Nas Trincheiras. Luta Pela Terra Dos Posseiros De Formoso E Trombas
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILSOFIA DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA CARLOS LEANDRO DA SILVA ESTEVES NAS TRINCHEIRAS luta pela terra dos posseiros de Formoso e Trombas(1948-1964) uma resistência ampliada Niterói 2007 CARLOS LEANDRO DA SILVA ESTEVES NAS TRINCHEIRAS luta pela terra dos posseiros de Formoso e Trombas(1948-1964) uma resistência ampliada Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre – Área de Concentração: HistóriaSocial/Contemporânea. Orientadora: Prof.ª Dr.ª MÁRCIA MARIA MENENDES MOTTA Niterói 2007 CARLOS LEANDRO DA SILVA ESTEVES NAS TRINCHEIRAS luta pela terra dos posseiros de Formoso e Trombas(1948-1964) uma resistência ampliada Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre – Área de Concentração: História Social/Contemporânea. Aprovada em___de março de 2007. BANCA EXAMINADORA Prof.ª Dr.ª Márcia Maria Menendes Motta Universidade Federal Fluminense Prof.ª Dr.ª Veronica Secreto Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – CPDA Prof.ª Dr.ª Laura Antunes Maciel Universidade Federal Fluminense Niterói 2007 AGRADECIMENTOS O resultado desta dissertação não teria sido possível sem a preciosa colaboração de algumas pessoas que estiveram comigo ao longo desse prazeroso percurso. Nenhum agradecimento será suficiente diante de tamanha gratidão que tenho pela minha orientadora, a prof.ª Márcia Motta. Sua importância em minha trajetória acadêmica vem antes mesmo de tê-la como orientadora, ainda durante a graduação, quando ao ler alguns de seus trabalhos fui seduzido pela temática dos estudos agrários. Jamais me esquecerei de nosso primeiro contato, quando procurei-a para que me orientasse em minha monografia de final de curso. A disponibilidade e a atenção com que recebeu aquele estudante ainda pouco afeito aos trâmites acadêmicos seriam uma marca dali por diante em nossa relação. Discutindo comigo as possibilidades da pesquisa, mostrando-me que caminhos percorrer, contendo-me em meus exageros, sem jamais imprimir qualquer tipo de imposição, ao contrário, exercitando sempre o reconhecimento da liberdade que cabe aos seus orientandos em suas escolhas, a prof.ª Márcia Motta formou-me historiador. Devo a prof.ª Márcia Motta minha primeira publicação, prova inequívoca da confiança que dela recebi durante esse percurso, caracterizado ainda por manifestações de estímulo e respeito, o que sem dúvida, deu a tônica da nossa agradável convivência. Outros professores e professoras fizeram parte de minha trajetória ao longo desses dois anos de mestrado. Sou profundamente grato ao prof.º Théo Lobarinhas pela verdadeira ajuda e incentivo que me deu desde o início do curso, ajuda sem a qual meu percurso teria sido muito mais árduo. Faço uma menção especial a prof.ª Laura Antunes Maciel, com quem pude dialogar durante curso por ela ministrado no PPGH. Sua acurada visão de todo processo de pesquisa, bem como sua capacidade analítica, foram de extrema valia para o desenvolvimento de minhas reflexões. Meu muito obrigado novamente a prof.ª Laura Antunes Maciel e a prof.ª Denise Rolemberg, pelos comentários formulados durante o exame de qualificação. Suas sugestões foram de maior importância para que eu repensasse algumas propostas e a própria estrutura da dissertação. Refletindo sobre suas sugestões pude realizar algumas alterações que decerto engrandeceram o trabalho. Tive sorte de contar durante minha trajetória no mestrado com a amizade e as contribuições intelectuais de duas pessoas que muito admiro e de quem tenho orgulho de ser amigo: Luciana Lamblet e Leonardo Soares. Conheço a “Lu” desde 2000 quando juntos fomos calouros do curso de História desta Universidade, onde juntos nos formamos e ingressamos na Pós-Graduação. Nossa amizade, que cresceria com o tempo, amadureceria durante o mestrado, manifestando-se tanto nos momentos de debates historiográficos e nos encontros na Biblioteca Nacional quanto naqueles em que tentamos escapar por breves instantes de nossas pesquisas. Agradeço profundamente ao historiador e amigo Leonardo Soares, a quem sempre admirei o zelo e empenho com que realiza suas pesquisas, e com quem ao longo desses três anos de amizade pude aprender muito do ofício do historiador. Sou grato ainda à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior(Capes) pela bolsa concedida durante os dois anos de mestrado e sem a qual esta dissertação que agora apresento não teria sido possível. A essa agência financiadora de pesquisa sou muito grato. Para finalizar, gostaria de agradecer a minha esposa Lindinalva, primeiro por ter me presenteado com nosso amado filho Ícaro, e como não poderia deixar de mencionar, pela paciência com que teve(e ainda terá) de me aturar nesse caminho que escolhi. Tenho total consciência de que não é tarefa fácil conviver com minhas “ausências”, minhas rotineiras reclamações por silêncio, típicas de quem tem criança em casa. 12 Aos bravos posseiros de Formoso e Trombas e a todos os homens e mulheres camponeses que ousaram ao menos uma vez levantar-se contra o “tacão” de seu opressor. 