HISTÓRIA DE : A POLÍTICA COMO SUJEITO OCULTO

Daniel de Souza Lemos Doutorando em História UFPel [email protected]

RESUMO: A partir da coleta de artigos, monografias, TCCs, dissertações, teses – e livros de fora do universo acadêmico – nas áreas de História, Memória e Patrimônio, Arquitetura, Educação, Sociologia, Ciência Política, Geografia, Economia, Antropologia, Arqueologia, Artes Visuais, entre outras, totalizando mais 250 trabalhos, que estão disponíveis na internet, nos diversos bancos de dados consultados. Produções estas elaboradas em diversas instituições acadêmicas como: UFPel, UFRGS, FURG, UNISINOS, PUC-RS, PUC-SP, UFPR, USP, UNICAMP e UFRJ. Além dessa produção, foram reunidos 40 livros que tratam de Pelotas, em seus vários aspectos. Com o intuito de definir o espaço que a História Política tem no universo de estudos sobre Pelotas. Concluindo-se, provisoriamente, que a História Política está em desvantagem quanto a maioria dos campos de estudo. PALAVRAS-CHAVE: Pelotas, História Política, Educação, Escravidão, Patrimônio

Introdução

A cidade de Pelotas, completou 208 anos de fundação em 7 de julho de 2020, é objeto de estudo no campo historiográfico tem um bom tempo. Muito, e em vários aspectos, já foi escrito sobre a cidade, porém é possível verificar que ainda existem algumas lacunas na escrita dessa bicentenária história, especialmente no que se refere ao campo da política. Boa parte das pesquisas sobre Pelotas se refere ao seu reconhecido apogeu econômico baseado do modo de produção escravista colonial e posteriormente no Império, com a exploração do trabalhador escravizado nas e olarias. Com conseqüências culturais e sociais, que se deu no final do século XVIII e ao longo do século XIX. Com o amplo processo de expansão dos cursos de pós-graduação nas universidades brasileiras em geral, e na UFPel em particular, aumentou consideravelmente a quantidade de trabalhos a respeito de Pelotas. De tal forma que foi realizado amplo levantamento com vistas a localizar estudos que tenham como foco a questão política em suas varias dimensões.

Foram coletados artigos, monografias, TCCs, ensaios, dissertações, teses – e livros de fora do universo acadêmico – nas áreas de História, Memória e Patrimônio, Arquitetura, Educação, Sociologia, Ciência Política, Geografia, Economia, Antropologia, Arqueologia, Artes Visuais, entre outras, totalizando mais 250 trabalhos, que estão disponíveis na internet, nos diversos bancos de dados consultados. Produções estas elaboradas em diversas instituições acadêmicas como: UFPel, UFRGS, FURG, UNISINOS, PUC-RS, PUC-SP, UFPR, USP, UNICAMP e UFRJ. Além dessa produção, foram reunidos 40 livros que tratam de Pelotas, em seus vários aspectos. Destacam-se os estudos de ARRIADA (1994), MAGALHÃES (1979, 1993 e 2012), GUTIERREZ (1999, 2001), VARGAS (2016), ANJOS (2000), BETEMPS (2003). Dois estudos que enfocam a segunda metade do século XIX foram realizados por AL-ALAN (2008 e 2016), neles o historiador analisa a criminalidade, o sistema policial repressivo, os agentes públicos da segurança e a aplicação da pena de morte contra os escravos em Pelotas.

Ainda estudando o século XIX, MELLO (1994) e SILVA (2001) abordam a cultura dos afro descendentes, o primeiro escreve sobre “reviras, batuques e carnavais – a cultura de resistência dos escravos em Pelotas”. E, o segundo, as suas práticas de consumo e manuseio de químicas por escravos e libertos na cidade.

Em relação a estudos sobre a Pelotas do século XX LAGEMAN (1985) trata do Banco Pelotense a partir de uma perspectiva econômica da instituição que vai até os anos 1930. Por outro lado, LONER (2001) estuda a formação classe operária em Pelotas e Rio Grande, também até a década de 30 e GILL (1999 e 2004) pesquisa, primeiramente, sobre “os judeus da prestação em Pelotas (1920-1945)” e, posteriormente, as políticas de saúde na cidade e o enfrentamento ao “mal do século”, a tuberculose.

