Hommer Simpson: O Protagonista (In)visível dos 35 anos do Beatriz Becker

Resumo Abstract O trabalho apresenta uma reflexão crítica sobre o valor This is a critical examination of Brazilian television da TV e do telejornalismo no Brasil e as perspectivas and its news program set off by the Jornal Nacional’s da imprensa brasileira, a partir da celebração dos 35 35th birthday celebration. It identifies the newscast anos do Jornal Nacional. Identifica o valor estratégico strategic value as the country’s most impacting 109 do telejornal no país como produto de informação de information product and as an instrument of maior impacto e como instrumento de conservação e social preservation and transformation based on transformação social, em função das representações representations and national identities constructed e das identidades nacionais construídas nas edições by the newscast. In addition, this article questions dos noticiários, destacando as funções objetivas e journalism practice and research through results of subjetivas do JN. O texto também questiona a prática reception studies and personal interviews with media e a pesquisa em Jornalismo, reunindo conhecimentos professionals. acadêmicos, resultados de pesquisa em recepção, além de dados expressivos apurados em entrevistas e palestras com profissionais de mercado.

Palavras-chave Keywords Imprensa brasileira, TV, telejornalismo, 35 anos do Jornal Brazilian television, Jornal Nacional, TV newscast Nacional Quem diria que Hommer Simpson po- “Nem Macunaíma de em frente ou a D. Maria analfabeta que deria se tornar o protagonista do Jornal Mario de Andrade mora num subúrbio urbano ou no campo Nacional e ajudar o Brasil a se ver mais, possam entender. Os textos audiovisuais a se reconstruir e a se conhecer melhor? poderia mais servir na narrativa telejornalística, porém, são Esse papo está estranho? Um pouco. Mas, como representante aparentemente caracterizados pela objeti- presta atenção. Simpson até é um perso- maior da identidade vidade e a imparcialidade, princípios jor- nagem simpático. Nos Estados Unidos ele nalísticos inalcançáveis porque o uso da é aparentemente ingênuo, simples e desin- do povo brasileiro.” linguagem implica sempre em escolhas, formado, mas promove uma crítica sobre em construções de sentidos. No entanto, a classe média e o way of life dos norte- se os discursos dos telejornais nas repre- americanos. No Brasil este chefe de famí- sentações da realidade tem o poder efetivo lia serve de referência para William Bon- de constituir e intervir na experiência da ner, editor-chefe do JN, escolher quais são realidade cotidiana do Brasil e do mun- as notícias factuais, as atualidades e até do vivenciada pela maioria da população, mesmo os temas considerados relevantes não podemos reduzir a compreensão desse para a produção das séries de reportagens processo a manipulação do público e muito de 6 a 7 minutos. Na redação do Jornal menos a passividade de uma recepção ho- Nacional, Hommer Simpson é o cidadão mogênea e associada a um único persona- brasileiro que afirmou na recente pesquisa gem. Os noticiários tendem a transformar de recepção realizada pela Rede Globo: “O a recepção num segmento fiel às feições e JN sabe das coisas. Eu não sei. Às Vezes aos efeitos de sentido, produzidos no seu 110 o JN esquece que eu não sei” A pesquisa próprio campo, o da emissão. Isso não quer também revelou que o telejornal de maior dizer, que a recepção se comporte como tal audiência no país é a principal fonte de in- – o público recebe as mensagens à sua ma- formação da maioria dos brasileiros e que neira, tem sua hegemonia, atribui sentidos o Brasil ama o JN. Sinto muito, caro lei- às notícias no processo de interação com as tor, aqui é preciso fazer uma pausa. Três mensagens veiculadas. Até porque apesar questões atravessam a escrita deste texto dos jornalistas assumirem que produzem sem pedir permissão, exigindo reflexão. informações para o seu público, desconhe- Afinal, Hommer Simpson decididamente cem esse público. Os telespectadores ainda não é brasileiro. E o Jornal Nacional não é são sujeitos imaginários, que as pesquisas apenas a principal fonte de informação da de recepção tentam desvelar para con- população do país. Além disso, você, ama quistar audiência e mercado. Além dis- o JN? so, a questão da identidade da população Nem Macunaíma de Mario de Andrade brasileira é bastante complexa. A popula- poderia mais servir como representante ção brasileira não tem uma, duas, três ou maior da identidade do povo brasileiro. quatro identidades. É caracterizada justa- Os manuais de redação direcionados ao mente por uma forte heterogeneidade so- telejornalismo insistem em sugerir que de- cio-cultural e regional. A percepção de uma vemos contar as histórias do cotidiano ou identidade nacional plenamente unificada, os fatos sociais que são transformados em completa, segura e coerente é uma fanta- acontecimentos na elaboração das notícias sia, uma ficção ou uma ilusão