Pde Ies: Universidade Estadual De Maringá Nre.: Campo Mourão
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2 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE IES: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ NRE.: CAMPO MOURÃO UNIDADE DIDÁTICO-PEDAGÓGICA ARTE TEMA: SALA DE AULA E CINEMA: O DESENHO ANIMADO PARA ALÉM DA IMAGEM, DO SOM E DO MOVIMENTO AUTORA: JOSIANNE ALVES DOS SANTOS ORIENTADORA: PROFª DRª FÁTIMA MARIA NEVES ARARUNA 2008 3 Esta Unidade Didática vem para colaborar com os estudos sobre o Cinema de Animação do gênero Desenho Animado e seus usos em sala de aula, como também promover reflexões e ações a fim de remover dos olhos a venda da ingenuidade que muitas vezes costumamos ter quando se trata de um filme/desenho animado. No intuito de somar forças para o que nos apresenta as Diretrizes Curriculares de Arte para o ensino fundamental anos finais do Estado do Paraná que afirma : [...] olhar a arte como ideologia implica em percebê-la como detentora e disseminadora do pensamento hegemônico (SEED, 2008). A elaboração da presente Unidade Didática foi realizada por Josianne Alves dos Santos, professora PDE-2008 da disciplina de Arte. Licenciada em Educação Artística e Desenho Geométrico pela Universidade do Oeste Paulista – Presidente Prudente – São Paulo no ano de 1987 e Pós-graduada em Gestão, Supervisão e Orientação Escolar pela FECILCAM, Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – Paraná, no ano de 2000. Professora da rede pública estadual do Estado do Paraná desde 1986 e atuante como professora de Arte na Escola Esta- dual 29 de Novembro - Ensino Fundamental anos finais no Município de Araruna, Núcleo Regional de Ensino de Campo Mourão, região Noroeste do Estado do Para- ná. O presente trabalho foi elaborado mediante orientações da Profª Drª Fátima Maria Neves, graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá (1985), Mestrado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (1993) e Doutorado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003). Atualmente é professora adjunto, da Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência no campo da Educação, com ênfase em História da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, história da educação, fontes para história da educação, curso de pedagogia, música e cinema na educação. Idealiza- dora e coordenadora geral do CINUEM (Programa Cinema na UEM), que comporta uma proposta pedagógica que visa criar na instituição um espaço de debates por meio do cinema. Coordena, também, o Grupo de Estudos “Leituras orientadas em Educação e Cinema de Animação”. 4 O estudo sobre os contextos culturais da produção de filmes do gênero dese- nho animado possibilita àqueles que os estudam, identificar com que critérios sócio- econômicos e culturais eles foram e são produzidos uma vez que, nas sociedades urbanas, onde as TIC’s (Tecnologias da Informação e Comunicação) são presença cada vez mais forte no ambiente escolar. Rosália Duarte (Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC/RJ.) afirma: “ver filmes, é uma prática social tão importante do ponto de vista da formação cultural e educacional das pessoas quanto à leitura de obras literárias, filosóficas, sociológicas e tantas mais.” (2002, p.17). Acreditar no que afirma Duarte significa crer que o cinema oportuniza ao homem, conhecer ou- tros universos culturais. Intelectuais (vide sugestão de leituras ) que focam o cinema e os desenhos a- nimados como objeto de estudo, proporcionam leituras valiosas àqueles que desejem aprender um pouco mais sobre o tema e sua participação no universo de formação cultural dos indivíduos. Os desenhos animados são de grande influência na formação do educando, pois trazem em sua essência, todo um contexto cultural que é exposto e, na maioria das vezes, dado como estabelecido pela sociedade co- mo um todo. O capitalismo e a pós-modernidade nos mostram leis de mercado implacáveis e a cada dia vemos a “falsa” necessidade de consumo aumentando. Nesse sentido, olhar a arte como ideologia implica em percebê-la como detentora e disseminadora do pensamento hegemônico (SEED, 2008). Com a apreciação e análise dos filmes A Pequena Sereia (1989, Direção de Ron Clements e John Musker. Estúdio: Walt Disney, EUA) e Procurando Nemo (2003, Direção de Andrew Stanton. Estúdio: Pixar/Walt Disney, EUA) , procuramos encontrar alternativas que façam da Sétima Arte um valioso instrumento de apoio nos trabalhos escolares desenvolvidos com as crianças, no intuito de ajudá-las a alcançar o pleno exercício de sua cidadania em tempos de pós-modernidade. 5 Refletir sobre a intencionalidade, o papel, dos filmes de animação, na forma de desenhos animados, no cotidiano escolar; perceber que os mesmos não são apenas mais uma forma de expressão artística, como também, de formação i- deológica, política e social, dentro do processo de ensino-aprendizagem no espaço escolar. Analisar as múltiplas faces que uma filmografia apresenta tanto no âmbito artís- tico quanto no social, político, religioso, ambiental e cultural. Pesquisar os sistemas de significação do cinema de animação na forma de Desenhos Animados, bem como o contexto das produções cinematográficas. Evidenciar a presença dos grandes estúdios de animação no cotidiano infantil e suas influências no universo cultural da infância; Ressaltar na linguagem do cinema de animação, o viés socializador do mesmo tanto nas mensagens explicitas quanto nas implícitas e, nestas, a evidente pre- sença capitalista com vistas à formação de grandes consumidores. 