Enquanto LOPES (2007 e 2013), em seus trabalhos de dissertação e doutorado realizados na PUC-RS analisa o processo de modernização de Pelotas e a atuação do engenheiro Saturnino de Brito no . Somado a estes trabalhos AMARAL (1999) escreve sobre “uma face da história da educação em Pelotas”, a relação entre o Ginásio Pelotense e a Maçonaria. Em pesquisa realizada relativa ao período da Segunda Guerra Mundial FACHEL (2002) levanta as violências contra alemães e seus descendentes em Pelotas e São Lourenço.

Um esboço de um quadro de estudos sobre Pelotas

Por enquanto foram analisados 114 trabalhos mais os 40 livros. Estes estudos sobre Pelotas foram divididos em 15 áreas – a critério do autor – que abrangem os diversos objetos que foram abordados nos estudos. Foram assim denominados e numerados: 1 - Formação histórico-social do território e de Pelotas com 8 estudos; 2 - Panorama histórico e antropológico da escravidão, do racismo e pós-abolição, com 13 trabalhos; 3 - Urbanismo, urbanização, modernização, paisagismo e arquitetura com 25 obras; 4 - Charqueadas e Saladeiros com 7 itens; 5 - Era Vargas em Pelotas foram mapeados 6 trabalhos; 6 - História da Educação, profissão docente, instituição educacional com 8 trabalhos; 7 - Patrimônio cultural, agroindustrial e rede ferroviária contém 6 trabalhos analisados; 8 - História do Cotidiano; manifestações religiosas e culturais, saúde possui 20 obras; 9 - História intelectual, instituições intelectuais e acervos, arte com 20 trabalhos; 10 - História POLÍTICA, INSTITUIÇÕES Políticas e ELITES com 14 obras; 11 - Arqueologia com 2 trabalhos; 12 - Museologia, conservação e restauro com 6 trabalhos; 13 - Colonização e imigração, etnias com 14 obras; 14 - Instituições policiais, excluídos com 3 estudos; e 15 - Políticas públicas, economia, excluídos, classe com 3 pesquisas. Com base nessa divisão foi criado um quadro em formato de pizza para uma visualização da divisão dos estudos que já que foram realizados sobre Pelotas nas diferentes áreas. Com as fatias desproporcionais do gráfico em pizza, pode-se facilmente se identificar os temas mais ou menos enfrentados pelos pesquisadores. Algumas áreas poderão posteriormente ser agrupadas, pois boa parte dos estudos abrange mais de uma área, possibilitando uma classificação bem ampla. Por exemplo, palavras-chave como patrimônio cultural, patrimônio histórico, História cultural, História do cotidiano, sociedade, estão presente em vários trabalhos que eventualmente não foram classificados no mesmo grupo. Assim como: Excluídos, Escravidão, escravismo, classe

trabalhadora, trabalhadores escravizados, sociedades étnicas, clubes sociais afro, clube sociais étnicos. Observe os gráficos a seguir.

Gráfico 1 em formato de pizza 1 trabalhos 2 3 14 15 4 5 1 12 13 2 6 7 11 8 10 3 9 10 11 9 4 12 6 13 8 7 5 14 15

Legenda: 1 - Formação histórico-social do território e de Pelotas = 8 2 - Panorama histórico e antropológico da escravidão, racismo, pós-abolição = 13 3 - Urbanismo, urbanização, modernização, paisagismo e arquitetura = 25 4 - Charqueadas e saladeiros = 7 5 - Era Vargas em pelotas= 6 6 - História da educação, profissão docente, instituição educacional = 8 7 - Patrimônio cultural, agroindustrial e rede ferroviária = 6 8 - História do cotidiano; manifestações religiosas e culturais, saúde = 20 9 - História intelectual, instituições intelectuais e acervos, arte = 20 10 - História política, instituições políticas e elites = 14 11 - Arqueologia = 2 12 - Museologia, conservação e restauro = 6 13 - Colonização e imigração, etnias = 14 14 - Instituições policiais, excluídos = 3 15 - Políticas públicas, economia, excluídos, classe = 3

Gráfico 2 em formato de colunas aproveita a mesma legenda anterior

Trabalhos 30

25

20

15 Trabalhos 10

5

0 ÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁreaÁrea 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Exemplos de estudos de cada área