que, a par- de um modo claro e simples, quase didáti- tir de um determinado momento histórico co para que o vizinho na janela do prédio Estudos em Jornalismo e Mídia Vol.II Nº 1 - 1º Semestre de 2005 é utilizada em função de estratégias polí- coletiva da nação, permitindo uma apro- ticas ou simbólicas, como a “festa” oficial ximação mínima entre setores sociais e dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, regionais diversos, agregando valores e promovida pelo governo e pela mídia, que, lançando contradições nacionais e pers- contraditoriamente, e não só por ironia do pectivas de desenvolvimento. A TV e os destino, promoveram sentidos inversos e seus noticiários têm mudado a maneira subversivos sobre a realidade e os diferen- do país ser governado, têm mudado a sua tes grupos sociais durante a celebração do maneira de votar e ainda o jeito do Brasil quinto centenário, os quais não puderam pensar. deixar de ser registrados pelos próprios Hoje, a TV, oferece programas de en- noticiários. E Hommer não estava lá! tretenimento de gosto e estética bastan- Este exemplo demonstra que os telejor- te questionáveis para tentar conquistar nais organizam a expressão e o direcio- a audiência, provoca polêmica na inter- namento político de diferentes poderes pretação de sua programação e de seus institucionais no país, representando sim- efeitos sociais, mas ainda é um agente bolicamente espaços de dominação e, por agente político e cultural importante e outro lado, também sustentam espaços uma das atividades levadas a sério no de revelação de interesses públicos e de país. Prova disso, é o investimento de reivindicações de comunidades distintas e quase 60% dos recursos publicitários in- singulares, numa mediação conscenciosa vestido em TV, totalizando mais de 4 bi- dos conflitos sociais cotidianos, ocupando lhões de reais em busca de uma conquis- uma função do Estado Contemporâneo. ta efetiva dos telespectadores1. No Bra- 111 Essas ações discursivas aparentemente sil, a compra de revistas e o consumo de contraditórias, endossam e valorizam a computadores é restrito a uma pequena própria existência dos noticiários, no de- parcela da população. As emissoras não sempenho da função objetiva de narrar direcionam investimentos na TV aberta os principais fatos sociais do Brasil e do sem avaliar dados socio-econômicos im- mundo e da função subjetiva de agendar a portantes. A TV não exige escolaridade e realidade social cotidiana, mediando pro- poder aquisitivo como outros bens e ser- blemas e diferenças sociais. Nesse proces- viços culturais, é relativamente barata, so, os telejornais realizam, de modo geral, consumida mais do que uma geladeira, leituras hegemônicas, mas, ao mesmo tem- segundo o IBGE e quase a totalidade do po, oferecem, em alguns momentos, trata- país é servida pela rede elétrica, o que mentos discursivos de acontecimentos em garante a distribuição de sua programa- dimensões transformativas. ção. Os últimos indicadores sociais do O telejornal é o produto de informação IBGE também revelam que os avanços de maior impacto na sociedade contempo- da economia brasileira na década de 90 rânea e a principal fonte de conhecimento melhoraram a renda, a saúde e a esco- dos acontecimentos sociais para a maio- laridade dos brasileiros, mas não foram ria das pessoas. É um espaço importante suficientes para reduzir um dos proble- 1ABERT, tabela com o faturamento dos meios em 1999-2000 e 2000- de construção de sentidos e identidades mas mais graves do país: a desigualdade 2003, www.projetointermeios.com. do Brasil e do mundo. A TV cria, através na distribuição de riqueza e, portanto, br. do telejornal, uma experiência diária e gerar oportunidades de multiplicação de acessos à informação e ao entretenimen- gares estratégicos na programação das to2. Não é à-toa, que 60% dos investimen- redes e também nos discursos midiáticos tos publicitários estão concentrados na contemporâneos. Uma das principais ca- televisão3. Neste novo milênio, mesmo en- racterísticas da linguagem dos noticiários frentando os efeitos das novas tecnologias, é garantir a verdade ao conteúdo do dis- a TV atinge praticamente todo o território curso e também a própria credibilidade do nacional e se consolida efetivamente no enunciador. Os noticiários utilizam jogos 2Jornal do Brasil, 5 abr. 2001, p.1 Brasil como a principal fonte de diversão de sentido que resultam numa pretensa “Segundo a Síntese dos Indicadores e de conhecimento dos acontecimentos so- objetividade e no mito da parcialidade. Os Sociais, do IBGE, o país, nos anos ciais para a maioria da população. textos provocam efeitos de realidade e se 90, melhorou alguns índices sociais: Por isso, as emissoras mantêm o in- confundem com o real porque os persona- a queda da mortalidade infantil vestimento nas novelas e nos telejornais. gens são reais e os fatos sociais, a matéria teve baixa de 20% e o analfabetismo Esses programas reúnem credibilidade e prima da produção. Os discursos dos noti- passou de 