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FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

Ana Clara Reis Duarte

A FACE OCULTA DAS TRANSMISSÕES AO VIVO DO SPORTV VIDEODOCUMENTÁRIO

Rio de Janeiro 2017

Ana Clara Reis Duarte

A FACE OCULTA DAS TRANSMISSÕES AO VIVO DO SPORTV VIDEODOCUMENTÁRIO

Relatório apresentado ao Curso de Graduação em Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, sob a orientação da Prof. Denise Lilenbaum.

Rio de Janeiro 2017

A FACE OCULTA DAS TRANSMISSÕES AO VIVO DO SPORTV

Ana Clara Reis Duarte

Relatório apresentado ao Curso de Graduação em Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, submetido à aprovação da seguinte Banca Examinadora.

______Prof. Denise Lilenbaum

______Membro da Banca

______Membro da Banca

Data da Defesa: ______

Nota da Defesa: ______

Rio de Janeiro 2017

AGRADECIMENTOS

O caminho foi longo. Me formo em jornalismo aos 28 anos. Muitos dos que estavam no início dessa caminhada, já não estão tão presentes, mas nem por isso deixaram de ser importantes. Ao tênis, obrigada por seguir me abrindo tantas portas.

A minha eterna gratidão à PUC-RS, professores e amigos, que nos primeiros semestre guiaram meus passos tortos. O meu muito obrigada a FACHA, por ter me recebido de braços abertos. Mas só foi possível chegar até aqui, graças ao imenso esforço do Fluminense Football

Clube, Nilton Gibaldi e Márcia Alonso.

Todos os estágios, colegas e chefes que estiveram no meu caminho durante esses quatro anos e meio de faculdade, obrigada por me ajudar a crescer como pessoa e como profissional.

Obrigada a vocês que acreditram. Aos amigos que me emprestaram equipamento, deram pitaco no documentário e ajudaram ele sair do papel, vocês também fazem parte dessa jornada.

À minha família e namorado, não encontro palavras que possam expressar o quanto me sinto abençoada por ter vocês por perto. Mãe, sem você nada disso teria sido possível.

RESUMO

O esporte é uma das paixões nacionais, principalmente o futebol. Faz parte da vida dos brasileiros de tal forma que hoje é possível acompanhar as mais diversas modalidades através da televisão, sem sair de casa. No Brasil existem canais por assinatura que abordam somente esporte em suas grades de programação. Em 2017, SporTV, a maior emissora esportiva do país, vai transmitir até o final do ano mais de duas mil horas de eventos esportivos ao vivo. O objeto de análise deste videodocumentário é mostrar o passo a passo de como são feitas as transmissões ao vivo antes de entrar no ar.

Palavras-chave: Televisão, Esporte, SporTV.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO……...... 6

2. AS PRIMEIRAS TRANSMISSÕES AO VIVO ...... 7

3. OS EVENTOS ESPORTIVOS ...... 8

4. A CONSTRUÇÃO DAS TRANSMISSÕES AO VIVO NO SPORTV………...... 11

5. RELATÓRIO AUDIOVISUAL...... 13

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 15

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 16

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INTRODUÇÃO

O jornalismo esportivo é hoje a área especializada responsável por noticiar os fatos referentes ao mundo dos esportes. Noticiar assuntos deste segmento tem uma função importante na sociedade, já que a cultura brasileira é apaixonada por esporte em geral, principalmente o futebol. Além de ir ao estádio torcer pelo time de coração, nos dias atuais há quem prefira ver a partida de casa. Com isso, o sofá entra no lugar da arquibancada e a transmissão esportiva, com direito a replay, câmera lenta, análises táticas, narrador e comentaristas entram em cena. Só que para o produto final chegar às telas das televisões, há uma série de processos que precisam ser concluídos. Etapas estas que envolvem diversas áreas de uma emissora, transformando a transmissão esportiva em um sistema complexo. Com base em pesquisas bibliográficas, que incluem livros e artigos especializados no tema, entrevistas disponíveis em meios eletrônicos e entrevistas presenciais com os responsáveis pelo processo de transmissão, a proposta é abordar, através de um videodocumentário, o que está por trás da cobertura televisiva do esporte. O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é compreender a complexidade de colocar um evento no ar, identificar as diversas áreas envolvidas na transmissão, mostrar os agentes que compõe essa narrativa que não aparecem no vídeo e descrever o que está por trás da transmissão esportiva, desde o momento que a emissora passa a ter direito daquele evento até a experiência final do telespectador. Ao juntar todas as peças que compõe a narrativa de um evento esportivo será possível compreender a transmissão como um todo e sua evolução desde a década de 50. Este projeto revela o que o telespectador não sabe que acontece para que um evento vá ao ar e vai mostrar o que está por trás do narrador e comentarista. Além do documentário audiovisual, o relatório do trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro é sobre o surgimento da TV e as primeiras transmissões ao vivo. Em sequência, no segundo capítulo, refere-se aos eventos esportivos. Como foram realizadas as primeiras transmissões. Além disso, é abordada a evolução da cobertura esportiva. Por fim, no terceiro capítulo, são reveladas o passo a passo das transmissões ao vivo do SporTV, o maior canal esportivo do país, composto por trechos das entrevistas feitas ao longo da construção do documentário.

