As Reconstruções Modernas De Um Mito

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

As Reconstruções Modernas De Um Mito YUKIONNA: AS RECONSTRUÇÕES MODERNAS DE UM MITO Clície Santos de Araujo Maria Luísa Vanik Pinto Andrei dos Santos Cunha RESUMO Neste trabalho, pretendemos fazer uma análise comparativa entre o conto de fadas japonês Yukionna (“A Mulher das Neves”) na versão de Lafcadio Hearn e suas adaptações modernas para o cinema em Kwaidan: as quatro faces do medo (1964), de Masaki Kobayashi, e em Sonhos (1990), de Akira Kurosawa. Com isso, esperamos visualizar as nuances interpretativas que os diretores têm do conto clássico e de que maneira tais visões são representadas nos filmes. Como referencial teórico central, utilizaremos os instrumentos de análise propostos na obra de João Batista de Brito (2006). Inicialmente, podemos concluir que o filme de 1964 possui mais semelhanças com o conto de Hearn, enquanto o filme de 1990 mostra uma interpretação mais livre. PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA COMPARADA, CINEMA, LITERATURA JAPONESA. ABSTRACT In this work, we intend to make a comparative analysis between the Japanese fairytale Yukionna (“The Woman of the Snow”), by Lafcadio Hearn and two modern film adaptations, Masaki Kobayashi’s Kaidan (1964), and Akira Kurosawa’s Dreams (1990). With that, we would like to investigate how each director envisions the classical tale, and how these interpretations are portrayed on their movies. As theoretical reference we used the instruments of analysis proposed by João Batista de Brito (2006). As a preliminary observation, we can conclude that the 1964 movie has more similarities with Hearn’s tale, while the 1990 movie shows a somewhat more free interpretation of the story. KEYWORDS: COMPARATIVE LITERATURE, CINEMA, JAPANESE LITERATURE. 1 Introdução O conto de fadas é uma das mais representativas (e básicas) formas de contato de um indivíduo com o imaginário de seu povo – ou de outros povos. Não sem razão, histórias folclóricas marcam a memória de inúmeras crianças e adultos ao redor do mundo, recebendo adaptações adequadas a interesses, faixas etárias e interpretações diversas. *Graduanda do bacharelado em Letras – tradução japonês-português pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected] *Graduanda do bacharelado em Letras – tradução japonês-português pela Universidade Federal do Rio Grande do sul – [email protected] Para este trabalho, selecionamos o conto popular japonês Yukionna, tirado do livro Kwaidan: stories and studies of strange things, de Lafcadio Hearn, publicado em 1904. De caráter oral, a história possui variações regionais por todo o Japão. A personagem que dá título ao conto, um ser sobrenatural da neve, permanece fortemente arraigada ao imaginário japonês, sendo encontrada em representações que vão desde as eras mais antigas (sob a forma de pinturas clássicas) às mais modernas (como personagem de animações e até de jogos como Pokémon). As adaptações cinematográficas escolhidas para a tarefa de analisar a história e a personagem foram Kwaidan: as quatro faces do medo (1964), de Masaki Kobayashi e Sonhos (1990), de Akira Kurosawa. Ambos os filmes são divididos em segmentos independentes; do filme de Kobayashi foi utilizado o segmento “Yukionna”, e do filme de Kurosawa utilizamos o segmento “Blizzard”. O objetivo deste trabalho é visualizar as nuances interpretativas que os dois diretores japoneses têm dos elementos do conto clássico e analisar de que maneira tais visões são representadas em seus respectivos filmes. 