O primeiro eixo de estudos sobre Pelotas: Formação histórico-social do território e de Pelotas têm 8 trabalhos clássicos produzidos por pesquisadores experientes. Inicia com Fernando Osório e sua “A Cidade de Pelotas”, em 2volumes. 3ª edição revista de 1997 (Organização e notas Mário Osório Magalhães) trabalho germinal escrito nos anos 1940 e, atualizado pelo seu descendente e também ilustre historiador, o saudoso Mário Osório Magalhães. Que, participa desse eixo com sua obra mais importante, “Opulência e cultura na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul: um estudo sobre a história de Pelotas(1994)” e “Pelotas Princesa (livro comemorativo ao bicentenário da cidade, 2012)”. Nesse eixo também entra a historiadora Heloísa Assumpção Nascimento com “Nossa Cidade Era Assim” em vários volumes e o historiador Eduardo ARRIADA com sua obra esgotada “Pelotas: gênese e desenvolvimento urbano (1780-1835)”, publicada em 1994. Por fim, as obras de Adão F. MONQUELAT e V. MARCOLLA “O desbravamento do sul e a ocupação castelhana”, de 2009, e “O Processo de Urbanização de Pelotas e a Fazenda do Arroio Moreira”, de 2010, encerram os estudos sobre as origens de Pelotas. O segundo eixo de estudos sobre Pelotas: Panorama histórico e antropológico da escravidão, racismo, pós-abolição possui 13 trabalhos. Destacam-se as seguintes palavras- chave: imprensa negra, escravidão, saúde, higiene, História cultural, Pós-abolição, Charqueadas, História de Pelotas, Negros, associações negras, Clubes sociais negros,

Mulheres, Negras e Criminalidade feminina. Estas palavras estão inseridas em produções de historiadores como Adão F. MONQUELAT (2009 e 2014), Geza Guedes (2014) com “Criminalidade feminina: mulheres negras e os homicídios em Pelotas (1880-1890)”, trabalho assim resumido:

objetivo de analisar a criminalidade feminina a partir dos homicídios ocorridos na cidade de Pelotas, entre os anos de 1880 a 1890. Utilizando a metodologia da micro-história, foram pesquisados os processos criminais e as notícias relacionadas aos crimes. A análise percorre os caminhos das mulheres negras que figuraram como rés em ações judiciais, seus laços familiares e de parentesco, suas ocupações e trabalhos. (Guedes, 2014, p.06)

Fica evidente que cresceu muito o interesse sobre a questão do negro nos estudos de História. Em seus vários matizes como ficou demonstrado nas palavras-chave apresentadas.

No terceiro eixo de estudos sobre Pelotas, Urbanismo, urbanização, modernização, paisagismo e arquitetura foram classificados 25 trabalhos, que tratam das seguintes temáticas: História da urbanização da cidade, História do Cotidiano, História cultural, Museu da Baronesa, patrimônio histórico, prédios históricos, ecletismo, paisagem geográfica, zonas de preservação; paisagem cultural; centro histórico, mercados públicos. Destacam-se nesse amplo campo de estudos e, um dos mais ricos sobre Pelotas, os trabalhos sobre, os casarões (LEÓN, 1994), as praças (MONQUELAT, 2015) e os Chafarizes (MONQUELAT, 2012) de Pelotas, a Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência (LOPES, 2007), Mercado Central de Pelotas (BRUNO, 2010). No quarto eixo de estudos sobre Pelotas, e talvez um dos mais emblemáticos, charqueadas e saladeiros tem apenas 8 obras, inicialmente analisadas. Talvez esse item possa ser agregado a outro, como o que trata da questão do escravismo, ou no tópico sobre a economia. Uma obra das mais famosas e, entretanto obsoleta em suas conclusões no que tange a Pelotas, é “Capitalismo e escravidão no Brasil Meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul”, de Fernando Henrique Cardoso (1997). Contestada, inclusive, por VARGAS (2010) em “Os Barões do Charque e suas fortunas. Um estudo sobre as elites regionais brasileiras a partir de uma análise dos charqueadores de Pelotas (Rio Grande do Sul, século XIX)” (ver resenha LEMOS, 2019). No eixo 5 sobre a Era Vargas em Pelotas dois trabalhos são muito importantes. O primeiro deles é FACHEL (2002), que trata da violência sofridas pelos alemães e seus descendentes na cidade, em razão da guerra contra a Alemanha nazista. O segundo é de