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1. AS PRIMEIRAS TRANSMISSÕES AO VIVO

Desde o século XIX já havia interesse na invenção da televisão, quando se descobriu que era possível transmitir imagens compostas de diferentes pontos de luz através da energia elétrica. Mas foi somente em 1920 que o escocês John Logie Baird juntou diversos estudos e montou o primeiro modelo de TV, com mais nitidez na imagem e no som do que se tinha até então. Somente na década de 30, aconteceu a primeira transmissão de televisão. Nessa época tudo era ao vivo, porque ainda não existia a tecnologia do videoteipe. Os Jogos Olímpicos de Berlim, realizados em 1936, foram a primeira transmissão oficialmente registrada. Sob o comando do nazismo de Adolf Hitler, a população acompanhou o maior evento esportivo do mundo através de 25 telas espalhadas pela cidade. Depois de 18 meses de estudos e trabalho, em 1936, a BBC (British Broadcasting Corporation) colocou no ar sua primeira transmissão ao vivo. O primeiro dia foi marcado pelo show da artista Adele Dixon, com a performance de uma orquestra. Cerca de 400 aparelhos estavam sintonizados. Segundo a BBC, o destaque para os primeiros meses de transmissão foi a coroação de George VI, em 12 de maio de 1937. Hoje é praticamente inimaginável pensar a estrutura de programação de uma emissora de televisão totalmente ao vivo. No entanto, quando as emissoras de televisão iniciaram suas atividades, toda a programação era gerada desta maneira. (…) Poucas horas diárias, problemas técnicos de áudio e/ou de vídeo eram comuns nas transmissões daquele tempo. (ABREU, 2011, p.4)

No Brasil, porém, a TV chegou somente em 1950, através de Assis Chateubriand. O empresário trouxe às terras brasileiras 200 aparelhos, para que o povo pudesse conhecer a mais nova invenção eletrônica. No mesmo ano, foi fundada a TV Tupi, a primeira emissora de televisão brasileira. Um público privilegiado pode ouvir e ver Marília Baptista, Francisco Alvez, Herivelto Martins, Dalva de Oliveira e outros artistas, mostrados através de um aparelho, semelhante a uma eletrola com uma diferença básica: "no lugar do disco há um pequeno quadro de vidro fosco”, como foi descrito pela revista Carioca. Aquela foi à primeira demonstração pública da televisão realizada no Brasil. (MATTOS apud SILVA, 2013, p. 37)

A televisão se consolidou como um meio de comunicação importante para a sociedade com os acontecimentos da década de 1960. Com o lançamento da tecnologia via satélite, a comunicação se tornava global. O primeiro registro de uma transmissão ao vivo, através dessa

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tecnologia, foi durante a inauguração do satélite norte-americano Telstar, que transmitiu as primeiras imagens entre Estados Unidos e França, em 1962. Norte-americanos e franceses puderam ver a Estátua da Liberdade e a Torre Eiffel. Se hoje é algo natural para a população, naquela época a estreia da nova tecnologia deixou as pessoas surpresas olhando para a tela. O Brasil só teve sua primeira transmissão via satélite anos mais tarde. Em 20 de julho de 1969, os primeiros passos do astronauta Neil Armstrong na Lua puderam ser vistos pelos brasileiros. Segundo Barbosa (2013) “Foi graças à entrada em operação do sistema Embratel que telespectadores de todo país puderam assistir, ao vivo, via satélite, o homem pousando na lua.” O resto do mundo também pode acompanhar esse evento, de extrema importância para a história mundial. Calcula-se que mais de 500 milhões de pessoas acompanharam a chegada de Armstrong na Lua.

