Universidade De Lisboa Instituto De Ciências Sociais the Internal
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Universidade de Lisboa Instituto de Ciências Sociais The internal power distribution within Portuguese parties: Examining the centre-periphery relations in the PS and the PSD Isabella Razzuoli Orientadora: Professora Doutora Marina Castelo Branco da Costa Lobo Co-orientador: Professor Doutor Marco Lisi Tese especialmente elaborada para a obtenção do grau de doutora em Ciência Política na especialidade de Política Comparada. 2019 Universidade de Lisboa Instituto de Ciências Sociais The internal power distribution within Portuguese parties: Examining the centre-periphery relations in the PS and the PSD Isabella Razzuoli Júri: Presidente: Doutora Ana Margarida de Seabra Nunes de Almeida, Investigadora Coordenadora e Presidente do Conselho Científico do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Vogais: Doutor José Maria Magone de Quadros da Costa, Professor da Berlin School of Economics and Law, Alemanha; Doutor Varqá Carlos Jalali, Professor Associado do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e Territoriais da Universidade de Aveiro; Doutora Marina Castelo Branco da Costa Lobo, Investigadora Principal com Habilitação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, orientadora; Doutora Edalina Rodrigues Sanches, Investigadora Auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tese especialmente elaborada para a obtenção do grau de Doutora em Ciência Política na especialidade de Política Comparada. Financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) (SFRH/BD/65343/2009) 2019 Resumo Esta tese analisa as organizações partidárias e a distribuição do poder no interior dos partidos portugueses, colocando a ênfase nas estruturas partidárias existentes a nível territorial e nas suas relações com a liderança e com o partido a nível nacional. No caso português, este tema tem sido pouco estudado, o que se explica pela tendência da literatura para privilegiar a análise centrada nos partidos a nível nacional. Esta tese defende a importância da análise dos níveis inferiores da organização partidária para a compreensão do funcionamento interno dos partidos políticos assim como dos processos de transformação que têm sofrido. A literatura tem vindo a demonstrar a tendência para o enfraquecimento dos partidos políticos enquanto actores colectivos e enquanto organizações de militantes como reflexo de um processo mais amplo de erosão da dimensão colectiva da política nas sociedades contemporâneas. Por sua vez, esta tendência põe em causa a função de intermediação entre os cidadãos e o Estado que esteve na base da legitimacão da posicão central que os partidos políticos têm vindo a ocupar nas democracias representativas. Do ponto de vista da organização interna, a literatura tem demonstrado algumas tendências importantes. Em primeiro lugar, a emergência de processos de transformação que apontam para o crescente poder e autonomia dos líderes vis-à-vis os orgãos colegiais e intermédios. Em segundo lugar, a democratização das decisões internas através da atribuição de direitos de voto aos militantes. Em terceiro lugar, a adoção de uma configuração organizativa de tipo ‘estratárquico’, em que as diferentes componentes são cada vez mais autónomas e os laços internos mais flexíveis. Esta tese analisa o caso português, interpretando-o à luz das tendências acima descritas e do seu impacto na distribuição interna do poder. Para tal, a tese foca as estruturas do partido para analisar em que medida é que aquelas tendências emergem a nível territorial e quais os factores que explicam a distribuição do poder entre os diferentes níveis. Para esse efeito, foram seleccionados os dois principais partidos de governo em Portugal – o Partido Socialista (PS), de centro-esquerda e o Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita. De acordo com a literatura, PS e PSD são partidos eleitoralistas com características do modelo cartel, já que, por um lado dependem em larga medida do financiamento público e dos recursos proporcionados pelo accesso ao poder e, por outro lado, a liderança ocupa um i papel proeminente na organização. A tese parte de um enquadramento comparativo que recorre a dados recolhidos no âmbito do projecto ‘Political Party Database’ – no qual colaborámos – onde se apresentam importantes características destes partidos, nomeadamente ao nível dos recursos, estruturas e processos decisórios. Depois deste enquadramento, a tese investiga as estruturas territoriais a partir de diferentes perspectivas. Em primeiro lugar, a partir de uma perspectiva longitudinal que acompanha a evolução das relações das estruturas territoriais com o nível nacional desde 1974. O objectivo é averiguar em que medida é que houve um processo de autonomização