17,2% da população em 1992 para 13,3% em 1999. O audiência consideráveis de setores bastan- ciários eletrônicos podem ser considerados estudo mostra que, mesmo com o te diferenciados da população. Na grade uns dos mais persuasivos porque visam a aumento do rendimento médio de da programação das emissoras, Os tele- convencer uma audiência significativa das R$ 402 para R$ 525 no período, os jornais, produtos de informação de maior verdades do Brasil e do mundo. São consti- 40% mais pobres ainda ganham, em impacto na sociedade contemporânea ven- tuídos na tênue fronteira entre a narrativa média, menos de um salário mínimo dem credibilidade e atraem investimentos. e o acontecimento através de seus disposi- mensal (0,98) contra os 18,4 salários Além disso, ofertam conceitos, idéias, e tivos audiovisuais; constituem-se no espe- mínimos dos 10% mais ricos.” representações da cultura e da realidade táculo da atualidade. 3ABERT 112 nacionais, partilhadas por grande parte Nesse contexto, o Jornal Nacional, o dos brasileiros. É no espaço simbólico dos primeiro programa jornalístico em rede 4Dados das Tabelas de Custos noticiários, que ao contrário da novela, e o noticiário de maior audiência do Vigentes do Mercado Nacional com não se apresenta, ao menos aparentemen- país, tem ganho uma dimensão cada vez base de audiência em abr. 2000 e de te, como ficção, que acompanhamos, julga- maior no cenário nacional nos seus 35 1 de out. 2003 a mar. 2004. O Jornal mos e construímos o cotidiano da nação, anos de existência. Nos anos 70, foi um Nacional manteve entre dez. 2003 e mar. 2004, o valor do break mais sob e sobre o olhar dos âncoras, repórteres instrumento ideológico-político impor- caro de toda a programação das e editores. Um espaço de poder de tama- tante no fortalecimento do Estado-nação, emissoras abertas. Isso significa que nha dimensão, que ganhou numa leitura contribuindo para uma distorção ideoló- o anunciante pagava R$ 225.980,00 crítica das mediações provocadas pelos gica e política da realidade. Nos anos 80, para veicular um comercial de meios, especialmente pela TV e o telejor- o Brasil e a América Latina passaram a 30”. No SBT não foi diferente. O nal, o conceito de telerrealidade. Um espa- experimentar a contradição entre o cará- anunciante precisava desembolsar R$ 80.000,00 para veicular um ço de poder também comprovado financei- ter nacional das estruturas políticas e o comercial de 30” no Jornal do SBT ramente na Tabela de Custos Vigentes do caráter transnacional da estrutura eco- 1a edição. Na Record, o break mais Mercado Nacional com base nos índices de nômica, provocada pela crise mundial. caro neste período também foi do audiência aferidos pelo IBOPE, sistemati- Um movimento nas diferentes redes de programa jornalístico do horário zados e disponibilizados pelas agências de televisão em busca da credibilidade do nobre, O Jornal da Record, com Bóris publicidade para os anunciantes, a partir telejornalismo junto à população, aba- Casoy, que custava R$ 47.200,00. dos valores dos breaks determinados pelas lada e quase perdida durante o regime Na Rede Bandeirantes o valor do break do Jornal da Band era de emissoras, apontando para os noticiários militar marcou a imprensa e a sociedade R$ 29.426,00. um surpreendente valor comercial4. e começou a provocar as primeiras mu- Sem dúvida, os telejornais ocupam lu- danças no JN. Os meios de comunicação

Estudos em Jornalismo e Mídia Vol.II Nº 1 - 1º Semestre de 2005 de massa no Brasil não operavam mais nesse governo a sociedade civil passou a sob a rigidez do Ato Institucional no 5. A experimentar um cotidiano instável, sob campanha pelas eleições diretas, reali- os efeitos da globalização. A defesa do zadas em 1984, posteriormente a eleição capital e da autonomia nacional se tor- de Tancredo Neves, presidente, e José naram sérios desafios para o Estado con- Sarney, vice-presidente, pela via indire- temporâneo. A conquista da tecnologia ta, quando a transição política iniciada e a abertura econômica, seguida de pri- no governo Geisel alcançou seu objetivo vatizações, que excluiu, sob a ordem da maior, estimulou o início desse processo redução de custos, investimentos sociais de transformação do telejornalismo bra- necessários para alterar as condições de sileiro na década de 80. Aos poucos a uni- vida da maioria da população e reais dis- formização e a massificação começaram a tribuições de riqueza e de renda5, foram dar lugar à segmentação, que valorizava reafirmadas como os únicos caminhos a maneira de pensar de pequenos grupos, possíveis para avançar na modernidade; minorias antes ignoradas, uma tendên- valorizando identidades da cultura he- cia irreversível nos anos 90, também re- gemônica na América Latina e no Bra- sultante dos efeitos da globalização, que sil, geradoras de graves crises políticas e timidamente passou a ser representada econômicas. Mas, lutar por uma identi- também nos noticiários televisivos. Ali- dade própria num sistema transnacional ás, os anos 90 