2. OS EVENTOS ESPORTIVOS

O esporte também faz parte da história da televisão. No Brasil, desde a fundação da TV Tupi, a cultura esportiva esteve presente, com Aurélio Campos à frente do programa Vídeo Esportivo. Segundo Amorim (2008), “nos primeiros anos da televisão no Brasil, foi o esporte que abriu as portas para as transmissões in loco, com equipamentos rudimentares, imagem de má qualidade e muitos problemas técnicos acontecendo no ar”. No dia 18 de setembro de 1955, a TV Record fez a primeira transmissão externa de uma partida de futebol. Direto da Vila Belmiro, a população pode acompanhar a vitória de 3 a 1 do Santos em cima do Palmeiras. Só que as câmeras que eram utilizadas no estádio eram as mesmas usadas no estúdio, já que naquela época ainda não existia o videpoteipe e tudo na televisão era feito ao vivo. Quando a gente ia fazer futebol, ia para o Maracanã e eram duas câmeras para fazer tudo. Quando começava o segundo tempo, já começava a correria. Faltando dez minutos para o fim do jogo, desmontava tudo e ficava uma câmera só rezando para não quebrar. E a câmera que foi desmontada ia direto para o estúdio para o próximo programa. Muitas vezes o programa entrava no ar ainda sem essa câmera alinhada. Era tudo feito assim, empiricamente. (BATISTA, 2017)1

1 Entrevista concedida por Batista, Léo. Entrevista I. [set. 2017]. Entrevistador: Ana Clara Duarte. Rio de Janeiro, 2017.

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Já na Europa, oito países puderam assistir a Copa do Mundo da Suíça, realizada em 1954, quando aconteceram as primeiras transmissões experimentais. Até esse Mundial, os telespectadores europeus só podiam acompanhar as partidas com semanas e, às vezes até meses, mais tarde, quando eram exibidas no cinema. No Velho Continente, a Copa de 66, realizada na Inglaterra, foi importante para a história da televisão, porque foi a primeira vez que os jogos foram transmitidos via satélite para o resto da Europa. No Brasil, porém, essa tecnologia ainda não tinha chegado. A Copa do Mundo do México, em 1970, além de marcar o tricampeonato mundial da seleção brasileira, marcou, também, a história da TV no país. Essa Copa foi o primeiro evento esportivo a ser transmitido ao vivo, e em cores, via satélite, em território brasileiro. Mas nem todos tiveram o privilégio de ver as imagens coloridas. Era a primeira transmissão a cores, que no Brasil por sinal quase ninguém viu a cores. Tem até uma briga aí, mas eu não vou discutir, eu já enjoei desse assunto. Ou eu sou maluco, ou eu sou mentiroso. Eu estou dizendo que eu vi a Copa do México a cores. (...) Na verdade eu comecei a ver a cores, mas depois tinha tantas pessoas, tantos convidados, tanta gente que não tinha nada a ver que eu preferi ver preto e branco. Mas chegou para nós em cores. Se foi vista ou não, é porque não tinha aparelhos. (BATISTA, 2017)2

Enquanto na Copa de 70 os jogos eram apenas transmitidos, com quatro câmeras espalhadas pelo campo, em 1974, na Copa do Mundo da Alemanha, a cobertura foi mais estruturada. A TV Globo, além da equipe de narradores e comentaristas, enviou também jornalistas para uma cobertuar mais abrangente, como contou o diretor do jornalismo e dos esportes da TV Globo de 1966 a 1990, Armando Nogueira: "Para 1974, foram duas equipes, uma chefiada pelo Rui Viotti, responsável pelas transmissões, e outra chefiada por mim, a equipe do jornalismo, mas éramos três gatos pingados: eu, Orlando Moreira, Léo Batista e um rapaz chamado Luiz Carlos Sá, que era responsável pela logística”.3 Desde o “primeiro grande evento mundial transmitido no Brasil”, como disse o jornalista e ex-diretor geral da Central Globo de Esportes, Luiz Fernando Lima4, as transmissões não pararam de evoluir. Na Copa do Mundo de 1986, por exemplo, eram onze