2 Sobre o autor Lafcadio Hearn Lafcadio Hearn nasceu em 1850 na ilha grega de Lefkas, filho de Charles Hearn, um cirurgião anglo-irlandês, do exército inglês, e de Rosa Cassimati, grega. Depois do divórcio dos pais aos seis anos, foi criado por uma tia-avó em Dublin, Irlanda, onde ele se sentia constantemente deslocado, especialmente pelas implicações de suas origens multiculturais. Aos 19 anos, mudou-se para os Estados Unidos, onde então começou a trabalhar como jornalista, ganhando notoriedade por suas habilidades de observação e registro. Finalmente, em 1890, chegou ao Japão, e com indicações do professor Basil Hall Chamberlain, da Universidade de Tóquio, acabou indo para a cidade de Matsue para atuar como professor de inglês em uma escola de ensino intermediário. Hearn chegou ao país em um período bastante propício da história japonesa: em 1868 se iniciara a dita era Meiji, na qual o Japão abrira seus portos após cerca de dois séculos no isolamento quase completo do restante do mundo e de um regime feudal de governo. A nação estava se modernizando, entrando em contato com tecnologias, conhecimentos e estéticas ocidentais, de modo que a presença estrangeira em terras nipônicas era grande. No entanto, diferente de muitos dos seus convivas britânicos, Hearn entrou no país sem a visão de que pertencia a uma cultura avançada. Pelo contrário, ele tomou pela cultura tradicional, que muitos japoneses estavam abandonando em detrimento dos costumes ocidentais, grande interesse, analisando de maneira positiva – e muitas vezes idealizando – tudo o que havia de mais particular do povo japonês. Ainda em Matsue, casou-se com Setsu Koizumi, a filha de um samurai local, com quem teve quatro filhos. Em 1891, mudou-se para Kumamoto e passou a lecionar em um colégio de ensino médio por três anos, completando seu livro Glimpses of Unfamiliar Japan (1894). Em 1896, enquanto vivia em Kobe trabalhando como jornalista, recebeu a cidadania japonesa e adotou o nome pelo qual seria reconhecido posteriormente pelos japoneses: Yakumo Koizumi. Nesse mesmo ano, mudou-se para Tóquio e começou a lecionar sobre literatura inglesa na Universidade Imperial de Tóquio, onde conquistou o respeito de muitos alunos. Em 1903 saiu da Universidade Imperial de Tóquio e começou a lecionar na Universidade de Waseda. Morreu em setembro de 1904 aos 54 anos, vítima de um enfarte. Durante sua vida no Japão, escreveu vários artigos sobre a cultura e o cotidiano no país, além dos relatos de histórias populares e de poesia. Além dos já citados, entre seus principais trabalhos estão Kokoro: hints and echoes of Japanese inner life (1896), In Ghostly Japan (1899), e Japan: An Attempt at Interpretation (1904, em publicação póstuma). 3 Yukionna: a mulher das neves O conto conforme registrado por Hearn narra a história de dois lenhadores, Mosaku, já idoso, e Minokichi, um rapaz de 18 anos. Em uma noite, depois de passarem o dia na montanha cortando lenha, os dois se deparam com uma nevasca ao voltarem pra casa. Ao chegarem ao rio que normalmente atravessavam de barco para voltar ao vilarejo, eles percebem que perderam o último barco para o outro lado e são obrigados a pernoitar na cabana vazia do barqueiro. Durante a noite, Minokichi desperta sentindo muito frio e enxerga dentro do abrigo a Yukionna1, uma mulher muito pálida e bela, de cabelos negros e quimono branco, que, debruçada sobre o velho Mosaku, o congela com seu sopro. Ao perceber que estava sendo observada, ela se volta a Minokichi, mas decide poupá-lo devido a sua juventude e beleza. Contudo, ela estabelece a condição de que ele nunca revele aquele episódio a ninguém, sob pena de morte. Um ano depois, Minokichi encontra uma moça órfã, muito bela e gentil, chamada Yuki (ou O-Yuki, conforme Hearn). Os dois logo se apaixonam e decidem se casar. A beleza de Yuki é tanta que mesmo anos depois, já com 10 filhos, ela permanece com a mesma aparência e vitalidade de quando jovem. Uma noite, Minokichi, ao comentar sobre a beleza da mulher, acaba por relatar o episódio da cabana, dizendo ser aquela a única vez em que ele vira uma beleza tão grande quanto a dela, embora os olhos da mulher das neves o aterrorizassem. Yuki então revela ser a Yukionna e declara que, como ele traiu sua promessa, deveria matá-lo. Decide, no entanto, poupar mais uma vez sua vida por causa dos filhos. Mas jura, antes de desaparecer na neve, que se algum dia eles tivessem reclamações sobre ele, ela saberia