbanização descontrolada. A sobrepesca, pelo e Gekkonidae (Chioninia spinalis salensis, Tarentola, men respeito à pesca de lagosta também é uma ameaça Hemidactylus salensis e H. angulatus) que inclusive se 58 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 encontram em bom estado de conservação. Esta área fi ca A povoação de Pedra Lume benefi ciará directa e situada a nordeste da ilha, entre Baía de Fiúra e Praia indirectamente das novas actividades, pela melhoria nas do Monte Grande. infraestruturas, o acesso a novos postos de trabalho e a revitalização da salina. Superfície: 1309 há. Ameaças: As mais importantes devem-se ao alto risco Possivelmente, isto levará a um aumento demográfi co da de erosão do lugar, por ser uma estrutura vulcânica sem população e um incremento de actividades perturbadoras cobertura vegetal que proteja o solo. Qualquer actividade que do meio, pelo que a problemática da fauna na salina e altere físicamente o substrato: abertura de pistas, extracção próximo ao Monte Cagarral pode agravar-se. Por exemplo, de material basáltico, etc. poderia acentuar a sua erosão, a iluminação que decorre de um assentamento turístico, modifi cando a paisagem signifi cativamente. Também, a afecta negativamente as aves marinhas, que nidifi cam fl ora e fauna podem ser ameaçadas por actividades como nas falésias de Cagarral. Deverá evitar-se essas situações o pastoreio (neste caso não é signifi cativa) e apanha de empregando lâmpadas e faróis especiais de iluminação espécies protegidas como as aves marinhas. exterior. PAISAGEM PROTEGIDA SALINA DE PEDRA Outra ameaça é a pressão predatória da população LUME E CAGARRAL local sobre as aves marinhas, esta parece ter reduzido nos Descrição: O fundamento de protecção é a singularidade últimos anos, embora seja necessário difundir informação geológica de Pedra Lume, a sua géneses, mediante um e sensibilizar os habitantes da ilha especialmente os mais processo eruptivo freatomagmático, e o processo de jovens. infi ltração, que possibilita a existência da salina natural Outro problema é a enorme quantidade de materiais no interior de uma caldeira, é único no arquipélago. A sintéticos procedentes dos vertidos ao mar (i.e. barcos...) que vegetação destaca pela sua adaptação a condições extremas são depositados na costa pela constante ondulação na zona. de alta salinidade e encharcamento. A fauna associada às salinas é de elevado interesse local (nidifi cação de PAISAGEM PROTEGIDA SALINAS Himantopus himantopus e Charadrius alexandrinus) DE SANTA MARIA e mundial, por ser refúgio para as aves migratórias e invernantes. Por último, as modifi cações antrópicas Descrição: O objectivo de protecção é o valor histórico- proporcionam-lhe carácter cultural e patrimonial, já cultural das salinas, actualmente não exploradas. O antigo que o sal possibilitou o povoamento da ilha a que lhe núcleo populacional de Santa Maria surgiu da exploração dá o nome. Na zona coexistem actividades tradicionais do sal e proximidade a uma baía com boas condições (pesqueira e extractiva) com valores de interesse natural. naturais para fundear os barcos que transportavam o O conjunto possui um elevado interesse cénico formando sal. A salina de Santa Maria encontra-se a sul da ilha, uma paisagem de grande valor eco-cultural. Pedra Lume a 500 m da costa este, na denominada Costa Fragata, encontra-se ao nordeste da Ilha do Sal. muito perto da povoação e a baía de Santa Maria, recente núcleo turístico em expansão. Superfi cie: 802 ha. Ameaças e Problemática: A sua conservação depende Superfi cie: 69 ha da conservação do conjunto, tanto dos valores naturais Ameaças: As principais ameaças implicadas na (a fl ora, a fauna e os ecossistemas relacionados) assim degradação paulatina que está a sofrer a área da salina, como dos valores histórico-culturais (a própia salina, a são devidas à sua nula ou reduzida exploração, tendo povoação de Pedra Lume, e as infraestruturas salineiras). como resultado uma perda do carácter histórico, cultural As aves limícolas que visitam e/ou habitam a salina são e paisagístico da mesma, assim como pelo trânsito de muito sensívies às perturbações do seu habitat quanto à veículos motorizados, cada vez mais frequentes ao redor contaminação, às actividades que modifi cam as lagoas, do núcleo turístico de Santa Maria. à vegetação a qual estão ligadas, assim como aos ruídos e as visitas perturbadoras, cada vez mais frequentes. MONUMENTO NATURAL MORRINHO DO ACÚÇAR A salina da caldeira de Pedra de Lume deixará de Descrição: O objectivo de protecção é conservar a ser explorada para obter sal e passará a ser explorada particularidade, a beleza e a representatividade como turísticamente. Para isto, vai executar-se um projecto de elemento geológico. Trata-se de uma chaminé vulcânica restauração das instalações salineiras e no seu entorno, fonolítica, situada no meio de uma extensa planície, construir uma série de instalações para o acesso e as expressão da natureza vulcânica da ilha. actividades a realizar na salina e a população de Pedra Lume. É de vital importância para preservar o espaço que se Superfi cie: 5 ha. respeitem os caracteres naturais, históricos e paisagísticos Ameaças: A destruição e/ou modifi cação irreversível da zona, qualquer actividade turística não regulada poderia do seu aspecto para extrair materiais para exploração causar efeitos nefastos para a conservação deste magnífi co económica, tanto directamente sobre a chaminé como no seu lugar. Uma das primeiras medidas, já adoptada, consiste entorno mais próximo. Existem antecedentes desta natureza na regulação do tráfego no interior da caldeira. no denominado Morrinho das Pedras, uma chaminé de Por outro lado, as construções a realizar na zona deverão rochas fonolíticas do Mioceno (Complexo Eruptivo Antigo) (por tratar-se de uma ZDTI e ser um espaço protegido) totalmente alterado depois das actividades extractivas. contar com um Estudo de Impacto Ambiental, e seguir Os danos do pico já começaram a ser evidentes, em duas critérios urbanísticos específi cos. das suas partes (especialmente na parte SW) produziram-se I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 59 extracções e derrubamentos, pelo que as actuações de derrames de petróleo constituirão problemas ambientais protecção e controle são urgentes. O terreno adjacente de difícil solução, diminuindo a biodiversidade e valor encontra-se alterado, abundando as pistas de veículos destes ecossistemas. pesados, e o buraco produzido pela extracção no subsolo Por último, as actividades ligadas ao crescimento turístico é de grande dimensão e de alta incidência visual. e urbanístico, por exemplo a extracção de areia para a MONUMENTO NATURAL MORRINHO DO FILHO construção, tanto na costa como nos fundos marinhos, terão efeitos altamente nocivos para a conservação deste espaço. Descrição: O objectivo de protecção é a beleza e Deve evitar-se a construção de edifi cação em primeira linha singularidade que apresenta o elemento geológico, assim de costa, tendo em conta que estes geram um impacto visual como os complexos processos de formação e evolução signifi cativo e são geradoras de problemas de evacuação geomorfológica que o originou. Assim como o Morrinho de resíduos. Também, as edifi cações nesta zona poderão de Açucar, trata-se de uma antiga chaminé fonolítica que ser afectadas pelas ocasionais mas torrenciais chuvas se localiza no interior da ilha, no seu terço setentrional. estivais, já que se trata da via de saída ao mar de uma Originou-se durante o Plioceno, época em que tiveram extensa bacia hidrográfi ca. lugar sucessivas erupções, dando lugar a uma série de correntes lávicas subaéreas que constituem o que se Igualmente, a multiplicação de embarcações desportivas denominou como o Complexo de Ponta do Altar-Baleia. Os que circulam na zona com turistas provenientes dos hotéis conductos pelos quais a lava chegou à superfi cie fi caram de Santa Maria pode ter efeitos negativos, ainda não na actualidade descobertos em forma de picos, devido ao avaliados, sobre a biodiversidade e a manutenção dos efeito da erosão diferencial sobre materiais de distinta processos essenciais da baía. dureza e erosionabilidade. Actualmente, os picos, Morrinho do Açúcar e Morrinho do Filho, constituem elementos RESERVA NATURAL DE COSTA DA FRAGATA destacados nas planícies sedimentárias e pedregosas Descrição: O objectivo de protecção é preservar o grande dessa zona da ilha, rodeados de uma pequena extensão valor natural que inclui o corredor de areias gerado de correntes subaéreas. pelo aporte de areias do vento do nordeste, cujo Superfície: 12 ha lugar de entrada na ilha é Costa da Fragata. Trata-se de uma praia orientada a este, de 4,7 km de longitude, Ameaças: A destruição e/ou modifi cação irreversível de de areias orgânicas, inclui a praia e o cordão dunar que aspecto para extrair materiais para exploração económica, se encontram por trás da mesma. Algumas das dunas tanto directamente sobre a chaminé como no seu entorno alcançam dimensões notáveis e se encontram fi xadas por mais próximo. Existem antecedentes desta natureza no tarafes (Tamarix senegalensis), também por ser habitat de denominado Morrinho das Pedras, uma chaminé de diferentes espécies faunísticas, destacando a Tartaruga- rochas fonolíticas do Mioceno (Complexo Eruptivo Antigo) comum Caretta caretta. totalmente alterado depois das actividades extractivas. Outro exemplo mais próximo e recente encontra-se perto A reserva natural compreende a praia de Costa da do Morrinho do Açucar, descrito na fi cha correspondente. Fragata e o cordão dunar que ladea a mesma (aprox. RESERVA NATURAL DE BAÍA DA MURDEIRA 400m terra dentro), assim como uma franja marinha de 3 milhas náuticas desde a linha de maré. Descrição: Os fundamentos de protecção são a riqueza dos ecossistemas submarinos da zona (moluscos, corais, Superfi cie: 2693 ha, sendo 346 ha terrestre e 2347 peixes, algas, etc.) com numerosos endemismos e ha marinho. singularidades e as praias, que servem de alimentação Ameaças: Estão relacionadas com as actividades e nidifi cação de espécies de tartarugas marinhas e por turísticas existentes na zona, a problemática fundamental ser habitat de aves marinhas como águias pesqueiras ou é o trânsito de veículos motorizados. A ausência de uma rabos de junco. Também aparece estacionalmente baleias estrada principal provoca a proliferação de pistas de terra jubarte, espécie ameaçada, cuja conservação é de grande que causam um enorme impacto paisagístico e levam à importância a nível mundial. degradação das condições edáfi cas. A baía, de grande amplitude e orientação sudoeste, situa-se A extracção de areia afecta negativamente o cordão na costa oeste a sotavento da Ilha do Sal, resguardada das dunar, assim como os ecossistemas e paisagens do espaço correntes dominantes. Limita a norte com a costa do Monte natural. O aporte de areias regular de que depende a Rabo de Junco e ao sul com a Ponta de Rife. Também, inclui manutenção de todas as condições naturais deste espaço as águas que rodeiam o ilhéu de Rabo de Junco. revela-se como um processo de natureza frágil, que pode Superfi cie: 6107 ha, sendo 182 ha terrestre e 5925 ser alterado por qualquer actividade humana signifi cativa. ha marinho. Outra ameaça é a actividade predatória sobre as tartarugas Ameaças: Captura das tartarugas marinhas, aves nidifi cantes nesta praia. marinhas ou sobreexploração de recursos pesqueiros como a lagosta costeira e o uso das artes de pesca lesivos RESERVA NATURAL DA PONTA SINÓ ao meio. Estas ameaças provocam danos que podem ser Descrição: O fundamento de protecção é o valioso habitat irreparáveis na composição das comunidades marinhas. que representa para muitas espécies de aves ligadas a Também os vertidos ao mar de lixos, entulho, águas estes ecossistemas húmidos inundáveis e muito frágeis. residuais ou industriais, ou qualquer contaminante, ou Constitui uma importante zona de nidifi cação para o 60 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) unidade geológica, é um dos hábitat mais importante para e Tartaruga-comum (Caretta caretta). Localiza-se no extremo a nidifi cação de espécies de aves marinhas emblemáticas sudoeste da Ilha do Sal, a oeste da zona turística da Vila e de importância a nível mundial como o Rabo-de-junco de Santa Maria. Possui vegetação típica dos ecossistemas (incluído no Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas de inundáveis e com encharcamentos periódicos. Também, Cabo Verde com a categoria de: em perigo) e a Águia nesta zona localiza-se a saída das areias do corredor que pesqueira/Guincho (também incluído na mesma lista, mas se inicia na costa este, Costa da Fragata. com categoria de: raro). A Tartaruga-comum, Caretta caretta, nidifi ca na praia de areia organogénica perto Superfi cie: 5747 ha, sendo 96 ha terrestre e 5651 ha do relevo de Serra Negra com 104 metros de altitude. marinho. Quanto à fl ora apresenta exemplares dispersos do género Ameaças: A proximidade ao núcleo turístico de Santa de Forsskaolea, Lotus, Diplotaxis, Abutilon, Fagonia e Maria, faz de Ponta Sinó uma zona de expansão para o Ajuga, ainda estão presentes as espécies de Limonium turismo. Todas as actividades deveriam estar reguladas, brunneri, Asparagus squarrosus e Pulicaria difusa. Em já que podem constituir uma ameaça para o ecossistema zonas próximas a Ponta da Fragata, cobertas por capas de que ali se encontra, nomeadamente o trânsito de veículos areias eólicas encontram-se espécies do género Zygophyllum motorizados (todo terreno e motos de areia) nas dunas e formações herbáceas dos géneros Sporobolus, Suaeda, e proximidades. Esta actividade degrada a paisagem, Indigofera e Sclerocephalus. destrói a vegetação e constitui um perigo para a presença Localiza-se no sudeste da Ilha do Sal, entre a Ponta de aves que habitam ou nidifi cam na zona. da Fragata e a Ponta do Morrinho Vermelho. A frente A proximidade aos núcleos hoteleiros em expansão na marítima tem, em geral, uma orientação para sudeste. área de Santa Maria e a futura urbanização de Ponta Preta Superfi cie: 2.627 ha, sendo 331ha terrestre e 2.296 torna a zona muito vulnerável, actualmente degradada ha marinho. pela presença de lixos e algum entulho procedentes dos trabalhos de construção próximos. Ameaças: A captura de Rabo-de-junco por parte da população tem consequências nefastas nas colónias, o Nas praias ainda nidifi cam tartarugas marinhas número de indivíduos encontra-se em franco retrocesso. (Caretta caretta), capturadas pela população local na A tranquilidade da avifauna, pode ser alterada devido à época de nidifi cação. O turismo também ocasiona riscos presença de veículos utilizados na exploração de pedreiras, para a reprodução da espécie, já que são muito sensívies que com frequência tem lugar na mesma margem à iluminação, a ruídos e presença de pessoas nas praias. dos penhascos, a escassos metros dos ninhos de águias RESERVA NATURAL RABO DE JUNCO pesqueiras e dos buracos onde nidifi cam as espécies de Rabo-de-junco. Descrição: O objectivo de protecção é a presença e nidifi cação de aves, especialmente do Rabo-de-junco 4.4. Contexto socioeconómico (Phaethon aethereus), incluído no Livro de Espécies 4.4.1. Caracterização social Ameaçadas de Cabo Verde (LEYENS & LOBIN, 1996) com categoria de perigo, embora no Sal encontrem-se Segundo os dados do Inquérito Multi-objectivo Contínuo na categoria de perigo crítico. Também é objectivo de (IMC), o arquipélago de Cabo Verde, conta com uma protecção a beleza e singularidade do relevo unido à sua população residente de 505.848 habitantes, sendo que a importância geológica. Localiza-se na costa oeste do Sal, a ilha do Sal alberga aproximadamente 29.096 habitantes norte da Baía de Murdeira. O cone vulcânico forma uma (com 15.592 homens equivalente a 53,6% e 13.504 pequena saliência em direcção ao mar com 166 metros de mulheres equivalente a 46,4%) o que corresponde a 5,8% altitude, conhecido localmente como “Monte do Leão”, já da população do arquipélago (INE, 2012). que desde o sul ostenta a forma de um leão adormecido. Verifi ca-se, segundo o Censo 2010 divulgado pelo INE, O espaço inclui também o ilhéu que se encontra perto da um crescimento signifi cativo da população da ilha do Sal, costa, denominado Ilhéu Rabo de Junco. com uma Taxa de Crescimento Médio Anual de 5,5 %, Superfície: 154 há entre 2000 e 2010. Ameaças: Captura de Rabo-de-Junco e, especialmente, Com base no IMC a densidade populacional do arquipélago as crias. Também tem sido frequente a destruição de é de 125,4 hab/km2 sendo a densidade populacional do ninhos de águias pesqueiras, alcatraz e pardais, para Sal de 134,7 hab/km2. consumo de ovos e crias. A ilha do Sal, apesar de representar o pólo turístico de A zona apresenta outra ameaça, a exploração não Cabo Verde, parte signifi cativa da sua população possui um regulada dos recursos geológicos, como lapilli ou rocha baixo nível de instrução, aspecto que em nada contrasta basáltica para a construção. O impacto desta actividade e com o panorama geral nacional (Brito, 2012). a abertura de pistas para acesso de camiões às pedreiras Cabo Verde, comparado com as taxas médias de países de extracção, repercute na conservação do ecossistema de rendimento médio, apresenta baixas taxas anuais associado a esta área protegida. tanto de crescimento demográfi co como de mortalidade. RESERVA NATURAL DE SERRA NEGRA A esperança média de vida para homens e mulheres Descrição: O objectivo de protecção, preende-se com situa-se em torno de 68,7 e 79,2 anos, respectivamente a singularidade da paisagem de Serra Negra. Como (INE, 2010). I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 61