6 Na crença de que não somos isentos da influência do cinema em nossas vidas, a experiência, a vivência e o estudo do desenho animado em sala de aula como proposta, propicia tentarmos desvendar juntos, um pouco do que é essa arte. Para Neves: A “finalidad e da animação é o entretenimento”, mas também há um acordo entre os especialistas, que a experimentação deste gênero serve para a emancipação do imaginário, para possibilitar o sonho, para o exercício criativo e para a experiência de emocionar-se por meio dos elementos visuais e sonoros. Principalmente, se considerarmos que o desenho animado tem como característica a criação coletiva, e sua matéria prima podem vir da reali- dade, mas são dos sonhos, do imaginário e da cultura que reside sua fonte fundamental (NEVES, 2007, p. 103). Quando assistimos um filme, temos que compreender que nada existe isola- damente, é fruto de diversos fatores. Não se pode ignorar que ele trás em sua essência um universo que é próprio de quem o produz , dirige, escreve e encena, sejam estas influências materiais ou emocionais, mas a platéia também define que leitura fará sobre o mesmo. O filme sofrerá avaliação pelo ponto de vista do intelecto daquele que o assiste e transforma o que vê em opinião, ações e comportamentos. Rosália Duarte chama a atenção para quem quer trabalhar com filmes em sala: [...] para que a atividade seja produtiva é preciso ver o filme antes de exibi-lo, recolher informações sobre ele e sobre outros filmes do mesmo gênero e elaborar roteiro de discus- são que coloque em evidência os elementos para os quais se deseja chamar a atenção (DUARTE, 2002,p. 91). Ao assistirmos desenhos de animação, raramente vemos crianças se relacio- nando com o universo infantil. O que se observa com facilidade é a integração, já subentendida da participação da criança no universo do adulto, como se dele fizesse parte, já amadurecida e preparada social, emocional, cultural e politicamente. Para Henry Giroux (crítico radical do sistema educativo e cultural muito determinado pelo mercado americano para as indústrias culturais), [...] os estudos culturais ignoram as diversificadas esferas nas quais as crianças se tornam socializadas, mas também renunciam à responsabilidade de contestar as crescentes ten- tativas, por parte de poderosos capitalistas [...] para reduzir as crianças [...] a consumidores para novos mercados [...]. É desnecessário dizer que a importância dos fil- mes animados opera em muitos registros, mas um dos mais persuasivos é o papel que eles exercem como novas máq uinas de ensinar. (GIROUX, 2001, p. 50 -51). 7 Compreender o cinema de animação e o desenho animado significa também, entender preciosas formas de interagir com nossos pares. Porém, enxergar os pro- pósitos daqueles que os produzem é fundamental para tornar o fazer pedagógico em sala de aula mais legitimado, uma vez que a linguagem da ordem hegemônica dominante é primorosamente elaborada e requer de nós educadores critérios mais rigorosos na formação do cidadão mais crítico perante sua realidade, instrumentan- do-o desde pequeno, para viver e defender seus direitos de cidadão. Como trabalhar com desenhos animados em sala de aula? Temos que entender em primeira instância o que é uma linguagem fílmica, seus gêneros, sua história e formas de produção. A análise de filmes, segundo crité- rios básicos para a apreciação e leitura significativa destes, pode ser apreendida. Não existem fórmulas mágicas, mas caminhos que podem ser seguidos de forma simples, objetivando enriquecer a prática pedagógica em sala de aula. Buscar compreender a objetividade e a subjetividade de um desenho animado implica percebê-lo para além da imagem, do som e do movimento como uma produ- ção que não é inocente, mas propositadamente pensada pelos grandes estúdios para obter lucros exorbitantes. Ao longo do último século o homem vem criando, recriando, inventando e rein- ventando a sétima arte como forma profundamente expressiva de mostrar, ensinar, conduzir as massas e definir comportamentos. No inicio do século XX, o cinema era considerado, pela elite cultural, como “arte” das fei- ras, como espetáculo para as massas e passatempo dos iletrados. A fim de promover um distanciamento desta compreensão para aproximá-lo e integrá-lo à categoria das Belas Artes (como a música, a pintura, a escultura, a arquitetura, a poesia e a dança), RICCIOTTO CANUDO (1879-1923), poeta, filósofo, rom ancista, ensaísta, crítico e produtor cultural italiano, publicou, em Paris, em 1923, o Manifesto da Sétima Arte. Portanto, é a Canudo Ricciotto que se atribui à cu- nhagem da tão utilizada expressão do cinema como sétima arte! (NEVES, 2008).