BRAGA (2016) que transita pela História do Trabalho, da Justiça do Trabalho e do Partido Comunista do Brasil, através da atuação de Antônio Ferreira Martins como advogado trabalhista em Pelotas. O sexto – História da educação, profissão docente, instituição educacional com 8 trabalhos – e o nono eixo – História intelectual, instituições intelectuais e acervos, arte com 20 trabalhos – poderiam estar unificados. Porém, a grande quantidade de estudos sugere uma separação. As palavras-chave mais recorrentes são: História da educação trabalhadoras/es em educação Gênero, jornais estudantis, fontes históricas, ensino secundário, ensino laico e católico, História cultural, imprensa ilustrada e Literatura Pelotense. Aparecem nesse eixo trabalhos como o de ÜCKER (2019) sobre “A Participação Feminina no Sindicato de Trabalhadoras/es em Educação: uma análise acerca do 24º Núcleo do CPERS/SINDICATO”, AMARAL(1999) sobre o Colégio Municipal Pelotense e a Maçonaria, o importante e original trabalho conjunto organizado por Beatriz Ana Loner, Lorena Almeida Gill & Mario Osorio Magalhães (2012), Dicionário de História de Pelotas. A literatura pelotense, tanto a produzida quanto os escritores que a produziram, estão no 9º eixo. RUBIRA ( 2012, 2014a e b, 2017) aparece com Almanaque do Bicentenário de Pelotas em 3 volumes e com estudo sobre Ramil, “Vitor Ramil – nascer leva tempo (identidade, autossuperação e criação de Estrela, estrela a Longes)”. Por sua vez, RAMIL se destaca com Satolep, de 2008. João Simões Lopes Neto e Lobo da Costa como não podiam deixar de ser também foram objeto do interesse dos estudiosos sobre Pelotas. Diniz (2003), REVERBEL (1981), FAGUNDES (1954) e Ângela Treptow SAPPER & Jandir João ZANOTELLI (2003), dedicaram-se ao estudo dos grandes escritores pelotenses do século XIX e início do XX. Os eixos 7 (Patrimônio cultural, agroindustrial e rede ferroviária com 6 trabalhos), 8 (História do cotidiano; manifestações religiosas e culturais, saúde com 20 trabalhos) e 12 (Museologia, conservação e restauro com 6 trabalhos) possuem muita proximidade em relação às suas palavras-chave e conteúdo. Grande parte dos estudos foram realizados no Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural, da UFPel, e no curso de Bacharelado em Museologia, da mesma universidade. É o caso do trabalho sobre a rede férrea de Pelotas de SOUZA (2019) “A estação férrea de Pelotas: Memória nas linhas dos trilhos.”

Os eixos 11 (Arqueologia 2 trabalhos), 14 (Instituições policiais, excluídos 3 estudos) e 15 (Políticas públicas, economia, excluídos, classe 3 trabalhos) ainda estão em expansão, no que se referem aos interesses dos pesquisadores. A área de arqueologia está muito vinculada à antropologia, cujos trabalhos foram inseridos nos eixos que tratam das questões culturais. Quanto às instituições policiais e crime os trabalhos de AL-ALAN (2008 e 2016) já mencionados na introdução. Na área de políticas públicas voltadas aos excluídos destaca-se o original estudo sobre o Programa Bolsa Família em Pelotas de CORBO (2016) intitulado: “Bolsa Família: incorporação econômica ou emancipação cidadã?” resultado de pesquisa de mestrado no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPel. O último eixo a ser abordado nesse item é o 13º - Colonização e imigração, etnias com 14 estudos. Trabalhos sobre várias etnias que enriqueceram a formação de Pelotas são estudadas como, italianos (ANJOS, 2000), alemães (SALAMONI, 2001), judeus (GILL, 1999), franceses (BETEMPS, 2003).

O eixo 10 - História política, instituições políticas e elites – será apresentado na próxima secção do artigo.

Estudos sobre Política e suas interfaces

O número de pesquisas em História Política tem sido muito reduzido em relação à história social, econômica e cultural. Mesmo os estudos sobre elites não têm focado na política. Por exemplo, EICHOLZ (2017) analisa a atuação da elite pelotense no campo da caridade nas benfeitores do Asilo de Mendigos e do Asilo de Órfãos São Benedito em Pelotas. Também, PAULA (2008) aborda, a partir de vários aspectos sociais, as correspondências trocadas entre a Baronesa de Três Serros e sua filha que morava no .

Porém, VARGAS (2010), em seu trabalho sobre os mediadores – os quadros políticos que faziam a relação entre a Corte (Rio de Janeiro) e a província () – trata da atuação das elites no campo político. Este estudo abrange as elites, da então Província do Rio Grande, em suas relações com as elites políticas do Brasil que atuavam na capital do Império, o Rio de Janeiro. Logo, como Pelotas nessa época passava por seu

auge econômico, social e político, muitos atores das elites pelotenses aparecem no estudo. Entretanto, ainda é o Século XIX que está em foco.