A escassez de recursos naturais acrescido às secas é O sector pesqueiro apresenta-se como um dos eixos da um fator determinante para que muitos caboverdianos estratégia de desenvolvimento do país através da exploração decidam emigrar de maneira que, na atualidade, a população racional-planifi cada dos recursos pesqueiros e o reforço caboverdiana que reside no estrangeiro supera a população das capacidades empresariais e da competitividade. que reside nas ilhas. Actualmente na actividade pesqueira podem identifi car-se, 4.4.2. Caracterização económica como actividades extractivas presentes, três pescarias 4.4.2.1. Sector primário industriais e cinco pescarias artesanais. Também existe uma importante actividade de pesca estrangeira e, com O sector primário emprega 23% da população, embora o auge do turismo, uma notória actividade da pesca signifi que só 9% do seu PIB. A agricultura do país vê-se recreativa (Plano Executivo Bianual de Gestão da Pesca submetida a problemas de secas, sobrepopulação das possíveis 2007- 2008). zonas de cultivo e o derivado minifúndio. O Governo de Cabo Verde reestruturou o sistema de propriedade da terra e faz O esforço pesqueiro sobre os recursos caboverdianos esforços dirigidos à renovação tecnológica do sector, para fez com que se tenha limitado para os barcos de pesca conseguir optimizar os escassos recursos aquíferos. estrangeiros as capturas, estabelecendo-se limites máximos A pobreza de recursos naturais nas ilhas só permite, de licenças anuais e dirigidas a algumas pescarias em em média, a produção de 15% das necessidades anuais particular. Limitou-se igualmente a pesca no interior em matéria de alimentação. Isto implica a necessidade de das 12 milhas náuticas. importar 4/5 do que é consumido de feijão-verde, milho, A importância da pesca recreativa motivou também batatas, arroz, manteiga, leite em pó, azeite vegetal, etc. a adopção de medidas de gestão para regular esta Atualmente só se cultiva 7% das terras aráveis de actividade e evitar a concorrência com a pesca artesanal, Cabo Verde, e a agricultura está pouco diversifi cada. especialmente a de litoral. Assim, articularam-se medidas Os principais cultivos são a cana-de-açúcar, o milho, os como a proibição da comercialização da pesca desportiva, feijões, o café e a banana. a pesca submarina com uso de respiração artifi cial e, em especial, a coordenação com o sector para conhecer a Da ajuda internacional, grande parte destina-se ao capacidade extractiva real do mesmo. aproveitamento das águas subterrâneas, unidades de dessalinização e, em matéria agrícola, otimizar os escassos Por último, dada a sua importância ecológica e recursos de água do país, com a introdução de sistemas transcendência a nivel internacional, a pesca de tubarões de rega gota-a-gota. As reservas exploráveis de água foi essencialmente proibida, com especial atenção à dirigida estima-se que poderiam abastecer 8.600 ha, em relação a espécies ameaçadas como o Tubarão baleia (Rhincondon às 3.000 atuais. typus) e Tubarão branco (Carcharodon carcharias). A pecuária também sofre os problemas derivados das condições climáticas. Ainda assim, cobre 95% do Na tabela 4 apresentam-se algumas pescarias e as consumo interno de carne e 25 % da procura de leite. medidas de gestão adoptadas:

Tabela 4. Pescarias e as medidas de gestão adotadas.

PESCARIAS INDUSTRIAIS PESCARIA ESPÉCIES ARTE DE PESCA MEDIDAS DE GESTÃO Albacora Tunídeos e afins Linha / vara Peso mínimo de 3.2 Kg Gaiado Cavala preta Controle de licenças Tamanho Pelágicos de pequeno Cavala branca Rede de cerco mínimo Cavala 18 cm Defeso tamanho Carapau (1/08- 30/09) Defeso (01/07-30/11) Tamanho mínimo 11 cm (carapaça) Lagosta Lagostas Covos Limitação de licenças Limitação de covos PESCARÍAS ARTESANAIS PESCARIA ESPÉCIES ARTE DE PESCA MEDIDAS DE GESTÃO Albacora Serra Garoupa Moreias Pesos mínimos albacora e patudo de 3.2 Kg. Tunídeos e demersais Linha de mão Salmonetes Esmoregal Pesca artesanal reservada ao interior das 3 milhas náutica. Sargos Carapau Limitação à pesca nacional Cavala preta Limitação de licenças Pequenos pelágicos Rede de cerco Carapau Defeso (1/08- 30/09) Tamanho mínimo Cavala preta 18 cm Limitação de licenças Pelágicos Dourada Rede de emalhar Tamanho mínimo a 17 cm Abertura da malha 30 mm Carapau Dourada Limitação do nº de redes de arrasto Pelágicos Rede de arrasto de praia Arenque Tamanho mínimo isca de 6 cm Cavala branca Limitação à pesca nacional Lagostas Defeso (1/05- 31/10) Tamanho Búzios Lagostas costeiras Mergulho mínimo 9 cm (carapaça) Proibição Polvos de fêmeas ovadas Proibição de Chocos redes de emalhar 62 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

4.4.2.2. Sector Secundário Um elemento perturbador é o crescimento da população resultado dos centros urbanos, assim como as designações A indústria caboverdiana viu-se impulsionada a partir de certas áreas com uma forte vocação para o turismo da adopção das medidas destinadas a promover o sector e o ócio. privado e a atrair investimentos estrangeiros. Embora, a sua contribuição para o PIB seja mínima, devido aos As zonas de desenvolvimento turístico do Sal como factores de produção como o transporte e a energia, destaca-se Murdeira, Santa Maria e arredores devem ser controladas a expansão da indústria têxtil, do calçado, as bebidas, e protegidas contra a construção de complexos turísticos, já os móveis, as conservas de peixe, o sal, os materiais de que estão localizadas sobre áreas ecológicamente sensíveis. construção, os productos metálicos e a reparação de navios. Estes sistemas são ameaçados pelo número crescente de Os recursos energéticos são muito escassos. A principal instalações turísticas. A crescente urbanização, de forma fonte de energia é o petróleo e os seus derivados, mas a desordenada, pode ser a principal causa dos problemas população continua a utilizar lenha como fonte de energia. ambientais de ambas as zonas. Associados a estes O governo caboverdiano tenta melhorar o abastecimento de crescimentos geram-se paralelamente problemas derivados electricidade nas áreas rurais e desenvolver a implementação das necessidades de recursos hídricos e infraestruturas das energias renováveis. de abastecimento, a produção de resíduos e vertidos, portanto, a necessidade de infraestruturas sanitárias e Praticamente toda a água consumida na ilha é proveniente todos aqueles recursos de energia. Outro problema, não da dessalinização da água do mar, com os custos associados só ocasionado pelos turistas, mas também pela população à importação de combustível. local é o uso de veículos todo-terreno e motos em áreas 4.4.2.3. Sector Terciário sensíveis e sobre a biota existente. O sector dos serviços é o principal motor da economia Ainda se conservam as características da zona que a caboverdiana, destacando-se o comércio, o turismo, o classifi cam como apta para o investimento diversifi cado transporte, as telecomunicações e a banca. Em Cabo em turismo, em turismo ecológico e de ócio. Devem valorizar-se Verde, na última década, o turismo foi eleito como vetor os investimentos com estratégias ambientais, de usos e estratégico para o desenvolvimento sócio-económico do ocupação da terra adequada com as infraestruturas para país e segundo dados do Banco de Cabo Verde em 2011 as um desenvolvimento ecológicamente sustentável. receitas de turismo aumentaram 26,4 % (5,3 % em 2010) 4.5.2. Resíduos sólidos e saneamento básico passando a representar 21,1 % do PIB, representando 60,8 % do sector dos serviços (BCV, 2012). Por outro lado, A poluição proveniente da deposição indevida de resíduos o sector das telecomunicações continua a crescer desde sólidos (lixo, entulho, sucatas), dentro e fora das zonas 1995, devido ao contínuo investimento no sector. urbanas, e a falta de infraestruturas de tratamento dos resíduos sólidos e de saneamento básico e tratamento O país conta com portos em todas as ilhas e linhas dos efl uentes põe em perigo tanto o ambiente terrestre regulares de transporte de mercadorias com paises africanos, como o marinho e leva à degradação dos habitats e a europeus, asiáticos e americanos. Também dispõe de 4 consequente perda de biodiversidade. aeroportos internacionais nas ilhas de Santiago, Sal, São Vicente e Boa Vista e 3 aeródromos em Fogo, Maio e São As zonas costeiras da ilha, nomeadamente a norte e Nicolau. nordeste, são fortemente afetadas pelos resíduos sólidos trazidos pelas correntes marítimas. As actividades comerciais e de investimento são supervisionadas pelo Banco de Cabo Verde que é o Banco A questão dos resíduos sólidos e dos efl uentes Central do país. Um dos objetivos dentro do sector fi nanceiro líquidos põe-se com especial importância numa ilha, e é a criação de um mercado de valores. num país como Cabo Verde onde os recursos fi nanceiros e as condições ambientais obrigam a um exercício de escolha A ilha do Sal sofreu um aumento no número de da solução mais vantajosa quer em termos ambientais estabelecimentos dedicados ao turismo. De acordo com quer em termos fi nanceiros. os dados do INE, o número de dormidas na ilha do Sal vinha aumentando até o ano 2008, ano em que se observa 4.5.3. Espécies invasoras uma queda seguida de um aumento ligeiro. De entre as A introdução de espécies domésticas ou selvagens com causas dessa queda pode-se associar a crise fi nanceira e o fi m de controlar as outras espécies (inclusive algumas a concorrência da ilha vizinha de Boa Vista, cujo número destas também involuntariamente introduzidas) costumam de turistas tem estado a aumentar nos últimos anos. Por causar efeitos nocivos ou consequências não previstas exemplo, as taxas médias mensais de ocupação, no primeiro nos ecossistemas receptores das mesmas. Em especial os trimestre de 2011 foram de 69% (Sal) e 82% (Boa Vista). efeitos negativos são para muitas espécies autóctones que, 4.5. Elementos perturbadores do património dada a sua baixa fecundidade e a sua baixa capacidade de natural e cultural resposta, não conseguem dar resposta à presença destas espécies invasoras. 4.5.1. Usos: desenvolvimento turístico - Felidae: Felis spp. Resulta difícil evitar o aparecimento de confl itos entre o uso e o equilíbrio natural, sobretudo nas áreas costeiras A presença de gatos silvestres nas ilhas de Cabo Verde já que são muito sensíveis, devido ao seu dinamismo, é um facto comum e similar a todas as ilhas. Noutros importância ecológica e económica. Arquipélagos como Galápagos (Equador), Havai (EU), I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 63 algumas ilhas do Caribe e as ilhas Canárias a sua presença Trata-se de uma espécie originária das zonas áridas também representa o mesmo problema. Também se e desérticas das Américas do norte e do sul. Terá sido descreveram efeitos nocivos nas Antilhas, as ilhas Salomón, introduzida nos inícios do século XX no norte da ilha com Fidji, Seychelles, Comores ou as ilhas do Golfo da Guiné. estacas provenientes dos EUA. O objetivo destas primeiras plantações foi a obtenção de lenha, carvão e alimento Os gatos estão na origem da extinção de mais vertebrados para o gado, que muito contribuíu para a subsistência insulares do que qualquer outro predador, devido à sua das populações nos anos de fome em Cabo Verde. Mais efi cácia como carnívoro, a uma enorme capacidade de tarde, depois da independência, foram efetuadas novas adaptação que lhe permite colonizar desde as ilhas sub- plantações, desta vez por via seminal e com variedades antártica às ilhas muito áridas e quentes perto dos trópicos, selecionadas para a produção de vagens, com o objetivo e a uma alta taxa de reprodução. de fi xação dos solos e controlo do avanço das areias. Ao longo da história, a sua acção contribuíu para a extinção de, pelo menos, 14% dos vertebrados extintos. Actualmente, As plantas introduzidas por semente têm um grande a sua presença ameaça, também, a sobrevivência de poder de disseminação que aliado ao facto de ser uma 8% das espécies de aves, mamíferos e répteis catalogados espécie com uma grande capacidade de resistência e captação como em perigo crítico pela União Internacional para a de água (sistema radicular) e humidade (folhas) competem Conservação da Natureza (UICN). Os répteis e as aves com a vegetação local. A capacidade de disseminação desta convertem-se nas presas mais consumidas pelos gatos. variedade tem fortes aliados nas cabras que se alimentam das vagens (depois de passarem pelo rúmen dos animais Em Cabo Verde os lagartos gigantes Macroscincus as sementes saem envoltas em matéria orgânica e são coctei e Mabuya gigas também são vítimas dos felinos disseminadas pelas águas de escorrimento na estação das (Carranza et al., 2001), e a osga gigante (Tarentola gigas) chuvas e germinam muito bem logo no primeiro ano), no fi caram restringidos a dois ilhéus nos quais não há gatos pastoreio livre e no facto das populações terem vindo a (Carranza et al., 2002). abandonar a agricultura deixando de cuidar das hortas. Plano de controlo e erradicação São várias as referências bibliográfi cas que apontam os A nível geral, da mesma forma que noutros arquipélagos, benefícios desta espécie invasora para as zonas áridas e os impactos dos gatos silvestres classifi cam-se em três suas populações desde que se implemente um bom plano categorias: de gestão com medidas de gestão sustentável que passa por impedir a expansão da Acácia-Americana (P. julifl ora) ▪ Mista: se o impacto negativo resultante dos gatos nas áreas onde existem povoamentos de tamareiras e nas silvestres se vê agravado pela acção de outras dunas; gerir os povoamentos já existentes controlando espécies invasoras. a disseminação de sementes (com um elevado grau de ▪ Alta: quando há claras evidências do seu impacto. difi culdade) e incentivando os agricultores a arrancarem as plantas logo que começam a nascer; e a utilização dos ▪ Forte: quando a extinção se atribui quase povoamentos existentes em atividades produtivas. exclusivamente à acção dos gatos. Plano de controlo e erradicação Na Ilha do Sal, os impactos da acção dos felinos podem classifi car-se como Forte. A classifi cação como Mista, pela A remoção mecânica de árvores invasoras é uma tarefa que presença de corvos, poderia ser pertinente mas não existe pode ser muito dispendiosa e de elevado impacto, devendo informação sufi ciente para aprofundar no alcance de tais ser programada e realizada por pessoal experimentado. O efeitos conjuntos. simples corte das árvores não é sufi ciente para eliminar Este plano de erradicação deve passar pela elaboração de os indivíduos, havendo necessidade de utilizar outros uma série de regulamentos municipais da ilha baseados em: meios para atingir a efi cácia em função da capacidade de produzir rebentos. ▪ A elaboração de censo de animais domésticos; A forma mais efi ciente de eliminar as plantas exóticas ▪ A marcação de todos os gatos com proprietário; invasoras que rebrotam depois do corte é utilizar métodos ▪ A esterilização voluntária subvencionada dos gatos químicos para eliminar a planta pela base. Isto evita (machos e fêmeas) com dono; que a planta produza rebentos, que muitas vezes, se transformam num problema ainda maior, mais grave ▪ A erradicação dos gatos das ruas num prazo de e que requer um controlo periódico e acompanhamento dois anos. intensivo. Quanto menor for o tempo entre o corte e a ▪ A difusão de informação e prevenção, educando a aplicação do produto, maior é a efi cácia do resultado. As população sobre os riscos associados à presença árvores devem ser sujeitas a um corte o mais próximo de gatos silvestres para a fauna local, tal e como possível do solo. O método químico deverá ser utilizado em se faz com outras espécies invasoras. zonas onde se pretende a total erradicação das espécies, nomeadamente, leitos das ribeiras ou nas áreas com ▪ A vigilância, estabelecendo sistemas de alerta, povoamentos de tamareiras. particularmente em zonas de elevado interesse. Nos outros locais com povoamentos de Acácia-americana - Fabaceae: Prosopis julifl ora dever-se-á implementar medidas de gestão que permitam O principal problema com espécies invasoras prende-se controlar a expansão dos povoamentos e ao mesmo tempo com a proliferação da Acácia- Americana (Prosopis julifl ora). gerar rendimento econômico para as populações locais. 64 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