13 RESUMO Na década de 1950, ocorreu a meio-norte do estado de Goiás, nos povoados de Formoso e Trombas, uma série de confrontos entre pequenos camponeses e fazendeiros pelas terras devolutas da região. Diante da gravidade assumida pelos confrontos, o Governo enviou para o local um forte aparato policial que esteve prestes a invadir os povoados e dar fim à “revolta”. Uma intensa resistência foi organizada pelos camponeses, numa luta travada tanto nas trincheiras espalhadas pelas matas quanto nas trincheiras da imprensa. A obstinada disposição com que os camponeses resistiram às sucessivas tentativas de expulsão, não apenas lhes conferiu a vitória sobre os fazendeiros, mas também “forçou” o próprio Governo a reconhecê-los legítimos donos da terra e entregar-lhes os títulos de posse. 14 ABSTRACT On the fifties, happened on the Goiás middle–north, in Trombas and Formoso Villages, a series of conflicts between peasants and farmers for the free lands in the region. Due to the conflicts, the government sent a strong police power, that almost invaded and finished the conflicts. The peasants organized a big resistance, and a big fight occurred either in the jungle and the press. The way of peasants resistanced a several attempts expulsion, not only give a win against the farmers made the government give their possession of land. 15 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 12 CAPÍTULO I – LUTA PELA TERRA EM FORMOSO E TROMBAS: UM BALANÇO HISTORIOGRÁFICO 29 1. Historiografia 29 CAPÍTULO II – NAS TRINCHEIRAS DA MATA: POSSEIROS EM DEFESA DE UMA CONQUISTA(1948-1956) 47 1. “No Norte não tem patrão”: posseiros em terras devolutas 47 2. O PCB em Goiás e em Formoso e Trombas 64 3. Posseiros invencíveis: a resistência armada 69 CAPÍTULO III – NAS TRINCHEIRAS DA IMPRENSA: A RESISTÊNCIA NOS JORNAIS – UMA LUTA DE REPRESENTAÇÃO 80 1. Folha de Goiaz: “lavradores da discórdia” 82 2. Jornal de Notícias: “o pobre que reclama” 91 3. O Cruzeiro: José Porfírio, nasce uma legenda 99 4. A Imprensa Comunista: a “união dos lavradores” 105 CAPÍTULO IV – A “REPÚBLICA DAS TROMBAS”: CONQUISTA DA TERRA E AMPLIAÇÃO DA RESISTÊNCIA(1957-1964) 120 1. A “República das Trombas” 122 2. Os “Anos MB” e a conquista da terra 132 3. José Porfírio: de posseiro a camponês, de camponês a deputado 139 4. O Golpe de 1964: uma outra resistência 148 16 CONCLUSÃO 153 BIBLIOGRAFIA 157 FONTES 162 17 INTRODUÇÃO Ao longo dos dois últimos anos, período que compreendeu à realização desta dissertação, não foram poucas as angústias intelectuais e as reflexões advindas dos constantes embates acerca do objeto que ora apresento em sua versão final. Resultado que, ao contrário de encerrar uma fase de intensas conjecturas com respostas satisfatórias, abre uma nova fase de amadurecimento acadêmico com o surgimento de novas questões e novos problemas, que espero, este trabalho de pesquisa venha suscitar. Trabalhar com a temática das lutas camponesas, particularmente num período tão intenso de construção e consolidação das organizações camponesas e ampliação do repertório de práticas de luta no campo, exigiu-nos desde o início do percurso um grande empreendimento reflexivo e aprofundamento teórico, a partir dos quais seria possível a realização da tarefa. O equacionamento entre a pesquisa empírica e a necessária reflexão teórico-metodológica a ser adotada constituiu-se ao longo da trajetória da pesquisa e da realização do trabalho num permanente desafio, que se por um lado resultou nesta dissertação que ora apresento, por outro, extrapola os prazos e compromissos acadêmicos regulares. Uma questão que esteve presente desde o princípio de nossa reflexão e que configurou-se como ponto de partida para a realização do trajeto de pesquisa foi a de como compreender a luta pela terra em Formoso e Trombas a partir de uma perspectiva que pudesse lançar luz sobre as práticas e concepções de luta forjadas pelos próprios posseiros no processo de construção da resistência, sem que para isso fosse necessário ignorar ou secundarizar as contribuições e a participação de outros atores no processo, notadamente os militantes do Partido Comunista do Brasil(PCB) que atuaram na região. Essa postura implicou desde o início em compreender suas ações e relações para além de uma visão tradicional e ainda muito presente na historiografia que atribui ao camponês uma inerente incapacidade de conduzir sua própria luta, naturalizando assim o que é produto de embates e opções políticas. Conforme a pesquisa avançava, outras questões foram surgindo e se incorporando às nossas preocupações, provocando revisões, recuos e avanços, contribuindo sobremaneira para tornar nosso percurso ainda mais tortuoso, porém, extremamente gratificante. Vários foram os momentos em que já estando inteiramente mergulhado nos confrontos com meu objeto, surpreendi-me elaborando problemas, estimulando dúvidas, procurando fugir às certezas que eu mesmo havia adotado de modo que me fosse aliviada a tarefa de encontrar respostas para as questões que iam surgindo.