Importante pesquisadora pelotense nos anos 1960, 1970 e 1980 NASCIMENTO (1989 e 1994) publicou inúmeros artigos sobre o passado da cidade. Foi professora da UFPel, inclusive sendo a primeira mulher no Brasil a lecionar na mesma Universidade em que se formou, no caso, na Faculdade de Direito, nos anos 1950. Seus trabalhos abordavam várias temáticas: a origem da Freguesia de São Francisco de Paula, sua elevação a Vila e a cidade de Pelotas; A religiosidade, os impactos da Revolução e da Abolição na cidade; A cultura, a música, o teatro, os carnavais, as letras, o lazer e o folclore no município; Até a economia, o comércio, os transportes e a gente. No entanto ela pouco escreveu sobre a política em Pelotas e, quando o fez foi sobre a cidade durante o Segundo Império ou, sobre a Proclamação da República e sua repercussão em Pelotas.

Sobre um egresso da Faculdade de Direito, BRAGA (2016) realizou uma interessante investigação a respeito do advogado comunista Antônio Ferreira Martins, que contribuiu para a luta da classe operária contra o patronato no processo de implantação da Justiça do Trabalho, no município. Contudo, a abordagem se deteve à atuação jurídica de Martins, não a sua contribuição na política partidária.

Um trabalho pioneiro sobre o campo político em Pelotas, após a redemocratização de 1945 foi resultado da pesquisa de doutoramento em Ciência Política de FETTER JÚNIOR, defendido na Universidade de V - René Descartes em 1985. Entre 1945 e 1983, foram realizadas 21 eleições em Pelotas, sendo que 8 delas foram para cargos municipais: prefeito e vereador.

A tese abordou a organização, o funcionamento e a composição da Câmara Municipal de Pelotas, no período mencionado. Enfrentando o debate a respeito do municipalismo, da competência e da autonomia municipal, bem como o conceito de representação, para enfim tratar dos aspectos políticos e eleitorais de Pelotas.

Assim, o autor da pesquisa fez um uso amplo das informações a respeito da evolução demográfica da população pelotense no período, do eleitorado, dos resultados eleitorais e dos partidos políticos registrados e atuantes na cidade. Logo, essas informações serão muito relevantes na pesquisa sobre o grupo político trabalhista em Pelotas, que compunha o PTB. Ele descreve e analisa as características dos partidos políticos locais no período da

redemocratização na vigência do pluripartidarismo – que é a parte relevante para a pesquisa que o presente projeto pretende realizar – de 1945 até 1965.

A análise feita consiste na verificação das características pessoais dos vereadores, os aspectos políticos da atuação parlamentar e a composição da mesa diretora da Câmara Municipal. De posse dessas informações foi feita a interpretação da atividade de representação e o retorno que o vereador dava ao seu eleitorado, além das condicionantes da representatividade, baseada no perfil do parlamentar e na sua interação com o partido a que pertencia. Isso é útil para um estudo da composição e da atuação dos trabalhistas em Pelotas. Um trabalho importante que foca no mesmo período aqui abordado é o de Everton OTAZU (2016) que investigou o processo de redemocratização de 1945, n a região sul do Rio Grande do Sul. Este utilizou como fontes os periódicos da cidade de Rio Grande e da cidade de Pelotas. E se propôs compreender como se organizaram os atores políticos regionais frente a redemocratização. Além disso, acompanhou a trajetória dos grupos envolvidos e suas transformações ao longo do processo, analisando as agendas de reorganização do campo político na região. Conclui-se que são poucos os trabalhos que tratam o período 1945-1965 na política pelotense. Por outro lado, uma abordagem mais consistente precisa ser realizada sobre cada partido político, especialmente, sobre o Partido Trabalhista Brasileiro, que foi a principal força de contestação aos partidos mais identificados com a fração mais tradicional da elite pelotense, quais sejam, PSD e UDN. Por duas vezes no período de quase 20 anos o PTB conquistou o cargo de prefeito de Pelotas, primeiramente com Mário Meneghetti (1951- 1955) e, depois com João Carlos Gastal (1959-1963). Mário Meneghetti nasceu em Porto Alegre, no dia 17 de julho de 1905, formado em Medicina, na Faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1923. Começou a carreira de médico na VIAÇÃO FÉRREA RIO-GRANDENSE, nomeado para o departamento estadual de saúde, em Pelotas. Ainda atuou no Instituto de Higiene de Pelotas em 1929 sendo seu diretor em 1930, Catedrático da Faculdade de Medicina de Pelotas em 1938; Foi vereador e prefeito de Pelotas pelo PTB e ministro da Agricultura pelo Partido Social Democrático (PSD) no governo Juscelino Kubischek, de 1956 a 1960. Foi, também, co- fundador da Sociedade de Medicina de Pelotas, que presidiu. Recebeu o título de CIDADÃO PELOTENSE em 11/12/1967. Faleceu no Rio de Janeiro em 1969, aos 64 anos de idade.