experimentaram uma sau- difuso e inter-relacionado; é certamente dável concorrência entre as emissoras na um problema ainda maior do que a luta produção telejornalística. Nesse momen- contra a dependência colonialista, con- 113 to, houve uma pluralização das novas tra um poder geograficamente definido. tecnologias, mas também uma limitação Por isso, como explica Barbero, a questão de acesso às novas fontes de informação transnacional designa uma nova fase de por elas geradas. No caso específico, da desenvolvimento do capitalismo, em que América Latina e especialmente do Bra- o campo da Comunicação passa a desem- sil, a tendência da televisão de integrar a penhar um papel decisivo, principalmen- nação foi reforçada. Não é à-toa que a TV te em função da urgente necessidade de e o telejornalismo estiveram envolvidos redimensionar e revisar os projetos po- intimamente com algumas das principais líticos, associada à redescoberta do po- decisões políticas na história contempo- pular, revalorizando as articulações da rânea, gerando múltiplos processos de sociedade civil, para a conquista de Es- exclusão e inclusão como efeitos nas polí- tados efetivamente mais democráticos na ticas nacionais, nas questões identitárias América Latina. Não foi à-toa que o povo e nas suas próprias funções. A influência brasileiro, mas também a TV e os telejor- da televisão também foi evidente no go- nais elegeram o presidente Lula. verno Fernando Henrique Cardoso, espe- Nesse período, a cobertura do JN sobre cialmente na divulgação de benefícios do assuntos importantes da história do país plano real e da imagem de um país con- provocou muitas críticas. Alguns assuntos fiantemente integrado ao projeto global como as eleições no e o caso do desenvolvimento sustentado, ou pelo Proconsult em 1982; o movimento pelas 5GONÇALVES, 1999, p.55-61. menos, aliado ao primeiro mundo. Mas, Diretas Já, especialmente o comício reali- 25 de Janeiro, associado aos 430 anos agenda dos políticos, obrigando-os a discu- da cidade de São Paulo; a edição do debate tir os assuntos e não a fazer promessas”8. entre Lula e Collor, favorecendo este últi- Aliás, o mesmo telejornal que condenou a mo candidato, nas eleições presidenciais eleição do atual presidente eleito na edi- de 1989 e a matéria sobre o nascimento ção do debate Lula X Collor em 1989, foi da Sasha, filha da apresentadora Xuxa, simpático ao atual presidente durante os que ocupou mais de dez minutos da edição debates da campanha em 2002 e preparou do dia 2 de Julho de 1998, ganhando mais uma cobertura especial para o dia da posse destaque do que o leilão da Telebrás e da em primeiro de janeiro de 2003, exibindo, Telesp, que iria acontecer no dia seguinte e inclusive, um clipe em sua homenagem no ficou com menos de quatro minutos, reve- encerramento desta edição. O JN tem co- laram uma produção de notícias bastante berto com alguma isenção as dificuldades, tendenciosa e distante da função social do as crises e os desafios do atual governo, a jornalismo como serviço público de oferta partir de 2004, um “trabalho” jornalísti- de informação de qualidade. co ainda valorizado pelos comentários de A sociedade brasileira mudou e o JN Franklin Martins sobre a política nacio- também precisou mudar e investir em nal. novas linhas editorias e em novos apre- A conquista da credibilidade e a respon- sentadores e caminhos para não perder a sabilidade social têm sido mesmo os cri- expressiva audiência. Hoje, o JN está cada térios que orientam diariamente a cons- vez mais comprometido com a responsabi- trução de cada edição do JN e das séries 114 lidade social e a credibilidade, está mais apresentadas, símbolo da gestão de Bon- maduro, com menos receio de assumir ner. Por isso, o telejornal tem conseguido seus erros e acertos. Sabemos que a res- reconquistar pontos expressivos de audi- ponsabilidade social demanda o exercício ência perdidos anteriormente. A cidada- da cidadania. Sabemos também que ser nia e a solidariedade, temas também es- cidadão exige informação, o JN também tratégicos na busca da cumplicidade com sabe: “Nós nos consideramos instrumen- o público, foram trabalhados com desta- tos de defesa da cidadania. E temos que que, a partir de 2002, através das repor- estar à altura daquilo que nós mesmos tagens especiais sobre o voluntariado. A nos impusemos”, afirmou Bonner6. Hoje série Brasil Bonito funcionou como um você anunciaria o nascimento da Sacha no incentivo. A cultura brasileira também JN?, indaguei. A reposta foi rápida: “Hoje? foi tema de outra série de reportagens Sim. É notícia. Mas, como? Daria com um apresentadas no JN chamada Identidade tempo diferente. Outro dia uma praça7 me Brasil. Brasil Bonito e Identidade Brasil ofereceu uma matéria sobre os 90 anos do ganharam trilha de áudio e vinheta re- sutiã. E precisei responder: NÃO! Quando conhecidas pelos telespectadores, assim 6Entrevista à autora em setembro o sutiã fizer 100 anos vocês me avisam, tá? como duas novas séries Saúde e Brasil de 2004.

