Espacialidades E Especificidades Urbanas Na Fronteira Franco-Brasileira

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Espacialidades E Especificidades Urbanas Na Fronteira Franco-Brasileira URBANO-FRONTEIRIÇO:Revista Eletrônica Casa de Makunaima - ISSN 2595-5888 ESPACIALIDADES E ESPECIFICIDADES Vol. 1URBANAS - Nº 1 / Jan./Jun. (2018)NA FRONTEIRA FRANCO-BRASILEIRA – OIAPOQUE – AMAPÁ Edenilson Dutra de Moura Professor Mestre na Universidade Federal do Amapá Doutorando em Geografia Universidade Federal do Ceará Vista da Estrada Macapá – Oiapoque (BR-156) no período do inverno amazônico. [email protected] Fonte: Moura (2017). RESUMO RESUMEN Este artigo tem a proposta de contribuir como entendi- Este artículo intenta ayudar a comprender la dimensión mento da dimensão espacial urbana de Oiapoque, mu- urbanística de Oiapoque, la región ubicada en el extremo nicípio localizado no extremo norte do Estado do Ama- norte del estado de Amapá, en un urbanismo real en el pá, portanto, em uma realidade urbana em meio à vida Midst de la Amazonía de la vida, en sus múltiples ana- amazônica, em suas múltiplas nuances analíticas. Enfati- líticos matices. Enfatizamos que la ubicación geográfica zamos que a localização geográfica fronteiriça do muni- fronteriza del municipio y de la ciudad de Oiapoque - AP, cípio e da cidade de Oiapoque – AP, provoca na produção provoca en la producción del espacio reflejos percepti- do espaço reflexos perceptíveis na espacialidade urba- bles en la espacialidad urbana, en diferentes dimensio- na, em diferentes dimensões, como: físico-estruturais, nes, como: físico-estructurales, económicos y culturales, econômicos e culturais, e que, desta forma, diferentes y que, de esta forma, diferentes flujos y las redes se es- fluxos e redes são estabelecidos na e pela cidade, estas tablecen en y por la ciudad, éstas dan importancia para dão importância para o processo urbano de Oiapoque, el proceso urbano de Oiapoque, que aun no poseiendo que mesmo não possuindo alguns atributos, como uma algunos atributos, como una infraestructura de equipa- infraestrutura de equipamentos urbanos, uma popula- mientos urbanos, una población pequeña, si se compara ção pequena, se comparada a outras realidades urbanas con otras realidades urbanas brasileñas, presenta una brasileiras, apresenta uma relevância no que diz respei- relevancia en lo que dice respecto al papel que la ciudad to ao papel que a cidade desempenha na rede urbana desempeña en la red urbana en el contexto regional. En no contexto regional. Enquanto recursos metodológicos cuanto recursos metodológicos se destaca la realizaci- destaca-se a realização de um referencial teórico pau- ón de un referencial teórico pautado en las discusiones tado nas discussões sobre fronteira, questão urbana na sobre frontera, cuestión urbana en la Amazonia y sobre Amazônia e sobre a temática fronteiriça franco-brasileira, la temática fronteriza franco-brasileña, junto elucidado juntamente elucidado com a realização de observações con la realización de observaciones in loco. Se espera con in loco. Espera-se com este artigo, proporcionar reflexões este artículo, proporcionar reflexiones sobre la espaciali- sobre a espacialidade urbana de Oiapoque, demonstran- dad urbana de Oiapoque, demostrando la ausencia de in- do a ausência de investimentos para este importante versiones para este importante espacio brasileño, ya que espaço brasileiro, uma vez que representa uma fronteira representa una frontera que demuestra rica vivacidad y que demonstra rica vivacidade e diversidade no urbano diversidad en el urbano amazónico brasileño. amazônico brasileiro. Palabras clave: Oiapoque – Amapá. Urbana de las fronte- Palavras - chave: Oiapoque – Amapá; Urbano-fronteiriço; ras. Frontera. Fronteira 51 Revista Eletrônica Casa de Makunaima - ISSN 2595-5888 Vol. 1 - Nº 1 / Jan./Jun. (2018) urbano. Quanto aos procedimentos INTRODUÇÃO metodológicos destaca-se a realização de um profícuo referencial teórico-metodológico, com temáticas chaves para o entendimento A localização geográfica fronteiriça do da problemática urbano-fronteiriça em município e da cidade de Oiapoque permite uma totalidade não homogeneizadora da reflexões acerca das influências dos atuais nossa realidade empírica. Baseando-se em modos de produção espacial que temos na diferenciadas técnicas que auxiliaram no cidade, e, também, levam ao questionamento desenvolvimento da pesquisa em momentos sobre quais as marcas impressas na paisagem distintos. urbana da cidade de Oiapoque se relacionam Para o construto metodológico com a fronteira franco-brasileira. concernente à estrutura e execução da Consideramos que a localização pesquisa, que se balizou sob uma abordagem geográfica fronteiriça em que se situa qualitativa, que segundo Minayo (1999) o Município de Oiapoque – AP, provoca trabalha com o universo de significados, na produção do espaço urbano, reflexos