e voltaria para matá-lo. Na introdução do livro Kwaidan: stories and studies of strange things, Lafcadio Hearn explica que essa história lhe foi relatada por um agricultor da antiga província de Musashi (região que hoje abrange Tóquio, Saitama e Kanagawa) como uma lenda de seu vilarejo natal. É importante observar que mais importante do que a história em si – que tem uma estrutura muito semelhante a inúmeros outros contos de fada japoneses – é a personagem da Yukionna. A personagem é considerada um yôkai, um ser sobrenatural, fantástico, ligado à natureza - neste caso, à neve -, e os relatos da aparição, como é comum à oralidade, variam de região a região. Mais antigo do que o registro de Hearn, há, por exemplo, o de Sôgi Shokoku Monogatari, de 1690, em que o autor relata ter visto a Yukionna. Não há, entretanto, uma estrutura narrativa que se desenvolva ao redor da personagem como no conto de Hearn. Com relação à estruturação e à temática, o psicanalista junguiano japonês Hayao Kawai, em sua análise de contos de fadas locais, aponta para um padrão nas histórias japonesas em que há um casamento entre um homem humano e uma mulher não humana: 1 A palavra yuki (雪) significa “neve” em japonês; onna (女) significa “mulher”. (...) homem e mulher se casam sob a condição de a mulher “esconder a sua verdadeira natureza”. Depois de um tempo (embora alguns tenham filhos), eles se divorciam porque a identidade da mulher é revelada. (KAWAI, 2007, p. 146) Kawai ainda compara esse tipo de união com as que ocorrem nos contos ocidentais, observando a diferença de foco: nos contos ocidentais, o casamento entre um ser humano e outro não humano se dá como uma maneira de recuperar a forma original humana (normalmente transformada após uma maldição), ou após essa recuperação; o casamento é o acontecimento final do conto; há uma separação clara entre o bem e o mal, e de alguma forma o bem triunfa. Já nos contos japoneses, a forma original da mulher não é humana; o casamento ocorre quando uma condição é estabelecida para que a mulher não mostre a sua “verdadeira natureza”; a frágil condição é quebrada (ou pelo homem, ou pela mulher); e ocorre o divórcio e o retorno da mulher à sua verdadeira natureza.
Recommended publications
  • Thirteen Feature Films by Kon Ichikawa to Be Presented
    'he Museum of Modem Art %'^ Vest 53 Street, New York, N.Y. 10019 Circle 5-8900 Cable: Modernart Wo. 20 FOR IM^'TEDIATE RELEASE Friday, February 10, 1967 Thirteen feature films by the Japanese director Kon Ichikawa will be presented by the Department of Film of The Museum of Modem Art from February 12 through February 27• The films range from Ichikawa's satirical comedies of the early *50*s to the more recent tragedies attempting to show the "pain of our age»" All of the films are in Japanese with English subtitles. Describing his work, Ichikawa says, "I try to visualize everything...I'm the kind of person who has to see something — even in my own imagination «•- before I understand it. I started as a painter and I think like one. That is wl:^ the camera is so important to me« I plan all the set-ups and I always check the framing, and I usually try to work with (a cameraman) I know.•••I design the sets too, usually... and I'd probably do the music too if I could." Film critic Donald Richie describes the resulting "Ichikawa look": "The angular pattern is usually bold, the balance is almost always asymmetrical, the framing is precise, and yet the composition rarely calls attention to itself*" At 18 after graduation from an Osaka commercial school Ichikawa began studying animation and in 19h6 completed a puppet-film based on a famous Kabuki dance. (The Occupation authorities, concerned with discovering "feudal remnants," seized the neg­ ative and it has never been found.) After that, Ichikawa joined Toho Production Company and began making satirical comedies until 1955 when he switched to more serious subject matter with The Burmese Harp* He says, "I had become aware that men are unhappy.