Não podemos correr risco de perder a cre- Rural. Nestas matérias especiais o Jornal 7 dibilidade e precisamos ser apartidários. Nacional investe em temas que apareciam O termo é usado para se referir à uma emissora afiliada Nas eleições de 2002 levamos ao ar mais timidamente no espelho no telejornal. Al- de 50 reportagens sobre temas diferentes. gumas reportagens foram premiadas por- 8Entrevista à autora em setembro Levantamos esses temas e os colocamos na que legitimaram questões nacionais e che- de 2004

Estudos em Jornalismo e Mídia Vol.II Nº 1 - 1º Semestre de 2005 garam até a propor soluções para alguns cria e nos torna visível é efetivamente problemas e conflitos. Sem dúvida, esti- uma representação do real na elaboração mularam o Brasil a mostrar a(s) sua(s) da reportagem, na edição e na transmis- cara(s), características de diferentes co- são. O noticiário se propõe a mostrar os munidades e regiões que formam a nação. acontecimentos do mundo diariamente, Aliás, todas estas séries podem agora ser empenhado em revelar a qualquer custo revistas no DVD que acompanha o livro a veracidade dos fatos. Os acontecimen- Jornal Nacional, a notícia faz História, tos precisam ser registrados no momento recém-publicado por Jorge Zahar Editor. em que se dão, sob uma espécie de acor- Se nas edições diárias do JN a forma e do realizado com o telespectador do não estética da narrativa têm peso igual ao comprometimento. A imagem conquista o conteúdo, nestas séries o trabalho jorna- status de verdade porque mostra um real lístico é mais elaborado. Muitas vezes, já não questionável, nem inventado ou cria- tivemos a grata sensação de nos surpre- do como na ficção, mas constatável. As endermos com a riqueza das relações en- imagens de arquivo ou de cinegrafistas tre texto e imagem, marca essencial do amadores são sempre identificadas para texto audiovisual, um casamento que, de não imprimir qualquer dúvida quanto a modo geral, precisa ser mais bem cuidado credibilidade do telejornal. Até mesmo nos textos dos noticiários televisivos. as imagens virtuais criadas por compu- No entanto, os temas e as aspirações tadores, que reproduzem cenas violentas dos diferentes grupos sociais ainda não do cotidiano social nacional e mundial, transitam com liberdade pelo espelho do especialmente guerras, seqüestros, fugas 115 Jornal Nacional, ainda estão guardados de prisioneiros, assaltos e consumo de no espaço das séries, limitados pelas vi- drogas nas ruas por crianças, menores nhetas especiais, assim como a visão crí- carentes considerados marginais, bus- tica da realidade cotidiana do Brasil e do cam criar o efeito do real. Em alguns mo- mundo, que aparentemente só cabe no mentos, essas estratégias, porém, nem território discursivo dos comentaristas e sempre atingem esse objetivo e podem especialistas. Há falta de contextuali-za- gerar perda de credibilidade como a pre- ção no tratamento da informação sobre sença do correspondente da Rede Globo a maioria dos fatos sociais transforma- no Kwait na cobertura de uma guerra dos em acontecimento. E esta tendência que acontecia no Iraque ou no exagero é justificada, de modo inadequado, pela “...os temas e as da dramatização da cobertura da morte necessidade de apresentar o produto no- do Papa. Fica evidente, que no espaço do aspirações dos tícia com a objetividade e a imparciali- telejornal é possível reduzir distâncias dade inalcançáveis do discurso jornalís- diferentes grupos territorias, extinguir fronteiras e até di- tico, como vimos. Afinal, o enunciado do sociais ainda não ferenças religiosos, muitas vezes associa- telejornal, certamente tem a função de transitam com das a grupos políticos extremistas, sem permitir que aquilo que se diz exista. E, que a maioria dos telespectadores perce- consequentemente, de determinar o que liberdade pelo ba. não existe. É uma instituição soberana, espelho do Jornal Ora o telejornal é, sem dúvida, uma en- quase intocável, que legitima as próprias Nacional...” cenação do real, mas toda situação de co notícias. O mundo que o Jornal Nacional municação é ritualizada, marcada por social. um conjunto de regras transmitidas pe- “Todos os VTs9 devem ser produzidos las heranças culturais e relacionadas às para que Hommer Simpson seja capaz de instituições sociais onde o processo de co- compreender e explicar à mulher e aos municação se materializa, num determi- filhos os fatos mais importantes do Bra- nado momento histórico. Até mesmo os sil e do mundo, compreendendo melhor estudos sobre a experiência do cotidiano o planeta e o nosso país”, afirmou Bon- revelam que as representações mediam ner10. Mas é possível contar para H.S. de as interações na vida social. No entan- segunda a sábado às principais notícias to, ainda que a mídia promova e susten- do Brasil e do mundo em apenas 21 mi- te os ideais e as ordens do capitalismo nutos líquidos em média com mais ou global, ninguém pode ser efetivamente menos 22 VTs? Certamente, esse é um controlado