5. ANÁLISE FOFA DA ILHA DO SAL A elaboração da matriz FOFA sintetiza as principais evidências que servem de guia para defi nir as linhas O estudo pormenorizado das unidades ambientais e dos de actuação que podem contribuir para um futuro mais ecossistemas presentes na ilha proporciona a informação ordenado e que valorize ao máximo as oportunidades da necessária que assegura o uso e a gestão adequada dos ilha. O signifi cado de cada um dos aspectos a tratar em recursos naturais, sendo esta a garantia de conseguir um relação ao território são: desenvolvimento sustentável para a ilha. a) Forças: É o potencial ou os factores internos que A orientação do desenvolvimento socioeconómico para o impactam de maneira favorável sobre o território. sector turístico necessita assegurar, complementarmente, b) Oportunidades: São as iniciativas ou possibilidades a conservação dos valores naturais actuais já que, a perda do meio. do seu valor ambiental, ecossistémico ou paisagístico, c) Fraquezas: São os factores endógenos que actuam de condicionam o crescimento futuro e as possibilidades de maneira desfavorável ou limitam o crescimento manter o próprio desenvolvimento turístico. Os efeitos sustentável. das actividades relacionadas com o turismo já começaram a fazer-se sentir nas ilhas pelo que torna-se urgente dispôr d) Ameaças: Implica os perigos do ambiente. das medidas oportunas que permitam corrigir a falta Portanto, a presente análise (tabelas 6 e 7) descreve de planifi cação ou por defeito a má prática por falta de a situação actual da Ilha do Sal em relação ao seu vigilância ou controlo nos desenvolvimentos urbanísticos património cultural e natural, atendendo às suas fraquezas e/ou turísticos. A conservação do espaço natural constitui e forças internas, assim como às ameaças e oportunidades a base para o aproveitamento das oportunidades inerentes que o meio, tanto social como económico oferece no a um atractivo desenvolvimento turístico. desenvolvimento económico futuro da ilha.

Tabela 5. Análise FOFA da ilha do Sal.

FORÇAS OPORTUNIDADES ● Destino muito apreciado pela espetacularidade das paisagens, ● Realização de um inventário dos recursos materiais (pesca e a presença de espécies de interesse ecológico e turístico, apanha de marisco, areias) e imateriais (culturais), terrestres, etc.; Existência de fi guras de proteção que determinam os costeiros e marinhos; valores principais do território; ● Alto grau de preocupação ambiental das ONG nacionais e ● Crescimento do turismo e do investimento exterior; internacionais e dos turistas; ● Grande valor etnográfi co do patrimônio construído existente, ● Voluntariado ambiental muito ativo; cuja engenharia e arquitetura refl etem a história da ilha. ● Apoio fi nanceiro exterior em projetos de cooperação internacional; ● Desenvolvimento de programas de dinamização e diversifi cação da economia ao sector de serviços (de qualidade); ● Realização de uma nova normativa em relação às atividades de ecoturismo, desportos de aventura, náuticos, etc.; ● Implementação de programas de investigação, preservação e valorização do património cultural. FRAQUEZAS AMEAÇAS ● Território pequeno e fragmentado; ● Zona de alto tráfi co marítimo (e de substâncias perigosas); ● Clima de extrema aridez; ● Sobreexploração de recursos naturais; ● Afastamento dos mercados europeus/americanos, ou ● Aumento da procura de recursos para o turismo; em pior posição que outros destinos turísticos; ● Aumento de pressão sobre o meio: ● Ecossistemas frágeis; o Recursos hídricos; ● Insufi ciente informação científi ca detalhada das espécies o Infraestruturas; e o seu estatuto; o Urbanização; ● Escassa informação sobre as espécies invasoras; o Contaminação (terrestre e marinha); ● Alta densidade de corvos e felinos que põe em perigo as o Poluição luminosa: espécies autóctones; ■ Em épocas de desova das tartarugas marinhas; ● Insufi cientes recursos destinados aos programas de ■ Em épocas de nidifi cação das aves; vigilância e controlo ambiental; ● Abandono de atividades tradicionais; ● Persistência de práticas culturais incompatíveis com a sustentabilidade; ● Presença de espécies invasoras que substituem às autóctones; o Caça e consumo de tartarugas marinhas; ● Degradação do património construído devido à atividade humana ou à falta de intervenção para a sua conservação. ● Ausência de programas de conservação e valorização do património construído; ● Ausência de programas de dinamização de atividades culturais que valorizem a cultura da ilha (música, dança, festas tradicionais, artesanato, gastronomia, etc.); ● Ausência de programas de investigação e valorização do património subaquático. I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 65

De acordo com os resultados analisados, com o objetivo Em resumo, as oportunidades e ameaças fazem referência de avaliar e determinar quais são os problemas principais aos aspectos externos do espaço natural. Têm por missão sobre os quais se deve intervir. A determinação da ordem recolher os inputs positivos e negativos que o meio pode de prioridades responde, ao mesmo tempo, à necessidade de exercer sobre a ilha. As forças e fraquezas adequam-se maximizar os escassos recursos disponíveis para implementar mais com a relação de factores internos que contribuem as acções que materializam os planos de conservação. para dinamizar ou parar o crescimento da ilha.

Assim, as prioridades estabelecidas de forma a facilitar Numa tentativa de detalhar ainda mais as implicações as estratégias seriam: dos resultados obtidos desta análise FOFA, a identifi cação dos valores no capítulo 4, isto é, património cultural (salinas) ▪ As acções dirigidas a melhorar a sensibilização da e património natural (habitats e espécies) constituem o população sobre as suas responsabilidades na fundamento das prioridades estratégicas a desenvolver no conservação e uso sustentável dos recursos; plano de conservação, pelo que nos quadros seguintes se ▪ As acções dirigidas a capacitar os agentes implicados apresentam uma análise pormenorizada sobre estes elementos. no uso e gestão sustentável dos recursos, para Os resultados obtidos desta análise FOFA, realizada conseguir uma boa aplicação da normativa vigente; sobre os recursos naturais e culturais anteriormente ▪ As acções dirigidas a contribuir a uma melhoria do identifi cadas, constituem o fundamento das prioridades conhecimento sobre os elementos seleccionados, estratégicas a desenvolver no plano de conservação que minimizando as lacunas existentes. se propõe nos capítulos seguintes.

Tabela 6. Análise FOFA do património cultural da ilha do Sal

PATRIMONIO CULTURAL: SALINAS

FRAQUEZAS AMEAÇAS FORÇAS OPORTUNIDADES

Ausência de programas de conservação Perda dos espaços por transformação natural Alto valor etnográfi co. Engenharia e Aumento do turismo relacionado com das salinas para a sua transformação ou humana destinando-os a outros usos. arquitectura associada a uma actividade a natureza, os valores etnográfi cos, em sistemas mais produtivos industrial de grande importância no paisagísticos e ambientais. globalmente. século XX.

Baixa rentabilidade das actividades Abandono das actividades tradicionais Espectacularidade paisagística das Aumento da procura de serviços adicionais tradicionais vinculadas à exploração vinculadas às zonas húmidas (salinas). salinas. ao turismo de Praia. do recurso (sal).

Escasso impulso para transformar a Escassez do pessoal qualifi cado para a Alta produção do sal. Capacidade de criar denominação de origem. actividade e colocá-la num nível em exploração mista das salinas. que possa ser explorado também como recurso turístico. Alta capacidade de albergar outras explorações associadas a cultivos em ambientes hipersalinos.

Tabela 7. Análise F.O.F.A. do património natural da ilha do Sal.

PATRIMONIO NATURAL: ESPÉCIES E HABITATS

FRAQUEZAS AMEAÇAS FORÇAS OPORTUNIDADES

Território pequeno e árido Aumento da actividade humana como Os distintos espaços com diferentes Establecer programas de cooperação; consequência do crescimento do turismo. fi guras de protecção contam com Estabelecer programas de cooperação Sobreexploração dos recursos. populações signifi cativas de algumas internacional que proporcionem suporte das espécies a proteger. fi nanceiro internacional para o estudo das Necessidade de maior informação sobre Ausência de recursos para a realização populações das espécies protegidas e dos o estado, distribuição e conservação de programas de investigação. seus habitats. das diferentes espécies ameaçadas (em perigo, em risco ou raras), assim como dos habitats.

Aumento dos resíduos (em lixeiras) Espaços naturais de alto valor Reforço dos programas de controlo e vigilância Alta densidade de predadores (corvos que constituem a fonte de alimentação ecológico, com presença de espécies dos espaços naturais e das actividades da e gatos no território insular. fundamental dos corvos e que lhes de interesse turístico, ao mesmo tempo pesca (recreativa ou profi ssional). permite aumentar a população. que ecológico. Aumento da população de gatos em urbanizações turísticas.

Escassez de alimento (presa) para Sobreexploração dos recursos pesqueiros Reforço dos programas de educação e algumas espécies ameaçadas sensibilização ambiental.