    [Show full text]
  • Masaki Kobayashi: KWAIDAN (1965, 183M) the Version of This Goldenrod Handout Sent out in Our Monday Mailing, and the One Online, Has Hot Links
    March 10, 2020 (XL:10) Masaki Kobayashi: KWAIDAN (1965, 183m) The version of this Goldenrod Handout sent out in our Monday mailing, and the one online, has hot links. Spelling and Style—use of italics, quotation marks or nothing at all for titles, e.g.—follows the form of the sources. Directed by Masaki Kobayashi Writing Credits Yôko Mizuki (screenplay), Lafcadio Hearn (novel) (as Yakumo Koizumi) Produced by Takeshi Aikawa, Shigeru Wakatsuki Music by Tôru Takemitsu Cinematography by Yoshio Miyajima Film Editing by Hisashi Sagara The film won the Jury Special Prize and was nominated for the Palme d’Or at the 1965 Cannes Film Festival and was nominated for an Oscar for Best Foreign Language Film at the 1966 Academy Awards. CAST for the Palme d'Or at Cannes, and Samurai Rebellion “The Black Hair” (1967), and Kwaidan (1964), for which he, once again, Michiyo Aratama…First wife both won the Jury Special Prize and was nominated for the Misako Watanabe…Second Wife Palme d’Or. He was also nominated for the Palm d’Or for Rentarō Mikuni…Husband Nihon no seishun (1968). He also directed: Youth of the Son (1952), Sincerity (1953), Three Loves* (1954), “The Woman of the Snow” Somewhere Under the Broad Sky (1954), Beautiful Days Tatsuya Nakadai…Minokichi (1955), Fountainhead (1956), The Thick-Walled Room Jun Hamamura…Minokichi’s friend (1956), I Will Buy You (1956), Black River (1957), The *Keiko Kishi…the Yuki-Onna Inheritance (1962), Inn of Evil (1971), The Fossil (1974), Moeru aki (1979), Tokyo Trial* (Documentary) (1983), “Hoichi” and Shokutaku no nai ie* (1985).
    [Show full text]
  • Masaki Kobayashi: HARAKIRI (1962, 133M) the Version of This Goldenrod Handout Sent out in Our Monday Mailing, and the One Online, Has Hot Links
    October 8, 2019 (XXXIX: 7) Masaki Kobayashi: HARAKIRI (1962, 133m) The version of this Goldenrod Handout sent out in our Monday mailing, and the one online, has hot links. Spelling and Style—use of italics, quotation marks or nothing at all for titles, e.g.—follows the form of the sources. DIRECTOR Masaki Kobayashi WRITING Shinobu Hashimoto wrote the screenplay from a novel by Yasuhiko Takiguchi. PRODUCER Tatsuo Hosoya MUSIC Tôru Takemitsu CINEMATOGRAPHY Yoshio Miyajima EDITING Hisashi Sagara The film was the winter of the Jury Special Prize and nominated for the Palm d’Or at the 1963 Cannes Film Festival. CAST Tatsuya Nakadai...Tsugumo Hanshirō (1979), Tokyo Trial* (Documentary) (1983), and Rentarō Mikuni...Saitō Kageyu Shokutaku no nai ie* (1985). He also wrote the screenplays Akira Ishihama...Chijiiwa Motome for A Broken Drum (1949) and The Yotsuda Phantom Shima Iwashita...Tsugumo Miho (1949). Tetsurō Tamba...Omodaka Hikokuro *Also wrote Ichiro Nakatani...Yazaki Hayato Masao Mishima...Inaba Tango SHINOBU HASHIMOTO (b. April 18, 1918 in Hyogo Kei Satō...Fukushima Masakatsu Prefecture, Japan—d. July 19, 2018 (age 100) in Tokyo, Yoshio Inaba...Chijiiwa Jinai Japan) was a Japanese screenwriter (71 credits). A frequent Yoshiro Aoki...Kawabe Umenosuke collaborator of Akira Kurosawa, he wrote the scripts for such internationally acclaimed films as Rashomon (1950) MASAKI KOBAYASHI (b. February 14, 1916 in and Seven Samurai (1954). These are some of the other Hokkaido, Japan—d. October 4, 1996 (age 80) in Tokyo, films he wrote for: Ikiru (1952),
    [Show full text]
  • Masaki Kobayashi / Kwaidan (Kaidan), Japon 1965, 120 Minutes]
    Document generated on 10/03/2021 9:11 a.m. Séquences La revue de cinéma 1965, Kwaidan Masaki Kobayashi Kwaidan (Kaidan), Japon 1965, 120 minutes Carlo Mandolini Cannes 50 ans Number 189-190, 1997 URI: https://id.erudit.org/iderudit/49351ac See table of contents Publisher(s) La revue Séquences Inc. ISSN 0037-2412 (print) 1923-5100 (digital) Explore this journal Cite this review Mandolini, C. (1997). Review of [1965, Kwaidan : masaki Kobayashi / Kwaidan (Kaidan), Japon 1965, 120 minutes]. Séquences, (189-190), 35–35. Tous droits réservés © La revue Séquences Inc., 1997 This document is protected by copyright law. Use of the services of Érudit (including reproduction) is subject to its terms and conditions, which can be viewed online. https://apropos.erudit.org/en/users/policy-on-use/ This article is disseminated and preserved by Érudit. Érudit is a non-profit inter-university consortium of the Université de Montréal, Université Laval, and the Université du Québec à Montréal. Its mission is to promote and disseminate research. https://www.erudit.org/en/ Canne5°s I965 -^ans KWAIDAN Masaki Kobayashi a richesse de ce film, et ce qui explique pourquoi - encore Diplômé d'histoire de Palme d'or: The Knack., aujourd'hui - Kwaidan demeure un film absolument enivrant, ré­ l'art oriental et de philoso­ and How to Get It side dans le fait que Kobayashi a su créer une œuvre cinématogra­ phie, Kobayashi s'est tou­ L (Richard Lester) GB phique totale. Vu dans de bonnes conditions, le film exalte autant la vue jours intéressé à l'étude des mœurs et des codes moraux que l'ouïe.