ou convertido pelos mídia. O desafio que exige do editor-chefe uma telejornal não tem exatamente o poder reflexão diária sobre o que é necessário de influenciar, de fazer a cabeça das pes- ser noticiado, como e enquanto tempo. soas, de moldar pensamentos e atitudes, E hoje, o espelho11 do JN guarda espaço nem o JN, mas de agendar a realidade, para, pelo menos, uma matéria “positi- de empurrar os assuntos do cotidiano va” sobre o Brasil. É, selecionar e anteci- em cada uma das edições. Critica-se, por par para os telespectadores o que estará exemplo, que o telejornal oferece uma nas páginas dos três principais jornais visão distorcida ou superficial do que se brasileiros no dia seguinte em cada uma 116 passa no Brasil e no mundo. Mas, esta das edições diárias do telejornal exige, crítica é mal fundamentada. É claro que segundo Bonner, bom senso e credibilida- não devemos acreditar em tudo que nos de. É claro que ele tem consciência do po- contam. É necessário, porém, compre- der do JN: “A gente tem um compromisso ender que o Jornal Nacional não é a ja- silencioso com o público, não está escrito nela do mundo, seu discurso consiste na em lugar algum, devemos mostrar o que criação de um mundo. Mas, qual mundo acontece de mais importante no Brasil e e qual Brasil são apresentados em cada no mundo, o JN é fonte única de infor- uma das edições diárias? Para compre- mação no país. Não queremos isso não. ender as representações dos noticiários Mas, esta situação nos leva a um sentido e conhecer a complexidade da linguagem de responsabilidade até injusto. Somos telejornalística, precisamos nos despir apenas jornalistas e não deveríamos ter do pré - conceito e investigar as escolhas uma responsabilidade tão grande. Mas, realizadas na produção dos sentidos e as se o Brasil é assim, se esse é o jogo e es- associações entre texto e imagem, inves- sas são as regras, então vamos lá. A gen- tindo na desconstrução de uma narrativa te topa o desfio e fazemos e produzimos 9Os VTs são os video-tapes, as lógica e cronológica. É preciso integrar o JN da melhor maneira possível. Nosso reportagens editadas.

teoria e prática para realizar uma lei- compromisso com a responsabilidade so- 10 tura crítica buscando desvendar o noti- cial não é apenas nosso como pessoas fí- Entrevista à autora em setembro de 2004 ciário como um jogo de quebra-cabeças sicas, cidadão e jornalista, é algo maior, a formado por pedaços de realidades tele- Rede Globo tem esse compromisso”, disse 11Lista das matérias previstas para visuais, mas também como uma prática Bonner para os 600 alunos de todas os ir ao ar em ordem de exibição.

Estudos em Jornalismo e Mídia Vol.II Nº 1 - 1º Semestre de 2005 cursos de Jornalismo do Rio de Janeiro, Rede Globo em horário nobre é assisti- que participaram do workshop A Cons- do por 31 milhões de brasileiros13 e é um trução da Notícia, fazendo e penando os dos programas jornalísticos mais vistos 35 anos do Jornal Nacional, realizado no mundo. Na mesma semana do referi- em parceria pela Escola de Comunicação do debate os 35 anos do JN foram maté- da UFRJ, pela Rede Globo e pelo Fórum ria de capa da revista Veja14. Os sorrisos de Ciência e Cultura, que cedeu o espaço dos apresentadores Fátima Bernardes e para as palestras e os debates12. William Bonner e o título O Jornal Na- O Jornal Nacional ainda se caracteriza cional Que Você Nunca Viu convidavam por um estratégico distanciamento dos o leitor a conhecer com transparência apresentadores e repórteres na enun-cia- os bastidores da produção do telejornal. ção dos acontecimentos, ancorado pelos Transparência expressa em números sig- princípios de objetividade e imparcialida- nificativos: o JN tem média diária de 43 de dos discursos jornalísticos e amparado pontos no IBOPE, 68% dos televisores por significativos recursos tecnológicos e sintonizados no país, 600 jornalistas em financeiros. As narrativas das notícias, 118 cidades, o comercial mais caro da TV agendam os fatos cotidianos sob um olhar brasileira no valor de 380 mil reais e um oficioso da realidade e, ao mesmo tempo, faturamento mensal de 65 milhões de re- sugerem um pacto de fidelidade com o te- ais, que só perde para a novela das oito. lespectador na luta e na defesa dos direi- Não é à-toa que Bonner afirmou: “Tenho tos e interesses públicos, acenando com que oferecer um produto importante, um otimismo o caminho da modernização do jornal popular de qualidade para o teles- 117 12O seminário foi realizado no país como solução viável para os proble- pectador ser obrigado a ver e quando não auditório Pedro Calmon, no Campus mas sociais, convocando a nação para um assistir ficar incomodado. Nós somos o da Praia Vermelha, Av. Pasteur, 250, projeto político telerreal, afinado com o olho do Brasil no planeta”15. fundos, das 9 às 13 horas, no dia 1 de Estado Nacional contemporâneo, capaz de Se o JN nos oferece todos os dias uma setembro de 2004. A autora Beatriz Becker, professora e coordenadora eliminar