Ecossistemas frágeis Aumento da contaminação terrestre Turismo da natureza. (lixos) e marinha (vertidos). 66 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

6. ESTRATÉGIA DE CONSERVAÇÃO DA ILHA 6.2. Objectivos DO SAL A ECSL assume três objectivos gerais: A Estratégia de Conservação da ilha do Sal (ECSL) é um a) Conservar os recursos naturais da ilha do Sal, documento orientador fundamental para a conservação incluindo os elementos chaves da biodiversidade, dos recursos naturais e culturais da ilha em questão, geologia, geomorfologia, entre outros; nomeadamente os que se encontram mais vulneráveis às acções nefastas do homem. b) Promover a utilização sustentável dos recursos naturais da ilha em questão; 6.1. Princípios fundamentais c) Contribuir para a prossecução dos objectivos visados A presente Estratégia assenta nos seguintes princípios pelas principais convenções internacionais na área fundamentais: da conservação da natureza em que Cabo Verde ▪ Princípio do nível de protecção, visando uma efectiva é membro, em especial os objectivos defi nidos na salvaguarda dos valores mais signifi cativos do Convenção sobre a Diversidade Biológica, Convenção património natural existente na ilha em questão; RAMSAR, CITES, UNCLOS, entre outros. ▪ Princípio da utilização sustentável dos recursos naturais 6.3. Opções Estratégicas e culturais, promovendo a compatibilização em toda A ECSL adopta as seguintes opções estratégicas principais: a ilha entre o desenvolvimento sócio-económico e a conservação da natureza, visando o bem-estar ▪ Promover a investigação científi ca e o conhecimento sobre o património natural e cultural, bem como a das populações e das gerações vindouras; monitorização de espécies, habitats e ecossistemas. ▪ Princípio da precaução, aplicando à conservação dos A política de conservação dos recursos naturais e culturais recursos naturais e culturais da ilha o princípio deve assentar num sólido conhecimento científi co e técnico in dubio pro ambiente, dando a possibilidade dos mesmos, sua distribuição geográfi ca, relevância e de pôr em causa as acções e de recuar quando evolução. Por outro lado, é fundamental dotar a comunidade não se está seguro das consequências; local e nacional com o conhecimento científi co e técnico ▪ Princípio da prevenção, aplicando uma intervenção adequado a discernir e a sustentar respostas para os antecipativa ou acautelar ante os riscos de degradação problemas específi cos relacionados com a conservação do património natural e cultural, privilegiando assim dos recursos naturais e culturais. Neste sentido, é a acção sobre as respectivas causas; necessário, estimular e apoiar a investigação científi ca. ▪ Princípio da recuperação, eliminando os processos A investigação dotará a comunidade local, nacional degradativos nas áreas chaves para a conservação e a administração pública do conhecimento necessário dos recursos naturais e culturais da ilha, à estruturação de acções especifi camente vocacionadas promovendo adopção de medidas de salvaguarda para promover a conservação da natureza a nível local. e requalifi cação dessas áreas; Tendo em conta os objectivos da presente Estratégia, ▪ Princípio da responsabilização, adoptando, para consideram-se de especial Importância os estudos destinados a: além do princípio do poluidor-pagador, a ▪ Aprofundar o conhecimento sobre os componentes responsabilidade de todos na utilização do património natural e da biodiversidade, sustentável dos recursos naturais e culturais, sobretudo os mais signifi cativos, ameaçados promovendo a conservação dos mesmos como de extinção ou menos conhecidos, e inventariar uma responsabilidade partilhada por todos os a sua distribuição, com o recurso a sistemas de stakeholders a nível local, nacional e regional; informação geográfi ca; ▪ Princípio da integração, preconizando que a ▪ Identifi car e aperfeiçoar as medidas adequadas de estratégia de conservação da ilha do Sal salvaguarda, gestão, recuperação ou valorização seja assumida, por forma coordenada, pelas de espécies ou habitats, sobretudo os mais diferentes políticas sectoriais relevantes, signifi cativos ou ameaçados de extinção; reconhecendo-se a sua interdependência; ▪ Defi nir metodologias e indicadores de monitorização ▪ Princípio da participação, promovendo a informação, da evolução da situação de espécies ou habitats; formação e a intervenção dos cidadãos locais e das ▪ Monitorizar a evolução de espécies, ecossistemas e suas associações representativas, na discussão da habitats, sempre que possível com recurso aos política e na realização de acções para a conservação indicadores a que se refere a alínea anterior; dos recursos naturais e culturais da ilha, bem ▪ Reforçar a investigação científi ca e a monitorização como a utilização sustentável dos mesmos; dos ecossistemas terrestre, costeiros e marinhos, ▪ Princípio da cooperação internacional, articulando numa perspectiva de gestão integrada dos mesmos; a presente Estratégiae a sua implementação ▪ Promover a identifi cação e caracterização ecológica com os objectivos prosseguidos pelas Convenções das espécies exóticas invasoras e desenvolver Internacionais relevantes na conservação técnicas e metodologias para o seu controlo e dos recursos naturais e culturais, em que erradicação; Cabo Verde é membro, apostando no reforço da cooperação com outros países em matéria ▪ Avaliar impactes das actividades económicas e de conservação dos recursos naturais. das práticas tradicionais na conservação dos I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 67

recursos naturais e culturais, e propôr quando e cultural das áreas protegidas da ilha, não apenas no necessário, medidas respeitadoras dos valores sentido de melhor conseguir a sua salvaguarda, mas naturais, induzindo uma utilização sustentável também de estimular a sua utilização como factores dos recursos naturais e culturais; de desenvolvimento local sustentável, minimizando os impactes antropogénicos nefastos nestas áreas. ▪ Promover a caracterização ambiental, social, económica e cultural das áreas protegidas e classifi cadas, Assim, é de grande importância assegurar que o turismo por forma a programar e implementar estratégias se desenvolva de forma sustentável nas áreas protegidas, e acções de desenvolvimento local sustentável; ou seja, evitando a pressão excessiva em áreas sensíveis, no que diz respeito à capacidade de carga do mesmo. ▪ Desenvolver metodologias de avaliação estratégica Tal objectivo exige uma gestão territorial cuidada, infra- de impacte ambiental; estruturas de apoio adequadas, incentivos à manutenção ▪ Promover o conhecimento sobre o impacte das e valorização dos produtos locais e das actividades alterações globais, nomeadamente as decorrentes económicas tradicionais compatíveis com a conservação da das alterações climáticas, no equilíbrio dos natureza, bem como acções de sensibilização e fi scalização ecossistemas. efi cazes. ▪ Promover a valorização das áreas protegidas e ▪ Desenvolver em toda a ilha acções específi cas assegurar a conservação do seu património natural, de conservação e gestão dos recursos naturais e cultural e social; culturais, bem como de salvaguarda e valorização dos mesmos; A gestão das áreas protegidas deve centrar-se na prossecução dos objectivos essenciais que determinaram a A política de conservação dos recursos naturais e culturais sua criação, promovendo o conhecimento, a monitorização, é alcançar uma efectiva salvaguarda do património natural a conservação e a divulgação dos valores ambientais e cultural. Deste modo, é necessário promover acções ali existentes, bem como a preservação e valorização concretas em toda a ilha direccionadas para a conservação do património cultural e das actividades tradicionais, e gestão de espécies e habitats, preferencialmente in situ numa perspectiva de promoção do desenvolvimento local com ênfase numa abordagem integrada, por ecossistema. sustentável. É de realçar, que a prioridade destas acções específi cas Todavia, é necessário promover no interior das áreas de conservação deve dirigir-se às espécies, ecossistemas e protegidas as adequadas acções específi cas de conservação habitats de especial signifi cado, a começar por aqueles que da natureza e garantir uma gestão territorial rigorosa se encontrem ameaçados, nomeadamente as tartarugas e equilibrada, respeitadora dos objectivos de cada área marinhas, aves marinhas, baleias, corais, entre outros. protegida e ordenadora da ocupação do espaço, por forma Contudo, essas acções deverão ocorrer quer nas áreas que a salvaguardar os valores ambientais em presença e a foram classifi cadas com base nas justifi cações técnicas promover a adequada localização das actividades necessárias e científi cas da ocorrência de tais espécies e habitats, para assegurar o desenvolvimento económico e social das como noutros pontos da ilha, sempre que tal se justifi que. populações. A materialização de tais acções deve incluir organismos A gestão territorial das áreas protegidas, não passa públicos/privados, associações comunitárias locais e ONGs. apenas pelos planos especiais de ordenamento do território previstos, sobretudo os próprios planos de ordenamento das ▪ Promover a integração da política de conservação áreas protegidas, mas também pelos demais instrumentos da natureza e do princípio da utilização sustentável dos de gestão territorial aplicáveis, incluindo os planos sectoriais recursos naturais e culturais na política de ordenamento com incidência territorial nas áreas protegidas. do território e nas diferentes políticas sectoriais;

A fi scalização das áreas protegidas constitui um factor A integração dos objectivos da presente Estratégia e chave para a salvaguarda dos valores patrimoniais daquelas da política de conservação da natureza na política de áreas. Neste sentido, deve-se também aprofundar articulação ordenamento do território e nas diferentes políticas sectoriais com outras entidades públicas, nomeadamente Direcção relevantes é condição fundamental para o sucesso na Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Direcção prossecução das fi nalidades estabelecidas. Essa integração, Geral dos Recursos Marinhos, Câmara Municipal, Istituto permite alcançar uma preservação efectiva dos recursos Marítimo e Portuário, Autoridades Policiais, entre outros. naturais, bem como uma utilização sustentável desses recursos, como factor de desenvolvimento. Tendo em conta que a sustentabilidade das áreas protegidas depende, em muito, do envolvimento dos Na verdade, só por via da consideração das questões da organismos públicos que prosseguem políticas sectoriais conservação dos recursos naturais nas políticas prosseguidas com incidência territorial nestas áreas, da autarquia, nos diferentes sectores de actividade será possível alcançar das organizações não-governamentais e da população uma protecção mais efectiva do património natural e uma local, é necessário prosseguir o esforço para uma melhor utilização mais sustentável dos recursos biológicos. articulação entre o órgão de gestão das áreas protegidas da ilha e os diversos agentes envolvidos. ▪ Promover a educação e a formação em matéria de conservação dos recursos naturais e culturais; Paralelamente, importa promover acções de sensibilização e educação ambiental, que permitam divulgar junto da A conservação dos recursos naturais e culturais não deve população e dos agentes económicos locais, bem como ser apenas uma preocupação das entidades públicas ou dos do público em geral, os valores do património natural agentes económicos, é um problema da comunidade local e 68 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 da sociedade em geral. Com efeito, a educação ambiental e a até planetária. Neste sentido, a cooperação internacional, formação neste domínio revestem- se de inegável relevância contribui não só para a conservação, protecção e uso para um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. sustentável dos recursos naturais e culturais a nível da ilha, mas também proporciona troca de experiências entre A educação ambiental deve ser entendida como um técnicos locais e estrangeiros no que tange às questões processo continuado, presente aos níveis da educação acima mencionadas. formal e não formal, cuja fi nalidade é, quanto ao que aqui nos interessa, promover uma mudança de atitude 7. PLANO DE CONSERVAÇÃO DA ILHA DO SAL e comportamentos, tendo em vista a concretização dos objectivos gerais defi nidos na presente Estratégia e Plano Para a materialização da estratégia defi nida para de Conservação da ilha do Sal. a conservação da ilha do Sal defi niu-se um plano de conservação que tem uma validade de 6 anos. A seguir Para isso, é imprescindível a cooperação com as escolas, são apresentados os objectivos, os programas e respectivas as instituições do ensino superior, dos serviços relevantes acções de conservação e o orçamento proposto para a da administração pública, das associações profi ssionais, implementação do plano. das empresas e das Organizações Não Governamentais de Ambiente, alcançando uma efi ciente gestão de recursos e 7.1. Objectivos adoptando metodologias e práticas pedagógicas adequadas. O objetivo geral do Plano de Conservação do Sal (PCSL) A formação na área da conservação da natureza em é assegurar a conservação, recuperação e regeneração que é necessário empreender um grande esforço envolve, dos valores naturais e culturais da ilha, através do seu genericamente, a qualifi cação profi ssional dos diversos uso sustentável. agentes, nomeadamente através da actualização de Para isto, é necessário identifi car aqueles elementos conhecimentos e da aprendizagem e actualização de naturais e culturais que, pelas suas características, conceitos e de novos métodos, meios e tecnologias relevantes apresentam um maior interesse para a ilha. A ilha para as áreas de intervenção em causa. do Sal, destaca-se sobretudo pela sua biodiversidade ▪ Assegurar a informação, sensibilização e marinha e costeira. A maior parte das áreas protegidas participação do público, bem como mobilizar e defi nidas na ilha abrangem zonas costeiras e marinhas incentivar a sociedade civil no que diz respeito às destinadas a conservar ou proteger as espécies chave: questões relacionadas com o uso sustentável dos tartarugas, Conus, aves marinhas, baleias e corais. Estas recursos naturais e culturais da ilha; são também espécies emblemáticas do ponto de vista da conservação, pois simbolizam espécies muito populares ao A participação do público na discussão da política estar regularmente presentes nos meios de comunicação de conservação da natureza e nas próprias acções que social. Tartarugas, aves marinhas, baleias e corais são importa estimular e desenvolver depende, em grande espécies protegidas de acordo com a legislação ambiental parte, do acesso à informação, sem a qual não é possível nacional vigente (Decreto-Lei nº 7/2002 sobre a proteção uma intervenção esclarecida. da fl ora e fauna). Deste modo, é de realçar o papel crucial dos meios de As ações de conservação para mitigar as ameaças sobre comunicação social como veículo de informação e formação estas espécies chave, muito provavelmente poderão melhorar do público, capaz de promover, com grande efi cácia, a as perspetivas de proteção de outras espécies, assim como sensibilização da comunidade para a problemática da também dos ecossistemas que as sustentam. Estas espécies, conservação dos recursos naturais e culturais. além de seu valor ecológico, possuem um enorme atrativo A sensibilização do público para as questões da e potencial ecoturístico, argumento que contribui para justifi car a proteção das mesmas e a conservação de seus conservação da natureza pode, e deve, suscitar atitudes habitats mais importantes. individuais e colectivas mais respeitadoras dos valores do património natural local e não só. A estratégia de conservação ou gestão destas espécies Por outro lado, é necessário tirar partido dos mecanismos deve estar baseada na saúde dos ecossistemas para existentes de participação do público, seja no quadro da garantir que os habitats críticos permaneçam saudáveis, chamada participação procedimental, através sobretudo ao mesmo tempo que sustentam todas estas formas de dos processos de consulta e discussão pública, seja através vida. É, por tanto, prioritário identifi car e ajudar a controlar ou minimizar todas as potenciais ameaças dos mecanismos da chamada participação orgânica ou sobre as espécies e seus habitats, sejam estas de origem institucional, em órgãos constituídos para o efeito ao nível natural ou antropogénica, assim como promover uma maior das áreas protegidas ou dos departamentos governamentais, consciência pública para a proteção mais efi caz das áreas com destaque para o Conselho Assessor Local para as protegidas e das espécies chave que alojam. Em sinergia Áreas Protegidas. com esta premissa devem ser elaborados instrumentos Um papel especial cabe aqui às Organizações Não de gestão das áreas protegidas e dos recursos naturais e Governamentais do Ambiente, cuja participação nos culturais de acordo com os princípios do desenvolvimento processos de decisão pública e capacidade de sensibilização sustentável, que respeitem a capacidade de tolerância dos cidadãos se reveste de particular signifi cado. ambiental dos ecossistemas. ▪ Intensifi car a cooperação internacional na área Em termos gerais, a capacidade de tolerância ambiental de de conservação e gestão sustentável dos recursos um ecossistema é inversamente proporcional à capacidade naturais e culturais da ilha. de carga turística, devido ao maior número de pressões e impactos negativos que derivam de um crescimento Os desafi os em matéria de conservação da natureza têm turístico desenfreado. Na tabela seguinte apresentam-se hoje, como é reconhecido, uma dimensão internacional e as principais características destas espécies a proteger. I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 69

