Poemas | Marcos Prado
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JULHO 2015 48 www.candido.bpp.pr.gov.br CANDIDOJORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ Cesar Marchesini A correspondência entre autores ganha Intimidade cada vez mais importância dentro dos estudos literários e ajuda a entender obras compartilhada e o período em que foram escritas CARTAS INÉDITAS DE WILSON BUENO A JOÃO ANTÔNIO Artigo | Roberto Prado • Entrevista | Toninho Vaz • Poema | Fabrício Carpinejar 2 CÂNDIDO | JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ EDITORIAL liberação, determinada pela Con- CARTUM Cesar Marchesini EXPEDIENTE troladoria Geral da União (CGU), de uma carta enviada pelo escri- A tor Mário de Andrade, no dia 7 CANDIDO de abril de 1928, ao poeta Manuel Ban- Cândido é uma publicação mensal deira dominou a pauta cultural brasilei- da Biblioteca Pública do Paraná ra nos últimos dias. Bem mais do que o aparente “bafo” da correspondência, “tão falada (pelos outros) homossexualidade” do autor de Macunaíma, o fato aponta para outra questão, mais complexa e pro- funda: a correspondência entre escritores Governador do Estado do Paraná: Beto Richa tem relevância para os estudos literários. Secretário de Estado da Cultura: Paulino Viapiana Para entender o assunto, a repor- Diretor da Biblioteca Pública do Paraná: Rogério Pereira tagem do Cândido consultou especia- Presidente da Associação dos Amigos da BPP: Marta Sienna listas, entre os quais Marcos Antonio de Moraes, da Universidade de São Pau- Coordenação Editorial: lo (USP), Pedro Theobald, da Pontifícia Rogério Pereira e Luiz Rebinski Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Alvaro Santos Simões Junior, da Universidade Estadual Paulis- Redação: ta (Unesp), e Diana Junkes Bueno Mar- Marcio Renato dos Santos e Omar Godoy tha, da Universidade Federal de São Car- los (UFSCar). Estagiários: A professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Ligia Kaype Abreu, Lucas de Lavor e Thiago Lavado Fonseca Ferreira assina um ensaio iné- dito sobre a trajetória de Luiz Gama, Coordenação de Desenho Gráfico | CDG | SEEC intelectual brasileiro negro, a partir da troca de cartas do autor com outros in- Rita Solieri Brandt | coordenação terlocutores. Para completar o especial, Bianca Franco, Marília Costa, Marluce Reque Cândido publica cartas que o escritor e Raquel Dzierva | diagramação Wilson Bueno enviou ao amigo João Antônio — conteúdo inédito. A edição de julho traz ensaio do po- Colaboradores desta edição: eta, letrista Roberto Prado sobre o percurso André Rodrigues, Ariádiny Rinaldi, Cesar Marchesini, Fabrício do seu irmão, o também poeta Marcos Pra- Carpinejar, Isabel Furini, Jair Ferreira dos Santos, Lígia Fonseca do — além de poemas inéditos do artista Ferreira, Marcelo Backes, Marcos Prado, Marília Costa, Marluce que saiu de cena há quase duas décadas. Reque, Roberto Prado e Wilson Bueno. Após o Supremo Tribunal Fede- ral (STF) liberar a publicação de biogra- fias não autorizadas,C ândido entrevista Redação: Toninho Vaz, autor, entre outros títu- [email protected] | (41) 3221-4974 los, de O bandido que sabia latim, biogra- fia de Paulo Leminski há algum tempo fora de circulação por desentendimento BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ do autor com as herdeiras do poeta. Rua Cândido Lopes, 133. CEP: 80020-901 | Curitiba | PR. O ex-guitarrista da Legião Urba- Horário de funcionamento: na Dado Villa-Lobos é o personagem Segunda à sexta, das 8h30 às 20h. da série Perfil do Leitor e, entre os iné- Sábados, das 8h30 às 13h. ditos, poemas de Fabrício Carpinejar e Marcelo Backes e o fragmento de um romance de Jair Ferreira dos Santos. Todos os textos são de responsabilidade exclusiva Boa leitura. do autor e não expressam a opinião do jornal. 3 JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ | CÂNDIDO CURTAS DA BPP Sossélla inédito A editora Arte & Letra lança em excêntrica entre livros, papéis e pen- agosto Nova Holanda, novela inédi- samentos em sua biblioteca particular, ta do escritor Sérgio Rubens Sossélla. com aproximadamente 15 mil livros ca- Juiz de Direito, depois da aposenta- talogados. O autor morreu em 2003, em doria Sossélla dedicou-se exclusiva- Paranavaí. Deixou mais de 400 obras mente à literatura, vivendo de maneira publicadas e vários livros inéditos. Cléo e a Fofa A escritora Cléo Busatto aca- peso e de opinião forte. Ela muda ba de lançar seu primeiro livro ju- de escola e passa a sofrer persegui- venil. A fofa do terceiro andar sai ções por parte dos colegas. É quan- pelo selo Galera Júnior, da Edito- do conhece um menino que não se ra Record. A história gira em tor- importa com padrões de beleza e que no de Ana, uma menina acima do vê o mundo de uma outra maneira. Arte japonesa no MON O Museu Oscar Niemeyer (MON) imagens de guerreiros, gueixas e atores apresenta, até 2 de agosto, a exposição teatrais. A mostra faz parte dos eventos “Ukiyo-e, obras primas de Hokusai e Hi- comemorativos aos 120 anos do Tratado roshige — Coleção Museu de Arte Fuji de de Amizade, Comércio e Navegação as- Tóquio”, com 70 obras japonesas que reve- sinado entre Brasil e Japão no dia 5 de lam paisagens, flagrantes do cotidiano, novembro de 1895. Teatro para crianças Estão abertas as inscrições para o às 17h, no auditório Paul Garfunkel da curso de teatro infantil da Biblioteca Pú- BPP. O curso será ministrado pela pro- blica do Paraná. O objetivo é ensinar às fessora de teatro e atriz Rana Moscheta. crianças noções básicas de improvisação e Ao fim de cada semestre, o grupo encena expressão corporal. Meninos e meninas de uma peça, que será apresentada na BPP. 7 a 10 anos podem se inscrever. As aulas Os interessados devem procurar a Seção acontecem todas as sextas-feiras, das 14h Infantil no telefone 3221-4980. 4 CÂNDIDO | JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ ENTREVISTA| TONINHO VAZ Livre para publicar Autor de livros sobre Paulo Leminski, Torquato Neto, Luiz Severiano Ribeiro e Santa Edwiges, o jornalista fala de sua trajetória e comenta a liberação das biografias não autorizadas no país OMAR GODOY Divulgação Autor das biografias de Torquato Neto e Paulo Leminski, Toninho Vaz atualmente trabalha em um livro sobre o músico Zé Rodrix, morto em 2009. 5 JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ | CÂNDIDO entrevista aconteceu no calor do Os ministros do STF acabaram as informações incluídas exploram momento, logo após o Supremo de decidir pela liberação de biografias “fatos trágicos” e “não contribuem sem autorização prévia. Como você para elucidar a personalidade e a obra Tribunal Federal derrubar a avalia todo o processo de discussão do do biografado”. Este é o único motivo exigência de autorização prévia tema, que culminou com o julgamento ou há outros? desta semana? Quem ganhou e quem O trecho de oito linhas foi usado para a publicação de biografias perdeu com isso, no fim das contas? apenas como pretexto por elas, pois não noA Brasil (único país democrático do A exigência de autorização para as existe nada de errado nele. Elas nunca biografias é parte da nossa história das me pediram para retirar as oito linhas, mundo em que esse tipo de censura trevas, das poucas liberdades e da taca- por exemplo. E sendo sobre o suicídio ainda existia). Como era de se esperar, nhez cultural. O nome certo é censura. do irmão dele, é curioso que a família Toninho Vaz estava satisfeitíssimo, pois A nossa Constituição deve ser respeitada de Pedro Leminski, com a qual sem- — e os biógrafos venais, mentirosos, pu- pre tive um bom relacionamento, nun- viu seu livro sobre Paulo Leminski ser nidos. O que aconteceu no STF foi o res- ca tenha me hostilizado. A rigor, o li- liberado automaticamente pela Justiça. gate de um equívoco judicial em forma vro censurado tinha o mesmo conteúdo de Código Civil. A sociedade ganhou, das três edições anteriores. Como jus- Em 2013, as herdeiras do poeta vetaram ganharam os libertários. Perderam os re- tificar a censura, então? Quando elas a reedição de O bandido que sabia latim acionários, aqueles que apostam nas tre- alegam que deveriam receber dinheiro vas, no silêncio. Como disse a Ministra para permitir a publicação, acredito que alegando “violação à intimidade e honra” Cármen Lúcia: “Cala a boca já morreu”. estão mais próximas do real motivo que do biografado e de sua família. A obra as levaram a tomar uma atitude idêntica foi lançada originalmente em 2001, com Você acredita que agora have- a de María Kodama, a viúva de Borges, rá um boom de biografias no mercado que depois da morte do poeta “sentou” o consentimento da viúva e das filhas de editorial brasileiro? em cima de sua obra e não permite nem Leminski, mas a inclusão de um trecho Não tenho certeza disso, mas cer- homenagens se não houver dim-dim. tamente vai ficar mais fácil pesquisar Elas pensam como o Djavan, que bio- sobre o suicídio do irmão do poeta e publicar obras biográficas. Parte da grafia gera muito dinheiro. É a tacanhez azedou a relação entre as duas partes. ameaça foi afastada, mas as armadilhas cultural. Mesmo com a decisão do STF, estão sempre por aí. pretendo manter na justiça uma ação O papo, no entanto, não ficou limitado por perdas e danos que já está correndo. ao tema espinhoso. Jornalista com mais Como fica a situação da sua bio- de 40 anos de carreira e passagens por grafia do Paulo Leminski (cuja reedi- Você leu Passeando por Paulo Le- ção não foi autorizada pela família do minski, livro de memórias do Domingos vários veículos importantes do país, poeta) após a decisão do STF? Pellegrini? O que achou? o curitibano também falou sobre sua Em princípio o livro está livre para Li e não gostei. As memórias do ser editado, mas já fui avisado que as Pellegrini referem-se, sobretudo, a um trajetória, o futuro da profissão e as herdeiras do Leminski vão tentar im- Leminski em decadência, já depaupe- outras biografias que produziu (Torquato pedir o uso de poemas, qualquer poema rado física e mentalmente, abatido pela dele, alegando direitos autorais.