os conflitos e as desigualdades percepção singular da política, da econo- do curso de Jornalismo da ECO- sociais. mia e da cultura internacionais, também UFRJ e o estudante Pedro Cury Certamente, ainda há muito por con- constrói e exporta para o mundo global a mediaram o debate, que contou com quistar. Mas, não resta dúvida que o realidade social do país. Ao mesmo tempo, a participação de Fátima Bernardes, compromisso do primeiro telejornal do porém, também oferece a oportunidade de Ernesto Paglia, José Carlos Azevedo, país transmitido em rede em 1969 com a vivência coletiva da nação para todos os Alice Maria, Alexandre Arrabal e sociedade civil mudou. O JN não é mais brasileiros, ainda que organizando e dire- William Bonner. o telejornal que serviu claramente como cionando essa experiência. É, a história é 13O Jornal Nacional Que Você Nunca um instrumento de integração do Brasil mesmo cheia de contradições, é um proces- Viu, Veja, Ed. Abril, 1 de setembro na década de 70, sob o interesse da or- so e não acontecimentos. A afirmação de de 2004, edição 1869, ano 37, n. 35, dem nacional no governo militar, nego- que os acontecimentos midiáticos são ma- p.100-108. ciado entre os principais representantes nipulações hegemônicas, não esgota a com- do poder. Nos seus 35 anos de existên- preensão dos seus efeitos sobre a sociedade 14Idem cia se tornou o produto de informação contemporânea. 15Entrevista à autora em setembro de maior impacto no país e de inegável É claro que quantidade de audiência não de 2004. sucesso, sempre investindo nos profissio- significa necessariamente qualidade jorna- nais, na tecnologia e no crescimento da lística. O veículo que serviu ao governo mi- emissora. Hoje, o noticiário exibido pela litar, porém, atualmente é uma referência para a imprensa brasileira: tem função vital. Rádios, tevês e jornais “Hoje, o único veículo que faz uma cober- têm naturezas diferentes, sim, mas a ma- tura verdadeiramente nacional, com equi- téria-prima de todos os veículos é o fato pes de jornalistas em praticamente todas social, que transformado em acontecimen- as regiões do país, é a TV Globo, com suas to, através do uso de linguagens e técnicas afiliadas”16, afirmou Ricardo Kotscho em distintas, vira notícia. E há espaço para artigo publicado na revista Carta Capital. todos os gêneros narrativos. É claro, que “O restante limita-se a cobrir o que ocorre os recursos precisam ser descentralizados. nas principais cidades e nos seus arredo- Mas, é preciso que os veículos e os profis- res mais próximos de preferência sem to- sionais sejam capazes de prestar serviço mar sol ou chuva, sem sair da redação. Já de qualidade, oferecendo informações que escrevi alguma vez que, se amanhã, cor- colaborem para melhorar a vida dos bra- tarem os telefones e a Internet nas reda- sileiros ou, pelo menos, para ajudar Hom- ções, não tem jornal no dia seguinte. O que mer Simpson a efetivamente compreender aconteceu? Em qualquer redação de mídia melhor o Brasil e o mundo. E neste contex- impressa hoje, às 8 da noite, nenhum edi- to, não podemos mais ver a TV do mesmo tor se arrisca a perder o Jornal Nacional”, jeito. Há pouco tempo, a maior oferta de conclui17. Para o jornalista a mídia impres- trabalho era a mídia impressa. A televisão sa está atualmente a reboque do telejorna- era considerada veículo jornalístico de se- lismo. Faltam criatividade e talento para gunda categoria, não era reconhecida pe- apresentar um jornalismo de qualidade. A los profissionais. Mas, o mercado mudou. 118 crise financeira enfrentadas pelas empre- E muito. Hoje, existem no Brasil, segundo sas não pode ser responsabilizada pela fal- Carlos Schroeder, diretor de Jornalismo da ta de notícias criativas na mídia impressa, Rede Globo, pouco mais de seis milhões de que raramente cobre o Brasil fora do eixo exemplares de jornais impressos por dia, Brasília-Rio-São Paulo e tem suas páginas somadas todas as publicações das capitais ocupadas por colunas de todos os tipos, ao e do interior. A TV a cabo SKY, NET e TVA invés de reportagens. Não só os três jor- reúnem em média 3,5 milhões de assinan- nais de maior circulação nacional, mas tes. E a banda larga promete alcançar a também os principais veículos, se parecem marca de dois milhões de assinantes este a cada dia mais uns com os outros. Na vi- ano. Logo, podemos afirmar que 10 mi- são de Kotscho a mídia impressa não ca- lhões de pessoas consomem informação, e rece de projeto gráfico ou editorial, mas de muitas dessas pessoas compram informa- projeto de vida. “De que forma a mídia im- ção de vários meios. A televisão aberta é pressa pretende sobreviver se não mudar gratuita, tem acesso fácil e é a grande fon- seus conteúdos, melhorar a qualidade dos te de informação. “A imagem de um meio seus textos, buscar novos leitores sem per- raso de informação não conseguiu avançar 16Tempo de Ousar, Mídia, Carta der antigos, se não investir na formação e vai sendo esvaziada, ultrapassada. Só a Capital, Edição Especial de Fim de de profissionais de talento e reconstruir TV Globo produz hoje 5 horas e 15 minutos Ano, 20 de dezembro de 2004, p.70- suas redes de correspondentes, um fantás- de jornalismo diário, somando a produção 72 tico celeiro de bons repórteres?”, questiona local e a de rede. Em 18 horas de progra- 17Idem Kotscho18. mação, tirando a madrugada, 1/3 da pro- Num país do tamanho do Brasil, a mídia gramação da Globo é jornalismo; um espa- 18Ibidem