2 Entrevista disponível em: https://www. http://memoriaglobo.globo.com/programas/esporte/eventos-e- coberturas/copa-do-mundo-do-mexico-1970.htm

3 Entrevista disponível em: https://www. http://memoriaglobo.globo.com/programas/esporte/eventos-e- coberturas/copa-do-mundo-do-mexico-1970.htm

4 Entrevista disponível em: https://www. http://memoriaglobo.globo.com/programas/esporte/eventos-e- coberturas/copa-do-mundo-do-mexico-1970.htm

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câmeras disponíveis para a transmissão e pela primeira vez, usou-se o replay, ou seja, a repetição do lance, utilizado em jogadas duvidosas. Já em 1994, o ano do tetracampeonato, o público pode usufruir de novas tecnologias, como por exemplo lentes que captavam e aumentavam os jogadores em campo e também o recurso de câmera lenta. No ano de 2006, na Copa do Mundo da Alemanha, a Rede Globo tinha acesso às imagens de 25 câmeras da produtora oficial e mais nove imagens provenientes de suas câmeras exclusivas instaladas em campo. A evolução continou e durante a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, o SporTV, maior canal esportivo por assinatura do Brasil, já era capaz de gravar usando a tecnologia 4K, a resolução Ultra-HD, ou seja, em 3.840 X 2.160 pixels. Bob Ayer5, coordenador de vídeo dos canais Globosat, destaca essa evolução tecnológica: “Fomos a primeira emissora de esporte a fazer uma transmissão em HD. Continuando esse processo de inovação, fomos também a primeira emissora a fazer uma produção de conteúdo esportivo em 4K no Brasil. Foi um marco para o país e para o mundo”. Outro evento de grande porte, os Jogos Olímpicos também fazem parte da história da televisão. A Olimpíada de Berlim, em 36, inaugurou a transmissão televisiva de que se tem registro. No ano passado, outro fato entrou para a história das transmissões esportivas: pela primeira vez, uma Olimpíada foi transmitida em 16 canais simultâneos. O SporTV realizou a maior cobertura de Jogos Olímpicos da história. Transmitiu 100% dos eventos, entre televisão e internet, em mais de quatro mil horas, com um time de 35 narradores e 110 comentaristas. O Rio 2016 foi uma loucura. Foi uma coisa que a gente viveu que poucas pessoas vão ter a chance de passar por isso, de trabalhar em uma cobertura com essa magnitude. Foi uma programação muito dinâmica, em que precisava ficar colocando o que havia de melhor para os principais canais do SporTV. Existiam os canais segmentados, para mostrar o máximo de tudo, mas os fatos mais importantes precisavam ser exibidos em um dos três canais principais. A equipe de programação precisou acompanhar a Olimpíada de perto. (NADRUZ, 2017)6

Em 2017 não há nenhum evento esportivo de grande porte, porém, faltam poucos meses para a Copa do Mundo de 2018, que será realizada na Rússia. Pode parecer longe, mas a

5 Entrevista concedida por Ayer, Bob. Entrevista I. [set. 2017]. Entrevistador: Ana Clara Duarte. Rio de Janeiro, 2017.

6 Entrevista concedida por Nadruz, Pedro. Entrevista I. [set. 2017]. Entrevistador: Ana Clara Duarte. Rio de Janeiro, 2017.

11 preparação do já começou. No SporTV, um dos canais detentores dos direitos de transmissão para a Copa do ano que vem, cinco dos seis patrocínios já foram fechados. Além disso, desde outubro começou a ser exibida, mensalmente, uma série especial sobre o maior evento de futebol do planeta.

