Análise Política
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BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA 7 a 11 de dezembro 2020 fatos, tendências e conjuntura política no Congresso Nacional RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 30 DE NOV. A 7 DE DEZ. DE 2020 DESTAQUES DA SEMANA 7 a 11 de dezembro de 2020 • Decisão do STF reinicia negociações para as presidências do Senado e da Câmara Federal; • Grupo de Maia se enfraquece e dá sinais de dispersão; • Arthur Lira, apoiado pelo Planalto, se fortalece e se aproxima de quadros da esquerda; • Bolsonaro demite Ministro do Turismo, que expôs articulação pela candidatura de Lira à Câmara; • Disputa no Senado começou difusa e tem MDB e Alcolumbre como pólos; • Aprovação da Regulamentação do Fundeb expõe rachas em acordos na Câmara; • Expectativa sobre a votação da LDO na próxima quarta-feira - caso não seja aprovada até o recesso, País pode entrar em inédito shutdown. CONTEXTO GERAL A semana foi movimentada nos bastidores do Congresso Nacional e o Planalto chamou a atenção com a décima quinta demissão de ministrosdo Governo Bolsonaro. A saída do ex-Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, deve ser a última antes da reforma ministerial de 2021. Segundo informações, a saída já estava prevista na reforma – como a de Onyx Lorenzoni (Cidadania) vem sendo ventilada – mas, uma troca de mensagens com duras críticas ao General Ramos, acelerou o processo. Álvaro Antônio havia exposto a articulação que o Planalto vem fazendo em torno do nome do Deputado Arthur Lira (PP-AL) para a sucessão do Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Se ainda há dúvidas sobre a extensão da reforma ministerial, não há sobre a vacância do cargo de Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, hoje 2 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 30 DE NOV. A 7 DE DEZ. DE 2020 ocupado por Jorge Oliveira. O motivo é que Oliveira foi indicado pelo Planalto ao cargo de Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) a partir do ano que vem. Alguns nomes vêm sendo considerados para a vaga e há forte articulação para que Bolsonaro indique o, hoje, Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Contudo, há dúvidas se o senador amapaense atende o perfil com o qual simpatiza Bolsonaro. #PECs do Pacto Federativo e do Auxílio Emergencial Outra medida do Governo foi a apresentação “não-oficial” para os líderes dos partidos no Senado do parecer do Senador Márcio Bittar (MDB-AC) enquanto relator das PECs 188/19 (Pacto Federativo) e 186/2019 (Emergencial). O clima foi de frustração com a proposta exígua apresentada por Bittar. Segundo parlamentares que tiveram acesso ao texto, a proposta foi quase que inteiramente reduzida e não trouxe o desenho do Programa “Renda Cidadã”, que substituiria o Auxílio Emergencial. A PROPOSTA SE BASEOU APENAS NOS SEGUINTES PONTOS: 1. redução de subsídios e incentivos de forma escalonada; 2. desvinculação de todos os fundos públicos não lastreados na Constituição; 3. gatilhos no teto de gastos para cortes de despesas e adequações orçamentárias para a União, estados e municípios. FICARAM DE FORA: 1. medidas de desindexação de despesas; 2. redução da jornada de servidores e cortes de salários; 3. desvinculação dos mínimos orçamentários da Educação e da Saúde. Apesar das críticas do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) quanto à demora na apresentação oficial do parecer, com a reação negativa e a possibilidade de eleger um presidente da Câmara mais alinhado, o Planalto decidiu, por meio do Senador Bittar, apresentar o relatório apenas no ano que vem. #Veto presidencial Bolsonaro vetou o PL 3364/2020 aprovado no Congresso que previa auxílio de R$ 4 bi para empresas de ônibus e metrô que amargaram prejuízos e tarifas congeladas durante a pandemia. Nos bastidores, o veto foi devido a um desentendimento entre o Ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Ministro do Desenvolvimento Regional, 3 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 30 DE NOV. A 7 DE DEZ. DE 2020 Rogério Marinho, acerca da fonte para os recursos. O veto ainda pode ser derrubado pelo Congresso Nacional, contudo, não se acredita haver tempo hábil. O estopim dos protestos de 2013 – o aumento das tarifas – parece latente em 2021. CONGRESSO NACIONAL A definição do Supremo Tribunal Federal (STF) pela impossibilidade constitucional da reeleição às presidências das mesas diretoras das Casas Legislativas retirou o compasso de espera que trancava a pauta no Senado e, especialmente, na Câmara dos Deputados. O resultado prático foi a aprovação em série de um conjunto de matérias que aguardavam com urgência sua apreciação. No Senado foram aprovadas a nova Lei de Licitações e o Marco Legal do Gás. Já na Câmara, a BR do Mar, ou Nova Lei de Cabotagem, que trancava a pauta pela sua urgência constitucional, abriu espaço para a discussão e aprovação do PL 4372/20 – que convencionou-se chamar de “Regulamentação do FUNDEB” - de autoria