Estudos em Jornalismo e Mídia Vol.II Nº 1 - 1º Semestre de 2005 ço nobre e importantíssimo porque a socie- zes de produzir conhecimentos e perspecti- dade precisa se ouvir, precisa falar e pre- vas nos estudos de jornalismo que possam cisa se entender. A TV é mesmo a grande realmente contribuir para o desenvolvi- fonte de informação do Brasil e o JN, com mento do ensino e da pesquisa no país, mais de trinta milhões de telespectadores para um Jornalismo melhor e uma socie- a cada minuto, não só é o noticiário mais dade brasileira mais plural e democrática? assistido no país, mas em todo o mundo”, Afinal, até Hommer Simpson mostrou que destacou Schroeder19. pode ser apropriado como um revolucioná- Os telejornais, portanto, especialmente rio, ou no mínimo, provocar transforma- o Jornal Nacional, têm em função da sua ções. No momento, em que vivenciamos a audiência, uma grande responsabilida- “Reforma Universitária”, precisamos mu- de social porque a maioria dos cidadãos dar o papel da universidade no país, es- brasileiros, tirando o pequeno grupo que pecificamente no campo na comunicação, tem poder aquisitivo para acessar outros e valorizar de diferentes maneiras o nosso meios, carece de fontes de notícias diver- trabalho. Eu, não amo exatamente o JN, sas e não pode comprar outros produtos mas a possibilidade de a partir dele, como jornalísticos. É claro, que nas represen- produto de informação de maior impacto tações dos fatos sociais, o JN interfere no país, refletir sobre o Jornalismo, a Co- na própria constituição do acontecimento municação e as perspectivas sociais brasi- e, consequentemente, da realidade. Mas, leiras, podendo compartilhar conhecimen- já começa a refletir sobre a sua prática. tos. Afinal, o telejornalismo tem valor estra- 119 tégico na geração de conceitos, valores e identidades nacionais, mas também é um instrumento potencial de agenda- Beatriz Becker mento de mudanças, capaz de colaborar A autora é Professora Adjunta da Escola para a construção de uma sociedade cada de Comunicação da Universidade Fedeal vez mais democrática, o que também de- do Rio de Janeiro (UFRJ). pende da organização da sociedade civil e da nossa capacidade de reflexão críti- ca. Não podemos mais deixar de apontar Bibliografia AMIEL, Vincent. Petit précis naif dúne mise en que a TV e o telejornal têm um papel de scéne de la reálité a la télévision. Comunication conservação das relações de poder, e con- et Langages, Paris, no79, 1989, p.103-109. sequentemen-te, um controle social, no ANDERSON, Benedict. Nação e consciência 19Palestra realizada na abertura agendamento político e cultural do país, nacional. São Paulo: Ed. Ática, 1989. do debate A Construção da Notícia, mas também um papel de vanguarda, en- A Construção da Notícia, fazendo e pensando os fazendo e pensando os 35 anos do quanto agentes unificadores da sociedade 35 anos do Jornal Nacional, workshop promovido Jornal Nacional, promovido pela brasileira, ofertando referenciações nacio- pela Escola de Comunicação da UFRJ em parceria Escola de Comunicação da UFRJ em nais da realidade cotidiana, desvelando com a Rede Globo e o Fórum de Ciência e Cultura no Campus da Praia vermelha, Auditório Pedro parceria com a Rede Globo e o Fórum conflitos e viabilizando mudanças, ainda de Ciência e Cultura no Campus da Calmon, em 01/09/2004. Fátima Bernardes, Praia vermelha, Auditório Pedro que modelando essas possibilidades, atra- Ernesto Paglia, José Carlos Azevedo, Alice Maria, Calmom, em 01/09/2004. vés de suas mediações. Alexandre Arrabal e William Bonner, entre outros Nós, pesquisadores, estamos sendo capa- participaram dos debates, mediados por Beatriz Becker (autora) e por Pedro Cury (estudante). ECO, Umberto. Guerrilha semiológica. In: ____. ARNT, Ricardo. A desordem do mundo e a ordem Viagem na irrealidade cotidiana. 6a ed. Rio de do jornal. In: NOVAES, Adauto (Org.). Rede Janeiro: Nova Fronteira, 1984. imaginária televisão e democracia. São Paulo: ECO, Umberto. Viagem na irrealidade cotidiana Ed. Schwarcz, 1999. p.170-178. - o televisionário. 6a ed. Rio de Janeiro: Nova AUMONT, Jacques. A imagem. São Paulo: Fronteira, 1984. Papirus, 1995. ESQUENAZI, Jean-Pierre. Journal télévisé et BARBERO, Jesus Martin. Dos meios às production du pseudovisible. Langage et Société, mediações. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1997. Paris, no 64, p73-92, juin 1993. BECKER, Beatriz; A Linguagem do Telejornal, FAUSTO NETO, Antônio. 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