4. A CONSTRUÇÃO DAS TRANSMISSÕES AO VIVO NO SPORTV A transmissão de um evento esportivo em 2017 já não é a mesma da década de 50. Houve um grande avanço tecnológico e com a melhora do audiovisual muitos torcedores passaram a torcer sem ir aos estádios. Para se transmitir um evento ao vivo é preciso envolver diversas áreas de uma emissora, além de uma equipe especializada para que o telespectador receba o produto final o mais próximo possível da realidade. Foi para atender esse público que passou a acompanhar o esporte através da televisão que surgiu o canal por assinatura Top Sports, em 1991. Nos primeiros anos, o canal retransmitia programas dos Estados Unidos e contava com alguns projetos originais, como o 360º, apresentado por Glenda Kozlowski. Somente em 1994 passou a fazer a cobertura de eventos esportivos, muitos deles ao vivo. Também foi nesse ano que o canal passou a se chamar SporTV. Vinte três anos depois, o SporTV conta também com outros dois canais, o SporTV 2 e o SporTV 3 e prioriza as coberturas de eventos ao vivo. Em 2017, segundo Pedro Nadruz, coordenador de programação da emissora, “os três canais juntos vão transmitir mais de dois mil eventos esportivos através de competições de mais de 30 modalidades”. Para o gerente de eventos do SporTV, Mário Jorge Guimarães, o planejamento é a chave principal para que qualquer transmissão dê certo. Guimarães ainda acredita que um evento esportivo é muito mais do que uma partida de futebol, tênis ou vôlei, que é preciso arquitetar o planejamento da cobertura, quem é que vai narrar, com quantas comentaristas, com quantos repórteres e como vamos utilizar melhor essa disposição de câmeras. O evento esportivo é um evento de entrenimento e o qual é o objetivo da TV? O objetivo da TV é você colocar o maior número de pessoas sentada em um sofá, dentro de sua própria casa, assistindo televisão. Então para você fazer essa transmissão você tem que levar para a pessoa um verdadeiro espetáculo. Você tem que fazer o melhor vídeo, uma bela imagem, o melho áudio. Tem que tornar aquilo agradável e tem que fazer com que as pessoas entendam o que elas estão vendo. (GUIMARÃES, 2017)7

7 Entrevista concedida por Guimarães, Mario Jorge. Entrevista I. [set. 2017]. Entrevistador: Ana Clara Duarte. Rio de Janeiro, 2017.

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A transmissão de um evento esportivo é complexa. Segundo Nadruz, “antes da compra dos direitos, é feito um mapeamento de aquisição, para depois ser orçado e só então o evento é negociado”. A construção da cobertura esportiva passa também por programação, engenharia, tecnologia, gestores executivos, até chegar aos coordenadores, co-coordenadores, produtores e editores. Há ainda toda uma equipe responsável pelas operações externas do evento, com um coordenador responsável pela unidade móvel (também conhecida como U.M.) do canal no local da competição. Além disso, outra área de operações entra em cena, com operadores de caracteres, diretor de TV, operador de replay e operador de áudio. Existe, ainda, o envolvimento de repórteres, narradores e comentaristas. No local do evento, o coordenador de externa é responsável por mapear as câmeras que vão ser utilizadas durante a transmissão e enviar para todos os setores envolvidos: engenharia, organizadores e emissora. Entretanto, para chegar até o mapeamento, existe uma pré-produção dessa parte da equipe.

Começa por uma visita técnica no local do evento. É quando se faz a marcação de onde vão ficar localizadas as câmeras, mas primeiro é preciso ver onde vão ficar as unidades móveis, a parte toda de estrutura de engenharia, os caminhões de transmissão, se ali é uma área descoberta, se aponta o satélite. Feito isso, a equipe vai para dentro do local do evento, seja quadra, seja arena, seja praia, seja o que for, para fazer o posicionamento das câmeras que vão ser utilizadas na transmissão. Esse é o primeiro passo. (LIMA, 2017)8 Cada evento esportivo tem um roteiro, elaborado pelo responsável pela transmissão. Nos principais eventos, ainda é comum ver pré-jogo, para “esquentar” o que está por vir e pós- jogo, em que o debate continua. Tudo é pensado para informar ao máximo ao telespectador que deixou de ir ao estádio e preferiu acompanhar o evento através da televisão. O locutor é instruído o tempo todo, pode e deve participar da elaboração do roteiro, mas que não é o responsável por essa definição. Mesmo que tudo esteja bem no ar, nem sempre a situação está controlada. Encobrir falhas, redefinir o roteiro e o rumo da transmissão é uma das diversas funções da equipe envolvida numa transmissão. O coordenador é o maestro de toda a operação, responsável por ditar o ritmo, definir o que vai ser rodado, por orientar o narrador e levar ao público o produto mais atraente que puder. (FRANCO, 2017)9

8 Entrevista concedida por Lima, Djalma. Entrevista I. [jun. 2017]. Entrevistador: Ana Clara Duarte. Rio de Janeiro, 2017.