João Carlos Gastal (trabalhos já publicados sobre JCG ver: Daniel LEMOS 2020a e 2020b) nasceu em Pelotas em 05 de fevereiro de 1915 e, faleceu em Porto Alegre em 01 de Maio de 1986. Formado em Direito, foi Promotor Público e Juiz Municipal. Destacou-se no campo político desde os anos 1950, quando foi eleito vereador, deputado estadual e prefeito da cidade de Pelotas, pelo PTB. Ligado ao trabalhismo de Vargas, Goulart e Brizola, foi articulador da Campanha da Legalidade em Pelotas, quando ocupava Paço Municipal, em 1961. Durante os anos de 1950 e 1962 o PTB também elegeu os seguintes quadros com base eleitoral em Pelotas e região sul: Miguel Olivé Leite Deputado Estadual no ano de 1950 com 5.066 votos; Osmar da Rocha Grafulha Deputado Estadual nos anos de1950 (6.969 votos) e 1954 (6.630 votos) e, Deputado Federal nos anos de 1958 (19.260 votos) e 1962 (18.271 votos ); Sylvio da Cunha Echenique Deputado Federal em 1950 com 10.802 votos ; e João Carlos Gastal (já mencionado anteriormente) Deputado Estadual em 1958, com 11.008 votos.

O trabalhista Osmar da Rocha Grafulha nasceu na cidade do Rio Grande. Porém, transferiu-se para Pelotas onde se formou pela Faculdade de Ciências Econômicas de Pelotas, em 1934. Assumiu as Secretarias de Economia, posteriormente, de Administração e de Energia e Comunicação no governo de . Conforme consta em seu perfil biográfico do CPDOC | FGV. O Partido Trabalhista Brasileiro ainda formou bancadas numerosas no parlamento pelotense (conforme é apresentado no quadro abaixo), demonstrando sua forte base social. Desde a fundação de Pelotas, a cidade foi governada pela elite econômica, primeiramente a charqueadora, posteriormente, com o advento da República, a elite que fez a transição da economia do charque para a do arroz. Apenas com a redemocratização de 1945, a elite pelotense foi contestada, no campo da política, pelos trabalhistas do PTB. Isto conduz à constatação de ser pertinente a realização de estudo sobre esse agrupamento político. O partido que governou Pelotas mais vezes no período foi o PSD, também criado por Vargas, porém com uma constituição diferente. O PSD, que estava a esquerda direita e a direita da esquerda, como dizia Ernani do Amaral Peixoto, genro de Getúlio, contava com polítcos de grande prestígio e capacidade de articulação e negociação, no país: , Juscelino Kubitschek, Ulysses Guimarães e Benedito Valadares. E, em Pelotas elegeu três prefeitos, hegemonizando a máquina pública municipal, eram eles: Joaquim Duval, Adolfo Fetter e Edmar Fetter.

Um campo mais rico no que tange aos estudos sobre a política pelotense é o da competição eleitoral, dos partidos políticos pós ditadura civil-militar. Especialmente os trabalhos realizados por BARRETO (2004, 2008, 2009a e 2009b). Porém, ainda há muito trabalho a ser feito nesse campo.

Considerações finais

Após a realização dessa coleta e breve revisão bibliográfica, a partir do que foi apresentado até aqui, observou-se que a História Política está em desvantagem quanto aos demais campos de estudo, no que foi produzido sobre Pelotas. Assim como o sujeito oculto da língua portuguesa, a política está presente nas pesquisas, ela existe, mas está muitas vezes implícita. Aparece de modo elíptico, quase sem querer aparecer. Evidenciando que há um espaço a ser explorado na área de estudo das Elites no século XX (ver LEMOS, 2018) especialmente depois da redemocratização ocorrida com o fim da ditadura Vargas. Um maior aprofundamento do trabalho certamente demonstrará que é preciso a produção de mais estudos com enfoque no aspecto político sobre Pelotas, especialmente do século XX, justificando o tema da pesquisa de doutorado que está em andamento.

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