da LÍDER RAPS Deputada Professora Dorinha (DEM-TO). #Fundeb Houve acordo entre o relator Deputado Felipe Rigoni (PSB-ES) e a oposição ao Governo quanto ao parecer final que fora apresentado, de modo a excluir temas polêmicos, como o direcionamento de parte da verba do FUNDEB para instituições de ensino eclesiásticas, religiosas e pertencentes ao Sistema S. Parte desse acordo para desobstrução da pauta pela esquerda – que vinha assim desde que lhes foi negada a pauta da MP 1.000/20 da Extensão do Auxílio Emergencial – pressupunha a não apresentação de destaques no plenário. Ainda assim, antes mesmo da apresentação do parecer, foi solicitado o pedido de retirada de pauta pela bancada do PSOL com a alegação de que o acordo seria quebrado. Derrotado tal pedido, o texto-base fora aprovado e, de fato, uma série de destaques foram apresentados em seguida, inclusive dois – com suas votações acima detalhadas – retomando a possibilidade de financiamento de entidades privadas com recursos do Fundeb. 4 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 30 DE NOV. A 7 DE DEZ. DE 2020 A regulamentação do Novo Fundeb segue agora para o Senado, onde se espera uma tramitação ágil e sem mudanças para que a matéria não precise retornar à Casa originária. #Eleição das mesas diretoras Com a proibição constitucional da reeleição, o jogo para a sucessão de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre no comando da Câmara e do Senado, respectivamente, acelerou e teve seus traços alterados. Na Câmara, houve a imediata fragilização da base de Rodrigo Maia por dois motivos: 1. havia, ainda que fosse negada, a possibilidade que o deputado fluminense concorresse a sua própria reeleição se autorizado pela Suprema Corte, essa seria a expectativa de poder; 2. o posicionamento de Maia quanto à difusão do seu grupo político que já chegou a ter seis postulantes foi lido, pela maioria, como uma forma de se colocar como única saída viável diante da falta de coesão por outra candidatura. Quando a Suprema Corte anula a possibilidade da reeleição, Maia perde, quase que automaticamente, a expectativa de poder e, ao mesmo tempo, ganha a desconfiança de seus próprios aliados. Ainda assim, Maia tem se referido a candidatura de Arthur Lira (PP-AL) de “candidato do Bolsonaro” ou aquele que pautaria temas de costumes e causadores de polêmicas, como o voto impresso numa clara tentativa de trazer para seu candidato – ainda indefinido – o espectro da centro-esquerda e da própria esquerda. Contudo, revisando o posicionamento que tiveram na eleição do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) à presidência da Casa, a esquerda tem se dividido com quadros apoiando a candidatura de Lira, enquanto outros já se queixam da indefinição da candidatura apoiada por Maia. Tal situação, impulsionada pelo receio da minoria em minguar seus espaços de poder na Câmara, tem levado nos bastidores a uma aproximação, principalmente, de deputados do PT e do PSB à candidatura apoiada pelo Planalto. Apesar de afirmar que a construção da candidatura que ganhará seu apoio será coletiva, Maia tem hoje no seu grupo que intitula como “Câmara Livre” os seguintes deputados: • Aguinaldo Ribeiro (PP-PB); • Baleia Rossi (MDB-SP); • Elmar Nascimento (DEM-BA); • Luciano Bivar (PSL-PE); • Marcos Pereira (Republicanos-SP). 5 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 30 DE NOV. A 7 DE DEZ. DE 2020 Além da indefinição de Maia em torno de um único apoio, o grupo “Câmara Livre” padece de outro problema político para se viabilizar: boa parte das candidaturas são tidas, no meio político, como “simbólicas”, ou seja, não são entendidas como candidaturas sólidas. Dessas, talvez, as mais sólidas sejam a de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP). Ainda assim, Ribeiro tem como empecilho ser do mesmo partido que o rival Lira (PP-AL) e, por sua vez, Rossi (MDB-SP) depende da concertação no Senado que pode levar o seu partido ao comando dificultando que, mais uma vez, um mesmo partido tome o comando bicameral. Enquanto isso, Lira tem avançado nas negociações e ampliado o leque de discussões. PSD, Pros, Avante, Patriota, PL, SD, PSC e parte do PSB vêm declarando apoio ao candidato apoiado pelo Planalto. Já no Senado, o resultado do julgamento da Suprema Corte foi uma surpresa. Havia um consenso de que, ao menos, a possibilidade de Davi Alcolumbre (DEM-AP) pleitear sua reeleição seria mantida pelos Ministros do STF. Contudo, segundo bastidores, numa mudança de posicionamento às vésperas do julgamento, o plano A, e único até então, de Alcolumbre fracassou. Hoje, o Presidente do Senado tem dois focos: 1. eleger seu irmão Prefeito de Macapá (AP) no segundo turno, apesar do apagão histórico sofrido no estado; 2. viabilizar um nome de sua influência para o cargo que ocupa. Integrantes do Governo têm tentado viabilizar a ida de Alcolumbre para a Esplanada de Bolsonaro, contudo, não parece, por hora, haver disposição do chefe do Senado e nem gestos claros do chefe do Executivo.