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UNIVERSIDADE DE LISBOA LIÇÕES & TESTEMUNHOS UNIVERSIDADE DE LISBOA LIÇÕES & TESTEMUNHOS Catarina Constantino Silva (org.) Adriano Moreira • António Lobo Antunes Filipe Duarte Santos • Francisco Pinto Balsemão Guilherme d’Oliveira Martins • José Manuel Durão Barroso José Mário Branco • Leonor Beleza Odette Santos Ferreira • Teresa Patrício Gouveia Prefácio: António Sampaio da Nóvoa lisboa tinta‑da‑china mmxiii ÍNDICE António Sampaio da Nóvoa Transformar o passado em futuro 9 Guilherme d’Oliveira Martins É para diante que olhamos 11 Catarina Constantino Silva nesteediçãofoirespeitada Introdução 13 ,aopçãoortográficadecadaautor Adriano Moreira Anos de desafios na educação 15 Francisco Pinto Balsemão © 2013, Universidade de Lisboa Relações entre a liberdade e a segurança 29 e Edições tinta ‑da ‑china, Lda. José Mário Branco Edições tinta ‑da ‑china A oficina da canção 45 Rua Francisco Ferrer, 6‑A, António Lobo Antunes 1500 ‑461 Lisboa Tels: 21 726 90 28/29/30 Se eu me separasse de ti 59 E ‑mail: [email protected] Odette Santos Ferreira www.tintadachina.pt Um detalhe, uma grande descoberta 85 Título: Universidade de Lisboa – Lições & Testemunhos Filipe Duarte Santos Organização: Catarina Constantino Silva Amar as pessoas, a natureza e a arte 101 Autores: Adriano Moreira, António Lobo Antunes, Filipe Duarte Santos, Francisco Pinto Balsemão, Teresa Patrício Gouveia Guilherme d’Oliveira Martins, José Manuel Durão Barroso, Estar vivo é mudar 121 José Mário Branco, Leonor Beleza, Odette Santos Ferreira, Teresa Patrício Gouveia. Leonor Beleza Prefácio: António Sampaio da Nóvoa Um tempo extraordinário 133 Revisão: Tinta ‑da ‑china Composição e capa: Tinta ‑da ‑china José Manuel Durão Barroso A Europa somos nós 145 1.ª edição: Dezembro de 2013 isbn 978 ‑989‑671‑195‑5 Depósito Legal n.º 367573/13 Notas biográficas 161 TRANSFORMAR O PASSADO EM FUTURO António Sampaio da Nóvoa 1 As universidades têm uma longa existência, iniciada nos finais da Idade Média. Ao longo dos séculos, cumpriram distin‑ tas missões sociais, culturais e políticas, contribuindo, como afirma Ortega y Gasset, para promover a história europeia. A responsabilidade primeira da instituição universitária é a educação superior, uma educação que se faz em ambiente de investigação e de criação, através das artes, das humanidades e das ciências. A nossa maior distinção é sempre a vida futura dos estu‑ dantes, por isso, quando elaborámos o programa de comemo‑ rações do centenário da Universidade de Lisboa, logo ficou decidido que a abertura e o encerramento seriam dedicados aos antigos alunos. O primeiro acto dessas comemorações, no dia 11 de Outubro de 2010, foi uma cerimónia de grande significado, a atribuição do doutoramento Honoris Causa aos três primeiros presidentes da República da democracia, anti‑ gos alunos da Universidade de Lisboa: António Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. Com a publicação do presente livro, coordenado por Cata‑ rina Silva, aluna da nossa universidade, conclui ‑se um período particularmente intenso da nossa história, durante o qual 1 Reitor da Universidade de Lisboa, 2006 ‑2013. —9— fomos honrando o passado através da invenção do futuro. É PARA DIANTE QUE OLHAMOS Nele, transcrevem ‑se quatro lições proferidas durante as 1 Guilherme d’Oliveira Martins comemorações — Adriano Moreira, Francisco Pinto Balse‑ mão, José Mário Branco e António Lobo Antunes — e cinco depoimentos de antigos alunos — Odette Santos Ferreira, Filipe Duarte Santos, Teresa Patrício Gouveia, Leonor Beleza e José Manuel Durão Barroso. O programa de comemorações do centenário foi organi‑ zado em torno de quatro eixos: 100 Pessoas, 100 Locais, 100 Lições e 100 + 1 Ideias para o Futuro. Muitas foram as pessoas que nos fizeram chegar as suas Ser antigo aluno da Universidade de Lisboa obriga a pensar a «ideias para o futuro», depois integradas em livros, filmes e nossa Alma Mater de um modo especial. Não importa recordar outras iniciativas2. A acompanhar as ideias veio quase sempre a uma antiga querela sobre a matriz da Universidade Portuguesa, pergunta: porquê 100 + 1? sempre pensei nela como uma herança comum, estabilizada na A resposta é simples: + 1 foi a maneira que encontrámos de cidade de Coimbra e depois prolongada para Lisboa e para o mencionar o desígnio que inspirou a vida da Universidade de restante país. A verdade é que o continente em miniatura, de Lisboa nestes últimos anos: a fusão com a Universidade Téc‑ que falou Orlando Ribeiro, também se projetou na evolução do nica de Lisboa. Foi esta a realização maior do centenário da nosso estudo geral. No ano do centenário da Universidade de Universidade de Lisboa, pois com ela se concretizou o pro‑ Lisboa, pudemos pôr em primeiro lugar essa herança comum, jecto