Tabela 8. Características das espécies a proteger

ESPÉCIES PERIODO CRÍTICO HABITAT CRÍTICO ZONAS DO SAL Tartaruga-comum (Caretta caretta) Julho-Janeiro Praias (desova) Todas as praias de areia branca, sobretudo nas zonas leste, norte e sul da ilha. Tartaruga verde (Chelonia mydas) Todo o ano Baías e enseadas pouco profundas Baía de Pedra de Lume (zonas de alimentação dos indivíduos Baía da Murdeira Baía do Algodoeiro juvenis destas espécies) Praias Baía de Parda (desova, foi registado o primeiro ninho Praias de areia branca confi rmado após a eclosão dos ovos) Tartaruga casco levantado Todo o ano Baías e enseadas pouco profundas Baía da Murdeira Baía do Algodoeiro (Eretmochelys imbricata) (zonas de alimentação dos indivíduos Baía de Parda juvenis destas espécies) Aves marinhas (Pelagodroma marina, Dezembro-Maio Ilhéus Falésias costeiras (zonas de Fragata Oceanodroma castro, Calonectris (Pelagodroma marina e Fregata reprodução) Rabo de Junco edwardsii, Sula leucogaster, Fregata magnifi cens) Junho-Outubro (Calonectris Monte grande Serra Negra Monte Leão magnifi cens, Phaethon aethereus) edwardsii) Todo o ano (Sula leucogaster e Phaethon aethereus) Guincho (Pandion haliaetus) Dezembro- Abril Zonas costeiras Serra Negra Monte leão Cagarral Montanhas do interior Alto guincho (zonas de reprodução) Morrinho do Filho Baleia-de-Bossa Fevereiro-Maio Baías Baía da Murdeira (Megaptera novaeangliae) (zonas de acasalamento e de cuidado das crias) Corais Todo o ano Baías e enseadas Baía da Murdeira Baía de Santa Maria

Com base na caracterização e análise FOFA levados o Guincho (Pandion haliaetus) a cabo para a ilha do Sal, nas quais se manifestam a situação actual deste espaço e as suas potencialidades, o Corredeira (Cursorius cursor) seleccionaram-se os seguintes elementos prioritários: o Pardal-de-terra (Passer iagoensis) PATRIMÓNIO CULTURAL. Entre os elementos Invertebrados marinhos: arquitectónicos e etnográfi cos que proporcionam referências culturais à Ilha do Sal destacam-se: o Conchas marinhas (Género Conus) ■ Salinas de Pedra Lume o Lagostas (género Palinurus)

■ Salinas de Santa Maria Mamíferos marinhos: ■ Nível Habitat o Baleia do Bossa (Megaptera novaeangliae) o Areias o Golfi nhos o Zonas húmidas Na fi gura 8 indica-se a localização principal dos elementos ■ Nível Botânico seleccionados como objetivos específi cos deste Plano. o Palmeira: Phoenix spp. o Tarafes: Tamarix senegalensis o Asparagus squarrosus o Limonium brunnerii ■ Nível Faunístico o Répteis marinhos: tartarugas marinhas ● Tartarugas nidifi cantes: Caretta caretta e Chelonia mydas ● Tartarugas juvenis: Chelonia mydas e Eretmochelys imbricata o Réptéis terrestre: Osgas e Lagartixas ●Chioninia spinalis salensis, ● Hemidactylus salensis e H. angulatus ■ Aves: Figura 8. Localização dos objetivos prioritários de conservação o Rabo-de-junco (Phaethon aethereus) na ilha do Sal. 70 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

Como se pode observar, os objetivos de conservação Os quatro programas foram aplicados a todos os elementos prioritários deste Plano são os recursos mais importantes prioritários quanto à sua conservação (objetivos de para a ilha, pela sua relevância natural ou pelas suas conservação). No entanto, para cada objetivo, aos programas características ambientais. Assim, o plano de conservação atribuíu-se-lhes um nível de prioridade tendo em conta elaborado centra-se principalmente nos elementos acima o tipo de acções com maior necessidade de executar em referidos, e tem como objetivos: cada caso. Os três níveis de prioridade são os seguintes:

▪ Assegurar a conservação dos recursos, defi nindo, a) Prioridade alta. São as acções e medidas adoptando e priorizando as medidas necessárias imprescindíveis para evitar a extinção ou o para tal. declínio irreversível do recurso, cuja execução deverá ser obrigatória ao longo do período de ▪ Contribuir para uma melhoria do conhecimento vigência do Plano. sobre os elementos seleccionados, minimizando as lacunas existentes. São as chamadas “tarefas críticas”. O cumprimento destas tarefas será fundamental, entre ▪ Aumentar a sensibilização do público sobre as outras, para avaliar as lacunas do Plano, e suas responsabilidades na conservação e uso o seu incumprimento levará possivelmente à sustentável dos recursos naturais. necessidade da sua revisão ou actualização.

▪ Capacitar os agentes implicados no uso e gestão b) Prioridade média. São as acções e medidas sustentável dos recursos, para conseguir uma necessárias para evitar um declínio signifi cativo boa aplicação da normativa vigente. do recurso (do seu estado, da sua área de distribuição, da qualidade do seu habitat,…) 7.2. Programas ou a sua degradação. A sua execução pode O Plano de Conservação da ilha do Sal, defi nido para ignorar-se sempre que seja motivada de forma assegurar a conservação, recuperação e valorização dos expressa, a qual deverá fazer-se no momento valores naturais e culturais da ilha, está dividido em que corresponda à sua execução. quatro programas, cada um composto, por sua vez, por um A viabilidade destas tarefas dependerá da realização conjunto de acções. Os quatro programas defi nidos são: do Plano, que pode levar a que se considerem críticas ou não em função de factores imprevisíveis Programa 1. Investigação e não controláveis no início do Plano. O principal objetivo deste programa é a realização c) Prioridade baixa. São aquelas acções ou medidas de acções dirigidas a melhorar o conhecimento recomendáveis. A sua execução é facultativa sobre os recursos (acções de caracterização e dependendo das disponibilidades orçamentais. avaliação, monitorização, estudos genéticos, etc.). Constituem tarefas não críticas, podendo inclusive Programa 2. Conservação in situ. não serem realizadas. 7.3. O Plano de Conservação da ilha do Sal Este programa integra acções concretas que visam melhorar de forma directa o estado dos recursos. Na tabela 9 mostra-se o aspecto geral do plano de Inclui, também, aquelas acções dirigidas a conservação indicando os objetivos de conservação e as controlar os processos degradativos e o controlo prioridades de cada programa para cada um deles. e/ou erradicação das espécies invasoras. Nas tabelas 10, 11, 12 e 13 detalham-se os conteúdos Programa 3. Educação, formação e sensibilização. de cada programa, defi nindo-se as acções que devem levar-se a cabo para assegurar a conservação dos recursos. Acções destinadas a melhorar as capacidades dos O conjunto de ações elaborado para cada objetivo de agentes implicados no uso e gestão sustentável conservação assegura a sua manutenção e uso sustentável, dos recursos e a aumentar o conhecimento da objetivos fi nais do Plano de Conservação da ilha do Sal. sociedade em geral sobre os recursos disponíveis (o seu estado de conservação, ameaças, etc.) e Nas tabelas 14, 15, 16 e 17 é apresentado o programa de sobre o efeito das suas actividades sobre estes execução e o orçamento indicativo para a implementação (boas práticas, etc.). das acções de conservação propostas para cada programa do plano de conservação do Sal. Na tabela 18 apresenta- Programa 4. Dinamização de actividades se o orçamento global do PCSL. económicas sustentáveis. O PCSL e o respectivo plano de execução e orçamento Acções dirigidas a favorecer o desenvolvimento e deverão ser objecto de integração com os planos sectoriais crescimento de actividades económicas sustentáveis, e os planos específi cos para as áreas de intervenção baseadas nos recursos a conservar na ilha. (p. ex. plano de gestão e de ecoturismo das áreas protegidas). I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 71

Tabela 9. Plano de Conservação da ilha do Sal; prioridade de cada programa para cada objectivo de conservação.

PLANO DE CONSERVAÇÃO DO SAL OBJETIVOS DE CONSERVAÇÃO PROG.1 PROG.2 PROG.3 PROG.4 INVESTIGAÇÃO CONSERVAÇÃO EDUCAÇÃO DINAMIZAÇÃO

Salinas de Pedra Lume ..¢ .

Salinas de Santa Maria ..¢¢ PATRIMÓNIO PATRIMÓNIO CULTURAL Nível Habitat Areias ..¢ − Baía da Murdeira . ¢ − . Nível Botânico Palmeira: Phoenix spp. ..¢ − Tarafe: Tamarix senegalensis ..¢ − Espargo: Asparagus squarrosus ..¢ − Carqueja: Limonium brunneri ..¢ − Nível Faunístico Nidifi cantes: Caretta caretta e Chelonia mydas .... Tartarugas Juvenis: Chelonia mydas e Eretmochelys . marinhas imbricata .. . Perigo: Phaethon aethereus .... Aves Risco: Cursorious cursor .... Raras: Pandion haliaetus .... . Invertebrados Gastrópodes: Conus spp; Conus mordeirae .. . marinhos Artrópodes: Pallinurus spp. .... Megaptera novaeangliae ....

PATRIMÓNIO NATURAL PATRIMÓNIO Mamíferos Golfi nhos ....

(.: Prioridade alta, ¢: Prioridade média, −: Prioridade baixa) Tabela 10. Plano de Conservação da ilha do Sal; Programa 1. Investigação. OBJETIVOS DE CONSERVAÇÃO PROGRAMA 1 - INVESTIGAÇÃO: ACÇÕES INDICADOR META 1. Estudos dirigidos a conhecer a criação Nº relatórios sobre a génesis da salina. Inventário etnográfi co pronto Proposta Salinas de Pedra Lume e geração da salina (hidrogeología) e os Realização inventário etnográfi co. de conservação e valorização pronta processos de transformação do sal. Realização relatório de capacidade 2. Inventário etnográfi co de elementos de carga arquitectónicos e de engenharia, assim como ferramentas-úteis de trabalho empregues nas tarefas associadas à salina. História da salina. 3. Avaliação do estado de conservação. Análise de riscos/ameaças. 4. Estudo da capacidade de carga do sistema para desenvolver actividades económicas baseadas na salina. 1. História da salina. Nº trabalhos sobre a sua história. 1 Salinas de Santa Maria 2. Identifi cação e avaliação das possívies Realização relatório sobre possível - actividades económicas associadas actividade económica. PATRIMÓNIO CULTURAL PATRIMÓNIO Nível Habitat 1. Estudo da dinâmica sedimentária, balanço Nº campanhas de monitorização e 4 campanhas anuais Areias do movimento sedimentário e interacção das caracterização 1 relatório anual “areias” com usos do espaço litoral Relatórios com os resultados Proposta de medidas corretoras pronto 2. Monitorização e seguimento de elementos como dunas e cordões dunares, barcanas, etc. 3. Caracterização das areias: origem, composição, granulometria e potência sedimentária. 4. Identifi cação de ameaças (barreiras arquitectónicas, extracções,…); proposta

PATRIMÓNIO NATURAL PATRIMÓNIO de medidas correctoras. 72 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

1. Identifi cação, avaliação e seguimento das Nº campanhas de identifi cação de 1 campanha anual Baía da Murdeira pressões exercidas sobre a baía: vertidos, pressões 4 campanhas anuais pesca (desde terra e mar, professional e Nº campanhas de caracterização recreativa, etc.) 1 relatório anual Nº relatório com resultados 2. Caracterização, quantifi cação e avalaição detalhada dos recursos existentes e do seu estado. Nível Botânico Palmeira 1. Caracterização das populações e das espécies Nº de amostras analisadas 5 amostras de cada espécie invasoras: estudos genéticos. geneticamente Tarafe 2 campanhas por espécie 2. Proposta de medidas corretoras. Nº de campanhas de avaliação

Espargo 3. Avaliação do grau de conservação das do estado de conservação das espécies espécies. Carqueja 4. Caracterização genética das populações

Nível Faunístico

1. Marcação dos ninhos ao longo das praias Nº de campanhas de marcação Nº de 2 campanhas anuais Regras de durante toda a temporada. campanhas de seguimento observação de tartarugas marinhas Tartarugas Nidifi cantes defi nidas marinhas 2. Marcação e seguimento de indivíduos: caracterização e avaliação da população de Caretta caretta e Chelonia mydas nidifi cante no Sal. Campanhas de campo. 3. Defi nição de regras para a observação de tartarugas.

1. Determinação da biologia e ecologia da Nº de campanhas de caracterização 2 relatórios anuais espécie: distribuição espacial e temporal, Juvenis comportamento, nas águas cabo-verdianas. Nº de campanhas de monitorização 2. Campanhas de monitorização.

Perigo 1. Estudo da biologia e ecologia das espécies. Nº de campanhas de caracterização 2 campanhas anuais e seguimento Nº de relatório gerados Aves 2. Estudos sobre o estado de conservação 1 relatório anual Risco das populações atuais. Nº de ações de monitorização e seguimento Proposta de medidas corretoras pronta 3. Estudo dos fatores de riscos e de repovoamento. Plano de monitorização pronto Rara 4. Identifi cação de ameaças; proposta de medidas corretoras. 5. Ações de monitorização e seguimento.

1. Caracterização das populações do género Nº campanhas de caracterização 1 campanha anual Conus na Invertebrado s Gastrópoda marinhos Ilha do Sal e, fundamentalmente na Baía da Murdeira. 2. Estudo de valorização do recurso para a sua exploração: capacidade de carga do recurso.

1. Caracterização biológica (localização, Nº campanhas de caracterização 4 campanhas anuais distribuição espacial, tamanhos, etc.) das Realização do estudo de avaliação Malacostraca populações do género Panulirus Relatório de avaliação pronto 2. Avaliação do stock das diferentes espécies: avaliação de uma possível atividade económica associada a este recurso.

1. Estudos biológicos dos mamíferos marinhos. Nº de campanhas de caracterização 4 campanhas anuais Mamíferos marinhos 2. Estudos da ecologia (distribuição espacial Nº de relatório gerados Realização 1 relatório anual de avaliação Regras e temporal, comportamento,..). de um estudo de avaliação para a observação de cetáceos defi nidas 3. Estudo de valorização do recurso como atividade económica. 4. Defi nição de regras para a observação de cetáceos. I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 73

Tabela 11. Plano de Conservação da ilha do Sal; Programa 2. Conservação in situ.