    [Show full text]
  • Directed by Masaki Kobayashi Screenplay by Shinobu Hashimoto
    February 26, 2008 (XVI:7) Mervyn LeRoy Gold Diggers of 1933 19 Masaki Kobayashi HARA KIRI (1962, 135min.) ((117(117minmin.)minutes) Directed by Masaki Kobayashi Screenplay by Shinobu Hashimoto Story by Yasuhiko Takiguchi Produced by Tatsuo Hosoya Original Music by Tôru Takemitsu Cinematography by Yoshio Miyajima Tatsuya Nakadai...Hanshiro Tsugumo Rentaro Mikuni...Kageyu Saito Shima Iwashita...Miho Tsugumo Akira Ishihama...Motome Chijiiwa Masaki Kobayashi (14 February 1916, Hokkaido, Japan—4 October 1996, Tokyo, cardiac arrest) directed 22 films: Shokutaku no nai ie/ Family Without a Dinner Table (1985), Tokyo saiban/ Tokyo Trial (1983), Moeru aki/Glowing Autumn (1979), Kaseki/ The Fossil (1975), Inochi bô ni furô/At the Risk of My Life (1971), Nihon no seishun/Hymn to a Tired Man (1968), Kaidan/Ghost Stories (1964), Seppuku/Harakiri (1962), Ningen no joken III/The Human Conditiion III (1961), Ningen no joken II/The Human Condition II (1959), Ningen no joken I/The Human Condition I KOBAYASHI, MASAKI (1959), Kuroi kawa/Black River (1957), Anata kaimasu/I’ll Buy from World Film Directors, V. II. Ed. John Wakeman. The You (1956), Izumi/The Spring (1956), Uruwashiki saigetsu/ H.W. Wilson Company, NY, 1988. Beautiful Days (1955), Kono hiroi sora no dokoka ni/Somewhere Under the Broad Sky (1954), Mittsu no ai/Three Loves (1954), The Japanese director and scenarist was born in the small port of Magokoro/Sincerity (1953), Kabe atsuki heya, The Thick-Walled Otaru on Hokkaido, the northernmost of the Japanese islands, and Room (1953), and Musuko no seishun/My Sons’ Youth (1952). went to school there. In 1933 he entered Waseda University in Tokyo, studying philosophy and Oriental art, especially Buddhist Shinobu Hashimoto (18 April 1918) has written 55 scripts, the sculpture.