republicano de 1911 e se abriu uma fase nova do ensino que, a par dos nossos maiores valores, tem as suas raízes iden‑ universitário em Lisboa e no país. titárias em Portugal. Afinal, a língua portuguesa que difundi‑ A universidade é depositária da herança do passado não mos pelo mundo foi resultado da origem galaico ‑portuguesa, para nela se fechar, mas para com ela se renovar e se projectar continuada nas terras de Portugal, em Entre ‑Douro ‑e ‑Minho, no futuro. Foi isso que procurámos fazer na Universidade de prosseguida na erudição de Santa Cruz de Coimbra e depois Lisboa. É isso também que fazem diariamente os nossos anti‑ consolidada no prestígio da Universidade de Coimbra e no gos alunos: transformar o passado em futuro. eixo académico de Coimbra, Lisboa e Évora. E como não lem‑ brar também o Brasil e o mundo? 25 de Julho de 2013 Nós, antigos alunos da Universidade de Lisboa, sentimos que a Universidade Portuguesa é um conjunto de diferenças 2 Do conjunto das iniciativas realizadas durante o Centenário, destaque ‑se a e complementaridades, hoje prolongado nas novas institui‑ publicação das duas obras sobre a história da Universidade de Lisboa, coordena‑ ções de ensino superior, nas novas cidades e nos novos polos das por Hermenegildo Fernandes (A Universidade Medieval em Lisboa — Séculos XIII‑XVI) e por Sérgio Campos Matos e Jorge Ramos do Ó (A Universidade de Lisboa — Séculos XIX‑XX). 1 Presidente da Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Lisboa. —10— —11— universidade de lisboa | lições & testemunhos universitários. Não esquecemos os nossos mestres. Lembra‑ INTRODUÇÃO mos a força da comunidade académica, recordando as crises Catarina Constantino Silva e a vitalidade que deram à democracia. A Universidade de Lisboa, hoje reunindo a Universidade Técnica, não alimenta saudosismos. A identidade que constituímos é feita de história e de um poderoso desafio do futuro. A história fez ‑se de uma vontade emancipadora e moderna, o desafio do futuro vai ‑se construindo pela aprendizagem, pelo desenvolvimento, pela cooperação científica, pela exigência educativa, pela interna‑ cionalização. É para diante que olhamos! Não, o mundo não cabe na palma da nossa mão. Mas encaixa perfeitamente na razão dos nossos sonhos, que são estra‑ nhas peças de arte, mutáveis e, por vezes, pouco razoáveis. Permitem ‑nos a ambição, deturpam ‑nos a concentração, condicionam ‑nos a ousadia. A pequena esfera, azul e verde, vai girando devagar, distribuindo aleatoriamente a sorte de sonhar os sonhos ou de vivê ‑los acordados. Não existe uma fórmula, nem tão ‑pouco a hipótese de fazer parar o tempo; há que tentar e falhar até descobrirmos a nossa vocação e, por fim, conciliá‑ ‑la com a nossa intenção de criar algo diferente. O caminho é sinuoso, o olhar nem sempre é o mesmo, equilibrando no presente o passado até se definir, com todas as incertezas que dele derivam, o futuro. Paira sempre uma espécie de receio, muito semelhante ao caos provocado pelo medo. E é aí que o mundo estagna, indeciso quanto ao seu propósito, seja ele qual for, necessitando de uma nova força motriz, de novas teias de inteligência, de novas formas de aprendizagem e de aprender ensinando. Tomam lugar os mestres de letras e os sabedores de música, acordam ‑se prodígios de artes e treinam ‑se novos des‑ portistas. Ensinam ‑se aprendizes de artesanato, reinventam‑ ‑se os mares, plantam‑se novos campos. Escrevem ‑se páginas diferentes na medicina, prosseguem ‑se os avanços tecno‑ lógicos, criam ‑se novas e fantásticas necessidades que nem —12— —13— universidade de lisboa | lições & testemunhos sabíamos que viríamos a ter. Os professores, quais avós, pais e filhos, vão continuar a acertar e a errar, congratulando‑se pela sensação de dever cumprido. Ou não. E o ensino florescerá: dividido pela sua pluralidade, unido pela sua (necessária) curio‑ sidade. Pauta‑se a humildade nas partituras destes mestres, Adriano Moreira detentores de uma sabedoria única, de um amor tão próprio às suas raízes. Pousada sobre a secretária de mogno paira uma maravilhosa incógnita: uma simples folha branca. Observando ANOS DE DESAFIOS de perto será possível assistir ao aparecimento de linhas ténues NA EDUCAÇÃO e de letras a surgir vagarosamente, multiplicando ‑se livre‑ mente no espaço que lhes é permitido. São os contornos pre‑ cisos desenhados pela mão dos que sonham uma universidade que se reinvente de e para o mundo. —14— Esta meditação a que procedeu inicialmente a Universidade de Lisboa, chamando os seus antigos alunos a contribuírem com a experiência vivida da relação entre a aprendizagem académica e o ensino imposto pela realidade enfrentada, ganha sentido com a recordação dos grandes mestres. Recordo o padre Manuel Antunes, que nos advertiu para o facto de a filosofia da cultura, no tempo que