9 Entrevista concedida por Franco, Luiz. Entrevista I. [mai. 2017]. Entrevistador: Ana Clara Duarte. Rio de Janeiro, 2017.

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A programação da emissora além de definir horário, também estabelece uma linha editorial. O SporTV é composto por três canais e em 2017 a empresa adotou uma nova postura na hora de escolher em qual dos canais o evento será transmitido. Segundo Nadruz, “o SporTV é um canal 100% futebol e seus derivados (futsal, showball e futebol de areia), o SporTV 2 tem foco nos esportes olímpicos e no SporTV 3 estão os eventos de tênis e e-sport”.

6. RELATÓRIO AUDIOVISUAL

Desde que entrei no jornalismo, a televisão sempre me atraiu. Quando comecei a pensar sobre o tema do meu trabalho de conclusão de curso, sabia que queria fazer algo relacionado a esse meio de comunicação. Só que queria ir além da monografia, queria colocar em prática o que tinha aprendido em sala de aula e nos estágios. A ideia de fazer um videodocumentário que tratava de uma das áreas da televisão surgiu ainda durante as aulas da disciplina de TCC I. Depois de seis meses de muita pesquisa e entrevistas, foi definido o objetivo deste trabalho: contar como uma transmissão de evento esportivo é construída, mostrando que o que o espectador assiste é uma grande engrenagem formada por diferentes áreas e diversos profissionais da televisão através de um projeto audiovisual. Por estagiar no SporTV, o maior canal de esportes do Brasil, tive acesso a maioria dos profissionais que queria presente nesse TCC. Além disso, mesmo antes de começar a ser gravado, foi possível conversar, muitas vezes informalmente, sobre o tema deste trabalho, e ouvir as mais variadas sugestões. Ainda no início das orientações com a professora Denise Lilenbaum, decidimos quais seriam os quatro profissionais que estariam presentes neste documentário, afinal, não seria possível colocar todos aqueles que participam da transmissão. Para mostrar a visão de diferentes ângulos da transmissão e sair do óbvio colocando apenas narrador, comentarista e repórter, fomos atrás de personagens que estivessem por trás da transmissão esportiva e tivessem um papel fundamental e insubstituível no evento. Além disso, queríamos um nome que pudesse também falar sobre a evolução da transmissão e pudesse fazer o comparativo de como era feito na década de 70 e como é feito atualmente. Léo Batista, jornalista com 70 anos de profissão, foi o escolhido. Mario Jorge Guimarães, gerente de eventos do SporTV, Pedro Nadruz, coordenador da programação do SporTV e Bob Ayer, coordenador de vídeo da Globosat, completaram o time dos entrevistados.