    [Show full text]
  • Bamcinématek Presents Ghosts and Monsters: Postwar Japanese Horror, Oct 26—Nov 1 Highlighting 10 Tales of Rampaging Beasts and Supernatural Terror
    BAMcinématek presents Ghosts and Monsters: Postwar Japanese Horror, Oct 26—Nov 1 Highlighting 10 tales of rampaging beasts and supernatural terror September 21, 2018/Brooklyn, NY—From Friday, October 26 through Thursday, November 1 BAMcinématek presents Ghosts and Monsters: Postwar Japanese Horror, a series of 10 films showcasing two strands of Japanese horror films that developed after World War II: kaiju monster movies and beautifully stylized ghost stories from Japanese folklore. The series includes three classic kaiju films by director Ishirô Honda, beginning with the granddaddy of all nuclear warfare anxiety films, the original Godzilla (1954—Oct 26). The kaiju creature features continue with Mothra (1961—Oct 27), a psychedelic tale of a gigantic prehistoric and long dormant moth larvae that is inadvertently awakened by island explorers seeking to exploit the irradiated island’s resources and native population. Destroy All Monsters (1968—Nov 1) is the all-star edition of kaiju films, bringing together Godzilla, Rodan, Mothra, and King Ghidorah, as the giants stomp across the globe ending with an epic battle at Mt. Fuji. Also featured in Ghosts and Monsters is Hajime Satô’s Goke, Body Snatcher from Hell (1968—Oct 27), an apocalyptic blend of sci-fi grotesquerie and Vietnam-era social commentary in which one disaster after another befalls the film’s characters. First, they survive a plane crash only to then be attacked by blob-like alien creatures that leave the survivors thirsty for blood. In Nobuo Nakagawa’s Jigoku (1960—Oct 28) a man is sent to the bowels of hell after fleeing the scene of a hit-and-run that kills a yakuza.
    [Show full text]
  • Film Noir in Postwar Japan Imogen Sara Smith
    FILM NOIR IN POSTWAR JAPAN Imogen Sara Smith uined buildings and neon signs are reflected in the dark, oily surface of a stagnant pond. Noxious bubbles rise to the surface of the water, which holds the drowned corpses of a bicycle, a straw sandal, and a child’s doll. In Akira Kurosawa’s Drunken Angel (1948), this fetid swamp is the center of a disheveled, yakuza-infested Tokyo neighborhood and a symbol of the sickness rotting the soul of postwar Japan. It breeds mosquitos, typhus, and tuberculosis. Around its edges, people mourn their losses, patch their wounds, drown their sorrows, and wrestle with what they have been, what they are, what they want to be. Things looked black for Japan in the aftermath of World War II. Black markets sprang up, as they did in every war-damaged country. Radioactive “black rain” fell after the atomic bombings of Hiroshima and Nagasaki. Black Spring was the title of a 1953 publication that cited Japanese women’s accounts of rape by Occupation forces. In “Early Japanese Noir” (2014), Homer B. Pettey wrote that in Japanese language and culture, “absence, failure, or being wrong is typified by blackness, as it also indicates the Japanese cultural abhorrence for imperfection or defilement, as in dirt, filth, smut, or being charred.” In films about postwar malaise like Drunken Angel, Kenji Mizoguchi’s Women of the Night (1948), and Masaki Kobayashi’s Black River (1957), filth is everywhere: pestilent cesspools, burnt-out rubble, grungy alleys, garbage-strewn lots, sleazy pleasure districts, squalid shacks, and all the human misery and depravity that go along with these settings.
    [Show full text]
  • Louxor Palais Du Cinéma Semaine Du 26 Août Au 1 Septembre 2020
    Louxor Palais du cinéma Semaine du 26 août au 1 septembre 2020 Chien Pourri, la vie à Paris ! EN AVANT-PREMIÈRE Durée : 1:00 Genre : Animation Réalisé par Davy Durand, Vincent Patar, Stéphane Aubier MERCREDI JEUDI VENDREDI SAMEDI DIMANCHE LUNDI MARDI 26 août 27 août 28 août 29 août 30 août 31 août 1 sept 11h00 - VF Dans un jardin qu'on dirait éternel Durée : 1:40 Genre : Comédie dramatique Réalisé par Tatsushi Omori Avec Kiki Kirin, Haru Kuroki, Mikako Tabe, Mayu Harada, Saya Kawamura MERCREDI JEUDI VENDREDI SAMEDI DIMANCHE LUNDI MARDI 26 août 27 août 28 août 29 août 30 août 31 août 1 sept 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 16h10 - VO 16h10 - VO 16h10 - VO 16h10 - VO 16h10 - VO 16h10 - VO 16h10 - VO 19h30 - VO 19h30 - VO 19h30 - VO 19h30 - VO 19h30 - VO 19h30 - VO 19h30 - VO 21h30 - VO 21h30 - VO 21h30 - VO 21h30 - VO 21h30 - VO 21h30 - VO 21h30 - VO Tenet Durée : 2:30 Genre : Action, science-fiction Réalisé par Christopher Nolan Avec John David Washington, Robert Pattinson, Elizabeth Debicki, Aaron Taylor-johnson, Himesh Patel MERCREDI JEUDI VENDREDI SAMEDI DIMANCHE LUNDI MARDI 26 août 27 août 28 août 29 août 30 août 31 août 1 sept 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 11h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 14h00 - VO 17h00 - VO 17h00 - VO 17h00 - VO 17h00 - VO 17h00 - VO 17h00 - VO 17h00 - VO 20h00 - VO 20h00 - VO 20h00 - VO 20h00 - VO 20h00 - VO 20h00 - VO 20h00 - VO Les horaires sont susceptibles de changer, n'hésitez pas à venir vérifier sur le site avant votre séance.