OBJETIVOS DE CONSERVAÇÃO PROGRAMA 2 - CONSERVAÇÃO: ACÇÕES INDICADOR META

Salinas de Pedra de Lume 1. Acondicionar e/ou restaurar e/ou melhorar as salinas e as suas infraestructuras. Nº campanhas de acondicionamento 2 campanhas

1. Conservação e acondicionamento do entorno actual e recuperação da funcionalidade das Nº campanhas de acondicionamento 2 campanhas Salinas de Santa Maria salinas. Nº sinais restrictivas colocadas 10 sinais 2. Sinalização da zona para a restricção dos usos, proibição do tráfego. PATRIMÓNIO CULTURAL PATRIMÓNIO Nível Habitat 1. Eliminação de barreiras que impeçam a dinâmica natural das dunas e/ou corredores dunares. Nº de exemplares da fl ora fi xados 300 exemplares 2. Recuperação de elementos “arenosos” Areias degradados. % de barreiras eliminadas 75% das barreiras 3. Revegetação com espécies fi xadoras de substrato.

1. Restrições de actividades incompatíveis na Nº sinais restrictivas e informativas Reserva Marinha. colocadas. 5 sinais restrictivas Baía da Murdeira 2. Vigilância e controle das actividades na 330 folhas/ano reserva. Nº “folha de vigilância”/ano Nível Botânico Palmeira 1. Ações de limpeza e corte controlados. Tarafe 2. Ações de eliminação das espécies invasoras. Nº campanhas de limpeza e corte/ano 4 campanhas /ano Espargo 3. Campanhas de fl orestação com espécies Nº exemplares plantados por espécie 300 exemplares/espécie autóctones e ambientalmente adaptadas. Carqueja Nível Faunístico

Nidifi cantes 1. Proteção (espacial e temporal) das zonas % áreas de desova protegidas (praias) onde ocorre a desova. 100% Tartarugas % de áreas de alimentação 100% marinhas Juvenis 2. Proteção das áreas de alimentação (baías). protegidas.

Perigo 1. Proteção das zonas de nidifi cação em relação às atividades que alterem o espaço. % áreas de nidifi cação protegidas 100 % Risco Aves Taxa de diminuição da população 2. Eliminação das ameaças sobre as populações: de gatos Diminuição de 25% Rara controlo de predadores (corvos, gatos, etc.).

Invertebrados Gastrópoda 1. Vigilância e controle das atividades de Nº “folhas de vigilância”/ano 330 folhas/ano marinhos Malacostraca pesca ilegal. 1. Regulação da velocidade dos navios nas áreas de presença de mamíferos marinhos para prevenir colisões. Elaboração da normativa associada Mamíferos marinhos 2. Monitorização da atividade de observação de cetáceos. Nº de campanhas de monitorização efetuadas 3. Regularização de quadro legal de atuação da atividade de observação de cetáceos (nova

PATRIMÓNIO NATURAL PATRIMÓNIO normativa).

Tabela 12. Plano de Conservação da ilha do Sal; Programa 3. Educação, formação e sensibilização.

OBJETIVOS DE CONSERVAÇÃO PROGRAMA 3 - FORMAÇÃO: ACÇÕES INDICADOR META Salinas de Pedra de Lume 1. Acções de capacitação da população local: Nº de pessoas capacitadas como 40 pessoas guias turísticos Salinas de Santa Maria a. Como guías turísticos 60 participantes b. Como técnicos de conservação Nº de técnicos formados 1 centro 2. Jornadas de difusão e divulgação dos valores Nº de participantes nas jornadas etnográfi cos, biológicos e paisagísticos. Nº centros de interpretação criados 3. Criação de um centro de interpretação. CULTURAL PATRIMÓNIO PATRIMÓNIO 4. Criação de um parque temático das salinas. 74 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

Nível Habitat Areias 1. Jornadas de difusão e divulgação dos valores Nº participantes nas jornadas Nº ecossistémicos destes habitats; ameaças, boas centros de interpretação criados 60 participantes Baía da Murdeira prácticas. 1 centro 2. Criação de um centro de interpretação. Nível Botânico Palmeira 1. Acção de capacitação para a formação de guías ambientais. Tarafe Nº de pessoas capacitadas como 10 pessoas 2. Jornadas e actividades de sensibilização guías ambientais Espargo 30 participantes e divulgação dirigida à população residente. Carqueja Nº participantes nas jornadas Nível Faunístico Tartarugas Nidifi cantes 1. Acções de capacitação para a formação de marinhas guias para a observação da natureza. Nº de pessoas formadas como guías 10 pessoas 2. Jornadas de sensibilização e divulgação Nº participantes nas jornadas Nº 40 participantes Juvenis dirigidas à população local, administração e centros de interpretação criados turistas: características, estado de conservação 1 centro e ameaças. 3. Criação de centros de interpretação. Aves Perigo 1. Jornadas de sensibilização e divulgação Nº de pessoas formadas como 20 pessoas dirigidas à população local, administração e técnicos 40 participantes Risco turistas: características, estado de conservação Nº assistentes às jornadas Nº centros Rara e ameaças. 1 centro PATRIMÓNIO NATURAL PATRIMÓNIO de interpretação criados 2. Acção de capacitação para melhorar a sua conservação: técnicos das instituições. 3. Criação de centros de interpretação. Invertebra Gastrópoda 1. Educação ambiental e capacitação de Nº de pessoas formadas em 20 pessoas dos marinhos actividade relacionada com a malacologia e com actividades artesanais relacionadas Malacostraca 40 participantes a actividade artesanal de joalharia e bijuteria. com a malacología 2. Jornadas de sensibilização e divulgação Nº participantes às jornadas dirigidas à população local, administração e visitantes. Mamíferos marinhos 1. Educação ambiental e capacitação de Nº de pessoas capacitadas para 15 pessoas guías turísticos para observação de cetáceos. ser guias turísticos 60 participantes 2. Jornadas de sensibilização e divulgação dirigidas Nº participantes nas jornadas Nº 1 centro à população local, administração e turistas. centros de interpretação criados 3. Criação de um museu e/ou centros de interpretação. Tabela 13. Plano de Conservação da ilha do Sal; Programa 4.Dinamização de actividades económicas sustentáveis.

OBJETIVOS DE CONSERVAÇÃO PROGRAMA 4 - DINAMIZAÇÃO: ACÇÕES INDICADOR META Salinas de Pedra de Lume 1. Valorização desde o ponto de vista económico Nº de planos de negócio criados 2 planos de negócio das possíveis actividades económicas a Nº de participantes no curso de 20 participantes desenvolver, fundamentadas nestes recursos: capacitação de exploração salineira Salinas de Santa Maria ecoturismo, venda de sal, biotecnología, etc. 2. Cursos de capacitação e sensibilização relacionados com a exploração das salinas. 3. Financiamento e apoio às actividades PATRIMÓNIO CULTURAL PATRIMÓNIO económicas. Nível Habitat 1. Planos de negócio: valorização desde o ponto de vista económico das possíveis actividades Areias Nº de planos de negócio criados 2 planos de negócio económicas a desenvolver, fundamentadas neste recurso. NATURAL

PATRIMÓNIO Baía da Murdeira 2. Apoio institucional à dinamização económica e diversifi cação em actividades de Ecoturismo. I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 75

Nível Botânico Palmeira 1. Potenciação da inclusão da visita destas Nº campanhas informativas a 3 campanhas espécies nas rotas turísticas insulares. Apoio Tarafe institucional. empresas turísticas sobre a exploração turística destes valores Espargo 2. Apoio institucional à dinamização económica naturais Carqueja e diversifi cação em atividades de Ecoturismo. Nível Faunístico Tartarugas Nidifi cantes 1. Elaboração de planos de negócio: Nº novas empresas 4 novas empresas marinhas Juvenis a. Actividades de ecoturismo (mergulho, Nº planos de negócio 5 planos de negócio observação de tartarugas, etc.). Perigo Nº de actividades económicas 4 empresas apoiadas 2. Financiamento e apoio às iniciativas ligadas apoiadas fi nanceiramente desde

NATURAL Aves Risco à exploração artesanal e sustentável da lagosta. a administração PATRIMÓNIO Rara 3. Financiamento e apoio às iniciativas ligadas Invertebrados Gastrópoda ao Ecoturismo (mergulho, caminhos litorais, marinhos observação de aves,observação de tartarugas, etc.). Malacostraca Mamíferos marinhos 1. Plano de negócio da actividade de observação Nº novas empresas 2 novas empresas de cetáceos. Nº planos de negócio 2 planos de negócio 2. Financiamento e apoio institucional da actividade. Nº de actividades económicas 2 empresas apoiadas apoiadas fi nanceiramente. Tabela 14. Plano de Conservação da ilha do Sal: programa de execução e orçamento do Programa 1. Investigação.

TEMPO DE OBJETIVOS DE PROGRAMA 1 - INVESTIGAÇÃO: REALIZAÇÃO ACTORES DE CUSTO ESTIMADO (ECV) CONSERVAÇÃO ACÇÕES ESTIMADO IMPLEMENTAÇÃO 1. Estudos dirigidos a conhecer a criação e geração da salina (hidrogeología) e os 1.000.000,00 processos de transformação do sal. Custo complementar ao 2. Inventário etnográfi co de elementos plano de ordenamento e arquitectónicos e de engenharia, assim como Direcção Geral do Ambiente gestão do complexo das ferramentas-úteis de trabalho empregues (DGA); Direcção Geral de áreas protegidas da ilha do Salinas de Pedra Lume nas tarefas associadas à salina. História Médio prazo Agricultura e Desenvolvimento Sal - Reservas Naturais da da salina. Rural (DGADR), Direcção Costa da Fragata e Geral do Turismo (DGT), 3. Avaliação do estado de conservação. Câmara Municipal do Serra Negra e Paisagem Análise de riscos/ameaças. Sal (CMSal), Operadores Protegida Salinas de Santa 4. Estudo da capacidade de carga do sistema turísticos, Empresas privadas, Maria ( vidé actividades 1.11; para desenvolver actividades económicas Associações locais e de guias, 4.10; 4.11 e 4.12) baseadas na salina. ONGs

1. História da salina. Assegurado pela Equipa de Salinas de Santa Maria 2. Identifi cação e avaliação das possívies Curto prazo Gestão do Complexo (vidé actividade 6.5). PATRIMÓNIO CULTURAL PATRIMÓNIO actividades económicas associadas

Nível Habitat

1. Estudo da dinâmica sedimentária, balanço Instituto do Emprego e Formação Previsto no plano de do movimento sedimentário e interacção das Profi sional (IEFP), DGT, Direcção ordenamento e gestão do “areias” com usos do espaço litoral Geral dos Recursos Marinhos Médio prazo complexo (vidé actividade 1.3). 2. Monitorização e seguimento de elementos (DGRM), como dunas e cordões dunares, barcanas, etc. 3. Caracterização das areias: origem, Areias composição, granulometria e potência sedimentária. Assegurado pela Equipa de Gestão do Complexo (vidé 4. Identifi cação de ameaças (barreiras Instituto Nacional do actividade 6.5). arquitectónicas, extracções,…); Desenvolvimento e das Pescas (INDP), DGADR, 5. proposta de medidas correctivas. CMSal, Operadores turísticos, Empresas 1. Identifi cação, avaliação e seguimento privadas, Associações locais das pressões exercidas sobre a baía: 500.000,00 e de guias, ONGs vertidos, pesca (desde terra e mar, Custo complementar ao plano Baía da Murdeira professional e recreativa, etc.). de ordenamento e gestão do 2. Caracterização, quantifi cação e complexo avaliação detalhada dos recursos Curto prazo ( vidé actividades 1.3; 1.4).

PATRIMÓNIO NATURAL PATRIMÓNIO existentes e do seu estado. 76 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

TEMPO DE OBJETIVOS DE PROGRAMA 1 - INVESTIGAÇÃO: REALIZAÇÃO ACTORES DE CUSTO ESTIMADO (ECV) CONSERVAÇÃO ACÇÕES ESTIMADO IMPLEMENTAÇÃO Nível Botânico Palmeira 1. Caracterização das populações e das espécies invasoras: estudos genéticos. IEFP, DGT, DGADR, 700.000,00 Tarafe 2. Proposta de medidas corretivas. Custo complementar ao turísticos, Empresas privadas, plano de ordenamento e Espargo 3. Avaliação do grau de conservação gestão do complexo das espécies. Médio Prazo Associações locais e de guias, ONGs; ( vidé actividades 5.2; 5.3). Carqueja 4. Caracterização genética das populações. Nível Faunístico 1. Marcação e seguimento dos ninhos ao longo da temporada em todas as praias. 2.500.000,00 2. Marcação e seguimento de Custo complementar ao Tartarugas indivíduos: caracterização e avaliação plano de ordenamento e marinhas da população de Caretta caretta e Médio Prazo gestão do complexo Nidifi cantes Chelonia mydas nidifi cantes no Sal. Campanhas de campo. ( vidé actividades 1.2; 3. Defi nição de regras para a observação 1.13; 2.7; 2.11). de tartarugas. 1. Determinação da biologia e ecologia da Médio Prazo Juvenis espécie: distribuição espacial e temporal, comportamento, nas águas cabo-verdianas. 2. Campanhas de monitorização. 1. Estudo da biologia e ecologia das espécies. Aves Perigo 2. Estudos sobre o estado de conservação Médio Prazo das populações atuais. 3. Estudo dos fatores de riscos e de repovoamento. Risco 4. Identifi cação de ameaças; IEFP, DGT, DGRM; Rara 5. Proposta de medidas corretivas. DGADR, INDP, CMSal, 6. Ações de monitorização e seguimento. Operadores turísticos, Empresas privadas, Associações 1. Caracterização biológica (localização, Médio Prazo locais e de guias, ONGs; Invertebrados Gastrópoda distribuição espacial, tamanhos, etc.) das marinhos populações. 2. Avaliação do stock das diferentes espécies: avaliação de uma possível actividade económica associada a este recurso. 1. Caracterização biológica (localização, Médio Prazo Malacostraca distribuição espacial, tamanhos, etc.) das populações do género Panulirus 2. Avaliação do stock das diferentes espécies: avaliação de uma possível atividade económica associada a este recurso. 1. Estudos biológicos dos mamíferos Mamíferos marinhos marinhos. Curto prazo 2. Estudos da ecologia das espécies (distribuição espacial e temporal, comportamento, etc.). 3. Estudo de valorização do recurso como actividade económica. 4. Defi nição de regras para a observação de cetáceos. Tabela 15. Plano de Conservação da ilha do Sal: programa de execução e orçamento do Programa 2. Conservação.