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O videodocumentário foi produzido com meu equipamento, uma câmera Canon SX40 HS, um microfone de lapela e um tripé. Na hora de marcar as entrevistas, Nadruz, Mario Jorge e Bob foram muito solícitos. Como tinha acesso direto aos três, as entrevistas foram marcadas de uma semana para outra e combinadas de que seriam feitas dentro da sede da Globosat. Já com Léo Batista, a dificuldade foi maior. Ele precisou desmarcar a primeira entrevista por motivos de saúde, mas na segunda tentativa, conseguimos nos encontrar, dessa vez, na sede da Rede Globo. Como o videodocumentário não pode ultrapassar os quinze minutos, as gravações também não foram longas, o que facilitou a decupagem e edição. Apenas com o Léo Batista a história foi diferente, conversamos por quase uma hora, com muitas histórias interessantes para o trabalho. O primeiro corte do documentário, com 19 minutos, precisou ser reeorganizado. Por isso, escolhi terminar de editar meu TCC na FACHA, onde podia ter a ajuda de um olhar mais acadêmico. Em três sessões, o projeto estava finalizado e pronto para ser protocolado. Paralelo a edição da parte audiovisual, o trabalho escrito também evoluiu, sempre com a ajuda da orientadora. Por se tratar de uma área do meu interesse, foi um trabalho muito prazeroso de ser feito. Além disso, pude entender melhor os processos que não fazem parte do jornalismo em si e das áreas que já tive a oportunidade de acompanhar. Com a ajuda da Denise, acredito que conseguimos montar um documentário dinâmico e didático ao mesmo tempo.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O esporte faz parte da vida do brasileiro e atrai os mais diversos públicos, de diferentes faixas etárias, classes sociais e interesses. Muitos desses apaixonados escolheram a televisão como forma de consumir esse conteúdo. A demanda é tanta que, hoje, no Brasil, existem pelo menos cinco emissoras segmentadas por assinatura (SporTV, BandSports, , ESPN e ), sendo que o SporTV, conta com três canais. Um assinante de canais fechados tem acesso a campeonatos dos mais diversos esportes, desde patinação artística, passando pela natação, tênis, basquete e vôlei, até o futebol, o protagonista das coberturas esportivas. Ao longo desse trabalho foi possível perceber que uma competição é muito mais do que uma cobertura jornalística. É um evento de entretenimento também, mas não no sentido pejorativo da palavra, e sim com o objetivo de cativar, surpreender, estimular e emocionar o torcedor. Por isso, a busca é sempre por uma bela imagem, por uma boa entrevista e por aquilo que possa trazer o máximo de realidade para os que acompanham o evento através da televisão. Além disso, este trabalho, através de um documentário audiovisual, trouxe à tona quais são os passos de uma transmissão esportiva televisiva e quem são os personagens envolvidos, mostrando que a cobertura vai muito além do narrador e comentarista. Através da pesquisa bibliográfica e das entrevistas realizadas – nem todas presentes no trabalho final – foi possível compreender a complexidade de se colocar um evento esportivo no ar. Para que o telespectador receba o produto final, praticamente todas as áreas de um veículo de comunicação compõe a construção dessa cobertura. Esse estudo permitiu, também, mostrar que o planejamento é a base de uma transmissão de sucesso e que começa a ser elaborado muito antes de ter um evento marcado e incluído na grade de programação da emissora. Cada peça de uma cobertura esportiva é fundamental para o bom funcionamento da engrenagem. Também foi possível perceber a evolução das transmissões esportivas, principalmente por causa dos avanços tecnológicos. A qualidade da imagem e do som, a mobilidade e até a interatividade na televisão são algumas delas. Portanto, depois de alguns meses de estudo e trabalho, é possível concluir que a televisão continua em constante evolução e que, como disse Pedro Nadruz, funciona como um organismo vivo.

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REFERÊNCIAS:

ABREU, Karen; Silva, Rodolfo. História e tecnologias da televisão. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2011.

AMORIM, Edgard Ribeiro. História da TV brasileira. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 2007.

ROSA, Juliana Moreira. A evolução tecnologia nas transmissões das Copas do Mundo e a grande aposta da TV Globo em 2014. Rio de Janeiro: Faculdades Integradas Hélio Alonso, 2016.

SCHETINI, Vivian. Rádio e televisão: levando emoção ao torcedor de futebol. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2006.

BBC BRASIL. Como foi a primeira transmissão regular de TV no mundo, que completa 80 anos. Disponível em: . Acesso em: 02 set. 2017.

ESTADÃO. Há 60 anos era inaugurada a TV Tupi, primeira emissora de TV do Brasil. Disponível em: . Acesso em: 02 set. 2017.

HISTÓRIA DO MUNDO. A invenção da televisão. Disponível em: . Acesso em: 26 ago. 2017.

LUZ, Cristina; SANTOS, Pablo. História da televisão: do analógico ao digital. Revista Inovcom, [s.l.], v.4, n.1, p. 34-46, 2013. Disponível em < http://portcom.intercom.org.br/revistas/index.php/inovcom/article/viewFile/1599/1567>. Acesso: 28/08/2017.

MEMÓRIA GLOBO. Chegada do homem à lua. Disponível em: . Acesso em: 30 ago. 2017.

MEMÓRIAS GLOBO. Copa do mundo do méxico 1970. Disponível em: . Acesso em: 31 ago. 2017.

MÁQUINA DO ESPORTE. SporTV anuncia venda de cinco das seis cotas para a Copa do Mundo . Disponível em: . Acesso em: 04 set. 2017.

UOL. Como foi a audiência dos Jogos Olímpicos Rio 2016 na TV. Disponível em: . Acesso em: 04 set. 2017.