motivos, aspirações, crenças, valores e na espacialidade urbana, em diferentes atitudes, o que corresponde a um espaço mais dimensões, como: físico-estruturais, profundo das relações, fluxos, processos e econômicos e culturais. dos fenômenos que não podem ser reduzidos A dinâmica fronteiriça é nitidamente à operacionalização de variáveis numéricas percebida na paisagem urbana, e por meio da e modelos quantificáveis. Tem-se ainda o observação das marcas impressas no espaço registro fotográfico por meio de observações e de processos vinculados à fronteira. in loco, necessário para ilustrar e auxiliar Frente à localização geográfica na iconografia da pesquisa, estes foram fronteiriça do município e da cidade de realizados entre os anos de 2016 a 2018. Oiapoque – AP, o que dinamiza a produção As indagações aqui presente foram do espaço, trazendo reflexos perceptíveis na intensificadas principalmente durante paisagem urbana, através de diferentes fluxos, execução das disciplinas de Geografia Urbana redes e espacialidades que são estabelecidas e de Relações Internacionais entre Brasil e na e pela cidade, o que dão importância para França, ministradas na Universidade Federal o processo urbano de Oiapoque, que mesmo do Amapá no Campus Binacional Oiapoque, não possuindo alguns atributos, como uma no Curso de Licenciatura em Geografia, em infraestrutura satisfatória de equipamentos semestres distintos entre os anos de 2016 à urbanos, uma população pequena se 2018, além das reflexões surgidas através do comparada a outras realidades urbanas Grupo de Pesquisa em Estudos Urbanos da brasileiras, ineficiências de suas redes de Amazônia Setentrional (GEURBAS/UNIFAP/ comunicação, ainda assim, apresenta uma CNPq). relevância no que diz respeito ao papel que Ressalta-se a cautela em estudos a cidade desempenha na rede urbana no urbanos em núcleos de povoamento que contexto regional, diante à sua localização se diferenciam em sua produção espacial, fronteiriça. sobretudo aos contextos metropolitanos, por Contudo, este ensaio tem como se tratarem de pequenas cidades amazônicas objetivo geral contribuir com o entendimento e apresentar especificidades regionais, em da questão urbana de Oiapoque, atrelada especial relevância a situação fronteiriça às marcas fronteiriças impressas no espaço em que o Oiapoque se localiza: de um lado 52 Revista Eletrônica Casa de Makunaima - ISSN 2595-5888 Vol. 1 - Nº 1 / Jan./Jun. (2018) Brasil, do outro a Guiana Francesa, um ribeirinhas etc.). As “cidades na floresta” departamento ultramar francês. Portanto, são aquelas que se articulam, sobretudo, às dois países próximos geograficamente e, ao demandas da região, fazendo da floresta um mesmo tempo, distantes no que diz respeito elemento de pouca integração aos valores da ao modo de produção espacial e ao sistema vida urbana, e a tem principalmente como político administrativo que prevalecem em espaço de exploração econômica, Trindade ambos os países. Júnior (2013). Diante desta complexidade da Corrêa (2006, p.258) destaca o papel das dimensão da “urbano diversidade”, Trindade pequenas cidades no contexto da rede urbana, Júnior (2013) propõe em uma perspectiva afirmando que estas são numerosas e geram, metodológica, a diferenciação de “cidades via de regra, expressiva densidade de centros da floresta” e “cidades na floresta”, levando que se situam a uma pequena distância média em consideração as diferentes formas da entre si, ainda que esta possa variar de acordo produção do espaço urbano amazônico, (2013, com a densidade demográfica da região em p 5): que se localizam. Neste sentido, em regiões densamente povoadas, o número de centros, cidades com maiores articulações, é elevado, Tal proposição, de natureza conceitual, que es- e, a distância média entre eles é pequena; nas tabelece o significado, a forma e o conteúdo da regiões escassamente povoadas, ao contrário, pequena cidade brasileira no passado e hoje, o número de centros diminui, aumentando a inspira-nos igualmente a propor, para o caso da Amazônia brasileira, a distinção entre as “cida- distância média entre eles, como é o caso da des da floresta” e as “cidades na floresta”. [...]. Ao realidade amazônica, em especial a cidade de reconhecermos as “cidades da floresta”, busca-se Oiapoque. estabelecer a diferenciação em face de outro tipo É imprescindível nesta análise, discutir de cidade, as “cidades na floresta”, que passaram as noções ainda que introdutórias sobre a compor, a partir do processo mais intenso de integração regional ao espaço brasileiro, a nova concepções teóricas de fronteira e limite, estrutura urbana e territorial da Amazônia, nota- que facilitam a compreensão dos fluxos e damente na sua porção oriental. dinâmicas territoriais em contextos urbanos fronteiriços. Machado (1998) esclarece importantes Desse modo a compreensão das pontos desta
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