    [Show full text]
  • Bringing Japanese Pop Culture Travelers Into Your Classroom: Perils, Pitfalls, and Payoffs
    Teaching About Asia Through Travelers’ Tales Bringing Japanese Pop Culture Travelers into Your Classroom PERILS, PITFALLS, AND PAYOFFS By Paul E. Dunscomb Tatsuya Nakadai as the unemployed samurai, Hanshiro Tsuguma, in Harakiri, a film by Masaki Kobayashi. ©1962 Shochiku Co. Ltd. ©2005 The Criterion Collection. Editor’s Note: Readers can find short synopses of all films discussed in this article on page 52. o discussion of Japanese travelers is complete without men- runs towards the anime series Cowboy Bebop.2 However, I note with tioning the most widely traveled and influential figures to some alarm that while I don’t actively seek it out, somehow, very lit- Nhave ever left the country. They’ve been everywhere, repre- tle Hello Kitty related material gets by me.3 senting their nation and their culture, and wherever they’ve gone they I have always made it a point to invite Japanese film figures into have left an indelible impression. They are the icons of Japanese popu- my classes. While I would love to make more use of anime series lar culture—everything from Hello Kitty to Pokemon. But perhaps the like Cowboy Bebop or translated manga (Japanese graphic novels), most widely traveled figures in Japanese popular culture have come these often tend to be too unwieldy to fit into my overall course nar- from the movies. Among the most familiar are samurai and rubber- rative. Hello Kitty is the ideal exemplar of the fungible nature of suited monsters called kaij†. Inviting these travelers into your class will popular culture products. Americans rarely suspect that Kitti-chan’s offer excellent opportunities to teach about Japan, but you need to be face adorns a far more varied group of products in Japan than are careful when they come to visit to make sure they contribute more to available in the United States, including kitchen appliances and your class than just a vacation from listening to lectures.
    [Show full text]
  • Harakiri, De Masaki Kobayashi (1962)
    Harakiri , de Masaki Kobayashi (1962) Le début de l’histoire En 1630, le Japon n’est plus en guerre. Tsugumo, un ronin (littéralement : « homme-vague », un samouraï errant) demande à être reçu au palais du puissant clan des Li. Accueilli par Saitô, l’intendant du clan, le samouraï réclame la faveur d’accomplir le suicide rituel ( seppuku , plus connu en occident sous le nom de harakiri ) au sein de la prestigieuse résidence. Pour tenter de l’en dissuader, Saitô raconte à Tsugumo la misérable histoire de Chijiwa, un jeune ronin venu faire harakiri, quelques mois auparavant, dans des conditions épouvantables. Tsugumo, écoute. Ce sera bientôt son tour d’imposer son récit à tous les dignitaires du clan, obligés de l’écouter. Fiche technique Scénario : Shinobu Hashimoto, d’après un roman de Takiguchi Production : Shoshiku Photographie : Yoshio Miyajima Musique : Toru Takemitsu Interprétation : Tatsuya Nakadai …………………. Tsugumo Rentaro Mikuni …………………....Saitô Tetsuro Tamba …………………… Omodaka Masaki Kobayashi Né en 1916, à Otaru, Kobayashi étudie l’art et la philosophie à l’université de Waseda (Tokyo), avant d’entrer à la Major Shoshiku où il devient metteur en scène. Appelé sous les drapeaux en 1942, il fait la guerre en Mandchourie où il est fait prisonnier par les Américains. De retour au Japon et à la Shoshiku, en 1946, Kobayashi réalise quelques mélodrames de commande avant de réaliser son premier film personnel, La Pièce aux murs épais (1953), inspiré des carnets de notes des criminels de guerre nippons. Sans être lié au Parti communiste japonais comme nombre des cinéastes de son époque, Kobayashi appartient au mouvement progressiste de son pays.