das primeiras em relação ao segundo, testando, para ambos os partidos, a expectativa da evolução no sentido de uma configuração ‘estratárquica’ das relações. A análise longitudinal permite examinar de que forma é que a autonomia e a hierarquia emergem em diferentes fases, tendo em conta a importância crucial que a incumbêcia e a ocupação do poder têm para a liderança nacional nos partidos eleitoralistas. Concretamente, analisa-se de que forma é que é a incumbêcia e a ocupação do poder afectam o funcionamento interno, as relações intra-partidárias e a base do poder do líder dentro da organização. Nesta análise, são tidas em conta as diferentes características dos dois partidos em termos da sua origem genética e de decentralição-centralização e o potencial impacto que isso poderá ter sobre aquelas relações. Em segundo lugar, análise-se as estruturas territoriais, com o objectivo de verificar em que medida é que os processos de personalização e de democratização observados a nível nacinal ocorrem ao nível das estruturas territoriais. Para tal, optou-se por analisar os processos de seleção das liderancas ao nível intermédio da organização, ou seja, ao nível dos presidentes das dezanove federações do Partido Socialista e das dezanove distritas do Partido Social Democrata em Portugal continental. Os presidentes das estruturas intermédias controlam a organização burocrática no terreno e gerem a acção do partido a nível local, assegurando a ligação com o nível nacional e representando as instâncias das estruturas perante a liderança. Para além disso, desempenham um papel central em funções institucionais, nomeadamente no processo de elaboração das listas dos candidados à Assembleia da República e na coordenação dos processos eleitorias para eleições autárquicas. Por fim, na maior parte dos casos, os presidentes das estruturas intermédias ocupam cargos públicos – são frequentemente deputados nacionais ou presidentes de Câmaras – o que lhes proporciona um importante capital político dentro da organização. Ainda que estes dirigentes partidários desenvolvam um papel central no aparelho do partido não tem havido investigação académica sobre estes actores. Nesse sentido, esta tese oferece ii um contributo original à literatura sobre os partidos portugueses. Argumentamos que estes actores têm vindo a assumir importância dentro das próprias estruturas territoriais e que essa posição é uma função das relações com a liderança nacional, apontando a importância de laços personalísticos nestes partidos. O poder de eleger estes líderes foi tranferido de assembleias locais para os militantes, tal como ocorreu com a eleicão dos líderes nacionais. Na tese, são examinadas 266 eleicões directas que tiveram lugar nas federações e nas distritais entre 2003 e 2017. A análise é feita a partir de uma base de dados original sobre as eleicões intra-partidárias, considerando a competitividade, a renovação e as características dos eleitos em termos de acumulação do cargo partidário com cargos públicos. Esta análise serve para averiguar da emergência, a nível territorial, de um modelo de organização centrado nas lideranças, o grau de circulação das elites, e em que medida as dinâmicas no terreno são relacionadas com as diferentes fases a nível nacional (e.g. incumbência-oposição, estabilidade da liderança). O último capítulo empírico da tese trata dos mais recentes processos de democratização interna nos dois partidos, analisando o papel das estruturas no terreno e a perspectiva dos líderes territorias sobre estas reformas. No caso do PS, em particular, analisa-se o caso das ‘directas’ para a escolha dos candidatos às presidências de Câmara em 2013 e as primárias abertas para o candidato a primeiro-ministro em 2014. O principal contributo desta tese é o de mostrar importantes aspectos do funcionamento dos partidos políticos portugueses a nível territorial, preenchendo uma lacuna identificada na literatura. Em primeiro lugar, confirma-se a relevância da posição institucional em modelar as relações internas. Em segundo lugar, demonstra-se a importância dos laços personalísticos. Os dois partidos monstarm diferenças com respeito à evolução para um modelo ‘estratárquico’, apontando para a necessidade de uma reformulação teórica desse modelo mais em termos de ‘checks and balances’ do que mútua separação. Os resultados monstram que há uma personalização a nível local e, do ponto de vista das características do aparelho, asinalam uma ausência generalizada de competitividade e renovação, que nalguns casos parece indicar a presença de oligarquias a nível territorial. De um modo geral, estas características podem contribuir para o enfraquecimento das organizações partidárias e da sua capacidade de estabeleçer ligações com os cidadãos. Palavras-chave: Portugal, partidos políticos, distribuição interna do poder,