TEMPO DE OBJETIVOS DE PROGRAMA 2 - CONSERVAÇÃO: REALIZAÇÃ ACTORES DE CUSTO ESTIMADO (ECV) CONSERVAÇÃO ACÇÕES O ESTIMADO IMPLEMENTAÇÃO

Salinas de 1. Acondicionar e/ou restaurar e/ou melhorar Pedra de Lume as salinas e as suas infraestructuras. Curto prazo 500.000,00 DGT, CMSal, Operadores turísticos, Empresas privadas, Custo complementar ao plano 1. Conservação e acondicionamento do Associações locais e de guias, de ordenamento e gestão do entorno actual e recuperar a funcionalidade ONGs; complexo Salinas de das salinas. ( vidé actividades 1.11). Santa Maria 2. Sinalização da zona para a restricção Médio prazo dos usos, proibição do tráfego. PATRIMÓNIO CULTURAL PATRIMÓNIO I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 77

TEMPO DE OBJETIVOS DE PROGRAMA 2 - CONSERVAÇÃO: REALIZAÇÃ ACTORES DE CUSTO ESTIMADO (ECV) CONSERVAÇÃO ACÇÕES O ESTIMADO IMPLEMENTAÇÃO Nível Habitat 1. Eliminação de barreiras que impeçam a dinâmica natural das dunas e/ou corredores dunares. DGT, DGRM, DGADR, CMSal, Operadores turísticos, Custo previsto no plano de 2. Recuperação de elementos “arenosos” Empresas privadas, Associações ordenamento e Médio prazo Areias degradados. locais e de guias, Comunidade, gestão do complexo ONGs; 3. Revegetação com espécies fi xadoras ( vidé actividades 1.3 e 1.4). de substrato. 1. Restrições de actividades incompatíveis Baía da na Reserva Marinha. Médio prazo 500.000,00 Murdeira 2. Vigilância e controle das actividades na reserva. Nível Botânico Palmeira 1. Ações de limpeza e corte controlados. Médio prazo DGT, DGRM, DGADR, Tarafe 2. Ações de eliminação das espécies Médio prazo CMSal, Operadores turísticos, invasoras. Empresas privadas, Associações 500.000,00 Espargo Médio prazo locais e de guias, Comunidade, 1. Campanhas de fl orestação com espécies ONGs; Carqueja autóctones e ambientalmente adaptadas. Médio prazo Nível Faunístico 1. Proteção (espacial e temporal) das zonas Nidifi cantes (praias) onde ocorre a desova. Tartarugas marinhas 2. Proteção das áreas de alimentação Médio prazo Juvenis (baías). Perigo 1. Proteção das zonas de nidifi cação em relação às atividades que alterem o espaço. Aves Risco Médio prazo 2. Eliminação das ameaças sobre as Custo previsto no plano de populações: controlo de predadores (corvos, ordenamento e Rara gatos, etc.). DGT, DGRM, DGADR, CMSal, Operadores turísticos, Invertebrados Empresas privadas, Associações gestão do complexo marinos Gastrópoda 1. Vigilância e controle das atividades Médio prazo locais e de guias, Comunidade, (vidé actividades 1.1; de pesca ilegal. ONGs; Malacostraca 1.2; 1.5; 2.6; 2.7; 2.10; e 2.11). 1. Regulação da velocidade dos navios Longo prazo nas áreas de presença de mamíferos marinhos para prevenir colisões. Curto prazo Mamíferos marinhos 2. Monitorização da atividade de observação de cetáceos. 3. Regularização do quadro legal de atuação da atividade de observação de Médio prazo

PATRIMÓNIO NATURAL PATRIMÓNIO cetáceos (nova normativa). Tabela 16. Plano de Conservação da ilha do Sal: programa de execução e orçamento do Programa 3. Formação

TEMPO DE OBJETIVOS DE PROGRAMA 3 - FORMAÇÃO: ACÇÕES REALIZAÇÃ ACTORES DE CUSTO ESTIMADO (ECV) CONSERVAÇÃO O ESTIMADO IMPLEMENTAÇÃO

Salinas de 1. Ações de capacitação da população local: Pedra de Lume Médio prazo a. Como guias turísticos Custo previsto no plano de ordenamento e b. Como técnicos de conservação IEFP, DGT, CMSal, Operadores turísticos, Empresas privadas, gestão do complexo 2. Jornadas de difusão e divulgação dos Associações locais e de guias, recursos. ONGs; ( vidé actividades 1.8; Salinas de 3. Criação de um centro de interpretação. 2.3; 2.5; 4.11; 4.12; 5.7) Santa Maria Médio prazo 4. Criação de um parque temático das salinas. PATRIMÓNIO CULTURAL PATRIMÓNIO 78 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

TEMPO DE OBJETIVOS DE PROGRAMA 3 - FORMAÇÃO: ACÇÕES REALIZAÇÃ ACTORES DE CUSTO ESTIMADO (ECV) CONSERVAÇÃO O ESTIMADO IMPLEMENTAÇÃO Nível Habitat

IEFP, DGT, Delegação do Areias Ministério de Educação 1. Jornadas de difusão e divulgação dos Médio prazo e Desporto (DMED), 500.000,00 Custo valores ecossistémicos destes habitats; Comunicação Social, CMSal, complementar ao plano de ameaças, boas prácticas. ordenamento e gestão do Operadores turísticos, complexo (vidé actividades Baía da murdeira 2. Criação de um centro de interpretação. Empresas privadas, 2.9; 5.6; 5.7) Médio prazo Associações locais e de guias, ONGs;

Nível Botânico

Palmeira Médio prazo IEFP, DGT, CMSal, 1. Ações de capacitação para a formação Tarafe Médio prazo Comunicação Social, Custo previsto no plano de de guias ambientais. Operadores turísticos, ordenamento e gestão do Empresas privadas, complexo (vidé actividades Espargo 2. Jornadas e atividades de sensibilização e Médio prazo divulgação dirigidas à população residente. Associações locais e de 3.2; 4.8 e 4.9) guias, ONGs; Carqueja Médio prazo

Nidifi cantes 1. Acção de capacitação para a formação de guias para a observação da natureza. Juvenis Tartarugas 2. Jornadas de sensibilização e divulgação marinhas dirigidas à população local, administração Médio prazo e turistas: características, estado de conservação e ameaças. 3. Criação de centros de interpretação.

Perigo 1. Jornadas de sensibilização e divulgação dirigidas à população local, administração e turistas: características, estado de Risco conservação e ameaças. Aves Médio prazo 2. Acção de capacitação para melhorar a IEFP, DGT, CMSal, Operadores sua conservação: técnicos das instituições. Custo previsto no plano de turísticos, Empresas privadas, ordenamento e gestão do Rara 3. Criação de centros de interpretação. Associações locais e de guias, complexo (vidé actividades ONGs, DGADR, DGRM, INDP, 2.1; 2.3; 2.4; 2.5; 2.6; 2.10; Projecto Regional das Pescas 3.3; 3.8; 5.7) Invertebrados Gastrópoda 1. Educação ambiental e capacitação de na África Ocidental (PRAOCV); marinos actividade relacionada com a malacologia e com a actividade artesanal de joalharia e bijuteria. Médio prazo Malacostraca 2. Jornadas de sensibilização e divulgação dirigidas à população local, administração e visitantes.

1. Educação ambiental e capacitação de guias turísticos para observação de cetáceos.

Mamíferos marinhos 2. Jornadas de sensibilização e divulgação Médio prazo para a população, administração e turistas. 4. Criação de um museu e/ou centros de

PATRIMÓNIO NATURAL PATRIMÓNIO interpretação.

Tabela 17. Plano de Conservação da ilha do Sal: programa de execução e orçamento do Programa 4. Dinamização

OBJETIVOS DE PROGRAMA 4 - DINAMIZAÇÂO: TEMPO DE ACTORES DE CUSTO ESTIMADO (ECV) CONSERVAÇÃO ACÇÕES REALIZAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO ESTIMADO 1. Valorização desde o ponto de vista EFP, DGT, CMSal, 700.000,00 Salinas de económico das possíveis actividades Médio prazo Operadoresturísticos, Custo previsto no plano de Pedra de Lume económicas a desenvolver, fundamentadas Empresas privadas, ordenamento e gestão do nestes recursos: ecoturismo, venda de sal, Associações locais e de guias, complexo ( vidé actividades biotecnología, etc. Exploradores das salinas, 4.10 e 4.12) Salinas de Médio prazo ONGs; Santa Maria 2. Cursos de capacitação e sensibilização relacionados com a exploração das salinas. Longo prazo 3. Financiamento e apoio às actividades económicas. PATRIMÓNIO CULTURAL PATRIMÓNIO I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 79

OBJETIVOS DE PROGRAMA 4 - DINAMIZAÇÂO: TEMPO DE ACTORES DE CUSTO ESTIMADO (ECV) CONSERVAÇÃO ACÇÕES REALIZAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO ESTIMADO Nível Habitat 1. Planos de negócio: valorização desde IEFP, DGT, DGRM, Areias o ponto de vista económico das possíveis Médio prazo INDP, CMSal, Operadores 700.000,00 actividades económicas a desenvolver, turísticos, Empresas privadas, Baía da Murdeira fundamentadas neste recurso. Médio prazo Associações locais e de guias, 2. Apoio institucional à dinamização ONGs; económica e diversifi cação em actividades de Ecoturismo. Nível Botânico Palmeira 1. Potenciação da inclusão da visita destas INDP, DGRM, DGT, CMSal, Assegurado pela equipa de Tarafe espécies nas rotas turísticas insulares. Médio prazo Operadores turísticos, Gestão do Complexo (vidé 2. Apoio institucional à dinamização Empresas privadas, actividade 6.5). Espargo económica e diversifi cação em atividades Associações de guias, ONGs; Carqueja de Ecoturismo. Nível Faunístico Tartarugas Nidifi cantes 1. Elaboração de planos de negócio. marinhas Juvenis 2. Atividades de ecoturismo. Médio prazo INDP, DGRM, DGT, CMSal, 700.000,00 Operadores turísticos, Empresas Custo complementar ao plano Aves Perigo 1. Financiamento e apoio às iniciativas privadas, Associações de guias, de ordenamento e gestão do Risco ligadas à exploração artesanal e sustentável Médio prazo ONGs complexo da lagosta. Associações locais e de guias; ( vidé actividades 3.3) Rara 2. Elaboração de planos de negócio. Invertebrados Gastrópoda marinhos Malacostraca 1. Atividades de ecoturismo. Médio prazo Mamíferos marinhos 1. Plano de negócio da atividade de Médio prazo observação de cetáceos. 2. Financiamento e apoio institucional da atividade. PATRIMÓNIO NATURAL PATRIMÓNIO

Tabela 18. Plano de Conservação da ilha do Sal: programa de execução e orçamento global

ORÇAMENTO PROG.1 PROG.2 PROG.3 PROG.4 OBJETIVOS DE CONSERVAÇÃO INVESTIGAÇÃO CONSERVAÇÃO EDUCAÇÃO DINAMIZAÇÃO TOTAL (ECV) 1.000.000,00 Salinas de Pedra de Lume 500.000,00 0 700.000,00 2.200.000,00 CULTUR AL

PATRIM ÓNIO Salinas de Santa Maria 0 Nível Habitat Areias 0 0 0 700.000,00 2.200.000,00 Baía da Murdeira 500.000,00 500.000,00 500.000,00 Nível Botânico Palmeira: Phoenix spp. 700.000,00 500.000,00 0 0 1.200.000,00 Tarafe: Tamarix senegalensis Espargo: Asparagus squarrosus Carqueja:Limonium brunnerii Nível Faunístico Nidifi cantes: Caretta caretta e Tartarugas Chelonia mydas 2.500.000,00 0 0 700.000,00 3.200.000,00 marinhas Juvenis: Chelonia mydas,Eretmochelys imbricata Perigo: Phaethon aethereus Aves Risco: Cursorious cursor Raras: Pandion haliaetus Invertebra dos Conus murdeirae marinhos Palinurus spp. Mamíferos Megaptera novaeangliae marinhos Golfi nhos

PATRIMÓNIO NATURAL TOTAL 8.800.000,00 80 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

8. SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O seguimento é um elemento essencial no momento Principal bibliografi a utilizada de implementar qualquer Plano de Conservação. O seu (1997). Projecto CABO VERDE NATURA 2000 (1997). objetivo principal é assegurar que as acções incluídas (2000). Application of IUCN protected area management no Plano são executadas, identifi cando e proporcionando categories. IUCN. soluções aos possíveis desvios existentes. (2001). Estratégia Nacional de Conservação da No caso do Plano de Conservação da ilha do Sal, o Natureza e da Biodiversidade. Ministério do Ambiente seu seguimento ou monitorização baseia- se em recolher e do Ordenamentodo Território. República Portuguesa. e analisar a informação necessária sobre a execução dos (2004). Segundo Plano de Acção Nacional para o Ambiente- programas e acções defi nidos, para tomar as decisões de PANA II. Ministério do Ambiente, Agricultura e Pescas. forma mais correcta e acertada, melhorando assim a gestão Rep. de Cabo Verde. do próprio Plano. A entidade competente e responsável (2005). Cabo Verde na rota dos naufrágios. Emanuel do Plano é a responsável, por sua vez, de assegurar a sua Charles D´Oliveira. implementação e para isso, deverá utilizar um seguimento sistemático e periódico, o qual se levará a cabo através de: (2006). Auto – avaliação das capacidades nacionais para a gestão global ambiental. Ministério do Ambiente ▪ Visitas periódicas às zonas de implementação das e Agricultura, Rep. de Cabo Verde. actividades (2006). Connecting experiences. Ideas and concepts ▪ Reuniões de trabalho entre os agentes implicados, for ´s unused tourism potential of sensitive fundamentalmente a entidade encarregada de coastal areas. WWF. levar a cabo o Plano de Conservação e os (2007). Estrategia e plano de acção nacional para o responsáveis de execução das acções. desenvolvivimento das capacidades na gestão ambiental A monitorização terá uma periodicidade trimestral. global em cabo verde 2007. Neves, C. y R. A. No entanto, é possível que para acções concretas seja (2007). Estudo do impacte ecológico previsível do master necessário fazer um seguimento mais continuado. plan do projecto “Porto de Murdeira”. A partir da informação recolhida durante o seguimento (2007). Guía País Cabo Verde. Ofi cina económica y se levará a cabo o processo de avaliação do Plano. Este comercial de España en Dakar. processo consiste em analisar se os indicadores propostos (2007). Projecto de conservação marina e costeira, conservação foram alcançados. Os indicadores são uma componente de aves marinhas. Ministerio do Ambiente e Agricultura, essencial já que proporcionam a evidência dos avanços Direcção Geral do Ambiente, Rep. de Cabo Verde. das acções realizadas, com vista a conseguir os objetivos propostos. São, portanto, a meta ou o indicador de efi ciência. (2007). Boletim Ofi cial da República de Cabo Verde. A avaliação realizar-se-á anualmente. I Serie-Nº13. Resolução nº 11/2007 de 2 de Abril Plano de Gestão dos Recursos da Pesca no quadro do Plano de Como resultado do seguimento e avaliação do Plano Acção Nacional para o Ambiente. elaborar-se-á o Relatório anual de seguimento do Plano de (2008). Evaluación ambiental y socioeconómica de los Conservação da Ilha do Sal, o qual constitui um importante recursos de la Reserva Natural Marina de la Bahia de instrumento de acompanhamento. Este relatório deverá Murdeira. ICCM y WWF. ter em conta os seguintes temas: (2008). Plano de Gestão Parque Natural . ▪ Informação sobre as acções de seguimento realizadas Ministério do Ambiente e Agricultura, Direcção Geral do (visitas de campo, reuniões,…). Ambiente, Rep. de Cabo Verde. ▪ Análise de desempenho dos indicadores. (2010). Plano Nacional para a Conservação das Tartarugas ▪ Avaliação da participação sinérgica dos agentes Marinhas em Cabo Verde - Resolução nº 72/2010. Conselho implicados. de Ministros, Rep. de Cabo Verde. ▪ Grau de execução do Plano. (2011). Plano Director Municipal do Sal. Município do Sal ▪ Desvios do Plano inicial: razões que impedem (2012). Inquérito Multi-objectivo Contínuo (IMC), a execução total ou parcial de alguma das Estatísticas das Famílias e Condições de Vida. INE – acções elaboradas. Instituto Nacional de Estatística. ▪ Problemas e soluções. (2012). Relatório Socio-económico das Comunidades Residentes nas Áreas Protegidas – Reserva natural Ponta ▪ Novo Plano de Acções do Sinó, Complexo das Reservas Naturais Costa da Fragata ▪ Orçamento e Serra Negra, e nas Zonas de Amortecimento. Projecto ▪ Cronograma Consolidação do Sistema de Áreas Protegidas de Cabo Verde. 60p. Direcção Geral do Ambiente. Ministério do Ambiente, Cada um dos quatro programas elaborados será objeto Habitação e Ordenamento do Território. Brito, A. M. de uma avaliação contínua na qual os resultados obtidos serão comparados com os indicadores estabelecidos em cada Principais webs consultadas caso. A avaliação contínua ajudará a determinar os aspectos http://wwww.governo.cv problemáticos e de êxito da implementação do Plano de http://www.sia.cv Conservação, permitindo assim actuar em consequência. http://www.areasportegidas.cv Além do seguimento trimestral e a avaliação anual, http://www.un.cv recomenda-se a revisão do Plano de Conservação sempre http://unesdoc.unesco.org que exista uma mudança substancial no quadro legal ou o quadro institucional do Arquipélago, e que possam http://www.windfi nder.com infl uenciar de forma signifi cativa a evolução e execução http://paises.enerclub.es/guia_ampliada/Cabo%20Verde%20 do Plano. No fi nal do período de validade do plano, 6 anos, %28Islas%20de%29-31/Econom%EDa--1/Sectores%20de%20 ocorerá uma avaliação global do desempenho do mesmo. actividad--27/index.html I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016 81

ANEXO: ▪ Portaria nº 10/2002 de 3 de Junho que o Quadro legislativo (Fonte: http://www.sia.cv). Regulamento que defi ne as condições de atribuição Ambiente de autorização e licenças sanitárias a estabelecimentos de preparação e transformação ▪ Lei nº 86/IV/93, de 26 de Julho que defi ne as dos produtos de Pesca destinados ao consumo Bases da Política do Ambiente humano, as embarcações de pesca e navios de ▪ Decreto-Legislativo n.º 14/97, de 1 de Julho que fábrica, visando a comercialização no mercado desenvolve as Bases da Política do Ambiente interno, exportação e importação ▪ Decreto-Lei nº 29/2006, Estabelece o regime ▪ Portaria nº 9/2002 de 3 de Junho que aprova jurídico da avaliação do impacto ambientados o Regulamento que fi xa os teores máximos de projectos públicos ou privados susceptíveis de certos contaminantes presentes nos produtos da produzirem efeitos no ambiente. pesca destinados ao consumo humano, métodos ▪ Lei n.º 102/III/90, de 29 de Dezembro que Estabelece de recolha e de análise para o controlo ofi cial as Bases do património cultural e natural ▪ Portaria nº 52/2005 de 19 de Setembro que aprova ▪ Decreto-Lei nº 3/2003, de 24 de Fevereiro que os modelos de licenças de pesca industrial para estabelece o Regime Jurídico das áreas protegidas embarcações Nacionais e Estrangeiras ▪ Decreto-Lei nº 5/2003, de 31 de Março que ▪ Portaria nº 56/2005 de 3 de Outubro que aprova defi ne o Sistema nacional de protecção do ar. a nova tabela de emolumentos e taxas a cobrar ▪ Decreto nº 31/2003 de 1 de Setembro que na emissão de licenças de pesca a embarcações Estabelece os requisitos essenciais a considerar de pesca industrial e artesanal na eliminação de resíduos sólidos urbanos, ▪ Portaria nº 67/2005 de 12 de Dezembro, que industriais e outros e respectiva fi scalização, aprova o modelo de licença de Pesca Recreativa tendo em vista a protecção do meio ambiente e Desportiva e a saúde humana ▪ Portaria nº 68 /2005 de 12 de Dezembro que aprova ▪ Decreto-Lei nº 6/2003, de 31 de Março que Estabelece as tabelas de taxas a cobrar pela emissão de o regime jurídico de licenciamento e exploração licença de Pesca Recreativa e Desportiva e de pedreiras Celebração de Convénios ▪ Decreto-Lei nº 2/2002, de 21 de Janeiro que Proíbe ▪ Portaria nº 69/2005 de 12 de Dezembro que a extracção e exploração de areias nas dunas, estabelece a criação e regimento do registo nas Praias e nas águas interiores, na faixa das embarcações de Pesca Industrial costeira e no mar territorial. ▪ Resolução nº 5/2003 de 24 de Fevereiro que ▪ Decreto-lei nº 81/2005 de 5 de Dezembro que institui o dia 5 de Fevereiro como Dia Nacional estabelece o Sistema de Informação Ambiental do Pescador e o seu Regime Jurídico ▪ Resolução nº 29/IV/93 de 16 de Julho que Aprova ▪ Decreto-Lei nº 22/98, de 25 de Maio que aprova o Tratado sobre a delimitação da fronteira as normas mínimas relativas à elaboração marítima entre a República de Cabo Verde e e aprovação de projectos de construção, à a República do Senegal insonorizarão e às condições de segurança dos estabelecimentos de funcionamento nocturno ▪ Resolução nº 3/2005 de 21 de Fevereiro de 2005 de diversão. que aprova o Plano de Gestão dos Recursos da Pesca Pescas Turismo ▪ Decreto-lei nº 53/2005 de 8 de Agosto que defi ne os princípios gerais da política de aproveitamento ▪ Lei n.º 21/IV/91 Estabelece os objectivos e as sustentável dos recursos haliêuticos políticas do Desenvolvimento Turístico – ▪ Decreto-lei nº 54/2005 de 22 de Agosto que Boletim Ofi cial I S n.º 52 de 20 de Dezembro regulamenta a actividade de Pesca Amadora de 1991 (rectifi cação Boletim Ofi cial nº 7/92) nas águas sob jurisdição nacional ▪ Lei n.º 40/IV/92 Aprova o Imposto do Turismo – ▪ Decreto-lei nº 19/2003 de 21 de Abril que Estabelece Boletim Ofi cial I S n.º 14 de 06 de Abril de 1992 o regime jurídico de afretamento das embarcações ▪ Decreto-Lei nº 47/97 Aprova o regulamento do de pesca estrangeiras Imposto do Turismo – Boletim Ofi cial I S nº 27, ▪ Decreto-lei nº 9/2002 de 11 de Março que defi ne de 14 de Julho de 1997 as atribuições da Autoridade Competente para ▪ Lei nº 42/IV/92 De Utilidade turística – Boletim a inspecção controlo sanitário e certifi cação dos Ofi cial nº 14, Suplemento, de 6 de Abril de 1992 produtos da Pesca ▪ Decreto-Lei nº 68/92 Concede o reconhecimento ▪ Decreto-Regulamentar nº 7/2002 de 30 de de mérito turístico às pessoas singulares ou Dezembro de 2003 Estabelece as medidas de colectivas, nacionais ou estrangeiros, que se hajam conservação e protecção das espécies vegetais distinguido por serviços ou iniciativas relevantes e animais ameaçadas de extinção para o turismo nacional – Boletim Ofi cial nº 24, ▪ Decreto-regulamentar nº 10/2005 de 31 de 2º suplemento, de 19 de Junho de 1992 Outubro que defi ne o regimento do Conselho ▪ Decreto-Lei nº 11/94 Criação junto do Instituto Nacional Nacional das Pescas do Turismo do Fundo de Desenvolvimento do Turismo ▪ Portaria nº 6/2001 de 30 de Abril que aprova o – Boletim Ofi cial I S nº 7, de 14 de fevereiro de regulamento das normas sanitárias aplicáveis à 1994 - Alteração – Decreto-Lei nº 48/97 – Boletim produção e colocação no mercado de produtos Ofi cial I S nº 27, de 14 de Julho de 1997 de Pesca destinados ao consumo humano ▪ Decreto-Lei nº 55/VI/2004 Utilidade Turística 82 I SÉRIE — NO 17 2º SUP «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 17 DE MARÇO DE 2016

▪ Decreto Legislativo nº 2/93 Declaração como ▪ Portaria nº 62/97 Aprova o modelo de receita zonas turísticas especiais as áreas identifi cadas agronómica Boletim Ofi cial I S nº 35, de 15 como possuidores de especial aptidão para o de Setembro de 1997 turismo – Boletim Ofi cial I S nº 2, de 1 de ▪ Portaria nº 63/97 Aprova os modelos de pedido Fevereiro de 1993 de autorização de importação de produtos ▪ Lei nº 54/V/98 Dá nova redacção ao nº 1 do artigo fi tossanitários – Boletim Ofi cial I S nº 35/97 17º do Decreto Legislativo nº 2/93, de 1 de ▪ Portaria nº 64/97 Aprova o modelo de autorização Fevereiro - Boletim Ofi cial I S nº 23, de 29 de para a comercialização de produtos fi tossanitários Junho de 1998 – Boletim Ofi cial I S nº 35/97 ▪ Decreto Regulamentar nº 7/94 Declaração de Reforma agrária Zonas de Desenvolvimento Turístico Integral – Boletim Ofi cial I S nº 20, de 23 de Maio de 1994 ▪ Lei n.º 78/III/90 Revê a Lei de Bases da Reforma Água Agrária – 2º suplemento Boletim Ofi cial n.º 25 ▪ Decreto-lei nº 75/79 Defi ne o regime jurídico ▪ Lei n.º 5/IV/91 Extingue as Comissões da Reforma de licenças e concessões de utilização dos Agrária – Boletim Ofi cial I S n.º 26 de 04 de Recursos Hídricos; Junho de 1991 ▪ Lei nº 41/II/84 Aprova o Código da Água – revisto pelo ▪ Decreto-Lei nº 98/91 Declara que é da competência Decreto-legislativo nº 5/99, de 13 de Dezembro dos Tribunais Judiciais do conhecimento das (republicação) questões atinentes ao arrendamento rural, parceria e comodato – Boletim nº 34 ▪ Decreto nº 84/87 Regulamenta o registo Nacional Ofi cial suplemento, de 24 de Agosto de Águas Agricultura ▪ Decreto-Lei nº 190/91 Aliena, a título oneroso, pelo Estado, Município ou pessoa colectiva pública, os Protecção vegetal bens em regime de posse útil – Boletim Ofi cial ▪ Decreto Legislativo nº 9/97 Revê sistema de nº 52 2º suplemento, de 30 de Dezembro sanções penais do regime de protecção de vegetais ▪ Portaria nº 26/92 Distribui pelos diferentes serviços – Boletim Ofi cial I S nº 17, suplemento, de 8 do Ministério das Pescas, agricultura e Animação de Maio de 1997 Rural as competências não jurisdicionais ▪ Portaria nº 55/97 Indica os portos e aeroportos dos anteriormente atribuídas às Comissões de quais se faz a introdução no País e a exportação reforma Agrária – Boletim Ofi cial nº 23, de 6 de vegetais ou produtos vegetais – Boletim Ofi cial de Junho de 1992 I S nº 34, suplemento de 9 de Setembro de 1997 ▪ Lei nº 87/IV/93 Revogação da Lei de Bases da ▪ Portaria nº 57/97 Indica os vegetais e produtos Reforma Agrária e diplomas complementares, vegetais sujeitos à autorização de importação com excepção do Decreto-Lei nº 38/83, de 4 de pela DG da Agricultura - Boletim Ofi cial I S Julho – Boletim Ofi cial I S nº 46, de 6 de Dezembro nº 34, suplemento de 9 de Setembro de 1997 de 1993 (rectifi cação Boletim Ofi cial nº 9/94) ▪ Portaria nº 58/97 Fixa o Montante das taxas Floresta devidas pela inspecção de produtos de origem vegetal importados – Boletim Ofi cial I S nº 34, ▪ Lei nº 48/V/98 Regula a actividade fl orestal – suplemento de 9 de Setembro de 1997 Boletim Ofi cial I S nº 13, de 6 de Abril de 1998 ▪ Portaria nº 61/97 Aprova os modelos de auto de Pecuária inspecção e de auto de inutilização previstos ▪ Decreto-Lei nº 63/89 Base da Legislação relativa no nº 3 do artº 13º do Decreto Legislativo nº 9/97, aos animais e à Pecuária – Boletim Oficial I S de 8 de Maio nº 36, de 14 de Setembro de 1989.

I SÉRIE BOLETIM OFICIAL

Registo legal, nº 2/2001, de 21 de Dezembro de 2001

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I.N.C.V., S.A. informa que a transmissão de actos sujeitos a publicação na I e II Série do Boletim Ofi cial devem obedecer as normas constantes no artigo 28º e 29º do Decreto-Lei nº 8/2011, de 31 de Janeiro.