    [Show full text]
  • L'écran Japonais Rencontre
    L’ÉCRAN JAPONAIS 60 ANS DE DÉCOUVERTES DE MÉLIÈS À LA 3D DE EXPOSITION DU MUSÉE DU CINÉMA FILMS À PARTIR DU 14 SEPTEMBRE PROGRAMMATION Bonne figure Herbes flottantes 17 L’ÉCRAN JAPONAIS 60 ANS DE DÉCOUVERTES La galerie des donateurs du Musée du Cinéma expose les plus belles pièces japonaises de sa collection, sublimes kimonos de La Porte de l’Enfer et de Kagemusha, peintures originales à l’encre et aqua- relle d’Hiroshi Mizutani (dernier chef décorateur de Kenji Mizoguchi), affiches et photos de grands films classiques ou de cinéma bis, objets insolites : 170 documents triés sur le volet, révélateurs des nombreux dons particulièrement généreux des cinéastes japonais, à découvrir jusqu’en juin 2017. La Cinémathèque française a toujours développé des relations privilégiées avec le cinéma japonais. Elle lui porte une admiration et une curiosité, soulignées par des hommages réguliers aux grands maitres, aux jeunes cinéastes ou aux sociétés de productions nippones. Le parcours de cette exposition retrace les rendez-vous marquants entre nos deux pays, à la Cinémathèque, à partir des années 60 au Palais de Chaillot, jusqu’aux hom- mages récents à Shinji Somai, Naomi Kawase et Kiyoshi Kurosawa, à Bercy… Trois grandes dates ont marqué la programmation : en 1963, la première rétrospective, intitulée « Chefs-d’œuvre du cinéma japonais » permet de découvrir plus de 140 films d’auteurs aujourd’hui incontournables, Akira Kurosawa, Kenji Mizoguchi, Mikio Naruse et Yasujiro Ozu… En 1971, une nouvelle manifestation intitulée « 75eme anniversaire du cinéma japonais », révèle une nouvelle génération de cinéastes comme Nagisa Ôshima, Hiroshi Teshigahara et Kijû Yoshida.
    [Show full text]
  • Masaki Kobayashi Reencuentro Con Un Maestro Del Cine Japonés Diez Films En La Sala Leopoldo Lugones
    Masaki Kobayashi Reencuentro con un maestro del cine japonés Diez films en la Sala Leopoldo Lugones El Complejo Teatral de Buenos Aires y la Fundación Cinemateca Argentina, en colaboración con el Centro Cultural e Informativo de la Embajada de Japón, han organizado un ciclo denominado Masaki Kobayashi, reencuentro con un maestro del cine japonés, que se llevará a cabo del jueves 19 de octubre al jueves 2 de noviembre en la Sala Leopoldo Lugones del Teatro San Martín (Avda. Corrientes 1530). La muestra estará integrada por diez films –muchos de ellos inéditos en Argentina-- en copias 35mm enviadas especialmente desde Tokio por The Japan Foundation. Esta retrospectiva recorre una parte sustancial de la obra de Kobayashi (1916- 1996), uno de los realizadores nipones más importantes en la historia del cine de posguerra, incluyendo algunos de sus primeros títulos, nunca antes exhibidos en nuestro país. “De todos los realizadores pertenecientes a la generación que ingresó en la industria durante o poco tiempo después de la Guerra del Pacífico, Kobayashi se transformaría, tal vez, en el crítico social más autoconsciente”. (Alexander Jacoby). “Nacido en 1916 en la isla de Hokkaido, Kobayashi terminó sus estudios universitarios con una especialización en Literatura, pero decidió entregarse por completo al cine, ingresando como empleado raso en los estudios Shochiku, uno de los cinco más importantes de Japón. Permanecería poco tiempo en ese puesto: a comienzos de 1942 fue llamado para formar parte de las filas del ejército nipón. Esencialmente un soldado antimilitarista, como alguna vez se definió a sí mismo, los siguientes tres años (y un cuarto como prisionero de guerra en Manchuria) lo marcarían para siempre, y parte de esa experiencia sería exorcizada años más tarde en su extensa trilogía La condición humana (1959-1961), basada en la novela de Junpei Gomikawa (y exhibida en la Sala Lugones en el año 2000).
    [Show full text]